Um filme bom que reforça a opinião de que a Anya Taylor-Joy é uma ótima atriz. A estória é instigante e a recriação da Inglaterra nos anos 60 ficou muito impressionante, especialmente na primeira vez em que vemos a Eloise chegando lá. Os movimentos de câmera, o esmero da recriação histórica, o cuidado estético com vistas à imersão naquele ambiente visual... tudo se encaixa belamente.
Duas coisas me incomodaram: a) a reviravolta muito 'reviravoltante' do filme (me parece que tem um limite para a 'puxada de tapete' do plot twist, e esse filme abusou disto); e b) o acento explícito que as visões e assombrações (etc.) ganham próximo do final do filme.
Estupendo. Conseguiu traduzir a envergadura de epopeia do livro para a telona com todos os planos mega-abertos (com os personagens pequenininhos perto de estruturas colossais), a grandiosidade da trilha sonora do Hans Zimmer, o cuidado da direção de arte e fotografia etc. Tudo é tão lindo e esteticamente engenhoso no filme que a relativa monotonia da trama (em termos de ação) pouco se nota. Digo isto como alguém que leu o livro antes do filme e que estava muito sequestrado pela mitologia de Duna (ou "Duniverse", como descobri que os fãs o chamam) e que queria muito "ver" esse mundo descrito no livro. Que o filme entregou isto é algo de que ninguém se pode queixar.
Em defesa do filme quanto à pouca ação, é preciso dizer que o livro de Herbert também se foca pouco na ação, nesse sentido sendo muito parecido com o livro de Tolkien, também mais interessado na criação do universo do que na, digamos, movimentação dele. Isto dá a ambos os livros (e ao filme, em alguma medida) uma desproporção entre descrição, muito densa e longa, e narração, frequentemente abreviada.
É um filme bom, mas a preocupação em ser uma espécie de filme de origem deixou a evolução da trama amarrada, fez pesar a mão nesse sentido. A busca da ligação com a série se configura numa busca excessiva de conexão e simetria, o que acaba por tolher um pouco as possibilidades dramáticas do filme (a cena da pomba na garagem, p.ex., ativa todas as memórias da série, mas é um detalhe que "só serve" para isto mesmo). Com exceção disto, e o didatismo decorrente, no entanto, o filme é muito bem feito.
Gostei particularmente do cuidado, digamos, psicanalítico que tiveram ao construírem os eventos da trama, por mais que eles estejam presos numa relação um tanto mecânica de "causa-e-efeito".
P.S.: fui só eu que achei que a mãe do Tony lembrava bizarramente a Carmella? Se isto foi proposital, parabéns! Acrescenta mais uma camada psicanalítica no personagem e deixa os freudianos todos assanhadinhos.
Eu queria dizer "típico Woody Allen", mas ia parecer meio ranzinza, então vou dizer "clássico Woody Allen". A conversa com o romance do Dostoiévski não é ruim não, especialmente porque não se limita a espelhá-lo, como que pondo-o em nova roupagem, mas o explora como parte da narrativa e como ferrão filosófico da trama.
Tentaram e tentaram surfar a onda de 'Busca implacável', mas 'O passageiro' está muito aquém daquele. É tanta reviravolta e tentativa de plot twist que dá nos nervos.
Delicado e melancólico, mas curiosamente otimista, a seu modo. Evita sabiamente a pieguice e a apelação, o que permite que o trágico te atinja com tudo. Ao lado da bela performance de Riz Ahmed, gosto especialmente de como esse filme tem uma certa economia interna muito bem construída: ele é muito, por assim dizer, auto-contido, no sentido em que te apresenta o necessário e "usa" esse necessário muito bem, dando conta de fazê-lo interagir e evoluir em consonância com a trajetória do personagem.
P.S.: acho o título em português auto-explicativo demais, antecipando algo sem necessidade, mas por ora não consigo imaginar uma alternativa melhor.
Considerando que ela não é um super-ser, tem exagero demais. As atrizes desse filme brilham, mas é tanta pirotecnia de ação que todo esse talento vai sendo pouco a pouco afogado nesse mar. Uma pena. Se tivesse sido antes um filme de espionagem, de heist, mais, enfim, pé-no-chão, penso que teria sido mais equilibrado quanto ao elenco estelar e as capacidades dramáticas da história.
