Ter consciência do baixo orçamento geralmente ajuda na hora de assumir um projeto, Eles Vivem é simples, mas consegue entregar um "arroz com feijão" muito melhor que grandes franquias. ... Nesse filme acompanhamos um grupo de amigos que vai acampar na floresta durante as férias, mas no meio do caminho atropelam algo que volta para se vingar no dia seguinte. ... Filme de horror found footage que segue os principais clichês do gênero, como as câmeras sendo utilizadas de modo forçado e aquela composição básica com 5 amigos, sendo dois casais héteros e um extra para carregar a câmera e fazer o papel do alívio cômico e ser incômodo. ... Mas ao focarmos na dinâmica da história, tudo funciona muito bem. Temos uma construção que não se demora e nem apressa, um efeito de maquiagem bem feito, o nível crescente de desesperança, e até uma tentativa de esperança final. Nada surpreendente, mas com um suspense bem desenvolvido e que consegue provocar certa tensão ... O pior é assistir pela Amazon, que simplesmente não se importa com os espectadores e apesar de entregar legendas (algo que frequentemente está em falta no streaming) ela é tão inconstante que sem entender o mínimo de inglês, nem adianta dar o play.
O terceiro filme da série After continua sua jornada para justificar o injustificável, mas agora desenvolvendo a questão parental para "explicar" alguns comportamentos. ... Se o filme que não conta com uma boa trama e nem bons atores não seria suficiente, a história insiste em levar Tessa à desistir de sua vida pra ficar com o garoto machista, violento e alcoólatra. ... Se podemos elencar algo de bom nesse terceiro filme é que, além dos clichês, não acontece quase nada, então o relacionamento abusivo, que é marca registrada da série, ficou por conta de outro casal. ... Enfim, um dramalhão que insiste em não desistir e reserva ainda mais um filme para o fim de 2022.
Sempre esquecemos o quanto as fábulas infantis foram amenizadas pela Disney, daí nós surpreendemos quando entramos em contato com outras abordagens. . Boas Maneiras é uma mistura de fábula com horror nacional que acompanha Clara Macedo, uma mulher pobre em busca de emprego, mas que encontra dificuldades por sua personalidade extremamente introspectiva. Ela é contratada como babá e passa a viver na casa da patroa, Ana Proença, uma futura mãe solo ao qual vai dividir os desafios e descobertas. . Até agora parece que estamos num filme sobre questões sociais cotidianas e por um tempo isso se mantém, inclusive com aqueles abusos de função, por parte da patroa que faz a babá também trabalhar com limpeza da casa, acompanhante e secretária. Mas elas se aproximam e estranhos comportamentos são cada vez mais recorrentes a medida que a gravidez avança. . E o desenvolvimento que se segue é bom, mas se resolve na metade do filme e parte para uma segunda história, quase como uma antologia. Isso mesmo, há uma quebra de narrativa e tom entre a gestação e a criação da criança que prejudicam ambas as partes. . O drama da gestação e o relacionamento entre Clara e Ana provoca estranhamentos e se desenvolve aos poucos para um horror com ares de Forma da Água do Guillermo Del Toro. Enquanto a segunda parte mantém o drama a partir da Clara, ainda que numa figura mais leve por seu amor pelo Joel, mas a história se transforma num horror fantástico infantil. . E nessa busca forçada por conexão temos elementos que fragilizam a primeira metade, como as músicas de fábulas infantis que não fazem soam fora de sintonia quando aparecem; enquanto na segunda metade temos trechos com os atores cantando como um musical que destoam completamente. . Visto de forma fragmentada, acredito que, salvo algumas escolhas narrativas musicadas, ambas as narrativas se resolvem em atuação, desenvolvimento e até efeitos práticos e digitais; mas colocados num único projeto os problemas se sobressaem e "o todo se prejudica pelas partes".
Não acredite muito em aluguéis baratos, alguma coisa pode se esconder nesse ... Em 1 BR: O Apartamento conhecemos Sarah, uma jovem que mudou para Los Angeles em busca de encontrar um novo rumo para sua vida. Ela fica feliz por ter encontrado o lugar perfeito para morar, mas perfeito pode ser também algo muito estranho. ... O horror psicológico se apresenta a partir de uma sensação de bizarro constante que vai escalonando, mas esse estranho se perde um pouco nos trechos de tortura que parecem perdidos e sem motivo. ... A trama desenvolve um senso de comunidade extremo que nega qualquer individualidade e vive para substituir os membros perdidos se organizando como uma seita. Mas falta um melhor tratamento para o roteiro, que desenvolva melhor a motivação, a direção e atuação fracas também prejudicaram no ritmo e imersão.
Se você tiver uma impressora, atente-se ao nível de tinta, ele pode evitar ou provocar grandes problemas. ... No filme O Homem de Toronto conhecemos Randy e Teddy Nilsen, o primeiro é um assassino de aluguel, o segundo um atrapalhado inventor que só quer viajar com a esposa no fim de semana de aniversário. ... Por causa de uma série de erros, o inventor foi confundido com o assassino e agora ele precisa assumir a identidade do Homem de Toronto numa missão em Porto Rico. ... Clássica comédia de duplas, uma variação do policial bonzinho e malvado, mas desta vez com um assassino e uma pessoa comum sem a menor condição de fazer nada. ... Engraçado, boa interação entre os personagens que se vende pelo carisma dos atores, nesse ponto, a substituição do Jason Statham para o Woody Harrelson fez muito bem para o tempo de comédia e pro próprio tom mais sessão da tarde.
O preconceito e a violência que vem dele só promove o isolamento e desunião. ... Em Tio Frank acompanhamos uma jornada de descoberta, de um lado uma jovem que sai de casa pela primeira vez, de outro seu tio, que vive longe da família por causa de algo que ocorreu no passado e nunca foi resolvido. ... Apesar de passar por outros tempos, o filme é ambientado em 1973, década onde costumes estavam sendo questionados, a cultura de preconceitos estava sofrendo suas primeiras mudanças, mas se ainda não superamos a homofobia, o racismo e toda a sorte de preconceitos, nesse momento tudo era ainda mais difícil. ... Assim, o espectador observa esse recorte no tempo pelos olhos de Beth, que ao conhecer a si mesma, descobre sobre seu tio, o motivo dele se isolar tanto, ou porque ele foi isolado e é tão difícil assumir sua sexualidade para os familiares. ... O tom se mantém por grade parte do filme com uma certa leveza, mesmo tratando de temas tão duros e de violência sem recair num exagero melodramático, mas mantendo a tensão sempre presente do medo da descoberta. ... A questão dramática se intensifica no ato final, quando os eventos traumáticos do passado que observamos a partir de flashbacks vem de encontro com a situação presente, ainda que esta se manifesta com algum tipo de esperança. ... Além disso, tecnicamente temos uma bela fotografia em cores quentes, remetendo à década de 1970, mas sem exagerar a ponto de tornar a ambientação sufocante, ela é agradável e convida o espectador a fazer parte dos acontecimentos.
