Com uma trama muito bem elaborada, ótima fotografia e trilha sonora marcante, Kurosawa leva o espectador para o Japão da segunda metade do século XIX, e apresenta o samurai interpretado incrivelmente bem por Toshirô Mifune, um personagem muito bem construído, que deixa o espectador em dúvida sobre suas reais intenções durante todo o filme. A direção primorosa de Kurosawa cria ótimos momentos e o resultado é um excelente filme, que ainda serviria de inspiração para Sergio Leone fazer "Por um Punhado de Dólares".
Hitchcock passeia com sua câmera e consegue prender a atenção do espectador do primeiro ao último minuto, criando um ambiente tenso e envolvente, onde tudo acontece em um único cenário e o diretor utiliza de longos planos sequências, editados de forma a parecer que o filme inteiro é rodado em apenas um take. O roteiro é excelente, com ótimos diálogos e personagens muito bem construídos e interpretados, fazendo o suspense aumentar a cada minuto e deixando o ambiente cada vez mais claustrofóbico. Grande trabalho de Hitchcock.
Um filme extremamente crítico e real, onde Tony Kaye propõe ao espectador diversas reflexões em relação a crise do sistema educacional e da crise das relações humanas na sociedade atual. Alguns acontecimentos do filme sufocam e chegam a incomodar, tamanha sua intensidade e semelhança com a realidade. Seja a realidade de um caótico sistema de educação ou dos dramas pessoais de cada um. Os diálogos fortes e pesados marcam o incrível roteiro de Carl Lund, que é um ex-professor e retratou no filme algumas de suas experiências nessa profissão, o que deixa tudo tão real. Adrien Brody é um ator magnífico e aqui ele está em uma atuação impecável e completamente envolvente, conseguindo transmitir perfeitamente todo o caos da vida de seu personagem. Todo o resto do elenco também convence em suas atuações. Um filme perfeito do primeiro ao último minuto, do início documental com professores contando o que os levou a seguir essa profissão, até o final com Henry recitando Edgar Allan Poe em meio a uma metafórica escola devastada. Um filme que todo mundo deveria assistir, sentir e refletir.
Obs.: Infelizmente, aqui temos mais um caso onde o título nacional perde significância com a sua tradução. "Indiferença" (em uma tradução livre de "Detachment") diz muito sobre o filme.
"Não há solidão maior do que a de um samurai, exceto, talvez, a de um tigre na selva"
A citação de Bushido que abre o filme define bem o protagonista e, não a toa, dá título à obra, pois Jef Costello encarna o espírito de um verdadeiro samurai em um clima noir na França da década de 1960.
Alain Delon dá vida a um personagem enigmático, solitário, frio e calculista. Com poucos diálogos o ator interpreta apenas com as suas expressões, criando um dos personagens mais icônicos do cinema policial.
Jean-Pierre Melville dá uma aula de direção, valoriza a imagem no lugar dos diálogos e constrói cuidadosamente uma atmosfera tensa e hipnótica, em que cada elemento narrativo tem sua importância; das ações contidas aos assassinatos, e até o pássaro no apartamento do protagonista mostra sua utilidade no desenrolar do filme.
A perseguição no metrô é um dos grandes momentos da obra de Melville, tudo é tão bem filmado que o espectador nunca se perde. Jef Costello entra e sai de trens, caminha pelas estações sendo observado por dezenas de policiais e o espectador está sempre a par do que está acontecendo.
No final do filme, após Jef ser baleado, o superintendente interpretado por François Périer revela que a arma de Costello estava descarregada. Assim, o espectador percebe que o protagonista arquitetou sua própria morte e mais uma vez nota-se a importância do título que é incorporado ao personagem, pois esse é o dever de um samurai: o dever de morrer com honra.
Jef Costello é tão elegante quanto o filme e tão meticuloso quanto Jean-Pierre Melville. A direção precisa e a atuação sublime de Alain Delon resultam em uma obra de dar inveja a qualquer noir americano e de grande importância para o cinema.
É difícil falar de "Amor Pleno" sem associá-lo com "A Árvore da Vida" (2011), as semelhanças são claras. Mas se em seu filme anterior Malick proporciona ao espectador uma grande experiência artística, desta vez o diretor criou um filme inferior, sem a mesma intensidade e atributos de seu último trabalho, mas com as suas mesmas deficiências.
Malick não tenta abraçar diversos temas de importância universal como fez em "A Árvore da Vida", agora o diretor foca no amor, seja o amor de um casal, o amor de uma criança ou o amor do homem com Deus. Porém a subjetividade ao abordar os temas parece a mesma. Malick tenta criar uma narrativa sensorial, usando mais narração voice-over do que diálogos e tentando captar algo metafísico com suas imagens — algo que parece não estar lá. Assim o filme se torna superficial e maçante para quem não despertou empatia pela filosofia do diretor.
Ben Affleck não tem expressão alguma e seu personagem não diz muito mais que meia dúzia de palavras. O talento de Javier Bardem é mal aproveitado, assim como seu personagem, um padre com crise de fé, que não tem muita relação com o núcleo principal e quando aparece não flui naturalmente. Rachel McAdams também é mal aproveitada, sua personagem aparece de forma abrupta e deixa a sensação errônea de que não tem importância. Olga Kurylenko está sempre saltitando e rodopiando, mas consegue trazer a carga emocional necessária para a personagem.
A grande qualidade do filme fica por conta do seu incrível visual, que é característico dos filmes do diretor. A fotografia é soberba e os planos também impressionam, proporcionando ao espectador belíssimas imagens e uma gratificante experiência audiovisual.
