o filme começa com uma sequência de fotografias protagonizada por quatro amigos (Gus, Archie, Harry e Stuart) de uma reunião entre suas famílias, à beira da piscina em um dia ensolarado, provavelmente com umas carnes numa grelha e cerveja bem gelada (suposições, claro). mesmo sem conhecermos o contexto em que seu deu essa festa, será o único momento de “Os Maridos” em que teremos a sensação de diversão genuína entre o trio que acompanharemos durante o restante do filme.
a morte de Stuart é o momento em que há uma ruptura muito clara na vida dos amigos: não existe mais meio-termo. a perspectiva da finitude da vida, nessas circunstâncias, apresenta dois caminhos: fazer um balanço da vida e enfrentar todos os problemas e frustrações de sua trajetória, ou simplesmente ignorar tudo isso e viajar pra Londres, beber todas e ir atrás de mulheres. durante o filme, que é uma tentativa de fuga da vida que levam e do próprio luto, é constante a sensação de que tudo uma hora vai desmoronar. as tentativas de Archie de expressar esse sentimento são fracassadas, pois ele não sabe nem como começar. os momentos ensolarados ficaram apenas nas fotografias.
em outras oportunidades Jack Arnold já mostrava que o mundo possui muito além do conhecido, coisas que estão fora do alcance humano. em ‘O Monstro da Lagoa Negra’ é necessário ter respeito pela história e admitir os limites da “ciência”. do mesmo modo, não é a ciência que é capaz de dar um fim ao problema de Scott. enquanto Scott está cercado por uma vida cujos alicerces são fincados em bases frouxas, o que resta é a raiva e o desajuste frustrante. logo, as respostas são começam a surgir quando o tamanho atinge o mínimo, quando é necessário ser, aí sim, um grande homem. tornar-se o tipo de homem que fez com que tudo fosse possível: produzir, conquistar, batalhar, ter coragem acima de tudo. Só aí é possível, mais uma vez, ‘sentir’ a existência. que filmaço.
O negócio é que desde o começo Carpenter já me deixa pensando que a qualquer momento o Meyers vai invadir o plano, ou que aquilo que eu tô vendo é uma subjetiva, ou então qualquer outra sacanagem que esse fdp pode aprontar. No final das contas, ele é mestre em usar todos esses elementos que ele vai costurando. E mesmo quando não estamos necessariamente em um momento de maior tensão, Halloween é um filme que se sustenta porque: nem sempre é sobre o que a gente tá vendo mas sim sobre o que pode estar acontecendo fora do quadro, ou o que vai acontecer na sequência. Filmaço.
todos os aspectos da trama despertam a curiosidade de Kubrick, resultando em um plano de roubo interessante pra caramba, além de ser um dos filmes de crime mais humanos. e Kubrick vai atrás dessas possibilidades com uns elementos que continuam frescos, como a montagem não-linear pra seguir o roubo e uma câmera fluida pra caramba pra seguir seus personagens, angulando, se movendo, etc, etc, baita filme.
“Blue Jasmine, o Jasmim que vem à vida depois que escurece”.
e ela é bem o contrário, já que continua a mesma pessoa só da superfície quando a situação aperta, e isso meio que me incomodou, a gente dá uma volta inteira e não chega a lugar nenhum com a Jasmine. já me interessei muito mais pela história da 'irmã' dela, que, sim, existe um desenvolvimento com uma conclusão até que bonita com aquele último movimento de câmera no apartamento. é ok.
baita salto que o PTA daria entre esse e o 'Boogie Nights'. sei lá, no começo ele fica meio que num limbo entre uma coisa meio 'cool' e uma busca de tridimensionar os personagens que acaba não acontecendo nem um nem outro, e daí nos momentos decisivos o filme não tem nem metade da força que poderia ter. acaba que não chegamos a lugar nenhum.