Tudo que o espírito empreendedor quer é encontra um nicho de mercado único onde possa explorar e enriquecer. ... Em Fresh acompanhamos Noa, uma mulher cansada dos relacionamentos superficiais de Tinder e redes sociais, até encontrar alguém que se mostra diferente e promissor num encontro casual no mercadinho. ... Uma passagem num bar e o relacionamento rapidamente evolui para um fim de semana surpresa numa casa de campo afastada de tudo e fora da cobertura de qualquer celular. Vocês já viram que alguma coisa não vai dar certo né? ... Evitem spoilers porque parte do envolvimento é a descoberta, assim não vou ser tão direto sobre o que o filme trata. Mas é um suspense de horror sádico e sarcástico que vai revirando o estômago por meio de sugestões, enquanto constrói um background que financia e suporta o perigo direto da história. ... Essa atmosfera de horror se apresenta a partir de uma montagem feita com muitos recortes e ângulos não muito convencionais que produz um dinamismo diferente ao mesmo tempo que deixa algumas dicas da situação principal e que se complementa no título que só aparece depois de 30 minutos de filme. ... Todas as escolhas de câmera, ritmo e cores vão constituído um suspense que torna claro para o espectador que Noa está se caindo numa armadilha que ela nega existir até não poder mais fazer nada para sair da situação. ... Enfim, fugindo o máximo em revelar qualquer coisa, a direção e roteiro feitos por mulheres ressaltam elementos que o diferenciam do tipo de produção e ainda sobram espaço até para um humor irônico sobre os males do patriarcado.
Depois de uma longa e controversa série de filmes adaptando o cenário dos jogos de Resident Evil por Paul W Anderson, eis que ele mesmo retorna como produtor para um reinício. ... Em Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City acompanhamos dois grupos de policiais recolhendo pistas sobre o que está acontecendo nas últimas horas antes da Umbrella destruir a cidade para conter uma suposta infestação criada pela própria corporação. ... É num filme com estética muito marcada por filtros, primeiro um vermelho sangue (que também pode ser de uma das partes do símbolo da Umbrella) na introdução; em seguida avançamos alguns anos para a fotografia ganhar também uma coloração azulada. ... Essas escolhas dão um aspecto datado, seja para a década de 1980 na introdução, ou nos anos 1990 no decorrer do filme. Ambientação ressaltada pelas roupas, objetos de cena e até mesmo estilo de filmagem e interpretação. ... Do ponto de vista narrativo, esse ar ultrapassado se reflete numa Raccoon City decadente pelo encerramento das atividades da empresa de cosméticos que praticamente dava emprego para todos na região: a Umbrella. ... E esse ponto é um trunfo, mas o ritmo é sofrível, parece que assistimos às cutscenes de um jogo em alguns momentos, e outros vivenciamos os quebra-cabeças. Mas nada funciona, grande parte é para mostrar os bastidores do primeiro e segundo jogo mostrando como determinado caminhão pegando fogo aparece na frente da delegacia e as caixas com munição se espalham pela cidade. ... E se o ritmo é problemático, as sequências de ação que poderiam ser o prato principal da produção, são piores ainda, ora lentas, ora escuras. Isso sem falar dos efeitos especiais, que se sai bem nos práticos de maquiagem e animatrônico, mas os digitais são desesperadores. ... Os atores escolhidos nem são tão ruins assim, mas a construção dos personagens é rasa a ponto o de se estruturar em frases de impacto (sem nenhum impacto). Os zumbis, por outro lado, são ainda piores e quase nem aparecem!!! ... Enfim, o filme tem apenas uma boa estética, todo o resto é desesperadoramente ruins, então por mais controverso que seja, fique com os filmes da Milla Jovovich.
Quando falamos em desligar o cérebro para assistir algo geralmente estamos exagerando para justificar que aquilo é muito ruim. E não estou justificando nada, mas entendi o significado de "desligar o cérebro" ... Em Interceptor acompanhamos dois soldados protegendo o centro de controle da base antimíssil estadunidense localizada no meio do Oceano Pacífico. Esse grupo terrorista roubou bombas atômicas russas e colocou as principais cidades dos EUA sob ameaça. ... Seria um simples filme de ação esquecível, mas o roteiro consegue levantar um tema interessante: o assédio e abuso sexual dentro das forças armadas, e como a denuncia pode colocar a vitima numa situação de ainda mais fragilidade por causa do corporativismo machista. ... Mas continua sendo apenas um filme de ação e ufanista, raso, com péssimos atores, que não tenta enganar ninguém. Ainda que toca em questões que existem dentro das instituições militares como machismo (já citado), mas também a xenofobia, racismo e toda uma série de problemas estruturais da sociedade que refletem nas forças armadas, na política ou qualquer outra instituição. ... Uma curiosidade, Chris Hemsworth é casado com Elsa Pataky, a protagonista, e faz uma participação especial "pro bono" como vendedor de TVs que assiste a transmissão que os terroristas fizeram do ataque à plataforma. Uma sketch de humor ok e completamente destoante do resto do filme.
Isolamento é o novo zumbi? Provavelmente o prazo de validade é muito menor, mas é uma possibilidade de produzir um baixo orçamento. ... Em Distrito 666 somos levados a 2042, a Pandemia nunca foi controlada e o mundo não voltou ao normal, na verdade evoluiu para um estado totalitário mundial dividido em distritos sem comunicação entre os residentes e com controladores que vigiam as ruas respondendo qualquer desvio com força. ... O fie acontece principalmente por meio dos encontros virtuais e os pensamentos do protagonista em longos monólogos. Estrutura que amplia a claustrofobia da situação e a depressão que toma os personagens, mas torna o ritmo bastante lento e cansativo prejudicado também pela atuação irregular. ... Mas o que realmente incomoda é a tentativa de pintar o filme com uma aura gringa, toda a produção é nacional, mas eles forçaram muito na tentativa de tornar internacional. Assim, todos os personagens tem nomes anglófonos, e o pior fica para o grupo cantando o hino Amazing Grace!!! Por que??
Histórias adolescentes geralmente tratam de viver cada dia como se fosse o último da maneira mais intensa possível, mas quando os adolescentes começam a explodir sem motivo isso ganha outra perspectiva. ... É justamente sobre isso Espontaneous, numa cidade dos EUA, jovens formandos começam a explodir sem motivo aparente, e o desespero leva os sobreviventes a repensar sobre suas vidas e futuros. ... A premissa do filme sugere algo louco e surreal, mas basicamente temos uma comédia romântica com adolescentes padrão até o meio do filme, em seguida, quando as consequências das explosão realmente pesam, o filme tem uma guinada para o drama existencial até chegar numa conclusão que aponta para algo mais otimista: a de que vivemos apenas o presente e todos morreremos de uma forma ou outra. ... Ao refletir mais sobre a trama, temos uma espécie de investigação da geração atual que é niilista por excelência e não tem qualquer perspectiva em relação ao futuro. Não é mais o sentimento de imortalidade, mas saber que a morte pode acontecer ao virar a esquina e não se importar com mais nada e nem consigo mesmo. ...
Todos temos algo que nos leva seguir em frente, para alguns pode ser o dinheiro, e outras a vingança. ... Em Infiltrado acompanhamos um segurança de carros forte recém contratado que num de seus primeiros trabalhos, seu colega é feito refém e ele resolve tudo com as próprias mãos. ... É um suspense de ação policial que foi sim aclamado por crítica e público, mas que para mim não funcionou. Todo o pano de fundo com ex-soldados abandonados pela sociedade foi inserido de forma superficial, apenas como desculpa para encontrar uma ligação com o público. ... Infelizmente o título nacional meio que entrega a trama antes mesmo dela se revelar, mas esse não é o maior problema, e sim o ritmo lento que nada lembra outras obras de Guy Ritchie. Ok, talvez pela temática e violência de crime urbano, mas as múltiplas sequências que convergem e interligam passaram bem longe do seu auge. ... O filme tem uma trilha constante que busca o incomodo, provoca a sensação de que algo ruim se aproxima a todo momento e é o melhor que podemos encontrar. A menos que você seja fã de Jason Statham fazendo o que sempre faz.