Os dois últimos filmes de Malick foram lançados no curto período de dois anos, assim quebrando os conhecidos hiatos de sua carreira e reforçando a ideia de que um filme seja a continuação do outro e que talvez façam parte de um projeto ainda maior, já que novos trabalhos do diretor estão previstos para próximo ano. A esperança que fica é a de que Malick consiga voltar a fazer com esses próximos trabalhos filmes melhores do que “Amor Pleno”, que falha ao tentar propor reflexões e resulta em um filme cansativo.
As expectativas para este filme eram grandes, por ser o novo trabalho do diretor Nicolas Winding Refn com o ator Ryan Gosling, que obtiveram um grande reconhecimento com "Drive" (2011). "Only God Forgives" até lembra o último trabalho da dupla, pela atuação do protagonista e pela semelhança estética, porém o resultado não é tão satisfatório quanto a obra anterior.
Ryan Gosling em uma atuação apática interpreta um personagem sem expressão, onde sua introspecção é tanta que chega a irritar em alguns momentos, mais parecendo falta do que dizer do que algo significante a esconder. Já Kristin Scott Thomas está em grande atuação, sua relação edipiana com Julian é bem explorada e ela traz tensão ao filme em todas as cenas em que aparece. O personagem mais interessante fica por conta da interpretação do pouco conhecido Vithaya Pansringarm, que dá vida a um homem que parece imbatível e impiedoso fazendo justiça com as próprias mãos, além de ser um carismático cantor de karaokê após o expediente, sendo assim um ótimo antagonista.
Os grandes elogios ficam para a parte técnica do filme. A trilha sonora é marcante, a fotografia é impecável e a direção de arte é um show à parte. Assim Nicolas Winding Refn valoriza a imagem no lugar dos diálogos, o que não sustenta o filme até o final e deixa a sensação de vazio, com a impressão de que o diretor tentou fazer um tipo de cinema do qual ele não tem domínio. Mas Refn também tem seus méritos, pela forma como a violência gráfica é mostrada e pelas metáforas e simbolismos presentes no filme.
Se "Only God Forgives" não satisfaz todas as expectativas, também não dá motivos para ser vaiado como foi em Cannes. É um filme mediano, com suas falhas e acertos. Não empolga e não gera empatia, mas proporciona algumas ótimas cenas e sequências em meio a um belíssimo visual.
Steve McQueen consegue retratar a compulsão sexual do personagem de forma primorosa, criando um drama real, crítico, intenso e reflexivo.
Algumas cenas são ousadas e podem parecer prolongadas demais, mas não são gratuitas, todas se justificam e se mostram necessárias para entender as emoções e sentimentos de Brandon. Muito bem conduzidas por Steve McQueen e em uma interpretação incrível de Michael Fassbender, essas cenas mostram que as relações sexuais do personagem não têm emoção, são uma obsessão pelo prazer carnal, um vício que o domina e já não o satisfaz.
A reclusa de Brandon em criar vínculos emocionais também é mostrada de forma clara – ele falha ao tentar se relacionar com a única mulher que lhe gerou um real interesse. Mas nem tudo é dado de forma mastigada ao espectador, muito é apenas insinuado, deixando para reflexão e interpretação do público, como o motivo da conturbada relação do personagem com sua irmã e o que levou a sua compulsão sexual. O final em aberto também fica por conta da interpretação do espectador.
Além de Fassbender, Carey Mulligan também merece destaque. Ambos estão ótimos em seus papéis, interpretando personagens que parecem fadados a autodestruição. O roteiro bem estruturado, o grande trabalho de montagem, a ótima direção de Steve McQueen e a trilha sonora e fotografia excelentes completam as grandes qualidades do filme.
Um belo estudo de personagem em um drama urbano e contemporâneo, onde o vício leva a dor e a solidão. O resultado é um ótimo filme.
Ridley Scott mistura ficção-científica com terror e cria de forma cautelosa uma atmosfera tensa e claustrofóbica, o que se torna a grande qualidade do filme, juntamente com seu belíssimo visual.
O roteiro raso e problemas na narrativa prejudicam a obra. Falta carisma aos personagens, o que não gera no espectador uma relação de afinidade nem preocupação com o destino de cada um. A falta de verossimilhança em algumas ações dos personagens também incomoda,
como a preocupação excessiva em salvar o gato (nem sequer sabemos o porquê dele estar na nave) e o motivo do Alien não ter atacado Ripley no módulo de fuga.
Apesar de suas falhas, "Alien, O Oitavo Passageiro" acerta em muitos pontos. Além da ótima direção de Ridley Scott e das atuações competentes de todo o elenco, a parte técnica do filme merece destaque. A fotografia, a trilha sonora, a construção dos cenários, os efeitos visuais e todo o conceito visual do Alien, tudo está excelente.
Um filme um tanto superestimado, mas de importância inegável para o gênero de ficção-científica e para a carreira de Ridley Scott.
Crescer junto com esses personagens foi uma experiência única, mas não só o público dos primeiros filmes e Andy que cresceram, o filme cresceu junto, evoluiu e se mostrou o mais maduro de uma trilogia que não tem pontos baixos.
Assim como nos filmes anteriores é impossível não se emocionar, não se preocupar com os personagens e não se divertir com as aventuras desses brinquedos tão incríveis. Toy Story 3 consegue elevar todas essas qualidades ao extremo, criando cenas de ação impecáveis, fazendo rir em diversos momentos e arrancando lágrimas em suas últimas cenas.
Seu final é de partir o coração e é impossível não se emocionar com Andy se despedindo de seus brinquedos, pois assim como o personagem, quem cresceu assistindo Toy Story sabe o quanto é difícil se despedir de algo que marcou uma fase tão importante de nossas vidas e nos trouxe tantas alegrias.
Toy Story faz parte da infância de muitos e a Pixar conseguiu se superar, entregando um desfecho brilhante para uma franquia que divertiu, emocionou e marcou toda uma geração.
