Eggers nunca decepciona, mesmo transitando entre gêneros sua assinatura está lá. Sempre explorando ricamente crenças, mitologias, fatos históricos e cultura local. Um belíssimo filme em roteiro, fotografia e planos sequências. Além do que um elenco fabuloso, com Anya Taylor Joy mais uma vez brilhando nos seus filmes. Uma obra prima sobre cultura nórdica, um épico de vingança que enche os olhos. Amei e favoritei.
Mais um documentário Netflix rico em detalhes e que mostra a nojeira dos bastidores de uma seita religiosa fundamentalista que usa o nome de Deus para cometer as maiores atrocidades e manter riqueza, poder e privilégio. Como sempre as maiores vítimas do fundamentalismo religioso são as mulheres num sistema patriarcal que as objetifica e as considera cidadãs de segunda categoria para procriação e satisfação de desejos sexuais. As crianças tb são grandes vítimas desses abusos. Parte meu coração saber que essas pessoas vivem embaixo do medo e do desejo genuíno de agradar a Deus mas são criadas num sistema assim sem conhecer nada do mundo exterior e assim fica muito difícil sair pq a manipulação vem desde a infância. O próprio warren foi vítima do sistema pelo profeta anterior e por manter os privilégios na sociedade, e ver uma porta de autoridade e poder com a morte do mesmo mostrou um lado ainda mais obscuro e maldoso, utilizando de mentiras e do nome de Deus sem em momento algum confessar os seus “pecados”. Assustador!
Mais um filme de terror psicológico que explora a temática do fanatismo religioso e o quanto ele pode ser tormentoso e perigoso. Vemos o filme em primeira pessoa pela personagem principal, entretanto temos lampejos da realidade no meio de suas crises psicóticas e isso só traz tristeza em ver o estado que está a personagem. Me trouxe comoção e pena pq ela queria se libertar de suas dores na fé mas o que ela precisava era de um tratamento psiquiátrico. A fé é um excelente caminho para muitas pessoas, a espiritualidade ajuda a sair de depressoes e viver uma vida com mais esperança, porém o fanatismo religioso principalmente para pessoas com um quadro psiquiátrico que precisa de cura com médico e remédios pode ser o fatal, pq não se deve confundir as coisas pois tem pessoas que ao invés de procurar ajuda médica mergulham na religiosidade sem estarem livres de surtos psicóticos e acham que serão curadas só através dela, por exemplo.
Baita sátira de humor ácido com toques de horror e um surrealismo extremamente perto da nossa realidade. Uma crítica à sociedade das redes sociais, a busca desenfreada por likes e aceitação no mundo de aparência das redes ao mesmo tempo que traz várias críticas político-sociais.
vide aos extremas direitistas, racismo, machismo, adolescentes que fazem desafios na internet absurdos e suas dores causadas por virem de lares desestruturados e comunidades e fóruns recheados de outros na mesma qualidade, que dão ode à esses moleques que fazem chacina em escola e são feitos de heróis, surgindo novos psicopatas caça likes, e a invisibilidade dos moradores de rua.
Tb merece destaque a sua originalidade. Vale muito a pena assistir.
Um filme que mostra as camadas complexas da personagem, atuação monstra de Charlize Teron. Não se deve passar pano para homicídios porém todo o contexto social em que a personagem foi criada e todos os traumas que passou forjaram aquela persona e deram gatilhos para sua atuação em série. Ela tb é uma vítima da sociedade e o filme traz essa reflexão.
O engraçado na história é que a família da Shelby puritana dizia para ela que a prostituta só queria se aproveitar dela e ela repetiu o mesmo pra Aileen, porém na realidade vemos a Shelby se aproveitando dela por conveniência tb, ela queria sair do armário e do controle da família e viu essa oportunidade no envolvimento com a Aileen e ainda ficou cobrando ela ter dinheiro, realizar os sonhos dela e voltar a se prostituir para mantê-las ao invés de tb procurar um emprego. Tá certo que ela não participou das mortes em si mas foi muito cômodo pra ela depois dizer que não tinha nada com isso, que realmente foi iludida pra família e pra polícia e ter a frieza final de tratar sua ex companheira sem mover sequer uma palha pra tentar ao mínimo atenuar a pena dela. Tanto que nunca mais se falaram.
É tão legal quando em meio ao gênero onde se repete demais as mesmas fórmulas aparece um filme com toques de originalidade que prende a atenção. Achei maneiro o plot
Em filmes de terror já tivemos inúmeros assassinos serial killer de prostitutas, dessa vez foi legal ver uma prostituta serial que mata seus clientes abusivos.
Trilha sonora e fotografia muito legal também, só achei os fantasmas com um CGI meia boca.
A Netflix tem em seu catálogo excelentes documentários. Esse é mais um exemplar e tb produzido pela Blumhouse. A temática causa revolta por vermos mulheres sendo inseminadas sem consentimento e sem sequer imaginarem pelo semen do médico responsável em que elas esperavam uma conduta ética e destruindo famílias por descobrirem décadas depois que os bebês nascidos em um pequeno raio geográfico são frutos de uma mentira e não filhos dos pais que acreditavam serem os seus biológicos. Vários pontos causam revolta nessa história:
[spoiler
- a falta de caráter do medico, mesmo após idoso de não ter remorso ou sequer compaixão pelas pessoas que foram lesadas. Inclusive por muito tempo mantendo a mentira até para a justiça e só pensando na sua imagem não ser arranhada - saber que tem inúmeras pessoas que se escondem na fachada da religião e enganam a muitos, seja seguindo um fanatismo religioso se a motivação foi a tese de seguir um culto de disseminar descendentes arianos, seja pelo fato de realmente querer se esconder na fachada de um cidadão de bem na comunidade e as pessoas da comunidade mesmo com todas as denúncias continuarem acreditando nesse papel de lider religioso injustiçado e perseguido - as falhas do sistema de Justiça por não ter levado o caso a sério e lutar por um precedente favorável mediante as poucas possibilidades na lei, leis essas que acabam só sendo modificadas quando casos chocantes assim acontecem após muita pressão das vítimas - a forma como a mulher é tratada, tendo seu corpo violado e desrespeitado com tanta facilidade e desprezo numa sociedade em que o machismo estrutural fica evidente, pois o médico em momento algum mostra remorso e ainda acha que fez um favor. Da dó vendo as mulheres idosas lembrando pelo que passaram durante o documentário. Lembrando que no Brasil tb tivemos um um médico da mesma área que abusava diretamente de mulheres durante as consultas, se aproveitando de um sonho e de um momento de vulnerabilidade das pacientes. - os inseminados descobrindo junto as suas famílias e entrando numa crise de identidade e ainda tendo que conviver com doenças auto imunes que o tal médico passou pra frente através de seus genes. - o fato de já estarem na contagem de quase 100 indivíduos inseminados e a previsão é de que aumente ainda mais Principalmente naquela região o que provavelmente pode fazer com que haja casamentos entre indivíduos com parentescos e essas doenças genéticas causem ainda mais problemas no futuro sem contar o medo de poder estar se relacionamento com algum parente. Imagina o estresse, o pânico e a desconfiança que se inseriu na comunidade após isso. [/spoiler]
O mais chocante é que outros casos surgiram após esse com outros médicos! Por tudo isso essas pessoas devem ser reparadas, tanto com indenizações como com a condenação criminal do médico criminoso. Se ainda não existem leis que respaldem isso nos EUA espero que com a repercussão do caso pela Netflix sejam criadas e as vítimas possam encontrar conforto e paz através da justiça sendo feita.
Eu adoro quando aparece filmes de terror que mesmo com uma premissa inspirada em obras anteriores consegue ser bem construído e até inovador com sua assinatura própria. Fresh é uma delícia de assistir, tem humor ácido, gore e um enredo bem construído, fora a crítica social. É um encontro entre o Albergue e Corra mas com a vertente do empoderamento feminino que torna o filme melhor ainda.
