Sensorial, contemplativo, enigmático e melancólico... assim se resume em poucas palavras.
Além da Vittoria, do Piero e dos vários outros personagens, existe um personagem crucial e onipresente nas cenas, Roma! Não sei se é qualquer diretor que consegue fazer de uma cidade um personagem tão importante. O filme é sensorial e contemplativo, na cena inicial, o silêncio do casal é preenchido pelo barulho sutil do ventilador... isso é gostoso de ouvir...de sentir. E assim se segue praticamente em todas as cenas... a caminhada nas ruas é acompanhadas do barulho das árvores... e por aí vai. Antonioni quis explorar também os contrastes, a zorra na bolsa é interrompida por um minuto de silêncio (ou tentativa dele, pois os telefones não param), é uma multiplicidade de sensações experimentada também pelo ouvido, isso é explorado em praticamente todo o filme... a busca pelos cachorros na rua, que acaba resultando numa contemplação dos sons das hastes balançado com o vento... isso é muito gostoso de se atentar. E no encontro ao final que não ocorreu, onde o casal não apareceu, Roma apareceu com todo seu peso. A Vittoria (Monica Vitti) saindo de um relacionamento e vagando pelas ruas, na bolsa atrás de sua mãe, nos passeios, carrega consigo uma solidão que é sentida e refletida pelas ruas, pelas cenas na bolsa onde só se falam de números e dinheiro. Isso é proposital, o filme não é descomprometido como dizem, a frieza da mãe não é aleatória, o sumiço gradual dos personagens após a perda na bolsa também não o é, as risadas dos curiosos no momento que um carro de luxo é tirado da água com um morto também não é... tudo isso quer nos esfregar na cara o vazio da burguesia italiana da época, de suas falas, de seus relacionamentos. Bonita atuação de Alain Delon com a Monca Vitti, é outro ponto a se frisar.
O vazio proposital dos personagens é preenchido pelo ruido da cidade, das ondas, dos carros, os cochichos dos transeuntes.... isso é uma experiência agradável, gostosa, esse é o poder desse filme! Os belos filmes descompromissados de Antonioni. Podemos ver assim se levarmos em consideração a apreciação estética, a fotografia etc. Apreciar as banalidades da vida, a arquitetura da cidade, a natureza.... mas também é possível filosofar com a trama... pessoas vazias, apáticas, se envolvendo em aventuras, brincando com o amor. É tudo vazio, as pessoas, a cidade, a moça que é cortejada por sua beleza (seu mal-estar pro se sentir apenas isso) o desaparecimento não choca muita gente... a paixão que os personagens constroem é apenas uma mesma euforia, uma aventura, que some como Anne... e fica por isso mesmo, os personagens se arrastam melancolicamente, sem peso, sem saber pra onde, isso é a vida.
Grande filme!! Personagens bem carismáticos e uma trama envolvente! Marco para o cinema, filme que influenciou várias produções do mundo todo, deu pontapé para o "anime"... enfim, listar aqui é desnecessário! CLÁSSICO necessário pra qualquer um que se aprofunde um pouquinho em cinema.
Mágico! Muito dinâmico e gostoso de se ver. Ele é espontâneo, bonito e natural. As ruas de Paris filmadas naturalmente nos fazem ter um pequeno tour por lá. Contextualizando, imagino a pancada que foi pra época esse filme com essa montagem inovadora, excita inspiração. Uma câmera viva e ligeira que sabe nos mostrar o essencial. Planos inovadores, cortes provocantes. O filme é vivo, não há personagens engessados, todos são vivos, se coçam enquanto falam, tossem, gaguejam, é tudo natural. Paris também é um personagem vivo, o carro de bombeiros passa fazendo barulho na rua durante os diálogos dentro do apartamento, os transeuntes passam curiosos olhando para a câmera.... tudo isso é delicioso ver. Enfim.. isso é Nouvelle Vague.
