O avô, que vem do passado, como do além, e se depara com a casa e seus habitantes desmoronando por causa de seu longo abandono. O homem doente, sucumbindo à assassina relação incestuosa com a mãe. A velha mãe, assistindo a lenta morte do filho que ela fez não saber se cuidar, e que prefere vê-lo morrer a vê-lo partir e assumir uma existência separada dela, condenando-o ao próprio destino, de morrer com a terra que se confunde com ela mesma. A criança sem infância, o único que tem nome no filme (Manuel, uma referência a Emanuel?), vivendo em meio ao deserto verde e à neve de cinzas, que acentuam a atmosfera de fim do mundo, é resgatado pelo avô, que fica em casa e assume os cuidados com ele, com a casa e com o homem doente, enquanto as mulheres lutam contra os cortes que sofrem para garantir o sustento da casa. A mulher, que não consegue salvar seu homem da teia da mãe dele, tendo que levar seu filho sem pai como sobrevivente desse apocalipse, e que definirá como será o futuro, de mãos dadas com o passado, que é seu sogro, e o futuro, que é seu próprio filho.
Depois de ver o episódio de Chicago, você ouve a música Something from Nothing no final do episódio e vê o potencial da música e o talento dele pra escrever uma letra inspirada nos depoimentos do longa e isso é incrível. Mas porra, por que é que tem que ter sempre aquele efeitinho escroto na voz, pra quê limpar toda a autenticidade e espontaneidade da música e transformar numa trilha sonora de blockbuster? É decepcionante ver a capacidade do Dave Grohl de transformar inspirações incríveis da história e presença de ícones do blues e do punk rock em produtos limpinhos, penteados, enxaguados e embalados. Como ele consegue fazer Foo Fighters das cinzas de Nirvana é algo a ser estudado por produtores que querem fazer música pra vender.
Apesar de ser verdade que o documentário negligencia em parte a história da música dos EUA (cadê as mulheres???), ainda assim, vale a pena pra conhecer mais sobre um lado importante dos EUA (que está ameaçado, como mostra o documentário) que é a contracultura e todas suas ramificações, das mais underground às mais mainstream.
É interessante também pra ter uma ideia do que significa um senso de comunidade, coisa que no Brasil não só é muito restrito a (algumas) comunidades, mas em geral muito mal visto pela maioria das outras pessoas. Em Curitiba acabou de fechar o último bar de rua de uma região do centro velho que tentaram "revitalizar" e transformar em uma região boêmia, porque a classe mídia branca hipster não queria conviver com os pobres da periferia que passaram a frequentar o lugar. Engraçado como no Brasil a gente sempre pega as coisas na reprise, e assim como o estado de bem estar social chegou atrasado, em plena era de neoliberalismo (e por isso nunca chegou), até a fidalguização tá acontecendo assim, chegando aqui antes mesmo de se constituírem comunidades cosmopolitas e heterogêneas como você pode ver em documentários como esse, ou no ótimo "Be Kind, Rewind" com Mos Def e Jack Black. Cê só tem que ter paciência com a música do final de cada episódio...
Um filme capaz de confrontar o espectador com seu próprio sadismo como nenhum outro. Afinal, quem é melhor, o produtor das imagens sensacionalistas que exploram a miséria e o sofrimento humano, o espectador de programas que exploram a miséria e o sofrimento humano, ou alguém que vê um filme sobre isso, em busca de um vislumbre sobre a miséria e o sofrimento humano?
Depois de séculos sendo desprezada, a mulher cede aos encantos do monstro das profundezas do abismo, que sabe lhe dar prazer e lhe dar o valor que os homens que há tempos não são mais decentes não sabem mais como dar, e como uma nova Eva, transformada, o acompanha em fuga ao abismo com a ajuda do homossexual, seu sidekick, para fundar a Nova Atlante.
Resumo: até um monstro é mais humano que os homens na era dos Malvados Favoritos e dos vilões protagonistas. A humanidade está mesmo indo pro buraco.
Ao invés de aprofundar as investigações sobre a relação com a subjetividade e identidade com questões realmente interessantes (o que é a paternidade para uma subjetividade inventada? O que é uma história de amor para um produto em série? O que é ser "melhor que humano"? Entre outras), o diretor se deixa levar pela ereção provocada por fantasias com incontáveis continuações, videogames, álbuns de figurinha e bonecas infláveis que serão lançados a partir desse teaser milionário da mais nova franquia nerd, reduzindo uma sequência visualmente maravilhosa de uma obra-prima a um mero produto a mais nas prateleiras da cultura de massa.
