"um avc em câmera lenta", parafraseando João Carvalho. Assisti apenas meia hora e nunca fiquei tão feliz por ter pirateado um filme ao invés de ir ao cinema
diante de La Llorona é difícil não se sentir sob uma espécie de "efeito Spotlight" (sim, aquele ganhador do Oscar 2016 que ninguém lembra), no sentido de que a realidade denunciada no filme seja tão acachapante que eleva o filme para além daquilo pelo qual julgamos os filmes: roteiro, atuação, trilha, etc. De certa forma, essa realidade em La Llorona "ofusca" o filme, ao ponto de que fica-se mais impressionado pela metáfora do que pela execução da mesma. Talvez La LLorona não seja um trabalho tão fantástico como essa primeira assistida me faz sentir, mas, no momento, não consigo pensar em outa nota pra este trabalho. Todas as opiniões são provisórias.
alguém que cresceu nos 2000's precisa de pouca coisa pra ser feliz: tai-chi, basicamente. Shang-Chi trouxe aquela sensação dos "filmes de kung fu" que tanto fizeram parte da minha infância, seja trazendo a ação-comédia de Jackie Chan e suas cenas de luta em lugares improváveis, ou a solenidade e contemplação de filmes como "Herói" e "O Clã das Adagas Voadoras". E ainda tem a Awkwafina, que consegue brilhar, apesar do texto.
Eternals me deixou com sentimentos confusos. Não consigo ver muita distinção entre esse e os outros filmes de origem/grupo preguiçosos da Marvel. Dá até pra fazer um bingo: piadocas ruins (confere), atuações sem sal (confere), visual brega (confere), e por aí vai... Mas esse me pegou e me vi querendo mais. Mais do lance "família superpoderosa disfuncional" que poderia ser o tema do filme, mas é ofuscado por essa urgência de salvar o planeta (ah, confere essa no bingo tbm). Gosto do "superman" inseguro e que não consegue se afirmar como líder, do dilema existencial que atinge cada um deles, entre tantas outras camadas que poderiam ter sido melhor trabalhadas, pois são personagens fascinantes individualmente, mas que não fizeram funcionar em conjunto nesse roteiro. Sendo assim, o que o filme tem de melhor são as sequências de ação. São boas, de verdade.
Finalmente, acho que às vezes a gente só quer porradaria bem filmada mesmo. É como dizem por aí, é sobre isso e tá tudo bem.
Numa década em que se fala em “pós-terror” e rompimento com clichês do gênero, Midsommar é um dos melhores filmes dessa leva de terror que se propõe a ir além dos “medos do homem branco cristão”, e não é simplesmente por se passar à luz do dia e não recorrer a sustos baratos. Midsommar constrói sua tensão baseada nos desdobramentos do choque entre sociedade moderna e sociedade tradicional, sendo seus personagens principais representantes de como a modernidade enxerga a tradição, ora com interesse curioso e egoísta, ora com puro desdém (literalmente mijando na tradição), ora horrorizada pelo não “civilizado”. Em oposição está a sociedade tradicional, muito mais homogeneizada – o exemplo máximo disso é a prática recorrente de endocruzamento -, que só se relaciona com o que é familiar (algo também expresso pela placa contra imigrantes), pois não é a toa que os únicos membros restantes do grupo de visitantes foram aqueles que poderiam facilmente se passar por suecos, principalmente a Dani. Essa homogeneidade também é perceptível nos rituais que se dão basicamente pela imitação – quando Dani, coroada como rainha de junho está gritando de desespero, todas as suas companheiras gritam praticamente no mesmo timbre. Midsommar é o conceito de uncanny valley em forma de filme; os enquadramentos, as expressões do povo de Hårga, o sol que não se põe, tudo é feito pra te deixar incomodado do início ao fim num crescendo de estranheza que tem poucos picos, mas ainda assim é um crescendo. Não, Midsommar não é chato; não me lembro de ficar tão tenso com um filme desde Dente Canino, de Yorgos Lanthimos.
