Está certo que a Thana matava somente homens, mas a vizinha também merecia morrer e deveria ser a primeira. Que mulher mais inconveniente, invasiva e folgada...
Dedo no cool e gritaria, colocaram um negócio na sangria! Deu a louca até no dj, todo mundo fez o que não devia; Com a dança extravasaram energia, beberam demais, vomitaram até na pia! Mas que diabos de festa foi essa, que por pouco não fizeram uma orgia? "Cadê meu pinto? Cadê meu pinto? Cadê meu pinto?" Eu assim perguntaria, cheio de euforia, se estivesse nessa festa estranha de gente esquisita! Olha que coisa mais doida essa bebida, parece até feitiçaria! Não sei você, mas nessa festa eu iria só pra dar umas boas risadas, pois com toda a certeza eu riria como ri agora, desse dedo no cool e gritaria.
Esse filme é um dos mais belos, precisos e verdadeiros retratos da Natureza em toda a sua sublimidade e exponencialidade que eu já vi em toda a minha vida.
"Sleep Has Her House" é um filme extremamente imersivo para quem quer que se proponha a assisti-lo com um olhar contemplativo. Como o próprio nome subliminarmente sugere, esse filme te induz a despertar da letargia profunda à qual somos condicionados pela disritmia da vida moderna, na qual vivemos no modo automático e deixamos todos os belos, sutis e importantes detalhes que constituem a existência passar diante de nossos olhos sem que sequer os percebamos... Nós dormimos na casa da Maior Anfitriã e perdemos o grande espetáculo que ela tem a nos oferecer.
Você obviamente deve, em algum momento da tua vida, ter olhado para o céu na tentativa de se aperceber do momento exato em que o dia vira noite e vice-versa. Entretanto, a transição das nuances claras para as escuras é tão sutil e fugaz que você não apenas não consegue perceber a mudança do dia para a noite como tem a ligeira sensação de que adormeceu; é assim que eu vejo a transição dos frames nesse filme, onde os fenômenos da Natureza, tais como os nossos estados de espírito, se sucedem e se interpolam uns aos outros.
Por fim, e não menos importante, eu gostaria de salientar que esse filme me parece dialogar de alguma forma com a trilogia Qatsi (Koyaanisqatsi, Powaqqatsi e Naqoyqatsi, respectivamente), senão antagônica ao menos complementarmente, de modo que os sons e/ou as vozes aqui são as vociferações ocultas aos olhos e desapercebidas aos demais sentidos.
Com suas alegorias e seus simbolismos, este filme fala despudoradamente sobre a morte tal como ela é, sobre como a natureza pode ser cruel, tendo o homem como consequência direta disso.
O homem aqui é representado como o ser mais primitivo da natureza. Em sua bestialidade, não possui alma, não possui espírito, não possui outra razão de ser que não seja a de transgredir todos os ditames morais. O bem e o mal são meras construções sociais sem significado algum; o homem não é mais do que parte de um grande organismo vivo que constantemente degenera e regenera a si mesmo e sua finalidade não é outra senão a mais completa satisfação de suas necessidades, por mais torpes que elas sejam. Como resultado disso, constantemente se vê diante do absurdo e se desespera.
Por falar em transgressão, cada personagem está transgredindo uma sensação humana diferente: enquanto uns estão transgredindo o poder e a satisfação de seus desejos, outros estão transgredindo a dor e o sofrimento; o mártir é destituído de toda a sua grandeza moral e lançado ao nada, enquanto que a subversão aqui representa a realização do homem em seu mais completo vazio.
Porém, aos meus olhos este filme se figurou num pretensiosismo absurdo. Em meio à todas as suas ideias que poderiam ser melhor ordenadas e, consequentemente, aproveitadas, há uma narrativa fraca que em diversos momentos do filme não levam a lugar algum senão às tentativas do diretor de impactar. E, bem... Quanto aos maus-tratos aos animais, creio que poderiam muito bem ser evitados sem que com isso o filme deixasse a desejar em seu resultado final. Há diferentes formas e muitas delas bem interessantes de um filme apresentar propostas como as que esse tem e sem que se recorra a este tipo de apelo estúpido.
