Eu adorei como tudo nesse filme é tão imperfeito. Não é sobre um gênio intelectual ou artístico ou uma garota popular. É sobre a vida e todos os seus roteiros tortos e falhos e realistas, mas nem por isso trágicos. É tão legal haver um "coming-of-age" desromantizado desses, porque às vezes a gente acha que
vamos conhecer o amor de nossas vidas na adolescência e nos casarmos, que nossa primeira vez vai ser incrível, que vamos passar em todas as melhores universidades, que vamos sair e desbravar o mundo e isso vai ser perfeito e mágico... Mas não é bem assim. E o filme mostra com maestria que, independentemente das merdas que acontecem na sua vida, você pode lidar com isso e ficar bem, afinal ser bem-sucedido não tem valor em si mesmo.
Também achei incrível como os personagens transitam em uma área cinza, e não preto-e-branco. Ninguém está ali pra preencher o papel de vilão ou de mocinho. Estão todos simplesmente vivendo como podem, com aquilo que têm a oferecer.
Filme legal, correto pro que se propõe a fazer - comover e dar lições de moral -, bom pra entreter, mas nada além disso. É tão "fofo" que a gente até se sente mal de fazer uma crítica negativa. Mas enfim... Roteiro previsível, superficial e nem um pouco original.
Eu odeio essa coisa de construir personagens fora dos padrões, discriminados e pertencentes a alguma minoria com algum dom acima da média que os recompensam por não serem padrão. Por que a pessoa não pode ser simplesmente normal, sem nenhum dom especial, sem nenhuma redenção? Também não curto acontecimentos colocados só pra emocionar, nem a ideia de que nossa vida está esperando por um momento único, quando vai aparecer alguém ou acontecer algo que vai resolver todos os nossos problemas e nos tornar felizes.
Filme belíssimo, dotado de profunda sensibilidade, delicadeza e ternura. A gente doi assistindo, mas é uma dor revigorante, trágica, cheia de vida. Aqui, o protagonista é o tempo, e o amor fica em segundo plano. O tempo aparece de maneira crua, cruel e brutal, mas também cósmica e terna. Cenas silenciosas, repletas de olhares e gestos, preenchidas por uma música triste, e pelo paradoxal vazio do movimento das coisas, das pessoas, dos lugares, da vida, fazem com que nos questionemos: o que somos, senão um sopro? Quantos de nós não agimos como verdadeiros fantasmas? Somos todos fantasmas de nós mesmos? Como lidar com a finitude, e deixar as coisas seguirem seu fluxo, sem se agarrar ao que já não é? A morte, nossa única certeza, parece ser aquilo do que sempre desviamos o olhar.
É difícil colocar em palavras a grandiosidade desse filme, mas duas cenas, já no início, resumem a sua profundidade, delicadeza e sutileza: o casal na cama, trocando carícias, em um nível de intimidade e naturalidade difíceis de se alcançar no cinema; a personagem da Rooney Mara chorando silenciosamente ao comer a torta, e depois colocando tudo pra fora. Lindo demais. Poético.
Achei o filme forte. Para além da questão do racismo, me tocou como o tempo é retratado como algo capaz de deixar marcas tanto pra frente quanto pra trás. Muito boa a ideia de uma ficção científica pra passar a sensação do peso do tempo e de uma memória passada e futura, na qual o presente se estende em ambas as direções.
E o que é aquela cena inicial do Marquim narrando os acontecimentos na rádio? Simplesmente sensacional.
não gostei do modo como o irmão mais velho do protagonista foi negligenciado. O personagem dele é super interessante e merecia um desenvolvimento muito melhor. Também não curti o final, pois, além de ser totalmente inverossímil, não curti o fato de o Cosmo ter ficado com a Raphina.
Sinto que ainda não tenho maturidade para penetrar em toda a complexidade psicológica da protagonista. Durante o filme, fiquei pensando "esse filme está para além da minha compreensão".