Adoro esses filmes que um seleto grupo de poderosos ou alguma seita persegue humanos por Diversão. Eu acho uma ótima crítica social a elite e acredito que infelizmente isso seja uma verdade em tom de sátira esfregada na nossa cara. Acredito realmente que existem homens poderosos que façam essas excentricidades e por isso tantas pessoas desaparecidas. É assustador pensar nisso mas não pode ser por acaso o tanto de filme que traz essa mensagem.
Esse é meu segundo Almodovar. Comecei por A Pele que Habito pois gosto de filmes de suspense com carga dramática e plot twistes que me deixam de queixo caído e fui bem servida nisso. Nesse esperava mais um drama pela sinopse e recebi ao longo do filme muito mais que isso, uma história com camadas, personagens profundos, críticas sociais, principalmente sobre o papel da mulher e a maternidade e plots que me deixaram efusiva esperando algo mais impactante para o final como foi com o primeiro título que assisti.
Ocorre que ao contrário das minhas expectativas achei o final apressado para resolver a premissa principal e focou mais no assunto que corria em paralelo na história que era a Comissão da Verdade da Guerra Civil Espanhola, assunto importantíssimo para eles e que toca na gente por termos um passado parecido com os tempos da Ditadura e termos essa ferida em muitas famílias brasileiras tb. Um final bonito com a frase do Galeano sobre o assunto porém achei que para resolver o cerne do filme sobre a questão das mães merecia um final mais elaborado.
Gosto muito da fotografia do Almodóvar, de como usa as cores e também da profundidade que dá aos seus personagens complexos e como consegue enxergar os problemas do universo feminino e as questões sociais inerentes a ele. A camisa que a Penélope Cruz usa sobre “nós todos deveríamos ser feministas” é incrível. Baita serviço social.
A história da família Gucci retratada no filme é muito interessante e tinha muito potencial porém o filme tem um problema grave de continuidade e gerenciamento do do tempo de filme, sendo enfadonho e arrastado. Poderia ter bem menos tempo e o final que é a melhor parte foi a mais corrida. O diretor lançou dois longas recentemente e O Último Duelo tb com Adam Driver e apesar de ter sido injustiçado pois foi bem pouco falado é excelente, bem melhor que este. Uma pena pois a expectativa estava alta até pelo elenco tb estrelado, apesar das atuações estarem muito boas. Só que eu esperava mais, porém vale a pena assistir pelo fascínio que o império Gucci causa e pelo true crime de alta repercussão retratado no longa.
O filme tem o mérito de começar trazendo uma atmosfera envolvente e sufocante. O primeiro ato prende bem a atenção, perde o fôlego no meio pro fim mas acho que apesar de previsível fecha bem. Para quem curte um terror que envolva cultos e crianças “escolhidas” para o Mal assim como eu vale a pena assistir por ser recente e por vezes ficamos carentes desse estilo. Agora eu prefiro muito mais os que ficam subentendidos sem mostrar explicitamente o lado sobrenatural pq me causa bastante desconforto, assim como é o Bebê de Rosemary e A profecia. Esse puxa mais pro estilo de Hereditário apesar de ser bem mais fraco.
Mais um exemplar do terror dramático/psicológico também chamado de pós terror com uma metáfora muito interessante sobre a depressão e o luto. Utiliza-se ainda de elementos sobrenaturais para fazer esses links de forma criativa
A narrativa de tentar entender o que se está passando e no final ter que enfrentar o problema através da representação de encarar de frente o elemento sobrenatural me fez lembrar The Babadock. Apesar de alguns criticarem o suposto final feliz, achei muito legal mostrar que quando a gente consegue se resolver por dentro numa conversa interna, se permite compreender e viver o luto e tem o apoio de pessoas que nos amam é possível vencer os demônios internos que insistem em chamar pra entrar nesse vazio de achar que a vida perdeu o sentido quando perdemos alguém, principalmente quando se é uma relação de muita dependência emocional de ambas as partes, um que tentava salvar o outro e falhou no peso de não conseguir e acabou dando Cabo da vida e do outro que não conseguia seguir em frente pela culpa e perda e queria ir pro mesmo destino, mas é uma filme com muitas camadas e interpretações. Essa foi a que me fez refletir mais.
A A24 mais uma vez entregando um longa inovador e que se constitui em uma obra prima. Certamente se não nasceu cult se tornará. A produtora lançou recentemente também A Lenda do Cavaleiro Verde que segue a mesma pegada de manter a estrutura narrativa a diálogos usando a linguagem de uma obra de época remetendo ao período em que foram escritos. Neste, em particular, usa uma fotografia em preto e branco e poucos cenários com atos que remetem a uma peça teatral (nisto me lembrou o filme Dogville de Lars von triers), assim como a obra original de Shakespeare em que se baseia. Há que se ressaltar que a linguagem antiga utilizada pode ser considerada rebuscada, enfadonha e de pouca compreensão, não sendo pra todos os públicos. Merece ser assistido por quem aprecia cinema como arte.
O cinema é uma expressão da arte magnífica pois tem o poder de nos fazer transportar para outros cenários ou sentir inúmeras sensações. Neste filme em primeira pessoa de estudo de personagem que tem por recorte o momento antes de Diana se libertar do seu casamento infeliz, que aos olhos do mundo parecia um conto de fadas mas que dentro das paredes da Monarquia era tão adoecedor, conseguimos sentir toda a dor de Diana, é um filme com uma atmosfera sufocante e angustiante e tanto o Roteiro, direção e principalmente a Kirsten Stuart que trabalhou de forma magistral nesse filme merecem aplausos pois em todo o tempo conseguimos nos transportar para aquele cenário s sentir a angústia da personagem.
De fato a monarquia inglesa é cercada por tradições, o filme faz várias alegorias a como esta prende todos os personagens em papéis a serem cumpridos.
Em Diana vemos o colar que ao invés de ser um presente bonito era uma coleira e representava sua prisão aos protocolos , era tb o mesmo que Charles deu para a mulher que de fato sempre amou mas que pena tradição ele não podia ficar, também deveria ser angustiante para ele ficar preso nesses protocolos mas não justificava o desprezo em que ele tratava Diana. O paralelo que foi feito entre a sua história e a de Ana Bolena que também fora descartado pelo rei da Inglaterra Henrique VIII e morta foi excelente. Também gostei da alegoria do faisão, lindo e que servia para enfeitar mas que era considerado tolo e frágil. Era a forma como ela se sentia dentro da realeza e que de fato era tratada sendo controlada em tudo. Gosto da frase que William disse sobre ser rei: “eu não tenho escolha mamãe”. Afinal a vida toda foi criado para isso. Outra frase que me destacou é que para a família real envolta em tradições, o passado e o presente eram a mesma coisa pois tinham que seguir rigidamente os protocolos. Isso traz um peso e muita infelicidade. Muitos da realeza moderna não aguentaram como o Harry filho da Diana e seu antepassado o irmão do Rei George que abdicou do trono para viver com a mulher que ama. Ainda há rumores que mesmo querendo viver fora desse ambiente adoecedor a princesa foi morta num acidente de carro pois estava desagradando a realeza. Ainda que não seja verdade, ter vivido dentro dela, ser mãe do futuro rei da Inglaterra sempre foi uma prisão, pois os papparazi nunca a deixaram em paz e naquela noite fatídica de sua morte eles o estavam azucrinando mais uma vez. Agora uma certeza temos e foi muito bem retratada no filme: os filhos eram tudo pra ela, o motivo e real fonte de sua felicidade.