Um documentário que não tem vergonha de ser parcial, afinal não tem nada de errado em defender uma ideologia e assumir uma posição. Covardia é certos movimentos tentarem ocultar sua carga ideológica vendendo uma imagem "apolítica" e imparcial. O tema é democracia e não se pode negar o passado autoritário que está nas raízes da formação do Brasil e sempre perseguiu o presente, seja pela maneira que os políticos eleitos lidam com a coisa pública ou até pela postura dos eleitores que aceitam essa política de cima pra baixo que opera em qualquer governo, seja ele de esquerda ou de direita. No mais, tem até a autocrítica que, de maneira hipócrita, tanto é cobrada pelo outro lado do espectro político.
Me lembrou um pouco Carne/Sozinho contra todos, dada as devidas proporções. Além de ser um estudo de personagem, nos coloca na mente de uma pessoa deplorável que, por mais horrível que seja admitir, é em algum nível identificável. E é daí que vem o choque, do familiar, da sombra. E que representação melhor disso do que a merda?
Descobri esse documentário por causa de um sample de Teoria do Ciclo da Água, do Froid, e acabei assistindo a um dos melhores documentários que já vi. Um pouco arrastado, mas acho que qualquer um poderia ouvir Estamira falar por horas de tão fascinante que é essa figura cujo discurso caótico e esotérico parte de um sentimento genuíno de revolta, um sentimento muito familiar pra quem vive numa sociedade contraditória. Estamira sofreu o pior que nossa sociedade pode oferecer, "perdeu a fé", nas palavras da filha. E não tem como julgá-la, apenas questionar junto com ela: "Que Deus é esse?".
Engraçado como esses títulos brasileiros nos impedem de chegar ao filme sem uma expectativa prévia, um preconceito. Acredito que muitos também achavam que o motivo desse filme ser tão cultuado seria uma relação homoafetiva mais explícita entre as personagens - "quando duas mulheres pecam" -, visto que é um filme de 66. Mas não, você pode interpretar que há essa relação, assim como pode fazer outras leituras do filme. Porém, não acho o subtítulo de todo ruim. Ao final do filme, percebemos que o "pecado" de Alma é querer tirar algum prazer do sexo, é não corresponder a esse dever supostamente natural que é a maternidade e o casamento monogâmico. É ter uma visão bem mais niilista da vida, ainda que insista que essa possui um sentido, um propósito. O pecado de Alma é Elizabet.
De primeira, pode parecer meio óbvio como a edição martela que a Alma e a Elizabet são indivíduo e sombra (não que o filme seja de todo óbvio, longe disso, acho até que essa seja só a camada mais superficial dele), mas imagino como deve ter sido ver esse filme em 66, já que eu que vi ontem tô surtando. Filmaço!
Eu sempre fico com um pé atrás com filmes datados. Acostumado com a linguagem cinematográfica atual, me incomodo muito com as limitações da época que, geralmente, me tiram da narrativa e me impedem de apreciar completamente os clássicos. O caso não é diferente com Deus e o Diabo na Terra do Sol, que me causou um estranhamento que me fez sentir como se estivesse vendo teatro e não cinema. Pra mim foi inevitável pensar em Festen, do Vintenberg, que mesmo com as limitações autoimpostas pelo diretor e pelo Dogma 95, consegue entregar uma experiência bem melhor executada ao meu ver. Comparação absurda, eu sei, uma vez que as limitações no Dogma 95 são propositais e o Cinema Novo é um contexto completamente diferente, porém foi o que senti ao ver o longa.
Ver Deus e o Diabo na Terra do Sol foi uma experiência difícil e fora da minha zona de conforto, mas que valeu a pena pois é um daqueles filmes que só crescem a medida que se pensa mais nele.
Algo que peguei no filme e não vi ninguém comentando foi sobre como a ambiguidade tênue entre vários elementos como Deus e Diabo está, também, no significado do nome de Manuel, que significa "Deus conosco", sendo que Manuel abandona seu nome ao entrar no cangaço e ser batizado como "Satanás".
