Um dos filmes menos conhecidos do Cronenberg. Como ele disse certa vez numa entrevista, que a questão da identidade vai desde seus filmes experimentais até os mais atuais; e com M. Butterfly não é diferente, é uma questão que o filme levanta. Aliás, essa é, por excelência, a questão do filme: os códigos são embaralhados. E Jeremy Irons mais uma vez numa atuação estupenda com Cronenberg... Queria mais dessa parceria, muito mais.
Esse filme é, em essência, "Nas Montanhas da Loucura" do Lovecraft (algo está lá, aguardando, escutando, à espreita); uma curiosidade sobre esse filme é que durante o "Hoff Film Festival", um festival alemão, Cronenberg mostrou seu filme "Shivers" (muitos anos depois) e um homem alemão se levantou e falou: "Como ousa mostrar este filme, tendo copiado cada coisa de 'Aliens'?" (é que além dos parasitas que vivem em corpos, tem uma cena, especificamente, que mostra a grande semelhança entre este e "Alien": a presença de parasitas na região abdominal, fazendo um passeio nessa região). Então Cronenberg responde: "Bem... você tem que entender que este filme foi feito alguns anos antes de 'Alien' e o roteirista Dan O'Bannon admitiu que tinha assistido 'Shivers', e ele disse: 'Ah! Então nós sabemos quem é o ladrão'".
O que torna tão único o Daniel é que ele encontrou nas palavras simples a poesia, a qual não voaria, melodiosamente falando, sem sua voz e seu coração de cada canção. Ele dá vida as palavras, sua alma.
Samuel le fou. Será as grandes cidades produtoras de doenças mentais, representadas aqui por um sanatório? É que nesse filme há toda uma questão racial, de guerra, de paranoia, de neurose... E como foi possível representar o esquizo como esse farrapo autista, separado do real e cortado da vida? Apesar da esquizofrenia não ser o grande foco do filme, vale dizer que aqui os esquizos são tratados como entidade clínica, farrapo autístico produzido como entidade. O sanatório é o próprio EUA, usado como "desculpa" para a produção de doenças mentais.
Em poucas palavras: esse é um filme feito pra gente. "Mas qual é o filme que não é feito pra a gente, dã?"; outros... mas não vem ao caso. O que interessa é que é feito pra gente aqui (Nós, Os Vivos?!): maquiados por uma frieza, sem afetos e cumplicidades. Roy Andersson retrata a frieza e a crueldade da nossa sociedade de controle. A grande questão é: será que nos damos contar disso? Parece que não; porque o filme nos impacta de uma tal forma que o chamamos de "louco", alienado.
Artaud. O monge apaixonado por Joana d'Arc: com seus olhos fundos de místico, como se brilhassem no fundo de uma caverna. Profundos, sombrios e misteriosos. Esse é o tipo de filme que se define por afeto; mas o afeto não pode ser definido, porque ele seria um agenciamento (não que um agenciamento não possa ser definido, mas porque o afeto só funciona em agenciamento). Dreyer, nessa predominação dos primeiros planos, cria toda uma perspectiva espiritual, rostos cortados pela borda da tela, remetendo a uma outra dimensão da imagem; este mistério do presente que (re)começa.... Em suma, um devir não humano do "homem", não-pessoal, tornando os rostos uma espécie de potência cósmica que intensifica a vida.
Durante minha doce vida — quem diria? —, sem sequer uma exceção, vi a razão ser o juiz de si mesma, intelectuais como passivos funcionários da Providência, autenticando e protegendo valores de poderes dominantes; a Justiça não faz o que diz nem diz o que faz, à medida que ela se delicia com seu bajulo de castigos, recorrendo à vingança aos inocentes; pois, foram eles que a elaboraram? Julgariam a razão os inocentes, imanentemente, a fim de, fulminantemente, atacar os valores vigentes? Que direito de Justiça teriam senão esse?
É o filme mais cruel do Haneke; fiquei feito peixe fora d'água, sem respirar, morrendo aos poucos, assim como ele apresenta seus personagens, aos poucos. Que sufoco.
O ato do pensamento é experimentar, mas a experimentação é sempre o que se está fazendo de novo, o notável, o interessante, que substituem a aparência de verdade e que são mais exigentes do que ela.
M. Butterfly
3.8 88Um dos filmes menos conhecidos do Cronenberg. Como ele disse certa vez numa entrevista, que a questão da identidade vai desde seus filmes experimentais até os mais atuais; e com M. Butterfly não é diferente, é uma questão que o filme levanta. Aliás, essa é, por excelência, a questão do filme: os códigos são embaralhados.
E Jeremy Irons mais uma vez numa atuação estupenda com Cronenberg... Queria mais dessa parceria, muito mais.
Marcas da Violência
3.8 399 Assista AgoraApesar das cenas viscerais (que perpassam seus filmes), Cronenberg, em sua "nova" fase, comove, e como comove com aquela cena final.
Amnésia
4.2 2,2K Assista AgoraParanoid Android não funcionaria tão bem quanto em Ergo Proxy (nos créditos finais); talvez o Nolan queria a canção por ser fã da banda.
L'uomo, La Donna e La Bestia
3.5 2Imaginando como seria o "Maldoror" do Cavallone. Não sei como tem nota dele no IMDB se não tem em canto nenhum para assistir...