Acho que vale mesmo pela honestidade com que Eastwood conduz praticamente o filme inteiro, valorizando sempre as expressões de seus atores, seus olhares e gestos. Quando passa disso, perde um pouco a mão, como os momentos "musicais" na praia e tal. O filme não chega a passar muito disso, a direção segura pro texto apenas básico não faz o filme decolar, mas, no geral, bom.
Pelo jeito a maior queixa é sobre o estilo de 'atuação' (ou não) do elenco. Não vejo problema, funciona bem comigo. Mesmo com a "inexpressividade" como característica maior, os roubos me pareciam ser os momentos de maior prazer mesmo por parte do protagonista, diferente de quando ele se relacionava (ou não, de novo) com as pessoas, onde a inexpressividade ficava nisso mesmo.
Eu gosto dessa dualidade, enquanto Bresson faz de tudo pra limitar os cenários, mostrar aquela cela minúscula, o que move o filme? A esperança de poder sair daquele lugar, mesmo que não seja demonstrada de maneira 'explosiva', é o motor do protagonista, o que vai contra a maré de tudo que tá acontecendo em volta dele.
Poucos comentários pra minha comédia favorita do Hawks, o que já a categoriza como uma das melhores de todas mesmo. Hawks já posiciona a moça desde o começo como o centro da coisa toda, naquela cena do "restaurante giratório" (sei lá como se chama), com o Rock Hudson tendo que se desdobrar pra se manter na órbita da mulher. E genial essa inversão que o Hawks faz, do homem ser o que não se encaixa naquele ambiente bastante 'masculino'.
Fácil um dos filmes mais divertidos que eu já vi. Na primeira cena a gente vê aquele plano/contra-plano mostrando já os dois mundos distintos que Carpenter vai fundir mais pra frente, o americano cético e o oriental doido cheio das magias. Como disse, depois disso o Kurt Russell é jogado naquele universo insano (leia: divertido, oras) e diferente do herói tradicional, não se encaixa mesmo, e só faz bobagem.
Imamura é louco demais, consegue como poucos abordar temas delicadíssimos (no caso desse filme ae, a maioria relacionada à sexualidade), mas através de seu característico humor ácido. grande filme.
acho que nunca vou conseguir decidir qual o melhor Imamura, esse ou 'Todos Porcos' - como se isso fosse importante. só sei que é uma obra-prima gigante, é genial como Imamura usa a mise-en-scène pra passar o que tá acontecendo dentro da cabeça da mulher, principalmente a cena que ela encara o ferro de passar roupas, cena genial demais.
talvez o filme mais famoso de Imamura, principalmente pela Palma de Ouro, achei ele mais palatável mesmo, talvez por não ter, sei lá, elipses tão desafiadoras quanto as de "A Mulher Inseto", ou uma câmera tão insana quanto "Todos Porcos", mas nada disso tira a loucura do filme - tudo bem que ele tá retratando a cultura e tal, mas quantos diretores teriam a coragem de filmar tudo sem pudores como Imamura faz aqui? é realmente bonito a comparação com os animais, característica recorrente nos filmes do diretor. agora, Imamura definitivamente é um dos diretores que melhor sabe construir finais de filmes, o que é isso, aquela escalada é coisa de gênio, apenas o som da natureza, os pés em atrito com o chão e tal, coisa linda. filmaço mesmo.
a grande obra-prima de Imamura (mas longe de ser a única). acho que é o exemplo de excelência do cinema proposto pelo diretor, protagonizado por personagens marginalizados, e com um estilo insano, com um dos maiores clímaxes de todo o cinema, com rostos humanos e suínos coexistindo na base do aperto em um único plano (sensacional). o final também é dos mais belos de todos, e podemos ver que Imamura nutre carinho por seus personagens. repito: obras-prima.
bom filme de Imamura, ainda não tão doido quanto os que viriam depois, mas já mostra o tipo de personagem que habita seus filmes, além de conseguir produzir humor através de enquadramentos inusitados (plano dividido meio pelo chão e tal).
a mise-en-scene característica de Sirk se encaixa muito bem nas set pieces desse filme, principalmente a cena com o Karloff, que é genial demais. mas acho que o filme acaba sobrevivendo desses momentos e se torna irregular.