Ridley Scott mostra mais uma vez seu talento na direção desse filme. Para além de um filme de duelo medieval ele trata de uma questão muito importante sobre a forma como as mulheres eram tratadas naquela época e faz um recorte sobre o patriarcado e machismo estrutural daquela período mostrando a forma como as leis, sociedade e a Igreja lidavam com o assunto. Isso fica ainda Mais claro quando a narrativa é mostrada por atos na visão de cada um dos envolvidos na questão jurídica. Mais preocupado do que com o estado da mulher, o tempo todo sua narrativa é colocada à prova e o crime é levado muito mais em conta como uma questão de propriedade e honra do marido ofendido. É extremamente desconfortável e revoltante ver como a vítima de estupro é tão questionada (pior que isso acontece até nos dias de hoje. Seja pela postura da mulher, local e até mesmo as roupas que usam motivo para serem a causa do homem ter chegado às vias de fato) e ainda a questão é levada para um lado da crença da época em que se o marido não conseguisse vencer o duelo era por que Deus estava julgando a questão e ela seria então culpada e condenada a fogueira. Infelizmente ainda que reparada pelo duelo as marcas da violência a que foi cometida e o julgamento de toda sociedade certamente ficaram para sempre.
Apesar de toda revolta e desconforto que o filme me causou fiquei aliviada que a narrativa tenha tido não um final feliz mas que uma reparação tenha sido feita a vítima do estupro ainda mais por brindar a coragem dela ter se exposto a tanto julgamento e a perder o bom nome perante a comunidade para fazer justiça ao invés de se silenciar como a maioria das mulheres faziam para evitar maiores problemas. Já não bastam serem violadas no físico, após tentarem sua justiça sempre acabavam sofrendo uma revitimização pela sociedade e as estruturas politicas (infelizmente acontece até o dias de hoje nas delegacias e sistema judiciário). Tanto que durante todo o filme só vi um unico homem ponderando que ela deveria ter razão quando diz que para ela se expor aquele jeito e até mesmo a poder ser condenada à morte é pq deveria mesmo estar certa. Da sua única amiga por exemplo ganhou o desprezo e a dúvida porque infelizmente pela questão cultural do machismo estrutural as mulheres sao ensinadas a serem cúmplices de manterem essa estrutura funcionando e ficam contra oitras mulheres. Até a sogra a condena dizendo que já passou pro aquilo é o certo era ela ter ficado quieta pra evitar maiores problemas.
Além de ser um belo filme histórico que retrata a época medieval, sociedade, guerras e duelos, essa reflexão social fez eu gostar ainda mais do filme.
James WAN já se consolidou no gênero do terror como uns dos melhores diretores e criativos da atualidade. Aqui ele traz uma proposta super diferente e que não tem a pretensão de ser levado a sério e nessa de escolher pelo lado trash e do exagero cria um filme com uma história que prende e nos diverte. Eu gostei bastante.
Rainha de Copas é para além de um drama familiar, um filme de suspense que conforme a história vai se desenrolando e com toda a fotografia e Trilha sonora cria uma sensação de nos prender perplexos com as decisões dos personagens e pelos tabus e limites sociais quebrados e pela sensação de que algo bem ruim vai acontecer a qualquer momento.
Esse tipo de história justamente por abordar esses temas causa um impacto muito grande na audiência. Eu mesma sai chocada e com mal estar com o que ocorreu apesar de já esperar um final drástico. O pior é que isso acontece justamente pq a protagonista do filme além de ser madrasta do rapaz menor de idade, trabalhava ajudando menores a sair de situações abusivas. Num momento do filme inclusive vemos uma jovem a agradecendo por salvá-la mas em paralelo a isso dentro de casa ela não tinha nenhum respeito e consideração pelo menino, em momento algum ela mostra remorso e manipula a situação tão bem a seu favor que mente com a maior naturalidade e coloca o rapaz que já estava passando por problemas quando chega para morar com elas nessa situação difícil. Apenas para satisfazer seus desejos ela entra nessa aventura e descarta o menino quando vê que pode lhe causar problemas. Agora o rapaz tinha a oportunidade de construir laços com seu pai e irmãs, o que estava acontecendo e ela que o assedia numa situação difícil para um adolescente se esquivar por não ter maturidade para aquilo, inclusive em muitos países a legislação consideraria a atitude da madrasta pedofilia e assédio sexual e após envolvê-lo ele perde não só a presença da família mas o afeto ainda que doentia da madrasta e fica a Deus dará. Um detalhe que reparei foi que pela entrevista que o menino fez com a madrasta algo no passado dela fez ela já ter uma relação que era um tabu pois fala de linhas ultrapassadas na sua primeira relação Sexual e ela acaba não falando o que é, mas da a entender que ele pode ter sido abusada tb e agora além de tentar esse tempo todo no seu trabalho reparar isso, na sua intimidade parece que uma vez já ultrapassada linha não há mais remorso pra ela e repete o ciclo agora abusando do enteado menor de idade, tanto que consegue transar com o menino mesmo com as filhas em casa e não tem nenhum apego quando ele está sofrendo por perder tudo. claro que isso tudo de forma bem sútil e nas entrelinhas é passado pelo roteiro. Logo imaginei que pelas pontas deixadas pelo roteiro de uma pessoa ter flagrado e da fita que a história poderia virar contra a assediadora, porém conforme a angústia da situação vai crescendo e a gente se coloca na pele do menino comecei a esperar que ele não aguentaria a pressão de não ser amparado e taxado de mentiroso que se suicidaria e de fato foi o que ocorreu. Assim como já foi falado meu maior mal estar aqui foi uma mulher que trabalha com isso na rua dentro de casa fazer essa monstruosidade e ainda querer chorar e mostrar remorso só após o estrago e ter destruído o seu parceiro que acabou comprando sua verdade, foi revoltante demais.
Se o diretor queria fazer um filme para chocar e incomodar conseguiu.
A Lenda do Cavaleiro Verde foi um dos melhores filmes de 2021 e é daquelas obras recheadas de metáforas e simbolismos que nos fazem refletir por horas e que mais abaixo trago as minhas reflexões marcadas como spoiler.
Estava esperando um épico de fantasia a La Senhor dos Anéis mas o que vemos é mais uma experiência única produzida pela A24 e do mesmo diretor de A Ghost Stories que através de uma grandiosa história épica mantém toda a estética e atmosfera de um conto arturiano que nos remete de fato ao século XIV quando foi escrito o poema original, como vemos nas roupas, na fotografia e nos capítulos em que é dividido o conto por exemplo. Todos os elementos e simbolismos usados pelo diretor não estão ali por acaso e vemos um primoroso trabalho que torna o filme uma obra prima.