“O presidente, em particular, é simplesmente uma figura pública: não detém nenhum poder. Ele é aparentemente escolhido pelo governo, mas as qualidades que ele deve exibir nada têm a ver com liderança. Ele deve é possuir um sutil talento para provocar indignação. Por esse motivo, o presidente é sempre uma figura polêmica, sempre uma personalidade irritante, porém fascinante ao mesmo tempo. Não cabe a ele exercer o poder, e sim desviar a atenção do poder.” – O Guia do Mochileiro das Galáxias, Douglas Adamas
Um dos momentos que mais me tocou durante o longa foi quando Amador, o dono do bar frequentado por João Francisco, o oferece o emprego de "segurança" dizendo que João manteria baderneiros afastados, já que é bom de briga. João recusa a proposta, mesmo recém saído da cadeia e precisando de dinheiro. Para mim, João sente que tem muito mais a oferecer com sua arte, embora todos ao seu redor esperam (e às vezes o obrigam) que ele seja violento. João ameaça, xinga, bate, esfaqueia e até atira em determinado momento, mas em todas a vezes que isso acontece, Lázaro Ramos entrega um personagem complexo que não tira prazer em nenhuma dessas coisas. Contrariar essas expectativas em torno do homem preto foi a mensagem que chegou pra mim com mais força.
Coincidentemente, o rapper Baco Exu do Blues ao ser entrevistado por Lázaro Ramos desabafou sobre essas expectativas e sobre a rejeição do público a sua tentativa de mostrar seu lado sensível e romântico. Segundo o rapper, os fãs pedem que ele volte a ser agressivo quando agressividade foi a única expectativa que nutriram a respeito dele a vida toda.
Por fim, trabalhar esse dilema da masculinidade do homem preto com certeza não é tudo que o filme tem a dizer, sendo bem mais que boas atuações. Um dos melhores filmes nacionais que já vi.
A despeito de todas as polêmicas que envolvem Green Book, o filme entrega uma experiência "ok" que quase te convence de que o filme é melhor do que ele realmente é, mas vai ficando cada vez pior a medida que você termina de assistir e passa a pensar sobre o filme. A escolha de contar a história pela visão do racista parece interessante, porém, o tom que o filme adota soa inadequado e a própria jornada do Lip é nada orgânica, com sua mudança de comportamento ocorrendo aparentemente porque o roteirista quis.
Esse problema é evidenciado na cena em que Tony joga no lixo dois copos porque eles foram usados por 2 pretos que estiveram em sua casa - uma atitude expressiva de racismo que é bem contraditória quando posta em contraste com a conduta do Tony no carro; um homem que, apesar de si mesmo e da época em que vive, está disposto a abrir diálogo e tentar compreender o outro. O mesmo pode ser dito do grupo de italianos que compreende a família e os amigos de Tony que aceitam a companhia do Dr. Shirley na ceia numa cena piegas que parece apelar para a "magia do natal".
A melhor coisa no filme é, sem dúvida, as atuações da dupla Ali/Mortensen que fazem jus às indicações e, no caso do Mahershala, a um Oscar de melhor ator coadjuvante merecido. Entretanto, não se pode dizer o mesmo do Oscar de melhor filme que Green Book levou.
Muito se discute se deveríamos esperar mais dos filmes de super herói além do entretenimento e, de fato, esse filme não se propõe a ir muito longe disso, sendo bem divertido. Porém, é difícil perdoar um CG tão ruim (problema constante nos últimos filmes da DC), um design nada inspirado e até tosco, digno de Power Rangers, e um romance água com açúcar q não convence nem um pouco. Novos acertos, velhos erros. Tá realmente difícil continuar investindo tempo nesse universo...
Venom: Tempo de Carnificina
2.7 636 Assista Agora"um avc em câmera lenta", parafraseando João Carvalho. Assisti apenas meia hora e nunca fiquei tão feliz por ter pirateado um filme ao invés de ir ao cinema
Meu Pai
4.4 1,2K Assista Agora"I feel as if I'm losing all my leaves"
assisti pela segunda vez e bate do mesmo jeito
A Chorona
3.4 90 Assista Agoradiante de La Llorona é difícil não se sentir sob uma espécie de "efeito Spotlight" (sim, aquele ganhador do Oscar 2016 que ninguém lembra), no sentido de que a realidade denunciada no filme seja tão acachapante que eleva o filme para além daquilo pelo qual julgamos os filmes: roteiro, atuação, trilha, etc. De certa forma, essa realidade em La Llorona "ofusca" o filme, ao ponto de que fica-se mais impressionado pela metáfora do que pela execução da mesma. Talvez La LLorona não seja um trabalho tão fantástico como essa primeira assistida me faz sentir, mas, no momento, não consigo pensar em outa nota pra este trabalho. Todas as opiniões são provisórias.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
3.8 895 Assista Agoraalguém que cresceu nos 2000's precisa de pouca coisa pra ser feliz: tai-chi, basicamente. Shang-Chi trouxe aquela sensação dos "filmes de kung fu" que tanto fizeram parte da minha infância, seja trazendo a ação-comédia de Jackie Chan e suas cenas de luta em lugares improváveis, ou a solenidade e contemplação de filmes como "Herói" e "O Clã das Adagas Voadoras". E ainda tem a Awkwafina, que consegue brilhar, apesar do texto.
