Eu não gosto de qualquer tipo de fanatismo religioso, mas mesmo Anna sendo uma cristã fanática, eu sinto pena, pois ela parece que passou por muitas coisas ruins e tal, enfim. Eu fico me perguntando o quão significante pode ser a religião para as pessoas...
Anna Maria vive dos ensinamentos de sua fé religiosa e procura propagar através do trabalho missionário de porta em porta. Eu não vi nada de positivo na fé de Anna. Não vi nenhum tipo de satisfaz ação por parte de Anna em suas atividades, por exemplo. Eu não vejo (sei que existem) muitos cristãos praticando o ato de caridade, compreensão e etc... É o que acontece com Anna, é só reparar em como lida com as pessoas que visita. A única coisa que é capaz de oferecer é o seu empenho em querer converter as pessoas.
O retorno do seu marido muçulmano é como se fosse um teste para ela. Acontece muita coisa incômoda a partir disso. Outra coisa interessante é ver como existem defeitos, tanto por parte dos católicos como dos muçulmanos.
Maria Hofstätter (não conhecia essa atriz) está incrível. É uma performance respeitável. Dá pra sentir que ela mergulhou completamente nesse papel. É uma atuação muito convincente.
Eu me pergunto como seria para o público religioso ver a cena de Anna lambendo Jesus e o usando para outra necessidade, rs. Enfim, eu até ri nessa cena.
A construção dos eventos são bem convencionais e tal. Mas não vejo como problema isso aqui. O que eu respeito, é que ele sabe exatamente o que é, por isso vai direto ao ponto que interessa. É um terror/suspense de tubarão, imagina ficar preso no mar com uma criatura querendo te devorar? Isso causa um certo medo (pelo menos, pra mim), haha.
O grande problema com o qual esse gênero costuma sofrer bastante, é a dificuldade de manter o espectador interessado do início ao fim. Embora tenha suas falhas (o que já era esperado), nada disso compromete o resultado final: um bom entretenimento.
Eu gosto do diretor. É interessante a ideia do filme. Mas o resultado final, não me agradou tanto, como eu esperava. Eu gosto quando o assunto é sobre relações humanas e suas expectativas e tal. A narrativa com uma estrutura episódica é interessante, mas não sei se foi por isso que tive um certo distanciamento de tudo. As conversas não me encantaram em nenhum momento, acho que somente aquela no qual Oki tirou fotos do Jin-Goo (acho que é isso) no banco, depois ambos os personagens tem uma conversa leve e bem humorada. De resto, em nenhum outro momento estive envolvido de verdade. O que é crucial.
Eu não tenho nenhum problemas com ritmos lentos, só pra deixar claro. O meu maior problema é que o tempo inteiro estive distante de tudo. É de uma frieza, sabe. Eu não gostei da estrutura do filme. Os flashbacks me pareceram muito desarticulados. Eu ainda acho que seria melhor se a história fosse contada de maneira linear... Mas fazer o quê.
A parte da dramaticidade não me despertou atenção. Enfim, não sei mais o que falar, rs.
É o meu segundo filme do Lee Chang-dong. Que diretor excelente. Eu ainda prefiro "Em Chamas". Porém, gostei muito de "Poesia".
Jeong-hie Yun está perfeita no seu personagem Mija. É contida, introspectiva e sensível. Até a voz é poética. Achei uma mulher incrível, mesmo tendo que lidar com muitos problemas em sua vida, ela não esquece de reservar um tempo para si mesma, por isso o interesse em escrever um poema, é através da arte que ela encontra uma maneira de lidar com todos os problemas. É tão interessante ver o processo na criação de um poema, observar as belezas ao seu redor e etc... Mas o mundo em si, muitas vezes não é nada bonito, infelizmente.
É um filme muito bonito, apesar da partes tristes. A narrativa é simples, mas impressiona. É de uma leveza e também não deixa de possuir um certo senso de humor.
Olha, óbvio que a trama seria conhecida por todos. Não esperava nada diferente. É bem previsível e tal. Mas tem uma pegada diferente dos filmes do Michael Bay (eu gostei do primeiro da franquia). É o famoso "Menos é mais", as cenas de ação são limitadas ao mínimo. E só por esse fato, não me deu dor de cabeça, rs. O foco é desenvolvimento dos personagens (nada fora do comum, o que já é esperado), principalmente, a relação de amizade entre Charlie e Bumblebee.
Eu achei que ele funciona melhor que a maioria dos outros filmes da franquia por se concentrar mais na emoção do que na ação desenfreada. Mas ainda assim, não achei nada tão emocionante assim. É apenas ok, pra mim. O Bumblebee é um fofo, isso por si só, me fez curtir o filme até, haha. Eu fico sem entender o porque de certas cenas, pois não acrescentam em nada e são puramente vergonhosas. Como por exemplo, a cena no carro onde Charlie pede para o seu amigo tirar a camisa... Enfim, tem piadas ruins, mas também algumas legais.
Eu queria um filme (nem sei se tem, é que parei no segundo da franquia) voltado as origens dos Transformers e tal.
Eu não gosto muito de cinebiografias. Os filmes do gênero são quase sempre a mesma coisa. Mas gostei de Jersey Boys. É um filme cativante.
É evidente toda felicidade em torno da obra, o Clint parece se divertir em contar essa história, por isso não se aprofundou em seus momentos mais tristes, por exemplo. O ritmo é ótimo, não achei monótono em nenhum momento. As atuações são boas... Todos muito bem á vontade, por sinal.
Os personagens quebrando a quarta parede no decorrer do filme pra contar a história na sua perspectiva é bem bacana. O mais legal, é claro, são as músicas... Eu adorei como mostrou a criação das músicas da banda, principalmente a parte que eles testam a música "Cry for Me" pela primeira vez.
Eu não conhecia os "Four Seasons" e tal, apesar de conhecer a música "Cant Take My Eyes Off You". Gostei muito da escolha em deixar essa música pra tocar no final. Bem bom.
Eu tenho um fraco por filmes catástrofe. Mas o filme em si, é horrível em todos os sentidos. Os personagens não cansam de tomar decisões extremamente fora da realidade.
Ainda assim, é um filme divertido e hilário. Farofinha russa.