mais um filmaço dessa fase de Chabrol, que é minha preferida, onde seus personagens não conseguem conter suas emoções, eles levam tudo às ultimas consequências, em "Olho do Mal" esse mecanismo é engatilhado pelo deslocamento do protagonista, a incomunicabilidade evidenciada pela narração em off, que não se torna um recurso de explicação, mas, sim, traduzir esse sentimento de ser a única voz que é entendida pelo personagem principal - muitas vezes nem ouvimos as vozes das pessoas que estão em volta, já que ele não entende o idioma. destaque é a cena onde a montagem imita a sequência das fotos (quem assistiu vai sacar, beleza pura).
gosto muito dessa fase do Chabrol onde dramas familiares se transformam em thrillers, mas desde o início ele filma com um clima de paranoia gigante, onde até mesmo gestos inofensivos como sorrisos de médicos em hospitais se tornem as coisas mais suspeitas do mundo.
o filme é cheio de pancadas fortes, uma das que mais me atingiu foi quando mostra as crianças jogando bola na rua e a bola encontra Serge. é quase um resumo daquele universo, os tempos que ficaram na cabeça de François, da inocência presente naquelas crianças se perdeu, é quando a gente vê Serge lá caído no chão, resultando de mais uma das suas bebedeiras. filmaço.
no começo Wilder até utiliza uns alívios cômicos com o recepcionista do hotel, mas logo isso fica de lado e o filme acaba se tornando o filme mais perturbador do diretor. é como "Crepúsculo dos Deuses" em um novo contexto, sendo que aqui sai o glamour e entra os "barbudos" da Nova Hollywood, como diz o produtor em determinado momento do filme. um dos desenvolvimentos mais fortes da filmografia do Wilder sobre o 'disfarce', sobre as 'aparências', onde o que importa mais é a embalagem, a imagem que se projeta. obra-prima.
um close no rosto de um personagem pode parecer algo banal, já que muitos preferem direções cheias de pirotecnias, mas quando colocado em um contexto bem pensado pode se tornar um momento poderosíssimo. é o que acontece aqui, assim como acontece em, por exemplo, Inferno N 17, outro grande filme de Billy Wilder. o filme pode ter alguns clichês na história, mas a forma como é conduzido torna tudo mais poderoso. o que os rostos carregam na cena final, alternados pela montagem, é muito forte. ótimo filme.
existe um aspecto muito importante no cinema de Billy Wilder que aqui é, talvez, a engrenagem mais importante. tempos de guerra, período indiscutivelmente desfavorável e deprimente, mas o diretor mesmo assim conduz o filme, em grande parte do tempo, com vários momentos cômicos e de certa forma "leve". mas mesmo assim o filme tem vários momentos de tensão. essa mudança não se dá de maneira forçada? não, entra o talento do diretor que faz de seus personagens, antes de marionetes submetidas a situações pré-concebidas, seres humanos. ou seja, sim, eles fazem de tudo pra fazer do tempo em que estão presos algo menos sofrível, mas é claro que vão reagir às adversidades de maneira negativa. filmaço.
sintetizado pelas cenas dos 6 lá andando em direção ao 'nada', já que mesmo com zilhões de bizarrices acontecendo em volta deles, a única coisa que eles conseguem pensar é no tal do jantar. muito pela aparência, evidenciado pela, talvez, minha cena preferida, a do teatro. genialidade absurda.