Acho que se eu entrasse no meio de um filme do Tarkovsky, sem nem saber sobre o que se trata, assistisse apenas a uma cena e depois fosse embora, eu sairia satisfeito, tamanha beleza de cada imagem concebida pelo diretor. Em seu filme testamento não poderia ser diferente, cada quadro é de uma beleza única (o que também se deve ao grande diretor de fotografia Sven Nykvist) e, como também são as suas outras obras, o filme é poético e profundo. Se na cena inicial de seu primeiro longa-metragem, “A Infância de Ivan”, vemos uma criança junto a uma árvore frutífera, na cena final de seu último trabalho vemos a belíssima cena de uma criança deitada aos pés de uma árvore morta. Assim Tarkovsky encerra a sua filmografia, e não poderia ser melhor senão ao som de Bach.
Esteticamente perfeito, com belas imagens e sequências, mas o ritmo lento imposto pelo diretor não agrada – por mais que tenha sido a intenção de Antonioni, para representar sua proposta. Hoje o filme funciona melhor como um retrato daquela época, com direito até a uma apresentação dos The Yardbirds, com Jimmy Page e Jeff Beck na formação da banda. Ainda assim um bom trabalho de Antonioni, ainda mais para quem gosta de fotografia e rock 'n' roll, além da importância histórica do filme.
Um belo retrato da realidade social do país, onde a vida urbana é retratada de forma perfeita e angustiante. O filme não tem um enredo brilhante, mas tudo flui de forma simples e natural e é impressionante como consegue prender a atenção do início ao fim mostrando apenas o cotidiano das pessoas em um bairro de classe média alta de Recife. O filme tem alguns pontos fortes, como a cena da cachoeira de sangue e seu final anticlímax. Infelizmente, onde eu assisti ao filme a qualidade do áudio não era das melhores, o que prejudicou um pouco a experiência. Mas é inegável que Kleber Mendonça Filho conseguiu criar um filme nacional diferenciado e de ótima qualidade.
Totoro é uma criatura tão incrível que só poderia mesmo ter sido criada pela imaginação de uma criança ou pela originalidade de Hayao Miyazaki. Apesar do título levar seu nome, Totoro pouco aparece, mas esse pouco já é o suficiente para dar um toque mágico ao filme. Belo, inocente e extremamente encantador, o tipo de filme que eu gostaria de ter assistido na minha infância.
A densidade única de Bergman proporciona a cada cena uma nova sensação e cada imagem instiga mais o espectador a tentar entender os seus significados, tamanha sua concepção psicológica e subjetiva. Tecnicamente impecável, o filme é de uma beleza única, com uma fotografia soberba, lindos enquadramentos, diálogos incríveis, roteiro intrigante e atuações maravilhosas de Bibi Andersson e Liv Ullmann. O resultado é uma brilhante obra de arte criada por Ingmar Bergman. Obs.: Esse subtítulo em português é vergonhoso, até atrapalha o entendimento do filme.
Os bastidores de Hollywood em plenos anos dourados sendo retratados com maestria por Billy Wilder. A narração póstuma e os diálogos ao longo do filme são incríveis. William Holden está excelente e todas as atuações são maravilhosas, mas o grande destaque vai mesmo para Gloria Swanson. A cena de Norma Desmond descendo as escadas é sensacional. O filme também traz grandes referências à história do cinema: o estúdio Paramount, D. W. Griffit e uma atuação do próprio Cecil B. DeMille, além de outras. Um dos grandes clássicos da história do cinema. Obs.: as traduções de títulos de filmes no Brasil normalmente são horrendas, mas esse é um dos poucos casos onde a tradução conseguiu ser bem melhor sem em nada ter a ver com o título original.
Mantém a excelência do primeiro e vai além, com uma história mais emocionante, cenas de ação impecáveis e ganha em qualidade com o avanço tecnológico. Uma sequência que consegue divertir, emocionar e fascinar tanto quanto o filme original, e ser ainda mais engenhoso e inteligente. Uma continuação que faz a franquia evoluir e alcançar patamares ainda maiores, merecendo todos os elogios possíveis.
Divertido, empolgante, cativante, inventivo e emocionante, adjetivos é o que não faltam para Toy Story, seja você adulto ou criança, pois é impossível não se fascinar pelo filme e não se apaixonar pelos brinquedos e torcer para que tudo dê certo em sua aventura. Quem quando criança não imaginou que seus brinquedos pudessem ter vida? E quem mesmo na fase adulta não tem teve em algum momento medo de ser substituído por alguém novo, aparentemente com mais qualidades, em um relacionamento ou no trabalho, por exemplo? Um filme para todos os públicos, que retrata temas importantes de um jeito incrível e que resultou em uma bela e exemplar história de amizade. Um clássico que atravessa gerações e continuará atravessando, pois é um filme que eu certamente mostrarei aos meus filhos.
O filme vai muito além de um simples documentário. Orson Welles brinca com o espectador, reflete sobre a arte, questiona o que é real e o que é falso, explora intensamente a metalinguagem e mostra o poder da montagem no cinema. Um grande diretor que forjou sua própria carreira no teatro e fez o povo americano acreditar em uma invasão alienígena, tudo contado aqui, neste que é o seu último trabalho e uma verdadeira obra-prima.
Pier Paolo Pasolini retrata o declínio absoluto da burguesia a partir de cada personagem. A empregada representa a religião, a filha a família, o filho a arte, a mãe a sexualidade e o pai a própria burguesia em si. Um visitante chega, conquista a todos e faz com que cada um perceba o seu vazio existencial. Quando ele parte, os personagens não conseguem voltar a sua vida normal e cada um tem uma reação, buscando algo para substituir o que foi deixado pelo visitante. Um filme de poucos diálogos, onde a força de suas imagens prevalece e os sentimentos dos personagens não poderiam ser melhor retratados senão em silêncio. O final é de uma beleza incrível e encerra o filme de forma primorosa. Tudo isso ao som de Ennio Morricone e Mozart.
