Ok, e esses planos elaboradíssimos maravilhosos, meu Deus.
Gostei do filme, mesmo. Mas, infelizmente, ficou a pequena impressão de que ele poderia ter desenvolvido melhor o roteiro. Em alguns momentos a curva dramática é forçadíssima:
É preciso admitir: o filme possui uma visão ingênua e preconceituosa da chegada dos portugueses - e, em especial, dos índios -. Mas eu não consigo... a melancolia do Humberto Mauro sempre impressiona. A estética é outro ponto que prende a respiração: a mistura de cinema mudo com o falado nunca foi tão contundente. A construção geral do filme, sua sensibilidade, os corpos...
Não, não é certo amar este filme: mas o inevitável me prende a ele; e eu tento, sem sucesso, excluir todos os preconceitos do filme e transformá-los na pura melancolia mauriana.
Sensacional. Esteticamente delicioso: planos que deslizam pelas personagens e lugares. O clima claustrofóbico é, também, muito bem construído. Duvidar de todos, para si e para todos.
Não me pareceu ser um filme perfeito; é irregular, com altos e baixos. Mas, na simplicidade e sinceridade destas vidas, nós conseguimos ver a vida. E a vida é tão mais que um filme... Admito que estou contagiada pelos dois primeiros filmes também, mas não consigo deixar de ver aqui bem mais que uma obra, é um filme aberto sem ser bobo. Chegar neste nível, parece-me, é uma das coisas mais difíceis que existem.
Se esta é uma "obra menor", como muitos dizem, o que esperar de Masaki Kobayashi? Grande gênio. E eu não entendo como é possível não ver, aqui, uma pequena obra-prima. Maravilhoso em todos os níveis: no aspecto moral até ao jazz de sua trilha. Noir.
O filme, infelizmente, poderia ser melhor. O roteiro até é interessante, mas é meio fraco, dramaturgicamente falando. Ainda assim: suas melhores cenas, são grandes, grandes cenas.
Resnais! Não é um filme perfeito, mesmo. A imagem é super mal tratada em alguns momentos - e não creio que esse era o estilo desejado. Às vezes o ritmo se torna um pouco arrastado. Mas quando o filme engrena, ele pega como um turbilhão. Ou como um riso sarcástico (nesse sentido o filme me lembrou O Anjo Exterminador). Muito bom, mesmo, o cinema precisa desse tipo de coragem, que aparece bem raramente.
Um tipo de inocência que cria vanguarda. A estrutura do filme é de um livro, e na tentativa de transpor isso ao cinema, acaba-se por criar uma narrativa fragmentada muito avançada para a época. Bom demais, ainda que confuso em alguns momentos.
Não no sentido da "zoofilia", mas da forma como se trata a sexualidade da/o Dren: quando mulher ela seduz, quando homem ele estupra.
Tem alguns momentos bons em relação à engenharia genética e sua relação com o capitalismo. Interessantezinho, bom tocar nesses assuntos, mas não é um grande filme.
O filme mais cerebral do PTA, apenas vendo ele mais de uma vez se percebe como as relações são delineadas. Relevante: não é um filme sobre cientologia, mas sim sobre uma época e, em especial, dois homens.
É isso! é isso, é isso, é isso! poucas vezes em minha vida de cinéfila eu me empolguei tanto num filme, concordei tanto: vi e ouvi tanto. Talvez a maior despedida da história do cinema. Faltam palavras para descrever a densidade e beleza do filme. Vou falar apenas de um trecho, mais para o fim, que talvez seja a cena mais famosa do filme:
Quando Sarah adormece e sonha (que ocorre com um lindo corte!): "in love I'm not sure of me, I'm not sure of that, I'm not sure of love, (sure of love), I'm nor sure of me, of you." isso resume, de certa forma, toda a obra do Cassavetes, que sempre, insisto nisso, _sempre_ trata de identidade e de amor (e, claro, com diversos outros temas rondando estes). Mas não é só a letra - e a música, e a fotografia, e a atuação -, mesmo a cenografia!, até ela, que por vezes foi esquecida pelo Cassavetes! O palco com o centro na sombra, é nessa escuridão que as personagens estão... mas elas estão iluminadas, mesmo aí, na sombra, elas brilham! Como qualquer protagonista de qualquer filme do Cassavetes. Isso para resumir uma pequena parte de um pequeno momento de uma pequena cena!
O filme ainda possui diversos outros momentos tão geniais quanto esse. Tão densos e tão belos... Lindíssimo.