Por que uma mulher como Michele, tão poderosa e dura no dia-a-dia se submetia aos homens daquela maneira? Será que, por todo seu passado, ela se sentia culpada e achava que deveria ser maltratada de alguma forma? Ou será que ela não podia se deixar ser "rebaixada" nunca, nem mesmo para assumir o papel de vítima de um estupro? Por que ela teve um caso com o marido da melhor amiga, sem se importar com os sentimentos da mesma? Seria tudo isso uma questão de poder? Por que ela se divorciou do ex-marido devido a uma agressão, sendo que aceitava as agressões do estuprador? Será que, com o ex-marido, ela sentiu que poderia perder o controle, por amá-lo? Ou será que suas crises de ciúme não passavam de ego ferido?
O filme deixou todas essas questões em aberto, e talvez todas essas hipóteses estejam certas, pois Michele, longe de ser unívoca e superficial, possui muitas camadas e é contraditória, não como os personagens que costumamos conhecer, mas como nós sabemos que também somos em nossa interioridade.
Que filme, cara! De vez em quando surgem esses filmes inspiradores, poéticos, que, mais do que fazer a gente refletir sobre a vida, mostram que uma outra vida, diferente da que conhecemos, é possível. "Capitão Fantástico", assim como "Na natureza selvagem", certamente vão ficar marcados em mim pra sempre.
"No auge de minha inocência, pensei que a Suécia – terra de Bergman e Os homens que não amavam as mulheres conhecida por seus altos padrões de vida – não tivesse problemas tão gritantes de desigualdade social. Mas é justamente sobre isso que Pura trata: um abismo entre realidades quase incapazes de se tocar. Adam vê em Katharina uma serviçal, alguém que está ali para satisfazê-lo e, portanto, alguém menor e sem valor. Depois de umas transas, ele a dispensa, a humilha e a manda embora do trabalho. Nesse sentido, Adam representa o status quo, o colonizador, o capital, que parece amigável em um primeiro momento, mas explora até a última gota para descartar logo em seguida. Adam, que aparentava ser uma porta de entrada ao mundo culto e refinado, não é nada mais, nada menos, do que a representação dos mecanismos de estratificação social. Adam é o maestro: é ele quem coordena toda a orquestra.
Ao longo do filme, percebemos como Adam é culto e, ao mesmo tempo, alienado. Rodeado por sua cultura erudita, debocha daqueles que só se preocupam com a “lavanderia”, sem perceber que, talvez, algumas pessoas só podem se preocupar, realmente, com as questões mundanas, pois nunca tiveram a oportunidade de fazer diferente, não sabem que podem fazer diferente ou, quando tentam, são impedidas por um muro invisível, mas feito de um concreto quase impossível de derrubar. Dessa maneira, Adam é hipócrita, e se revela o verdadeiro sujo e “impuro” da história. Apesar de seu poder de materializar as grandes composições da música por meio de sua orquestra, o homem é mesquinho e vazio. Katharina, por sua vez, mostra que é a personagem forte da obra, pois consegue driblar os obstáculos impostos e alcançar seus desejos."
Mas devo confessar que o final me deixou bem decepcionada. O tempo todo eu estava esperando que todos aqueles eventos e/ou a percepção dos eventos pelos personagens fossem causados não por algo sobrenatural, mas sim por algum elemento real, palpável, humano, porque ao longo do filme é esse o caminho que o diretor nos leva a percorrer. No entanto, o final meio que desconstruiu isso tudo, deixando o espectador com a sensação de que estava esperando demais do filme. Apesar disso, vou escolher ficar com o filme sem o final, que é de uma qualidade impecável.
"Se tivesse que descrever Veludo Azul em uma palavra seria “estranho” – essa é, aliás, a marca de Lynch em praticamente todos os seus filmes. Blue Velvet já causa estranhamento em sua sequência inicial: vemos belas rosas, uma vizinhança amigável, tranquila e feliz, bem nos padrões do sonho americano, e logo depois um senhor regando as plantas, quando começa a passar mal, tudo isso ao som de Blue Velvet. À assintonia repentina entre a música e o que aparece na tela é acrescentado um clima sombrio quando a câmera se desloca entre a grama, e a música vai sendo substituída por um som de suspense, e um bando de insetos invade nossa visão. Só com esse início Lynch consegue dizer o que acontecerá no filme inteiro: o abalo da paz e da felicidade pela descoberta de um submundo sinistro e cruel.