trata-se da jornada de um jovem para ser tornar um herói/cavaleiro e este tem que ter virtudes e princípios para merecer esse título. A própria mãe do Gwain que era irmã do Rei Arthur invoca o Cavaleiro Verde para fazer o desafio já no intuito de o filho poder mostrar o seu valor e poder ser um potencial sucessor do tio que já estava ficando velho. Ele ainda não era um cavaleiro até aquele momento e não tinha a postura de um, era apenas um jovenzinho boêmio e sem compromissos que ao ver o Cavaleiro diante do Rei fazendo o desafio resolve se mostrar para chamar sua atenção e podendo lhe acertar um golpe em qualquer lugar mostra logo serviço para impressionar logo cortando a cabeça, porém ele deveria agora estar sujeito ao mesmo golpe que praticou após um ano para bancar a consequência de seu ato e na jornada ele passa por várias provações que colocam a prova o seu caráter e virtudes. Em vários momentos ele também olha para a morte nas representações das caveiras que por sua vez também estão ligadas à natureza como é o simbolismo do Cavaleiro Verde ser de madeira e imortal e aí faz um dilema entre a natureza que representa a infinitude e imutabilidade vs a humanidade que é mutável, oscilante, finita e sujeita a morte pelas própria leis da natureza. Durante toda a jornada vemos a proteção de sua mae seja no símbolo da raposa ou da mulher com as vendas e no próprio cinto que ela lhe deu como proteção e volta para ele de modo a tentar lhe alertar e intervir nas escolhas de Gwain e mostrando o bom caminho para ele se mostrar digno ao mesmo tempo que ele falha em todos as provações de caráter que ele passa pelo caminho. Por fim ao chegar até o Cavaleiro Verde ele vê diante de si todo o seu futuro e como ainda não era digno de ser um cavaleiro e se fosse embora daquela forma ele mostraria esse seu verdadeiro lado e seria um péssimo rei pelo que ele continha no interior do seu coração e por isso ele não se vê digno, tira o cinto e se entrega ao seu juízo final, inclusive na visão ele percebe que só tinha chegado até ali pq estava com o cinto de proteção senão já teria sucumbido e perdido a cabeça posto que não era digno de estar ali pelas suas próprias virtudes, ou seja, ele era uma farsa querendo apenas tomar o seu posto de herdeiro mas péssimo em todos os sentidos. Nesse momento o cavaleiro verde diz que está na hora de perder a cabeça mas a cena é cortada por escolha do diretor e ficamos sem saber propositalmente se Gwain foi mesmo morto ou poupado por nesse momento mostrar a virtude e dignidade de um verdadeiro cavaleiro por reconhecer finalmente suas limitações, já que no conto original ele é poupado. Então a meu ver fica em aberto.
Esse filme pode ser considerada uma analogia ao crescimento e amadurecimento de deixar de ser um jovem para a vida adulta pois vemos na relação da mae do Gwain o desejo de que ele pudesse se preparar para tamanha incumbência de ser um cavaleiro e futuro rei permitindo ver como ele se comportaria ao enfrentar tão grande desafio ao mesmo tempo que todo o mundo físico é manipulado por magia com a intervenção dela na história o acompanhando e lhe mostrando o caminho durante o percurso da narrativa, como todos os bons pais fazem para ver seus filhos alcançando voos altos fora do ninho. E também a sacada de mostrar que todo ser humano tem essa ambiguidade de não ser de todo bom ou mal, todos passamos por dilemas internos. É uma forma crua de mostrar a história dos cavaleiros arturianos como geralmente eram feitos nesses contos medievais que não mascaravam a verdadeira natureza humana com seus conflitos internos.
Os pontos positivos foram a ambientação em tempos de covid e o pano de fundo de como as pessoas e sociedade foram impactadas e se adaptaram a essa nova realidade. Traz uma aproximação com a nossa vida. Também destaco a questão da tecnologia tão presente e tão futura representada pela Kimi e seu protagonismo fundamental para a narrativa. De fato o diretor bebeu da fonte de Janela Indiscreta para criar sua versão para nosso tempo. Porém, apesar de toda a ambientação, o filme poderia ser infinitamente melhor, o roteiro se torna preguiçoso no ato final. O diretor já fez filmes muito melhores do que esse, então impossível não comparar e esperar mais do que o que foi apresentado.
Este documentário da Netflix prende a atenção do início ao fim pela sua história envolvente e chocante, ainda mais por ter como pano de fundo a utilização das redes sociais e app de relacionamentos, característica da forma de se relacionar na modernidade inserida na vida rotineira das pessoas já. Mostra o quanto ficamos fragilizados ao acreditarmos e nos abrirmos para pessoas pois um sociopata e narcisista pode estar ao nosso lado.
Achei muito legal a parte em que ele encontra alguém mais esperto do que ele e a última namorada acaba por se vingar vendendo todas as roupas e com a prisão dele. A parte chocante e desanimadora é descobrir que gente ruim acaba quase sempre se dando bem as custas do outros e no final parece que o crime compensa pra essas pessoas.
É revoltante ver o quão pouco tempo ficou preso e que as moças ainda continuam pagando suas dívidas enquanto o bonitão vive ostentando normalmente por aí e fazendo novas vítimas.
O cinema espanhol sabe bem utilizar os sucessivos períodos históricos de guerra no seu país como pano de fundo para filmes de terror carregados de dramas e alegorias. Vemos isso no excelente O Labirinto do Fauno e em A Espinha do Diabo. Embora El Páramo não tenha a qualidade destes é um bom filme da Netflix que tem como alegoria principal a ser trabalhada a solidão e o medo e junto a eles a perda da sanidade e a depressão. O “SER” retratado no filme nada mais é do que tais sentimentos personificados num cenário de incertezas pela guerra, escassez e isolamento. Vemos tudo pela ótica do menino Diego (o que se assemelha aos dois filmes citados que tb trazem óticas de protagonistas infantis) que tem que enfrentar todas essas adversidades junto a sua mãe. O filme me lembrou muito tb Babadock e a atmosfera de The Wild. Destaque tb para a excelente fotografia e cenas que realmente me remeteram a uma sensação de isolamento e desesperança. É uma boa película espanhola (eles não costumam errar em filmes de terror e suspense) e merece ser assistido para quem gosta de filmes de terror dramáticos e psicológicos. Quem não gosta já sabemos que dará nota ruim e por isso a nota baixa aqui no filmow.
Um filme muito interessante que foca no drama familiar. É daqueles com plot twist e tem mantém na dúvida do que é ou não realidade. A atuação é otima, destaque para as crianças.
É importante deixar explícito que o filme é um thriller psicólogico de estudo de personagem, por isso seu enfoque é nos diálogos entre os seus poucos intérpretes. Quem não gosta do estilo é melhor pular o título para não dar nota ruim para ele. Afinal, no que ele se propõe é um ótimo filme que aposta no plot twist bem amarrado e que entrega tudo. Percebam que todo filme que começa com uma frase, será ela que vai permear a história e sua lição.
Aqui usa a frase de Exupery de que a perfeição não se atinge adicionando algo, mas sim quando nada mais pode ser retirado, o que vemos perfeitamente ao final sendo concluído nas lutas internas do personagem, onde ir a Paris faz ele ter o gatilho do que ele fez no passado e criar a persona interna na figura da menina que é a filha não nascida pelo assassinato de sua esposa que era uma forma de seu inconsciente confronta-lo, culpá-lo, lembrar aquele lado monstruoso interno dele e querer da cabo de sua vida devido a esse lado mal que o levou a praticar aquele terrível crime. No final ele consegue novamente controlar aquela persona , ir embora de Paris que remetia aquele crime e lado monstruoso e novamente enterrar aquele passado dentro dele e seguir Vivendo novamente sua vida perfeita. A perfeição está no lema que ele usa de Exupery de que enquanto não for retirado o que ele fez de concretar sua mulher num crime tb aparentemente perfeito que já faz 20 anos e ninguém nunca descobriu, ele vai vivendo muito aquela vida aparentemente perfeita de profissional bem sucedido e ninguem fica sabendo sobre seu lado obscuro e suas ações malditas. Para alguém que tinha uma vida ilibada e perfeita mas que escondia um lado obscuro, a única inimiga perfeita seria sua propria consciência representada na persona criada da filha não nascida que na própria mente dele ele cria que ela seria tão má quanto ele.
O Homem do Norte
3.7 957 Assista AgoraEggers nunca decepciona, mesmo transitando entre gêneros sua assinatura está lá. Sempre explorando ricamente crenças, mitologias, fatos históricos e cultura local. Um belíssimo filme em roteiro, fotografia e planos sequências. Além do que um elenco fabuloso, com Anya Taylor Joy mais uma vez brilhando nos seus filmes. Uma obra prima sobre cultura nórdica, um épico de vingança que enche os olhos. Amei e favoritei.
