Aquele pathos de dificuldades, abnegação e perseverança encontra-se todinho ali, e é bastante previsível. Mas é bem feito, sem falso moralismo nem de modo apelativo, e com uma atuação muio boa de Boseman.
Vai cair nas graças dos palestrantes motivacionais? Sem dúvida. Isso não quer dizer que o filme é ruim.
Apesar daquelas coisas pastelão que o Seth Rogen sempre acaba colocando nos filmes dele, e a despeito de detalhes demasiado caricaturais nos personagens, achei o filme bom. Em termos de narrativa satírica, então, é melhor ainda. É um exercício interessante de se fazer esse de se colocar diante dos seus antepassados e imaginar o que eles pensariam de você e do mundo que você vive. O uso desse artifício é bastante engenhoso e muito engraçado no filme.
Penso que como sátira da cultura hipster é excelente.
A desfaçatez com que se lida (ou não lida) com a explicação lógica da conservação do protagonista numa conserva de picles é uma das melhores coisas do filme.
Um baita filme e com um baita roteiro. É um thriller de tirar o chapéu. Tem ação e drama na dose certa, e a direção do Ben Affleck é muito boa, mas quem rouba a cena, na minha opinião, é o John Hamm. A gana do cara em pegar a gangue de ladrões é tamanha, e a sagacidade meio cínica que o Hamm deu para ele (não tem como não lembrar do Don Draper, né?) fizeram com que eu me pegasse às vezes torcendo pra ele.
Talvez o jeitão meio blasé, frio e indiferente da atuação do Affleck acabe deslocando a empatia para o outro lado.
Não tem o apelo dramático de "Ford vs. Ferrari", mas é um filme divertido de se ver. Me pareceu um pouco elogioso demais quanto aos dois personagens, como se tivesse que ser laudatório até quando falasse dos pequenos defeitos que tinham. De qualquer modo, não estraga a experiência.
É um filme muito bom, e um cujo título em português ficou bem mal traduzido. Retira todo o foco do complexo paterno que se encontra na raiz dramática do filme.
Se contarmos o selo Disney do filme e todas as implicações que isso traz em termos de curadoria (por assim dizer), penso que ele é muito bom. Há um cuidado em não exagerar as analogias com o 'Mary Poppins' a ponto de colá-lo irremediavelmente àquele. Ele fica em pé sozinho apesar das referências, e é divertido ver as entranhas adultas bem mais sérias do clássico infantil de 1966.
É bem chocante, porque não começa parecendo que vai ir tão fundo, mas vai. Vendo a estratégia narrativa do diário, com o grupelho principal de moleques protagonistas com aqueles uniformes formais de escola, eu achei que fosse um "Sociedade dos Poetas Mortos" ou algo assim, mas aí as drogas chegam e acabam com qualquer chance de romantizar as coisas. O diário mencionado no título é um diário da queda, antes de qualquer coisa. O filme desce aos rincões mais sórdidos da decadência e dá uma angústia suja, grotesca mesmo, na gente.
Leonardo Di Caprio como uma Christiane F. masculina já mostrava então que não estava de bobeira. É mesmo um grande ator.
É um pouco piegas sim, e a atuação do Dennis Quaid está muito da estranha (ele se esforça demais para expressar sua obstinação, sem sutileza alguma), mas tem aquele apelo de "feel-good movie" que acaba por relativizar um pouco esses detalhes incômodos.
A estética exagerada me agradou no primeiro mas me deu um pouco de preguiça no segundo. O enredo tem a cara de um filme do Adam Sandler, não? Um sujeito em meia-idade, assoberbado pelos deveres profissionais e familiares, de repente se vê numa crise que o leva a querer reacender o brilho dos anos dourados da juventude. No fim das contas, os sonhos nostálgicos se mostram impraticáveis mas ele descobre que o mundo das responsabilidades adultas tem seu próprio brilho.
Vá lá, pra deixar de ranzinza: ao fim e ao cabo, é um bom filme família.
Filme muito bom. Imagino que deva soar um pouco lento para padrões contemporâneos, mas o roteiro do filme, a sugestividade dos diálogos, a teia de relações entre os personagens, tudo é bem feito ali.
Esse é daqueles filmes estranhos, que conseguem falhar mesmo com um time de atores excelentes. Pensa bem, Bale, Depp e Cotillard, e ainda assim o filme soa desencontrado entre a ação e o drama. Tenho a impressão de que se o filme se assumisse como filme histórico e ficasse menos preocupado em querer fazer do Dillinger e da Frechette uma sugestão de Bonnie e Clyde, ele teria funcionado melhor.
