Não é à toa que um dos cenários mais recorrentes neste filme seja uma sala de aula: é um filme-revolução, um chamado de socorro. Belissimamente ousado, Olney São Paulo foi batizado por Glauber Rocha como um dos heróis de nosso cinema novo, mesmo tendo feito tão poucos filmes. E com razão, "Manhã Cinzenta" é um soco no estômago. Mas não apenas isso. É inteligente na forma como estabelece seus personagens e locais, e a narração é um deleite à parte.
Já citaram abaixo, mas reforço: "Aurelina, não entendendo de ordens, tingiu de lilás a bandeira nacional!".
Funciona muito bem, além de ter um timing preciso para curta metragem. Sob uma comparação inevitável, é mais gore e um tanto apelativo que o longa "The Babadook", mas ainda assim obtêm êxito totalmente ao criar um clima de terror que perdura durante todos os 10 minutos de filme.
Já se faz notar claramente que o foco de Laloux no universo animado não é o de entreter, mas sim proporcionar uma reflexão sobre a interação do ser humano consigo mesmo e com os outros. A grafia aqui é rebuscada e estilizada - quase experimental. E por isso mesmo única, além de ser direta e fazer pensar.
Ousadia é a palavra que melhor define este, um dos primeiros filmes de temática feminista da história. Em plena sociedade patriarcal machista, levar às telas uma trama sobre o poder feminino é tão admirável, que "A Sorridente Madame Beudet" mereceria reconhecimento apenas por este feito. Mas muitas outras virtudes podem ser percebidas em tela: há um experimentalismo típico da época, muito bem vindo para preencher os dias vazios da pobre esposa e um encerramento quase implícito, mas que deixa a orientação final a cargo do espectador.
Poucas vezes vi um filme-homenagem de um cineasta por um parente que seja tão tocante e zeloso como esta pequena pérola de Klimov. Até mesmo Bergman, com seu "O Rosto de Karin" fica devendo um tanto para a singeleza e dedicação total do diretor para com sua esposa. Larisa fez e continua fazendo falta. De uma beleza ímpar e um talento incomum, acabou por partir de forma tão estúpida. E assistir esta obra em conjunto com o também excelente "A Partida" só engrandece a experiência do longa, mesmo porque nestes 20 minutos se faz, além da homenagem em si, um apanhado e resumo da carreira tão prolífera da diretora russa, com direito a imagens de bastidores de seu longa derradeiro.
Longe de ser um documentário ou uma ficção (como de hábito na carreira do diretor), "Linguagem de Orson Welles" é um epílogo para o famigerado "Nem Tudo é Verdade" e me parece ser também um resumo do longa. Mas não apenas isso: é um retrato do Brasil contemporâneo à época de filmagem e encantador pela narração entoada pela voz de Grande Otelo.
O antagonista de Carlitos tenta roubar a cena inúmeras vezes, mas quando Chaplin entra em cena, ofusca toda a qualquer tentativa de comédia por parte de seu colega.
Até o momento, é o melhor filme de Manoel de Oliveira que vejo e mesmo assim não me atraiu em muita coisa. Tenho cada dia mais certeza que seu cinema não funciona comigo. O final original é interessante e o encomendado descartável, mas até lá, há uma sequência de diálogos nem tão interessantes assim e dois protagonistas sem muita química entre si.
Certo que o nome de Buñuel atrai deveras e cria expectativas que nem sempre são supridas. Sob meu olhar, este curta me pareceu algo tão genérico e digno de encarte de viagem que uma das poucas justificativas que encontro para sua notoriedade é o próprio diretor. Há uma carcaça de Buñuel sobre o curta, mas o talento fica só no nome.
Sganzerla tratava tudo com um anarquismo gigante, exceto dois assuntos: Orson Welles e Noel Rosa. Para estes dois, Rogério rendia reverências e fazia de seus filmes homenagens puras aos ícones.
Parece que Rojas trabalha melhor em dupla com Marco Dutra, como fez no ótimo "Trabalhar Cansa" e em boa parte de sua carreira. Sozinha, a frieza de seu cinema é tão gélida que acaba exterminando qualquer tensão ou bizarrice que a trama poderia evocar.
