Sou meio suspeito pra falar sobre esse filme. Tenho proximidade com o diretor, conheço boa parte da equipe e ainda se passa na minha cidade. Mas sem ser caseiro, gostei pra caramba! Já de início nos apresenta uma protagonista muito forte e extremamente bem interpretada, me deixou super curioso pra conhecer melhor a atriz, ela sustenta diálogos intensos com uma destreza singular e leva muito bem uma necessária pincelada de discurso feminino. Enviei um e-mail pra [email protected] com o título: "TEM SIM", e com o texto: "Eu tô aqui.", ao que ela me respondeu:
"Fico feliz em te ler, Sávio. Aqui também há alguém. Sigamos. E que a nossa existência ecoe em tantas outras.
com afeto Catarina."
Os discursos das relações de Catarina, sejam sociais, profissionais, acadêmicas, geográficas, são sempre muito interessantes. Tem uma homenagem massa a Adirley Queirós, além de uma bela finalização. Assistam!
Qual que é a desse filme? Kk. Querem levar Ghost a um outro patamar. No começo eu tava até achando um tanto quanto provocante, me parecia que Juste não conseguia se conectar com a morte, mas ajudava outras pessoas a fazê-lo, não sei se era exatamente isso. Depois outras particularidades vão surgindo, mas pra mim, sinceramente, nada fez muito sentido. Senti um sono desgraçado próximo ao ato final. Bagunçado.
Filme que parte de uma premissa bem interessante, tem uma ambientação bacana na reconstrução de época e um par de protagonistas ótimo, a Veerle Baetens sempre tá muito bem. O filme também acerta em parte do tom de suspense, mas em algum momento começa a se perder, as ações ficam exageradas e perdem sentido. Muito furos, forçadas de barra e um final ruim de engolir. Tinha potencial, mas podia ter sido muito melhor tratado.
Eita, complicado falar sobre esse filme, mas vamos lá. Antes de qualquer coisa é muito problemático o abuso do marido ser encarado de forma tão natural pela narrativa, há uma pequena crítica feita a isso naquela cena da conversa com a juíza (?), mas no geral, é naturalizado. O cara implantou uma gravidez indesejada na mulher, e depois o próprio filme mostra o quanto isso é violento. Paralelamente, o homem é mostrado como se tivesse uma gravidez psicológica/paranoica, e nisso há uma discussão irada sobre os sofrimentos femininos no que tange a isto, há algumas críticas interessantes, e essa linha narrativa gera um humor muito interessante, que arranca boas gargalhadas, mas de forma agridoce, em função de toda a problemática citada. Daí o filme se torna meio burlesco em algum momento, com alguns acontecimentos ilógicos e algumas opções imagéticas como os zoom rápidos e a aquela transição antiga na qual é usada um círculo que abre e fecha, extremamente pictórico. Já do meio pro final o filme muda de tom, oferece ao espectador uma das cenas de parto mais interessantes que já vi no cinema, muito agonizante e deveras longa, mas de uma maneira bastante interessante, o grande problema é que ela parece deslocada do restante do longa. Certamente é uma das cenas de parto mais longas da história do audiovisual. E na conclusão do filme, eu não entendi muito qual mensagem tentaram passar, mas quiseram emocionar o público, àquela altura nada mais fazia sentido. Um filme bem complicado, com alguns bons momentos, mas completamente desconexo.
É de se ficar puto com a Faustine em vários momentos, apesar de ser possível entender suas motivações. Depois o espectador embarca na missão de seu resgate. Foda ver o fanatismo da galera. A logística da missão é muito boa, e a sequência de acontecimentos empolgante. Excelente atuação de Swann Arlaud e do ascendente Finnegan Oldfield, ótimos atores. Bom filme.
Enquanto eu assistia não sabia se era documentário, mocumentário, ficção, híbrido. Terminei com uma sensação agridoce e no dia seguinte, vi que é de fato um documentário. Tal informação me incomodou, o filme tem pouquíssima organicidade pra ser um documentário, em muitos momentos parece falso e tem uma câmera de ficção que mata todo o timing. Outro grande problema é que não se vê o tempo passando, são 5 anos, e fica quase imperceptível ao espectador. Teria sido muito melhor se o diretor tivesse optado por ser honesto e de repente produzir um híbrido, misturar floreios com situações reais, do que ter feito o que fez. Quanto ao drama do filme, é difícil se conectar em muitos momentos, mas tem um lance bem incômodo com as mães das protagonistas. No fim das contas, dá pra extrair algo, mas tinha um potencial bem maior.