Em Veludo Azul temos um claro combate entre o bem e o mal. Os parâmetros morais da trama são Sandy, que representa o bem, e Frank, o grande vilão responsável pelos males da história. Enquanto Sandy é praticamente a visão de um anjo, entrando em cena pela primeira vez como uma luz que sai da escuridão, Frank é um louco e um sádico que alcança através da direção de Lynch e da atuação de Hopper uma entoação exagerada que contribui para o caráter por vezes caricato do filme. Outro sinal burlesco da obra está no exagero do som dos socos distribuídos ao longo da película."
Texto completo em obviousmag. org/sangria_desatada/2016/veludo-azul-o-encontro-do-noir-com-o-melodrama-e-o-grotesco.html
"No roteiro original, Mathilda e Léon se tornavam amantes. O romance com tamanha diferença de idade teria sido baseado na história de Besson com a atriz Maïwenn, que conhecera o diretor aos 12 e se apaixonaram por ele aos 15 (quando Besson tinha 32 anos). Os dois estavam noivos na época das filmagens de O Profissional.
Na primeira versão do filme testada em Los Angeles, existia uma cena em que Mathilda pede a Léon que ele se torne seu amante - "A primeira vez de uma garota é muito importante, determina o resto da sua vida sexualmente, li isso em uma revista da minha irmã", diz a personagem (veja acima). O público, porém, rejeitou o trecho e o filme recebeu péssimas avaliações durante a exibição-teste. Foi quando Besson e o produtor Patrice Ledoux decidiram cortar a cena. No segundo teste, sem a sequência polêmica, o filme foi avaliado positivamente pelo público."
E isso:
"Besson queria que Mathilda tivesse uma mistura de sensualidade e inocência, entre 12 e 14 anos. Devido a complexidade libidinosa do papel, Thaler rejeitou a novata Portman, de apenas 13 anos, e procurou meninas na faixa dos 15 com um quê de Lolita. Besson descartou todas as candidatas, incluindo Liv Tyler - o diretor queria uma atriz que "involuntariamente" tivesse um lado sensual."
Não acho que seja muito um filme para ser compreendido, mas sim sentido. E ele cumpre bem o papel de suscitar na gente a aflição, o nojo, a repulsa. E, apesar de ter coisas meio nojentas, é um filme esteticamente belo, sem dúvida.
Ótimo filme. Destaque para a belíssima fotografia, cuja câmera estática realça a imobilidade tanto da vida da protagonista, que passou a maior parte de seus dias, até então, no convento, quanto de sua tia, presa à dor de perder a família e, sobretudo, seu filho.
"O filme causa tanta repulsa no espectador que é preferível ignorar o fato de que se é parte de uma sociedade que compactua com a linha de pensamento dos vilões dessa obra cinematográfica. O diretor, ao mostrar a extrema crueldade a que Alejandra é submetida, faz ser pesado demais se ver como integrante de uma sociedade que concorda e até defende a
imposição de castigos às mulheres como represália por certos tipos de comportamentos sexuais (e talvez esse seja o significado do tapa na cara do pôster). Para aliviar esse peso, Alejandra é interpretada como uma simples vítima de algumas brincadeiras de mau gosto.
E, assim, Depois de Lúcia é classificado como um filme sobre bullying."
Ao longo do desenvolvimento da história, chegou a um ponto que eu mesma comecei a duvidar da inocência do Lucas, apesar de o filme não ter mostrado nenhuma conduta errada da parte dele.