-Ei, gata, beije-me! -Importa? -Estamos apaixonados. -James, você não sabe do que está falando. -Pare de tentar segurar tanto. -Eu estou perdida, estou perdida faz tempo, como um peru no milho. -Você não é um peru, o peru é uma das aves mais idiotas da Terra. -Glu, glu, glu.
Explorando a laboriosa trama, o advogado deu o seu ponto nevrálgico em sua fala "a partir do momento que metemos as caras nos fatos, nós os alteramos". Assim é feito no filme, traições, chantagens e homicídios ocorrem, todos são julgado e de uma forma pagam por isso, mas com as razões de tais castigos totalmente desencontradas dos fatos. Você mata uma pessoa, mas acaba sendo julgado pela morte de outra, pois essa narrativa foi mais adequada e "pareceu mais verdadeiro", a argumentação da justiça se encaixou até mais perfeita que a própria realidade. Mas nos pegamos aqui falando em "realidade", "fato", se a tese do filme está correta, quem garante que também não estou falsificando toda ela de acordo com minhas convenções? E se não tiver outro plano de narrativa que encaixa tudo isso melhor, com tudo isso na verdade sendo obra de alienígenas e quem sabe até o governo? Não se sabe, se se olha a luz como onda, ela é onda, se se olha como partícula, é partícula, e o gato estará vivo ou morto dependendo de como você ver. Temos o princípio da incerteza da física quântica numa roupagem existencial like a Albert Camus. O mais divertido sobre o filme não foi vê-lo, mas pensar sobre ele depois, sua trama, por isso comecei falando sobre ela, nunca faço isso ao comentar um filme, falo antes do lado sensorial (acho mais relevante) e da técnica que o causa antes, debater trama pra mim costuma ser secundário.
Todos os elementos dos Coen estão nesse filme, com exceção das tensões, "se existe um plano.... vai na calma, porque ele dará errado, criará um embaraço irracional, situações caóticas, atitudes incompreensíveis, tudo e todos se situarão como um chimpanzé numa loja de louças" (Isso é um control+c control+v do que costumo falar do cinema dos Coen). A fotografia está agradável e as atuações boas. Uma história bem traçada, inteligente como todas as dos Coen, mas apesar do filme te fazer ficar do início ao fim ligado e atento, ele não é tão cativante. Por ser Coen, esperei algo mais, a história é bem montada (como já disse), mas parece que faltou o elemento "cinema" nela. Um livro faria da história uma grande história, talvez ela narrada por alguém também, mas o cinema parecia exigir mais, o sensorial, e ele não tem esse lado digno de estima grande aqui. Desenvolveram um belo e engenhoso argumento, um belo trabalho de escritor laborioso, mas fizeram um papel "ok" de cineastas. Se fosse um primeiro trabalho, receberia uma baita atenção, mas como são os Coen, serão julgados por seu padrão.
Se existe um plano.... vai na calma, porque ele dará errado, criará um embaraço irracional, situações caóticas, atitudes incompreensíveis, tudo e todos se situarão como um chimpanzé numa loja de louças. É esse o elemento presente nos filmes dos Coens. Ficamos com o mesmo semblante de seus personagens, uma mescla de incompreensão, atônitos, mas ao mesmo tempo seguindo como se nada tivesse acontecido. Talvez quem não conheça os trabalhos dos diretores, fique num "que caralho está acontecendo?", mas se acalme, pois é tudo proposital. É um filme divertido até, pra categoria de thriller policial, talvez seja uma referência e se classifique entre os melhores da época, mas as as atuações caricatas (propositais ou não) me causam um profundo desconforto.E fica a sensação de incompletude, uma história bem montada e inteligente, mas que faltou a mesma criatividade para desenvolvê-la para um final.