Os Maridos
3.7 22o filme começa com uma sequência de fotografias protagonizada por quatro amigos (Gus, Archie, Harry e Stuart) de uma reunião entre suas famílias, à beira da piscina em um dia ensolarado, provavelmente com umas carnes numa grelha e cerveja bem gelada (suposições, claro). mesmo sem conhecermos o contexto em que seu deu essa festa, será o único momento de “Os Maridos” em que teremos a sensação de diversão genuína entre o trio que acompanharemos durante o restante do filme.
a morte de Stuart é o momento em que há uma ruptura muito clara na vida dos amigos: não existe mais meio-termo. a perspectiva da finitude da vida, nessas circunstâncias, apresenta dois caminhos: fazer um balanço da vida e enfrentar todos os problemas e frustrações de sua trajetória, ou simplesmente ignorar tudo isso e viajar pra Londres, beber todas e ir atrás de mulheres. durante o filme, que é uma tentativa de fuga da vida que levam e do próprio luto, é constante a sensação de que tudo uma hora vai desmoronar. as tentativas de Archie de expressar esse sentimento são fracassadas, pois ele não sabe nem como começar. os momentos ensolarados ficaram apenas nas fotografias.
O Incrível Homem Que Encolheu
4.1 116em outras oportunidades Jack Arnold já mostrava que o mundo possui muito além do conhecido, coisas que estão fora do alcance humano. em ‘O Monstro da Lagoa Negra’ é necessário ter respeito pela história e admitir os limites da “ciência”. do mesmo modo, não é a ciência que é capaz de dar um fim ao problema de Scott. enquanto Scott está cercado por uma vida cujos alicerces são fincados em bases frouxas, o que resta é a raiva e o desajuste frustrante. logo, as respostas são começam a surgir quando o tamanho atinge o mínimo, quando é necessário ser, aí sim, um grande homem. tornar-se o tipo de homem que fez com que tudo fosse possível: produzir, conquistar, batalhar, ter coragem acima de tudo. Só aí é possível, mais uma vez, ‘sentir’ a existência. que filmaço.
Halloween: A Noite do Terror
3.7 1,2K Assista AgoraO negócio é que desde o começo Carpenter já me deixa pensando que a qualquer momento o Meyers vai invadir o plano, ou que aquilo que eu tô vendo é uma subjetiva, ou então qualquer outra sacanagem que esse fdp pode aprontar. No final das contas, ele é mestre em usar todos esses elementos que ele vai costurando. E mesmo quando não estamos necessariamente em um momento de maior tensão, Halloween é um filme que se sustenta porque: nem sempre é sobre o que a gente tá vendo mas sim sobre o que pode estar acontecendo fora do quadro, ou o que vai acontecer na sequência. Filmaço.
O Grande Golpe
4.1 236 Assista Agoratodos os aspectos da trama despertam a curiosidade de Kubrick, resultando em um plano de roubo interessante pra caramba, além de ser um dos filmes de crime mais humanos. e Kubrick vai atrás dessas possibilidades com uns elementos que continuam frescos, como a montagem não-linear pra seguir o roubo e uma câmera fluida pra caramba pra seguir seus personagens, angulando, se movendo, etc, etc, baita filme.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista Agora“Blue Jasmine, o Jasmim que vem à vida depois que escurece”.
e ela é bem o contrário, já que continua a mesma pessoa só da superfície quando a situação aperta, e isso meio que me incomodou, a gente dá uma volta inteira e não chega a lugar nenhum com a Jasmine. já me interessei muito mais pela história da 'irmã' dela, que, sim, existe um desenvolvimento com uma conclusão até que bonita com aquele último movimento de câmera no apartamento. é ok.
Jogada de Risco
3.6 102 Assista Agorabaita salto que o PTA daria entre esse e o 'Boogie Nights'. sei lá, no começo ele fica meio que num limbo entre uma coisa meio 'cool' e uma busca de tridimensionar os personagens que acaba não acontecendo nem um nem outro, e daí nos momentos decisivos o filme não tem nem metade da força que poderia ter. acaba que não chegamos a lugar nenhum.
Interlúdio de amor
3.6 30Acho que vale mesmo pela honestidade com que Eastwood conduz praticamente o filme inteiro, valorizando sempre as expressões de seus atores, seus olhares e gestos. Quando passa disso, perde um pouco a mão, como os momentos "musicais" na praia e tal. O filme não chega a passar muito disso, a direção segura pro texto apenas básico não faz o filme decolar, mas, no geral, bom.