Com atores mais viscerais e um orçamento de distribuição maior, teria sido bem mais do que foi. O roteiro é bom: aborda questões interessantes, tem episódios de ação muito visuais e amarra bem a trama particular do protagonista a questões filosóficas mais amplas.
É bobinho, açucarado e previsível, sim. Mas as interpretações do Jude Law e da Kate Winslet continuam afiadíssimas apesar disto. Um daqueles filmes para ver relaxando mesmo, nada de cerebralismos, tramas complexas ou virtuoses de direção. É sentar e ver numa boa.
Como filme histórico é ótimo e muito elegante, e creio que aí repousa sua maior força. A narrativa é precisa, didática sem transformar o roteiro em fantoche dos eventos históricos.
Me lembrou muito 'As ligações perigosas', com aquele clima de conspiração cortesã num cenário rococó. É um ótimo filme, meio lento às vezes, mas que compensa. O que mais impressiona é a evolução dos personagens e suas relações ao longo da trama. A ambiguidade de cada um dos laços, entre genuíno e falso, é certamente a cereja do bolo.
Ah sim, e a fotografia e direção de arte. Em algumas cenas parecemos estar dentro de um quadro do Fragonard!
Está preso em alguns clichês do gênero, mas tem um roteiro muito bom. Se tivesse o orçamento de divulgação de grandes produtoras poderia ter sido muito maior.
Achei ela meio nhé no 'Adoráveis mulheres', mas neste ela dá show. Talvez seja coisa de personagem mesmo.
O que mais gosto em 'Dente de leite' é como o filme tem um destino certo, tem um certo pathos esperado, mas ainda assim consegue te apanhar na trama e te mergulhar em lágrimas. O filme percorre os caminhos que poderíamos até chamar de clichê, mas não em busca de emoções fáceis. Tem um certo comprometimento com forma e conteúdo que torna este um filme diferente. A impressão que tenho é de que não se mirou na emoção, mas nas condições para ela acontecer, nos detalhes que a trazem à tona. O curioso resultado disto é o que o efeito se torna mais arrebatador.
Aquela cena final na praia, quando a Milla diz que está cansada e o pai, por um segundo, não entende o que ela quer dizer, é de arrancar soluços!
Um último comentário: o Ben Mendelsohn está a cara do Steinbeck jovem (década de 1930) nesse filme! Cacete! Alguém tem que pensar num filme sobre a vida do escritor e escalar ele pra fazer. Pesquisem aí, a semelhança é assombrosa.
Poderia descambar para o piegas se não tivesse uma simpatia genuína pelo protagonista. Tá bom, é um pouco piegas, mas está acima da média dos filmes desse estilo. Um filme upbeat pra caramba, bom de assistir, guilty pleasure ou não.
Impressionante como a Elizabeth Moss consegue roubar a cena em todo o filme - e isso mesmo eu aplaudindo o Michael Stuhlbarg de pé. Apesar do comportamento explosivo dos personagens, a trama é costurada nas sutilezas, nas insinuações.
P.ex.: aquela cena da Shirley roçando a saia de Paula com o pé, sentada no balanço. A cena consegue construir uma lascívia que parece improvável pela aparente inocência da situação. A construção toda, do olhar dos atores ao o close correto, faz com que de repente a atmosfera esteja carregada de sexualidade.
É bom, mas receio que mais pelos atores e pela bela fotografia do que pelo conjunto da obra. Tem qualquer coisa de gratuidade que nalguns momentos faz parecer um filme de promoção do turismo português.
Filme excelente. Tudo parece estar no lugar errado na hora errada, até você entender que tudo aquilo tem um significado que extrapola o insólito. Dois ex-veteranos de guerra, com vidas ferradas, marginalizados na arraia-miúda de zés ninguéns. Até começaram a verbalizar as insatisfações de porções inteiras da sociedade.
Aí sim entendemos: já não é mais só um assalto à banco, embora tenha começado como um.
42 - A História de uma Lenda
4.1 203 Assista AgoraAquele pathos de dificuldades, abnegação e perseverança encontra-se todinho ali, e é bastante previsível. Mas é bem feito, sem falso moralismo nem de modo apelativo, e com uma atuação muio boa de Boseman.
Vai cair nas graças dos palestrantes motivacionais? Sem dúvida. Isso não quer dizer que o filme é ruim.
An American Pickle
2.9 51Apesar daquelas coisas pastelão que o Seth Rogen sempre acaba colocando nos filmes dele, e a despeito de detalhes demasiado caricaturais nos personagens, achei o filme bom. Em termos de narrativa satírica, então, é melhor ainda. É um exercício interessante de se fazer esse de se colocar diante dos seus antepassados e imaginar o que eles pensariam de você e do mundo que você vive. O uso desse artifício é bastante engenhoso e muito engraçado no filme.