Sensorial e introspectivo como todo filme do Gus Van Sant. Além de tudo, esse é repleto de silêncio, que despertam a sensação de solidão, abandono, reflexão... e a "dor na consciência". É um filme que afetará por algum tempo neste clima. É interessante ver o declínio dos dois com o tempo, a tranquilidade e a amizade no início vai se declinando aos poucos até se encontrarem esgotados, delirando... e até consciência atormentada, que se reflete no olhar. Agora analisando outro aspecto, talvez peque um pouco no inicio, nos apresentar mais a amizade talvez poderia nos manter mais atentos a esse início, mesmo que não haja uma boa cadência que encaminhe para o momento de já total entrega e desnorteamento dos personagens, quando você se percebe que está nela, é impossível desgrudar os olhos.
Um murro no estômago a sensação de imaginar e sentir o que se passava na mente do personagem do Matt Damon naquele carro.
Mais uma vez Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne conseguem nos manter hipnotizados contemplando um filme, e dessa vez bem curto. A tensão que isca nossa atenção e expectativa já é implantada nos primeiros minutos, pois pelas falas do protagonista, já esperamos momentos em que ele realizará algo absurdo. As tensões se mantém quando percebemos em vários momentos do filme que planeja algo mirabolante. Não ficará entre os melhores dos diretores, mas é um filme com suas essências.
Bem dirigido, tecnicamente impecável, mas um pouco raso de "espírito". Encanta-nos pela técnica, não pela sensibilidade (que até suspeito que o diretor percebeu e quis consertar colocando uma trilha sonora -chata, diga-se de passagem- que praticamente está presente em todo segundo de filme (e talvez acaba por tirar o telespectador do cenário de guerra, por isso não o afeta tanto). Ainda tem a visão bonachona de inglês mocinho bom e alemão vilão mau um pouco caricata. Um bom filme, mas digamos, mais engenharia que arte.
Sou fã de Ken Loach ,seu cinema naturalista e seus últimos filmes com temáticas de crítica social. O filme é excelente, consegue trabalhar bem o drama e o impacto social causados pelas novas formas de relação empregatícia e nos manter entretidos. Um filme pra despertar tristeza e revolta, fui afetado de todas as formas.
Só achei que... fazendo um comparativo com "I, Daniel Blake", esse não se torna uma pérola por ser explícito demais com suas intenções, praticamente todo diálogo vem pra reforçar o que o filme quer comunicar (e vi que teve gente que não entendeu, acham que o filme gira em torno do adolescente), talvez isso afetou o "naturalismo" e o tornou um pouco caricato, ao contrario de "I, Daniel Blake", que insinua mais. Como todo filme de Loach, seu filme não é apenas contemplação estética, há uma comunicação por trás, e dessa vez, ela veio muito escancarada. 4,5 estrelas, pois independente disso, amei o filme, .
Eu não entendia as classificações desse filme, colocavam como drama, mas escreviam uma sinopse dizendo que era um "humor negro". Enfim, ótimo filme, consegue ser cômico, trágico e reflexivo o mesmo tempo, de fato, um drama/humor-negro.
O silêncio desse filme é porta aberta para as sensações. Juventude vazia, tema preferido de Gus Van sant, apatia diante do primeiro sexo, da guerra, da escola, da separação dos pais, do primeiro homicídio, e paixão por andar com os amigos de skate. Podemos não entender o filme, mas sentimos tudo isso durante esses 90 minutos. acredito que cena em que o pai do garoto aparece pela primeira vez é crucial pra o entendimento da intenção do filme. após um longo período de foco no protagonista, e um certo suspense, enquanto o fundo desfocado mostra a movimentação do pai, a câmera finalmente o foca, e a revelação: É um tatuado, provavelmente um esqueitista, e certeza um esqueitista na adolescência, frequentador do paranoid park, com a mesma vida do filho e com tanto sentido quanto ela.
Filme que te contamina por dias em sua atmosfera... só por isso já é de grande valor. Aquela morbidez vai entrando aos poucos e depois demora pra sair.