Quais piores sentimentos podemos sentir? O quanto podemos controlar? ... Em Spiderhead conhecemos uma prisão de segurança máxima onde todos residentes aceitaram participar de testes de drogas experimentais que controlam as emoções para terem sua pena reduzida. ... Tudo da ambientação não soa real, a prisão é paradisíaca de mais, e eu não estou nem falando da parte externa, mas de todas as regalias que encontraríamos num resort de luxo. ... Mas é nessa aparente paraíso que esconde o pior e mais desumano dos vilões, um bilionário carismático e sem escrúpulos que faz de tudo para enriquecer sempre mais. ... O filme mistura gêneros narrativos trazendo humor ao suspense, mas com um drama crescente por parte do detento Jeff que parece ser o único que sente realmente o quão errado é tudo que está acontecendo; enquanto o cientista se afunda cada vez mais nas suas ambições. ... Roteiro divertido, ritmo envolvente e bons atores que nos fazem acreditar nas situações bizarras. O final que ficou completamente caótico e o tom parece se transforma numa espécie anacrônica de ação da década de 1990.
Quando um filme não é num filme? Mas apenas um apanhando de cenas extras que foram coladas uma atrás da outra na tentativa de fazer sentido? ... Halloween Kills é a continuação da continuação (que está valendo no momento), do filme Halloween da década de 1970, produção que redefiniu o horror e inaugurou todo um subgênero. Porém, numa versão muito fragmentada. ... Tudo começa em 1978, com uma longa introdução que tenta conectar este filme ao original, introduzindo alguns personagens e estendendo acontecimentos que sabíamos apenas por relatos. ... Em seguida, voltamos para o momento imediatamente após o fim de Halloween de 2018, quando Laurie e sua família pareciam ter matado de vez o assassino. Mas para termos uma continuação, claro que isso não aconteceu. ... Essa escolha possibilitou vermos as consequências do massacre, o pânico tomando conta da cidade e grupos paramilitares sendo formados com direito a linchamento público. Por outro lado, Laurie e família perderam espaço para um monte de vítimas em potencial que vão sendo mortas uma atrás da outra. ... Assim, temos duas possibilidades de análise: uma considera Laurie e família como protagonista, nesse caso o filme é uma grande decepção; na outra temos como principal a população da cidade de Haddonfield, onde todos pensam ser protagonistas, trazendo uma linha interessante de pensamento. ... Infelizmente estou no primeiro grupo e com Laurie se recuperando no hospital, vemos histórias fragmentadas que se conectam, mas forçam sua importância. Além do tom sobrenatural, negando o filme anterior que se justificava principalmente em tornar Michael Myers mais real. ... Para os fãs de gore e pouca história, este talvez seja o filme com mais mortes, ainda que algumas sequências soem repetitivas. E como maior destaque que posso levantar, temos a fotografia, pois ao utilizar cenas do filme original misturadas com atuais que retratam 1978, vemos um cuidado nos objetos de cena ambientação, bem como o uso de um filtro que deixa essa mistura mais orgânica e imperceptível.
Nollywood é um polo cinematográfico pouco mencionado, mas que tem uma produção crescente e que a Netflix contribuí na divulgação. ... Em O Garoto do Espelho acompanhamos Tijan, uma criança Londrina que depois de responder à xenofobia com violência, se muda com a mãe para a terra dos ancestrais na Gambia. Chegando lá é levado por um espírito brincalhão que para uma jornada, enquanto sua mãe se desespera. ... Uma história infantil de aventura e fantasia que brinca com mitologias e costumes locais. É bobinho, tem direção e atores bem fracos que beira o amadorismo, mas desperta a curiosidade e apresenta dois garotos com muito carisma.
O que pode ser pior que monstros sugadores de sangue que se acham superiores a todos? Nada, mas os vampiros também podem participar da festa. ... No filme as Passageiras, acompanhamos Benny, um jovem que assume o posto de motorista do irmão por um dia levando duas garotas por Los Angeles para várias baladas da mais alta sociedade. O que ele não sabe é que além de dinheiro todos os mais ricos moradores da cidade também tem uma literal sede por sangue. ... Sim, é um filme de ação que deixa claro estar trabalhando com vampiros desde a abertura onde descobrimos que existe uma trégua ancestral com os humanos, mas que logo nos primeiros cinco minutos é quebrada para compor o pano de fundo da trama. ... O roteiro brinca com uma metáfora da luta de classes colocando os vampiros entediados por serem imortais e ricos, mas "restritos" a não poder fazer o que querem com os pobres humanos pobres. Pra ressaltar as diferenças, são brancos ricos contra pobres, negros e latinos. ... Simples e divertido, o trio está bem entrosado e apresenta um bom ritmo com o cenário sendo apresentado aos poucos para o protagonista (que está mais de paraquedas que o espectador na história). ... Para aproveitar a ambientação de vida noturna de Los Angeles, temos o hip-hop e a iluminação esbanjando neon, ainda que com mais definição e cor do que o padrão quando outras produções escolhem essa estética. ...
Ip Man é um dos mestres de Kung Fu mais reconhecidos do século XX por ter ensinado Bruce Lee à lutar. ... Mas sua vida foi muito mais complexa e movimentada que isso e várias foram as adaptações de seus feitos. E antes mesmo da série cinematográfica sobre sua biografia esfriar, em 2019 mais um filme foi lançado, focado na época que Ip era policial em Foshan. ... Tal trabalho não teve vida muito longa justamente pela corrupção da força de segurança que fazia tudo que a Gangue dos Machados mandasse. E este é o recorte do filme, épica em que a Gangue dos Machados perde seu mestre, e um gangster japonês expulsa a nova líder para inserir o tráfico de ópio até então proibido. ... Além disso, como macro contexto temos a China de 1940, quando sofria com a invasão do exército imperial japonês, momentos antes de entrar efetivamente na Segunda Guerra Mundial. ... É um filme de balé marcial com sequências de lutas impossíveis entre exércitos inimigos que enfrentam os protagonistas. E se dá muito bem nos combates, mas todo o resto é um festival de breguice que assinala todos os itens da cartilha com transições de cena ruins, trilha sonora melosa e diálogos desesperadores.
De vez em quando só precisamos sair da zona de conforto pra encontrar novas possibilidades. ... Em Livro do Amor conhecemos um autor de romances que, depois de meses de fracasso, descobre que seu livro foi lançado no México e virou um sucesso. Acontece que seu romance foi completamente modificado pela tradutora. ... A direção começa ruim, mas depois vai se acertando enquanto o roteiro seguia a cartilha básica das comédias românticas, mas o esforço e carisma dos atores nos ajudam a simpatizar com o filme. Claro, sem esquecer das paisagens mexicanas que dão um show a parte. ... É ok, dá para se divertir com o romance e os desencontros do filme, existe um conflito desnecessário no ato final, mas possibilita uma sequência "novela mexicana" que vale a pena.