Não falemos mal da Marvel hoje.
Você Nunca Esteve Realmente Aqui
3.6 521 Assista Agorasó melhora a cada revisita
Eternos
3.4 1,1K Assista AgoraEternals me deixou com sentimentos confusos. Não consigo ver muita distinção entre esse e os outros filmes de origem/grupo preguiçosos da Marvel. Dá até pra fazer um bingo: piadocas ruins (confere), atuações sem sal (confere), visual brega (confere), e por aí vai... Mas esse me pegou e me vi querendo mais. Mais do lance "família superpoderosa disfuncional" que poderia ser o tema do filme, mas é ofuscado por essa urgência de salvar o planeta (ah, confere essa no bingo tbm). Gosto do "superman" inseguro e que não consegue se afirmar como líder, do dilema existencial que atinge cada um deles, entre tantas outras camadas que poderiam ter sido melhor trabalhadas, pois são personagens fascinantes individualmente, mas que não fizeram funcionar em conjunto nesse roteiro. Sendo assim, o que o filme tem de melhor são as sequências de ação. São boas, de verdade.
Finalmente, acho que às vezes a gente só quer porradaria bem filmada mesmo. É como dizem por aí, é sobre isso e tá tudo bem.
Titane
3.5 390 Assista Agorate amo, getro
O Que Fazemos nas Sombras
4.0 663 Assista Agoraesse filme fica ainda melhor depois que você assiste a Nosferatu
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraNuma década em que se fala em “pós-terror” e rompimento com clichês do gênero, Midsommar é um dos melhores filmes dessa leva de terror que se propõe a ir além dos “medos do homem branco cristão”, e não é simplesmente por se passar à luz do dia e não recorrer a sustos baratos. Midsommar constrói sua tensão baseada nos desdobramentos do choque entre sociedade moderna e sociedade tradicional, sendo seus personagens principais representantes de como a modernidade enxerga a tradição, ora com interesse curioso e egoísta, ora com puro desdém (literalmente mijando na tradição), ora horrorizada pelo não “civilizado”. Em oposição está a sociedade tradicional, muito mais homogeneizada – o exemplo máximo disso é a prática recorrente de endocruzamento -, que só se relaciona com o que é familiar (algo também expresso pela placa contra imigrantes), pois não é a toa que os únicos membros restantes do grupo de visitantes foram aqueles que poderiam facilmente se passar por suecos, principalmente a Dani. Essa homogeneidade também é perceptível nos rituais que se dão basicamente pela imitação – quando Dani, coroada como rainha de junho está gritando de desespero, todas as suas companheiras gritam praticamente no mesmo timbre. Midsommar é o conceito de uncanny valley em forma de filme; os enquadramentos, as expressões do povo de Hårga, o sol que não se põe, tudo é feito pra te deixar incomodado do início ao fim num crescendo de estranheza que tem poucos picos, mas ainda assim é um crescendo. Não, Midsommar não é chato; não me lembro de ficar tão tenso com um filme desde Dente Canino, de Yorgos Lanthimos.
