Se antes de "Life + 1 day" eu já era apaixonada pelo trabalho de Navid Mohammadzadeh, depois então, amei mais. Atuação impecável e perfeita, ele se entrega de corpo e alma ao personagem. Sem via de dúvidas, um dos melhores atores da atualidade em todo o mundo. Procurem conhecer mais o trabalho deste jovem curdo, não vão se arrepender. Este filme de Saeed Roustayi, aliás, mais um novo diretor que promete muitos filmes de qualidade, vai além dos conflitos familiares, já marcantes pelo vanguardista do tema, Farhadi. O cinema iraniano caminha para temas fortes, polêmicos e constrangedores. O tema principal desta obra poderia se passar em qualquer parte do mundo, juntamente com seu drama. Esperei mais de 6 meses por este filme, que eu mesma cadastrei aqui, mas não tinha esperança de vê-lo, porém me enganei. E que surpresa linda vinda da maravilhosa Pérsia. Só não dei 5 estrelas pois tive algumas dúvidas em relação ao título do filme e sua definição. De resto, roteiro, direção, fotografia, atuações. E que atuações, (não apenas pela perfeição do tigre curdo) mas em geral, é tudo muito bem feito. Mais que recomendado!
A sequência da festa de aniversário naturalista sem via de dúvidas é genial. É o propósito da aceitação, seja quem você é, sem rótulos e da forma mais natural possível. Genial
A atuação de Sandra Hüller é perfeita, uma das melhores que já vi. E este poster é um dos mais criativos e belos da história do cinema. Mas por enquanto "O apartamento" me agrada mais. Vamos ver os filmes restantes, mas mesmo assim, o filme representante da Alemanha é ótimo. Pelo jeito este ano o Oscar caprichou na categoria filme estrangeiro. No ano passado, com exceção do perfeito "O abraço da serpente", todos os outros filmes eram meia boca!
Que filme! <3 Acho que poucos aqui souberam interpretar de fato "Pietá". Não sou o tipo de pessoa que acredita apenas que amor de mãe seja verdadeiro, o próprio amor de filho o é, e ultrapassa os limites do que a nossa história e sociedade insistem em nos mostrar. "Pietá" prova um pouco disso. O filho criado sem amor, família, acaba se entregando a viver como justiceiro aleijando pessoas que não pagam o empréstimo.
Mas o ponto alto do filme são os laços de amor e criação que vencem. Se por um lado Kang-do enlouqueceu de viver sem a mãe, a sua "mãe" morreu e se "vingou" por amor ao filho, não o filho justiceiro (que não era de fato seu filho), mas sim o filho que foi vítima do próprio do justiceiro. O verdadeiro filho amado. Porém, embora o filme mostre que prevaleceu o amor da mãe pelo filho que ela criou, somente toda a sua luta pelo justiceiro abandonado, mostra uma espécie de amor que nasce da mãe impostora e todos os limites que ela pretende alcançar para conquistá-lo e educá-lo em relação a valores, vida, vingança e amor. O justiceiro no fim das contas se entrega ao amor, e se entrega a morte por seus atos passados.
Não apenas o roteiro, enredo e a trama em si são incríveis. Mas as atuações são brilhantes. Destaque para Kang-do [Lee Jeong jin], e mais ainda Jo Min-Su, e que atuação, uma das melhores que já vi.
O dinheiro, o capitalismo, a frieza que muitos adquirem pela solidão, o ódio, a vingança. Temas tabus, que fazem muitos aqui não terem gostado do filme, mas isso é cinema coreano. Soco na cara e quebra de temas clichês.
"Pietá" é um filme sobre amor, posto aos seus limites, em todas as formas possíveis. Mais um filme pra aumentar mais ainda a minha admiração e respeito pelo cinema oriental, e neste caso, o cinema coreano.
Cinema coreano, seu lindo. E que poster, é de arrepiar!
O mal-estar social que “Lantouri” causa é totalmente indescritível. Só a minha reação em certos pontos de êxtase da trama é prova disso. Senti-me numa espécie de sala IMAX 3D, porém a adrenalina foi outra, a do incomodo. Há exatamente um mês atrás, o tão esperado (pelo menos por mim) “Lantouri” estreou na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Pude assistir ao filme apenas na última sessão (houve apenas três). E decepção? Não, mas o sentimento de impotência, e até de vergonha me assolou mais uma vez. Algo similar ocorreu dois anos antes na mesma mostra, com o mesmo diretor, porém era “Eu não estou com raiva!”. Daí nasceu minha relação de amor e ódio com Reza Dormishian e Navid Mohammadzadeh (ator principal dos dois filmes). Entretanto, quase um mês depois tive palavras, após tentar absorver este filme por quase um mês. “Lantouri” é provocador. Segue a linha de muitos filmes persas, ficção + documentário (embora seja óbvio que ali tudo é falso, mas com bases reais). Dormishian seguiu a mesma linha de outros longas de seus conterrâneos, também exibidos na mostra: O apartamento, Quarta-Feira e Uma casa na rua 41. O cinema persa levou os conflitos humanos ao extremo, dessa vez crimes foram postos a tona, junto com os dois lados da moeda: ódio x perdão. A referida gangue Lantouri é analisada por profissionais, leigos e religiosos todo o filme, enquanto o enredo se desenrola de forma não linear. Com cenas rápidas e tomadas fotográficas (não sei se utilizei o termo correto), característica já marcante do diretor, o que atrapalha um pouco na hora de acompanhar as legendas. Mas...