Me odeiem por isso, mas: um dos filmes mais superestimados dos anos 70. O roteiro não tem qualquer senso de estrutura, de arco dramático, de construção de personagem, nada! Isso não é necessariamente um problema (não o é em muitos filmes do Buñuel), mas aqui é claramente perceptível a tentativa de atingir esses objetivos. Além disso, a tentativa de mostrar os "horrores da guerra" e seus efeitos nas vidas das pessoas é absolutamente superficial. Mostrar uma única cena de roleta russa não basta!, a transformação das personagens é tão superficial... (defeito do roteiro que se esconde atrás das grandes performances - em especial a do Christopher Walken). O que o filme pode proporcionar? grandes cenas (que não se ligam), tensão; mas coesão, sentido, transformação, análise psicológica... não, isso não. Uma obra quebrada.
Faz parte do seleto grupo de filmes para os quais não consigo dar nota. Isso não é ruim - e, em alguns casos, também não é bom -, é apenas impressionante. É um filme essencial, é ótimo; mas como colocar isso dentro de um sistema de notas? de 0,5 a 5, de 1 a 10, não importa. Meu conselho seria: veja, num momento que quiser ver algo diferente, denso e único. Não espere ver um documentário, nem uma ficção; não procure uma história ou um ensaio, tampouco um "filme de arte". É uma compilação, talvez, que engloba muito daquilo que chamamos de Brasil, de sociedade, de mundo.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraOk,
e esses planos elaboradíssimos maravilhosos, meu Deus.
Gostei do filme, mesmo. Mas, infelizmente, ficou a pequena impressão de que ele poderia ter desenvolvido melhor o roteiro. Em alguns momentos a curva dramática é forçadíssima:
"mas ninguém nunca me ensinou a rezar".
Ainda assim, o clima geral do filme acaba me lembrando o Werner Herzog:
a natureza é maior do que nós, bem maior. O que tentamos é dominá-la, sem sucesso, o que conseguimos, no máximo, é sobreviver a ela.
Ah, sim, para a minha surpresa a Sandra Bullock está atuando realmente bem.
O Descobrimento do Brasil
3.1 19É preciso admitir: o filme possui uma visão ingênua e preconceituosa da chegada dos portugueses - e, em especial, dos índios -.
Mas eu não consigo... a melancolia do Humberto Mauro sempre impressiona. A estética é outro ponto que prende a respiração: a mistura de cinema mudo com o falado nunca foi tão contundente. A construção geral do filme, sua sensibilidade, os corpos...
Não, não é certo amar este filme: mas o inevitável me prende a ele; e eu tento, sem sucesso, excluir todos os preconceitos do filme e transformá-los na pura melancolia mauriana.
Jobs
3.1 750 Assista Agorao filme mais insuportável.
Memórias do Subdesenvolvimento
4.1 45Maravilhoso.
Me pareceu uma espécie de São Paulo SA visto pelo outro lado haha
Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua
3.0 82 Assista AgoraSensacional.
Esteticamente delicioso: planos que deslizam pelas personagens e lugares. O clima claustrofóbico é, também, muito bem construído. Duvidar de todos, para si e para todos.
E a inversão final é genial: "nossa reação foi simplesmente humana": bombas e bombas e bombas.
Antes da Meia-Noite
4.2 1,5K Assista AgoraNão me pareceu ser um filme perfeito; é irregular, com altos e baixos.
Mas, na simplicidade e sinceridade destas vidas, nós conseguimos ver a vida. E a vida é tão mais que um filme...
Admito que estou contagiada pelos dois primeiros filmes também, mas não consigo deixar de ver aqui bem mais que uma obra, é um filme aberto sem ser bobo. Chegar neste nível, parece-me, é uma das coisas mais difíceis que existem.
A Herança
4.1 5Se esta é uma "obra menor", como muitos dizem, o que esperar de Masaki Kobayashi?
Grande gênio.
E eu não entendo como é possível não ver, aqui, uma pequena obra-prima. Maravilhoso em todos os níveis: no aspecto moral até ao jazz de sua trilha. Noir.
São Paulo Sociedade Anônima
4.2 172Não que eu more lá, mas:
TCHAU SÃO PAULOOO!!
e que irônico o diálogo com o motorista ao fim: São Paulo é o cigarro, vicia, larga-se.... mas há de voltar.
Segredos de Sangue
3.5 1,3K Assista AgoraQue edição.
Que edição.
O filme, infelizmente, poderia ser melhor. O roteiro até é interessante, mas é meio fraco, dramaturgicamente falando.
Ainda assim: suas melhores cenas, são grandes, grandes cenas.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 424 Assista AgoraSaudades desse filme:
e que trilha sonora.
A Entidade
3.2 2,3K Assista AgoraComo filme, não achei bom. Mas medo, muito, muito medo.
Menos no final, que achei sem graça.
Vocês Ainda Não Viram Nada!
3.6 28Resnais!
Não é um filme perfeito, mesmo. A imagem é super mal tratada em alguns momentos - e não creio que esse era o estilo desejado. Às vezes o ritmo se torna um pouco arrastado.