Não fiquei com raiva da menininha. Ela não fez o que fez por maldade, por querer causar algum dano ao Lucas. Ela fala algo sem pensar, planta uma ideia na cabeça dos adultos, desmente, e depois são os adultos que plantam a mesma ideia na cabeça dela. Acontece que essa ideia é avassaladora, capaz de destruir a vida do protagonista por um mal entendido. Mas a situação não tem verdadeiros culpados, todos os personagens estão em uma posição difícil. Agora, envolver um cachorro inocente nisso, realmente foi uma monstruosidade.
O filme mostra como um julgamento social pode acabar com a vida de alguém que não fez nada. Apesar de as coisas melhorarem pro Lucas, fica claro que a vida dele nunca mais vai ser a mesma depois do acontecimento.
"Por meio de planos desfocados, poética, trilha sonora impecável e diversos pontos de vista, o documentário analisa o papel da visão, sua forma de relacionamento com o mundo e seu impacto no indivíduo. O filme trata com extrema delicadeza, diligência e perspicácia esse dom que é rotulado como o a capacidade suprema dos nossos sentidos."
A vida e o cinema sob a perspectiva de Janela da Alma:
"Um filme que se encontra no limiar entre o drama e a comédia, O lado bom da vida tem sido comumente classificado como uma comédia romântica. No entanto, a obra surpreende os espectadores ao tratar de um tema filosófico: a dor existencial moderna."
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraEu adorei como tudo nesse filme é tão imperfeito. Não é sobre um gênio intelectual ou artístico ou uma garota popular. É sobre a vida e todos os seus roteiros tortos e falhos e realistas, mas nem por isso trágicos. É tão legal haver um "coming-of-age" desromantizado desses, porque às vezes a gente acha que
vamos conhecer o amor de nossas vidas na adolescência e nos casarmos, que nossa primeira vez vai ser incrível, que vamos passar em todas as melhores universidades, que vamos sair e desbravar o mundo e isso vai ser perfeito e mágico... Mas não é bem assim. E o filme mostra com maestria que, independentemente das merdas que acontecem na sua vida, você pode lidar com isso e ficar bem, afinal ser bem-sucedido não tem valor em si mesmo.
Também achei incrível como os personagens transitam em uma área cinza, e não preto-e-branco. Ninguém está ali pra preencher o papel de vilão ou de mocinho. Estão todos simplesmente vivendo como podem, com aquilo que têm a oferecer.
A relação retratada de mãe e filha é bem realista, assim como as relações da Lady Bird com Danny e Kyle.
E Timothée Chalamet está virando meu crush.
Alpes
3.5 89Chatíssimo e muito inferior a O Lagosta, O sacrifício do cervo sagrado e Dente canino
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraFilme legal, correto pro que se propõe a fazer - comover e dar lições de moral -, bom pra entreter, mas nada além disso. É tão "fofo" que a gente até se sente mal de fazer uma crítica negativa. Mas enfim... Roteiro previsível, superficial e nem um pouco original.
Eu odeio essa coisa de construir personagens fora dos padrões, discriminados e pertencentes a alguma minoria com algum dom acima da média que os recompensam por não serem padrão. Por que a pessoa não pode ser simplesmente normal, sem nenhum dom especial, sem nenhuma redenção? Também não curto acontecimentos colocados só pra emocionar, nem a ideia de que nossa vida está esperando por um momento único, quando vai aparecer alguém ou acontecer algo que vai resolver todos os nossos problemas e nos tornar felizes.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraFilme belíssimo, dotado de profunda sensibilidade, delicadeza e ternura. A gente doi assistindo, mas é uma dor revigorante, trágica, cheia de vida. Aqui, o protagonista é o tempo, e o amor fica em segundo plano. O tempo aparece de maneira crua, cruel e brutal, mas também cósmica e terna. Cenas silenciosas, repletas de olhares e gestos, preenchidas por uma música triste, e pelo paradoxal vazio do movimento das coisas, das pessoas, dos lugares, da vida, fazem com que nos questionemos: o que somos, senão um sopro? Quantos de nós não agimos como verdadeiros fantasmas? Somos todos fantasmas de nós mesmos? Como lidar com a finitude, e deixar as coisas seguirem seu fluxo, sem se agarrar ao que já não é? A morte, nossa única certeza, parece ser aquilo do que sempre desviamos o olhar.