Filme muito bom. Por ser os bastidores de 'Cidadão Kane' já seria uma boa pedida, mas ainda tem direção do David Fincher (e sua precisão narrativa) e a presença de Gary Oldman. E tudo envelopado naquele clima e linguagem noir... Excelente!
As entranhas sociais da "indústria dos sonhos" de Hollywood não deixa de fascinar também, a exemplo do que fora 'Trumbo' a alguns anos atrás, servindo perfeitamente como o palco onde desfilam a atuação de Oldman e a direção de Fincher. A sequência com a câmera acompanhando Mayer andando pelos corredores da MGM até chegar ao auditório cheio de funcionários é memorável.
É um filme bem ruinzinho, piegas até dizer chega. Não contempla a estatura histórica de Lula, especialmente porque se agarra de tal modo à sua vida pessoal que dificulta que se dê conta do significado histórico que ele teve. O didatismo do roteiro não ajuda em nada nisto, aliás.
Excelente filme. A recusa em encontrar motivos vitimescos para justificar Cruella deu muito certo, ela é uma enfant térrible e pronto. Não há necessidade de buscar a grande raiz quase-psicanalista que passa a iluminar seus atos sob nova luz. A escala maniqueísta foi deixada de lado. Ao contrário da superfície de Cruella, que é preta e branca, seu interior, sua personalidade é toda cinzenta.
Não vai muito além do que já retrataram filmes com essa temática, mas com Glenn Close brilhando, permitindo explorar como que "efeitos subjetivos secundários" da dependência química, no caso em parentes do entorno do dependente. A desconfiança, a eterna preocupação, a dureza necessária, a aflição, os impactos colaterais em "terceiros" etc. Essa paleta de sentimentos é ricamente explorada por ela.
É um filme de tribunal sobre os eventos de 1968! Só por isto já vale assistir. Mas vai além: tem uma condução afiada em termos de narrativa, sem vitimismo quanto aos personagens, e com um ritmo muito dinâmico considerando o intrincado da odisseia judicial.
Achei particularmente interessante a forma como os personagens do Sacha Baron Cohen e do Jeremy Strong foram retratados. Se num momento eles exageram na caricatura, isto é contrabalançado por comentários políticos argutos e agudos, matizando a imagem que ativistas sociais desse tipo ganharam com o tempo. Em suma: vai além do estereótipo do hippie-constantemente-chapado tão frequentemente veiculado na cultura pop em geral.
Muito bom. Muito, mas muito bom. Esse filme consegue falar sobre a senilidade, sobre o envelhecimento, como muitos outros, mas diferente desses muitos outros, transforma esse "tema" em linguagem, em forma. Até então a gente via filmes sobre pessoas que passam por isto, mas ainda assim vendo-as como que "de fora", em terceira pessoa; aí então vem "Father" e nos coloca diante dessa questão em primeira pessoa, fazendo a gente passar por isto junto com o personagem, sem "lado de fora". A narrativa, o figurino, o roteiro, o elenco, os diálogos (etc.) são o próprio tema. E vice-versa (e a meticulosidade desse arranjo todo então? Nossa mãe! É lindo!)
O resultado é estrondoso, se investe de toda a virulência da transição à velhice justamente porque nos torna reféns da epifania do próprio protagonista. Nós não vemos isto acontecer, nós experiementamos isto por meio do conjunto dos elementos do filme. Uau!
Essa animação é muito inteligente em tornar seu exagero de traço e de enredo parte da linguagem narrativa. Pelos olhos da protagonista tudo tem algo de 'meta-', que é crucial para o efeito estético da coisa toda, e também para o desenvolvimento do drama.
A sequência inicial do parto, toda pontuada de pequenas aflições até a grande tragédia da morte do bebê, é muito bem feita e muito agoniante. Poucos cortes, mantendo um ritmo constante de novas situações se sucedendo, e preparando a crescente que leva ao desfecho catártico, terrível.