Brilhantemente perturbador. Lars Von Trier consegue evocar e atormentar os sentimentos do espectador como ninguém. O filme começa de forma incrível, com um prólogo esteticamente impecável, em uma linda fotografia em preto e branco, onde a tentação da carne leva a morte, e o filme dá início a suas fortes cenas, conduzidas com precisão pelo diretor e ficam cada vez mais constantes até chegar ao seu desfecho. Repleto de metáforas e simbolismo, com belíssimas imagens e ótimos diálogos, que acontecem apenas entre dois personagens, ambos sem revelar seus nomes, em incríveis interpretações de Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe. Algumas imagens podem ser consideradas gratuitas ou pretensiosas, mas essa é a arte de Lars Von Trier, buscando reações distintas, gerando controvérsias e reflexões. A singela dedicatória a Andrei Tarkovsky encerra de forma primorosa o excelente trabalho de Lars Von Trier.
O requinte visual de Zack Snyder e os resquícios da verossimilhança de Nolan garantem um retorno maduro do Superman às telonas, com uma introdução competente do que será o futuro do super-herói no cinema.
A primeira parte do filme acontece em Krypton, explorando o planeta de uma forma nunca feita antes, onde a importância de Jor-El e General Zod é logo apresentada ao espectador. Quando a nave que carrega Kal-El ainda bebê é enviada à Terra, o filme dá um salto temporal e, logo em seguida, já vemos o protagonista em sua fase adulta como Clark Kent. A infância e juventude do personagem são mostradas apenas através de flashbacks — recurso muito bem utilizado, proporcionando momentos emocionantes, como a despedida de seu pai, Jonathan Kent. Essa primeira parte é a história conhecida do Homem de Aço, a partir daí os acontecimentos giram em torno da chegada de General Zod e seus oficiais à Terra, e fica difícil entrar em detalhas sem soltar spoilers.
Para quem gosta de ver pancadaria no cinema, o filme é um prato cheio, com cenas de ação que deixariam até Michael Bay com inveja — pode não parecer, mas é um elogio, já que não teria como ser melhor, se tratando de uma luta entre seres tão poderosos. A luta principal, entre Superman e General Zod, culmina em uma cena onde talvez esteja a influência de Nolan, ao tentar humanizar o herói. A cena pode gerar controvérsias, mas o fato é que se trata de um dos melhores momentos do filme.
“Man of Steel” não está isento de falhas, mas elas passam quase que despercebidas e o que merece destaque são suas qualidades, como a produção impecável, o roteiro bem estruturado, os incríveis efeitos visuais, a bela fotografia, a sensacional trilha sonora de Hans Zimmer e a ótima direção de Zack Snyder. O elenco também está excelente, Henry Cavill se mostra carismático e competente para o papel principal, Michael Shannon cria um vilão empolgante e todos os outros atores estão bem em suas interpretações.
O filme é perfeito no que se propõe: um bom divertimento e uma reconstrução adequada do super-herói para o século XXI. E, se esse foi o “Batman Begins” do Superman, mal posso esperar pelo seu “The Dark Knight”.
Um trabalho incrível de direção e roteiro de Lars Von Trier, criando uma experiência audiovisual de grande intensidade e uma história única, tão triste quanto bela, onde a realidade cruel prevalece aos devaneios e fantasias de uma personagem encantadora. O filme não funcionaria tão bem sem a paixão de Selma por musicais, já que seus espetáculos imaginários são sua fuga da realidade, mas confesso que os números musicais não me agradaram e tornaram o filme cansativo nas partes em que apareceram, apesar da voz singular de Björk. Mas não só por seu talento vocal Björk merece elogios, sua atuação brilhante é o que a faz se mostrar perfeita para o papel. Os momentos finais despertam os mais diferentes sentimentos ao espectador, sendo impossível se mostrar indiferente a sua cena final. O filme acaba, mas a sensação de ter tido a alma dilacerada permanece por um tempo.
O início é impactante, Alain Resnais faz o com que o espectador seja confrontado ao horror causado pela bomba atômica à Hiroshima, mostrando imagens em forma de documentário através da descrição da personagem. Depois, apesar do belíssimo tom poético que segue até o final, o filme se torna um tanto cansativo e menos interessante ao contar a história do amor improvável do casal e ao remontar o passado da protagonista, em uma interpretação incrível de Emmanuelle Riva. A importância do filme é inegável, sendo um dos percursores da Nouvelle Vague e o primeiro longa-metragem de Alain Resnais, mas a obra-prima do diretor só viria dois anos depois, com "Ano Passado em Marienbad".
Alain Resnais foge do convencional e encontra uma forma única de contar a história a partir de uma estrutura narrativa singular. O diretor mostra ter domínio pleno sobre a linguagem cinematográfica e conduz o espectador em uma incrível viagem através da memória, dos sonhos e do subconsciente. O tom onírico e poético, a belíssima fotografia e a forma como foi usada a trilha sonora completam a grande experiência audiovisual que é assistir essa obra-prima de Alain Resnais.
Yojimbo, o Guarda-Costas
4.3 127Com uma trama muito bem elaborada, ótima fotografia e trilha sonora marcante, Kurosawa leva o espectador para o Japão da segunda metade do século XIX, e apresenta o samurai interpretado incrivelmente bem por Toshirô Mifune, um personagem muito bem construído, que deixa o espectador em dúvida sobre suas reais intenções durante todo o filme. A direção primorosa de Kurosawa cria ótimos momentos e o resultado é um excelente filme, que ainda serviria de inspiração para Sergio Leone fazer "Por um Punhado de Dólares".