Eis um filme que me cativou um profundo interesse pela mitologia germânica. Aqui, o mito de Ondina é contextualizado na modernidade de maneira muito bela, sensível e intensa, sendo marcante em diversos momentos; obviamente, o belíssimo Adagio de Bach torna tudo ainda mais inesquecível.
É exatamente o tipo de filme que gosto... Belo, verdadeiro e doloroso.
Poucas vezes na vida vi um filme que me causasse um arrepio na espinha tão intenso como Hagazussa.
O ponto forte aqui não é a narrativa, mas a mise-en-scène que sutilmente te conduz para o absurdo em que vive Albrun.
Com seu simbolismo, o filme dá bons indicativos do que se trata e suas associações poéticas são bem precisas.
É seguro dizer que tanto o isolamento como a monotonia de Albrun ganham ainda mais força expressiva pelo ritmo lento do enredo...
Não assista a este filme esperando por respostas rápidas mediante alguma interpretação lógica, porque você pode se decepcionar. É preciso, antes de tudo, se propor a senti-lo, uma vez que se trata de uma experiência mais sensorial.
Se atente aos símbolos: as criaturas "sobrenaturais" logo no primeiro ato, cuja aparição representa o que pode ser tido como um chamado; a maçã, que num contexto bíblico representa o conhecimento; a sugestão sexual, como na cena em que a personagem central ordenha a cabra; os chifres; o crânio; as cobras (Oroboro, dentre os muitos significados); a cena do bebê sendo afogado (sacrifício) e também a possível cena de canibalismo (consumação); as larvas, que claramente dão um caráter orgânico à terra; a vela acesa diante do crânio, o que a meu ver tem, por si só, uma conotação necromântica; o fogo logo no início da manhã... Estes detalhes todos trazem consigo um misticismo muito mais profundo e evidenciam o caminho e a transmutação de Albrun, sua iniciação na bruxaria. À parte do que foi dito, vale também notar que o estupro teve aqui um sentido ainda mais claro: a desumanização de Albrun, pelo ato vil e cruel que é.
Por se tratar de um tema bem manjado, eu não levei este filme a sério de início... Porém, alguns detalhes neste filme me surpreenderam bastante.
Não falo exatamente de como seu enredo foi executado, o que, aliás, acho que poderia ter sido melhor; falo de sua estética, que por sua vez contribuiu bastante para a sua força atmosférica que em certos pontos prendeu minha atenção de maneira quase hipnótica.
Sei que já é clichê falar da paleta de cores de um filme, mas o uso de cor neste aqui é, no mínimo, tão sofisticado que o torna uma referência para quem quer que estude Artes Visuais, em especial Fotografia.
Outro ponto a se ressaltar, é o tom de decadência que se segue por todo o enredo e eu adoro isso.
Alguns pontos são interessantes e até valem a reflexão, como por exemplo a ideia de uma dimensão coexistente à nossa realidade, que exerce em nós alguma força antinatural e sobre a qual não temos qualquer controle, mas de resto... É história pra boi dormir.
Tudo o que dizem ou dirão de ruim sobre este filme é verdade. E a não ser que a tua vida seja uma merda e você queira jogar quase duas horas do teu tempo no lixo, vá transar com um escapamento de um carro, mas não veja esta porcaria.
Olha, fazia tempo que eu não via um filme de suspense com uma premissa tão criativa como A Quiet Place.
Este é até agora o melhor filme que já vi deste ano.
A Quiet Place é do tipo de filme que não depende dos clichês idiotas e dos jumpscares previsíveis; sua tensão está exatamente no silêncio. E além disso, seus personagens são tão humanizados que é muito difícil não se empatizar com cada um deles.
O único porém é que o enredo não tem um ponto de partida e portanto você fica o filme inteiro se perguntando como diabos tudo começou. Isto não necessariamente é ruim, pois vejo as pontas soltas de um filme (dependendo do filme, lógico) como abertura para uma sequência a ser explorada.
Eu poderia facilmente dissertar sobre outros pontos que me encantaram nesse filme, como por exemplo a fotografia caralhuda e os planos fodidos, mas falo disso quase sempre, então foda-se.
E só mais uma coisa: QUE ILUMINAÇÃO DO CACETE! MEUA MIGO...
Enfim, só veja essa porra porque esse filme é do caralho, mano.