Gênio que é gênio carrega 30 minutos sozinho nas costas sem cansar. A mise-èn-scene do maior comediante da história do cinema está mais em voga que nunca e diversas gags são inteligentes e hilárias, como de praxe na obra de Chaplin.
Interessante como as pessoas preferem atacar o Pablo ao filme em si. Não esqueçam que fazer cinema é um mundo completamente inverso de analisar cinema. Sim, o filme é fraco. Fracassa como comédia e tem uma cena de sonho que não precisava ser tão "gore" assim, mas ainda representa uma gigante evolução de Villaça, desde seu curta anterior. Este é muito mais focado, com um objetivo mais nítido. Achei razoável, e não abominável.
O mais interessante neste curta é a abordagem multifacetada de seus personagens. Não sabemos bem quem são ou o que querem. Não há vilões ou mocinhos. E esse foi o truque para que o final tenha funcionado tão bem.
O homem se libertando e lutando contra seus medos e angústias. Sob uma aura experimental, uma fotografia estonteante e uma trilha sonora impecável. Um dos melhores curtas que já vi na vida. Simples assim.
Manhã Cinzenta
4.1 17Não é à toa que um dos cenários mais recorrentes neste filme seja uma sala de aula: é um filme-revolução, um chamado de socorro. Belissimamente ousado, Olney São Paulo foi batizado por Glauber Rocha como um dos heróis de nosso cinema novo, mesmo tendo feito tão poucos filmes. E com razão, "Manhã Cinzenta" é um soco no estômago. Mas não apenas isso. É inteligente na forma como estabelece seus personagens e locais, e a narração é um deleite à parte.
Já citaram abaixo, mas reforço: "Aurelina, não entendendo de ordens, tingiu de lilás a bandeira nacional!".
Monstro
3.8 19Funciona muito bem, além de ter um timing preciso para curta metragem. Sob uma comparação inevitável, é mais gore e um tanto apelativo que o longa "The Babadook", mas ainda assim obtêm êxito totalmente ao criar um clima de terror que perdura durante todos os 10 minutos de filme.
Os Caracóis
4.0 16Já se faz notar claramente que o foco de Laloux no universo animado não é o de entreter, mas sim proporcionar uma reflexão sobre a interação do ser humano consigo mesmo e com os outros. A grafia aqui é rebuscada e estilizada - quase experimental. E por isso mesmo única, além de ser direta e fazer pensar.
A Sorridente Madame Beudet
3.5 36Ousadia é a palavra que melhor define este, um dos primeiros filmes de temática feminista da história. Em plena sociedade patriarcal machista, levar às telas uma trama sobre o poder feminino é tão admirável, que "A Sorridente Madame Beudet" mereceria reconhecimento apenas por este feito. Mas muitas outras virtudes podem ser percebidas em tela: há um experimentalismo típico da época, muito bem vindo para preencher os dias vazios da pobre esposa e um encerramento quase implícito, mas que deixa a orientação final a cargo do espectador.
Larisa
4.5 7Poucas vezes vi um filme-homenagem de um cineasta por um parente que seja tão tocante e zeloso como esta pequena pérola de Klimov. Até mesmo Bergman, com seu "O Rosto de Karin" fica devendo um tanto para a singeleza e dedicação total do diretor para com sua esposa. Larisa fez e continua fazendo falta. De uma beleza ímpar e um talento incomum, acabou por partir de forma tão estúpida. E assistir esta obra em conjunto com o também excelente "A Partida" só engrandece a experiência do longa, mesmo porque nestes 20 minutos se faz, além da homenagem em si, um apanhado e resumo da carreira tão prolífera da diretora russa, com direito a imagens de bastidores de seu longa derradeiro.
Linguagem de Orson Welles
3.4 7Longe de ser um documentário ou uma ficção (como de hábito na carreira do diretor), "Linguagem de Orson Welles" é um epílogo para o famigerado "Nem Tudo é Verdade" e me parece ser também um resumo do longa. Mas não apenas isso: é um retrato do Brasil contemporâneo à época de filmagem e encantador pela narração entoada pela voz de Grande Otelo.