Filme gracioso, que te transporta no tempo por meio de cenário e figurino meticulosos, em uma viagem de saudosismo pela infância que deixamos para trás, mesmo que tenhamos vivido em uma época diferente da infância de Valentin.
Apesar das geniais tiradas de Valentin serem incrivelmente fofas, a precocidade do menino, tema central do filme e principal verve humorística, quase incomoda, pois nos lembra que o que faz a gente achar graça nele é consequência justamente do quanto ele foi roubado de sua infância. Esse encantamento com crianças precoces é reflexo de nossa incapacidade de lidar com as diferenças. Achamos fofo ver uma criança adulta e cada vez mais detesta-se a infância e suas supostas inconveniências, justamente porque cada vez mais fugimos da maturidade, e crianças exigem de nós que sejamos maduros, responsáveis e capazes de compreender as crianças em suas particularidades. Resolve-se isso fingindo que crianças têm a mesma subjetividade de um adulto.
Hoje em dia o mote é amar o semelhante, não o diferente. Só sou capaz de amar os animais se me considero um animal e se os humanizo, e cada vez mais acredita-se que é impossível que a empatia vença as diferenças ideológicas e identitárias e o único jeito de que as pessoas se respeitarem é que se fechem em guetos identitários...
O programa de TV "Qual é sua perversão?" é repugnante, igualmente o quadro do médico e a ovelha, mas entendo por que muita gente achou esse tão bom ou até o melhor: Gene Wilder é realmente um grande ator. No geral, acho que se perdem muitas das piadas com a legenda, que nunca é muito fidedigna. A menos que consiga entender inglês em filmes com fluência, muita coisa se perde no primeiro quadro, cheio de trocadilhos. Acho que o filme envelheceu mal, e muita coisa que era engraçada ou inusitada pra época hoje em dia é tão banal que fica até sem graça, como o quadro do crossdresser...
Um filme hilariante sobre os vínculos com o lugar em que se vive e a comunidade com a qual se convive ameaçados pela fidalguização com um irresistível tempero DIY.
Pondo de lado quaisquer fraquezas narrativas e as atuações caricatas é um filme que ninguém que se interessa minimamente por artes marciais pode deixar de ver antes de morrer.
As belíssimas atuações de Mello e Spoladore, a direção, a fotografia: 5 estrelas. Já o argumento do filme, que parece um teatro de leitura, não me desceu.
Como se o primeiro não fosse aviltante o suficiente, ele se propõe a fazer uma trilogia pra vomitar as piores ideias que ele tem sobre as pessoas. Poderia ser coragem tocar em assuntos tabus como o racismo sendo tão racista, mas pra mim não passa de iconoclastia barata. Lars von Trier está perdendo tempo, seu verdadeiro lugar é como diretor do Porta dos Fundos
Me pergunto por que ainda precisamos ver estupros em filmes. Deve ser porque ainda não conseguimos nos convencer de que é uma violência hedionda e precisamos ver pra crer. Encare o filme como um teste psicológico: a reação do espectador à longa tortura perpetrada contra a protagonista e, mais ainda, à condenação merecida dos habitantes da cidade ao final, é um bom termômetro de como anda seu sadismo.
Uma estética no mínimo surpreendente quando apresentada dá lugar a uma confissão misântropa e extremamente pretensiosa sobre a arrogância do próprio diretor, ainda que seja válida a crítica à romantização da miséria. Reverbera perfeitamente com o niilismo vigente entre nós, quando, por falta de iniciativa e solução melhor para nossos dilemas morais, preferiríamos que a Terra simplesmente fosse varrida por tiros de metralhadora ao encarar nossa responsabilidade de sermos melhores do que isso.
Contos da Noite
3.9 77Alguém sabe se há outros da mesma série?
A Terra e a Sombra
3.8 52 Assista AgoraUma epopeia moderna que condensa em sua breve narração o mundo contemporâneo.
O avô, que vem do passado, como do além, e se depara com a casa e seus habitantes desmoronando por causa de seu longo abandono. O homem doente, sucumbindo à assassina relação incestuosa com a mãe. A velha mãe, assistindo a lenta morte do filho que ela fez não saber se cuidar, e que prefere vê-lo morrer a vê-lo partir e assumir uma existência separada dela, condenando-o ao próprio destino, de morrer com a terra que se confunde com ela mesma. A criança sem infância, o único que tem nome no filme (Manuel, uma referência a Emanuel?), vivendo em meio ao deserto verde e à neve de cinzas, que acentuam a atmosfera de fim do mundo, é resgatado pelo avô, que fica em casa e assume os cuidados com ele, com a casa e com o homem doente, enquanto as mulheres lutam contra os cortes que sofrem para garantir o sustento da casa. A mulher, que não consegue salvar seu homem da teia da mãe dele, tendo que levar seu filho sem pai como sobrevivente desse apocalipse, e que definirá como será o futuro, de mãos dadas com o passado, que é seu sogro, e o futuro, que é seu próprio filho.
