Há trocentas coisas a serem destacadas aqui, fotografia, trilha, edição de som, atuações impecáveis das crianças, e até coisas que muitos acham ruim como a mudança de foco e clima que o filme apresenta que vai de um suspense noir a um conto de fadas sem nenhum problema, porém a personagem da sempre surpreendente Lilian Gish assim como foi desde o começo do cinema americano até o fim da sua carreira que coincide com o fim da sua vida foi o que mais me impressionou, talvez seja ela que mais demonstre onde o filme realmente quer chegar, por vezes o bem e o mal partem do mesmo princípio, em quase toda cena ela reclama da ingenuidade e fraquezas das mulheres porém jamais deixa de acreditar em si, suas citações morais são todas bíblicas assim como a do pastor mas em nenhum momento cheiram a dogmatismo e sim como exemplo para sua bondade, belo e extremamente funcional para ser destrinchado em uma conversa de bar.
Por mais que ache que o Arno Frisch tenha sido o ator que melhor compreendeu o sadismo hanekiano, não achei que o Michael Pitt comprometeu, na verdade o que mais me incomodou foi a personificação da Anna pela Naomi Watts e sua relação com seu marido, e aí talvez tenha sido ocasionado pela falta de carisma da Susanne Lothar na primeira versão, o que não é nenhum demérito, pelo contrário, é extremamente coerente e funcional na obra do Haneke onde é difícil encontrar ou simpatizar realmente pelas vítimas, sendo mais fácil encontrar culpados, e aqui, mais que em qualquer outro, somos nós.
A princípio a atuação da Jennifer Jones parece por demais afetada, o que chegou a incomodar-me, mas o filme cresce tanto que o que realmente fica martelando na cabeça é o que ficou na cabeça do Scorsese, "Como ela pode gostar dele?", como? E no final de tudo a atuação da Jennifer não só convence como surpreende.
A fotografia em preto e branco do Joseph MacDonald é belíssima, a história é extremamente envolvente mesmo guardando a sequência motriz do roteiro apenas pro final, o Henry Fonda é realmente muito adaptável nos seus papéis e funciona muito bem de mocinho ou bandido, provavelmente por isso o John Wayne não entrou no filme, o Walter Brennan surpreende desde os primeiros minutos, só que a personagem da Clementine não merece o título, a música principal e ainda parece forçada sua introdução no roteiro. De resto, filmaço mesmo!
Tenho que rever sim, mas pra mim até então não é só o primeiro grande filme do Bergman, rótulo que é dado ao "Juventude", como também é a primeira grande homenagem ao ídolo Sjöstrom, que apesar de não ser o persoagem central como em "Morangos Silvestres", a ele é reservado um belíssimo papel como o maestro Soderby que no trecho final realiza um dos grandes momentos da obra do Bergman tentando explicar a alegria entoada na Nona Sinfonia quando já estamos destroçados pela morte da Marta, apesar de já sabermos disto desde o começo.
Um filme que infelizmente carrega uma murrinha ideológica grande, mas por outro lado denuncia diversos outros preconceitos, inclusive os que os diretores de Hollywood estavam submetidos, devido ao Código Hays nem mulheres grávidas poderiam aparecer na tela, o personagem da Louise Platt tem o bebê sem aparecer grávida uma única vez, Claire Trevor deixa subtendido mas não menciona uma única vez que é prostituta, mas mesmo assim, com Código Hays e com poucos personagens, Ford consegue dizer quase tudo que tinha pra se dizer. Ford visivelmente domina todos os recursos técnicos cinematográficos, mas quem domina o filme são seus personagens.
Realmente segue o mesmo padrão dos seus três primeiros filmes, mas diferente destes não nos dá um final definitivo como consequência da falta de comunicação, as consequências são cotidianas e quase sempre invisíveis. Tenho a impressão que nos primeiros filmes a resposta do incômodo durante a sessão é jogada logo na nossa cara, geralmente no desfecho, e entendemos e compactuamos com o diretor por nos incomodar tanto durante a obra, este aqui demora mais, no final a sensação é de imcompreensão, até corpo e mente conseguirem digerir tudo e perceber que denovo ele tem razão.
Em seus três primeiros filmes, com trocentos personagens, Haneke consegue que não simpatizemos com nenhum, vítimas ou algozes, e tudo propositalmente. Se um dia descobrirmos que as relações burocráticas do mundo moderno são tão violentas como os casos noticiados pela mídia, ou no mínimo a causa deles, a culpa será do Haneke, tenho certeza!