A estética desse filme é uma das mais bonitas que eu já vi num filme de Terror, principalmente se tratando de um filme Slasher.
Para mim é impossível falar sobre Terrifier sem começar por sua estética. Sinceramente, fiquei embasbacado com esse direcionamento de luz, com esses planos e enquadramentos tão bem feitos, com a boa composição em cada cena e com essa coloração primorosa que conta com um color grading predominante em vermelho e verde, que não só reforçam visualmente os tons de perigo e mistério da história, como intensificam ainda mais a atmosfera do filme.
Por outro lado, o que sua direção de arte tem de boa, as atuações, os personagens e o roteiro deste filme têm de ruins. A maioria dos personagens são fracos e as atuações são forçadas; o roteiro é tão previsível que algumas cenas chegam a ser risíveis. Uma pena.
Apesar disso, Art é um personagem promissor e que pode muito bem ser mais explorado em possíveis próximos filmes. Esse palhaço me passa uma leve impressão de ter sido inspirado no Marilyn Manson, pelo menos em sua teatralidade, e ele consegue facilmente ser bem mais assustador que o Pennywise.
Entendo que é um filme de baixo orçamento e portanto, não pôde contar com tantos recursos, como por exemplo um cast melhor e talvez roteiristas melhores, mas, se você estuda ou se atenta à fotografia num filme como eu, ver Terrifier não somente vale a pena como é algo necessário.
Para quem estuda fotografia, como eu, isto daqui é mais que necessário por ser uma aula de iluminação, composição, dinamismo de planos, etc. É obrigatório.
Só pela fotografia já merece umas três estrelas; isso sem contar os demais fatores que fazem deste filme um Western distinto.
Mute, como o próprio nome sugere, é um filme que me deixou sem palavras.
Eu não consigo explicar com precisão o efeito que esse filme provocou em mim, porque na maior parte do tempo fui instigado a ter uma certa esperança que ao final foi destroçada em mil pedaços. Você é imerso na agonia silenciosa do protagonista (Leo) e aos poucos reflete com grande raiva e repugnância sobre o quão vil o ser humano é.
Mas, muito mais que a história, o que me cativou nesse filme foi sua estética impecável. Sua direção de arte é um negócio absurdo. Muito uso de neon numa esquematização bastante inteligente de luzes e cores; cada fonte de luz e tonalidade de cor é minuciosamente direcionada seja para fazer recorte e contorno dos elementos em cena como para dinamizar planos e evidenciar as circunstâncias, as emoções e os conflitos internos de cada personagem, o que é muito bem realçado pelo color grading em teal & orange essencial ao caráter futurista da trama. E isso sem contar os belos movimentos de câmera e os planos que criam uma narrativa imersiva.
Mute é um Thriller que não aparenta ser Thriller, e isto, por mais que possa ser confuso ou que pudesse desvalorizar o filme, a meu ver só o torna ainda mais interessante.
Aliás, se Duncan Jones dissesse que se inspirou em seu pai, David Bowie, ao criar Mute, eu não ficaria nem um pouco surpreso. Há uma generosa influência do Starman nisso aqui, principalmente no que tange à estética e a temporalidade.
É raro eu assistir filmes de heróis porque não é bem um gênero que me agrada, mas este filme é daqueles poucos que surpreendem. Mesmo na versão original, Watchmen é tão bem produzido que, pelo menos a mim, prendeu a atenção do primeiro ao último minuto.
Mas nenhum outro detalhe neste filme me cativou tanto quanto a fotografia. A fotografia tal como a direção artística de Watchmen são impecáveis.
A única coisa que me desagradou neste filme, pelo menos em sua versão original, foi:
Hahaha, é engraçado como muita gente aqui simplesmente julga o filme como ruim por ele ser confuso e/ou complicado demais...
Concordo que seja complicado, mas é impossível ao menos não notar sua carga melancólica, com toda a desolação, pequenez, insignificância e impotência que causa. Ainda que eu não entendesse muito bem o filme poderia perfeitamente sentir isto e portanto não poderia dá-lo ao demérito. Aliás, isto por si só te induz a raciocinar sobre o filme, queira você ou não.