A trama muda de lado, visa várias opiniões, confunde o público. Provoca nossos sentidos e princípios de forma devastadora. Confesso que com mais de uma hora de filme estava odiando Dormishian, ele estava quase a me convencer que a vingança é um prato que se come quente e bem. O enredo não visa apenas o crime de Pasha (o ataque com ácido contra Maryam). Vai além. Visa todo o histórico de vida e psicológico dos integrantes da Lantouri. E logicamente visa toda a trajetória de luta de Maryam pelos direitos humanos fundamentais, o direito à vida. A situação muda conforme a questão do ataque ocorre, e a punição. É como uma profecia daqueles que julgam a galera dos Diretos Humanos com o discurso “Bandido bom é bandido morto”, “Merece sentir na pele”, e isso ocorre ironicamente com Maryam, e a reação não é diferente, ela recorre a retaliação. “Viver com uma face desfigurada e sem visão é pior do que a morte, ele merece o mesmo”, o que acalenta mais o sentimento de empatia com a vítima. A partir daí vem outra questão. “O agressor não merece a morte, mas sim viver com a culpa e ter o mesmo fardo, ou seja, viver com a mesma sequela. Não é isso?" E assim caminha o troco, com apoio de uma sociedade imensamente religiosa e acredito que do próprio público indignado. No ponto alto do filme, em meio ao ato de cegar o agressor, que é um tanto perturbado, obsessivo e controverso, surge a segunda chance. Não por compaixão, medo ou sentimento alheio, mas por amor próprio. “Lantouri” ensina que o perdão é um sentimento individual, perdoe para ser perdoado!
No fim o resultado foi catastrófico, saí do cinema, significantemente vazio, em pleno feriado de cabeça baixa, boca seca e de pernas bambas. Sinto que este sentimento foi coletivo. Reza Dormishian nos deu espelhos!
É incrível como filmes orientais, principalmente de países de maioria muçulmana são estereotipados por aqui. As críticas apenas enxergam o óbvio "a posição da mulher no mundo islâmico". Migos, "Much loved" é bem mais que isso. Já acompanho a carreira do grande Nabil Ayouch há algum tempo, e até hoje nenhum diretor marroquino conseguiu me cativar mais do que ele. Só na minha lista de favoritos constam dois de seus filmes: "As ruas de Casablanca" e "Os cavalos de Deus". Notavelmente, quem acompanha seus filmes deve ter notado que o diretor já abordava de forma mais discreta o tema "prostituição" em seus filmes anteriores. A chance de fazer um filme inteiramente com a temática veio em "Much loved" e Ayouch ousou, e como ousou! Adoro! Enquanto o público e a crítica ocidental tenham visto nesta trama mais um motivo pra atacar o islamismo, vi no filme várias denúncias que vão além do país no qual o filme foi rodado: Marrocos.
O tema prostituição já é abordado há anos no cinema, e em muitos momentos o filme me parecia ter sido rodado em qualquer país do planeta. Com exclusão das cenas na qual a personagem principal aparece com vestes muçulmanas, a abadia e o hijab. Temas como orgias, consumo de drogas e álcool, homofobia e pedofilia (isso parece que passou despercebido dos críticos, mas em dado momento do filme uma criança confessa que é explorada sexualmente por turistas europeus, mas lógico, o "seletivo" público ocidental vê apenas o óbvio). Clientes sauditas são hostilizados por eles mesmos se descrevendo como "os donos do mundo", porque têm petróleo. Graças a isso se acham no direito de humilharem as garotas de programa, as agredirem, e lógico, as mandarem calar a boca, pois uma delas ao defender os palestinos é dada como uma burra que nada sabe de política. Que ódio! Enfim, "Much loved" além de denunciar a condição de prostitutas mundo afora, e travestis (uma delas reclama da falta de liberdade que tem no país, aquilo me bateu uma tristeza profunda, pois não vivemos num "país islâmico", mas somos o país que mais executa travestis e transsexuais em todo mundo). Ao mesmo tempo, a trama humaniza as belas jovens, mostram que elas podem ter sonhos, desejos, sentimentos, inteligência e humanismo. E meu povo, humanismo não é pra qualquer, uma sociedade religiosa ou "civilizada" nem sempre leva isso a cabo. Talvez o humanismo parta na maioria das vezes dos maiores excluídos deste mundo.
Valeu Nabil Ayouch, pela coragem e ousadia de golpear os costumes conservadores islâmicos e a "lucidez" ocidental. Você continua sendo a minha maior referência do cinema marroquino!
O tipo de filme que dá vontade de ir na bilheteria e pedir seu dinheiro de volta. Apoio totalmente a causa curda, de verdade. É uma causa linda, revolucionária e que pode trazer muitos rumos positivos na região. Quem conhece o trabalho de Ghobadi (já vi todos os filmes dele) pode se decepcionar com este filme, a única coisa que se aproveita dele foi a intenção de fazer um bom filme, mas não deu. O mais triste é saber que Ghobadi como um nacionalista, apaixonado por seu povo ignorou a revolução que está ocorrendo em Rojava e preferiu mais uma vez homenagear seu povo, mas com um filme meia-boca. E Helly Luv, quem é ela pra dizer que não conhece a Rihanna? ainda chama-lá de americana, eu quase corri da sala ao ouvir isso. E o final do filme? Não poderia ter sido pior, forçado, mentiroso e até desrespeitoso com o povo curdo. Decepção gigante!