É um bom filme, mas esperava bem mais, por ser de um diretor que gosto e também devido aos altos elogios que o filme recebeu. As vezes em determinados filmes acabamos não sentindo a mesma intensidade que o outro. O que é normal. É o que aconteceu comigo. Não senti tanta força emocional assim. Um dos filmes recentes de Koreeda que gostei muito mesmo foi: Pais e Filhos (2013). Que inclusive levantou a questão sobre: Por ser pai biológico isso quer dizer que realmente seja pai? Ou pai é aquele que cria e dar todo amor e carinho?
"Assunto de Família" traz como mensagem algo semelhante. O que é melhor para uma criança ignorada e até mesmo violentada? Ficar com seus pais biológicos, mas que não dão amor e nem carinho, ou fazer parte da construção de uma família de pequenos ladrões que não são do mesmo sangue? A criança poderia escolher a família? Ele traz essas questões aqui. A família pode até ser não muito comum, mas é onde a criança pela primeira vez em sua vida, encontrou todo um amor e cuidado.
O Koreeda sempre foi interessado nos fortes conflitos nas relações de uma família. Nós acompanhamos o cotidiano da família, muitas coisas moralmente erradas, rs. É engraçado quando um deles diz: "não é roubo, pois não é de ninguém enquanto estiver na loja". Pois é, uma boa maneira de enxergar as coisas, haha.
Enfim, é um filme bonito e possui uma mensagem importante. Vamos cuidar mais das pessoas, independente se for parente ou não. Simples assim.
É um filme que trata sobre um assunto pertinente. É cinema denúncia, mostra algo terrível que acontece no Egito e no resto do mundo, infelizmente.
A partir da história em comum das três mulheres, foi levantado questões sobre as possíveis "soluções" contra o assédio, mas no final das contas, nada é bem resolvido.
É inegável sua importância.. No entanto, achei apenas mediano e artisticamente nada memorável. Enfim.
O cinema latino-americano merece ser ainda mais visto.
É um belo estudo de personagem. A duração do filme é curta, o enredo é bastante simples. Teresa e "El Gringo" são pessoas com personalidades um tanto diferentes. Ainda assim, com o tempo, surge um romance que é construído de maneira muito bonita, leve e sensível. É um filme sobre autodescoberta e também a reconciliação com a felicidade (mais especificamente o amor), mesmo num estágio mais avançado da vida.
A cinematografia é bonita. A beleza do deserto e sua imensidão representa liberdade para Teresa. É um ótimo filme. Não entendo a nota baixa aqui. Enfim.
Na cena de abertura, Connie (Robert Pattinson) entra numa sessão de terapia para tirar o seu irmão que é deficiente mental. Ele não a terapia necessário para o seu irmão. Depois os dois juntos roubam um banco, o assalto em si, ocorre perfeitamente. No entanto, uma bomba de tinta explode na mala que estava o dinheiro e vem todas as situações complicadas...
A partir disso, o que presenciamos é um mergulho eletrizante numa noite em Nova York. através de uma direção realmente muito boa. É uma história que envolve reviravoltas, coisas cada vez mais absurdas e caóticas, que fica complicado de explicar, haha. É impressionante como realmente muitas coisas acontecem numa só noite, rs.
O que eu gostei bastante, é que mesmo com toda ação e intensidade que há, em nenhum momento o filme deixa de lado a motivação que está por trás das ações personagem. Connie é capaz de fazer qualquer coisa para salvar o seu irmão. Mesmo tendo cometido muita besteira, é um personagem simpático, devido ao amor que sente pelo seu irmão.
A atuação do Pattinson é realmente muito boa. É uma pena que ele tenha ficado "marcado" pra muita gente por causa de Crepúsculo. O que é um erro enorme. Quem já viu outros desempenhos do ator sabe que ele ainda tem muito a oferecer.
Cara, o Kiarostami é um diretor incrível mesmo. Já na primeira cena percebe-se isso. Nós somente escutamos a voz de uma mulher conversando no celular, um assunto muito pessoal. A câmera não está nela e também não mostra nada do estabelecimento, ela fica estática por um tempo, nós realmente somos espectadores na cena. No fundo, tem um senhor conversando com as pessoas, ele aparece somente depois de alguns minutos e ficamos sabendo quem ele é. Akiko (protagonista) na abertura já mostra os papéis da sua vida atualmente. É namorada de um ciumento que quer saber onde ela se encontra, sabemos que ela é uma garota de programa e também neta, sua avó viajou para Tóquio somente para vê-la.
A cena do táxi, meu Deus. É uma das cenas mais lindas dos últimos anos. Nós escutamos o barulho da noite de Tóquio, são várias amostras de luzes em cores diferentes (cheio de mudanças entre a luz e sombra) brilhando na janela lateral do carro. Durante a viagem, Akiko escuta as mensagens do correio de voz no celular, são mensagens de sua avó que demonstra preocupação com a mesma. Antes de ir até o cliente, Akiko pede para o taxista passar pelo lugar onde sua avó se encontra. O táxi circula duas vezes em torno da estátua que a avó está... Olha, mesmo não conhecendo a avó, é uma cena dolorosamente triste. É uma idosa em uma cidade muito movimentada querendo ver sua neta, ela quer se relacionar e etc... É tudo brilhantemente construído.
Podemos até fazer um paralelo com a situação de Takashi, pois é justamente isso que ele quer também. Ele não quer sexo com Akiko, quer apenas conversar. Ele sente falta da sua filha... Sei lá, existe um certo descaso por parte dos mais jovens quando o assunto é se importar com os mais velhos e tal.
Os conceitos de amor e cansamento são tratados aqui. A cena entre Takashi e Noriaki no carro onde conversam sobre casamento é excelente. É o choque de diferenças entre pessoas de idades diferentes. Aliás,, a maioria das cenas são dentro de carros em movimento, sempre num espaço fechado e tal. Coisa semelhante ao que temos em "Cópia Fiel".
O enredo não tem um começo e nem fim. Kiarostami não parece ter interesse nisso. O interesse está nas interações mais do que verdadeiras entre seus personagens. O estilo narrativo continua o mesmo, calmo e sem pressa... A quietude pode incomodar muitas pessoas, é claro. No entanto, é justamente onde está a força do filme.
Olha, eu nunca gostei muito de filmes de terror. Não consigo encontrar muita satisfação neles. E tem o problema que a maioria parece sair do mesmo molde, por exemplo. Mas esse aqui, eu até que gostei.