Que história poderosa, que passagens poderosas. Lean consegue equiparar o fardo da mentira carregado por Laura com qualquer crime propriamente dito cometido por amantes explorado em diversos filmes.. e que olhos, se eu fosse um cisco em um trilho de trem não teria dúvidas também.
Diferentemente do que faz no filme anterior, Haneke já nos surpreende na primeira metade do filme, puro engano, a mente insana do Benny nos surpreenderá ainda mais. Por hora não o favorito por ainda estar muito incomodado e por um tanto de vergonha.
Não se dá pra saber de onde surgiu e a história de tamanha amizade do François pelo Serge durante o filme, mas o exemplo de dedicação dado por François ultrapassa o grupo de degenerados do Serge e alcança qualquer ser que entre em contato com esta obra, "Eles não precisam de palavras, precisam de um exemplo" a partir daí as ações do François surpreende e destroem qualquer um.
O idéia do curta por si só já é muito boa, mas a sequência da empregada, a sacada do shopping e o desfecho com a ciranda ao som de Lia do Itamaracá até a fresta de luz solar onde todos se juntam pra se esquentar a lá "Milagre em Milão" são ainda mais surpreendentes, feliz em vê-lo e ansioso em revê-lo.
Apesar de ter sido retalhado pelo regime fascista, por exemplo sequer desconfiamos que o Espagnolo é um personagem homossexual devido aos cortes, Visconti consegue trazer aos filmes italianos um ambiente de fundo real e personagens viscerais ambientados com aridez no Vale do Pó, escolhido muito mais pela sua importância material que por sua beleza natural, e ainda através de sentidos dúbios ininteligíveis para Mussolini e sua trupe sexualizar ao máximo seu "Ossessione", como no suntuoso "Come-se aqui?" no primeiro encontro de Gino e Giovanna, daí pra frente já sabe né...
O rosto do Arnaldo Baptista transborda a todo momento uma sinceridade assustadora, talvez por isso seja qual fosse o seu momento emocional a sua obra continuava tão significativa e tocante, lindo, um guru, realmente.
Eu não sei se existe pessoas com argumentos mais interessantes que os que apareceram defendendo a validade deste tipo de humor que é debatido no filme, mas é notável o quanto as pessoas que aparecem no documentário na defesa não são só frágeis e esnobes como desconhecem o poder e os fundamentos da própria linguagem da qual se valem, a impressão de que o filme é tendencioso é muito maior pela diferença de contundência de opiniões e de inteligência entre os entrevistados que por qualquer outro motivo técnico, e aqueles imagens dos risos da platéia dá pra se fazer um tratado sobre opinião pública.
Excessivamente performático, inconvincente e inverossímil, tinha raiva das duas ao terminar o filme, mas principalmente do Medem por perder um bom argumento, chatíssimo!
Lendas e questões sociais são indissociáveis, parece ser isso que Nelson Pereira diz, ainda bem que tinha do lado alguém que entendia as lendas do campo pra me situar durante a sessão, valeu Ju! rs
Pra ser revisto constantemente pela abundância discursiva do filme! Bela representação dos fuzis como instrumento de poder, bastante condinzente com a História da região. "De graça, só se morre de fome", desfecho maravilhoso, a pulsão revolucionária, comum nos enredos cinemanovistas, em "Os Fuzis" sai de onde menos esperamos, e por fim, a morte do boi, filmado com referência direta a "Alemanha, Ano, Zero", talvez cause até maior impacto que no filme italiano pelo cunho religioso impregnado ao animal.
O Mensageiro do Diabo
4.1 264 Assista AgoraHá trocentas coisas a serem destacadas aqui, fotografia, trilha, edição de som, atuações impecáveis das crianças, e até coisas que muitos acham ruim como a mudança de foco e clima que o filme apresenta que vai de um suspense noir a um conto de fadas sem nenhum problema, porém a personagem da sempre surpreendente Lilian Gish assim como foi desde o começo do cinema americano até o fim da sua carreira que coincide com o fim da sua vida foi o que mais me impressionou, talvez seja ela que mais demonstre onde o filme realmente quer chegar, por vezes o bem e o mal partem do mesmo princípio, em quase toda cena ela reclama da ingenuidade e fraquezas das mulheres porém jamais deixa de acreditar em si, suas citações morais são todas bíblicas assim como a do pastor mas em nenhum momento cheiram a dogmatismo e sim como exemplo para sua bondade, belo e extremamente funcional para ser destrinchado em uma conversa de bar.