Mais de 30 anos depois de Nova York ser atacada por um Gigante de Marshmallow e uma Estátua da Liberdade dançante, o mundo esqueceu que fantasmas existem e seus caçadores debandaram, mas chegou o momento de tudo retornar (mais uma vez). ... Um dos maiores sucessos da década de 1980 volta com Caça Fantasmas Afterlife. Depois de uma tentativa fracassada em 2016, que levou muito hater, e embora realmente fraco, ele teve bons momentos, mas será que uma abordagem mais infantil funcionaria? ... Sim, funciona, nessa segunda tentativa de revival acompanhamos a filha e os netos do professor Egon que mudam-se para a fazenda isolada do avô depois de sua morte. Assim, a mega cidade é substituída por um povoado perdido no meio do nada estadunidense e que parece parada no tempo. ... É um filme voltado para o público infantil com aquela ideia nostálgica que tenta trazer também os fãs do original numa trama onde é possível encontrar muitas ressonâncias, mas felizmente sem que nenhuma pareça avulsa ou preguiçosa. ... E assim, temos efeitos especiais competentes que dividem espaço com o brega/tosco, misturando referências e a criação de uma ambientação que remete ao passado de forma convincente e coerente com o cenário. ... Vale destacar também o elenco mais jovem que conduz a trama e participa da descoberta do fantástico, em destaque para McKeena Grace e Logan Kim. O Paul Rudd no papel do fã adulto apresenta o mundo do bizarro para as crianças e sempre com aquele humor de vergonha alheia. Além de contar com participações especiais pontuais dos antigos personagens, prestando homenagem sem roubar a cena. ... Enfim, uma bela homenagem aos Caça Fantasmas e ao seu mais que especial criador Harold Ramis que infelizmente morreu em 2014.
Parece que todos os anos temos eleições, ou pelo menos alguns políticos tratam dessa maneira e estão sempre em campanha contra o governo mesmo quando eles mesmos são o governo. ... Em Curral acompanhamos Chico Caixa que ajuda Joel, um amigo que é advogado e está tentando uma vaga de vereador de Gravatá no Pernambuco. A cidade padece de um problema virtualmente insolúvel, uma infindável crise hídrica que não é resolvida por falta de vontade política. ... Passamos em então, de uma forma quase documental às ameaças, compra de votos, desinformação, jingles, alianças, almas sendo vendidas e promessas que não se sustentam para além do dia da eleição, num drama que vemos todos os anos eleitorais. ... É um filme que apesar do tema se fecha na figura de apenas um personagem, como uma investigação do mesmo perante as tentações e esperanças, e por isso padece de um maior aprofundando na corrupção para além da visão do próprio personagem. ... Surpreende como os atores trazem verdade em suas falas, mesmo aqueles que não são profissionais, mas isso talvez ocorra porque os problemas e as reivindicações sejam mesmo reais e cotidianos.
Numa sociedade que comemora a violência, qual a medida do fracasso? ... Em Anônimo acompanhamos uma pessoa comum, um pai ignorado pelo filho, um marido num casamento falido, com emprego ruim e preso na eterna rotina. Tudo isso o coloca como grande fracasso coroado com um assalto que ocorre em sua casa e ele não reage. ... Tudo apontava para um drama na linha de Dia de Fúria que questiona a sociedade violenta e armamentista estadunidense, que celebra os massacres que fez ao longo da história. Mas a que essa violência serve? ... E então ele perde o controle num "dia de fúria" que faz seu passado vir à tona e quase mata uma gangue que cruza com ele num ônibus circular. E o que se segue é esse "ninguém" enfrentando a máfia russa com sede de sangue por vingança. ... É um filme de ação, que parece seguir para uma linha de desconstrução, mas sem deixar de lado os questionamentos apontados na introdução, se desenvolve numa ação frenética e crua de violência bastante gráfica. ... O ritmo é embalado por silêncios e músicas inusitadas que dão um tom mais cômico às cenas de ação numa montagem com muitos cortes em cenas de cotidiano que se contrapõe a sequências longas e contínuas de luta. ...
A violência dia filmes realmente transborda para a realidade? Quais são os limites? Quem os define? ... Esse é um debate que vez ou outra reaparece e em Censor acompanhamos Enid Baines que em 1985 trabalha como censora pro governo britânico, apontando os cortes que produções precisam fazer caso queiram diminuir a faixa etária. ... O roteiro nos apresenta uma violência que cresce junto com o pânico da população assim que a imprensa liga um assassino hediondo a um filme liberado pelos censores. E em meio a crise, Enid descobre que uma atriz dos filmes que avalia pode ser a sua irmã desaparecida desde a infância. ... E assim, a partir do trauma e da culpa que a protagonista é levada investigar uma descoberta que a coloca num suspense psicológico que se transforma aos poucos num terror o qual sua sanidade entra em jogo. ... Com cores supersaturadas, corredores claustrofóbicos, televisores fora do ar e trilha sonora opressiva, o filme não esconde ser independente e até ressalta isso como se tivesse sido feito na década de 1980. Sua principal referência são as produções "nasty" com alguns acréscimos estéticos que parecem ter saído do giallo. ... Os Gialli, filmes de suspense exploitation da Itália na década de 1970 já são mais conhecidos. No entanto, esses "vídeos nasty", faz parte de um movimento bastante obscuro do exploitation britânico que proliferou no início da década de 1980. Eram produções feitas direto para o vídeo e que não recebiam classificação indicativa, o que possibilitava cenas ainda mais violentas, mas que foi intensamente criticada. ... Censor traz uma proposta interessante, mas sofre com problema de ritmo que se manifesta a partir de uma escolha narrativa que vai se tornando cada vez mais lento com o passar do tempo.
Uma câmera na mão e o dia a dia nas telas. ... Em Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu acompanhamos uma família em crise, presa no tédio do cotidiano e falta de perspectiva, com um marido de meia idade desempregado e uma esposa dona de casa sem saber o que fazer para mudar sua rotina. Até chegarmos nos momentos mais surreais, quando a mãe é abduzida, mas retorna alguns dias depois sem nada mudar, toda a tediosa rotina sempre igual que não permitiu nem perceber o anormal. ... A produção independente se vale de um recurso narrativo estranho ao cinema, mas não tanto ao teatro, a narração dos sentimentos e conflitos do personagem em pontos esparsos, como se estivesse estudando o roteiro, fora de si como se víssemos um personagem. ... Com caráter quase documental, o que vemos é o diretor filmando na casa de seus pais ao longo de nove anos, uma construção antiga e exprimida entre prédios novos e outras residencias térreas numa vila em extinção pela especulação imobiliária. ... E assim intriga por retratar algo real e com realismo, os personagens que não atuam, o som captado pela própria câmera que muitas vezes é notada e participa da cena e a iluminação ambiente que vez ou outra impossibilita até enxergar o que está sendo filmado. Preservando tudo que é considerado erro pelo diretor/cinegrafista/roteirista, o próprio filme se torna um making off de si mesmo.
Franquias são essencialmente marcas, então nada impede que um nome seja utilizado à exaustão para aproveitar um nome vendável, pelo menos é isso que os produtores acham. ... Atividade Paranormal: Ente Próximo é o sétimo filme da franquia e nada tem a ver com os outros além de ter uma câmera na mão e um demônio na cabeça. Nesse filme acompanhamos Margot, que junto à amigos cinegrafistas, investiga seu passado Amish recém descoberto. ... É um filme de terror sobre possessão no estilo found footage genérico, tudo é clichê: temos aqueles sustos básicos, as câmeras trêmulas e as decisões questionáveis das vítimas em potencial. ... Por outro lado, os atores são bem entrosados e o roteiro apresenta uma contextualização do pano de fundo interessante e que possibilita uma boa diversão, é só ignorar a tentativa de ligar com Atividade Paranormal.
Eles Existem
2.8 150 Assista AgoraTer consciência do baixo orçamento geralmente ajuda na hora de assumir um projeto, Eles Vivem é simples, mas consegue entregar um "arroz com feijão" muito melhor que grandes franquias.
...
Nesse filme acompanhamos um grupo de amigos que vai acampar na floresta durante as férias, mas no meio do caminho atropelam algo que volta para se vingar no dia seguinte.
...
Filme de horror found footage que segue os principais clichês do gênero, como as câmeras sendo utilizadas de modo forçado e aquela composição básica com 5 amigos, sendo dois casais héteros e um extra para carregar a câmera e fazer o papel do alívio cômico e ser incômodo.