Os planos fechados fazem parte da narrativa, ela é a consciência da Mãe a todo momento, vemos como ela encara tudo o que está acontecendo, sua dedicação pelo marido, o zelo pela casa, e depois toda a pertubação das agitações que acontecem, a invasão de sua privacidade, o distanciamento do marido, vemos todo o filme de acordo com o ponto de vista e os sentimentos da Mãe. Agora partindo para as interpretações (que pra mim devem ser secundárias), o filme é bem rico nisso: um poeta, que não ama ninguém, tem o único objetivo de criar, e pra isso, usa o amor e a vida dos outros como inspiração. A mãe, esposa dedicada e amorosa, é apenas "uma inspiração". "Quem eu sou? eu sou eu, e você, é apenas a casa". Ele sacrificou o amor da mãe e seu próprio filho para procurar uma "mensagem", um "significado" para servir de inspiração. Todas as cenas deixam escancarado a todo momento isso, como quando ela descobre que não foi a primeira a ler o poema, e sim a editora; quando ela é deixada sozinha em casa, enquanto ele vai viver o conflito da família para passar por aquela experiência única etc. Essa é a interpretação mais rasa que se dá pra fazer. Agora indo mais a fundo, é possível interpretar uma crítica mais religiosa. O poeta é colocado como deus por seus seguidores, e quem é o poeta? o egoísta, que ama ser bajulado, que ignora completamente os sentimentos da mãe e sacrifica o próprio filho, depois procura uma maneira de perdoá-los pela morte do filho! Bem, vi que ainda tem muita lenha pra queimar sobre esse interpretação! Enfim,um ótimo filme que cumpre muito bem ao que se colocou a ser, não se precisa entrar tanto na enigmática para gostar dele, se as pessoas estão confusa demais, sinceramente é porque estão engessadas demais com narrativas bonachonas hollywoodianas.
Imprescindível para quem estuda cinema (que não é meu caso), pois tem uma fotografia mais que ousada! Também o é pra quem cultua Kubrick. Ele não tem o mesmo ritmo e essência dos outros filmes prestigiados do Kubrick, pois não é desafiador e enigmático. É apenas a narrativa de um homem herói, que termina como vilão, com todas as vicissitudes , da tragédia à gloria, de uma vida que transitou dessa maneira, do moral para o imoral. Pra quem cultua a imagem de Kubrick, vai agradar, pra quem é fã de suas obras como 2001, Laranja, etc, pode ser que deixe a desejar. Agora para quem caiu de paraquedas na obra do Kubrick, ou que busca apenas um passa tempo, é melhor ir com calma.
De dez em dez minutos é uma luta para manter as lágrimas dentro dos olhos, cru e direto. Coerente com o ritmo dos outros trabalhos dos irmãos, Gostei muito!
Um legítimo filme 4D, mas não precisamos sentar numa cadeirinha ou numa cabine que estimule os nossos cinco sentidos srsr. Brincadeira e analogias toscas à parte, o filme desperta bem as sensações pretendidas, sentimos o que o personagem sente de forma direta e naturalmente. Angústia, medo, alegria, esperança, pessimismo vão alternando nas cenas e dentro de nós, sem contar nos embates morais, fica-se apreensivo em cada hesitação e consideração dos personagens que os leva a alguma escolha. Acabamos por julgar cada personagem e cena moralmente. Se o objetivo da arte é nos anestesiar e inquietar, esse filme cumpre bem o papel. Indico o filme e o diretor, que mais uma vez me impressionou, a qualquer um que goste de cinema naturalista.
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O Eclipse
4.1 90 Assista AgoraSensorial, contemplativo, enigmático e melancólico... assim se resume em poucas palavras.