O documentário é narrado, dirigido e conduzido pela fofíssima sul-coreana Sung-Hyung Cho. Tudo começa com uma breve explicação da divisão das duas Coreias (sul, capitalista e norte, comunista). E logo no início já mostra a tensão entre ambas, inclusive que a diretora só conseguiu entrar no país por portar um passaporte alemão. Logo no início, a Coreia do Norte já é mostrada como um país bonito e organizado. Não há lixo nas ruas, trânsito caótico, e todos os entrevistados são bem educados, simpáticos e alegres. Bem diferente do que querem nos mostrar, "um povo coitado, reprimido que precisa de ajuda urgentemente". Logicamente, o endeusamento ao líder e sistema político do país está em tudo. Em canções (inclusive infantis, outdoors, TV, em todos os lugares pelo jeito). Isso chega a irritar um pouco. Mas nenhum momento houve ódio explicito ao Ocidente, capitalismo, etc. É como algo religioso, mas infelizmente nosso mundo ainda não é avançado o suficiente e precisar se apoiar em idolatrias, seja religiosa, política, cultural, econômica, isso não é exclusividade de lá, é mundial. A diretora visita várias cidades do país. A capital Pyongyang, cidades rurais e costeiras. Uma coisa chama muita atenção na zona rural do país, toda a atividade e tradição agrícola é ainda bem preservada, algo que encanta a diretora sul-coreana, pois ela relata que no sul isso não mais existe. No campo é mostrada uma residência que utiliza energia solar, e um sistema de gás metano feito de excrementos de animais e humanos. Eca! Mas é bem sustentável. O filme mostra vários ambientes como escola (aulas de inglês bem didáticas, e com métodos bem tradicionais e incentivo total aos esportes, um sistema de educação que deveria servir de modelo pra nós, por exemplo). E uma fábrica têxtil. Nada anormal, uma jornada de trabalho das 8h às 18h (com extras que se prolongam às vezes até às 19h30 dependendo da demanda). Há ginástica laboral, bonificação por produção e outras questões que envolvem o trabalho. Nada diferente daqui, aliás, diria que é até melhor do que em muitos países por aí. No que diz respeito às sanções impostas ao país, é relatado que os produtos norte-coreanos, no caso das roupas mostradas na fábrica, são exportadas para a China e da China vão para o Ocidente, porém sem o "Made in North Korea". Assistir este belo documentário foi uma experiência bela e única. Sung-Hyung Cho mostra seus irmãos e irmãs norte-coreanos como humanos sem ódio e fanatismo. Embora haja um condicionamento social e político, os norte-coreanos são inteligentes e acolhedores. Além dessa questão do ódio que não vi, notei que eles são bem alegres, podem dizer que é alienação o que for, mas nenhum país capitalista parece ter isso tão escancarado. O documentário é simples, fiel e imparcial, em nenhum momento mostra estar em nenhum dos dois lados, apenas mostra a Coreia do Norte através de seu povo. Com sua história de derrotas, conquistas. E o novo desafio dos jovens x velhos, isso ainda pode mudar os rumos do país. E sabe o que foi mais lindo? Os desejos de reunificação, ninguém sabe quando isso ocorrerá e se ocorrerá. Porém, jovens, velhos, crianças, todos sonham de reencontrar e se unir novamente com seus irmãos do sul.
Na cena da delegacia em que o senhor que arrumou o coiote para o grupo de fundamentalistas entrarem na Síria, ele desabafa e diz algo similar: "Vocês vem aqui apenas por seus filhos. Nós sírios estamos morrendo! A mais pura realidade do egoísmo nosso de cada dia!
O filme parece mostrar os refugiados apenas como um pano de fundo do enredo, mas a cena na qual descrevi foi a mais marcante em toda a trama.
Havia lido um artigo sobre o filme em que entrava a questão. "Ela sentia prazer ou ódio pelo agressor?" Em vários momentos do filme achei com muita indignação que ela sentia prazer a tudo que era submetida. Tive raiva, nojo e aversão a esta personagem, que inclusive mostra por sua frieza até estar envolvida num massacre. Porém, nos últimos minutos do filme tudo tem uma reviravolta. Não tenho dúvidas de que tudo fez parte de um plano de vingança de uma mulher massacrada por seu passado. Foi violentada pelo pai assassino. Volta a ter tona tudo anos depois. Mas desta vez a dor, o trauma a fazem forte pra jogar e driblar a situação, como num game!
Será que rola indicação ao Oscar? Quem sabe. Mas merece!
Não morro de amores por filmes biográficos. Mas "O ídolo" me agradou muito. É totalmente diferente dos outros filmes anteriores de Hany Abu-Assad, quem já acompanha a carreira dele sabe o que digo. A sensibilidade aflorou, mesmo num filme tão comercial. A personagem de sua irmã me deixou apaixonada, lindinha demais. E foi bem legal ver algumas influências orientais mesmo nesta trama comercial, um pouco mais voltada para o cinema ocidental. Uma determinada cena no início do filme tem uma releitura palestina do clássico iraniano "Davandeh". E o final emocionante com cenas reais e emocionantes relembrou outro iraniano "Fora de jogo". Foi ótimo rever Nadine Labaki (minha diva preferida do cinema árabe). Não conhecia nada da carreira de Mohammad Assaf, (só tinha ouvido falar sobre ele mesmo), mas graças a este filme, me interessei pela carreira deste talentoso rapaz. O filme em alguns instantes pode parecer piegas. Mas não galera. A emoção é verdadeira, as lágrimas são verdadeiras. Aos palestinos tudo isso foi tão emocionante quanto a um brasileiro ver a seleção triunfando. Diria que bem mais ainda, tendo em vista que nem todos aqui gostam de futebol e que já somos muitos reconhecidos. Os palestinos não. O sofrimento deste povo é bem maior ainda do que o mostrado no filme. Ver um palestino tendo voz, sendo aplaudido e representando seu povo, é como um grito de liberdade! Que Hany Abu-Assad não deixe de fazer filmes sobre seu país e povo. Seu próximo filme é hollywoodiano. Mas enfim, que siga os passos de outros árabes como Nabil Ayouch, não abandone o belo cinema árabe. O que mais dizer? Muito sucesso pra Mohammad Assaf, e lógico. Viva a Palestina!
Mais um filme que comprova o quanto Asghar Farhadi merece ser reverenciado em seu país e fora dele. De quatro filmes que vi dele, achei "O apartamento", o mais diferente e original, mas não o melhor, "À procura de Elly" é ainda o meu preferido, tensão e envolvimento total. No entanto, amei o fato dele ter mudado alguns aspectos de filmes anteriores. O ambiente teatral, ousadia maior, e lógico, as atuações. Shahab Hosseini mostra que mereceu a premiação de melhor ator em Cannes. Atuação impecável que muda conforme a trama vai desenvolvendo a tensão. O filme possui alguns momentos de descontração, o que arrancou algumas gargalhadas na sala de cinema, algo que ainda não havia visto no cinema de Farhadi, porém alguns em momentos foi meio desnecessário.