...
Mas ao focarmos na dinâmica da história, tudo funciona muito bem. Temos uma construção que não se demora e nem apressa, um efeito de maquiagem bem feito, o nível crescente de desesperança, e até uma tentativa de esperança final. Nada surpreendente, mas com um suspense bem desenvolvido e que consegue provocar certa tensão
...
O pior é assistir pela Amazon, que simplesmente não se importa com os espectadores e apesar de entregar legendas (algo que frequentemente está em falta no streaming) ela é tão inconstante que sem entender o mínimo de inglês, nem adianta dar o play.
After: Depois do Desencontro
1.9 103 Assista AgoraO terceiro filme da série After continua sua jornada para justificar o injustificável, mas agora desenvolvendo a questão parental para "explicar" alguns comportamentos.
...
Se o filme que não conta com uma boa trama e nem bons atores não seria suficiente, a história insiste em levar Tessa à desistir de sua vida pra ficar com o garoto machista, violento e alcoólatra.
...
Se podemos elencar algo de bom nesse terceiro filme é que, além dos clichês, não acontece quase nada, então o relacionamento abusivo, que é marca registrada da série, ficou por conta de outro casal.
...
Enfim, um dramalhão que insiste em não desistir e reserva ainda mais um filme para o fim de 2022.
As Boas Maneiras
3.5 648 Assista AgoraSempre esquecemos o quanto as fábulas infantis foram amenizadas pela Disney, daí nós surpreendemos quando entramos em contato com outras abordagens.
.
Boas Maneiras é uma mistura de fábula com horror nacional que acompanha Clara Macedo, uma mulher pobre em busca de emprego, mas que encontra dificuldades por sua personalidade extremamente introspectiva. Ela é contratada como babá e passa a viver na casa da patroa, Ana Proença, uma futura mãe solo ao qual vai dividir os desafios e descobertas.
.
Até agora parece que estamos num filme sobre questões sociais cotidianas e por um tempo isso se mantém, inclusive com aqueles abusos de função, por parte da patroa que faz a babá também trabalhar com limpeza da casa, acompanhante e secretária. Mas elas se aproximam e estranhos comportamentos são cada vez mais recorrentes a medida que a gravidez avança.
.
E o desenvolvimento que se segue é bom, mas se resolve na metade do filme e parte para uma segunda história, quase como uma antologia. Isso mesmo, há uma quebra de narrativa e tom entre a gestação e a criação da criança que prejudicam ambas as partes.
.
O drama da gestação e o relacionamento entre Clara e Ana provoca estranhamentos e se desenvolve aos poucos para um horror com ares de Forma da Água do Guillermo Del Toro. Enquanto a segunda parte mantém o drama a partir da Clara, ainda que numa figura mais leve por seu amor pelo Joel, mas a história se transforma num horror fantástico infantil.
.
E nessa busca forçada por conexão temos elementos que fragilizam a primeira metade, como as músicas de fábulas infantis que não fazem soam fora de sintonia quando aparecem; enquanto na segunda metade temos trechos com os atores cantando como um musical que destoam completamente.
.
Visto de forma fragmentada, acredito que, salvo algumas escolhas narrativas musicadas, ambas as narrativas se resolvem em atuação, desenvolvimento e até efeitos práticos e digitais; mas colocados num único projeto os problemas se sobressaem e "o todo se prejudica pelas partes".
1BR: O Apartamento
2.9 129 Assista AgoraNão acredite muito em aluguéis baratos, alguma coisa pode se esconder nesse
...
Em 1 BR: O Apartamento conhecemos Sarah, uma jovem que mudou para Los Angeles em busca de encontrar um novo rumo para sua vida. Ela fica feliz por ter encontrado o lugar perfeito para morar, mas perfeito pode ser também algo muito estranho.
...
O horror psicológico se apresenta a partir de uma sensação de bizarro constante que vai escalonando, mas esse estranho se perde um pouco nos trechos de tortura que parecem perdidos e sem motivo.
...
A trama desenvolve um senso de comunidade extremo que nega qualquer individualidade e vive para substituir os membros perdidos se organizando como uma seita. Mas falta um melhor tratamento para o roteiro, que desenvolva melhor a motivação, a direção e atuação fracas também prejudicaram no ritmo e imersão.
O Homem de Toronto
3.0 119 Assista AgoraSe você tiver uma impressora, atente-se ao nível de tinta, ele pode evitar ou provocar grandes problemas.
...
No filme O Homem de Toronto conhecemos Randy e Teddy Nilsen, o primeiro é um assassino de aluguel, o segundo um atrapalhado inventor que só quer viajar com a esposa no fim de semana de aniversário.
...
Por causa de uma série de erros, o inventor foi confundido com o assassino e agora ele precisa assumir a identidade do Homem de Toronto numa missão em Porto Rico.
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Clássica comédia de duplas, uma variação do policial bonzinho e malvado, mas desta vez com um assassino e uma pessoa comum sem a menor condição de fazer nada.
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Engraçado, boa interação entre os personagens que se vende pelo carisma dos atores, nesse ponto, a substituição do Jason Statham para o Woody Harrelson fez muito bem para o tempo de comédia e pro próprio tom mais sessão da tarde.
Tio Frank
3.9 240 Assista AgoraO preconceito e a violência que vem dele só promove o isolamento e desunião.
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Em Tio Frank acompanhamos uma jornada de descoberta, de um lado uma jovem que sai de casa pela primeira vez, de outro seu tio, que vive longe da família por causa de algo que ocorreu no passado e nunca foi resolvido.
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Apesar de passar por outros tempos, o filme é ambientado em 1973, década onde costumes estavam sendo questionados, a cultura de preconceitos estava sofrendo suas primeiras mudanças, mas se ainda não superamos a homofobia, o racismo e toda a sorte de preconceitos, nesse momento tudo era ainda mais difícil.
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Assim, o espectador observa esse recorte no tempo pelos olhos de Beth, que ao conhecer a si mesma, descobre sobre seu tio, o motivo dele se isolar tanto, ou porque ele foi isolado e é tão difícil assumir sua sexualidade para os familiares.
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O tom se mantém por grade parte do filme com uma certa leveza, mesmo tratando de temas tão duros e de violência sem recair num exagero melodramático, mas mantendo a tensão sempre presente do medo da descoberta.
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A questão dramática se intensifica no ato final, quando os eventos traumáticos do passado que observamos a partir de flashbacks vem de encontro com a situação presente, ainda que esta se manifesta com algum tipo de esperança.
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Além disso, tecnicamente temos uma bela fotografia em cores quentes, remetendo à década de 1970, mas sem exagerar a ponto de tornar a ambientação sufocante, ela é agradável e convida o espectador a fazer parte dos acontecimentos.
Fresh
3.5 525Tudo que o espírito empreendedor quer é encontra um nicho de mercado único onde possa explorar e enriquecer.
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Em Fresh acompanhamos Noa, uma mulher cansada dos relacionamentos superficiais de Tinder e redes sociais, até encontrar alguém que se mostra diferente e promissor num encontro casual no mercadinho.
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Uma passagem num bar e o relacionamento rapidamente evolui para um fim de semana surpresa numa casa de campo afastada de tudo e fora da cobertura de qualquer celular. Vocês já viram que alguma coisa não vai dar certo né?
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Evitem spoilers porque parte do envolvimento é a descoberta, assim não vou ser tão direto sobre o que o filme trata. Mas é um suspense de horror sádico e sarcástico que vai revirando o estômago por meio de sugestões, enquanto constrói um background que financia e suporta o perigo direto da história.