Ótimo filme do bom diretor Gillaume Nicloux, exibido na última semana dos realizadores de Cannes. Traz uma visão não inédita, mas pouco comum de uma guerra, e no caso, uma guerra pouco explorada. O bom personagem de Gaspard Ulliel sofre com algumas inquietações muito duras, e ainda encontra a dor de uma paixão em meio a isto. As cenas com Depardieu são sempre excelentes, espetáculo de ator. O longa ainda conta com o ótimo Guillaume Gouix. Também tem uma aura muito bacana e uma fotografia bela. Final aberto para mais um bom exemplar do cinema francês.
Sempre tive muita vontade de ver esse filme. Ainda mais depois dele ter sido hypado por causa da série. Juntando os Coen com a Frances McDormand e um elenco ainda recheado com William H. Macy e Peter Stormare e Steve Buscemi como vilões. O roteiro dos Coen é afiado e empolgante, como de costume. O elenco tá todo arrasador, cada um destes mestres absorveu muito bem seus respectivos personagens. E daí, é só aproveitar o show. O longa ainda conta com participações de Bruce Campbell e José Feliciano, excelente haha. Acho que a história tem alguns probleminhas, algumas cobranças um pouco altas com a boa vontade do público, mas nada que prejudique demais dentro da aura criada. Só faz dar mais vontade de engatar outro filme desses caras, monstros!!
Juliette surge pra tirar Pierre e todos os Perdrix de sua zona de conforto. É um filme sobre isso, sobre convicções abaladas, sobre uma onda no mar, uma perturbação no marasmo. Mais uma beleza de filme francês.
A arte desse filme começa nessa sinopse, que coisa linda. Aí sim dá vontade de ver o filme, apesar de que só li agora depois de visto rsrs. Poxa, o filme é bonito demais, e dolorido. Me traz memórias sobre meu avô, esse lance do vigor mental e vulnerabilidade física é foda. Não podia mensurar essa capacidade da Bárbara Paz em produzir uma peça tão incrível. As rimas visuais com cenas dos filmes dele são excelentes e pra isso é importante que se conheça bem a obra do dito. Quanto mais longas dele você tiver visto, melhor vai absorver a obra. A cena final é um bálsamo. Que consiga a vaga no Oscar!
Tentando dar uma explorada na filmografia de Babenco, diretor de primeiríssima linha que nós tivemos a honra de abrigar em grande parte da vida. Esse filme mostra como o cinema tava no sangue desse cara, é de um domínio espetacular. A história é muito boa e suscita um grande discurso, muito bem apresentado, gerando reflexões incríveis no espectador, sobre sociedade, crime, bandidos. É bem verdade que a película tem uma dose de maniqueismo, um pouco menos faria bem, mas gostei do recorte escolhido, pra mim o longa não ficou cansativo em nenhum momento, rolou numa boa. E olhe que assisti numa madrugada, e trabalharia na manhã seguinte. Tem um elenco poderosíssimo, acentuado por Reginaldo Faria numa performance que nunca imaginei que estivesse a seu alcance, mostrando todo seu poder interpretativo, e mais uma penca de grandes atores. Alguns recursos do filme são surpreendentes, uma pérola. Ansioso pelo próximo Babenco.
Tão bonitinho e gostosinho de assistir. Tem uma pegada massa e um ótimo elenco. Não envelheceu mal, ainda deve ter um forte apelo. Para um fim de semana descompromissado.