Por ser uma adaptação da obra "Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk", de Nikolai Leskov, creio que o filme poderia ter tido um outro desfecho. O terceiro ato foi um tanto quanto apressado demais, suprimindo uma parte importante do último ato do livro, que é a condenação de Katherine não somente aos trabalhos forçados, mas à humilhação e ao escárnio impostos por seu amado, por quem ela tanto lutou.
Pode ser que eu esteja equivocado ou que esta seja a intenção do diretor, mas essa omissão do desfecho trágico de Katherine abstraiu da personagem seu viés de mártir, o que poderia ter sido trabalhado sem comprometer o resultado final do filme.
Isto não o compromete inteiramente, mas penso que, não houvesse essa omissão, o final seria mais interessante, de fato.
Enfim... Atuações muito boas, fotografia, figurino e ambientação impecáveis, construção temporal muito bem feita, bom roteiro e direção de arte primorosa... Lady Macbeth é um ótimo filme.
Mas falando sério, o mal de muitos filmes, sobretudo de terror, é isto: o marketing exacerbado e extremamente oportunista que descontextualiza reações isoladas (os supostos desmaios) e despeja toneladas de sensacionalismo barato em cima, tomando-as como efeito natural desses filmes.
Assisti Grave (aka "Raw") esperando não por um gore, mas por uma proposta que me convencesse, o que não foi bem o caso — o que também não é de todo demérito, já que é uma questão de gosto.
Enfim, se houve quem desmaiou com um filme desse, que não tem nada de tão absurdo assim — até porque canibalismo é algo inédito na história humana, né —, ainda mais levando em conta o que já foi feito sobre este tema cinematograficamente, então só posso dizer que vivemos mais do que nunca numa geração de gente fresca.
Adoro a leveza com a qual certos filmes retratam a insustentabilidade dos momentos bons e fugazes...
É o caso deste, que por sua vez aborda um período despreocupado da juventude com tanta naturalidade que em seu decorrer é muito difícil não se sentir nostálgico, lembrando do que você mesmo viveu antes de adentrar nos mares profundos da fase adulta, com suas impetuosas correntezas de responsabilidades e decisões difíceis.
Trata-se de uma ode à irrevogabilidade, dos tenros instantes que não voltam mais. Dos instantes onde a felicidade aparentemente plena nos faz acreditar veementemente que nada poderia ser de outra forma e que os vínculos que criamos jamais poderiam ser desfeitos, até que a realidade nos arrebata num golpe e a vida segue então o seu curso, com cada um, mesmo aqueles que acreditamos ser essenciais tomando caminhos cada vez mais distantes, tornando-se apenas meros estranhos.
Envelhecemos, e todas essas coisas boas que vivemos se perdem em algum canto obscuro de nossas memórias, até que se tornem sonhos remotos.
Eis um ótimo Thriller sobre os filmes Snuff, com um enredo bem construído e uma atmosfera bem fundamentada que prende facilmente a atenção de qualquer um que se interesse pelo tema, focando-se mais na narrativa do que na violência explícita, o que certamente o destaca dentre tantos filmes que abordam a mesma temática.
Amenábar consegue fazer um bom uso dos elementos hitchcockianos, seguindo uma linear objetiva, porém cheia de reviravoltas interessantes, o que coloca em xeque qualquer previsibilidade que pudesse ter.
Sedução e Vingança
3.7 151 Assista AgoraEstá certo que a Thana matava somente homens, mas a vizinha também merecia morrer e deveria ser a primeira. Que mulher mais inconveniente, invasiva e folgada...
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraDedo no cool e gritaria,
colocaram um negócio na sangria!
Deu a louca até no dj,
todo mundo fez o que não devia;
Com a dança extravasaram energia,
beberam demais, vomitaram até na pia!
Mas que diabos de festa foi essa,
que por pouco não fizeram uma orgia?
"Cadê meu pinto? Cadê meu pinto? Cadê meu pinto?"
Eu assim perguntaria, cheio de euforia,
se estivesse nessa festa estranha de gente esquisita!
Olha que coisa mais doida essa bebida, parece até feitiçaria!
Não sei você, mas nessa festa eu iria
só pra dar umas boas risadas,
pois com toda a certeza eu riria
como ri agora, desse dedo no cool e gritaria.
O Caçador
4.1 313Com este filme aprendemos que: policiais incompetentes podem ser tão letais quanto um psicopata.