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Essa atmosfera de horror se apresenta a partir de uma montagem feita com muitos recortes e ângulos não muito convencionais que produz um dinamismo diferente ao mesmo tempo que deixa algumas dicas da situação principal e que se complementa no título que só aparece depois de 30 minutos de filme.
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Todas as escolhas de câmera, ritmo e cores vão constituído um suspense que torna claro para o espectador que Noa está se caindo numa armadilha que ela nega existir até não poder mais fazer nada para sair da situação.
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Enfim, fugindo o máximo em revelar qualquer coisa, a direção e roteiro feitos por mulheres ressaltam elementos que o diferenciam do tipo de produção e ainda sobram espaço até para um humor irônico sobre os males do patriarcado.
Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City
2.2 581Depois de uma longa e controversa série de filmes adaptando o cenário dos jogos de Resident Evil por Paul W Anderson, eis que ele mesmo retorna como produtor para um reinício.
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Em Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City acompanhamos dois grupos de policiais recolhendo pistas sobre o que está acontecendo nas últimas horas antes da Umbrella destruir a cidade para conter uma suposta infestação criada pela própria corporação.
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É num filme com estética muito marcada por filtros, primeiro um vermelho sangue (que também pode ser de uma das partes do símbolo da Umbrella) na introdução; em seguida avançamos alguns anos para a fotografia ganhar também uma coloração azulada.
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Essas escolhas dão um aspecto datado, seja para a década de 1980 na introdução, ou nos anos 1990 no decorrer do filme. Ambientação ressaltada pelas roupas, objetos de cena e até mesmo estilo de filmagem e interpretação.
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Do ponto de vista narrativo, esse ar ultrapassado se reflete numa Raccoon City decadente pelo encerramento das atividades da empresa de cosméticos que praticamente dava emprego para todos na região: a Umbrella.
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E esse ponto é um trunfo, mas o ritmo é sofrível, parece que assistimos às cutscenes de um jogo em alguns momentos, e outros vivenciamos os quebra-cabeças. Mas nada funciona, grande parte é para mostrar os bastidores do primeiro e segundo jogo mostrando como determinado caminhão pegando fogo aparece na frente da delegacia e as caixas com munição se espalham pela cidade.
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E se o ritmo é problemático, as sequências de ação que poderiam ser o prato principal da produção, são piores ainda, ora lentas, ora escuras. Isso sem falar dos efeitos especiais, que se sai bem nos práticos de maquiagem e animatrônico, mas os digitais são desesperadores.
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Os atores escolhidos nem são tão ruins assim, mas a construção dos personagens é rasa a ponto o de se estruturar em frases de impacto (sem nenhum impacto). Os zumbis, por outro lado, são ainda piores e quase nem aparecem!!!
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Enfim, o filme tem apenas uma boa estética, todo o resto é desesperadoramente ruins, então por mais controverso que seja, fique com os filmes da Milla Jovovich.
Interceptor
2.6 82 Assista AgoraQuando falamos em desligar o cérebro para assistir algo geralmente estamos exagerando para justificar que aquilo é muito ruim. E não estou justificando nada, mas entendi o significado de "desligar o cérebro"
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Em Interceptor acompanhamos dois soldados protegendo o centro de controle da base antimíssil estadunidense localizada no meio do Oceano Pacífico. Esse grupo terrorista roubou bombas atômicas russas e colocou as principais cidades dos EUA sob ameaça.
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Seria um simples filme de ação esquecível, mas o roteiro consegue levantar um tema interessante: o assédio e abuso sexual dentro das forças armadas, e como a denuncia pode colocar a vitima numa situação de ainda mais fragilidade por causa do corporativismo machista.
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Mas continua sendo apenas um filme de ação e ufanista, raso, com péssimos atores, que não tenta enganar ninguém. Ainda que toca em questões que existem dentro das instituições militares como machismo (já citado), mas também a xenofobia, racismo e toda uma série de problemas estruturais da sociedade que refletem nas forças armadas, na política ou qualquer outra instituição.
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Uma curiosidade, Chris Hemsworth é casado com Elsa Pataky, a protagonista, e faz uma participação especial "pro bono" como vendedor de TVs que assiste a transmissão que os terroristas fizeram do ataque à plataforma. Uma sketch de humor ok e completamente destoante do resto do filme.
Distrito 666
1.8 6Isolamento é o novo zumbi? Provavelmente o prazo de validade é muito menor, mas é uma possibilidade de produzir um baixo orçamento.
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Em Distrito 666 somos levados a 2042, a Pandemia nunca foi controlada e o mundo não voltou ao normal, na verdade evoluiu para um estado totalitário mundial dividido em distritos sem comunicação entre os residentes e com controladores que vigiam as ruas respondendo qualquer desvio com força.
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O fie acontece principalmente por meio dos encontros virtuais e os pensamentos do protagonista em longos monólogos. Estrutura que amplia a claustrofobia da situação e a depressão que toma os personagens, mas torna o ritmo bastante lento e cansativo prejudicado também pela atuação irregular.
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Mas o que realmente incomoda é a tentativa de pintar o filme com uma aura gringa, toda a produção é nacional, mas eles forçaram muito na tentativa de tornar internacional. Assim, todos os personagens tem nomes anglófonos, e o pior fica para o grupo cantando o hino Amazing Grace!!! Por que??
Espontânea
3.1 118 Assista AgoraHistórias adolescentes geralmente tratam de viver cada dia como se fosse o último da maneira mais intensa possível, mas quando os adolescentes começam a explodir sem motivo isso ganha outra perspectiva.
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É justamente sobre isso Espontaneous, numa cidade dos EUA, jovens formandos começam a explodir sem motivo aparente, e o desespero leva os sobreviventes a repensar sobre suas vidas e futuros.
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A premissa do filme sugere algo louco e surreal, mas basicamente temos uma comédia romântica com adolescentes padrão até o meio do filme, em seguida, quando as consequências das explosão realmente pesam, o filme tem uma guinada para o drama existencial até chegar numa conclusão que aponta para algo mais otimista: a de que vivemos apenas o presente e todos morreremos de uma forma ou outra.
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Ao refletir mais sobre a trama, temos uma espécie de investigação da geração atual que é niilista por excelência e não tem qualquer perspectiva em relação ao futuro. Não é mais o sentimento de imortalidade, mas saber que a morte pode acontecer ao virar a esquina e não se importar com mais nada e nem consigo mesmo.
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Infiltrado
3.6 319 Assista AgoraTodos temos algo que nos leva seguir em frente, para alguns pode ser o dinheiro, e outras a vingança.
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Em Infiltrado acompanhamos um segurança de carros forte recém contratado que num de seus primeiros trabalhos, seu colega é feito refém e ele resolve tudo com as próprias mãos.
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É um suspense de ação policial que foi sim aclamado por crítica e público, mas que para mim não funcionou. Todo o pano de fundo com ex-soldados abandonados pela sociedade foi inserido de forma superficial, apenas como desculpa para encontrar uma ligação com o público.
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Infelizmente o título nacional meio que entrega a trama antes mesmo dela se revelar, mas esse não é o maior problema, e sim o ritmo lento que nada lembra outras obras de Guy Ritchie. Ok, talvez pela temática e violência de crime urbano, mas as múltiplas sequências que convergem e interligam passaram bem longe do seu auge.
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O filme tem uma trilha constante que busca o incomodo, provoca a sensação de que algo ruim se aproxima a todo momento e é o melhor que podemos encontrar. A menos que você seja fã de Jason Statham fazendo o que sempre faz.
Spiderhead
2.5 197 Assista AgoraQuais piores sentimentos podemos sentir? O quanto podemos controlar?