A história se desenvolve como um drama familiar, devido suas tragédias e tal... O que está em primeiro plano é o drama sobre a perda, a culpa que vem com a morte, a incapacidade de compreender a morte e como ela pode afetar profundamente a saúde mental de uma pessoa. No entanto, gradualmente o filme vai se tornando cada vez mais misterioso, místico e etc... Ele é sutil por um bom tempo. Ele consegue criar uma certa tensão (não em todas os momentos), onde sentimentos que algo ruim está se aproximando...
Eu só não gostei de algumas coisas do enredo em si. Não achei assustador também, rs. Eu acho que o final poderia ser mais vago, por exemplo. Enfim, a cinematografia é muito boa. Vou ver o próximo filme do diretor. Não amei, mas também não odiei (o que significa muito para minha pessoa que tem uma relação complicada com o gênero).
Que desperdício de potencial, hein. O trailer que me despertou certa curiosidade, me fez esperar algo no mínimo bom, mas nem isso aconteceu.
A premissa que é interessante, foi muito mal explorada, o Jack é apenas um cara que fingiu ter escrito as músicas dos Beatles e pronto. É isso. O contexto social histórico que foi todo o alvoroço criado pela banda não teve foco nenhum. E quando Jack percebe que a Coca-Cola não existe mais, somente a Pepsi... Que um dos hits do Oasis, nunca fez sucesso. Outras bandas que foram influenciadas pelos Beatles ainda fazem sucesso, como o Coldplay, por exemplo. Isso poderia ser explorado, mas o filme não quis isso e se contentou com as piadas realmente bem previsíveis e nada engraçadas.
E sim, tem o maldito romance. Ok, se o romance, pelo menos, fosse atraente e bonito. Mas definitivamente não é nada disso. É um dos romances mais sem química que eu já vi nos últimos anos. Ela é uma personagem sem personalidade nenhuma. E o fato deles se conhecerem há 20 anos e o Jack não perceber ou até mesmo ignorar os sinais mais do que óbvios de que ela tinha sentimentos por ele... Me faz pensar o quão idiota ele era, haha.
Enfim, um filme fraquíssimo. A única coisa boa é a música mesmo.
Aqui é sentida a força e a paixão das interpretações. O desempenho dos atores é muito intenso. Por estarem aprisionados, sem liberdade (física), eles mergulham completamente em seus personagens e, assim, são de certa forma fundidos em seus papéis. Isso se torna a vida cotidiana de todos dentro da prisão, como se isso fosse uma fuga para cada um.
Então, tirando o início e o fim, todo o resto do filme é em preto e branco, que representa algo como a falta de liberdade dos prisioneiros. O filme todo é praticamente mostrando o processo de ensaio. É interessante ver os presos descobrindo a arte. E como isso pode ser transformador. A liberdade (talvez a coisa mais desejável por um prisioneiro) está interligada a arte. O final é um tanto belo quanto triste...
Então, estamos cansado de saber que a vida é cheio de falhas, injustiças, lutas e etc...
O diretor faz uma crítica ao seu país pelo abandono aos trabalhadores do campo, desde a ausência de um sistema de saúde eficaz e também a falta de fiscalização e melhorias das condições de trabalho. Existe um conflito entre a indústria agrícola e a greve dos trabalhadores. Isso poderia ser tratado de maneira mais abrangente, mas não é o foco principal, mesmo assim, funciona perfeitamente bem.
O que eu posso dizer é que o filme é de um realismo impressionante. A narrativa é calma, com planos estáticos que são realmente lindos. No início a câmera mantém um certo distanciamento, mas ainda assim é acolhedor. No entanto, mais para o final, onde os personagens precisam tomar suas decisões e tal, a câmera se aproxima, causando um impacto enorme. A cinematografia é simplesmente incrível. A cena do incêndio é uma das cenas mais poderosas dos últimos anos.
É uma obra que se concentra em seus pequenos momentos e são tão encantadores por sua tamanha sinceridade. Como as cenas em que o avô ensina o seu neto sobre os cantos dos pássaros, ou como a empinar uma pipa... Isso tudo próximo a árvore que fica em frente a casa. Onde tem um banco que é um lugar de encontro entre eles, também um lugar para refletir e aprender o respeito que devemos ter à natureza.
É muito, mas muito triste. Mesmo. A tragédia no filme é realmente muito sentida. Tanto é que chorei (muito tempo que isso não acontecia comigo). Mesmo assim, ele também traz esperança. Isso representado pelo fortalecimento do laço entre avô e neto. O final tão belo quanto triste, mas é isso... A vida continuará.
É um filme que fala sobre amor, abandono, arrependimento, mágoa, perdão, reconciliação e etc... E que transborda tanta sensibilidade quanto dor. Uma obra-prima.
Olha, vou contra a maré. O filme trata sobre assuntos importantes e delicados, mas não me causou grande impacto. O Ali está muito bem no pouco tempo em que aparece, tanto é que o filme sofreu com sua ausência, pra mim.
É sempre arriscado tentar mostrar uma vida inteira num único filme. Aqui o que acontece é a separação em três atos de momentos cruciais em sua vida, com ele buscando entender sua própria identidade e seu lugar no mundo. Eu acho que essa escolha narrativa deixou muito espaço importante sobre a vida de Chiron que poderia ser preenchida.
Chiron/Black é um personagem que não me despertou tamanha simpatia assim. Eu consegui entender a tristeza do personagem, mas o mais importante que é sentir isso, acabou não acontecendo comigo, infelizmente. No geral, qualquer filme precisa ser capaz de se comunicar com o espectador, né. Aconteceu com vários e não comigo, rs.
Eu gostei de muitas cenas, o filme não é ruim. Longe disso. Enfim, assista e tire suas próprias conclusões!
Depois da revisitada, posso dizer que ainda continua sendo o melhor filme do Kleber Mendonça Filho. Não que Bacurau não seja excelente, pelo contrário.
Não há nada novo nesse filme. Olha, é a mesma história já contada inúmeras vezes por Hollywood. Uma improvável amizade entre um branco e negro surgindo e etc... A única diferença para aqueles filmes onde o negro precisa fazer todo um esforço para tornar a pessoa branca um pouco menos racista. É que agora existe um troca entre ambos os personagens, eles aprendem um com o outro e etc...