Brightburn: Filho das Trevas
2.7 607 Assista Agorajames gunn deve ter perdido alguma aposta pra produzir isso, não é possível
A Garota que Conquistou o Tempo
4.1 320esse filme é precioso demais <3
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KUm documentário que não tem vergonha de ser parcial, afinal não tem nada de errado em defender uma ideologia e assumir uma posição. Covardia é certos movimentos tentarem ocultar sua carga ideológica vendendo uma imagem "apolítica" e imparcial. O tema é democracia e não se pode negar o passado autoritário que está nas raízes da formação do Brasil e sempre perseguiu o presente, seja pela maneira que os políticos eleitos lidam com a coisa pública ou até pela postura dos eleitores que aceitam essa política de cima pra baixo que opera em qualquer governo, seja ele de esquerda ou de direita.
No mais, tem até a autocrítica que, de maneira hipócrita, tanto é cobrada pelo outro lado do espectro político.
O Cheiro do Ralo
3.7 1,1K Assista AgoraMe lembrou um pouco Carne/Sozinho contra todos, dada as devidas proporções. Além de ser um estudo de personagem, nos coloca na mente de uma pessoa deplorável que, por mais horrível que seja admitir, é em algum nível identificável. E é daí que vem o choque, do familiar, da sombra. E que representação melhor disso do que a merda?
Sozinho Contra Todos
4.0 313Provavelmente o filme mais angustiante que já vi.
Estamira
4.3 375 Assista AgoraDescobri esse documentário por causa de um sample de Teoria do Ciclo da Água, do Froid, e acabei assistindo a um dos melhores documentários que já vi. Um pouco arrastado, mas acho que qualquer um poderia ouvir Estamira falar por horas de tão fascinante que é essa figura cujo discurso caótico e esotérico parte de um sentimento genuíno de revolta, um sentimento muito familiar pra quem vive numa sociedade contraditória. Estamira sofreu o pior que nossa sociedade pode oferecer, "perdeu a fé", nas palavras da filha. E não tem como julgá-la, apenas questionar junto com ela: "Que Deus é esse?".
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraEngraçado como esses títulos brasileiros nos impedem de chegar ao filme sem uma expectativa prévia, um preconceito. Acredito que muitos também achavam que o motivo desse filme ser tão cultuado seria uma relação homoafetiva mais explícita entre as personagens - "quando duas mulheres pecam" -, visto que é um filme de 66. Mas não, você pode interpretar que há essa relação, assim como pode fazer outras leituras do filme. Porém, não acho o subtítulo de todo ruim. Ao final do filme, percebemos que o "pecado" de Alma é querer tirar algum prazer do sexo, é não corresponder a esse dever supostamente natural que é a maternidade e o casamento monogâmico. É ter uma visão bem mais niilista da vida, ainda que insista que essa possui um sentido, um propósito. O pecado de Alma é Elizabet.
De primeira, pode parecer meio óbvio como a edição martela que a Alma e a Elizabet são indivíduo e sombra (não que o filme seja de todo óbvio, longe disso, acho até que essa seja só a camada mais superficial dele), mas imagino como deve ter sido ver esse filme em 66, já que eu que vi ontem tô surtando. Filmaço!
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 426 Assista AgoraEu sempre fico com um pé atrás com filmes datados. Acostumado com a linguagem cinematográfica atual, me incomodo muito com as limitações da época que, geralmente, me tiram da narrativa e me impedem de apreciar completamente os clássicos. O caso não é diferente com Deus e o Diabo na Terra do Sol, que me causou um estranhamento que me fez sentir como se estivesse vendo teatro e não cinema. Pra mim foi inevitável pensar em Festen, do Vintenberg, que mesmo com as limitações autoimpostas pelo diretor e pelo Dogma 95, consegue entregar uma experiência bem melhor executada ao meu ver. Comparação absurda, eu sei, uma vez que as limitações no Dogma 95 são propositais e o Cinema Novo é um contexto completamente diferente, porém foi o que senti ao ver o longa.
Ver Deus e o Diabo na Terra do Sol foi uma experiência difícil e fora da minha zona de conforto, mas que valeu a pena pois é um daqueles filmes que só crescem a medida que se pensa mais nele.
Algo que peguei no filme e não vi ninguém comentando foi sobre como a ambiguidade tênue entre vários elementos como Deus e Diabo está, também, no significado do nome de Manuel, que significa "Deus conosco", sendo que Manuel abandona seu nome ao entrar no cangaço e ser batizado como "Satanás".