Este filme é uma pérola raríssima, descendente do Cinema Novo e Marginal, assim como seu diretor, um caicoense oportunista e inteligente que foi assistente de Nelson Pereira do Santos mas que infelizmente teve carreira curta. O longa foi fruto da regionalização da produção cinematográfica no Brasil, que levou a execução de cinema a lugares inéditos no país, ainda em plena ditadura. A Embrafilme entrava com 2/3 do custo e o estado em questão completava. Existe uma cópia ridícula que gira pela cidade de Natal, mas que deu a oportunidade de várias pessoas tentarem experienciá-lo e, ano passado, graças a pesquisadora Flávia Assaf, que também escreveu um livro acerca do filme, foi lançada uma versão digitalizada, e só então me dignei a vê-lo. Na verdade essa história do lançamento da versão digitalizada era antiga e eu a ansiava há tempos. E a oportunidade me veio numa live de abertura do Curta Caicó, nada mais propício né?! Um festival de cinema que vem crescendo na terra do diretor do filme. Boi de Prata é uma miscelânea de culto a cultura seridoense, com uma abordagem acerca da fé, e um forte discurso de resistência do nosso povo aos desmandos dos gringos e coronéis. Além de uma rica narrativa, tem uma beleza estética admirável. O filme aborda exploração de riquezas minerais, esoterismo, cinganismo, e é muito poético. Existe uma história de que a polícia flagrou quase toda a equipe do filme fumando maconha no hotel que estavam hospedados em Caicó, denunciados por um funcionário, chegaram a ser detidos, mas depois o filme foi executado sem maiores problemas. É até surpreendente que tenha passado pela censura, apenas com classificação indicativa para maiores de 18. Na fotografia temos a estreia em longas metragens de ninguém menos que Walter Carvalho, a trilha sonora é de nosso querido Mirabô Dantas, a maquiagem é também do grande Amaro Batista, com quem já tive a honra de trabalhar proximamente, Jussara Queiroz foi assistente de montagem, o elenco conta com o grande Lenicio Queiroga, e a deusa do Cinema Novo, Luiza Maranhão, entre vários outros grandes profissionais, além de uma bela participação performática do Boi Calemba de São Gonçalo do Amarante. Ao fim da sessão rolou um bate-papo incrível entre Flávia e Walter, extremamente enriquecedor. Infelizmente o filme não recebeu distribuição nacional, que era responsabilidade da Embrafilme, o que explica seu sumiço e desconhecimento do público, uma grandessíssima pena.
Um ano atrás eu comprei passagens pra Salvador, estaria lá em maio/2020 e o lançamento deste filme estava previsto pro mesmo mês. Comecei a sonhar em ter o prazer de assistí-lo lá, quem sabe numa sessão especial?!
Pouco tempo depois a pandemia estoura no Brasil, remarquei minha viagem pra semana do meu aniversário, em novembro.
Já em Salvador, começa o Varilux presencial, fui olhar a programação do Itaú Glauber Rocha, quando me deparo com o primeiro dia de exibição comercial do país de 'Marighella', em comemoração da semana da Consciência Negra. Me digam que bela coincidência?! Comprei o ingresso online na mesma hora e, à noite estava lá pra essa experiência incrível.
É um filme forte e muito bonito, que já começa mostrando a que veio, com uma cena veloz, movimentada e muito bem executada. Como de fato era prometido: um filme de ação narrando uma parte da história do maior guerrilheiro comunista deste país. E ele mescla muito bem estes elementos com o contexto histórico vigente e as questões sociais do homem Marighella. O elenco está arrasador, apesar de ficar com a curiosidade de saber como seria ter Mano Brown estrelando esse filme. Confesso achar que Wagner comete alguns pequenos deslizes na direção, mas ainda assim é uma estreia grandiosa, e que me deixa interessado em ver mais incursões dele na função. A trilha sonora também é maravilhosa, e amei a música dos créditos finais, apesar que também gostaria muito de ter visto Um Comunista ali no lugar, ficaria incrível.
Ao fim de uma sessão catártica, encerrada com um Fora Bolsonaro estridente, ainda me deparo com Maria Marighella na saída, neta do grandioso Carlos, e que havia sido eleita vereadora pela primeira vez naquele final de semana.
Esse filme encerrou com chave de ouro minha última noite em Salvador nesta oportunidade, ficará na memória pra sempre.
A nota 5 é pra tentar equilibrar os bots e desgraçados dando nota mínima sem assistir.
Eita, e lá fomos nós em mais uma aventura do gênio Pete Docter na Pixar. Curti pra caralho o começo do filme, com aquela vibezona de Chazelle meets Disney haha, é confesso que me incomodei um pouco assim que o filme entrou na narrativa das almas, tava gostando demais do primeiro ato. Mas depois fui ganho. Me identifico muito com a maior parte da história, só é triste saber que existem pessoas na terra que ainda se sentem como um 22 antes de descer, que estas um dia encontrem seu caminho, mesmo que seja contemplando as pequenas coisas da vida. Também me incomodei um pouquinho com o ato final, mas nada que atrapalhe a mensagem do filme, na verdade potencializa sua visão positiva. Muito bacana.
Minha primeira versão assistida. Curioso em ver as outras. Um romance interessante, prende bem, mas do qual esperava mais ousadia. As atrizes estão todas maravilhosas.