Sleep Has Her House
3.5 12Esse filme é um dos mais belos, precisos e verdadeiros retratos da Natureza em toda a sua sublimidade e exponencialidade que eu já vi em toda a minha vida.
"Sleep Has Her House" é um filme extremamente imersivo para quem quer que se proponha a assisti-lo com um olhar contemplativo. Como o próprio nome subliminarmente sugere, esse filme te induz a despertar da letargia profunda à qual somos condicionados pela disritmia da vida moderna, na qual vivemos no modo automático e deixamos todos os belos, sutis e importantes detalhes que constituem a existência passar diante de nossos olhos sem que sequer os percebamos... Nós dormimos na casa da Maior Anfitriã e perdemos o grande espetáculo que ela tem a nos oferecer.
Você obviamente deve, em algum momento da tua vida, ter olhado para o céu na tentativa de se aperceber do momento exato em que o dia vira noite e vice-versa. Entretanto, a transição das nuances claras para as escuras é tão sutil e fugaz que você não apenas não consegue perceber a mudança do dia para a noite como tem a ligeira sensação de que adormeceu; é assim que eu vejo a transição dos frames nesse filme, onde os fenômenos da Natureza, tais como os nossos estados de espírito, se sucedem e se interpolam uns aos outros.
Por fim, e não menos importante, eu gostaria de salientar que esse filme me parece dialogar de alguma forma com a trilogia Qatsi (Koyaanisqatsi, Powaqqatsi e Naqoyqatsi, respectivamente), senão antagônica ao menos complementarmente, de modo que os sons e/ou as vozes aqui são as vociferações ocultas aos olhos e desapercebidas aos demais sentidos.
The Angel’s Melancholia
2.0 64Com suas alegorias e seus simbolismos, este filme fala despudoradamente sobre a morte tal como ela é, sobre como a natureza pode ser cruel, tendo o homem como consequência direta disso.
O homem aqui é representado como o ser mais primitivo da natureza. Em sua bestialidade, não possui alma, não possui espírito, não possui outra razão de ser que não seja a de transgredir todos os ditames morais. O bem e o mal são meras construções sociais sem significado algum; o homem não é mais do que parte de um grande organismo vivo que constantemente degenera e regenera a si mesmo e sua finalidade não é outra senão a mais completa satisfação de suas necessidades, por mais torpes que elas sejam. Como resultado disso, constantemente se vê diante do absurdo e se desespera.
Por falar em transgressão, cada personagem está transgredindo uma sensação humana diferente: enquanto uns estão transgredindo o poder e a satisfação de seus desejos, outros estão transgredindo a dor e o sofrimento; o mártir é destituído de toda a sua grandeza moral e lançado ao nada, enquanto que a subversão aqui representa a realização do homem em seu mais completo vazio.
Porém, aos meus olhos este filme se figurou num pretensiosismo absurdo. Em meio à todas as suas ideias que poderiam ser melhor ordenadas e, consequentemente, aproveitadas, há uma narrativa fraca que em diversos momentos do filme não levam a lugar algum senão às tentativas do diretor de impactar. E, bem... Quanto aos maus-tratos aos animais, creio que poderiam muito bem ser evitados sem que com isso o filme deixasse a desejar em seu resultado final. Há diferentes formas e muitas delas bem interessantes de um filme apresentar propostas como as que esse tem e sem que se recorra a este tipo de apelo estúpido.
Undine
3.6 25Eis um filme que me cativou um profundo interesse pela mitologia germânica. Aqui, o mito de Ondina é contextualizado na modernidade de maneira muito bela, sensível e intensa, sendo marcante em diversos momentos; obviamente, o belíssimo Adagio de Bach torna tudo ainda mais inesquecível.
É exatamente o tipo de filme que gosto... Belo, verdadeiro e doloroso.
A Maldição da Bruxa
3.2 172 Assista AgoraPoucas vezes na vida vi um filme que me causasse um arrepio na espinha tão intenso como Hagazussa.
O ponto forte aqui não é a narrativa, mas a mise-en-scène que sutilmente te conduz para o absurdo em que vive Albrun.
Com seu simbolismo, o filme dá bons indicativos do que se trata e suas associações poéticas são bem precisas.