Festim Diabólico
4.3 885 Assista AgoraHitchcock passeia com sua câmera e consegue prender a atenção do espectador do primeiro ao último minuto, criando um ambiente tenso e envolvente, onde tudo acontece em um único cenário e o diretor utiliza de longos planos sequências, editados de forma a parecer que o filme inteiro é rodado em apenas um take. O roteiro é excelente, com ótimos diálogos e personagens muito bem construídos e interpretados, fazendo o suspense aumentar a cada minuto e deixando o ambiente cada vez mais claustrofóbico. Grande trabalho de Hitchcock.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraUm filme extremamente crítico e real, onde Tony Kaye propõe ao espectador diversas reflexões em relação a crise do sistema educacional e da crise das relações humanas na sociedade atual.
Alguns acontecimentos do filme sufocam e chegam a incomodar, tamanha sua intensidade e semelhança com a realidade. Seja a realidade de um caótico sistema de educação ou dos dramas pessoais de cada um.
Os diálogos fortes e pesados marcam o incrível roteiro de Carl Lund, que é um ex-professor e retratou no filme algumas de suas experiências nessa profissão, o que deixa tudo tão real.
Adrien Brody é um ator magnífico e aqui ele está em uma atuação impecável e completamente envolvente, conseguindo transmitir perfeitamente todo o caos da vida de seu personagem. Todo o resto do elenco também convence em suas atuações.
Um filme perfeito do primeiro ao último minuto, do início documental com professores contando o que os levou a seguir essa profissão, até o final com Henry recitando Edgar Allan Poe em meio a uma metafórica escola devastada.
Um filme que todo mundo deveria assistir, sentir e refletir.
Obs.: Infelizmente, aqui temos mais um caso onde o título nacional perde significância com a sua tradução. "Indiferença" (em uma tradução livre de "Detachment") diz muito sobre o filme.
O Samurai
4.2 145"Não há solidão maior do que a de um samurai, exceto, talvez, a de um tigre na selva"
A citação de Bushido que abre o filme define bem o protagonista e, não a toa, dá título à obra, pois Jef Costello encarna o espírito de um verdadeiro samurai em um clima noir na França da década de 1960.
Alain Delon dá vida a um personagem enigmático, solitário, frio e calculista. Com poucos diálogos o ator interpreta apenas com as suas expressões, criando um dos personagens mais icônicos do cinema policial.
Jean-Pierre Melville dá uma aula de direção, valoriza a imagem no lugar dos diálogos e constrói cuidadosamente uma atmosfera tensa e hipnótica, em que cada elemento narrativo tem sua importância; das ações contidas aos assassinatos, e até o pássaro no apartamento do protagonista mostra sua utilidade no desenrolar do filme.
A perseguição no metrô é um dos grandes momentos da obra de Melville, tudo é tão bem filmado que o espectador nunca se perde. Jef Costello entra e sai de trens, caminha pelas estações sendo observado por dezenas de policiais e o espectador está sempre a par do que está acontecendo.
No final do filme, após Jef ser baleado, o superintendente interpretado por François Périer revela que a arma de Costello estava descarregada. Assim, o espectador percebe que o protagonista arquitetou sua própria morte e mais uma vez nota-se a importância do título que é incorporado ao personagem, pois esse é o dever de um samurai: o dever de morrer com honra.
Jef Costello é tão elegante quanto o filme e tão meticuloso quanto Jean-Pierre Melville. A direção precisa e a atuação sublime de Alain Delon resultam em uma obra de dar inveja a qualquer noir americano e de grande importância para o cinema.
Amor Pleno
3.0 558É difícil falar de "Amor Pleno" sem associá-lo com "A Árvore da Vida" (2011), as semelhanças são claras. Mas se em seu filme anterior Malick proporciona ao espectador uma grande experiência artística, desta vez o diretor criou um filme inferior, sem a mesma intensidade e atributos de seu último trabalho, mas com as suas mesmas deficiências.
Malick não tenta abraçar diversos temas de importância universal como fez em "A Árvore da Vida", agora o diretor foca no amor, seja o amor de um casal, o amor de uma criança ou o amor do homem com Deus. Porém a subjetividade ao abordar os temas parece a mesma. Malick tenta criar uma narrativa sensorial, usando mais narração voice-over do que diálogos e tentando captar algo metafísico com suas imagens — algo que parece não estar lá. Assim o filme se torna superficial e maçante para quem não despertou empatia pela filosofia do diretor.
Ben Affleck não tem expressão alguma e seu personagem não diz muito mais que meia dúzia de palavras. O talento de Javier Bardem é mal aproveitado, assim como seu personagem, um padre com crise de fé, que não tem muita relação com o núcleo principal e quando aparece não flui naturalmente. Rachel McAdams também é mal aproveitada, sua personagem aparece de forma abrupta e deixa a sensação errônea de que não tem importância. Olga Kurylenko está sempre saltitando e rodopiando, mas consegue trazer a carga emocional necessária para a personagem.
A grande qualidade do filme fica por conta do seu incrível visual, que é característico dos filmes do diretor. A fotografia é soberba e os planos também impressionam, proporcionando ao espectador belíssimas imagens e uma gratificante experiência audiovisual.
Os dois últimos filmes de Malick foram lançados no curto período de dois anos, assim quebrando os conhecidos hiatos de sua carreira e reforçando a ideia de que um filme seja a continuação do outro e que talvez façam parte de um projeto ainda maior, já que novos trabalhos do diretor estão previstos para próximo ano. A esperança que fica é a de que Malick consiga voltar a fazer com esses próximos trabalhos filmes melhores do que “Amor Pleno”, que falha ao tentar propor reflexões e resulta em um filme cansativo.