Violência Gratuita
3.4 1,3KPor mais que ache que o Arno Frisch tenha sido o ator que melhor compreendeu o sadismo hanekiano, não achei que o Michael Pitt comprometeu, na verdade o que mais me incomodou foi a personificação da Anna pela Naomi Watts e sua relação com seu marido, e aí talvez tenha sido ocasionado pela falta de carisma da Susanne Lothar na primeira versão, o que não é nenhum demérito, pelo contrário, é extremamente coerente e funcional na obra do Haneke onde é difícil encontrar ou simpatizar realmente pelas vítimas, sendo mais fácil encontrar culpados, e aqui, mais que em qualquer outro, somos nós.
Duelo ao Sol
3.6 35 Assista AgoraA princípio a atuação da Jennifer Jones parece por demais afetada, o que chegou a incomodar-me, mas o filme cresce tanto que o que realmente fica martelando na cabeça é o que ficou na cabeça do Scorsese, "Como ela pode gostar dele?", como? E no final de tudo a atuação da Jennifer não só convence como surpreende.
Paixão dos Fortes
4.0 57 Assista AgoraA fotografia em preto e branco do Joseph MacDonald é belíssima, a história é extremamente envolvente mesmo guardando a sequência motriz do roteiro apenas pro final, o Henry Fonda é realmente muito adaptável nos seus papéis e funciona muito bem de mocinho ou bandido, provavelmente por isso o John Wayne não entrou no filme, o Walter Brennan surpreende desde os primeiros minutos, só que a personagem da Clementine não merece o título, a música principal e ainda parece forçada sua introdução no roteiro. De resto, filmaço mesmo!
Rumo à Felicidade
3.8 21Tenho que rever sim, mas pra mim até então não é só o primeiro grande filme do Bergman, rótulo que é dado ao "Juventude", como também é a primeira grande homenagem ao ídolo Sjöstrom, que apesar de não ser o persoagem central como em "Morangos Silvestres", a ele é reservado um belíssimo papel como o maestro Soderby que no trecho final realiza um dos grandes momentos da obra do Bergman tentando explicar a alegria entoada na Nona Sinfonia quando já estamos destroçados pela morte da Marta, apesar de já sabermos disto desde o começo.
No Tempo das Diligências
4.1 143 Assista AgoraUm filme que infelizmente carrega uma murrinha ideológica grande, mas por outro lado denuncia diversos outros preconceitos, inclusive os que os diretores de Hollywood estavam submetidos, devido ao Código Hays nem mulheres grávidas poderiam aparecer na tela, o personagem da Louise Platt tem o bebê sem aparecer grávida uma única vez, Claire Trevor deixa subtendido mas não menciona uma única vez que é prostituta, mas mesmo assim, com Código Hays e com poucos personagens, Ford consegue dizer quase tudo que tinha pra se dizer. Ford visivelmente domina todos os recursos técnicos cinematográficos, mas quem domina o filme são seus personagens.
A Trapaça
3.9 36 Assista AgoraPor mais que o Augusto nos tome de simpatia e de esperança de redenção, a partir da sequência final onde até nós somos enganados,
acompanhei a sua morte com um triste "que assim seja".
O povo ainda não está preparado para defender-se de homens como ele, é desigual.
Código Desconhecido
3.7 79 Assista AgoraRealmente segue o mesmo padrão dos seus três primeiros filmes, mas diferente destes não nos dá um final definitivo como consequência da falta de comunicação, as consequências são cotidianas e quase sempre invisíveis. Tenho a impressão que nos primeiros filmes a resposta do incômodo durante a sessão é jogada logo na nossa cara, geralmente no desfecho, e entendemos e compactuamos com o diretor por nos incomodar tanto durante a obra, este aqui demora mais, no final a sensação é de imcompreensão, até corpo e mente conseguirem digerir tudo e perceber que denovo ele tem razão.
71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso
3.7 74 Assista AgoraEm seus três primeiros filmes, com trocentos personagens, Haneke consegue que não simpatizemos com nenhum, vítimas ou algozes, e tudo propositalmente. Se um dia descobrirmos que as relações burocráticas do mundo moderno são tão violentas como os casos noticiados pela mídia, ou no mínimo a causa deles, a culpa será do Haneke, tenho certeza!