É seguro dizer que tanto o isolamento como a monotonia de Albrun ganham ainda mais força expressiva pelo ritmo lento do enredo...
Não assista a este filme esperando por respostas rápidas mediante alguma interpretação lógica, porque você pode se decepcionar. É preciso, antes de tudo, se propor a senti-lo, uma vez que se trata de uma experiência mais sensorial.
Um possível caminho para compreendê-lo é:
Se atente aos símbolos: as criaturas "sobrenaturais" logo no primeiro ato, cuja aparição representa o que pode ser tido como um chamado; a maçã, que num contexto bíblico representa o conhecimento; a sugestão sexual, como na cena em que a personagem central ordenha a cabra; os chifres; o crânio; as cobras (Oroboro, dentre os muitos significados); a cena do bebê sendo afogado (sacrifício) e também a possível cena de canibalismo (consumação); as larvas, que claramente dão um caráter orgânico à terra; a vela acesa diante do crânio, o que a meu ver tem, por si só, uma conotação necromântica; o fogo logo no início da manhã... Estes detalhes todos trazem consigo um misticismo muito mais profundo e evidenciam o caminho e a transmutação de Albrun, sua iniciação na bruxaria. À parte do que foi dito, vale também notar que o estupro teve aqui um sentido ainda mais claro: a desumanização de Albrun, pelo ato vil e cruel que é.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraSe eu pudesse definir ou sintetizar o filme Coringa em uma única palavra, seria: Zeitgeist.
Com sorte, se daqui a 30, 40 anos eu ainda estiver vivo, verei gente invejando aqueles que, como eu, puderam assisti-lo no cinema.
Esse filme é uma obra de arte.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraFilmes de ação não são o meu forte. Na verdade, gosto de bem poucos filmes neste gênero.
Mas, caralho... O que é este filme?
Não há uma cena neste filme que eu possa dizer que é mediana ou ruim. Todas são muito boas, tanto pelo enredo como pela estética.
Francamente, esse certamente é um dos filmes de ação com melhor fotografia e direção artística que já vi.
E eu nem vou falar nada do Keanu Reeves sua atuação é tão monstruosa que dispensa comentários.
Ouija: Origem do Mal
2.8 476 Assista AgoraPor se tratar de um tema bem manjado, eu não levei este filme a sério de início... Porém, alguns detalhes neste filme me surpreenderam bastante.
Não falo exatamente de como seu enredo foi executado, o que, aliás, acho que poderia ter sido melhor; falo de sua estética, que por sua vez contribuiu bastante para a sua força atmosférica que em certos pontos prendeu minha atenção de maneira quase hipnótica.
Sei que já é clichê falar da paleta de cores de um filme, mas o uso de cor neste aqui é, no mínimo, tão sofisticado que o torna uma referência para quem quer que estude Artes Visuais, em especial Fotografia.
Outro ponto a se ressaltar, é o tom de decadência que se segue por todo o enredo e eu adoro isso.
O Diabo e o Padre Amorth
2.4 104 Assista AgoraAlguns pontos são interessantes e até valem a reflexão, como por exemplo a ideia de uma dimensão coexistente à nossa realidade, que exerce em nós alguma força antinatural e sobre a qual não temos qualquer controle, mas de resto... É história pra boi dormir.
Tilt
1.8 4Tudo o que dizem ou dirão de ruim sobre este filme é verdade. E a não ser que a tua vida seja uma merda e você queira jogar quase duas horas do teu tempo no lixo, vá transar com um escapamento de um carro, mas não veja esta porcaria.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraOlha, fazia tempo que eu não via um filme de suspense com uma premissa tão criativa como A Quiet Place.
Este é até agora o melhor filme que já vi deste ano.
A Quiet Place é do tipo de filme que não depende dos clichês idiotas e dos jumpscares previsíveis; sua tensão está exatamente no silêncio. E além disso, seus personagens são tão humanizados que é muito difícil não se empatizar com cada um deles.
O único porém é que o enredo não tem um ponto de partida e portanto você fica o filme inteiro se perguntando como diabos tudo começou. Isto não necessariamente é ruim, pois vejo as pontas soltas de um filme (dependendo do filme, lógico) como abertura para uma sequência a ser explorada.