É difícil colocar em palavras a grandiosidade desse filme, mas duas cenas, já no início, resumem a sua profundidade, delicadeza e sutileza: o casal na cama, trocando carícias, em um nível de intimidade e naturalidade difíceis de se alcançar no cinema; a personagem da Rooney Mara chorando silenciosamente ao comer a torta, e depois colocando tudo pra fora. Lindo demais. Poético.
Branco Sai, Preto Fica
3.5 173Achei o filme forte. Para além da questão do racismo, me tocou como o tempo é retratado como algo capaz de deixar marcas tanto pra frente quanto pra trás. Muito boa a ideia de uma ficção científica pra passar a sensação do peso do tempo e de uma memória passada e futura, na qual o presente se estende em ambas as direções.
E o que é aquela cena inicial do Marquim narrando os acontecimentos na rádio? Simplesmente sensacional.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraA dimensão trágica da vida.
Sing Street - Música e Sonho
4.1 714 Assista AgoraAchei o filme muito bonito e sensível. Maaaas...
não gostei do modo como o irmão mais velho do protagonista foi negligenciado. O personagem dele é super interessante e merecia um desenvolvimento muito melhor. Também não curti o final, pois, além de ser totalmente inverossímil, não curti o fato de o Cosmo ter ficado com a Raphina.
Docinho da América
3.5 215 Assista AgoraDesnecessariamente longo.
A Qualquer Custo
3.8 803 Assista AgoraFilmaço.
Elle
3.8 886Sinto que ainda não tenho maturidade para penetrar em toda a complexidade psicológica da protagonista. Durante o filme, fiquei pensando "esse filme está para além da minha compreensão".
Por que uma mulher como Michele, tão poderosa e dura no dia-a-dia se submetia aos homens daquela maneira? Será que, por todo seu passado, ela se sentia culpada e achava que deveria ser maltratada de alguma forma? Ou será que ela não podia se deixar ser "rebaixada" nunca, nem mesmo para assumir o papel de vítima de um estupro? Por que ela teve um caso com o marido da melhor amiga, sem se importar com os sentimentos da mesma? Seria tudo isso uma questão de poder? Por que ela se divorciou do ex-marido devido a uma agressão, sendo que aceitava as agressões do estuprador? Será que, com o ex-marido, ela sentiu que poderia perder o controle, por amá-lo? Ou será que suas crises de ciúme não passavam de ego ferido?
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraQue filme, cara! De vez em quando surgem esses filmes inspiradores, poéticos, que, mais do que fazer a gente refletir sobre a vida, mostram que uma outra vida, diferente da que conhecemos, é possível. "Capitão Fantástico", assim como "Na natureza selvagem", certamente vão ficar marcados em mim pra sempre.
Pura
4.0 33"No auge de minha inocência, pensei que a Suécia – terra de Bergman e Os homens que não amavam as mulheres conhecida por seus altos padrões de vida – não tivesse problemas tão gritantes de desigualdade social. Mas é justamente sobre isso que Pura trata: um abismo entre realidades quase incapazes de se tocar. Adam vê em Katharina uma serviçal, alguém que está ali para satisfazê-lo e, portanto, alguém menor e sem valor. Depois de umas transas, ele a dispensa, a humilha e a manda embora do trabalho. Nesse sentido, Adam representa o status quo, o colonizador, o capital, que parece amigável em um primeiro momento, mas explora até a última gota para descartar logo em seguida. Adam, que aparentava ser uma porta de entrada ao mundo culto e refinado, não é nada mais, nada menos, do que a representação dos mecanismos de estratificação social. Adam é o maestro: é ele quem coordena toda a orquestra.