Após isto, no restante do filme, o sinal muda: o que antes é mostrado, quase às escâncaras, torna-se velado, implícito, curiosamente presente pela ausência. Está o tempo todo ali, mas visível somente de modo indireto. E aí que a interpretação de Vanessa Kirby brilha, pois os não-ditos da tragédia inicial passam a repousar na sua inteligência dramática, na capacidade de tornar suas feições e seu corpo a moldura em que essa história silenciosa é contada.
Excelente filme e magistral atuação do Daniel Kaluuya. Um filme engajado, sem dúvida, que não fica em cima do muro, mas que também não embarca no engodo de uma solução redentora fácil, de um heroicismo lacrimoso. Se chora é de dentes rilhados e olhar pétreo: antes denúncias do que lamúrias.
A história dá tanta reviravolta, e a ambiguidade moral dos personagens se intensifica de tal maneira, que penso se tratar de caso pensado, de algo deliberado. Gosto particularmente do desafio subversivo com que o filme flerta mas em última instância se recusa a engrossar ingenuamente o coro da pauta da diversidade. Há certo cinismo nisto, e exige manobras de enredo que ferem a verossimilhança da coisa, mas é um bom filme, vai.
Noite Passada em Soho
3.6 729 Assista AgoraUm filme bom que reforça a opinião de que a Anya Taylor-Joy é uma ótima atriz. A estória é instigante e a recriação da Inglaterra nos anos 60 ficou muito impressionante, especialmente na primeira vez em que vemos a Eloise chegando lá. Os movimentos de câmera, o esmero da recriação histórica, o cuidado estético com vistas à imersão naquele ambiente visual... tudo se encaixa belamente.
Duas coisas me incomodaram: a) a reviravolta muito 'reviravoltante' do filme (me parece que tem um limite para a 'puxada de tapete' do plot twist, e esse filme abusou disto); e b) o acento explícito que as visões e assombrações (etc.) ganham próximo do final do filme.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraEstupendo. Conseguiu traduzir a envergadura de epopeia do livro para a telona com todos os planos mega-abertos (com os personagens pequenininhos perto de estruturas colossais), a grandiosidade da trilha sonora do Hans Zimmer, o cuidado da direção de arte e fotografia etc. Tudo é tão lindo e esteticamente engenhoso no filme que a relativa monotonia da trama (em termos de ação) pouco se nota. Digo isto como alguém que leu o livro antes do filme e que estava muito sequestrado pela mitologia de Duna (ou "Duniverse", como descobri que os fãs o chamam) e que queria muito "ver" esse mundo descrito no livro. Que o filme entregou isto é algo de que ninguém se pode queixar.
Em defesa do filme quanto à pouca ação, é preciso dizer que o livro de Herbert também se foca pouco na ação, nesse sentido sendo muito parecido com o livro de Tolkien, também mais interessado na criação do universo do que na, digamos, movimentação dele. Isto dá a ambos os livros (e ao filme, em alguma medida) uma desproporção entre descrição, muito densa e longa, e narração, frequentemente abreviada.
Os Muitos Santos de Newark: Uma História Soprano
3.3 108 Assista AgoraÉ um filme bom, mas a preocupação em ser uma espécie de filme de origem deixou a evolução da trama amarrada, fez pesar a mão nesse sentido. A busca da ligação com a série se configura numa busca excessiva de conexão e simetria, o que acaba por tolher um pouco as possibilidades dramáticas do filme (a cena da pomba na garagem, p.ex., ativa todas as memórias da série, mas é um detalhe que "só serve" para isto mesmo). Com exceção disto, e o didatismo decorrente, no entanto, o filme é muito bem feito.
Gostei particularmente do cuidado, digamos, psicanalítico que tiveram ao construírem os eventos da trama, por mais que eles estejam presos numa relação um tanto mecânica de "causa-e-efeito".
P.S.: fui só eu que achei que a mãe do Tony lembrava bizarramente a Carmella? Se isto foi proposital, parabéns! Acrescenta mais uma camada psicanalítica no personagem e deixa os freudianos todos assanhadinhos.
