Depois de nos concentrarmos, depois de entendermos que a convivência é uma arte e de que respiramos política, a MOSTRA 21 alerta-nos de que o desejo é a mola propulsora de todas nossas conquistas, não só as amorosas.
Já se passaram 100 anos e o Cinema continua veículo e objeto do desejo de milhares e milhares de pessoas no mundo todo.
Dois elementos-chave se entrelaçam na simbologia da MOSTRA 21 deste ano: a casa enquanto unidade máxima da construção da nossa intimidade, centro deflagrador de todas as nossas tardas e anseios mais profundos e que só se permite a espia por janelas e buracos de fechadura ou quando somos convidados a entrar pela sua porta adentro.
Se temos desejos guardados em nosso íntimo, também despertamos o desejo de quem nos vê de descobrir cada coisa silenciada.
Cada um dos filmes captura as várias facetas do que é o desejo em sua relação com o olhar cinematográfico: pulsão de morte, pulsão de vida, sonhos, luta pelo poder, vontade de não estar sozinho, vontade de viver, vontade de se manter jovem, vontade de morrer, vontade de criar.
O desejo aguça com o olhar.
Elvis Pinheiro (Curador da Mostra 21)