Uivos Para Sade
3.7 4"Ainda há muitas pessoas que não dão gargalhadas ou gritam quando ouvem a palavra 'moralidade.'"
Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraEsse filme é, em essência, "Nas Montanhas da Loucura" do Lovecraft (algo está lá, aguardando, escutando, à espreita); uma curiosidade sobre esse filme é que durante o "Hoff Film Festival", um festival alemão, Cronenberg mostrou seu filme "Shivers" (muitos anos depois) e um homem alemão se levantou e falou: "Como ousa mostrar este filme, tendo copiado cada coisa de 'Aliens'?" (é que além dos parasitas que vivem em corpos, tem uma cena, especificamente, que mostra a grande semelhança entre este e "Alien": a presença de parasitas na região abdominal, fazendo um passeio nessa região). Então Cronenberg responde: "Bem... você tem que entender que este filme foi feito alguns anos antes de 'Alien' e o roteirista Dan O'Bannon admitiu que tinha assistido 'Shivers', e ele disse: 'Ah! Então nós sabemos quem é o ladrão'".
RIP Giger!
O Testamento do Dr. Mabuse
4.1 29 Assista AgoraPostulados da linguística.
Os Sonhadores
4.1 1,9K Assista AgoraMénage-a-trois. Certeza que Bertolucci viu o filme de Jean Eustache para se inspirar.
Boy Meets Girl
3.9 40 Assista AgoraE essas telas pretas duma hora pra outra são reais?
Loucuras de um Gênio
4.4 71O que torna tão único o Daniel é que ele encontrou nas palavras simples a poesia, a qual não voaria, melodiosamente falando, sem sua voz e seu coração de cada canção. Ele dá vida as palavras, sua alma.
Paixões que Alucinam
4.2 83 Assista AgoraSamuel le fou. Será as grandes cidades produtoras de doenças mentais, representadas aqui por um sanatório? É que nesse filme há toda uma questão racial, de guerra, de paranoia, de neurose... E como foi possível representar o esquizo como esse farrapo autista, separado do real e cortado da vida? Apesar da esquizofrenia não ser o grande foco do filme, vale dizer que aqui os esquizos são tratados como entidade clínica, farrapo autístico produzido como entidade. O sanatório é o próprio EUA, usado como "desculpa" para a produção de doenças mentais.
Canções do Segundo Andar
4.1 67Em poucas palavras: esse é um filme feito pra gente. "Mas qual é o filme que não é feito pra a gente, dã?"; outros... mas não vem ao caso. O que interessa é que é feito pra gente aqui (Nós, Os Vivos?!): maquiados por uma frieza, sem afetos e cumplicidades. Roy Andersson retrata a frieza e a crueldade da nossa sociedade de controle. A grande questão é: será que nos damos contar disso? Parece que não; porque o filme nos impacta de uma tal forma que o chamamos de "louco", alienado.
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraArtaud. O monge apaixonado por Joana d'Arc: com seus olhos fundos de místico, como se brilhassem no fundo de uma caverna. Profundos, sombrios e misteriosos.
Esse é o tipo de filme que se define por afeto; mas o afeto não pode ser definido, porque ele seria um agenciamento (não que um agenciamento não possa ser definido, mas porque o afeto só funciona em agenciamento). Dreyer, nessa predominação dos primeiros planos, cria toda uma perspectiva espiritual, rostos cortados pela borda da tela, remetendo a uma outra dimensão da imagem; este mistério do presente que (re)começa....
Em suma, um devir não humano do "homem", não-pessoal, tornando os rostos uma espécie de potência cósmica que intensifica a vida.
Não Matarás
4.1 131 Assista AgoraDurante minha doce vida — quem diria? —, sem sequer uma exceção, vi a razão ser o juiz de si mesma, intelectuais como passivos funcionários da Providência, autenticando e protegendo valores de poderes dominantes; a Justiça não faz o que diz nem diz o que faz, à medida que ela se delicia com seu bajulo de castigos, recorrendo à vingança aos inocentes; pois, foram eles que a elaboraram? Julgariam a razão os inocentes, imanentemente, a fim de, fulminantemente, atacar os valores vigentes? Que direito de Justiça teriam senão esse?
O Abecedário de Gilles Deleuze
4.7 6A Assinatura do Mundo: D&G.
O Sétimo Selo
4.4 1,0KDeus é o mais ateu de todos nós.
O Beijo Amargo
4.2 54 Assista AgoraSamuel Fuller consegue fazer o primeiro filme que trata da pedofilia, que ousadia para a época!
O Sétimo Continente
4.0 174 Assista AgoraÉ o filme mais cruel do Haneke; fiquei feito peixe fora d'água, sem respirar, morrendo aos poucos, assim como ele apresenta seus personagens, aos poucos. Que sufoco.
Era uma Vez na América
4.4 529 Assista AgoraQuando você pensa que o filme parece não acabar, aí é que ele ganha força e te prende mais ainda!
Asas do Desejo
4.3 493 Assista AgoraA perfeição é perfeita em sua imperfeição.
A Montanha Sagrada
4.3 465O ato do pensamento é experimentar, mas a experimentação é sempre o que se está fazendo de novo, o notável, o interessante, que substituem a aparência de verdade e que são mais exigentes do que ela.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraHAL é um monolito.
Tatuagem
4.2 924A História do Olho.
Joseph Kilian
3.8 5O gato é o segredo.