Penso que como sátira da cultura hipster é excelente.
A desfaçatez com que se lida (ou não lida) com a explicação lógica da conservação do protagonista numa conserva de picles é uma das melhores coisas do filme.
Atração Perigosa
3.6 688 Assista AgoraUm baita filme e com um baita roteiro. É um thriller de tirar o chapéu. Tem ação e drama na dose certa, e a direção do Ben Affleck é muito boa, mas quem rouba a cena, na minha opinião, é o John Hamm. A gana do cara em pegar a gangue de ladrões é tamanha, e a sagacidade meio cínica que o Hamm deu para ele (não tem como não lembrar do Don Draper, né?) fizeram com que eu me pegasse às vezes torcendo pra ele.
Talvez o jeitão meio blasé, frio e indiferente da atuação do Affleck acabe deslocando a empatia para o outro lado.
Rush: No Limite da Emoção
4.2 1,3K Assista AgoraNão tem o apelo dramático de "Ford vs. Ferrari", mas é um filme divertido de se ver. Me pareceu um pouco elogioso demais quanto aos dois personagens, como se tivesse que ser laudatório até quando falasse dos pequenos defeitos que tinham. De qualquer modo, não estraga a experiência.
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580 Assista AgoraÉ um filme muito bom, e um cujo título em português ficou bem mal traduzido. Retira todo o foco do complexo paterno que se encontra na raiz dramática do filme.
Se contarmos o selo Disney do filme e todas as implicações que isso traz em termos de curadoria (por assim dizer), penso que ele é muito bom. Há um cuidado em não exagerar as analogias com o 'Mary Poppins' a ponto de colá-lo irremediavelmente àquele. Ele fica em pé sozinho apesar das referências, e é divertido ver as entranhas adultas bem mais sérias do clássico infantil de 1966.
Diário de um Adolescente
3.8 778 Assista AgoraÉ bem chocante, porque não começa parecendo que vai ir tão fundo, mas vai. Vendo a estratégia narrativa do diário, com o grupelho principal de moleques protagonistas com aqueles uniformes formais de escola, eu achei que fosse um "Sociedade dos Poetas Mortos" ou algo assim, mas aí as drogas chegam e acabam com qualquer chance de romantizar as coisas. O diário mencionado no título é um diário da queda, antes de qualquer coisa. O filme desce aos rincões mais sórdidos da decadência e dá uma angústia suja, grotesca mesmo, na gente.
Leonardo Di Caprio como uma Christiane F. masculina já mostrava então que não estava de bobeira. É mesmo um grande ator.
Desafio do Destino
3.5 27 Assista AgoraÉ um pouco piegas sim, e a atuação do Dennis Quaid está muito da estranha (ele se esforça demais para expressar sua obstinação, sem sutileza alguma), mas tem aquele apelo de "feel-good movie" que acaba por relativizar um pouco esses detalhes incômodos.
Hotel Transilvânia 2
3.6 427 Assista AgoraA estética exagerada me agradou no primeiro mas me deu um pouco de preguiça no segundo. O enredo tem a cara de um filme do Adam Sandler, não? Um sujeito em meia-idade, assoberbado pelos deveres profissionais e familiares, de repente se vê numa crise que o leva a querer reacender o brilho dos anos dourados da juventude. No fim das contas, os sonhos nostálgicos se mostram impraticáveis mas ele descobre que o mundo das responsabilidades adultas tem seu próprio brilho.
Vá lá, pra deixar de ranzinza: ao fim e ao cabo, é um bom filme família.
A Grande Noite
3.7 12 Assista AgoraFilme muito bom. Imagino que deva soar um pouco lento para padrões contemporâneos, mas o roteiro do filme, a sugestividade dos diálogos, a teia de relações entre os personagens, tudo é bem feito ali.
Inimigos Públicos
3.6 1,1K Assista AgoraEsse é daqueles filmes estranhos, que conseguem falhar mesmo com um time de atores excelentes. Pensa bem, Bale, Depp e Cotillard, e ainda assim o filme soa desencontrado entre a ação e o drama. Tenho a impressão de que se o filme se assumisse como filme histórico e ficasse menos preocupado em querer fazer do Dillinger e da Frechette uma sugestão de Bonnie e Clyde, ele teria funcionado melhor.
Terapia de Casal
1.8 5 Assista AgoraQue porcaria de filme. A Alicia Silverstone está sofrível, nossa mãe.
Segredos de Sangue
3.5 1,2K Assista AgoraO enredo força a barra no verossímil e acaba por quase colocar toda a beleza visual do filme a perder.