O ponto alto do filme é a critica à "humilhação em público" motivada pela vingança. Parece que o objetivo maior de Farhadi foi criticar seus próprios compatriotas. Infelizmente, eventos de execução público lotam no país como se fossem eventos de entretenimento. E mesmo com a religiosidade forte no país, muitos acreditam e se apegam a prática da vingança.
Mas enfim, vejo o cinema iraniano caminhando por um caminho bem diferente do tradicional cinema de Kiarostami, Makhmalbafs, Majidi etc. Farhadi foi um divisor de águas nesta nova e interessante fase do cinema que mais me encanta e impressiona neste mundão. Mais uma vez, obrigada Farhadi, você é o cara!
Perfeito! Mais uma surpresa linda do Peru! Primeiramente, me interessei de ver o filme pela Magaly Solier. Amo essa mulher, a atriz da atualidade que mais me agrada como pessoa e profissional da atualidade. Em segundo, assisti porque adoro o pouco que conheço do cinema peruano. É um drama com pitada de ação, adrenalina e grande expectativa. E o mais legal. Tem identidade própria, nada de ficar se apegando e influenciando por películas estadunidenses. Só lamento imensamente de ter perdido a estreia que teve a Magaly em pessoa na divulgação. Uma pena!
Lindas locações da bela cidade de Cartagena de Índias. Belo, simples, romântico. Em nada me decepcionou. Foi interessante rever Margarita Rosa de Francisco, a eterna Gaivota. Mais uma grande surpresa colombiana, país que a cada dia me surpreende mais em todos os aspectos!
Bom filme, ótima surpresa do Paraguai e boa temática. Porém, o que estragou o filme foi a tal influência demasiada hollywoodiana, ficou forçado. Acho que o filme deveria ter soado mais latino mesmo. Mas mesmo assim, mais uma grande surpresa de um país do continente que faz os melhores filmes dos últimos tempos, excluindo os EUA, lógico, detesto os filmes estadunidenses atuais. Viva a América Latina o/
Pessoal que for de São Paulo. A Mariana Rondón estará no CCBB SP dia 07/10, junta com a diretora brasileira Tata Amaral num debate “O Posicionamento da mulher latino-americana no mercado audiovisual”. Vale super a pena comparecer, e será tudo na faixa. Eu estarei lá com certeza :D
Filme lindo, diferente de tudo que Almodóvar já fez. A nota está um pouco baixa porque acho que o público esperava outra coisa, mas a mim não decepcionou. Não sou o tipo de pessoa que romantiza a maternidade e anseia por ela, se bem que o filme não romantizou nada disso, mas sim mostrou o quanto uma mãe sofre. Mas "Julieta" me tocou profundamente. Tocou tanto, que vai me fazer ler um livro de Alice Munro, no qual três contos inspiraram o filme.
Perfeito! A memória do mar, das águas, das geleiras, de um povo, e de um país! A água é fonte de vida, riqueza, poder, mas é uma nebulosa de histórias e dores.
O paralelo traçado na história do índio que entregou seu destino nas mãos de colonizadores brancos, e a liberdade (vida) de vítimas da ditadura, todas simbolizadas por um botão.
"O botão de pérola", assim como "O abraço da serpente" ambas perfeitas obras latinas são um grito de socorro aos horrores da colonização e seus efeitos. Um mal que nos aflige até os dias atuais, mesmo séculos depois? Sim. A cada dia tenho mais certeza que o maior mal deste mundo não são as guerras, até porque ela é a última arma de socorro pela sobrevivência . Mas sim o colonialismo. Ele dizimou milhares de nativos, ainda dizima, reflete nas memórias de um povo, e se mantém como um fantasma forte com corpo, cabeça e força! Graças ao colonialismo veio o tal "progresso", e junto com ele a destruição dos maiores bens naturais deste mundo: a vida e a água, e já que a água é fonte de vida, "O botão de pérola" é bem mais que um documentário que explana a liberdade, mas almeja ao mesmo tempo a vida!
Faltou abordarem grandes diretores como: Samira Makhmalbaf e Majid Majidi, este último, na minha opinião, o melhor diretor persa de todos os tempos, além do melhor da atualidade em nível mundial. Mas me parece que Majidi não se envolve muito com questões políticas diretas, assim como Kiarostami fazia, o que não é interessante pra um documentário com produção ocidental. Bem, mais uma coisa é clara, o cinema persa pré-revolução era bem ruim, salvo poucas exceções. Muitos desses filmes ruins nem existem mais, ou contêm poucas cópias, mas pouco fazem falta. Eram cópias ruins de outros filmes ruins.
Life + 1 Day
3.9 7Se antes de "Life + 1 day" eu já era apaixonada pelo trabalho de Navid Mohammadzadeh, depois então, amei mais. Atuação impecável e perfeita, ele se entrega de corpo e alma ao personagem. Sem via de dúvidas, um dos melhores atores da atualidade em todo o mundo. Procurem conhecer mais o trabalho deste jovem curdo, não vão se arrepender. Este filme de Saeed Roustayi, aliás, mais um novo diretor que promete muitos filmes de qualidade, vai além dos conflitos familiares, já marcantes pelo vanguardista do tema, Farhadi. O cinema iraniano caminha para temas fortes, polêmicos e constrangedores. O tema principal desta obra poderia se passar em qualquer parte do mundo, juntamente com seu drama. Esperei mais de 6 meses por este filme, que eu mesma cadastrei aqui, mas não tinha esperança de vê-lo, porém me enganei. E que surpresa linda vinda da maravilhosa Pérsia. Só não dei 5 estrelas pois tive algumas dúvidas em relação ao título do filme e sua definição. De resto, roteiro, direção, fotografia, atuações. E que atuações, (não apenas pela perfeição do tigre curdo) mas em geral, é tudo muito bem feito. Mais que recomendado!