Apenas Deus Perdoa
3.0 632 Assista AgoraAs expectativas para este filme eram grandes, por ser o novo trabalho do diretor Nicolas Winding Refn com o ator Ryan Gosling, que obtiveram um grande reconhecimento com "Drive" (2011). "Only God Forgives" até lembra o último trabalho da dupla, pela atuação do protagonista e pela semelhança estética, porém o resultado não é tão satisfatório quanto a obra anterior.
Ryan Gosling em uma atuação apática interpreta um personagem sem expressão, onde sua introspecção é tanta que chega a irritar em alguns momentos, mais parecendo falta do que dizer do que algo significante a esconder. Já Kristin Scott Thomas está em grande atuação, sua relação edipiana com Julian é bem explorada e ela traz tensão ao filme em todas as cenas em que aparece. O personagem mais interessante fica por conta da interpretação do pouco conhecido Vithaya Pansringarm, que dá vida a um homem que parece imbatível e impiedoso fazendo justiça com as próprias mãos, além de ser um carismático cantor de karaokê após o expediente, sendo assim um ótimo antagonista.
Os grandes elogios ficam para a parte técnica do filme. A trilha sonora é marcante, a fotografia é impecável e a direção de arte é um show à parte. Assim Nicolas Winding Refn valoriza a imagem no lugar dos diálogos, o que não sustenta o filme até o final e deixa a sensação de vazio, com a impressão de que o diretor tentou fazer um tipo de cinema do qual ele não tem domínio. Mas Refn também tem seus méritos, pela forma como a violência gráfica é mostrada e pelas metáforas e simbolismos presentes no filme.
Se "Only God Forgives" não satisfaz todas as expectativas, também não dá motivos para ser vaiado como foi em Cannes. É um filme mediano, com suas falhas e acertos. Não empolga e não gera empatia, mas proporciona algumas ótimas cenas e sequências em meio a um belíssimo visual.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraSteve McQueen consegue retratar a compulsão sexual do personagem de forma primorosa, criando um drama real, crítico, intenso e reflexivo.
Algumas cenas são ousadas e podem parecer prolongadas demais, mas não são gratuitas, todas se justificam e se mostram necessárias para entender as emoções e sentimentos de Brandon. Muito bem conduzidas por Steve McQueen e em uma interpretação incrível de Michael Fassbender, essas cenas mostram que as relações sexuais do personagem não têm emoção, são uma obsessão pelo prazer carnal, um vício que o domina e já não o satisfaz.
A reclusa de Brandon em criar vínculos emocionais também é mostrada de forma clara – ele falha ao tentar se relacionar com a única mulher que lhe gerou um real interesse. Mas nem tudo é dado de forma mastigada ao espectador, muito é apenas insinuado, deixando para reflexão e interpretação do público, como o motivo da conturbada relação do personagem com sua irmã e o que levou a sua compulsão sexual. O final em aberto também fica por conta da interpretação do espectador.
Além de Fassbender, Carey Mulligan também merece destaque. Ambos estão ótimos em seus papéis, interpretando personagens que parecem fadados a autodestruição. O roteiro bem estruturado, o grande trabalho de montagem, a ótima direção de Steve McQueen e a trilha sonora e fotografia excelentes completam as grandes qualidades do filme.
Um belo estudo de personagem em um drama urbano e contemporâneo, onde o vício leva a dor e a solidão. O resultado é um ótimo filme.
Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraRidley Scott mistura ficção-científica com terror e cria de forma cautelosa uma atmosfera tensa e claustrofóbica, o que se torna a grande qualidade do filme, juntamente com seu belíssimo visual.
O roteiro raso e problemas na narrativa prejudicam a obra. Falta carisma aos personagens, o que não gera no espectador uma relação de afinidade nem preocupação com o destino de cada um. A falta de verossimilhança em algumas ações dos personagens também incomoda,
como a preocupação excessiva em salvar o gato (nem sequer sabemos o porquê dele estar na nave) e o motivo do Alien não ter atacado Ripley no módulo de fuga.
Apesar de suas falhas, "Alien, O Oitavo Passageiro" acerta em muitos pontos. Além da ótima direção de Ridley Scott e das atuações competentes de todo o elenco, a parte técnica do filme merece destaque. A fotografia, a trilha sonora, a construção dos cenários, os efeitos visuais e todo o conceito visual do Alien, tudo está excelente.
Um filme um tanto superestimado, mas de importância inegável para o gênero de ficção-científica e para a carreira de Ridley Scott.
Toy Story 3
4.4 3,6K Assista AgoraCrescer junto com esses personagens foi uma experiência única, mas não só o público dos primeiros filmes e Andy que cresceram, o filme cresceu junto, evoluiu e se mostrou o mais maduro de uma trilogia que não tem pontos baixos.
Assim como nos filmes anteriores é impossível não se emocionar, não se preocupar com os personagens e não se divertir com as aventuras desses brinquedos tão incríveis. Toy Story 3 consegue elevar todas essas qualidades ao extremo, criando cenas de ação impecáveis, fazendo rir em diversos momentos e arrancando lágrimas em suas últimas cenas.
Seu final é de partir o coração e é impossível não se emocionar com Andy se despedindo de seus brinquedos, pois assim como o personagem, quem cresceu assistindo Toy Story sabe o quanto é difícil se despedir de algo que marcou uma fase tão importante de nossas vidas e nos trouxe tantas alegrias.
Toy Story faz parte da infância de muitos e a Pixar conseguiu se superar, entregando um desfecho brilhante para uma franquia que divertiu, emocionou e marcou toda uma geração.