Sing: Quem Canta Seus Males Espanta
3.8 569Incrível!
Só faltou Dream On, que tinha nos teasers de estreia!
Detonando em Barcelona
3.6 68 Assista AgoraLocações incríveis, falas sensacionais como
"vamos ver se os dublês são bons!"
E ainda tem uma invasão a um castelo!!!
Foo Fighters Sonic Highways
4.7 37Depois de ver o episódio de Chicago, você ouve a música Something from Nothing no final do episódio e vê o potencial da música e o talento dele pra escrever uma letra inspirada nos depoimentos do longa e isso é incrível. Mas porra, por que é que tem que ter sempre aquele efeitinho escroto na voz, pra quê limpar toda a autenticidade e espontaneidade da música e transformar numa trilha sonora de blockbuster? É decepcionante ver a capacidade do Dave Grohl de transformar inspirações incríveis da história e presença de ícones do blues e do punk rock em produtos limpinhos, penteados, enxaguados e embalados. Como ele consegue fazer Foo Fighters das cinzas de Nirvana é algo a ser estudado por produtores que querem fazer música pra vender.
Apesar de ser verdade que o documentário negligencia em parte a história da música dos EUA (cadê as mulheres???), ainda assim, vale a pena pra conhecer mais sobre um lado importante dos EUA (que está ameaçado, como mostra o documentário) que é a contracultura e todas suas ramificações, das mais underground às mais mainstream.
É interessante também pra ter uma ideia do que significa um senso de comunidade, coisa que no Brasil não só é muito restrito a (algumas) comunidades, mas em geral muito mal visto pela maioria das outras pessoas. Em Curitiba acabou de fechar o último bar de rua de uma região do centro velho que tentaram "revitalizar" e transformar em uma região boêmia, porque a classe mídia branca hipster não queria conviver com os pobres da periferia que passaram a frequentar o lugar. Engraçado como no Brasil a gente sempre pega as coisas na reprise, e assim como o estado de bem estar social chegou atrasado, em plena era de neoliberalismo (e por isso nunca chegou), até a fidalguização tá acontecendo assim, chegando aqui antes mesmo de se constituírem comunidades cosmopolitas e heterogêneas como você pode ver em documentários como esse, ou no ótimo "Be Kind, Rewind" com Mos Def e Jack Black. Cê só tem que ter paciência com a música do final de cada episódio...
Os Agentes do Destino
3.5 1,1K Assista AgoraFilme tenso e envolvente, com belo tratamento visual e locações e cenários realmente deslumbrantes,
Até que chega a um final abrupto, que parece ter sido gravado sem ser finalizado.
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraUm filme capaz de confrontar o espectador com seu próprio sadismo como nenhum outro. Afinal, quem é melhor, o produtor das imagens sensacionalistas que exploram a miséria e o sofrimento humano, o espectador de programas que exploram a miséria e o sofrimento humano, ou alguém que vê um filme sobre isso, em busca de um vislumbre sobre a miséria e o sofrimento humano?
Le Franc
3.8 6 Assista AgoraUma narrativa às vezes caótica, mas nunca desconexa, sempre bela, dos escombros por onde brotam humor e arte.
Porta dos Fundos - Contrato Vitalício
2.0 349 Assista AgoraNão vejam esse filme!
A Forma da Água
3.9 2,7KDepois de séculos sendo desprezada, a mulher cede aos encantos do monstro das profundezas do abismo, que sabe lhe dar prazer e lhe dar o valor que os homens que há tempos não são mais decentes não sabem mais como dar, e como uma nova Eva, transformada, o acompanha em fuga ao abismo com a ajuda do homossexual, seu sidekick, para fundar a Nova Atlante.
Resumo: até um monstro é mais humano que os homens na era dos Malvados Favoritos e dos vilões protagonistas. A humanidade está mesmo indo pro buraco.
Megan Leavey
3.6 60Mais um caríssimo comercial do Exército dos Estados Unidos da América.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraAo invés de aprofundar as investigações sobre a relação com a subjetividade e identidade com questões realmente interessantes (o que é a paternidade para uma subjetividade inventada? O que é uma história de amor para um produto em série? O que é ser "melhor que humano"? Entre outras), o diretor se deixa levar pela ereção provocada por fantasias com incontáveis continuações, videogames, álbuns de figurinha e bonecas infláveis que serão lançados a partir desse teaser milionário da mais nova franquia nerd, reduzindo uma sequência visualmente maravilhosa de uma obra-prima a um mero produto a mais nas prateleiras da cultura de massa.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
4.0 552 Assista AgoraTratamento visual ímpar. Almodóvar perfila as cenas como croquis de moda. As cores são um deleite à parte da divertida história.