Eu poderia facilmente dissertar sobre outros pontos que me encantaram nesse filme, como por exemplo a fotografia caralhuda e os planos fodidos, mas falo disso quase sempre, então foda-se.
E só mais uma coisa: QUE ILUMINAÇÃO DO CACETE! MEUA MIGO...
Enfim, só veja essa porra porque esse filme é do caralho, mano.
Aterrorizante
2.9 456 Assista AgoraA estética desse filme é uma das mais bonitas que eu já vi num filme de Terror, principalmente se tratando de um filme Slasher.
Para mim é impossível falar sobre Terrifier sem começar por sua estética. Sinceramente, fiquei embasbacado com esse direcionamento de luz, com esses planos e enquadramentos tão bem feitos, com a boa composição em cada cena e com essa coloração primorosa que conta com um color grading predominante em vermelho e verde, que não só reforçam visualmente os tons de perigo e mistério da história, como intensificam ainda mais a atmosfera do filme.
Por outro lado, o que sua direção de arte tem de boa, as atuações, os personagens e o roteiro deste filme têm de ruins. A maioria dos personagens são fracos e as atuações são forçadas; o roteiro é tão previsível que algumas cenas chegam a ser risíveis. Uma pena.
Apesar disso, Art é um personagem promissor e que pode muito bem ser mais explorado em possíveis próximos filmes. Esse palhaço me passa uma leve impressão de ter sido inspirado no Marilyn Manson, pelo menos em sua teatralidade, e ele consegue facilmente ser bem mais assustador que o Pennywise.
Entendo que é um filme de baixo orçamento e portanto, não pôde contar com tantos recursos, como por exemplo um cast melhor e talvez roteiristas melhores, mas, se você estuda ou se atenta à fotografia num filme como eu, ver Terrifier não somente vale a pena como é algo necessário.
O Vale Sombrio
3.6 52Para quem estuda fotografia, como eu, isto daqui é mais que necessário por ser uma aula de iluminação, composição, dinamismo de planos, etc. É obrigatório.
Só pela fotografia já merece umas três estrelas; isso sem contar os demais fatores que fazem deste filme um Western distinto.
Mudo
2.6 240 Assista AgoraMute, como o próprio nome sugere, é um filme que me deixou sem palavras.
Eu não consigo explicar com precisão o efeito que esse filme provocou em mim, porque na maior parte do tempo fui instigado a ter uma certa esperança que ao final foi destroçada em mil pedaços. Você é imerso na agonia silenciosa do protagonista (Leo) e aos poucos reflete com grande raiva e repugnância sobre o quão vil o ser humano é.
Mas, muito mais que a história, o que me cativou nesse filme foi sua estética impecável. Sua direção de arte é um negócio absurdo. Muito uso de neon numa esquematização bastante inteligente de luzes e cores; cada fonte de luz e tonalidade de cor é minuciosamente direcionada seja para fazer recorte e contorno dos elementos em cena como para dinamizar planos e evidenciar as circunstâncias, as emoções e os conflitos internos de cada personagem, o que é muito bem realçado pelo color grading em teal & orange essencial ao caráter futurista da trama. E isso sem contar os belos movimentos de câmera e os planos que criam uma narrativa imersiva.
Mute é um Thriller que não aparenta ser Thriller, e isto, por mais que possa ser confuso ou que pudesse desvalorizar o filme, a meu ver só o torna ainda mais interessante.
Aliás, se Duncan Jones dissesse que se inspirou em seu pai, David Bowie, ao criar Mute, eu não ficaria nem um pouco surpreso. Há uma generosa influência do Starman nisso aqui, principalmente no que tange à estética e a temporalidade.
Watchmen: O Filme
4.0 2,8K Assista AgoraÉ raro eu assistir filmes de heróis porque não é bem um gênero que me agrada, mas este filme é daqueles poucos que surpreendem. Mesmo na versão original, Watchmen é tão bem produzido que, pelo menos a mim, prendeu a atenção do primeiro ao último minuto.
Mas nenhum outro detalhe neste filme me cativou tanto quanto a fotografia. A fotografia tal como a direção artística de Watchmen são impecáveis.
A única coisa que me desagradou neste filme, pelo menos em sua versão original, foi:
Me recuso a aceitar uma morte tão estúpida como essa do melhor personagem da porra toda, Rorschach, para o Blue Man, dos comerciais da Tim.