Se a Rua Beale Falasse
3.7 284 Assista Agoramais um pra lista "filmes de 2018 melhores que Green Book"
Vice
3.5 488 Assista Agora“O presidente, em particular, é simplesmente uma figura pública: não detém nenhum poder. Ele é aparentemente escolhido pelo governo, mas as qualidades que ele deve exibir nada têm a ver com liderança. Ele deve é possuir um sutil talento para provocar indignação. Por esse motivo, o presidente é sempre uma figura polêmica, sempre uma personalidade irritante, porém fascinante ao mesmo tempo. Não cabe a ele exercer o poder, e sim desviar a atenção do poder.”
– O Guia do Mochileiro das Galáxias, Douglas Adamas
Madame Satã
3.9 421 Assista AgoraUm dos momentos que mais me tocou durante o longa foi quando Amador, o dono do bar frequentado por João Francisco, o oferece o emprego de "segurança" dizendo que João manteria baderneiros afastados, já que é bom de briga. João recusa a proposta, mesmo recém saído da cadeia e precisando de dinheiro.
Para mim, João sente que tem muito mais a oferecer com sua arte, embora todos ao seu redor esperam (e às vezes o obrigam) que ele seja violento. João ameaça, xinga, bate, esfaqueia e até atira em determinado momento, mas em todas a vezes que isso acontece, Lázaro Ramos entrega um personagem complexo que não tira prazer em nenhuma dessas coisas. Contrariar essas expectativas em torno do homem preto foi a mensagem que chegou pra mim com mais força.
Coincidentemente, o rapper Baco Exu do Blues ao ser entrevistado por Lázaro Ramos desabafou sobre essas expectativas e sobre a rejeição do público a sua tentativa de mostrar seu lado sensível e romântico. Segundo o rapper, os fãs pedem que ele volte a ser agressivo quando agressividade foi a única expectativa que nutriram a respeito dele a vida toda.
Por fim, trabalhar esse dilema da masculinidade do homem preto com certeza não é tudo que o filme tem a dizer, sendo bem mais que boas atuações. Um dos melhores filmes nacionais que já vi.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraA despeito de todas as polêmicas que envolvem Green Book, o filme entrega uma experiência "ok" que quase te convence de que o filme é melhor do que ele realmente é, mas vai ficando cada vez pior a medida que você termina de assistir e passa a pensar sobre o filme. A escolha de contar a história pela visão do racista parece interessante, porém, o tom que o filme adota soa inadequado e a própria jornada do Lip é nada orgânica, com sua mudança de comportamento ocorrendo aparentemente porque o roteirista quis.
Esse problema é evidenciado na cena em que Tony joga no lixo dois copos porque eles foram usados por 2 pretos que estiveram em sua casa - uma atitude expressiva de racismo que é bem contraditória quando posta em contraste com a conduta do Tony no carro; um homem que, apesar de si mesmo e da época em que vive, está disposto a abrir diálogo e tentar compreender o outro. O mesmo pode ser dito do grupo de italianos que compreende a família e os amigos de Tony que aceitam a companhia do Dr. Shirley na ceia numa cena piegas que parece apelar para a "magia do natal".
A melhor coisa no filme é, sem dúvida, as atuações da dupla Ali/Mortensen que fazem jus às indicações e, no caso do Mahershala, a um Oscar de melhor ator coadjuvante merecido. Entretanto, não se pode dizer o mesmo do Oscar de melhor filme que Green Book levou.
My Hero Academia: 2 Heróis - O Filme
3.8 68 Assista AgoraVersão piorada de tudo que vc já tem no anime. Nada nesse filme funciona, nem as lutas "massa-véio" q geralmente são divertidas de acompanhar.
A Balada de Buster Scruggs
3.7 532 Assista Agora"Pan-shot!"
Aquaman
3.7 1,7K Assista AgoraMuito se discute se deveríamos esperar mais dos filmes de super herói além do entretenimento e, de fato, esse filme não se propõe a ir muito longe disso, sendo bem divertido. Porém, é difícil perdoar um CG tão ruim (problema constante nos últimos filmes da DC), um design nada inspirado e até tosco, digno de Power Rangers, e um romance água com açúcar q não convence nem um pouco. Novos acertos, velhos erros. Tá realmente difícil continuar investindo tempo nesse universo...