As Faces de Toni Erdmann
3.8 256 Assista AgoraAs relações familiares, a frieza do mundo corporativo. "Toni Erdmann" trás cenas memoráveis, quase 3 horas de duração que pra mim não pesaram.
A sequência da festa de aniversário naturalista sem via de dúvidas é genial. É o propósito da aceitação, seja quem você é, sem rótulos e da forma mais natural possível. Genial
A atuação de Sandra Hüller é perfeita, uma das melhores que já vi. E este poster é um dos mais criativos e belos da história do cinema. Mas por enquanto "O apartamento" me agrada mais. Vamos ver os filmes restantes, mas mesmo assim, o filme representante da Alemanha é ótimo. Pelo jeito este ano o Oscar caprichou na categoria filme estrangeiro. No ano passado, com exceção do perfeito "O abraço da serpente", todos os outros filmes eram meia boca!
O Lamento
3.9 433 Assista AgoraDuas horas e meia de amor e ódio. E no fim das contas ficou a incerteza e uma enorme frustração!
Pietá
3.8 199 Assista AgoraQue filme! <3
Acho que poucos aqui souberam interpretar de fato "Pietá".
Não sou o tipo de pessoa que acredita apenas que amor de mãe seja verdadeiro, o próprio amor de filho o é, e ultrapassa os limites do que a nossa história e sociedade insistem em nos mostrar. "Pietá" prova um pouco disso. O filho criado sem amor, família, acaba se entregando a viver como justiceiro aleijando pessoas que não pagam o empréstimo.
Mas o ponto alto do filme são os laços de amor e criação que vencem. Se por um lado Kang-do enlouqueceu de viver sem a mãe, a sua "mãe" morreu e se "vingou" por amor ao filho, não o filho justiceiro (que não era de fato seu filho), mas sim o filho que foi vítima do próprio do justiceiro. O verdadeiro filho amado. Porém, embora o filme mostre que prevaleceu o amor da mãe pelo filho que ela criou, somente toda a sua luta pelo justiceiro abandonado, mostra uma espécie de amor que nasce da mãe impostora e todos os limites que ela pretende alcançar para conquistá-lo e educá-lo em relação a valores, vida, vingança e amor. O justiceiro no fim das contas se entrega ao amor, e se entrega a morte por seus atos passados.
Não apenas o roteiro, enredo e a trama em si são incríveis. Mas as atuações são brilhantes. Destaque para Kang-do [Lee Jeong jin], e mais ainda Jo Min-Su, e que atuação, uma das melhores que já vi.
O dinheiro, o capitalismo, a frieza que muitos adquirem pela solidão, o ódio, a vingança. Temas tabus, que fazem muitos aqui não terem gostado do filme, mas isso é cinema coreano. Soco na cara e quebra de temas clichês.
"Pietá" é um filme sobre amor, posto aos seus limites, em todas as formas possíveis. Mais um filme pra aumentar mais ainda a minha admiração e respeito pelo cinema oriental, e neste caso, o cinema coreano.
Cinema coreano, seu lindo. E que poster, é de arrepiar!
Lantouri
4.0 4O mal-estar social que “Lantouri” causa é totalmente indescritível. Só a minha reação em certos pontos de êxtase da trama é prova disso. Senti-me numa espécie de sala IMAX 3D, porém a adrenalina foi outra, a do incomodo.
Há exatamente um mês atrás, o tão esperado (pelo menos por mim) “Lantouri” estreou na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Pude assistir ao filme apenas na última sessão (houve apenas três). E decepção? Não, mas o sentimento de impotência, e até de vergonha me assolou mais uma vez. Algo similar ocorreu dois anos antes na mesma mostra, com o mesmo diretor, porém era “Eu não estou com raiva!”. Daí nasceu minha relação de amor e ódio com Reza Dormishian e Navid Mohammadzadeh (ator principal dos dois filmes). Entretanto, quase um mês depois tive palavras, após tentar absorver este filme por quase um mês.
“Lantouri” é provocador. Segue a linha de muitos filmes persas, ficção + documentário (embora seja óbvio que ali tudo é falso, mas com bases reais). Dormishian seguiu a mesma linha de outros longas de seus conterrâneos, também exibidos na mostra: O apartamento, Quarta-Feira e Uma casa na rua 41. O cinema persa levou os conflitos humanos ao extremo, dessa vez crimes foram postos a tona, junto com os dois lados da moeda: ódio x perdão. A referida gangue Lantouri é analisada por profissionais, leigos e religiosos todo o filme, enquanto o enredo se desenrola de forma não linear. Com cenas rápidas e tomadas fotográficas (não sei se utilizei o termo correto), característica já marcante do diretor, o que atrapalha um pouco na hora de acompanhar as legendas. Mas...
A trama muda de lado, visa várias opiniões, confunde o público. Provoca nossos sentidos e princípios de forma devastadora. Confesso que com mais de uma hora de filme estava odiando Dormishian, ele estava quase a me convencer que a vingança é um prato que se come quente e bem. O enredo não visa apenas o crime de Pasha (o ataque com ácido contra Maryam). Vai além. Visa todo o histórico de vida e psicológico dos integrantes da Lantouri. E logicamente visa toda a trajetória de luta de Maryam pelos direitos humanos fundamentais, o direito à vida. A situação muda conforme a questão do ataque ocorre, e a punição. É como uma profecia daqueles que julgam a galera dos Diretos Humanos com o discurso “Bandido bom é bandido morto”, “Merece sentir na pele”, e isso ocorre ironicamente com Maryam, e a reação não é diferente, ela recorre a retaliação. “Viver com uma face desfigurada e sem visão é pior do que a morte, ele merece o mesmo”, o que acalenta mais o sentimento de empatia com a vítima. A partir daí vem outra questão. “O agressor não merece a morte, mas sim viver com a culpa e ter o mesmo fardo, ou seja, viver com a mesma sequela. Não é isso?" E assim caminha o troco, com apoio de uma sociedade imensamente religiosa e acredito que do próprio público indignado. No ponto alto do filme, em meio ao ato de cegar o agressor, que é um tanto perturbado, obsessivo e controverso, surge a segunda chance. Não por compaixão, medo ou sentimento alheio, mas por amor próprio. “Lantouri” ensina que o perdão é um sentimento individual, perdoe para ser perdoado!