Carlitos e os Guarda-Chuvas
3.6 16O antagonista de Carlitos tenta roubar a cena inúmeras vezes, mas quando Chaplin entra em cena, ofusca toda a qualquer tentativa de comédia por parte de seu colega.
A Caça
3.8 7Até o momento, é o melhor filme de Manoel de Oliveira que vejo e mesmo assim não me atraiu em muita coisa. Tenho cada dia mais certeza que seu cinema não funciona comigo. O final original é interessante e o encomendado descartável, mas até lá, há uma sequência de diálogos nem tão interessantes assim e dois protagonistas sem muita química entre si.
Terra Sem Pão
4.0 47Certo que o nome de Buñuel atrai deveras e cria expectativas que nem sempre são supridas. Sob meu olhar, este curta me pareceu algo tão genérico e digno de encarte de viagem que uma das poucas justificativas que encontro para sua notoriedade é o próprio diretor. Há uma carcaça de Buñuel sobre o curta, mas o talento fica só no nome.
Tropico
4.3 167Lana às vezes confunde escrita rebuscada com poesia. Nem sempre tudo que é belo é lírico.
Noel por Noel
3.9 2Sganzerla tratava tudo com um anarquismo gigante, exceto dois assuntos: Orson Welles e Noel Rosa. Para estes dois, Rogério rendia reverências e fazia de seus filmes homenagens puras aos ícones.
O Duplo
3.9 31Parece que Rojas trabalha melhor em dupla com Marco Dutra, como fez no ótimo "Trabalhar Cansa" e em boa parte de sua carreira. Sozinha, a frieza de seu cinema é tão gélida que acaba exterminando qualquer tensão ou bizarrice que a trama poderia evocar.
Carlitos Boêmio
4.2 34Gênio que é gênio carrega 30 minutos sozinho nas costas sem cansar. A mise-èn-scene do maior comediante da história do cinema está mais em voga que nunca e diversas gags são inteligentes e hilárias, como de praxe na obra de Chaplin.
O Desnudar Impossível
4.2 19Impressionante técnica e hilariante execução.
O Sonho do Astrônomo
4.2 39Meliès é o mais próximo de alquimia que o cinema já presenciou.
Place des Cordeliers à Lyon
3.5 10Os curtas dos Lumière são mais que relevantes pois compõem, involuntariamente, um retrato histórico rico e admirável.
A Batalha de Neve
4.0 18Tudo fica mais encantador e mágico sob as lentes dos Lumière.
Morte Cega
3.1 19Interessante como as pessoas preferem atacar o Pablo ao filme em si. Não esqueçam que fazer cinema é um mundo completamente inverso de analisar cinema. Sim, o filme é fraco. Fracassa como comédia e tem uma cena de sonho que não precisava ser tão "gore" assim, mas ainda representa uma gigante evolução de Villaça, desde seu curta anterior. Este é muito mais focado, com um objetivo mais nítido. Achei razoável, e não abominável.
A Mulher do Atirador de Facas
3.2 9O mais interessante neste curta é a abordagem multifacetada de seus personagens. Não sabemos bem quem são ou o que querem. Não há vilões ou mocinhos. E esse foi o truque para que o final tenha funcionado tão bem.
Encontrando Woody Allen
3.5 29Godard teve a habilidade de estragar algo tão interessante com sua pedância habitual.
A Pequena Vendedora de Fósforos
4.2 17Não sei se foi influência de Jean Tédesco, ou se foi fruto do próprio Renoir, mas a sequência de delírios é simplesmente sublime.
Carlitos Dentista
3.5 22Um dos mais divertidos curtas do início da incursão de Chaplin na direção.
Carlitos Ciumento
3.2 23Chaplin abandonando seu personagem de carlitos (sim, o título engana) e se travestindo de mulher. Só por isso, já vale a conferida.
Swimmer
4.2 15O homem se libertando e lutando contra seus medos e angústias. Sob uma aura experimental, uma fotografia estonteante e uma trilha sonora impecável. Um dos melhores curtas que já vi na vida. Simples assim.