Além da Vittoria, do Piero e dos vários outros personagens, existe um personagem crucial e onipresente nas cenas, Roma! Não sei se é qualquer diretor que consegue fazer de uma cidade um personagem tão importante. O filme é sensorial e contemplativo, na cena inicial, o silêncio do casal é preenchido pelo barulho sutil do ventilador... isso é gostoso de ouvir...de sentir. E assim se segue praticamente em todas as cenas... a caminhada nas ruas é acompanhadas do barulho das árvores... e por aí vai. Antonioni quis explorar também os contrastes, a zorra na bolsa é interrompida por um minuto de silêncio (ou tentativa dele, pois os telefones não param), é uma multiplicidade de sensações experimentada também pelo ouvido, isso é explorado em praticamente todo o filme... a busca pelos cachorros na rua, que acaba resultando numa contemplação dos sons das hastes balançado com o vento... isso é muito gostoso de se atentar. E no encontro ao final que não ocorreu, onde o casal não apareceu, Roma apareceu com todo seu peso.
A Vittoria (Monica Vitti) saindo de um relacionamento e vagando pelas ruas, na bolsa atrás de sua mãe, nos passeios, carrega consigo uma solidão que é sentida e refletida pelas ruas, pelas cenas na bolsa onde só se falam de números e dinheiro. Isso é proposital, o filme não é descomprometido como dizem, a frieza da mãe não é aleatória, o sumiço gradual dos personagens após a perda na bolsa também não o é, as risadas dos curiosos no momento que um carro de luxo é tirado da água com um morto também não é... tudo isso quer nos esfregar na cara o vazio da burguesia italiana da época, de suas falas, de seus relacionamentos.
Bonita atuação de Alain Delon com a Monca Vitti, é outro ponto a se frisar.
A Aventura
4.1 112 Assista AgoraO vazio proposital dos personagens é preenchido pelo ruido da cidade, das ondas, dos carros, os cochichos dos transeuntes.... isso é uma experiência agradável, gostosa, esse é o poder desse filme!
Os belos filmes descompromissados de Antonioni. Podemos ver assim se levarmos em consideração a apreciação estética, a fotografia etc. Apreciar as banalidades da vida, a arquitetura da cidade, a natureza.... mas também é possível filosofar com a trama... pessoas vazias, apáticas, se envolvendo em aventuras, brincando com o amor. É tudo vazio, as pessoas, a cidade, a moça que é cortejada por sua beleza (seu mal-estar pro se sentir apenas isso) o desaparecimento não choca muita gente... a paixão que os personagens constroem é apenas uma mesma euforia, uma aventura, que some como Anne... e fica por isso mesmo, os personagens se arrastam melancolicamente, sem peso, sem saber pra onde, isso é a vida.
Os Sete Samurais
4.5 404Grande filme!! Personagens bem carismáticos e uma trama envolvente! Marco para o cinema, filme que influenciou várias produções do mundo todo, deu pontapé para o "anime"... enfim, listar aqui é desnecessário! CLÁSSICO necessário pra qualquer um que se aprofunde um pouquinho em cinema.
Adeus à Linguagem
3.5 118 Assista AgoraMetafilme.... e meta-atuação do cachorro.
Acossado
4.1 510 Assista AgoraMágico! Muito dinâmico e gostoso de se ver. Ele é espontâneo, bonito e natural. As ruas de Paris filmadas naturalmente nos fazem ter um pequeno tour por lá. Contextualizando, imagino a pancada que foi pra época esse filme com essa montagem inovadora, excita inspiração. Uma câmera viva e ligeira que sabe nos mostrar o essencial. Planos inovadores, cortes provocantes. O filme é vivo, não há personagens engessados, todos são vivos, se coçam enquanto falam, tossem, gaguejam, é tudo natural. Paris também é um personagem vivo, o carro de bombeiros passa fazendo barulho na rua durante os diálogos dentro do apartamento, os transeuntes passam curiosos olhando para a câmera.... tudo isso é delicioso ver. Enfim.. isso é Nouvelle Vague.
Lux Æterna
3.4 64Mais uma vez um filme curioso, intrigante, original... e perturbador! Gostei da experiência!
Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer
3.9 273 Assista Agora-Ei, gata, beije-me!
-Importa?
-Estamos apaixonados.
-James, você não sabe do que está falando.
-Pare de tentar segurar tanto.