Never Here
2.6 51h e 50 minutos da minha vida jogados no lixo.
Sinédoque, Nova York
4.0 477Hahaha, é engraçado como muita gente aqui simplesmente julga o filme como ruim por ele ser confuso e/ou complicado demais...
Concordo que seja complicado, mas é impossível ao menos não notar sua carga melancólica, com toda a desolação, pequenez, insignificância e impotência que causa. Ainda que eu não entendesse muito bem o filme poderia perfeitamente sentir isto e portanto não poderia dá-lo ao demérito. Aliás, isto por si só te induz a raciocinar sobre o filme, queira você ou não.
Lady Macbeth
3.5 158Por ser uma adaptação da obra "Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk", de Nikolai Leskov, creio que o filme poderia ter tido um outro desfecho. O terceiro ato foi um tanto quanto apressado demais, suprimindo uma parte importante do último ato do livro, que é a condenação de Katherine não somente aos trabalhos forçados, mas à humilhação e ao escárnio impostos por seu amado, por quem ela tanto lutou.
Pode ser que eu esteja equivocado ou que esta seja a intenção do diretor, mas essa omissão do desfecho trágico de Katherine abstraiu da personagem seu viés de mártir, o que poderia ter sido trabalhado sem comprometer o resultado final do filme.
Isto não o compromete inteiramente, mas penso que, não houvesse essa omissão, o final seria mais interessante, de fato.
Enfim... Atuações muito boas, fotografia, figurino e ambientação impecáveis, construção temporal muito bem feita, bom roteiro e direção de arte primorosa... Lady Macbeth é um ótimo filme.
Grave
3.4 1,1KMas falando sério, o mal de muitos filmes, sobretudo de terror, é isto: o marketing exacerbado e extremamente oportunista que descontextualiza reações isoladas (os supostos desmaios) e despeja toneladas de sensacionalismo barato em cima, tomando-as como efeito natural desses filmes.
Assisti Grave (aka "Raw") esperando não por um gore, mas por uma proposta que me convencesse, o que não foi bem o caso — o que também não é de todo demérito, já que é uma questão de gosto.
Enfim, se houve quem desmaiou com um filme desse, que não tem nada de tão absurdo assim — até porque canibalismo é algo inédito na história humana, né —, ainda mais levando em conta o que já foi feito sobre este tema cinematograficamente, então só posso dizer que vivemos mais do que nunca numa geração de gente fresca.
Grave
3.4 1,1KMoral da história de Grave/Raw:
Eu moido :3
E Sua Mãe Também
4.0 519Adoro a leveza com a qual certos filmes retratam a insustentabilidade dos momentos bons e fugazes...
É o caso deste, que por sua vez aborda um período despreocupado da juventude com tanta naturalidade que em seu decorrer é muito difícil não se sentir nostálgico, lembrando do que você mesmo viveu antes de adentrar nos mares profundos da fase adulta, com suas impetuosas correntezas de responsabilidades e decisões difíceis.
Trata-se de uma ode à irrevogabilidade, dos tenros instantes que não voltam mais. Dos instantes onde a felicidade aparentemente plena nos faz acreditar veementemente que nada poderia ser de outra forma e que os vínculos que criamos jamais poderiam ser desfeitos, até que a realidade nos arrebata num golpe e a vida segue então o seu curso, com cada um, mesmo aqueles que acreditamos ser essenciais tomando caminhos cada vez mais distantes, tornando-se apenas meros estranhos.
Envelhecemos, e todas essas coisas boas que vivemos se perdem em algum canto obscuro de nossas memórias, até que se tornem sonhos remotos.
Morte ao Vivo
3.8 209 Assista AgoraEis um ótimo Thriller sobre os filmes Snuff, com um enredo bem construído e uma atmosfera bem fundamentada que prende facilmente a atenção de qualquer um que se interesse pelo tema, focando-se mais na narrativa do que na violência explícita, o que certamente o destaca dentre tantos filmes que abordam a mesma temática.
Amenábar consegue fazer um bom uso dos elementos hitchcockianos, seguindo uma linear objetiva, porém cheia de reviravoltas interessantes, o que coloca em xeque qualquer previsibilidade que pudesse ter.