Ponto Final: Match Point
3.9 1,4K Assista AgoraEu queria dizer "típico Woody Allen", mas ia parecer meio ranzinza, então vou dizer "clássico Woody Allen". A conversa com o romance do Dostoiévski não é ruim não, especialmente porque não se limita a espelhá-lo, como que pondo-o em nova roupagem, mas o explora como parte da narrativa e como ferrão filosófico da trama.
O Esquadrão Suicida
3.6 1,3K Assista AgoraAcho que eu não entendi a piada, achei só bobo, não engraçado.
Estados Unidos Vs Billie Holiday
3.3 150 Assista AgoraO filme não é um primor, mas a Andra Day de Billie Holiday chega a arrepiar.
O Passageiro
3.3 375 Assista AgoraTentaram e tentaram surfar a onda de 'Busca implacável', mas 'O passageiro' está muito aquém daquele. É tanta reviravolta e tentativa de plot twist que dá nos nervos.
O Som do Silêncio
4.1 985 Assista AgoraDelicado e melancólico, mas curiosamente otimista, a seu modo. Evita sabiamente a pieguice e a apelação, o que permite que o trágico te atinja com tudo. Ao lado da bela performance de Riz Ahmed, gosto especialmente de como esse filme tem uma certa economia interna muito bem construída: ele é muito, por assim dizer, auto-contido, no sentido em que te apresenta o necessário e "usa" esse necessário muito bem, dando conta de fazê-lo interagir e evoluir em consonância com a trajetória do personagem.
P.S.: acho o título em português auto-explicativo demais, antecipando algo sem necessidade, mas por ora não consigo imaginar uma alternativa melhor.
Viúva Negra
3.5 1,0K Assista AgoraConsiderando que ela não é um super-ser, tem exagero demais. As atrizes desse filme brilham, mas é tanta pirotecnia de ação que todo esse talento vai sendo pouco a pouco afogado nesse mar. Uma pena. Se tivesse sido antes um filme de espionagem, de heist, mais, enfim, pé-no-chão, penso que teria sido mais equilibrado quanto ao elenco estelar e as capacidades dramáticas da história.
Mank
3.2 462 Assista AgoraFilme muito bom. Por ser os bastidores de 'Cidadão Kane' já seria uma boa pedida, mas ainda tem direção do David Fincher (e sua precisão narrativa) e a presença de Gary Oldman. E tudo envelopado naquele clima e linguagem noir... Excelente!
As entranhas sociais da "indústria dos sonhos" de Hollywood não deixa de fascinar também, a exemplo do que fora 'Trumbo' a alguns anos atrás, servindo perfeitamente como o palco onde desfilam a atuação de Oldman e a direção de Fincher. A sequência com a câmera acompanhando Mayer andando pelos corredores da MGM até chegar ao auditório cheio de funcionários é memorável.
Lula, o Filho do Brasil
2.7 1,1K Assista AgoraÉ um filme bem ruinzinho, piegas até dizer chega. Não contempla a estatura histórica de Lula, especialmente porque se agarra de tal modo à sua vida pessoal que dificulta que se dê conta do significado histórico que ele teve. O didatismo do roteiro não ajuda em nada nisto, aliás.
Cruella
4.0 1,4K Assista AgoraExcelente filme. A recusa em encontrar motivos vitimescos para justificar Cruella deu muito certo, ela é uma enfant térrible e pronto. Não há necessidade de buscar a grande raiz quase-psicanalista que passa a iluminar seus atos sob nova luz. A escala maniqueísta foi deixada de lado. Ao contrário da superfície de Cruella, que é preta e branca, seu interior, sua personalidade é toda cinzenta.
Friends: A Reunião
4.3 330 Assista AgoraPela nostalgia vale 4 estrelas.
Quatro Dias com Ela
3.2 62 Assista AgoraNão vai muito além do que já retrataram filmes com essa temática, mas com Glenn Close brilhando, permitindo explorar como que "efeitos subjetivos secundários" da dependência química, no caso em parentes do entorno do dependente. A desconfiança, a eterna preocupação, a dureza necessária, a aflição, os impactos colaterais em "terceiros" etc. Essa paleta de sentimentos é ricamente explorada por ela.