Harrison Ford está muito bem nesse filme de Peter Weir, interpretando um gênio comunista que sonha em dar uma vida incrível à sua família, longe do mundo capitalista. Para tal, ele está disposto a muita coisa, o que é potencialmente preocupante. Helen Mirren interpreta sua passiva esposa, que vai absorvendo problemas ao decorrer do longa. E River Phoenix completa o trio de protagonistas, trazendo uma narração poderosa para a intencionalidade do filme, e maximizando a suspensão de perigo que acompanha toda a metragem. É um produto bem pesado e relevante, merecia mais reconhecimento.
Pacarrete tem similaridades claras e irrefutáveis com o cinema francês e mais especificamente com o filme Marguerite. Tem algumas intersecções de roteiro muito fortes, e outras de narrativa. É impossível assistir sem lembrar das loucuras da francesa, e engraçado que Pacarrete signifique margarida. Tive a honra de assistir a essa pérola num cinema drive-in montado aqui em Natal, e foi uma belíssima surpresa. Claro que o elenco recheado já enchia os olhos. Tendo a minha doce Zezita Matos, Débora Ingrid, Soia Lira, o grande João Miguel e Marcelia Cartaxo como cereja do bolo, que é uma força da natureza. Não conhecia o diretor mas o cearense veio pra se provar, nos brinda com uma grande história e um domínio respeitável da linguagem cinematográfica. A trilha sonora também é um espetáculo à parte. Um retrato incrível do nosso país. Lindíssimo!
Não tem como não comentar que este filme une a direção de Richard Donner, com um roteiro de Chris Columbus e a produção é de Steven Spielberg. O elenco é recheado de estrelas juvenis e foi o pontapé inicial na carreira de gente do calibre de Josh Brolin. O assisti anteontem pela primeira vez, 35 anos depois de seu lançamento, e foi um deleite. Ele é aquilo que se espera da junção destas três mentes, com um elenco poderoso e voltado ao público infanto-juvenil, não que isso o limite, a definição é no melhor sentido que o termo possa oferecer. Trama divertidíssima e de quebra uma trilha original da Cindy Lauper. A mim, não deve nada. Um autêntico clássico oitentista.
Um especial bem melancólico. Confesso que esperava mais, o que não me impede de dizer que curti as apresentações e alguns momentos do filme. Murray é sempre incrível, não tem muito o que falar sobre ele. É é um deleite a cada apresentação. Bacaninha e apenas.
Não tem nada de especialmente bom mas achei uma versão bem divertida do conto clássico de Dickens. Se tem Bill Murray é sempre destacável e gostei demais de alguns elementos, como o fantasma do Natal passado, o melhor de todos. Vale assistir como forma de diversão.
Bacana ver o Ejiofor estreando como diretor e junto com a Netflix nos apresentar essa interessante história. É bem verdade que o filme seria mais poderoso na mão de um condutor mais experiente, mas curti o resultado deste. Traz ótimas discussões sociais e políticas, sobre o direito à verdadeira vida, o questionamento religioso, o mecanismo de relacionamentos e a problematização do sistema democrático vigente. Em meio a tudo isso um garoto obstinado muda sua vida e dos seus. Belíssimo!
Meio esquisito trazer Todd Phillips pra dirigir esse filme mas era um alento saber que Phoenix protagonizaria. E eles mantiveram o nível do personagem. O roteiro tem alguns pequenos deslizes mas a aura do filme é incrível. Uma puta construção de personagem, ambientação muito bacana e nos dá oportunidade de ter longas discussões. Não esperava tanto reconhecimento, mas bastante merecido.
Filminho simples que subverte alguns clichês do gênero e faz uso de outros. Sem muita criticidade, gostei de algumas discussões que propõe, acho interessante usar este nicho pra inserir alguns pensamentos no público alvo. É gostosinho de assistir, não veja com outra intenção.
Fendas
3.0 4Sou meio suspeito pra falar sobre esse filme. Tenho proximidade com o diretor, conheço boa parte da equipe e ainda se passa na minha cidade. Mas sem ser caseiro, gostei pra caramba! Já de início nos apresenta uma protagonista muito forte e extremamente bem interpretada, me deixou super curioso pra conhecer melhor a atriz, ela sustenta diálogos intensos com uma destreza singular e leva muito bem uma necessária pincelada de discurso feminino. Enviei um e-mail pra [email protected] com o título: "TEM SIM", e com o texto: "Eu tô aqui.", ao que ela me respondeu:
"Fico feliz em te ler, Sávio. Aqui também há alguém.