-Eu estou perdida, estou perdida faz tempo, como um peru no milho.
-Você não é um peru, o peru é uma das aves mais idiotas da Terra.
-Glu, glu, glu.
Doidera!
O Homem Que Não Estava Lá
4.0 229 Assista AgoraExplorando a laboriosa trama, o advogado deu o seu ponto nevrálgico em sua fala "a partir do momento que metemos as caras nos fatos, nós os alteramos". Assim é feito no filme, traições, chantagens e homicídios ocorrem, todos são julgado e de uma forma pagam por isso, mas com as razões de tais castigos totalmente desencontradas dos fatos. Você mata uma pessoa, mas acaba sendo julgado pela morte de outra, pois essa narrativa foi mais adequada e "pareceu mais verdadeiro", a argumentação da justiça se encaixou até mais perfeita que a própria realidade. Mas nos pegamos aqui falando em "realidade", "fato", se a tese do filme está correta, quem garante que também não estou falsificando toda ela de acordo com minhas convenções? E se não tiver outro plano de narrativa que encaixa tudo isso melhor, com tudo isso na verdade sendo obra de alienígenas e quem sabe até o governo? Não se sabe, se se olha a luz como onda, ela é onda, se se olha como partícula, é partícula, e o gato estará vivo ou morto dependendo de como você ver. Temos o princípio da incerteza da física quântica numa roupagem existencial like a Albert Camus.
O mais divertido sobre o filme não foi vê-lo, mas pensar sobre ele depois, sua trama, por isso comecei falando sobre ela, nunca faço isso ao comentar um filme, falo antes do lado sensorial (acho mais relevante) e da técnica que o causa antes, debater trama pra mim costuma ser secundário.
Todos os elementos dos Coen estão nesse filme, com exceção das tensões, "se existe um plano.... vai na calma, porque ele dará errado, criará um embaraço irracional, situações caóticas, atitudes incompreensíveis, tudo e todos se situarão como um chimpanzé numa loja de louças" (Isso é um control+c control+v do que costumo falar do cinema dos Coen). A fotografia está agradável e as atuações boas. Uma história bem traçada, inteligente como todas as dos Coen, mas apesar do filme te fazer ficar do início ao fim ligado e atento, ele não é tão cativante. Por ser Coen, esperei algo mais, a história é bem montada (como já disse), mas parece que faltou o elemento "cinema" nela. Um livro faria da história uma grande história, talvez ela narrada por alguém também, mas o cinema parecia exigir mais, o sensorial, e ele não tem esse lado digno de estima grande aqui. Desenvolveram um belo e engenhoso argumento, um belo trabalho de escritor laborioso, mas fizeram um papel "ok" de cineastas. Se fosse um primeiro trabalho, receberia uma baita atenção, mas como são os Coen, serão julgados por seu padrão.
Gosto de Sangue
3.9 158 Assista AgoraSe existe um plano.... vai na calma, porque ele dará errado, criará um embaraço irracional, situações caóticas, atitudes incompreensíveis, tudo e todos se situarão como um chimpanzé numa loja de louças. É esse o elemento presente nos filmes dos Coens. Ficamos com o mesmo semblante de seus personagens, uma mescla de incompreensão, atônitos, mas ao mesmo tempo seguindo como se nada tivesse acontecido. Talvez quem não conheça os trabalhos dos diretores, fique num "que caralho está acontecendo?", mas se acalme, pois é tudo proposital.
É um filme divertido até, pra categoria de thriller policial, talvez seja uma referência e se classifique entre os melhores da época, mas as as atuações caricatas (propositais ou não) me causam um profundo desconforto.E fica a sensação de incompletude, uma história bem montada e inteligente, mas que faltou a mesma criatividade para desenvolvê-la para um final.