O Sacrifício
4.3 148Acho que se eu entrasse no meio de um filme do Tarkovsky, sem nem saber sobre o que se trata, assistisse apenas a uma cena e depois fosse embora, eu sairia satisfeito, tamanha beleza de cada imagem concebida pelo diretor.
Em seu filme testamento não poderia ser diferente, cada quadro é de uma beleza única (o que também se deve ao grande diretor de fotografia Sven Nykvist) e, como também são as suas outras obras, o filme é poético e profundo.
Se na cena inicial de seu primeiro longa-metragem, “A Infância de Ivan”, vemos uma criança junto a uma árvore frutífera, na cena final de seu último trabalho vemos a belíssima cena de uma criança deitada aos pés de uma árvore morta. Assim Tarkovsky encerra a sua filmografia, e não poderia ser melhor senão ao som de Bach.
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraEsteticamente perfeito, com belas imagens e sequências, mas o ritmo lento imposto pelo diretor não agrada – por mais que tenha sido a intenção de Antonioni, para representar sua proposta. Hoje o filme funciona melhor como um retrato daquela época, com direito até a uma apresentação dos The Yardbirds, com Jimmy Page e Jeff Beck na formação da banda. Ainda assim um bom trabalho de Antonioni, ainda mais para quem gosta de fotografia e rock 'n' roll, além da importância histórica do filme.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraUm belo retrato da realidade social do país, onde a vida urbana é retratada de forma perfeita e angustiante. O filme não tem um enredo brilhante, mas tudo flui de forma simples e natural e é impressionante como consegue prender a atenção do início ao fim mostrando apenas o cotidiano das pessoas em um bairro de classe média alta de Recife. O filme tem alguns pontos fortes, como a cena da cachoeira de sangue e seu final anticlímax. Infelizmente, onde eu assisti ao filme a qualidade do áudio não era das melhores, o que prejudicou um pouco a experiência. Mas é inegável que Kleber Mendonça Filho conseguiu criar um filme nacional diferenciado e de ótima qualidade.
Meu Amigo Totoro
4.3 1,3K Assista AgoraTotoro é uma criatura tão incrível que só poderia mesmo ter sido criada pela imaginação de uma criança ou pela originalidade de Hayao Miyazaki. Apesar do título levar seu nome, Totoro pouco aparece, mas esse pouco já é o suficiente para dar um toque mágico ao filme. Belo, inocente e extremamente encantador, o tipo de filme que eu gostaria de ter assistido na minha infância.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraA densidade única de Bergman proporciona a cada cena uma nova sensação e cada imagem instiga mais o espectador a tentar entender os seus significados, tamanha sua concepção psicológica e subjetiva. Tecnicamente impecável, o filme é de uma beleza única, com uma fotografia soberba, lindos enquadramentos, diálogos incríveis, roteiro intrigante e atuações maravilhosas de Bibi Andersson e Liv Ullmann. O resultado é uma brilhante obra de arte criada por Ingmar Bergman.
Obs.: Esse subtítulo em português é vergonhoso, até atrapalha o entendimento do filme.
Crepúsculo dos Deuses
4.5 794 Assista AgoraOs bastidores de Hollywood em plenos anos dourados sendo retratados com maestria por Billy Wilder. A narração póstuma e os diálogos ao longo do filme são incríveis. William Holden está excelente e todas as atuações são maravilhosas, mas o grande destaque vai mesmo para Gloria Swanson. A cena de Norma Desmond descendo as escadas é sensacional. O filme também traz grandes referências à história do cinema: o estúdio Paramount, D. W. Griffit e uma atuação do próprio Cecil B. DeMille, além de outras. Um dos grandes clássicos da história do cinema.
Obs.: as traduções de títulos de filmes no Brasil normalmente são horrendas, mas esse é um dos poucos casos onde a tradução conseguiu ser bem melhor sem em nada ter a ver com o título original.
Toy Story 2
4.0 711 Assista AgoraMantém a excelência do primeiro e vai além, com uma história mais emocionante, cenas de ação impecáveis e ganha em qualidade com o avanço tecnológico. Uma sequência que consegue divertir, emocionar e fascinar tanto quanto o filme original, e ser ainda mais engenhoso e inteligente. Uma continuação que faz a franquia evoluir e alcançar patamares ainda maiores, merecendo todos os elogios possíveis.
Toy Story
4.2 1,3K Assista AgoraDivertido, empolgante, cativante, inventivo e emocionante, adjetivos é o que não faltam para Toy Story, seja você adulto ou criança, pois é impossível não se fascinar pelo filme e não se apaixonar pelos brinquedos e torcer para que tudo dê certo em sua aventura. Quem quando criança não imaginou que seus brinquedos pudessem ter vida? E quem mesmo na fase adulta não tem teve em algum momento medo de ser substituído por alguém novo, aparentemente com mais qualidades, em um relacionamento ou no trabalho, por exemplo? Um filme para todos os públicos, que retrata temas importantes de um jeito incrível e que resultou em uma bela e exemplar história de amizade. Um clássico que atravessa gerações e continuará atravessando, pois é um filme que eu certamente mostrarei aos meus filhos.
Verdades e Mentiras
4.2 69O filme vai muito além de um simples documentário. Orson Welles brinca com o espectador, reflete sobre a arte, questiona o que é real e o que é falso, explora intensamente a metalinguagem e mostra o poder da montagem no cinema. Um grande diretor que forjou sua própria carreira no teatro e fez o povo americano acreditar em uma invasão alienígena, tudo contado aqui, neste que é o seu último trabalho e uma verdadeira obra-prima.