O Batedor de Carteiras
3.9 117Pelo jeito a maior queixa é sobre o estilo de 'atuação' (ou não) do elenco. Não vejo problema, funciona bem comigo. Mesmo com a "inexpressividade" como característica maior, os roubos me pareciam ser os momentos de maior prazer mesmo por parte do protagonista, diferente de quando ele se relacionava (ou não, de novo) com as pessoas, onde a inexpressividade ficava nisso mesmo.
Um Condenado à Morte Escapou
4.4 69Eu gosto dessa dualidade, enquanto Bresson faz de tudo pra limitar os cenários, mostrar aquela cela minúscula, o que move o filme? A esperança de poder sair daquele lugar, mesmo que não seja demonstrada de maneira 'explosiva', é o motor do protagonista, o que vai contra a maré de tudo que tá acontecendo em volta dele.
O Esporte Favorito dos Homens
4.1 18Poucos comentários pra minha comédia favorita do Hawks, o que já a categoriza como uma das melhores de todas mesmo. Hawks já posiciona a moça desde o começo como o centro da coisa toda, naquela cena do "restaurante giratório" (sei lá como se chama), com o Rock Hudson tendo que se desdobrar pra se manter na órbita da mulher. E genial essa inversão que o Hawks faz, do homem ser o que não se encaixa naquele ambiente bastante 'masculino'.
Os Aventureiros do Bairro Proibido
3.7 569 Assista AgoraFácil um dos filmes mais divertidos que eu já vi. Na primeira cena a gente vê aquele plano/contra-plano mostrando já os dois mundos distintos que Carpenter vai fundir mais pra frente, o americano cético e o oriental doido cheio das magias. Como disse, depois disso o Kurt Russell é jogado naquele universo insano (leia: divertido, oras) e diferente do herói tradicional, não se encaixa mesmo, e só faz bobagem.
Os Pornógrafos: Introdução à Antropologia
3.7 14Imamura é louco demais, consegue como poucos abordar temas delicadíssimos (no caso desse filme ae, a maioria relacionada à sexualidade), mas através de seu característico humor ácido. grande filme.
Segredos de uma Esposa
4.0 11acho que nunca vou conseguir decidir qual o melhor Imamura, esse ou 'Todos Porcos' - como se isso fosse importante. só sei que é uma obra-prima gigante, é genial como Imamura usa a mise-en-scène pra passar o que tá acontecendo dentro da cabeça da mulher, principalmente a cena que ela encara o ferro de passar roupas, cena genial demais.
A Balada de Narayama
4.0 54talvez o filme mais famoso de Imamura, principalmente pela Palma de Ouro, achei ele mais palatável mesmo, talvez por não ter, sei lá, elipses tão desafiadoras quanto as de "A Mulher Inseto", ou uma câmera tão insana quanto "Todos Porcos", mas nada disso tira a loucura do filme - tudo bem que ele tá retratando a cultura e tal, mas quantos diretores teriam a coragem de filmar tudo sem pudores como Imamura faz aqui? é realmente bonito a comparação com os animais, característica recorrente nos filmes do diretor. agora, Imamura definitivamente é um dos diretores que melhor sabe construir finais de filmes, o que é isso, aquela escalada é coisa de gênio, apenas o som da natureza, os pés em atrito com o chão e tal, coisa linda. filmaço mesmo.
Todos Porcos
4.1 11a grande obra-prima de Imamura (mas longe de ser a única). acho que é o exemplo de excelência do cinema proposto pelo diretor, protagonizado por personagens marginalizados, e com um estilo insano, com um dos maiores clímaxes de todo o cinema, com rostos humanos e suínos coexistindo na base do aperto em um único plano (sensacional). o final também é dos mais belos de todos, e podemos ver que Imamura nutre carinho por seus personagens. repito: obras-prima.
Desejo Roubado
3.9 2bom filme de Imamura, ainda não tão doido quanto os que viriam depois, mas já mostra o tipo de personagem que habita seus filmes, além de conseguir produzir humor através de enquadramentos inusitados (plano dividido meio pelo chão e tal).