Rezar e Obedecer (1ª Temporada)
4.0 68Mais um documentário Netflix rico em detalhes e que mostra a nojeira dos bastidores de uma seita religiosa fundamentalista que usa o nome de Deus para cometer as maiores atrocidades e manter riqueza, poder e privilégio. Como sempre as maiores vítimas do fundamentalismo religioso são as mulheres num sistema patriarcal que as objetifica e as considera cidadãs de segunda categoria para procriação e satisfação de desejos sexuais. As crianças tb são grandes vítimas desses abusos. Parte meu coração saber que essas pessoas vivem embaixo do medo e do desejo genuíno de agradar a Deus mas são criadas num sistema assim sem conhecer nada do mundo exterior e assim fica muito difícil sair pq a manipulação vem desde a infância. O próprio warren foi vítima do sistema pelo profeta anterior e por manter os privilégios na sociedade, e ver uma porta de autoridade e poder com a morte do mesmo mostrou um lado ainda mais obscuro e maldoso, utilizando de mentiras e do nome de Deus sem em momento algum confessar os seus “pecados”. Assustador!
Saint Maud
3.5 336 Assista AgoraMais um filme de terror psicológico que explora a temática do fanatismo religioso e o quanto ele pode ser tormentoso e perigoso. Vemos o filme em primeira pessoa pela personagem principal, entretanto temos lampejos da realidade no meio de suas crises psicóticas e isso só traz tristeza em ver o estado que está a personagem. Me trouxe comoção e pena pq ela queria se libertar de suas dores na fé mas o que ela precisava era de um tratamento psiquiátrico. A fé é um excelente caminho para muitas pessoas, a espiritualidade ajuda a sair de depressoes e viver uma vida com mais esperança, porém o fanatismo religioso principalmente para pessoas com um quadro psiquiátrico que precisa de cura com médico e remédios pode ser o fatal, pq não se deve confundir as coisas pois tem pessoas que ao invés de procurar ajuda médica mergulham na religiosidade sem estarem livres de surtos psicóticos e acham que serão curadas só através dela, por exemplo.
Spree
3.0 125Baita sátira de humor ácido com toques de horror e um surrealismo extremamente perto da nossa realidade. Uma crítica à sociedade das redes sociais, a busca desenfreada por likes e aceitação no mundo de aparência das redes ao mesmo tempo que traz várias críticas político-sociais.
vide aos extremas direitistas, racismo, machismo, adolescentes que fazem desafios na internet absurdos e suas dores causadas por virem de lares desestruturados e comunidades e fóruns recheados de outros na mesma qualidade, que dão ode à esses moleques que fazem chacina em escola e são feitos de heróis, surgindo novos psicopatas caça likes, e a invisibilidade dos moradores de rua.
Tb merece destaque a sua originalidade. Vale muito a pena assistir.
Monster: Desejo Assassino
4.0 1,2K Assista AgoraUm filme que mostra as camadas complexas da personagem, atuação monstra de Charlize Teron. Não se deve passar pano para homicídios porém todo o contexto social em que a personagem foi criada e todos os traumas que passou forjaram aquela persona e deram gatilhos para sua atuação em série. Ela tb é uma vítima da sociedade e o filme traz essa reflexão.
O engraçado na história é que a família da Shelby puritana dizia para ela que a prostituta só queria se aproveitar dela e ela repetiu o mesmo pra Aileen, porém na realidade vemos a Shelby se aproveitando dela por conveniência tb, ela queria sair do armário e do controle da família e viu essa oportunidade no envolvimento com a Aileen e ainda ficou cobrando ela ter dinheiro, realizar os sonhos dela e voltar a se prostituir para mantê-las ao invés de tb procurar um emprego. Tá certo que ela não participou das mortes em si mas foi muito cômodo pra ela depois dizer que não tinha nada com isso, que realmente foi iludida pra família e pra polícia e ter a frieza final de tratar sua ex companheira sem mover sequer uma palha pra tentar ao mínimo atenuar a pena dela. Tanto que nunca mais se falaram.
Noite Passada em Soho
3.5 754 Assista AgoraÉ tão legal quando em meio ao gênero onde se repete demais as mesmas fórmulas aparece um filme com toques de originalidade que prende a atenção. Achei maneiro o plot
Em filmes de terror já tivemos inúmeros assassinos serial killer de prostitutas, dessa vez foi legal ver uma prostituta serial que mata seus clientes abusivos.
Trilha sonora e fotografia muito legal também, só achei os fantasmas com um CGI meia boca.
Mais uma vez Anya T. Joy arrasa. Sou fã!
Pai Nosso?
3.6 59A Netflix tem em seu catálogo excelentes documentários. Esse é mais um exemplar e tb produzido pela Blumhouse. A temática causa revolta por vermos mulheres sendo inseminadas sem consentimento e sem sequer imaginarem pelo semen do médico responsável em que elas esperavam uma conduta ética e destruindo famílias por descobrirem décadas depois que os bebês nascidos em um pequeno raio geográfico são frutos de uma mentira e não filhos dos pais que acreditavam serem os seus biológicos. Vários pontos causam revolta nessa história:
[spoiler
- a falta de caráter do medico, mesmo após idoso de não ter remorso ou sequer compaixão pelas pessoas que foram lesadas. Inclusive por muito tempo mantendo a mentira até para a justiça e só pensando na sua imagem não ser arranhada
- saber que tem inúmeras pessoas que se escondem na fachada da religião e enganam a muitos, seja seguindo um fanatismo religioso se a motivação foi a tese de seguir um culto de disseminar descendentes arianos, seja pelo fato de realmente querer se esconder na fachada de um cidadão de bem na comunidade e as pessoas da comunidade mesmo com todas as denúncias continuarem acreditando nesse papel de lider religioso injustiçado e perseguido
- as falhas do sistema de Justiça por não ter levado o caso a sério e lutar por um precedente favorável mediante as poucas possibilidades na lei, leis essas que acabam só sendo modificadas quando casos chocantes assim acontecem após muita pressão das vítimas
- a forma como a mulher é tratada, tendo seu corpo violado e desrespeitado com tanta facilidade e desprezo numa sociedade em que o machismo estrutural fica evidente, pois o médico em momento algum mostra remorso e ainda acha que fez um favor. Da dó vendo as mulheres idosas lembrando pelo que passaram durante o documentário. Lembrando que no Brasil tb tivemos um um médico da mesma área que abusava diretamente de mulheres durante as consultas, se aproveitando de um sonho e de um momento de vulnerabilidade das pacientes.
- os inseminados descobrindo junto as suas famílias e entrando numa crise de identidade e ainda tendo que conviver com doenças auto imunes que o tal médico passou pra frente através de seus genes.
- o fato de já estarem na contagem de quase 100 indivíduos inseminados e a previsão é de que aumente ainda mais Principalmente naquela região o que provavelmente pode fazer com que haja casamentos entre indivíduos com parentescos e essas doenças genéticas causem ainda mais problemas no futuro sem contar o medo de poder estar se relacionamento com algum parente. Imagina o estresse, o pânico e a desconfiança que se inseriu na comunidade após isso.
[/spoiler]
O mais chocante é que outros casos surgiram após esse com outros médicos!
Por tudo isso essas pessoas devem ser reparadas, tanto com indenizações como com a condenação criminal do médico criminoso. Se ainda não existem leis que respaldem isso nos EUA espero que com a repercussão do caso pela Netflix sejam criadas e as vítimas possam encontrar conforto e paz através da justiça sendo feita.
Acredite em Mim: A História de Lisa Mcvey
3.7 156 Assista AgoraUma história muito dolorosa mas de resiliência
Fresh
3.5 525 Assista AgoraEu adoro quando aparece filmes de terror que mesmo com uma premissa inspirada em obras anteriores consegue ser bem construído e até inovador com sua assinatura própria. Fresh é uma delícia de assistir, tem humor ácido, gore e um enredo bem construído, fora a crítica social. É um encontro entre o Albergue e Corra mas com a vertente do empoderamento feminino que torna o filme melhor ainda.