Desencanto
4.4 171 Assista AgoraQue história poderosa, que passagens poderosas. Lean consegue equiparar o fardo da mentira carregado por Laura com qualquer crime propriamente dito cometido por amantes explorado em diversos filmes.. e que olhos, se eu fosse um cisco em um trilho de trem não teria dúvidas também.
O Vídeo de Benny
3.6 233 Assista AgoraDiferentemente do que faz no filme anterior, Haneke já nos surpreende na primeira metade do filme, puro engano, a mente insana do Benny nos surpreenderá ainda mais. Por hora não o favorito por ainda estar muito incomodado e por um tanto de vergonha.
Nas Garras do Vício
3.9 28Não se dá pra saber de onde surgiu e a história de tamanha amizade do François pelo Serge durante o filme, mas o exemplo de dedicação dado por François ultrapassa o grupo de degenerados do Serge e alcança qualquer ser que entre em contato com esta obra, "Eles não precisam de palavras, precisam de um exemplo" a partir daí as ações do François surpreende e destroem qualquer um.
Os Boas-Vidas
4.0 54 Assista AgoraA cena da partida do Moraldo com a câmera se afastando dos amigos me deixou arrepiado!
A Hora e a Vez de Augusto Matraga
4.0 30"Se alguém tem que morrer, que seja pra melhorar." Que trilha bacana!
Recife Frio
4.3 314O idéia do curta por si só já é muito boa, mas a sequência da empregada, a sacada do shopping e o desfecho com a ciranda ao som de Lia do Itamaracá até a fresta de luz solar onde todos se juntam pra se esquentar a lá "Milagre em Milão" são ainda mais surpreendentes, feliz em vê-lo e ansioso em revê-lo.
Obsessão
3.9 32 Assista AgoraApesar de ter sido retalhado pelo regime fascista, por exemplo sequer desconfiamos que o Espagnolo é um personagem homossexual devido aos cortes, Visconti consegue trazer aos filmes italianos um ambiente de fundo real e personagens viscerais ambientados com aridez no Vale do Pó, escolhido muito mais pela sua importância material que por sua beleza natural, e ainda através de sentidos dúbios ininteligíveis para Mussolini e sua trupe sexualizar ao máximo seu "Ossessione", como no suntuoso "Come-se aqui?" no primeiro encontro de Gino e Giovanna, daí pra frente já sabe né...
Chuva
4.1 31Chuva!
Loki
4.4 180 Assista AgoraO rosto do Arnaldo Baptista transborda a todo momento uma sinceridade assustadora, talvez por isso seja qual fosse o seu momento emocional a sua obra continuava tão significativa e tocante, lindo, um guru, realmente.
O Jardim dos Prazeres
3.2 40Hitchcock mostrando que já sabia o que queria!
Jesse James
3.7 30 Assista Agorao discurso final é de uma contundência arrepiante!
O Riso dos Outros
4.2 152Eu não sei se existe pessoas com argumentos mais interessantes que os que apareceram defendendo a validade deste tipo de humor que é debatido no filme, mas é notável o quanto as pessoas que aparecem no documentário na defesa não são só frágeis e esnobes como desconhecem o poder e os fundamentos da própria linguagem da qual se valem, a impressão de que o filme é tendencioso é muito maior pela diferença de contundência de opiniões e de inteligência entre os entrevistados que por qualquer outro motivo técnico, e aqueles imagens dos risos da platéia dá pra se fazer um tratado sobre opinião pública.
Um Quarto em Roma
3.4 503Excessivamente performático, inconvincente e inverossímil, tinha raiva das duas ao terminar o filme, mas principalmente do Medem por perder um bom argumento, chatíssimo!
A Terceira Margem do Rio
2.9 25Lendas e questões sociais são indissociáveis, parece ser isso que Nelson Pereira diz, ainda bem que tinha do lado alguém que entendia as lendas do campo pra me situar durante a sessão, valeu Ju! rs
Os Fuzis
4.1 73Pra ser revisto constantemente pela abundância discursiva do filme! Bela representação dos fuzis como instrumento de poder, bastante condinzente com a História da região. "De graça, só se morre de fome", desfecho maravilhoso, a pulsão revolucionária, comum nos enredos cinemanovistas, em "Os Fuzis" sai de onde menos esperamos, e por fim, a morte do boi, filmado com referência direta a "Alemanha, Ano, Zero", talvez cause até maior impacto que no filme italiano pelo cunho religioso impregnado ao animal.