Valentin
4.4 297Filme gracioso, que te transporta no tempo por meio de cenário e figurino meticulosos, em uma viagem de saudosismo pela infância que deixamos para trás, mesmo que tenhamos vivido em uma época diferente da infância de Valentin.
Apesar das geniais tiradas de Valentin serem incrivelmente fofas, a precocidade do menino, tema central do filme e principal verve humorística, quase incomoda, pois nos lembra que o que faz a gente achar graça nele é consequência justamente do quanto ele foi roubado de sua infância. Esse encantamento com crianças precoces é reflexo de nossa incapacidade de lidar com as diferenças. Achamos fofo ver uma criança adulta e cada vez mais detesta-se a infância e suas supostas inconveniências, justamente porque cada vez mais fugimos da maturidade, e crianças exigem de nós que sejamos maduros, responsáveis e capazes de compreender as crianças em suas particularidades. Resolve-se isso fingindo que crianças têm a mesma subjetividade de um adulto.
Hoje em dia o mote é amar o semelhante, não o diferente. Só sou capaz de amar os animais se me considero um animal e se os humanizo, e cada vez mais acredita-se que é impossível que a empatia vença as diferenças ideológicas e identitárias e o único jeito de que as pessoas se respeitarem é que se fechem em guetos identitários...
Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas …
3.5 385 Assista AgoraO programa de TV "Qual é sua perversão?" é repugnante, igualmente o quadro do médico e a ovelha, mas entendo por que muita gente achou esse tão bom ou até o melhor: Gene Wilder é realmente um grande ator. No geral, acho que se perdem muitas das piadas com a legenda, que nunca é muito fidedigna. A menos que consiga entender inglês em filmes com fluência, muita coisa se perde no primeiro quadro, cheio de trocadilhos. Acho que o filme envelheceu mal, e muita coisa que era engraçada ou inusitada pra época hoje em dia é tão banal que fica até sem graça, como o quadro do crossdresser...
Rebobine, Por Favor
3.4 518Um filme hilariante sobre os vínculos com o lugar em que se vive e a comunidade com a qual se convive ameaçados pela fidalguização com um irresistível tempero DIY.
Batalha dos Impérios
3.3 88 Assista AgoraMelodramático, historicamente anacrônico, constrangedor do início ao fim.
Forçam tanto os bromances pra criar a força dramática da história que várias horas eu achei que os caras iam se beijar...
Operação Dragão
3.9 219 Assista AgoraPondo de lado quaisquer fraquezas narrativas e as atuações caricatas é um filme que ninguém que se interessa minimamente por artes marciais pode deixar de ver antes de morrer.
Cavalo de Duas Pernas
3.7 17Acho engraçado como filmes que tratam da degradação humana são automaticamente tratados como filmes de arte.
Lavoura Arcaica
4.2 382 Assista AgoraAs belíssimas atuações de Mello e Spoladore, a direção, a fotografia: 5 estrelas. Já o argumento do filme, que parece um teatro de leitura, não me desceu.
Elsa & Fred - Um Amor de Paixão
4.1 150Muito fofo! Só queria fazer um remake sem a música melosa que toca o filme inteiro. A Elsa é o máximo! Dei risada o filme inteiro dessa mulher!
Manderlay
4.0 297 Assista AgoraComo se o primeiro não fosse aviltante o suficiente, ele se propõe a fazer uma trilogia pra vomitar as piores ideias que ele tem sobre as pessoas. Poderia ser coragem tocar em assuntos tabus como o racismo sendo tão racista, mas pra mim não passa de iconoclastia barata. Lars von Trier está perdendo tempo, seu verdadeiro lugar é como diretor do Porta dos Fundos
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraMe pergunto por que ainda precisamos ver estupros em filmes. Deve ser porque ainda não conseguimos nos convencer de que é uma violência hedionda e precisamos ver pra crer. Encare o filme como um teste psicológico: a reação do espectador à longa tortura perpetrada contra a protagonista e, mais ainda, à condenação merecida dos habitantes da cidade ao final, é um bom termômetro de como anda seu sadismo.
O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista AgoraAcabei de ver. Nada do que eu possa dizer pode acrescentar qualquer coisa a tudo o que já foi dito sobre esse filme...