Os 7 de Chicago
4.0 580 Assista AgoraÉ um filme de tribunal sobre os eventos de 1968! Só por isto já vale assistir. Mas vai além: tem uma condução afiada em termos de narrativa, sem vitimismo quanto aos personagens, e com um ritmo muito dinâmico considerando o intrincado da odisseia judicial.
Achei particularmente interessante a forma como os personagens do Sacha Baron Cohen e do Jeremy Strong foram retratados. Se num momento eles exageram na caricatura, isto é contrabalançado por comentários políticos argutos e agudos, matizando a imagem que ativistas sociais desse tipo ganharam com o tempo. Em suma: vai além do estereótipo do hippie-constantemente-chapado tão frequentemente veiculado na cultura pop em geral.
365 Dias
1.5 881 Assista AgoraUm 'Cinquenta tons de cinza' ambientado na Europa, que consegue ser ainda pior.
A Voz Suprema do Blues
3.5 539 Assista AgoraMuito bom, Viola Davis sempre sensacional, e Chadwick Boseman brilhando também. Confesso, no entanto, que achei um pouco verborrágico demais.
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraMuito bom. Muito, mas muito bom. Esse filme consegue falar sobre a senilidade, sobre o envelhecimento, como muitos outros, mas diferente desses muitos outros, transforma esse "tema" em linguagem, em forma. Até então a gente via filmes sobre pessoas que passam por isto, mas ainda assim vendo-as como que "de fora", em terceira pessoa; aí então vem "Father" e nos coloca diante dessa questão em primeira pessoa, fazendo a gente passar por isto junto com o personagem, sem "lado de fora". A narrativa, o figurino, o roteiro, o elenco, os diálogos (etc.) são o próprio tema. E vice-versa (e a meticulosidade desse arranjo todo então? Nossa mãe! É lindo!)
O resultado é estrondoso, se investe de toda a virulência da transição à velhice justamente porque nos torna reféns da epifania do próprio protagonista. Nós não vemos isto acontecer, nós experiementamos isto por meio do conjunto dos elementos do filme. Uau!
Vozes e Vultos
2.6 406 Assista AgoraBem fraquinho.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
4.0 494Essa animação é muito inteligente em tornar seu exagero de traço e de enredo parte da linguagem narrativa. Pelos olhos da protagonista tudo tem algo de 'meta-', que é crucial para o efeito estético da coisa toda, e também para o desenvolvimento do drama.
Pedaços De Uma Mulher
3.8 544 Assista AgoraDoloroso, doloroso.
A sequência inicial do parto, toda pontuada de pequenas aflições até a grande tragédia da morte do bebê, é muito bem feita e muito agoniante. Poucos cortes, mantendo um ritmo constante de novas situações se sucedendo, e preparando a crescente que leva ao desfecho catártico, terrível.
Após isto, no restante do filme, o sinal muda: o que antes é mostrado, quase às escâncaras, torna-se velado, implícito, curiosamente presente pela ausência. Está o tempo todo ali, mas visível somente de modo indireto. E aí que a interpretação de Vanessa Kirby brilha, pois os não-ditos da tragédia inicial passam a repousar na sua inteligência dramática, na capacidade de tornar suas feições e seu corpo a moldura em que essa história silenciosa é contada.
O Mauritano
3.7 108Se Kafka visse esse filme, ele exclamaria, exasperado: "Tá vendo? Tá vendo? Eu avisei!"
Judas e o Messias Negro
4.1 517 Assista AgoraExcelente filme e magistral atuação do Daniel Kaluuya. Um filme engajado, sem dúvida, que não fica em cima do muro, mas que também não embarca no engodo de uma solução redentora fácil, de um heroicismo lacrimoso. Se chora é de dentes rilhados e olhar pétreo: antes denúncias do que lamúrias.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraA história dá tanta reviravolta, e a ambiguidade moral dos personagens se intensifica de tal maneira, que penso se tratar de caso pensado, de algo deliberado. Gosto particularmente do desafio subversivo com que o filme flerta mas em última instância se recusa a engrossar ingenuamente o coro da pauta da diversidade. Há certo cinismo nisto, e exige manobras de enredo que ferem a verossimilhança da coisa, mas é um bom filme, vai.