Gerry
3.3 92Sensorial e introspectivo como todo filme do Gus Van Sant. Além de tudo, esse é repleto de silêncio, que despertam a sensação de solidão, abandono, reflexão... e a "dor na consciência". É um filme que afetará por algum tempo neste clima. É interessante ver o declínio dos dois com o tempo, a tranquilidade e a amizade no início vai se declinando aos poucos até se encontrarem esgotados, delirando... e até consciência atormentada, que se reflete no olhar. Agora analisando outro aspecto, talvez peque um pouco no inicio, nos apresentar mais a amizade talvez poderia nos manter mais atentos a esse início, mesmo que não haja uma boa cadência que encaminhe para o momento de já total entrega e desnorteamento dos personagens, quando você se percebe que está nela, é impossível desgrudar os olhos.
Um murro no estômago a sensação de imaginar e sentir o que se passava na mente do personagem do Matt Damon naquele carro.
O Jovem Ahmed
3.5 33 Assista AgoraMais uma vez Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne conseguem nos manter hipnotizados contemplando um filme, e dessa vez bem curto. A tensão que isca nossa atenção e expectativa já é implantada nos primeiros minutos, pois pelas falas do protagonista, já esperamos momentos em que ele realizará algo absurdo. As tensões se mantém quando percebemos em vários momentos do filme que planeja algo mirabolante.
Não ficará entre os melhores dos diretores, mas é um filme com suas essências.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraBem dirigido, tecnicamente impecável, mas um pouco raso de "espírito". Encanta-nos pela técnica, não pela sensibilidade (que até suspeito que o diretor percebeu e quis consertar colocando uma trilha sonora -chata, diga-se de passagem- que praticamente está presente em todo segundo de filme (e talvez acaba por tirar o telespectador do cenário de guerra, por isso não o afeta tanto). Ainda tem a visão bonachona de inglês mocinho bom e alemão vilão mau um pouco caricata. Um bom filme, mas digamos, mais engenharia que arte.
Você Não Estava Aqui
4.1 242 Assista AgoraSou fã de Ken Loach ,seu cinema naturalista e seus últimos filmes com temáticas de crítica social. O filme é excelente, consegue trabalhar bem o drama e o impacto social causados pelas novas formas de relação empregatícia e nos manter entretidos. Um filme pra despertar tristeza e revolta, fui afetado de todas as formas.
Só achei que... fazendo um comparativo com "I, Daniel Blake", esse não se torna uma pérola por ser explícito demais com suas intenções, praticamente todo diálogo vem pra reforçar o que o filme quer comunicar (e vi que teve gente que não entendeu, acham que o filme gira em torno do adolescente), talvez isso afetou o "naturalismo" e o tornou um pouco caricato, ao contrario de "I, Daniel Blake", que insinua mais. Como todo filme de Loach, seu filme não é apenas contemplação estética, há uma comunicação por trás, e dessa vez, ela veio muito escancarada. 4,5 estrelas, pois independente disso, amei o filme, .
A Árvore dos Frutos Selvagens
4.0 46Ótimo drama. É por causa de filmes assim que amo cinema. Nada melhor que sentar-se só e sentir a tristeza do protagonista.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraEu não entendia as classificações desse filme, colocavam como drama, mas escreviam uma sinopse dizendo que era um "humor negro". Enfim, ótimo filme, consegue ser cômico, trágico e reflexivo o mesmo tempo, de fato, um drama/humor-negro.
Paranoid Park
3.6 324O silêncio desse filme é porta aberta para as sensações. Juventude vazia, tema preferido de Gus Van sant, apatia diante do primeiro sexo, da guerra, da escola, da separação dos pais, do primeiro homicídio, e paixão por andar com os amigos de skate. Podemos não entender o filme, mas sentimos tudo isso durante esses 90 minutos.
acredito que cena em que o pai do garoto aparece pela primeira vez é crucial pra o entendimento da intenção do filme. após um longo período de foco no protagonista, e um certo suspense, enquanto o fundo desfocado mostra a movimentação do pai, a câmera finalmente o foca, e a revelação: É um tatuado, provavelmente um esqueitista, e certeza um esqueitista na adolescência, frequentador do paranoid park, com a mesma vida do filho e com tanto sentido quanto ela.