No fim o resultado foi catastrófico, saí do cinema, significantemente vazio, em pleno feriado de cabeça baixa, boca seca e de pernas bambas. Sinto que este sentimento foi coletivo. Reza Dormishian nos deu espelhos!
Muito Amadas
3.6 22 Assista AgoraÉ incrível como filmes orientais, principalmente de países de maioria muçulmana são estereotipados por aqui. As críticas apenas enxergam o óbvio "a posição da mulher no mundo islâmico". Migos, "Much loved" é bem mais que isso.
Já acompanho a carreira do grande Nabil Ayouch há algum tempo, e até hoje nenhum diretor marroquino conseguiu me cativar mais do que ele. Só na minha lista de favoritos constam dois de seus filmes: "As ruas de Casablanca" e "Os cavalos de Deus". Notavelmente, quem acompanha seus filmes deve ter notado que o diretor já abordava de forma mais discreta o tema "prostituição" em seus filmes anteriores. A chance de fazer um filme inteiramente com a temática veio em "Much loved" e Ayouch ousou, e como ousou! Adoro!
Enquanto o público e a crítica ocidental tenham visto nesta trama mais um motivo pra atacar o islamismo, vi no filme várias denúncias que vão além do país no qual o filme foi rodado: Marrocos.
O tema prostituição já é abordado há anos no cinema, e em muitos momentos o filme me parecia ter sido rodado em qualquer país do planeta. Com exclusão das cenas na qual a personagem principal aparece com vestes muçulmanas, a abadia e o hijab. Temas como orgias, consumo de drogas e álcool, homofobia e pedofilia (isso parece que passou despercebido dos críticos, mas em dado momento do filme uma criança confessa que é explorada sexualmente por turistas europeus, mas lógico, o "seletivo" público ocidental vê apenas o óbvio). Clientes sauditas são hostilizados por eles mesmos se descrevendo como "os donos do mundo", porque têm petróleo. Graças a isso se acham no direito de humilharem as garotas de programa, as agredirem, e lógico, as mandarem calar a boca, pois uma delas ao defender os palestinos é dada como uma burra que nada sabe de política. Que ódio!
Enfim, "Much loved" além de denunciar a condição de prostitutas mundo afora, e travestis (uma delas reclama da falta de liberdade que tem no país, aquilo me bateu uma tristeza profunda, pois não vivemos num "país islâmico", mas somos o país que mais executa travestis e transsexuais em todo mundo). Ao mesmo tempo, a trama humaniza as belas jovens, mostram que elas podem ter sonhos, desejos, sentimentos, inteligência e humanismo. E meu povo, humanismo não é pra qualquer, uma sociedade religiosa ou "civilizada" nem sempre leva isso a cabo. Talvez o humanismo parta na maioria das vezes dos maiores excluídos deste mundo.
Valeu Nabil Ayouch, pela coragem e ousadia de golpear os costumes conservadores islâmicos e a "lucidez" ocidental. Você continua sendo a minha maior referência do cinema marroquino!
Uma Bandeira sem País
2.8 1O tipo de filme que dá vontade de ir na bilheteria e pedir seu dinheiro de volta.
Apoio totalmente a causa curda, de verdade. É uma causa linda, revolucionária e que pode trazer muitos rumos positivos na região.
Quem conhece o trabalho de Ghobadi (já vi todos os filmes dele) pode se decepcionar com este filme, a única coisa que se aproveita dele foi a intenção de fazer um bom filme, mas não deu. O mais triste é saber que Ghobadi como um nacionalista, apaixonado por seu povo ignorou a revolução que está ocorrendo em Rojava e preferiu mais uma vez homenagear seu povo, mas com um filme meia-boca.
E Helly Luv, quem é ela pra dizer que não conhece a Rihanna? ainda chama-lá de americana, eu quase corri da sala ao ouvir isso. E o final do filme? Não poderia ter sido pior, forçado, mentiroso e até desrespeitoso com o povo curdo. Decepção gigante!
Meus Irmãos e Irmãs do Norte
4.1 9O documentário é narrado, dirigido e conduzido pela fofíssima sul-coreana Sung-Hyung Cho. Tudo começa com uma breve explicação da divisão das duas Coreias (sul, capitalista e norte, comunista). E logo no início já mostra a tensão entre ambas, inclusive que a diretora só conseguiu entrar no país por portar um passaporte alemão.
Logo no início, a Coreia do Norte já é mostrada como um país bonito e organizado. Não há lixo nas ruas, trânsito caótico, e todos os entrevistados são bem educados, simpáticos e alegres. Bem diferente do que querem nos mostrar, "um povo coitado, reprimido que precisa de ajuda urgentemente". Logicamente, o endeusamento ao líder e sistema político do país está em tudo. Em canções (inclusive infantis, outdoors, TV, em todos os lugares pelo jeito). Isso chega a irritar um pouco. Mas nenhum momento houve ódio explicito ao Ocidente, capitalismo, etc. É como algo religioso, mas infelizmente nosso mundo ainda não é avançado o suficiente e precisar se apoiar em idolatrias, seja religiosa, política, cultural, econômica, isso não é exclusividade de lá, é mundial.
A diretora visita várias cidades do país. A capital Pyongyang, cidades rurais e costeiras. Uma coisa chama muita atenção na zona rural do país, toda a atividade e tradição agrícola é ainda bem preservada, algo que encanta a diretora sul-coreana, pois ela relata que no sul isso não mais existe. No campo é mostrada uma residência que utiliza energia solar, e um sistema de gás metano feito de excrementos de animais e humanos. Eca! Mas é bem sustentável.