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Em Spiderhead conhecemos uma prisão de segurança máxima onde todos residentes aceitaram participar de testes de drogas experimentais que controlam as emoções para terem sua pena reduzida.
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Tudo da ambientação não soa real, a prisão é paradisíaca de mais, e eu não estou nem falando da parte externa, mas de todas as regalias que encontraríamos num resort de luxo.
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Mas é nessa aparente paraíso que esconde o pior e mais desumano dos vilões, um bilionário carismático e sem escrúpulos que faz de tudo para enriquecer sempre mais.
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O filme mistura gêneros narrativos trazendo humor ao suspense, mas com um drama crescente por parte do detento Jeff que parece ser o único que sente realmente o quão errado é tudo que está acontecendo; enquanto o cientista se afunda cada vez mais nas suas ambições.
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Roteiro divertido, ritmo envolvente e bons atores que nos fazem acreditar nas situações bizarras. O final que ficou completamente caótico e o tom parece se transforma numa espécie anacrônica de ação da década de 1990.
Halloween Kills: O Terror Continua
3.0 683 Assista AgoraQuando um filme não é num filme? Mas apenas um apanhando de cenas extras que foram coladas uma atrás da outra na tentativa de fazer sentido?
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Halloween Kills é a continuação da continuação (que está valendo no momento), do filme Halloween da década de 1970, produção que redefiniu o horror e inaugurou todo um subgênero. Porém, numa versão muito fragmentada.
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Tudo começa em 1978, com uma longa introdução que tenta conectar este filme ao original, introduzindo alguns personagens e estendendo acontecimentos que sabíamos apenas por relatos.
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Em seguida, voltamos para o momento imediatamente após o fim de Halloween de 2018, quando Laurie e sua família pareciam ter matado de vez o assassino. Mas para termos uma continuação, claro que isso não aconteceu.
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Essa escolha possibilitou vermos as consequências do massacre, o pânico tomando conta da cidade e grupos paramilitares sendo formados com direito a linchamento público. Por outro lado, Laurie e família perderam espaço para um monte de vítimas em potencial que vão sendo mortas uma atrás da outra.
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Assim, temos duas possibilidades de análise: uma considera Laurie e família como protagonista, nesse caso o filme é uma grande decepção; na outra temos como principal a população da cidade de Haddonfield, onde todos pensam ser protagonistas, trazendo uma linha interessante de pensamento.
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Infelizmente estou no primeiro grupo e com Laurie se recuperando no hospital, vemos histórias fragmentadas que se conectam, mas forçam sua importância. Além do tom sobrenatural, negando o filme anterior que se justificava principalmente em tornar Michael Myers mais real.
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Para os fãs de gore e pouca história, este talvez seja o filme com mais mortes, ainda que algumas sequências soem repetitivas. E como maior destaque que posso levantar, temos a fotografia, pois ao utilizar cenas do filme original misturadas com atuais que retratam 1978, vemos um cuidado nos objetos de cena ambientação, bem como o uso de um filtro que deixa essa mistura mais orgânica e imperceptível.
The Mirror Boy
3.2 2Nollywood é um polo cinematográfico pouco mencionado, mas que tem uma produção crescente e que a Netflix contribuí na divulgação.
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Em O Garoto do Espelho acompanhamos Tijan, uma criança Londrina que depois de responder à xenofobia com violência, se muda com a mãe para a terra dos ancestrais na Gambia. Chegando lá é levado por um espírito brincalhão que para uma jornada, enquanto sua mãe se desespera.
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Uma história infantil de aventura e fantasia que brinca com mitologias e costumes locais. É bobinho, tem direção e atores bem fracos que beira o amadorismo, mas desperta a curiosidade e apresenta dois garotos com muito carisma.
As Passageiras
2.6 141O que pode ser pior que monstros sugadores de sangue que se acham superiores a todos? Nada, mas os vampiros também podem participar da festa.
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No filme as Passageiras, acompanhamos Benny, um jovem que assume o posto de motorista do irmão por um dia levando duas garotas por Los Angeles para várias baladas da mais alta sociedade. O que ele não sabe é que além de dinheiro todos os mais ricos moradores da cidade também tem uma literal sede por sangue.
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Sim, é um filme de ação que deixa claro estar trabalhando com vampiros desde a abertura onde descobrimos que existe uma trégua ancestral com os humanos, mas que logo nos primeiros cinco minutos é quebrada para compor o pano de fundo da trama.
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O roteiro brinca com uma metáfora da luta de classes colocando os vampiros entediados por serem imortais e ricos, mas "restritos" a não poder fazer o que querem com os pobres humanos pobres. Pra ressaltar as diferenças, são brancos ricos contra pobres, negros e latinos.
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Simples e divertido, o trio está bem entrosado e apresenta um bom ritmo com o cenário sendo apresentado aos poucos para o protagonista (que está mais de paraquedas que o espectador na história).
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Para aproveitar a ambientação de vida noturna de Los Angeles, temos o hip-hop e a iluminação esbanjando neon, ainda que com mais definição e cor do que o padrão quando outras produções escolhem essa estética.
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Ip Man: O Mestre do Kung Fu
2.7 9 Assista AgoraIp Man é um dos mestres de Kung Fu mais reconhecidos do século XX por ter ensinado Bruce Lee à lutar.
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Mas sua vida foi muito mais complexa e movimentada que isso e várias foram as adaptações de seus feitos. E antes mesmo da série cinematográfica sobre sua biografia esfriar, em 2019 mais um filme foi lançado, focado na época que Ip era policial em Foshan.
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Tal trabalho não teve vida muito longa justamente pela corrupção da força de segurança que fazia tudo que a Gangue dos Machados mandasse. E este é o recorte do filme, épica em que a Gangue dos Machados perde seu mestre, e um gangster japonês expulsa a nova líder para inserir o tráfico de ópio até então proibido.
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Além disso, como macro contexto temos a China de 1940, quando sofria com a invasão do exército imperial japonês, momentos antes de entrar efetivamente na Segunda Guerra Mundial.
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É um filme de balé marcial com sequências de lutas impossíveis entre exércitos inimigos que enfrentam os protagonistas. E se dá muito bem nos combates, mas todo o resto é um festival de breguice que assinala todos os itens da cartilha com transições de cena ruins, trilha sonora melosa e diálogos desesperadores.
O Livro do Amor
2.7 28 Assista AgoraDe vez em quando só precisamos sair da zona de conforto pra encontrar novas possibilidades.
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Em Livro do Amor conhecemos um autor de romances que, depois de meses de fracasso, descobre que seu livro foi lançado no México e virou um sucesso. Acontece que seu romance foi completamente modificado pela tradutora.
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A direção começa ruim, mas depois vai se acertando enquanto o roteiro seguia a cartilha básica das comédias românticas, mas o esforço e carisma dos atores nos ajudam a simpatizar com o filme. Claro, sem esquecer das paisagens mexicanas que dão um show a parte.
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É ok, dá para se divertir com o romance e os desencontros do filme, existe um conflito desnecessário no ato final, mas possibilita uma sequência "novela mexicana" que vale a pena.
Ghostbusters: Mais Além
3.5 408 Assista AgoraMais de 30 anos depois de Nova York ser atacada por um Gigante de Marshmallow e uma Estátua da Liberdade dançante, o mundo esqueceu que fantasmas existem e seus caçadores debandaram, mas chegou o momento de tudo retornar (mais uma vez).
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Um dos maiores sucessos da década de 1980 volta com Caça Fantasmas Afterlife. Depois de uma tentativa fracassada em 2016, que levou muito hater, e embora realmente fraco, ele teve bons momentos, mas será que uma abordagem mais infantil funcionaria?