Os atores são inegavelmente bons e possuem carisma. Entretanto, seus personagens são bem caricatos (no sentido ruim). É um filme bem superficial e previsível, o que é muito ruim. O racismo é algo sério, é um assunto delicado e pertinente, mas o filme foi capaz de reduzir isso a puro estereótipos. Cheio de frases de efeito... Eu esperava algo mais substancial.
O início mostra Michele sendo estuprada em sua casa. Após o estupro, ela varre os objetos quebrados no chão, vai tomar banho, pede comida e logo recebe o seu filho. É um início tão chocante e repentino. É muito perturbador vê-la se comportando como se nada tivesse acontecido. E nos perguntamos: qual é razão para ela não denunciar isso? Isso é um comportamento crível? É o tipo de pergunta que entrou imediatamente em minha cabeça...
Em vez de ir à polícia, Michele vai atrás do estuprador. Ela lida com a situação à sua maneira. Mas isso é apenas uma parte do filme. Ela também tem um ex-marido com uma nova namorada. O seu pai é um reconhecido assassino da década de 70, o que tornou sua família famosa. A sua mãe se relaciona com um homem muito mais jovem. Ela mantém uma relação sexual em segredo com o marido de sua melhor amiga e colega de trabalho. Ela também é mãe de um rapaz sem noção de nada (não encontrei uma melhor descrição, rs). Ou seja, tem muito o que se contar. E o diretor consegue fazer isso impressionantemente bem. É através de todas essas relações complexas que podemos conhecer um pouco mais de Michele, mas nunca a entendemos por completo.
O estupro é o ponto de partida livre de qualquer tipo de sensacionalismo. Quem quiser ver um filme tradicional motivado por vingança, esse não é o filme. Existe a vingança, mas vai muito além disso. O maior interesse está em todas as maneiras diferentes, complexas e contraditórias por quais uma mulher como Michele poderia enfrentar uma experiência tão traumática como essa. Ela se recusa a ser vítima (por mais invariavelmente ela seja), se recusa a ficar traumatizada, e isso é muito interessante. Acima de tudo, ela se recusa a perder o controle (um fator determinante para entender as suas motivações no filme). É claro que a maioria das pessoas não fariam a mesma coisa, por isso é importante se colocar na mente da personagem, entender sua maneira de pensar e etc...
Quando ela descobre quem é o estuprador (isso não demora muito pra acontecer), o filme vai um passo além e se torna ainda mais desconfortável, ainda mais dramático, mas também muito mais visceral e impressionante.
Não tem como caracterizar esse filme dentro de um gênero. Eu, pelo menos, não consigo. O fascinante não está necessariamente sobre as consequências do estupro. Mas sim, o retrato multifacetado e sempre instigante de uma das personagens mais complexas em muito tempo. E isso merece muito respeito.
Uma frase muito interessante dita por Michele é: "Vergonha não é uma emoção que nos impeça de agir." Isso mais ou menos descreve o trabalho aqui feito pelo Paul Verhoeven. É um provocador. Ele se recusa a qualquer tipo de simplificação sobre sua obra, é um tanto controverso e não procura fugir disso. E fora que é tudo encenado com tanta elegância e perfeição. Ele merece todos os elogios possíveis.
Não menos importante, a Isabelle Huppert tem uma das melhores atuações, ou se não a melhor atuação da década.
Eu gostei do tom naturalista do filme (ele é longo). O que eu achei mais interessante, é que o lugar é pouco retratado como um lugar espiritual, mas muito mais como uma comunidade de convivência mesmo, um lugar que serve para ajudar as pessoas que não tem família (como a Voichita, por exemplo). Por isso a vida cotidiana mostrada no monastério se refere mais a tarefas comuns: como rezar, pegar água no poço, preparar a comida e etc...
Não há maniqueísmo no filme. O diretor evitou de fazer condenações morais, o que é ótimo. Todos os personagens (o padre, as freiras, os médicos, os policiais e etc) são bem intencionados, ninguém é retratado de maneira negativa. O padre e as freiras acabam praticando o mal, mesmo sem querer, por serem persuadidos pelo seu sistema a fazer o bem...
É sobre amor, desespero e fé. A Voichita encontrou um lugar para ficar. O monastério era um lugar que ela vê como uma família que se ajuda. Eu vejo que ela tem medo da solidão. Alina quer que ela vá junto com ela para Alemanha, mas ela não tem coragem de sair. É um amor não correspondido. À medida que a história avança, o desespero que Alina causa em si mesma, faz crescer um sentimento de raiva. Ela acaba se tornando agressiva com todos no monastério, é por isso que eles chegam na conclusão de que ela estaria possuída pelo diabo... O exorcismo acontece, uma coisa que assusta, muito pelo realismo na abordagem.
Como disse, é um filme que recusa qualquer julgamento. Nós apenas observamos. É também sobre o medo de ficar sozinho, o medo de ser abandonado. Não sei o que pensar direito sobre a cena final. Quando a sujeira é jogada no para-brisa do carro, isso pode ter sido pra mostrar (talvez) quão o mundo real é cruel e sujo.
É um filme contemplativo. Então, é importante saber que aqui você vai encontrar cenas longas (onde não há diálogos) e com planos distantes, pois o objetivo não é contar uma história. Nós observamos o cotidiano de um vila no Sul da Itália e seus ciclos da vida.
É interessante a ideia de que alma da pessoa depois de morta possa habitar um outro ser (um animal, como mostrado aqui) ou forma. Depois que a alma acaba habitando em um animal, será que existe algum tipo de lembrança de quando estava em sua forma humana? Eu fiquei pensando nisso, rs.
Eu gostei. É um filme diferente, isso é um ponto muito positivo. Entretanto, não é um caso de amor.
Paraíso: Fé
3.7 55É um olhar sobre o fanatismo religioso.
Eu não gosto de qualquer tipo de fanatismo religioso, mas mesmo Anna sendo uma cristã fanática, eu sinto pena, pois ela parece que passou por muitas coisas ruins e tal, enfim. Eu fico me perguntando o quão significante pode ser a religião para as pessoas...