Sigamos.
E que a nossa existência ecoe em tantas outras.
com afeto
Catarina."
Os discursos das relações de Catarina, sejam sociais, profissionais, acadêmicas, geográficas, são sempre muito interessantes. Tem uma homenagem massa a Adirley Queirós, além de uma bela finalização. Assistam!
Espírito Vivente
3.1 7Qual que é a desse filme? Kk. Querem levar Ghost a um outro patamar. No começo eu tava até achando um tanto quanto provocante, me parecia que Juste não conseguia se conectar com a morte, mas ajudava outras pessoas a fazê-lo, não sei se era exatamente isso. Depois outras particularidades vão surgindo, mas pra mim, sinceramente, nada fez muito sentido. Senti um sono desgraçado próximo ao ato final. Bagunçado.
Instinto Materno
3.5 24Filme que parte de uma premissa bem interessante, tem uma ambientação bacana na reconstrução de época e um par de protagonistas ótimo, a Veerle Baetens sempre tá muito bem. O filme também acerta em parte do tom de suspense, mas em algum momento começa a se perder, as ações ficam exageradas e perdem sentido. Muito furos, forçadas de barra e um final ruim de engolir. Tinha potencial, mas podia ter sido muito melhor tratado.
Enorme
2.8 12Eita, complicado falar sobre esse filme, mas vamos lá. Antes de qualquer coisa é muito problemático o abuso do marido ser encarado de forma tão natural pela narrativa, há uma pequena crítica feita a isso naquela cena da conversa com a juíza (?), mas no geral, é naturalizado. O cara implantou uma gravidez indesejada na mulher, e depois o próprio filme mostra o quanto isso é violento. Paralelamente, o homem é mostrado como se tivesse uma gravidez psicológica/paranoica, e nisso há uma discussão irada sobre os sofrimentos femininos no que tange a isto, há algumas críticas interessantes, e essa linha narrativa gera um humor muito interessante, que arranca boas gargalhadas, mas de forma agridoce, em função de toda a problemática citada. Daí o filme se torna meio burlesco em algum momento, com alguns acontecimentos ilógicos e algumas opções imagéticas como os zoom rápidos e a aquela transição antiga na qual é usada um círculo que abre e fecha, extremamente pictórico. Já do meio pro final o filme muda de tom, oferece ao espectador uma das cenas de parto mais interessantes que já vi no cinema, muito agonizante e deveras longa, mas de uma maneira bastante interessante, o grande problema é que ela parece deslocada do restante do longa. Certamente é uma das cenas de parto mais longas da história do audiovisual. E na conclusão do filme, eu não entendi muito qual mensagem tentaram passar, mas quiseram emocionar o público, àquela altura nada mais fazia sentido. Um filme bem complicado, com alguns bons momentos, mas completamente desconexo.
Resgate de Alto Risco
3.3 4 Assista AgoraÉ de se ficar puto com a Faustine em vários momentos, apesar de ser possível entender suas motivações. Depois o espectador embarca na missão de seu resgate. Foda ver o fanatismo da galera. A logística da missão é muito boa, e a sequência de acontecimentos empolgante. Excelente atuação de Swann Arlaud e do ascendente Finnegan Oldfield, ótimos atores. Bom filme.
Adolescentes
3.1 2Enquanto eu assistia não sabia se era documentário, mocumentário, ficção, híbrido. Terminei com uma sensação agridoce e no dia seguinte, vi que é de fato um documentário. Tal informação me incomodou, o filme tem pouquíssima organicidade pra ser um documentário, em muitos momentos parece falso e tem uma câmera de ficção que mata todo o timing. Outro grande problema é que não se vê o tempo passando, são 5 anos, e fica quase imperceptível ao espectador. Teria sido muito melhor se o diretor tivesse optado por ser honesto e de repente produzir um híbrido, misturar floreios com situações reais, do que ter feito o que fez. Quanto ao drama do filme, é difícil se conectar em muitos momentos, mas tem um lance bem incômodo com as mães das protagonistas. No fim das contas, dá pra extrair algo, mas tinha um potencial bem maior.