O filme mostra vários ambientes como escola (aulas de inglês bem didáticas, e com métodos bem tradicionais e incentivo total aos esportes, um sistema de educação que deveria servir de modelo pra nós, por exemplo). E uma fábrica têxtil. Nada anormal, uma jornada de trabalho das 8h às 18h (com extras que se prolongam às vezes até às 19h30 dependendo da demanda). Há ginástica laboral, bonificação por produção e outras questões que envolvem o trabalho. Nada diferente daqui, aliás, diria que é até melhor do que em muitos países por aí.
No que diz respeito às sanções impostas ao país, é relatado que os produtos norte-coreanos, no caso das roupas mostradas na fábrica, são exportadas para a China e da China vão para o Ocidente, porém sem o "Made in North Korea".
Assistir este belo documentário foi uma experiência bela e única. Sung-Hyung Cho mostra seus irmãos e irmãs norte-coreanos como humanos sem ódio e fanatismo. Embora haja um condicionamento social e político, os norte-coreanos são inteligentes e acolhedores. Além dessa questão do ódio que não vi, notei que eles são bem alegres, podem dizer que é alienação o que for, mas nenhum país capitalista parece ter isso tão escancarado. O documentário é simples, fiel e imparcial, em nenhum momento mostra estar em nenhum dos dois lados, apenas mostra a Coreia do Norte através de seu povo. Com sua história de derrotas, conquistas. E o novo desafio dos jovens x velhos, isso ainda pode mudar os rumos do país. E sabe o que foi mais lindo? Os desejos de reunificação, ninguém sabe quando isso ocorrerá e se ocorrerá. Porém, jovens, velhos, crianças, todos sonham de reencontrar e se unir novamente com seus irmãos do sul.
O Caminho para Istambul
3.5 2Filme atual e intrigante. Mas uma cena em especial é um tapa na cara de todos, principalmente dos ocidentais.
Na cena da delegacia em que o senhor que arrumou o coiote para o grupo de fundamentalistas entrarem na Síria, ele desabafa e diz algo similar: "Vocês vem aqui apenas por seus filhos. Nós sírios estamos morrendo!
A mais pura realidade do egoísmo nosso de cada dia!
O filme parece mostrar os refugiados apenas como um pano de fundo do enredo, mas a cena na qual descrevi foi a mais marcante em toda a trama.
Elle
3.8 886Que filme! Nenhuma atriz se encaixaria mais nesta trama do que Isabelle Huppert!
Michèle é complexa, controversa e nos surpreende.
Havia lido um artigo sobre o filme em que entrava a questão. "Ela sentia prazer ou ódio pelo agressor?" Em vários momentos do filme achei com muita indignação que ela sentia prazer a tudo que era submetida. Tive raiva, nojo e aversão a esta personagem, que inclusive mostra por sua frieza até estar envolvida num massacre. Porém, nos últimos minutos do filme tudo tem uma reviravolta. Não tenho dúvidas de que tudo fez parte de um plano de vingança de uma mulher massacrada por seu passado. Foi violentada pelo pai assassino. Volta a ter tona tudo anos depois. Mas desta vez a dor, o trauma a fazem forte pra jogar e driblar a situação, como num game!
Será que rola indicação ao Oscar? Quem sabe.
Mas merece!
O Ídolo
3.6 20Não morro de amores por filmes biográficos. Mas "O ídolo" me agradou muito. É totalmente diferente dos outros filmes anteriores de Hany Abu-Assad, quem já acompanha a carreira dele sabe o que digo. A sensibilidade aflorou, mesmo num filme tão comercial. A personagem de sua irmã me deixou apaixonada, lindinha demais. E foi bem legal ver algumas influências orientais mesmo nesta trama comercial, um pouco mais voltada para o cinema ocidental. Uma determinada cena no início do filme tem uma releitura palestina do clássico iraniano "Davandeh". E o final emocionante com cenas reais e emocionantes relembrou outro iraniano "Fora de jogo". Foi ótimo rever Nadine Labaki (minha diva preferida do cinema árabe).
Não conhecia nada da carreira de Mohammad Assaf, (só tinha ouvido falar sobre ele mesmo), mas graças a este filme, me interessei pela carreira deste talentoso rapaz. O filme em alguns instantes pode parecer piegas. Mas não galera. A emoção é verdadeira, as lágrimas são verdadeiras. Aos palestinos tudo isso foi tão emocionante quanto a um brasileiro ver a seleção triunfando. Diria que bem mais ainda, tendo em vista que nem todos aqui gostam de futebol e que já somos muitos reconhecidos. Os palestinos não. O sofrimento deste povo é bem maior ainda do que o mostrado no filme. Ver um palestino tendo voz, sendo aplaudido e representando seu povo, é como um grito de liberdade!
Que Hany Abu-Assad não deixe de fazer filmes sobre seu país e povo. Seu próximo filme é hollywoodiano. Mas enfim, que siga os passos de outros árabes como Nabil Ayouch, não abandone o belo cinema árabe.
O que mais dizer? Muito sucesso pra Mohammad Assaf, e lógico. Viva a Palestina!
O Apartamento
3.9 258 Assista AgoraSó uma dica pra quem viu O apartamento na Mostra Internacional de Cinema de SP. Vejam o também iraniano Maat. Maravilhoso e impecável!
O Apartamento
3.9 258 Assista AgoraMais um filme que comprova o quanto Asghar Farhadi merece ser reverenciado em seu país e fora dele. De quatro filmes que vi dele, achei "O apartamento", o mais diferente e original, mas não o melhor, "À procura de Elly" é ainda o meu preferido, tensão e envolvimento total. No entanto, amei o fato dele ter mudado alguns aspectos de filmes anteriores. O ambiente teatral, ousadia maior, e lógico, as atuações. Shahab Hosseini mostra que mereceu a premiação de melhor ator em Cannes. Atuação impecável que muda conforme a trama vai desenvolvendo a tensão. O filme possui alguns momentos de descontração, o que arrancou algumas gargalhadas na sala de cinema, algo que ainda não havia visto no cinema de Farhadi, porém alguns em momentos foi meio desnecessário.