Um Elefante Sentado Quieto
4.2 61Filme que te contamina por dias em sua atmosfera... só por isso já é de grande valor. Aquela morbidez vai entrando aos poucos e depois demora pra sair.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraOs planos fechados fazem parte da narrativa, ela é a consciência da Mãe a todo momento, vemos como ela encara tudo o que está acontecendo, sua dedicação pelo marido, o zelo pela casa, e depois toda a pertubação das agitações que acontecem, a invasão de sua privacidade, o distanciamento do marido, vemos todo o filme de acordo com o ponto de vista e os sentimentos da Mãe.
Agora partindo para as interpretações (que pra mim devem ser secundárias), o filme é bem rico nisso: um poeta, que não ama ninguém, tem o único objetivo de criar, e pra isso, usa o amor e a vida dos outros como inspiração. A mãe, esposa dedicada e amorosa, é apenas "uma inspiração". "Quem eu sou? eu sou eu, e você, é apenas a casa". Ele sacrificou o amor da mãe e seu próprio filho para procurar uma "mensagem", um "significado" para servir de inspiração. Todas as cenas deixam escancarado a todo momento isso, como quando ela descobre que não foi a primeira a ler o poema, e sim a editora; quando ela é deixada sozinha em casa, enquanto ele vai viver o conflito da família para passar por aquela experiência única etc. Essa é a interpretação mais rasa que se dá pra fazer.
Agora indo mais a fundo, é possível interpretar uma crítica mais religiosa. O poeta é colocado como deus por seus seguidores, e quem é o poeta? o egoísta, que ama ser bajulado, que ignora completamente os sentimentos da mãe e sacrifica o próprio filho, depois procura uma maneira de perdoá-los pela morte do filho! Bem, vi que ainda tem muita lenha pra queimar sobre esse interpretação!
Enfim,um ótimo filme que cumpre muito bem ao que se colocou a ser, não se precisa entrar tanto na enigmática para gostar dele, se as pessoas estão confusa demais, sinceramente é porque estão engessadas demais com narrativas bonachonas hollywoodianas.
Barry Lyndon
4.2 400 Assista AgoraImprescindível para quem estuda cinema (que não é meu caso), pois tem uma fotografia mais que ousada! Também o é pra quem cultua Kubrick. Ele não tem o mesmo ritmo e essência dos outros filmes prestigiados do Kubrick, pois não é desafiador e enigmático. É apenas a narrativa de um homem herói, que termina como vilão, com todas as vicissitudes , da tragédia à gloria, de uma vida que transitou dessa maneira, do moral para o imoral. Pra quem cultua a imagem de Kubrick, vai agradar, pra quem é fã de suas obras como 2001, Laranja, etc, pode ser que deixe a desejar. Agora para quem caiu de paraquedas na obra do Kubrick, ou que busca apenas um passa tempo, é melhor ir com calma.
O Garoto da Bicicleta
3.7 323De dez em dez minutos é uma luta para manter as lágrimas dentro dos olhos, cru e direto. Coerente com o ritmo dos outros trabalhos dos irmãos, Gostei muito!
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542Um legítimo filme 4D, mas não precisamos sentar numa cadeirinha ou numa cabine que estimule os nossos cinco sentidos srsr. Brincadeira e analogias toscas à parte, o filme desperta bem as sensações pretendidas, sentimos o que o personagem sente de forma direta e naturalmente. Angústia, medo, alegria, esperança, pessimismo vão alternando nas cenas e dentro de nós, sem contar nos embates morais, fica-se apreensivo em cada hesitação e consideração dos personagens que os leva a alguma escolha. Acabamos por julgar cada personagem e cena moralmente. Se o objetivo da arte é nos anestesiar e inquietar, esse filme cumpre bem o papel. Indico o filme e o diretor, que mais uma vez me impressionou, a qualquer um que goste de cinema naturalista.