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Sim, funciona, nessa segunda tentativa de revival acompanhamos a filha e os netos do professor Egon que mudam-se para a fazenda isolada do avô depois de sua morte. Assim, a mega cidade é substituída por um povoado perdido no meio do nada estadunidense e que parece parada no tempo.
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É um filme voltado para o público infantil com aquela ideia nostálgica que tenta trazer também os fãs do original numa trama onde é possível encontrar muitas ressonâncias, mas felizmente sem que nenhuma pareça avulsa ou preguiçosa.
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E assim, temos efeitos especiais competentes que dividem espaço com o brega/tosco, misturando referências e a criação de uma ambientação que remete ao passado de forma convincente e coerente com o cenário.
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Vale destacar também o elenco mais jovem que conduz a trama e participa da descoberta do fantástico, em destaque para McKeena Grace e Logan Kim. O Paul Rudd no papel do fã adulto apresenta o mundo do bizarro para as crianças e sempre com aquele humor de vergonha alheia. Além de contar com participações especiais pontuais dos antigos personagens, prestando homenagem sem roubar a cena.
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Enfim, uma bela homenagem aos Caça Fantasmas e ao seu mais que especial criador Harold Ramis que infelizmente morreu em 2014.
Curral
3.5 32 Assista AgoraParece que todos os anos temos eleições, ou pelo menos alguns políticos tratam dessa maneira e estão sempre em campanha contra o governo mesmo quando eles mesmos são o governo.
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Em Curral acompanhamos Chico Caixa que ajuda Joel, um amigo que é advogado e está tentando uma vaga de vereador de Gravatá no Pernambuco. A cidade padece de um problema virtualmente insolúvel, uma infindável crise hídrica que não é resolvida por falta de vontade política.
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Passamos em então, de uma forma quase documental às ameaças, compra de votos, desinformação, jingles, alianças, almas sendo vendidas e promessas que não se sustentam para além do dia da eleição, num drama que vemos todos os anos eleitorais.
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É um filme que apesar do tema se fecha na figura de apenas um personagem, como uma investigação do mesmo perante as tentações e esperanças, e por isso padece de um maior aprofundando na corrupção para além da visão do próprio personagem.
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Surpreende como os atores trazem verdade em suas falas, mesmo aqueles que não são profissionais, mas isso talvez ocorra porque os problemas e as reivindicações sejam mesmo reais e cotidianos.
Anônimo
3.7 742Numa sociedade que comemora a violência, qual a medida do fracasso?
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Em Anônimo acompanhamos uma pessoa comum, um pai ignorado pelo filho, um marido num casamento falido, com emprego ruim e preso na eterna rotina. Tudo isso o coloca como grande fracasso coroado com um assalto que ocorre em sua casa e ele não reage.
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Tudo apontava para um drama na linha de Dia de Fúria que questiona a sociedade violenta e armamentista estadunidense, que celebra os massacres que fez ao longo da história. Mas a que essa violência serve?
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E então ele perde o controle num "dia de fúria" que faz seu passado vir à tona e quase mata uma gangue que cruza com ele num ônibus circular. E o que se segue é esse "ninguém" enfrentando a máfia russa com sede de sangue por vingança.
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É um filme de ação, que parece seguir para uma linha de desconstrução, mas sem deixar de lado os questionamentos apontados na introdução, se desenvolve numa ação frenética e crua de violência bastante gráfica.
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O ritmo é embalado por silêncios e músicas inusitadas que dão um tom mais cômico às cenas de ação numa montagem com muitos cortes em cenas de cotidiano que se contrapõe a sequências longas e contínuas de luta.
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Censor
3.1 123A violência dia filmes realmente transborda para a realidade? Quais são os limites? Quem os define?
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Esse é um debate que vez ou outra reaparece e em Censor acompanhamos Enid Baines que em 1985 trabalha como censora pro governo britânico, apontando os cortes que produções precisam fazer caso queiram diminuir a faixa etária.
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O roteiro nos apresenta uma violência que cresce junto com o pânico da população assim que a imprensa liga um assassino hediondo a um filme liberado pelos censores. E em meio a crise, Enid descobre que uma atriz dos filmes que avalia pode ser a sua irmã desaparecida desde a infância.
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E assim, a partir do trauma e da culpa que a protagonista é levada investigar uma descoberta que a coloca num suspense psicológico que se transforma aos poucos num terror o qual sua sanidade entra em jogo.
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Com cores supersaturadas, corredores claustrofóbicos, televisores fora do ar e trilha sonora opressiva, o filme não esconde ser independente e até ressalta isso como se tivesse sido feito na década de 1980. Sua principal referência são as produções "nasty" com alguns acréscimos estéticos que parecem ter saído do giallo.
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Os Gialli, filmes de suspense exploitation da Itália na década de 1970 já são mais conhecidos. No entanto, esses "vídeos nasty", faz parte de um movimento bastante obscuro do exploitation britânico que proliferou no início da década de 1980. Eram produções feitas direto para o vídeo e que não recebiam classificação indicativa, o que possibilitava cenas ainda mais violentas, mas que foi intensamente criticada.
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Censor traz uma proposta interessante, mas sofre com problema de ritmo que se manifesta a partir de uma escolha narrativa que vai se tornando cada vez mais lento com o passar do tempo.
Ontem Havia Coisas Estranhas No Céu
2.6 22Uma câmera na mão e o dia a dia nas telas.
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Em Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu acompanhamos uma família em crise, presa no tédio do cotidiano e falta de perspectiva, com um marido de meia idade desempregado e uma esposa dona de casa sem saber o que fazer para mudar sua rotina. Até chegarmos nos momentos mais surreais, quando a mãe é abduzida, mas retorna alguns dias depois sem nada mudar, toda a tediosa rotina sempre igual que não permitiu nem perceber o anormal.
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A produção independente se vale de um recurso narrativo estranho ao cinema, mas não tanto ao teatro, a narração dos sentimentos e conflitos do personagem em pontos esparsos, como se estivesse estudando o roteiro, fora de si como se víssemos um personagem.
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Com caráter quase documental, o que vemos é o diretor filmando na casa de seus pais ao longo de nove anos, uma construção antiga e exprimida entre prédios novos e outras residencias térreas numa vila em extinção pela especulação imobiliária.
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E assim intriga por retratar algo real e com realismo, os personagens que não atuam, o som captado pela própria câmera que muitas vezes é notada e participa da cena e a iluminação ambiente que vez ou outra impossibilita até enxergar o que está sendo filmado. Preservando tudo que é considerado erro pelo diretor/cinegrafista/roteirista, o próprio filme se torna um making off de si mesmo.
Atividade Paranormal: Ente Próximo
2.5 192 Assista AgoraFranquias são essencialmente marcas, então nada impede que um nome seja utilizado à exaustão para aproveitar um nome vendável, pelo menos é isso que os produtores acham.
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Atividade Paranormal: Ente Próximo é o sétimo filme da franquia e nada tem a ver com os outros além de ter uma câmera na mão e um demônio na cabeça. Nesse filme acompanhamos Margot, que junto à amigos cinegrafistas, investiga seu passado Amish recém descoberto.
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É um filme de terror sobre possessão no estilo found footage genérico, tudo é clichê: temos aqueles sustos básicos, as câmeras trêmulas e as decisões questionáveis das vítimas em potencial.
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Por outro lado, os atores são bem entrosados e o roteiro apresenta uma contextualização do pano de fundo interessante e que possibilita uma boa diversão, é só ignorar a tentativa de ligar com Atividade Paranormal.