Anna Maria vive dos ensinamentos de sua fé religiosa e procura propagar através do trabalho missionário de porta em porta. Eu não vi nada de positivo na fé de Anna. Não vi nenhum tipo de satisfaz ação por parte de Anna em suas atividades, por exemplo. Eu não vejo (sei que existem) muitos cristãos praticando o ato de caridade, compreensão e etc... É o que acontece com Anna, é só reparar em como lida com as pessoas que visita. A única coisa que é capaz de oferecer é o seu empenho em querer converter as pessoas.
O retorno do seu marido muçulmano é como se fosse um teste para ela. Acontece muita coisa incômoda a partir disso. Outra coisa interessante é ver como existem defeitos, tanto por parte dos católicos como dos muçulmanos.
Maria Hofstätter (não conhecia essa atriz) está incrível. É uma performance respeitável. Dá pra sentir que ela mergulhou completamente nesse papel. É uma atuação muito convincente.
Eu me pergunto como seria para o público religioso ver a cena de Anna lambendo Jesus e o usando para outra necessidade, rs. Enfim, eu até ri nessa cena.
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 850 Assista AgoraExpectativa ótima para esse filme. James Gray é um dos melhores diretores americanos dos últimos anos, se não o melhor.
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista AgoraA construção dos eventos são bem convencionais e tal. Mas não vejo como problema isso aqui. O que eu respeito, é que ele sabe exatamente o que é, por isso vai direto ao ponto que interessa. É um terror/suspense de tubarão, imagina ficar preso no mar com uma criatura querendo te devorar? Isso causa um certo medo (pelo menos, pra mim), haha.
O grande problema com o qual esse gênero costuma sofrer bastante, é a dificuldade de manter o espectador interessado do início ao fim. Embora tenha suas falhas (o que já era esperado), nada disso compromete o resultado final: um bom entretenimento.
O Filme de Oki
3.9 10Eu gosto do diretor. É interessante a ideia do filme. Mas o resultado final, não me agradou tanto, como eu esperava. Eu gosto quando o assunto é sobre relações humanas e suas expectativas e tal. A narrativa com uma estrutura episódica é interessante, mas não sei se foi por isso que tive um certo distanciamento de tudo. As conversas não me encantaram em nenhum momento, acho que somente aquela no qual Oki tirou fotos do Jin-Goo (acho que é isso) no banco, depois ambos os personagens tem uma conversa leve e bem humorada. De resto, em nenhum outro momento estive envolvido de verdade. O que é crucial.
A Solidão dos Números Primos
3.9 145O título do filme é muito bonito.
Eu não tenho nenhum problemas com ritmos lentos, só pra deixar claro. O meu maior problema é que o tempo inteiro estive distante de tudo. É de uma frieza, sabe. Eu não gostei da estrutura do filme. Os flashbacks me pareceram muito desarticulados. Eu ainda acho que seria melhor se a história fosse contada de maneira linear... Mas fazer o quê.
A parte da dramaticidade não me despertou atenção. Enfim, não sei mais o que falar, rs.
Poesia
4.1 189É o meu segundo filme do Lee Chang-dong. Que diretor excelente. Eu ainda prefiro "Em Chamas". Porém, gostei muito de "Poesia".
Jeong-hie Yun está perfeita no seu personagem Mija. É contida, introspectiva e sensível. Até a voz é poética. Achei uma mulher incrível, mesmo tendo que lidar com muitos problemas em sua vida, ela não esquece de reservar um tempo para si mesma, por isso o interesse em escrever um poema, é através da arte que ela encontra uma maneira de lidar com todos os problemas. É tão interessante ver o processo na criação de um poema, observar as belezas ao seu redor e etc... Mas o mundo em si, muitas vezes não é nada bonito, infelizmente.
É um filme muito bonito, apesar da partes tristes. A narrativa é simples, mas impressiona. É de uma leveza e também não deixa de possuir um certo senso de humor.
Bumblebee
3.5 538Olha, óbvio que a trama seria conhecida por todos. Não esperava nada diferente. É bem previsível e tal. Mas tem uma pegada diferente dos filmes do Michael Bay (eu gostei do primeiro da franquia). É o famoso "Menos é mais", as cenas de ação são limitadas ao mínimo. E só por esse fato, não me deu dor de cabeça, rs. O foco é desenvolvimento dos personagens (nada fora do comum, o que já é esperado), principalmente, a relação de amizade entre Charlie e Bumblebee.
Eu achei que ele funciona melhor que a maioria dos outros filmes da franquia por se concentrar mais na emoção do que na ação desenfreada. Mas ainda assim, não achei nada tão emocionante assim. É apenas ok, pra mim. O Bumblebee é um fofo, isso por si só, me fez curtir o filme até, haha. Eu fico sem entender o porque de certas cenas, pois não acrescentam em nada e são puramente vergonhosas. Como por exemplo, a cena no carro onde Charlie pede para o seu amigo tirar a camisa... Enfim, tem piadas ruins, mas também algumas legais.
Eu queria um filme (nem sei se tem, é que parei no segundo da franquia) voltado as origens dos Transformers e tal.
Jersey Boys - Em Busca da Música
3.6 166 Assista AgoraEu não gosto muito de cinebiografias. Os filmes do gênero são quase sempre a mesma coisa. Mas gostei de Jersey Boys. É um filme cativante.
É evidente toda felicidade em torno da obra, o Clint parece se divertir em contar essa história, por isso não se aprofundou em seus momentos mais tristes, por exemplo. O ritmo é ótimo, não achei monótono em nenhum momento. As atuações são boas... Todos muito bem á vontade, por sinal.
Os personagens quebrando a quarta parede no decorrer do filme pra contar a história na sua perspectiva é bem bacana. O mais legal, é claro, são as músicas... Eu adorei como mostrou a criação das músicas da banda, principalmente a parte que eles testam a música "Cry for Me" pela primeira vez.
Eu não conhecia os "Four Seasons" e tal, apesar de conhecer a música "Cant Take My Eyes Off You". Gostei muito da escolha em deixar essa música pra tocar no final. Bem bom.
Voo de Emergência
2.9 71Eu tenho um fraco por filmes catástrofe. Mas o filme em si, é horrível em todos os sentidos. Os personagens não cansam de tomar decisões extremamente fora da realidade.
Ainda assim, é um filme divertido e hilário. Farofinha russa.