Adoro esses filmes que um seleto grupo de poderosos ou alguma seita persegue humanos por
Diversão. Eu acho uma ótima crítica social a elite e acredito que infelizmente isso seja uma verdade em tom de sátira esfregada na nossa cara. Acredito realmente que existem homens poderosos que façam essas excentricidades e por isso tantas pessoas desaparecidas. É assustador pensar nisso mas não pode ser por acaso o tanto de filme que traz essa mensagem.
Mães Paralelas
3.7 411Esse é meu segundo Almodovar. Comecei por A Pele que Habito pois gosto de filmes de suspense com carga dramática e plot twistes que me deixam de queixo caído e fui bem servida nisso. Nesse esperava mais um drama pela sinopse e recebi ao longo do filme muito mais que isso, uma história com camadas, personagens profundos, críticas sociais, principalmente sobre o papel da mulher e a maternidade e plots que me deixaram efusiva esperando algo mais impactante para o final como foi com o primeiro título que assisti.
Ocorre que ao contrário das minhas expectativas achei o final apressado para resolver a premissa principal e focou mais no assunto que corria em paralelo na história que era a Comissão da Verdade da Guerra Civil Espanhola, assunto importantíssimo para eles e que toca na gente por termos um passado parecido com os tempos da Ditadura e termos essa ferida em muitas famílias brasileiras tb. Um final bonito com a frase do Galeano sobre o assunto porém achei que para resolver o cerne do filme sobre a questão das mães merecia um final mais elaborado.
Gosto muito da fotografia do Almodóvar, de como usa as cores e também da profundidade que dá aos seus personagens complexos e como consegue enxergar os problemas do universo feminino e as questões sociais inerentes a ele. A camisa que a Penélope Cruz usa sobre “nós todos deveríamos ser feministas” é incrível. Baita serviço social.
Casa Gucci
3.2 708 Assista AgoraA história da família Gucci retratada no filme é muito interessante e tinha muito potencial porém o filme tem um problema grave de continuidade e gerenciamento do do tempo de filme, sendo enfadonho e arrastado. Poderia ter bem menos tempo e o final que é a melhor parte foi a mais corrida. O diretor lançou dois longas recentemente e O Último Duelo tb com Adam Driver e apesar de ter sido injustiçado pois foi bem pouco falado é excelente, bem melhor que este. Uma pena pois a expectativa estava alta até pelo elenco tb estrelado, apesar das atuações estarem muito boas. Só que eu esperava mais, porém vale a pena assistir pelo fascínio que o império Gucci causa e pelo true crime de alta repercussão retratado no longa.
Herdeiro
2.8 66 Assista AgoraO filme tem o mérito de começar trazendo uma atmosfera envolvente e sufocante. O primeiro ato prende bem a atenção, perde o fôlego no meio pro fim mas acho que apesar de previsível fecha bem. Para quem curte um terror que envolva cultos e crianças “escolhidas” para o Mal assim como eu vale a pena assistir por ser recente e por vezes ficamos carentes desse estilo. Agora eu prefiro muito mais os que ficam subentendidos sem mostrar explicitamente o lado sobrenatural pq me causa bastante desconforto, assim como é o Bebê de Rosemary e A profecia. Esse puxa mais pro estilo de Hereditário apesar de ser bem mais fraco.
A Casa Sombria
3.3 394 Assista AgoraMais um exemplar do terror dramático/psicológico também chamado de pós terror com uma metáfora muito interessante sobre a depressão e o luto. Utiliza-se ainda de elementos sobrenaturais para fazer esses links de forma criativa
A narrativa de tentar entender o que se está passando e no final ter que enfrentar o problema através da representação de encarar de frente o elemento sobrenatural me fez lembrar The Babadock.
Apesar de alguns criticarem o suposto final feliz, achei muito legal mostrar que quando a gente consegue se resolver por dentro numa conversa interna, se permite compreender e viver o luto e tem o apoio de pessoas que nos amam é possível vencer os demônios internos que insistem em chamar pra entrar nesse vazio de achar que a vida perdeu o sentido quando perdemos alguém, principalmente quando se é uma relação de muita dependência emocional de ambas as partes, um que tentava salvar o outro e falhou no peso de não conseguir e acabou dando Cabo da vida e do outro que não conseguia seguir em frente pela culpa e perda e queria ir pro mesmo destino, mas é uma filme com muitas camadas e interpretações. Essa foi a que me fez refletir mais.
Adoro o gênero, me faz ficar reflexiva
A Tragédia de Macbeth
3.7 192 Assista AgoraA A24 mais uma vez entregando um longa inovador e que se constitui em uma obra prima. Certamente se não nasceu cult se tornará. A produtora lançou recentemente também A Lenda do Cavaleiro Verde que segue a mesma pegada de manter a estrutura narrativa a diálogos usando a linguagem de uma obra de época remetendo ao período em que foram escritos. Neste, em particular, usa uma fotografia em preto e branco e poucos cenários com atos que remetem a uma peça teatral (nisto me lembrou o filme Dogville de Lars von triers), assim como a obra original de Shakespeare em que se baseia. Há que se ressaltar que a linguagem antiga utilizada pode ser considerada rebuscada, enfadonha e de pouca compreensão, não sendo pra todos os públicos. Merece ser assistido por quem aprecia cinema como arte.
Spencer
3.7 569 Assista AgoraO cinema é uma expressão da arte magnífica pois tem o poder de nos fazer transportar para outros cenários ou sentir inúmeras sensações.
Neste filme em primeira pessoa de estudo de personagem que tem por recorte o momento antes de Diana se libertar do seu casamento infeliz, que aos olhos do mundo parecia um conto de fadas mas que dentro das paredes da Monarquia era tão adoecedor, conseguimos sentir toda a dor de Diana, é um filme com uma atmosfera sufocante e angustiante e tanto o Roteiro, direção e principalmente a Kirsten Stuart que trabalhou de forma magistral nesse filme merecem aplausos pois em todo o tempo conseguimos nos transportar para aquele cenário s sentir a angústia da personagem.
De fato a monarquia inglesa é cercada por tradições, o filme faz várias alegorias a como esta prende todos os personagens em papéis a serem cumpridos.
Em Diana vemos o colar que ao invés de ser um presente bonito era uma coleira e representava sua prisão aos protocolos , era tb o mesmo que Charles deu para a mulher que de fato sempre amou mas que pena tradição ele não podia ficar, também deveria ser angustiante para ele ficar preso nesses protocolos mas não justificava o desprezo em que ele tratava Diana. O paralelo que foi feito entre a sua história e a de Ana Bolena que também fora descartado pelo rei da Inglaterra Henrique VIII e morta foi excelente. Também gostei da alegoria do faisão, lindo e que servia para enfeitar mas que era considerado tolo e frágil. Era a forma como ela se sentia dentro da realeza e que de fato era tratada sendo controlada em tudo. Gosto da frase que William disse sobre ser rei: “eu não tenho escolha mamãe”. Afinal a vida toda foi criado para isso. Outra frase que me destacou é que para a família real envolta em tradições, o passado e o presente eram a mesma coisa pois tinham que seguir rigidamente os protocolos. Isso traz um peso e muita infelicidade.
Muitos da realeza moderna não aguentaram como o Harry filho da Diana e seu antepassado o irmão do Rei George que abdicou do trono para viver com a mulher que ama. Ainda há rumores que mesmo querendo viver fora desse ambiente adoecedor a princesa foi morta num acidente de carro pois estava desagradando a realeza. Ainda que não seja verdade, ter vivido dentro dela, ser mãe do futuro rei da Inglaterra sempre foi uma prisão, pois os papparazi nunca a deixaram em paz e naquela noite fatídica de sua morte eles o estavam azucrinando mais uma vez. Agora uma certeza temos e foi muito bem retratada no filme: os filhos eram tudo pra ela, o motivo e real fonte de sua felicidade.