Emboscada
3.8 10a mise-en-scene característica de Sirk se encaixa muito bem nas set pieces desse filme, principalmente a cena com o Karloff, que é genial demais. mas acho que o filme acaba sobrevivendo desses momentos e se torna irregular.
O Olho do Mal
3.9 6mais um filmaço dessa fase de Chabrol, que é minha preferida, onde seus personagens não conseguem conter suas emoções, eles levam tudo às ultimas consequências, em "Olho do Mal" esse mecanismo é engatilhado pelo deslocamento do protagonista, a incomunicabilidade evidenciada pela narração em off, que não se torna um recurso de explicação, mas, sim, traduzir esse sentimento de ser a única voz que é entendida pelo personagem principal - muitas vezes nem ouvimos as vozes das pessoas que estão em volta, já que ele não entende o idioma. destaque é a cena onde a montagem imita a sequência das fotos (quem assistiu vai sacar, beleza pura).
Trágica Separação
3.7 10gosto muito dessa fase do Chabrol onde dramas familiares se transformam em thrillers, mas desde o início ele filma com um clima de paranoia gigante, onde até mesmo gestos inofensivos como sorrisos de médicos em hospitais se tornem as coisas mais suspeitas do mundo.
Nas Garras do Vício
3.9 28o filme é cheio de pancadas fortes, uma das que mais me atingiu foi quando mostra as crianças jogando bola na rua e a bola encontra Serge. é quase um resumo daquele universo, os tempos que ficaram na cabeça de François, da inocência presente naquelas crianças se perdeu, é quando a gente vê Serge lá caído no chão, resultando de mais uma das suas bebedeiras. filmaço.
Fedora
3.9 32no começo Wilder até utiliza uns alívios cômicos com o recepcionista do hotel, mas logo isso fica de lado e o filme acaba se tornando o filme mais perturbador do diretor. é como "Crepúsculo dos Deuses" em um novo contexto, sendo que aqui sai o glamour e entra os "barbudos" da Nova Hollywood, como diz o produtor em determinado momento do filme. um dos desenvolvimentos mais fortes da filmografia do Wilder sobre o 'disfarce', sobre as 'aparências', onde o que importa mais é a embalagem, a imagem que se projeta. obra-prima.
Amor na Tarde
4.0 97 Assista Agoraum close no rosto de um personagem pode parecer algo banal, já que muitos preferem direções cheias de pirotecnias, mas quando colocado em um contexto bem pensado pode se tornar um momento poderosíssimo. é o que acontece aqui, assim como acontece em, por exemplo, Inferno N 17, outro grande filme de Billy Wilder. o filme pode ter alguns clichês na história, mas a forma como é conduzido torna tudo mais poderoso. o que os rostos carregam na cena final, alternados pela montagem, é muito forte. ótimo filme.
Inferno Nº 17
4.0 53 Assista Agoraexiste um aspecto muito importante no cinema de Billy Wilder que aqui é, talvez, a engrenagem mais importante. tempos de guerra, período indiscutivelmente desfavorável e deprimente, mas o diretor mesmo assim conduz o filme, em grande parte do tempo, com vários momentos cômicos e de certa forma "leve". mas mesmo assim o filme tem vários momentos de tensão. essa mudança não se dá de maneira forçada? não, entra o talento do diretor que faz de seus personagens, antes de marionetes submetidas a situações pré-concebidas, seres humanos. ou seja, sim, eles fazem de tudo pra fazer do tempo em que estão presos algo menos sofrível, mas é claro que vão reagir às adversidades de maneira negativa. filmaço.
O Discreto Charme da Burguesia
4.1 282 Assista Agorasintetizado pelas cenas dos 6 lá andando em direção ao 'nada', já que mesmo com zilhões de bizarrices acontecendo em volta deles, a única coisa que eles conseguem pensar é no tal do jantar. muito pela aparência, evidenciado pela, talvez, minha cena preferida, a do teatro. genialidade absurda.