O ponto alto do filme é a critica à "humilhação em público" motivada pela vingança. Parece que o objetivo maior de Farhadi foi criticar seus próprios compatriotas. Infelizmente, eventos de execução público lotam no país como se fossem eventos de entretenimento. E mesmo com a religiosidade forte no país, muitos acreditam e se apegam a prática da vingança.
Mas enfim, vejo o cinema iraniano caminhando por um caminho bem diferente do tradicional cinema de Kiarostami, Makhmalbafs, Majidi etc. Farhadi foi um divisor de águas nesta nova e interessante fase do cinema que mais me encanta e impressiona neste mundão. Mais uma vez, obrigada Farhadi, você é o cara!
A Passageira
3.7 19Perfeito! Mais uma surpresa linda do Peru!
Primeiramente, me interessei de ver o filme pela Magaly Solier. Amo essa mulher, a atriz da atualidade que mais me agrada como pessoa e profissional da atualidade. Em segundo, assisti porque adoro o pouco que conheço do cinema peruano. É um drama com pitada de ação, adrenalina e grande expectativa. E o mais legal. Tem identidade própria, nada de ficar se apegando e influenciando por películas estadunidenses.
Só lamento imensamente de ter perdido a estreia que teve a Magaly em pessoa na divulgação. Uma pena!
Do Amor e Outros Demônios
3.5 46Lindas locações da bela cidade de Cartagena de Índias. Belo, simples, romântico. Em nada me decepcionou. Foi interessante rever Margarita Rosa de Francisco, a eterna Gaivota. Mais uma grande surpresa colombiana, país que a cada dia me surpreende mais em todos os aspectos!
Poesia Sem Fim
4.3 89Vai ser exibido na 40ª Mostra Internacional de Cinema :D
7 Caixas
3.9 188 Assista AgoraBom filme, ótima surpresa do Paraguai e boa temática. Porém, o que estragou o filme foi a tal influência demasiada hollywoodiana, ficou forçado. Acho que o filme deveria ter soado mais latino mesmo. Mas mesmo assim, mais uma grande surpresa de um país do continente que faz os melhores filmes dos últimos tempos, excluindo os EUA, lógico, detesto os filmes estadunidenses atuais. Viva a América Latina o/
Pelo Malo
4.0 121 Assista AgoraPessoal que for de São Paulo. A Mariana Rondón estará no CCBB SP dia 07/10, junta com a diretora brasileira Tata Amaral num debate “O Posicionamento da mulher latino-americana no mercado audiovisual”. Vale super a pena comparecer, e será tudo na faixa. Eu estarei lá com certeza :D
Julieta
3.8 530 Assista AgoraFilme lindo, diferente de tudo que Almodóvar já fez. A nota está um pouco baixa porque acho que o público esperava outra coisa, mas a mim não decepcionou.
Não sou o tipo de pessoa que romantiza a maternidade e anseia por ela, se bem que o filme não romantizou nada disso, mas sim mostrou o quanto uma mãe sofre. Mas "Julieta" me tocou profundamente. Tocou tanto, que vai me fazer ler um livro de Alice Munro, no qual três contos inspiraram o filme.
Rainha do Deserto
2.9 43Putz! Quantos comentários negativos. Vou ver só por causa do Assaad Bouab mesmo!!!
Um Instante de Inocência
4.3 39Sem via de dúvidas, Mohsen Makhmalbaf é o diretor que mais expõe sensibilidade em seus filmes. Tão simples, mas grandioso!
O Botão de Pérola
4.5 17Perfeito!
A memória do mar, das águas, das geleiras, de um povo, e de um país!
A água é fonte de vida, riqueza, poder, mas é uma nebulosa de histórias e dores.
O paralelo traçado na história do índio que entregou seu destino nas mãos de colonizadores brancos, e a liberdade (vida) de vítimas da ditadura, todas simbolizadas por um botão.
"O botão de pérola", assim como "O abraço da serpente" ambas perfeitas obras latinas são um grito de socorro aos horrores da colonização e seus efeitos. Um mal que nos aflige até os dias atuais, mesmo séculos depois? Sim.
A cada dia tenho mais certeza que o maior mal deste mundo não são as guerras, até porque ela é a última arma de socorro pela sobrevivência . Mas sim o colonialismo. Ele dizimou milhares de nativos, ainda dizima, reflete nas memórias de um povo, e se mantém como um fantasma forte com corpo, cabeça e força!
Graças ao colonialismo veio o tal "progresso", e junto com ele a destruição dos maiores bens naturais deste mundo: a vida e a água, e já que a água é fonte de vida, "O botão de pérola" é bem mais que um documentário que explana a liberdade, mas almeja ao mesmo tempo a vida!
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraVale lembrar que ele está sendo exibido gratuitamente nos CEUs de São Paulo. Uma boa pra quem não tem grana pra pagar.
Irã: Uma Revolução Cinematográfica
3.8 3Faltou abordarem grandes diretores como: Samira Makhmalbaf e Majid Majidi, este último, na minha opinião, o melhor diretor persa de todos os tempos, além do melhor da atualidade em nível mundial. Mas me parece que Majidi não se envolve muito com questões políticas diretas, assim como Kiarostami fazia, o que não é interessante pra um documentário com produção ocidental. Bem, mais uma coisa é clara, o cinema persa pré-revolução era bem ruim, salvo poucas exceções. Muitos desses filmes ruins nem existem mais, ou contêm poucas cópias, mas pouco fazem falta. Eram cópias ruins de outros filmes ruins.