Os Confins do Mundo
3.4 13 Assista AgoraÓtimo filme do bom diretor Gillaume Nicloux, exibido na última semana dos realizadores de Cannes. Traz uma visão não inédita, mas pouco comum de uma guerra, e no caso, uma guerra pouco explorada. O bom personagem de Gaspard Ulliel sofre com algumas inquietações muito duras, e ainda encontra a dor de uma paixão em meio a isto. As cenas com Depardieu são sempre excelentes, espetáculo de ator. O longa ainda conta com o ótimo Guillaume Gouix. Também tem uma aura muito bacana e uma fotografia bela. Final aberto para mais um bom exemplar do cinema francês.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 920 Assista AgoraSempre tive muita vontade de ver esse filme. Ainda mais depois dele ter sido hypado por causa da série. Juntando os Coen com a Frances McDormand e um elenco ainda recheado com William H. Macy e Peter Stormare e Steve Buscemi como vilões. O roteiro dos Coen é afiado e empolgante, como de costume. O elenco tá todo arrasador, cada um destes mestres absorveu muito bem seus respectivos personagens. E daí, é só aproveitar o show. O longa ainda conta com participações de Bruce Campbell e José Feliciano, excelente haha. Acho que a história tem alguns probleminhas, algumas cobranças um pouco altas com a boa vontade do público, mas nada que prejudique demais dentro da aura criada. Só faz dar mais vontade de engatar outro filme desses caras, monstros!!
Um Amor Necessario
3.2 8 Assista AgoraJuliette surge pra tirar Pierre e todos os Perdrix de sua zona de conforto. É um filme sobre isso, sobre convicções abaladas, sobre uma onda no mar, uma perturbação no marasmo. Mais uma beleza de filme francês.
Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou
4.0 64A arte desse filme começa nessa sinopse, que coisa linda. Aí sim dá vontade de ver o filme, apesar de que só li agora depois de visto rsrs. Poxa, o filme é bonito demais, e dolorido. Me traz memórias sobre meu avô, esse lance do vigor mental e vulnerabilidade física é foda. Não podia mensurar essa capacidade da Bárbara Paz em produzir uma peça tão incrível. As rimas visuais com cenas dos filmes dele são excelentes e pra isso é importante que se conheça bem a obra do dito. Quanto mais longas dele você tiver visto, melhor vai absorver a obra. A cena final é um bálsamo. Que consiga a vaga no Oscar!
Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia
3.7 105Tentando dar uma explorada na filmografia de Babenco, diretor de primeiríssima linha que nós tivemos a honra de abrigar em grande parte da vida. Esse filme mostra como o cinema tava no sangue desse cara, é de um domínio espetacular. A história é muito boa e suscita um grande discurso, muito bem apresentado, gerando reflexões incríveis no espectador, sobre sociedade, crime, bandidos. É bem verdade que a película tem uma dose de maniqueismo, um pouco menos faria bem, mas gostei do recorte escolhido, pra mim o longa não ficou cansativo em nenhum momento, rolou numa boa. E olhe que assisti numa madrugada, e trabalharia na manhã seguinte. Tem um elenco poderosíssimo, acentuado por Reginaldo Faria numa performance que nunca imaginei que estivesse a seu alcance, mostrando todo seu poder interpretativo, e mais uma penca de grandes atores. Alguns recursos do filme são surpreendentes, uma pérola. Ansioso pelo próximo Babenco.
De Repente 30
3.5 2,1K Assista AgoraTão bonitinho e gostosinho de assistir. Tem uma pegada massa e um ótimo elenco. Não envelheceu mal, ainda deve ter um forte apelo. Para um fim de semana descompromissado.