Assunto de Família
4.2 400 Assista AgoraÉ um bom filme, mas esperava bem mais, por ser de um diretor que gosto e também devido aos altos elogios que o filme recebeu. As vezes em determinados filmes acabamos não sentindo a mesma intensidade que o outro. O que é normal. É o que aconteceu comigo. Não senti tanta força emocional assim. Um dos filmes recentes de Koreeda que gostei muito mesmo foi: Pais e Filhos (2013). Que inclusive levantou a questão sobre: Por ser pai biológico isso quer dizer que realmente seja pai? Ou pai é aquele que cria e dar todo amor e carinho?
"Assunto de Família" traz como mensagem algo semelhante. O que é melhor para uma criança ignorada e até mesmo violentada? Ficar com seus pais biológicos, mas que não dão amor e nem carinho, ou fazer parte da construção de uma família de pequenos ladrões que não são do mesmo sangue? A criança poderia escolher a família? Ele traz essas questões aqui. A família pode até ser não muito comum, mas é onde a criança pela primeira vez em sua vida, encontrou todo um amor e cuidado.
O Koreeda sempre foi interessado nos fortes conflitos nas relações de uma família. Nós acompanhamos o cotidiano da família, muitas coisas moralmente erradas, rs. É engraçado quando um deles diz: "não é roubo, pois não é de ninguém enquanto estiver na loja". Pois é, uma boa maneira de enxergar as coisas, haha.
Enfim, é um filme bonito e possui uma mensagem importante. Vamos cuidar mais das pessoas, independente se for parente ou não. Simples assim.
Cairo 678
4.3 120 Assista AgoraÉ um filme que trata sobre um assunto pertinente. É cinema denúncia, mostra algo terrível que acontece no Egito e no resto do mundo, infelizmente.
A partir da história em comum das três mulheres, foi levantado questões sobre as possíveis "soluções" contra o assédio, mas no final das contas, nada é bem resolvido.
É inegável sua importância.. No entanto, achei apenas mediano e artisticamente nada memorável. Enfim.
A Noiva do Deserto
3.6 12 Assista AgoraO cinema latino-americano merece ser ainda mais visto.
É um belo estudo de personagem. A duração do filme é curta, o enredo é bastante simples. Teresa e "El Gringo" são pessoas com personalidades um tanto diferentes. Ainda assim, com o tempo, surge um romance que é construído de maneira muito bonita, leve e sensível. É um filme sobre autodescoberta e também a reconciliação com a felicidade (mais especificamente o amor), mesmo num estágio mais avançado da vida.
A cinematografia é bonita. A beleza do deserto e sua imensidão representa liberdade para Teresa. É um ótimo filme. Não entendo a nota baixa aqui. Enfim.
Bom Comportamento
3.8 392Na cena de abertura, Connie (Robert Pattinson) entra numa sessão de terapia para tirar o seu irmão que é deficiente mental. Ele não a terapia necessário para o seu irmão. Depois os dois juntos roubam um banco, o assalto em si, ocorre perfeitamente. No entanto, uma bomba de tinta explode na mala que estava o dinheiro e vem todas as situações complicadas...
A partir disso, o que presenciamos é um mergulho eletrizante numa noite em Nova York. através de uma direção realmente muito boa. É uma história que envolve reviravoltas, coisas cada vez mais absurdas e caóticas, que fica complicado de explicar, haha. É impressionante como realmente muitas coisas acontecem numa só noite, rs.
O que eu gostei bastante, é que mesmo com toda ação e intensidade que há, em nenhum momento o filme deixa de lado a motivação que está por trás das ações personagem. Connie é capaz de fazer qualquer coisa para salvar o seu irmão. Mesmo tendo cometido muita besteira, é um personagem simpático, devido ao amor que sente pelo seu irmão.
A atuação do Pattinson é realmente muito boa. É uma pena que ele tenha ficado "marcado" pra muita gente por causa de Crepúsculo. O que é um erro enorme. Quem já viu outros desempenhos do ator sabe que ele ainda tem muito a oferecer.
Enfim, um bom filme.
Um Alguém Apaixonado
3.6 117 Assista AgoraCara, o Kiarostami é um diretor incrível mesmo. Já na primeira cena percebe-se isso. Nós somente escutamos a voz de uma mulher conversando no celular, um assunto muito pessoal. A câmera não está nela e também não mostra nada do estabelecimento, ela fica estática por um tempo, nós realmente somos espectadores na cena. No fundo, tem um senhor conversando com as pessoas, ele aparece somente depois de alguns minutos e ficamos sabendo quem ele é. Akiko (protagonista) na abertura já mostra os papéis da sua vida atualmente. É namorada de um ciumento que quer saber onde ela se encontra, sabemos que ela é uma garota de programa e também neta, sua avó viajou para Tóquio somente para vê-la.
A cena do táxi, meu Deus. É uma das cenas mais lindas dos últimos anos. Nós escutamos o barulho da noite de Tóquio, são várias amostras de luzes em cores diferentes (cheio de mudanças entre a luz e sombra) brilhando na janela lateral do carro. Durante a viagem, Akiko escuta as mensagens do correio de voz no celular, são mensagens de sua avó que demonstra preocupação com a mesma. Antes de ir até o cliente, Akiko pede para o taxista passar pelo lugar onde sua avó se encontra. O táxi circula duas vezes em torno da estátua que a avó está... Olha, mesmo não conhecendo a avó, é uma cena dolorosamente triste. É uma idosa em uma cidade muito movimentada querendo ver sua neta, ela quer se relacionar e etc... É tudo brilhantemente construído.
Podemos até fazer um paralelo com a situação de Takashi, pois é justamente isso que ele quer também. Ele não quer sexo com Akiko, quer apenas conversar. Ele sente falta da sua filha... Sei lá, existe um certo descaso por parte dos mais jovens quando o assunto é se importar com os mais velhos e tal.
Os conceitos de amor e cansamento são tratados aqui. A cena entre Takashi e Noriaki no carro onde conversam sobre casamento é excelente. É o choque de diferenças entre pessoas de idades diferentes. Aliás,, a maioria das cenas são dentro de carros em movimento, sempre num espaço fechado e tal. Coisa semelhante ao que temos em "Cópia Fiel".
O enredo não tem um começo e nem fim. Kiarostami não parece ter interesse nisso. O interesse está nas interações mais do que verdadeiras entre seus personagens. O estilo narrativo continua o mesmo, calmo e sem pressa... A quietude pode incomodar muitas pessoas, é claro. No entanto, é justamente onde está a força do filme.