O Último Duelo
3.9 326Ridley Scott mostra mais uma vez seu talento na direção desse filme. Para além de um filme de duelo medieval ele trata de uma questão muito importante sobre a forma como as mulheres eram tratadas naquela época e faz um recorte sobre o patriarcado e machismo estrutural daquela período mostrando a forma como as leis, sociedade e a Igreja lidavam com o assunto. Isso fica ainda
Mais claro quando a narrativa é mostrada por atos na visão de cada um dos envolvidos na questão jurídica. Mais preocupado do que com o estado da mulher, o tempo todo sua narrativa é colocada à prova e o crime é levado muito mais em conta como uma questão de propriedade e honra do marido ofendido. É extremamente desconfortável e revoltante ver como a vítima de estupro é tão questionada (pior que isso acontece até nos dias de hoje. Seja pela postura da mulher, local e até mesmo as roupas que usam motivo para serem a causa do homem ter chegado às vias de fato) e ainda a questão é levada para um lado da crença da época em que se o marido não conseguisse vencer o duelo era por que Deus estava julgando a questão e ela seria então culpada e condenada a fogueira. Infelizmente ainda que reparada pelo duelo as marcas da violência a que foi cometida e o julgamento de toda sociedade certamente ficaram para sempre.
Apesar de toda revolta e desconforto que o filme me causou fiquei aliviada que a narrativa tenha tido não um final feliz mas que uma reparação tenha sido feita a vítima do estupro ainda mais por brindar a coragem dela ter se exposto a tanto julgamento e a perder o bom nome perante a comunidade para fazer justiça ao invés de se silenciar como a maioria das mulheres faziam para evitar maiores problemas. Já não bastam serem violadas no físico, após tentarem sua justiça sempre acabavam sofrendo uma revitimização pela sociedade e as estruturas politicas (infelizmente acontece até o dias de hoje nas delegacias e sistema judiciário). Tanto que durante todo o filme só vi um unico homem ponderando que ela deveria ter razão quando diz que para ela se expor aquele jeito e até mesmo a poder ser condenada à morte é pq deveria mesmo estar certa. Da sua única amiga por exemplo ganhou o desprezo e a dúvida porque infelizmente pela questão cultural do machismo estrutural as mulheres sao ensinadas a serem cúmplices de manterem essa estrutura funcionando e ficam contra oitras mulheres. Até a sogra a condena dizendo que já passou pro aquilo é o certo era ela ter ficado quieta pra evitar maiores problemas.
Além de ser um belo filme histórico que retrata a época medieval, sociedade, guerras e duelos, essa reflexão social fez eu gostar ainda mais do filme.
Maligno
3.3 1,2KJames WAN já se consolidou no gênero do terror como uns dos melhores diretores e criativos da atualidade. Aqui ele traz uma proposta super diferente e que não tem a pretensão de ser levado a sério e nessa de escolher pelo lado trash e do exagero cria um filme com uma história que prende e nos diverte. Eu gostei bastante.
Rainha de Copas
3.8 101 Assista AgoraRainha de Copas é para além de um drama familiar, um filme de suspense que conforme a história vai se desenrolando e com toda a fotografia e Trilha sonora cria uma sensação de nos prender perplexos com as decisões dos personagens e pelos tabus e limites sociais quebrados e pela sensação de que algo bem ruim vai acontecer a qualquer momento.
Esse tipo de história justamente por abordar esses temas causa um impacto muito grande na audiência. Eu mesma sai chocada e com mal estar com o que ocorreu apesar de já esperar um final drástico. O pior é que isso acontece justamente pq a protagonista do filme além de ser madrasta do rapaz menor de idade, trabalhava ajudando menores a sair de situações abusivas. Num momento do filme inclusive vemos uma jovem a agradecendo por salvá-la mas em paralelo a isso dentro de casa ela não tinha nenhum respeito e consideração pelo menino, em momento algum ela mostra remorso e manipula a situação tão bem a seu favor que mente com a maior naturalidade e coloca o rapaz que já estava passando por problemas quando chega para morar com elas nessa situação difícil. Apenas para satisfazer seus desejos ela entra nessa aventura e descarta o menino quando vê que pode lhe causar problemas. Agora o rapaz tinha a oportunidade de construir laços com seu pai e irmãs, o que estava acontecendo e ela que o assedia numa situação difícil para um adolescente se esquivar por não ter maturidade para aquilo, inclusive em muitos países a legislação consideraria a atitude da madrasta pedofilia e assédio sexual e após envolvê-lo ele perde não só a presença da família mas o afeto ainda que doentia da madrasta e fica a Deus dará.
Um detalhe que reparei foi que pela entrevista que o menino fez com a madrasta algo no passado dela fez ela já ter uma relação que era um tabu pois fala de linhas ultrapassadas na sua primeira relação Sexual e ela acaba não falando o que é, mas da a entender que ele pode ter sido abusada tb e agora além de tentar esse tempo todo no seu trabalho reparar isso, na sua intimidade parece que uma vez já ultrapassada linha não há mais remorso pra ela e repete o ciclo agora abusando do enteado menor de idade, tanto que consegue transar com o menino mesmo com as filhas em casa e não tem nenhum apego quando ele está sofrendo por perder tudo. claro que isso tudo de forma bem sútil e nas entrelinhas é passado pelo roteiro.
Logo imaginei que pelas pontas deixadas pelo roteiro de uma pessoa ter flagrado e da fita que a história poderia virar contra a assediadora, porém conforme a angústia da situação vai crescendo e a gente se coloca na pele do menino comecei a esperar que ele não aguentaria a pressão de não ser amparado e taxado de mentiroso que se suicidaria e de fato foi o que ocorreu. Assim como já foi falado meu maior mal estar aqui foi uma mulher que trabalha com isso na rua dentro de casa fazer essa monstruosidade e ainda querer chorar e mostrar remorso só após o estrago e ter destruído o seu parceiro que acabou comprando sua verdade, foi revoltante demais.
Se o diretor queria fazer um filme para chocar e incomodar conseguiu.
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista AgoraA Lenda do Cavaleiro Verde foi um dos melhores filmes de 2021 e é daquelas obras recheadas de metáforas e simbolismos que nos fazem refletir por horas e que mais abaixo trago as minhas reflexões marcadas como spoiler.
Estava esperando um épico de fantasia a La Senhor dos Anéis mas o que vemos é mais uma experiência única produzida pela A24 e do mesmo diretor de A Ghost Stories que através de uma grandiosa história épica mantém toda a estética e atmosfera de um conto arturiano que nos remete de fato ao século XIV quando foi escrito o poema original, como vemos nas roupas, na fotografia e nos capítulos em que é dividido o conto por exemplo. Todos os elementos e simbolismos usados pelo diretor não estão ali por acaso e vemos um primoroso trabalho que torna o filme uma obra prima.