Boi de Prata
4.0 2Este filme é uma pérola raríssima, descendente do Cinema Novo e Marginal, assim como seu diretor, um caicoense oportunista e inteligente que foi assistente de Nelson Pereira do Santos mas que infelizmente teve carreira curta. O longa foi fruto da regionalização da produção cinematográfica no Brasil, que levou a execução de cinema a lugares inéditos no país, ainda em plena ditadura. A Embrafilme entrava com 2/3 do custo e o estado em questão completava. Existe uma cópia ridícula que gira pela cidade de Natal, mas que deu a oportunidade de várias pessoas tentarem experienciá-lo e, ano passado, graças a pesquisadora Flávia Assaf, que também escreveu um livro acerca do filme, foi lançada uma versão digitalizada, e só então me dignei a vê-lo. Na verdade essa história do lançamento da versão digitalizada era antiga e eu a ansiava há tempos. E a oportunidade me veio numa live de abertura do Curta Caicó, nada mais propício né?! Um festival de cinema que vem crescendo na terra do diretor do filme. Boi de Prata é uma miscelânea de culto a cultura seridoense, com uma abordagem acerca da fé, e um forte discurso de resistência do nosso povo aos desmandos dos gringos e coronéis. Além de uma rica narrativa, tem uma beleza estética admirável. O filme aborda exploração de riquezas minerais, esoterismo, cinganismo, e é muito poético. Existe uma história de que a polícia flagrou quase toda a equipe do filme fumando maconha no hotel que estavam hospedados em Caicó, denunciados por um funcionário, chegaram a ser detidos, mas depois o filme foi executado sem maiores problemas. É até surpreendente que tenha passado pela censura, apenas com classificação indicativa para maiores de 18. Na fotografia temos a estreia em longas metragens de ninguém menos que Walter Carvalho, a trilha sonora é de nosso querido Mirabô Dantas, a maquiagem é também do grande Amaro Batista, com quem já tive a honra de trabalhar proximamente, Jussara Queiroz foi assistente de montagem, o elenco conta com o grande Lenicio Queiroga, e a deusa do Cinema Novo, Luiza Maranhão, entre vários outros grandes profissionais, além de uma bela participação performática do Boi Calemba de São Gonçalo do Amarante. Ao fim da sessão rolou um bate-papo incrível entre Flávia e Walter, extremamente enriquecedor. Infelizmente o filme não recebeu distribuição nacional, que era responsabilidade da Embrafilme, o que explica seu sumiço e desconhecimento do público, uma grandessíssima pena.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraUm ano atrás eu comprei passagens pra Salvador, estaria lá em maio/2020 e o lançamento deste filme estava previsto pro mesmo mês. Comecei a sonhar em ter o prazer de assistí-lo lá, quem sabe numa sessão especial?!
Pouco tempo depois a pandemia estoura no Brasil, remarquei minha viagem pra semana do meu aniversário, em novembro.
Já em Salvador, começa o Varilux presencial, fui olhar a programação do Itaú Glauber Rocha, quando me deparo com o primeiro dia de exibição comercial do país de 'Marighella', em comemoração da semana da Consciência Negra. Me digam que bela coincidência?! Comprei o ingresso online na mesma hora e, à noite estava lá pra essa experiência incrível.
É um filme forte e muito bonito, que já começa mostrando a que veio, com uma cena veloz, movimentada e muito bem executada. Como de fato era prometido: um filme de ação narrando uma parte da história do maior guerrilheiro comunista deste país. E ele mescla muito bem estes elementos com o contexto histórico vigente e as questões sociais do homem Marighella. O elenco está arrasador, apesar de ficar com a curiosidade de saber como seria ter Mano Brown estrelando esse filme. Confesso achar que Wagner comete alguns pequenos deslizes na direção, mas ainda assim é uma estreia grandiosa, e que me deixa interessado em ver mais incursões dele na função. A trilha sonora também é maravilhosa, e amei a música dos créditos finais, apesar que também gostaria muito de ter visto Um Comunista ali no lugar, ficaria incrível.
Ao fim de uma sessão catártica, encerrada com um Fora Bolsonaro estridente, ainda me deparo com Maria Marighella na saída, neta do grandioso Carlos, e que havia sido eleita vereadora pela primeira vez naquele final de semana.
Esse filme encerrou com chave de ouro minha última noite em Salvador nesta oportunidade, ficará na memória pra sempre.
A nota 5 é pra tentar equilibrar os bots e desgraçados dando nota mínima sem assistir.
Soul
4.3 1,4KEita, e lá fomos nós em mais uma aventura do gênio Pete Docter na Pixar. Curti pra caralho o começo do filme, com aquela vibezona de Chazelle meets Disney haha, é confesso que me incomodei um pouco assim que o filme entrou na narrativa das almas, tava gostando demais do primeiro ato. Mas depois fui ganho. Me identifico muito com a maior parte da história, só é triste saber que existem pessoas na terra que ainda se sentem como um 22 antes de descer, que estas um dia encontrem seu caminho, mesmo que seja contemplando as pequenas coisas da vida. Também me incomodei um pouquinho com o ato final, mas nada que atrapalhe a mensagem do filme, na verdade potencializa sua visão positiva. Muito bacana.