Outro grande filme do mestre.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraOlha, eu nunca gostei muito de filmes de terror. Não consigo encontrar muita satisfação neles. E tem o problema que a maioria parece sair do mesmo molde, por exemplo. Mas esse aqui, eu até que gostei.
A história se desenvolve como um drama familiar, devido suas tragédias e tal... O que está em primeiro plano é o drama sobre a perda, a culpa que vem com a morte, a incapacidade de compreender a morte e como ela pode afetar profundamente a saúde mental de uma pessoa. No entanto, gradualmente o filme vai se tornando cada vez mais misterioso, místico e etc... Ele é sutil por um bom tempo. Ele consegue criar uma certa tensão (não em todas os momentos), onde sentimentos que algo ruim está se aproximando...
Eu só não gostei de algumas coisas do enredo em si. Não achei assustador também, rs. Eu acho que o final poderia ser mais vago, por exemplo. Enfim, a cinematografia é muito boa. Vou ver o próximo filme do diretor. Não amei, mas também não odiei (o que significa muito para minha pessoa que tem uma relação complicada com o gênero).
Yesterday: A Trilha do Sucesso
3.4 1,0KQue desperdício de potencial, hein. O trailer que me despertou certa curiosidade, me fez esperar algo no mínimo bom, mas nem isso aconteceu.
A premissa que é interessante, foi muito mal explorada, o Jack é apenas um cara que fingiu ter escrito as músicas dos Beatles e pronto. É isso. O contexto social histórico que foi todo o alvoroço criado pela banda não teve foco nenhum. E quando Jack percebe que a Coca-Cola não existe mais, somente a Pepsi... Que um dos hits do Oasis, nunca fez sucesso. Outras bandas que foram influenciadas pelos Beatles ainda fazem sucesso, como o Coldplay, por exemplo. Isso poderia ser explorado, mas o filme não quis isso e se contentou com as piadas realmente bem previsíveis e nada engraçadas.
E sim, tem o maldito romance. Ok, se o romance, pelo menos, fosse atraente e bonito. Mas definitivamente não é nada disso. É um dos romances mais sem química que eu já vi nos últimos anos. Ela é uma personagem sem personalidade nenhuma. E o fato deles se conhecerem há 20 anos e o Jack não perceber ou até mesmo ignorar os sinais mais do que óbvios de que ela tinha sentimentos por ele... Me faz pensar o quão idiota ele era, haha.
Enfim, um filme fraquíssimo. A única coisa boa é a música mesmo.
César Deve Morrer
4.0 82 Assista AgoraQue trabalho notável.
Aqui é sentida a força e a paixão das interpretações. O desempenho dos atores é muito intenso. Por estarem aprisionados, sem liberdade (física), eles mergulham completamente em seus personagens e, assim, são de certa forma fundidos em seus papéis. Isso se torna a vida cotidiana de todos dentro da prisão, como se isso fosse uma fuga para cada um.
Então, tirando o início e o fim, todo o resto do filme é em preto e branco, que representa algo como a falta de liberdade dos prisioneiros. O filme todo é praticamente mostrando o processo de ensaio. É interessante ver os presos descobrindo a arte. E como isso pode ser transformador. A liberdade (talvez a coisa mais desejável por um prisioneiro) está interligada a arte. O final é um tanto belo quanto triste...
A Terra e a Sombra
3.8 52 Assista AgoraEntão, estamos cansado de saber que a vida é cheio de falhas, injustiças, lutas e etc...
O diretor faz uma crítica ao seu país pelo abandono aos trabalhadores do campo, desde a ausência de um sistema de saúde eficaz e também a falta de fiscalização e melhorias das condições de trabalho. Existe um conflito entre a indústria agrícola e a greve dos trabalhadores. Isso poderia ser tratado de maneira mais abrangente, mas não é o foco principal, mesmo assim, funciona perfeitamente bem.
O que eu posso dizer é que o filme é de um realismo impressionante. A narrativa é calma, com planos estáticos que são realmente lindos. No início a câmera mantém um certo distanciamento, mas ainda assim é acolhedor. No entanto, mais para o final, onde os personagens precisam tomar suas decisões e tal, a câmera se aproxima, causando um impacto enorme. A cinematografia é simplesmente incrível. A cena do incêndio é uma das cenas mais poderosas dos últimos anos.
É uma obra que se concentra em seus pequenos momentos e são tão encantadores por sua tamanha sinceridade. Como as cenas em que o avô ensina o seu neto sobre os cantos dos pássaros, ou como a empinar uma pipa... Isso tudo próximo a árvore que fica em frente a casa. Onde tem um banco que é um lugar de encontro entre eles, também um lugar para refletir e aprender o respeito que devemos ter à natureza.
É muito, mas muito triste. Mesmo. A tragédia no filme é realmente muito sentida. Tanto é que chorei (muito tempo que isso não acontecia comigo). Mesmo assim, ele também traz esperança. Isso representado pelo fortalecimento do laço entre avô e neto. O final tão belo quanto triste, mas é isso... A vida continuará.
É um filme que fala sobre amor, abandono, arrependimento, mágoa, perdão, reconciliação e etc... E que transborda tanta sensibilidade quanto dor. Uma obra-prima.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraOlha, vou contra a maré. O filme trata sobre assuntos importantes e delicados, mas não me causou grande impacto. O Ali está muito bem no pouco tempo em que aparece, tanto é que o filme sofreu com sua ausência, pra mim.
É sempre arriscado tentar mostrar uma vida inteira num único filme. Aqui o que acontece é a separação em três atos de momentos cruciais em sua vida, com ele buscando entender sua própria identidade e seu lugar no mundo. Eu acho que essa escolha narrativa deixou muito espaço importante sobre a vida de Chiron que poderia ser preenchida.
Chiron/Black é um personagem que não me despertou tamanha simpatia assim. Eu consegui entender a tristeza do personagem, mas o mais importante que é sentir isso, acabou não acontecendo comigo, infelizmente. No geral, qualquer filme precisa ser capaz de se comunicar com o espectador, né. Aconteceu com vários e não comigo, rs.
Eu gostei de muitas cenas, o filme não é ruim. Longe disso. Enfim, assista e tire suas próprias conclusões!