Teorema
4.0 198Pier Paolo Pasolini retrata o declínio absoluto da burguesia a partir de cada personagem. A empregada representa a religião, a filha a família, o filho a arte, a mãe a sexualidade e o pai a própria burguesia em si. Um visitante chega, conquista a todos e faz com que cada um perceba o seu vazio existencial. Quando ele parte, os personagens não conseguem voltar a sua vida normal e cada um tem uma reação, buscando algo para substituir o que foi deixado pelo visitante. Um filme de poucos diálogos, onde a força de suas imagens prevalece e os sentimentos dos personagens não poderiam ser melhor retratados senão em silêncio. O final é de uma beleza incrível e encerra o filme de forma primorosa. Tudo isso ao som de Ennio Morricone e Mozart.
Anticristo
3.5 2,2K Assista AgoraBrilhantemente perturbador. Lars Von Trier consegue evocar e atormentar os sentimentos do espectador como ninguém.
O filme começa de forma incrível, com um prólogo esteticamente impecável, em uma linda fotografia em preto e branco, onde a tentação da carne leva a morte, e o filme dá início a suas fortes cenas, conduzidas com precisão pelo diretor e ficam cada vez mais constantes até chegar ao seu desfecho.
Repleto de metáforas e simbolismo, com belíssimas imagens e ótimos diálogos, que acontecem apenas entre dois personagens, ambos sem revelar seus nomes, em incríveis interpretações de Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe. Algumas imagens podem ser consideradas gratuitas ou pretensiosas, mas essa é a arte de Lars Von Trier, buscando reações distintas, gerando controvérsias e reflexões.
A singela dedicatória a Andrei Tarkovsky encerra de forma primorosa o excelente trabalho de Lars Von Trier.
O Homem de Aço
3.6 3,9K Assista AgoraO requinte visual de Zack Snyder e os resquícios da verossimilhança de Nolan garantem um retorno maduro do Superman às telonas, com uma introdução competente do que será o futuro do super-herói no cinema.
A primeira parte do filme acontece em Krypton, explorando o planeta de uma forma nunca feita antes, onde a importância de Jor-El e General Zod é logo apresentada ao espectador. Quando a nave que carrega Kal-El ainda bebê é enviada à Terra, o filme dá um salto temporal e, logo em seguida, já vemos o protagonista em sua fase adulta como Clark Kent. A infância e juventude do personagem são mostradas apenas através de flashbacks — recurso muito bem utilizado, proporcionando momentos emocionantes, como a despedida de seu pai, Jonathan Kent. Essa primeira parte é a história conhecida do Homem de Aço, a partir daí os acontecimentos giram em torno da chegada de General Zod e seus oficiais à Terra, e fica difícil entrar em detalhas sem soltar spoilers.
Para quem gosta de ver pancadaria no cinema, o filme é um prato cheio, com cenas de ação que deixariam até Michael Bay com inveja — pode não parecer, mas é um elogio, já que não teria como ser melhor, se tratando de uma luta entre seres tão poderosos. A luta principal, entre Superman e General Zod, culmina em uma cena onde talvez esteja a influência de Nolan, ao tentar humanizar o herói. A cena pode gerar controvérsias, mas o fato é que se trata de um dos melhores momentos do filme.
“Man of Steel” não está isento de falhas, mas elas passam quase que despercebidas e o que merece destaque são suas qualidades, como a produção impecável, o roteiro bem estruturado, os incríveis efeitos visuais, a bela fotografia, a sensacional trilha sonora de Hans Zimmer e a ótima direção de Zack Snyder. O elenco também está excelente, Henry Cavill se mostra carismático e competente para o papel principal, Michael Shannon cria um vilão empolgante e todos os outros atores estão bem em suas interpretações.
O filme é perfeito no que se propõe: um bom divertimento e uma reconstrução adequada do super-herói para o século XXI. E, se esse foi o “Batman Begins” do Superman, mal posso esperar pelo seu “The Dark Knight”.
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraUm trabalho incrível de direção e roteiro de Lars Von Trier, criando uma experiência audiovisual de grande intensidade e uma história única, tão triste quanto bela, onde a realidade cruel prevalece aos devaneios e fantasias de uma personagem encantadora.
O filme não funcionaria tão bem sem a paixão de Selma por musicais, já que seus espetáculos imaginários são sua fuga da realidade, mas confesso que os números musicais não me agradaram e tornaram o filme cansativo nas partes em que apareceram, apesar da voz singular de Björk. Mas não só por seu talento vocal Björk merece elogios, sua atuação brilhante é o que a faz se mostrar perfeita para o papel.
Os momentos finais despertam os mais diferentes sentimentos ao espectador, sendo impossível se mostrar indiferente a sua cena final. O filme acaba, mas a sensação de ter tido a alma dilacerada permanece por um tempo.
Hiroshima, Meu Amor
4.2 315 Assista AgoraO início é impactante, Alain Resnais faz o com que o espectador seja confrontado ao horror causado pela bomba atômica à Hiroshima, mostrando imagens em forma de documentário através da descrição da personagem. Depois, apesar do belíssimo tom poético que segue até o final, o filme se torna um tanto cansativo e menos interessante ao contar a história do amor improvável do casal e ao remontar o passado da protagonista, em uma interpretação incrível de Emmanuelle Riva. A importância do filme é inegável, sendo um dos percursores da Nouvelle Vague e o primeiro longa-metragem de Alain Resnais, mas a obra-prima do diretor só viria dois anos depois, com "Ano Passado em Marienbad".
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista AgoraAlain Resnais foge do convencional e encontra uma forma única de contar a história a partir de uma estrutura narrativa singular. O diretor mostra ter domínio pleno sobre a linguagem cinematográfica e conduz o espectador em uma incrível viagem através da memória, dos sonhos e do subconsciente. O tom onírico e poético, a belíssima fotografia e a forma como foi usada a trilha sonora completam a grande experiência audiovisual que é assistir essa obra-prima de Alain Resnais.