Adoráveis Mulheres
3.8 231 Assista AgoraMinha primeira versão assistida. Curioso em ver as outras. Um romance interessante, prende bem, mas do qual esperava mais ousadia. As atrizes estão todas maravilhosas.
A Costa do Mosquito
3.3 57 Assista AgoraHarrison Ford está muito bem nesse filme de Peter Weir, interpretando um gênio comunista que sonha em dar uma vida incrível à sua família, longe do mundo capitalista. Para tal, ele está disposto a muita coisa, o que é potencialmente preocupante. Helen Mirren interpreta sua passiva esposa, que vai absorvendo problemas ao decorrer do longa. E River Phoenix completa o trio de protagonistas, trazendo uma narração poderosa para a intencionalidade do filme, e maximizando a suspensão de perigo que acompanha toda a metragem. É um produto bem pesado e relevante, merecia mais reconhecimento.
Pacarrete
4.1 105 Assista AgoraPacarrete tem similaridades claras e irrefutáveis com o cinema francês e mais especificamente com o filme Marguerite. Tem algumas intersecções de roteiro muito fortes, e outras de narrativa. É impossível assistir sem lembrar das loucuras da francesa, e engraçado que Pacarrete signifique margarida. Tive a honra de assistir a essa pérola num cinema drive-in montado aqui em Natal, e foi uma belíssima surpresa. Claro que o elenco recheado já enchia os olhos. Tendo a minha doce Zezita Matos, Débora Ingrid, Soia Lira, o grande João Miguel e Marcelia Cartaxo como cereja do bolo, que é uma força da natureza. Não conhecia o diretor mas o cearense veio pra se provar, nos brinda com uma grande história e um domínio respeitável da linguagem cinematográfica. A trilha sonora também é um espetáculo à parte. Um retrato incrível do nosso país. Lindíssimo!
Os Goonies
4.1 1,3K Assista AgoraNão tem como não comentar que este filme une a direção de Richard Donner, com um roteiro de Chris Columbus e a produção é de Steven Spielberg. O elenco é recheado de estrelas juvenis e foi o pontapé inicial na carreira de gente do calibre de Josh Brolin. O assisti anteontem pela primeira vez, 35 anos depois de seu lançamento, e foi um deleite. Ele é aquilo que se espera da junção destas três mentes, com um elenco poderoso e voltado ao público infanto-juvenil, não que isso o limite, a definição é no melhor sentido que o termo possa oferecer. Trama divertidíssima e de quebra uma trilha original da Cindy Lauper. A mim, não deve nada. Um autêntico clássico oitentista.
A Very Murray Christmas
2.9 74 Assista AgoraUm especial bem melancólico. Confesso que esperava mais, o que não me impede de dizer que curti as apresentações e alguns momentos do filme. Murray é sempre incrível, não tem muito o que falar sobre ele. É é um deleite a cada apresentação. Bacaninha e apenas.
Os Fantasmas Contra Atacam
3.3 112 Assista AgoraNão tem nada de especialmente bom mas achei uma versão bem divertida do conto clássico de Dickens. Se tem Bill Murray é sempre destacável e gostei demais de alguns elementos, como o fantasma do Natal passado, o melhor de todos. Vale assistir como forma de diversão.
O Menino que Descobriu o Vento
4.3 741Bacana ver o Ejiofor estreando como diretor e junto com a Netflix nos apresentar essa interessante história. É bem verdade que o filme seria mais poderoso na mão de um condutor mais experiente, mas curti o resultado deste. Traz ótimas discussões sociais e políticas, sobre o direito à verdadeira vida, o questionamento religioso, o mecanismo de relacionamentos e a problematização do sistema democrático vigente. Em meio a tudo isso um garoto obstinado muda sua vida e dos seus. Belíssimo!
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraMeio esquisito trazer Todd Phillips pra dirigir esse filme mas era um alento saber que Phoenix protagonizaria. E eles mantiveram o nível do personagem. O roteiro tem alguns pequenos deslizes mas a aura do filme é incrível. Uma puta construção de personagem, ambientação muito bacana e nos dá oportunidade de ter longas discussões. Não esperava tanto reconhecimento, mas bastante merecido.
Você Nem Imagina
3.4 516 Assista AgoraFilminho simples que subverte alguns clichês do gênero e faz uso de outros. Sem muita criticidade, gostei de algumas discussões que propõe, acho interessante usar este nicho pra inserir alguns pensamentos no público alvo. É gostosinho de assistir, não veja com outra intenção.