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraDepois da revisitada, posso dizer que ainda continua sendo o melhor filme do Kleber Mendonça Filho. Não que Bacurau não seja excelente, pelo contrário.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraNão há nada novo nesse filme. Olha, é a mesma história já contada inúmeras vezes por Hollywood. Uma improvável amizade entre um branco e negro surgindo e etc... A única diferença para aqueles filmes onde o negro precisa fazer todo um esforço para tornar a pessoa branca um pouco menos racista. É que agora existe um troca entre ambos os personagens, eles aprendem um com o outro e etc...
Os atores são inegavelmente bons e possuem carisma. Entretanto, seus personagens são bem caricatos (no sentido ruim). É um filme bem superficial e previsível, o que é muito ruim. O racismo é algo sério, é um assunto delicado e pertinente, mas o filme foi capaz de reduzir isso a puro estereótipos. Cheio de frases de efeito... Eu esperava algo mais substancial.
Enfim, achei muito fraco.
Elle
3.8 885O início mostra Michele sendo estuprada em sua casa. Após o estupro, ela varre os objetos quebrados no chão, vai tomar banho, pede comida e logo recebe o seu filho. É um início tão chocante e repentino. É muito perturbador vê-la se comportando como se nada tivesse acontecido. E nos perguntamos: qual é razão para ela não denunciar isso? Isso é um comportamento crível? É o tipo de pergunta que entrou imediatamente em minha cabeça...
Em vez de ir à polícia, Michele vai atrás do estuprador. Ela lida com a situação à sua maneira. Mas isso é apenas uma parte do filme. Ela também tem um ex-marido com uma nova namorada. O seu pai é um reconhecido assassino da década de 70, o que tornou sua família famosa. A sua mãe se relaciona com um homem muito mais jovem. Ela mantém uma relação sexual em segredo com o marido de sua melhor amiga e colega de trabalho. Ela também é mãe de um rapaz sem noção de nada (não encontrei uma melhor descrição, rs). Ou seja, tem muito o que se contar. E o diretor consegue fazer isso impressionantemente bem. É através de todas essas relações complexas que podemos conhecer um pouco mais de Michele, mas nunca a entendemos por completo.
O estupro é o ponto de partida livre de qualquer tipo de sensacionalismo. Quem quiser ver um filme tradicional motivado por vingança, esse não é o filme. Existe a vingança, mas vai muito além disso. O maior interesse está em todas as maneiras diferentes, complexas e contraditórias por quais uma mulher como Michele poderia enfrentar uma experiência tão traumática como essa. Ela se recusa a ser vítima (por mais invariavelmente ela seja), se recusa a ficar traumatizada, e isso é muito interessante. Acima de tudo, ela se recusa a perder o controle (um fator determinante para entender as suas motivações no filme). É claro que a maioria das pessoas não fariam a mesma coisa, por isso é importante se colocar na mente da personagem, entender sua maneira de pensar e etc...
Quando ela descobre quem é o estuprador (isso não demora muito pra acontecer), o filme vai um passo além e se torna ainda mais desconfortável, ainda mais dramático, mas também muito mais visceral e impressionante.
Não tem como caracterizar esse filme dentro de um gênero. Eu, pelo menos, não consigo. O fascinante não está necessariamente sobre as consequências do estupro. Mas sim, o retrato multifacetado e sempre instigante de uma das personagens mais complexas em muito tempo. E isso merece muito respeito.
Uma frase muito interessante dita por Michele é: "Vergonha não é uma emoção que nos impeça de agir." Isso mais ou menos descreve o trabalho aqui feito pelo Paul Verhoeven. É um provocador. Ele se recusa a qualquer tipo de simplificação sobre sua obra, é um tanto controverso e não procura fugir disso. E fora que é tudo encenado com tanta elegância e perfeição. Ele merece todos os elogios possíveis.
Não menos importante, a Isabelle Huppert tem uma das melhores atuações, ou se não a melhor atuação da década.
Além das Montanhas
3.9 117Eu gostei do tom naturalista do filme (ele é longo). O que eu achei mais interessante, é que o lugar é pouco retratado como um lugar espiritual, mas muito mais como uma comunidade de convivência mesmo, um lugar que serve para ajudar as pessoas que não tem família (como a Voichita, por exemplo). Por isso a vida cotidiana mostrada no monastério se refere mais a tarefas comuns: como rezar, pegar água no poço, preparar a comida e etc...
Não há maniqueísmo no filme. O diretor evitou de fazer condenações morais, o que é ótimo. Todos os personagens (o padre, as freiras, os médicos, os policiais e etc) são bem intencionados, ninguém é retratado de maneira negativa. O padre e as freiras acabam praticando o mal, mesmo sem querer, por serem persuadidos pelo seu sistema a fazer o bem...
É sobre amor, desespero e fé. A Voichita encontrou um lugar para ficar. O monastério era um lugar que ela vê como uma família que se ajuda. Eu vejo que ela tem medo da solidão. Alina quer que ela vá junto com ela para Alemanha, mas ela não tem coragem de sair. É um amor não correspondido. À medida que a história avança, o desespero que Alina causa em si mesma, faz crescer um sentimento de raiva. Ela acaba se tornando agressiva com todos no monastério, é por isso que eles chegam na conclusão de que ela estaria possuída pelo diabo... O exorcismo acontece, uma coisa que assusta, muito pelo realismo na abordagem.
Como disse, é um filme que recusa qualquer julgamento. Nós apenas observamos. É também sobre o medo de ficar sozinho, o medo de ser abandonado. Não sei o que pensar direito sobre a cena final. Quando a sujeira é jogada no para-brisa do carro, isso pode ter sido pra mostrar (talvez) quão o mundo real é cruel e sujo.
As Quatro Voltas
3.9 35É um filme contemplativo. Então, é importante saber que aqui você vai encontrar cenas longas (onde não há diálogos) e com planos distantes, pois o objetivo não é contar uma história. Nós observamos o cotidiano de um vila no Sul da Itália e seus ciclos da vida.
É interessante a ideia de que alma da pessoa depois de morta possa habitar um outro ser (um animal, como mostrado aqui) ou forma. Depois que a alma acaba habitando em um animal, será que existe algum tipo de lembrança de quando estava em sua forma humana? Eu fiquei pensando nisso, rs.
Eu gostei. É um filme diferente, isso é um ponto muito positivo. Entretanto, não é um caso de amor.