Mas quando o filme engrena, ele pega como um turbilhão. Ou como um riso sarcástico (nesse sentido o filme me lembrou O Anjo Exterminador).
Muito bom, mesmo, o cinema precisa desse tipo de coragem, que aparece bem raramente.
Cores
2.8 52A fotografia é muito boa.
Mas o roteiro nem tanto (apesar de ter algo a falar, isso tem). Enfim, vale a pena conferir.
Aitaré da Praia
3.3 12Um tipo de inocência que cria vanguarda.
A estrutura do filme é de um livro, e na tentativa de transpor isso ao cinema, acaba-se por criar uma narrativa fragmentada muito avançada para a época.
Bom demais, ainda que confuso em alguns momentos.
Mulheres da Noite
4.1 9 Assista AgoraSurpreendeu muito. Achei que seria um Mizoguchi menor: engano meu. Grande, grande, grande filme!
Rogopag - Relações Humanas
3.9 13A ricota.
Sr. Ninguém
4.3 2,7Kfalsificação da ciência em favor de um sentimentalismo bem barato e um estudo bem fraquinho sobre escolhas
meh, esperava bem mais
Splice: A Nova Espécie
2.7 914Uma visão meio retrógrada da sexualidade, acho.
Não no sentido da "zoofilia", mas da forma como se trata a sexualidade da/o Dren: quando mulher ela seduz, quando homem ele estupra.
Tem alguns momentos bons em relação à engenharia genética e sua relação com o capitalismo. Interessantezinho, bom tocar nesses assuntos, mas não é um grande filme.
O Mestre
3.7 1,0K Assista AgoraI wanna get you
on a slow boat to china
all to myself
alone....
LINDO.
O Mestre
3.7 1,0K Assista AgoraO filme mais cerebral do PTA, apenas vendo ele mais de uma vez se percebe como as relações são delineadas.
Relevante: não é um filme sobre cientologia, mas sim sobre uma época e, em especial, dois homens.
A Canção da Esperança
3.7 11Wow.
Amantes
4.1 25É isso!
é isso, é isso, é isso!
poucas vezes em minha vida de cinéfila eu me empolguei tanto num filme, concordei tanto: vi e ouvi tanto. Talvez a maior despedida da história do cinema.
Faltam palavras para descrever a densidade e beleza do filme. Vou falar apenas de um trecho, mais para o fim, que talvez seja a cena mais famosa do filme:
Quando Sarah adormece e sonha (que ocorre com um lindo corte!):
"in love I'm not sure of me,
I'm not sure of that,
I'm not sure of love,
(sure of love),
I'm nor sure of me,
of you."
isso resume, de certa forma, toda a obra do Cassavetes, que sempre, insisto nisso, _sempre_ trata de identidade e de amor (e, claro, com diversos outros temas rondando estes). Mas não é só a letra - e a música, e a fotografia, e a atuação -, mesmo a cenografia!, até ela, que por vezes foi esquecida pelo Cassavetes! O palco com o centro na sombra, é nessa escuridão que as personagens estão... mas elas estão iluminadas, mesmo aí, na sombra, elas brilham! Como qualquer protagonista de qualquer filme do Cassavetes. Isso para resumir uma pequena parte de um pequeno momento de uma pequena cena!
O filme ainda possui diversos outros momentos tão geniais quanto esse. Tão densos e tão belos...
Lindíssimo.
O Franco Atirador
4.0 353 Assista AgoraMe odeiem por isso, mas: um dos filmes mais superestimados dos anos 70.
O roteiro não tem qualquer senso de estrutura, de arco dramático, de construção de personagem, nada! Isso não é necessariamente um problema (não o é em muitos filmes do Buñuel), mas aqui é claramente perceptível a tentativa de atingir esses objetivos. Além disso, a tentativa de mostrar os "horrores da guerra" e seus efeitos nas vidas das pessoas é absolutamente superficial. Mostrar uma única cena de roleta russa não basta!, a transformação das personagens é tão superficial... (defeito do roteiro que se esconde atrás das grandes performances - em especial a do Christopher Walken).
O que o filme pode proporcionar? grandes cenas (que não se ligam), tensão; mas coesão, sentido, transformação, análise psicológica... não, isso não.
Uma obra quebrada.
Serras da Desordem
4.2 32Faz parte do seleto grupo de filmes para os quais não consigo dar nota. Isso não é ruim - e, em alguns casos, também não é bom -, é apenas impressionante.
É um filme essencial, é ótimo; mas como colocar isso dentro de um sistema de notas? de 0,5 a 5, de 1 a 10, não importa.
Meu conselho seria: veja, num momento que quiser ver algo diferente, denso e único. Não espere ver um documentário, nem uma ficção; não procure uma história ou um ensaio, tampouco um "filme de arte". É uma compilação, talvez, que engloba muito daquilo que chamamos de Brasil, de sociedade, de mundo.