As reflexões que tiramos do filme é:
trata-se da jornada de um jovem para ser tornar um herói/cavaleiro e este tem que ter virtudes e princípios para merecer esse título. A própria mãe do Gwain que era irmã do Rei Arthur invoca o Cavaleiro Verde para fazer o desafio já no intuito de o filho poder mostrar o seu valor e poder ser um potencial sucessor do tio que já estava ficando velho. Ele ainda não era um cavaleiro até aquele momento e não tinha a postura de um, era apenas um jovenzinho boêmio e sem compromissos que ao ver o Cavaleiro diante do Rei fazendo o desafio resolve se mostrar para chamar sua atenção e podendo lhe acertar um golpe em qualquer lugar mostra logo serviço para impressionar logo cortando a cabeça, porém ele deveria agora estar sujeito ao mesmo golpe que praticou após um ano para bancar a consequência de seu ato e na jornada ele passa por várias provações que colocam a prova o seu caráter e virtudes. Em vários momentos ele também olha para a morte nas representações das caveiras que por sua vez também estão ligadas à natureza como é o simbolismo do Cavaleiro Verde ser de madeira e imortal e aí faz um dilema entre a natureza que representa a infinitude e imutabilidade vs a humanidade que é mutável, oscilante, finita e sujeita a morte pelas própria leis da natureza. Durante toda a jornada vemos a proteção de sua mae seja no símbolo da raposa ou da mulher com as vendas e no próprio cinto que ela lhe deu como proteção e volta para ele de modo a tentar lhe alertar e intervir nas escolhas de Gwain e mostrando o bom caminho para ele se mostrar digno ao mesmo tempo que ele falha em todos as provações de caráter que ele passa pelo caminho. Por fim ao chegar até o Cavaleiro Verde ele vê diante de si todo o seu futuro e como ainda não era digno de ser um cavaleiro e se fosse embora daquela forma ele mostraria esse seu verdadeiro lado e seria um péssimo rei pelo que ele continha no interior do seu coração e por isso ele não se vê digno, tira o cinto e se entrega ao seu juízo final, inclusive na visão ele percebe que só tinha chegado até ali pq estava com o cinto de proteção senão já teria sucumbido e perdido a cabeça posto que não era digno de estar ali pelas suas próprias virtudes, ou seja, ele era uma farsa querendo apenas tomar o seu posto de herdeiro mas péssimo em todos os sentidos. Nesse momento o cavaleiro verde diz que está na hora de perder a cabeça mas a cena é cortada por escolha do diretor e ficamos sem saber propositalmente se Gwain foi mesmo morto ou poupado por nesse momento mostrar a virtude e dignidade de um verdadeiro cavaleiro por reconhecer finalmente suas limitações, já que no conto original ele é poupado. Então a meu ver fica em aberto.
Esse filme pode ser considerada uma analogia ao crescimento e amadurecimento de deixar de ser um jovem para a vida adulta pois vemos na relação da mae do Gwain o desejo de que ele pudesse se preparar para tamanha incumbência de ser um cavaleiro e futuro rei permitindo ver como ele se comportaria ao enfrentar tão grande desafio ao mesmo tempo que todo o mundo físico é manipulado por magia com a intervenção dela na história o acompanhando e lhe mostrando o caminho durante o percurso da narrativa, como todos os bons pais fazem para ver seus filhos alcançando voos altos fora do ninho.
E também a sacada de mostrar que todo ser humano tem essa ambiguidade de não ser de todo bom ou mal, todos passamos por dilemas internos. É uma forma crua de mostrar a história dos cavaleiros arturianos como geralmente eram feitos nesses contos medievais que não mascaravam a verdadeira natureza humana com seus conflitos internos.
Kimi: Alguém Está Escutando
2.9 117Os pontos positivos foram a ambientação em tempos de covid e o pano de fundo de como as pessoas e sociedade foram impactadas e se adaptaram a essa nova realidade. Traz uma aproximação com a nossa vida. Também destaco a questão da tecnologia tão presente e tão futura representada pela Kimi e seu protagonismo fundamental para a narrativa. De fato o diretor bebeu da fonte de Janela Indiscreta para criar sua versão para nosso tempo. Porém, apesar de toda a ambientação, o filme poderia ser infinitamente melhor, o roteiro se torna preguiçoso no ato final. O diretor já fez filmes muito melhores do que esse, então impossível não comparar e esperar mais do que o que foi apresentado.
O Golpista do Tinder
3.5 418“O amor moderno é um jogo perigoso”
Este documentário da Netflix prende a atenção do início ao fim pela sua história envolvente e chocante, ainda mais por ter como pano de fundo a utilização das redes sociais e app de relacionamentos, característica da forma de se relacionar na modernidade inserida na vida rotineira das pessoas já. Mostra o quanto ficamos fragilizados ao acreditarmos e nos abrirmos para pessoas pois um sociopata e narcisista pode estar ao nosso lado.
Achei muito legal a parte em que ele encontra alguém mais esperto do que ele e a última namorada acaba por se vingar vendendo todas as roupas e com a prisão dele.
A parte chocante e desanimadora é descobrir que gente ruim acaba quase sempre se dando bem as custas do outros e no final parece que o crime compensa pra essas pessoas.
É revoltante ver o quão pouco tempo ficou preso e que as moças ainda continuam pagando suas dívidas enquanto o bonitão vive ostentando normalmente por aí e fazendo novas vítimas.
O Páramo
2.7 113O cinema espanhol sabe bem utilizar os sucessivos períodos históricos de guerra no seu país como pano de fundo para filmes de terror carregados de dramas e alegorias. Vemos isso no excelente O Labirinto do Fauno e em A Espinha do Diabo. Embora El Páramo não tenha a qualidade destes é um bom filme da Netflix que tem como alegoria principal a ser trabalhada a solidão e o medo e junto a eles a perda da sanidade e a depressão. O “SER” retratado no filme nada mais é do que tais sentimentos personificados num cenário de incertezas pela guerra, escassez e isolamento. Vemos tudo pela ótica do menino Diego (o que se assemelha aos dois filmes citados que tb trazem óticas de protagonistas infantis) que tem que enfrentar todas essas adversidades junto a sua mãe. O filme me lembrou muito tb Babadock e a atmosfera de The Wild. Destaque tb para a excelente fotografia e cenas que realmente me remeteram a uma sensação de isolamento e desesperança. É uma boa película espanhola (eles não costumam errar em filmes de terror e suspense) e merece ser assistido para quem gosta de filmes de terror dramáticos e psicológicos. Quem não gosta já sabemos que dará nota ruim e por isso a nota baixa aqui no filmow.
Encontros
3.0 63 Assista AgoraUm filme muito interessante que foca no drama familiar. É daqueles com plot twist e tem mantém na dúvida do que é ou não realidade. A atuação é otima, destaque para as crianças.
Inimiga Perfeita
3.0 130 Assista AgoraÉ importante deixar explícito que o filme é um thriller psicólogico de estudo de personagem, por isso seu enfoque é nos diálogos entre os seus poucos intérpretes. Quem não gosta do estilo é melhor pular o título para não dar nota ruim para ele. Afinal, no que ele se propõe é um ótimo filme que aposta no plot twist bem amarrado e que entrega tudo. Percebam que todo filme que começa com uma frase, será ela que vai permear a história e sua lição.
Aqui usa a frase de Exupery de que a perfeição não se atinge adicionando algo, mas sim quando nada mais pode ser retirado, o que vemos perfeitamente ao final sendo concluído nas lutas internas do personagem, onde ir a Paris faz ele ter o gatilho do que ele fez no passado e criar a persona interna na figura da menina que é a filha não nascida pelo assassinato de sua esposa que era uma forma de seu inconsciente confronta-lo, culpá-lo, lembrar aquele lado monstruoso interno dele e querer da cabo de sua vida devido a esse lado mal que o levou a praticar aquele terrível crime. No final ele consegue novamente controlar aquela persona , ir embora de Paris que remetia aquele crime e lado monstruoso e novamente enterrar aquele passado dentro dele e seguir Vivendo novamente sua vida perfeita. A perfeição está no lema que ele usa de Exupery de que enquanto não for retirado o que ele fez de concretar sua mulher num crime tb aparentemente perfeito que já faz 20 anos e ninguém nunca descobriu, ele vai vivendo muito aquela vida aparentemente perfeita de profissional bem sucedido e ninguem fica sabendo sobre seu lado obscuro e suas ações malditas. Para alguém que tinha uma vida ilibada e perfeita mas que escondia um lado obscuro, a única inimiga perfeita seria sua propria consciência representada na persona criada da filha não nascida que na própria mente dele ele cria que ela seria tão má quanto ele.