Estranhos em Casa
2.7 202 Assista AgoraCom atores mais viscerais e um orçamento de distribuição maior, teria sido bem mais do que foi. O roteiro é bom: aborda questões interessantes, tem episódios de ação muito visuais e amarra bem a trama particular do protagonista a questões filosóficas mais amplas.
O Amor Não Tira Férias
3.7 1,5K Assista AgoraÉ bobinho, açucarado e previsível, sim. Mas as interpretações do Jude Law e da Kate Winslet continuam afiadíssimas apesar disto. Um daqueles filmes para ver relaxando mesmo, nada de cerebralismos, tramas complexas ou virtuoses de direção. É sentar e ver numa boa.
Bem-Vindo, Doutor
4.1 276Filme muito bom, com humor e crítica social equilibradíssimos. Com isso, talvez consiga ser mais eficiente como panfleto do que um panfleto.
The Man Standing Next
3.6 9Como filme histórico é ótimo e muito elegante, e creio que aí repousa sua maior força. A narrativa é precisa, didática sem transformar o roteiro em fantoche dos eventos históricos.
Mademoiselle Vingança
3.2 73 Assista AgoraMe lembrou muito 'As ligações perigosas', com aquele clima de conspiração cortesã num cenário rococó. É um ótimo filme, meio lento às vezes, mas que compensa. O que mais impressiona é a evolução dos personagens e suas relações ao longo da trama. A ambiguidade de cada um dos laços, entre genuíno e falso, é certamente a cereja do bolo.
Ah sim, e a fotografia e direção de arte. Em algumas cenas parecemos estar dentro de um quadro do Fragonard!
Ares
3.3 48Está preso em alguns clichês do gênero, mas tem um roteiro muito bom. Se tivesse o orçamento de divulgação de grandes produtoras poderia ter sido muito maior.
Dente de Leite
3.8 59Achei ela meio nhé no 'Adoráveis mulheres', mas neste ela dá show. Talvez seja coisa de personagem mesmo.
O que mais gosto em 'Dente de leite' é como o filme tem um destino certo, tem um certo pathos esperado, mas ainda assim consegue te apanhar na trama e te mergulhar em lágrimas. O filme percorre os caminhos que poderíamos até chamar de clichê, mas não em busca de emoções fáceis. Tem um certo comprometimento com forma e conteúdo que torna este um filme diferente. A impressão que tenho é de que não se mirou na emoção, mas nas condições para ela acontecer, nos detalhes que a trazem à tona. O curioso resultado disto é o que o efeito se torna mais arrebatador.
Aquela cena final na praia, quando a Milla diz que está cansada e o pai, por um segundo, não entende o que ela quer dizer, é de arrancar soluços!
Um último comentário: o Ben Mendelsohn está a cara do Steinbeck jovem (década de 1930) nesse filme! Cacete! Alguém tem que pensar num filme sobre a vida do escritor e escalar ele pra fazer. Pesquisem aí, a semelhança é assombrosa.
A Lula e a Baleia
3.7 317 Assista AgoraAcho que esse filme deve ter sido melhor para quem viu ele antes de 'História de um casamento'. Aquele parece um esboço, uma versão mais crua deste.
A Arte de Ser Adulto
3.5 93 Assista AgoraPoderia descambar para o piegas se não tivesse uma simpatia genuína pelo protagonista. Tá bom, é um pouco piegas, mas está acima da média dos filmes desse estilo. Um filme upbeat pra caramba, bom de assistir, guilty pleasure ou não.
Shirley
3.3 70 Assista AgoraImpressionante como a Elizabeth Moss consegue roubar a cena em todo o filme - e isso mesmo eu aplaudindo o Michael Stuhlbarg de pé. Apesar do comportamento explosivo dos personagens, a trama é costurada nas sutilezas, nas insinuações.
P.ex.: aquela cena da Shirley roçando a saia de Paula com o pé, sentada no balanço. A cena consegue construir uma lascívia que parece improvável pela aparente inocência da situação. A construção toda, do olhar dos atores ao o close correto, faz com que de repente a atmosfera esteja carregada de sexualidade.
Frankie
2.9 22É bom, mas receio que mais pelos atores e pela bela fotografia do que pelo conjunto da obra. Tem qualquer coisa de gratuidade que nalguns momentos faz parecer um filme de promoção do turismo português.
Um Dia de Cão
4.2 733 Assista AgoraFilme excelente. Tudo parece estar no lugar errado na hora errada, até você entender que tudo aquilo tem um significado que extrapola o insólito. Dois ex-veteranos de guerra, com vidas ferradas, marginalizados na arraia-miúda de zés ninguéns. Até começaram a verbalizar as insatisfações de porções inteiras da sociedade.
Aí sim entendemos: já não é mais só um assalto à banco, embora tenha começado como um.