Ao longo do filme, percebemos como Adam é culto e, ao mesmo tempo, alienado. Rodeado por sua cultura erudita, debocha daqueles que só se preocupam com a “lavanderia”, sem perceber que, talvez, algumas pessoas só podem se preocupar, realmente, com as questões mundanas, pois nunca tiveram a oportunidade de fazer diferente, não sabem que podem fazer diferente ou, quando tentam, são impedidas por um muro invisível, mas feito de um concreto quase impossível de derrubar. Dessa maneira, Adam é hipócrita, e se revela o verdadeiro sujo e “impuro” da história. Apesar de seu poder de materializar as grandes composições da música por meio de sua orquestra, o homem é mesquinho e vazio. Katharina, por sua vez, mostra que é a personagem forte da obra, pois consegue driblar os obstáculos impostos e alcançar seus desejos."
obviousmag. org/sangria_desatada/2016/pura-e-os-mundos-que-quase-nao-se-tocam.html
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraAchei o filme muito bom.
Mas devo confessar que o final me deixou bem decepcionada. O tempo todo eu estava esperando que todos aqueles eventos e/ou a percepção dos eventos pelos personagens fossem causados não por algo sobrenatural, mas sim por algum elemento real, palpável, humano, porque ao longo do filme é esse o caminho que o diretor nos leva a percorrer. No entanto, o final meio que desconstruiu isso tudo, deixando o espectador com a sensação de que estava esperando demais do filme. Apesar disso, vou escolher ficar com o filme sem o final, que é de uma qualidade impecável.
O Abraço da Serpente
4.4 237 Assista AgoraMelhor filme que vi do Oscar 2016 até agora. Fui sem muitas expectativas e achei excelente.
Veludo Azul
3.9 776 Assista Agora"Se tivesse que descrever Veludo Azul em uma palavra seria “estranho” – essa é, aliás, a marca de Lynch em praticamente todos os seus filmes. Blue Velvet já causa estranhamento em sua sequência inicial: vemos belas rosas, uma vizinhança amigável, tranquila e feliz, bem nos padrões do sonho americano, e logo depois um senhor regando as plantas, quando começa a passar mal, tudo isso ao som de Blue Velvet. À assintonia repentina entre a música e o que aparece na tela é acrescentado um clima sombrio quando a câmera se desloca entre a grama, e a música vai sendo substituída por um som de suspense, e um bando de insetos invade nossa visão. Só com esse início Lynch consegue dizer o que acontecerá no filme inteiro: o abalo da paz e da felicidade pela descoberta de um submundo sinistro e cruel.
Em Veludo Azul temos um claro combate entre o bem e o mal. Os parâmetros morais da trama são Sandy, que representa o bem, e Frank, o grande vilão responsável pelos males da história. Enquanto Sandy é praticamente a visão de um anjo, entrando em cena pela primeira vez como uma luz que sai da escuridão, Frank é um louco e um sádico que alcança através da direção de Lynch e da atuação de Hopper uma entoação exagerada que contribui para o caráter por vezes caricato do filme. Outro sinal burlesco da obra está no exagero do som dos socos distribuídos ao longo da película."
Texto completo em obviousmag. org/sangria_desatada/2016/veludo-azul-o-encontro-do-noir-com-o-melodrama-e-o-grotesco.html
O Profissional
4.3 2,2K Assista AgoraAlguém sabe se isso procede? Durante o filme todo eu senti uma tensão sexual no ar, fui procurar na Internet sobre e achei isso:
"No roteiro original, Mathilda e Léon se tornavam amantes. O romance com tamanha diferença de idade teria sido baseado na história de Besson com a atriz Maïwenn, que conhecera o diretor aos 12 e se apaixonaram por ele aos 15 (quando Besson tinha 32 anos). Os dois estavam noivos na época das filmagens de O Profissional.
Na primeira versão do filme testada em Los Angeles, existia uma cena em que Mathilda pede a Léon que ele se torne seu amante - "A primeira vez de uma garota é muito importante, determina o resto da sua vida sexualmente, li isso em uma revista da minha irmã", diz a personagem (veja acima). O público, porém, rejeitou o trecho e o filme recebeu péssimas avaliações durante a exibição-teste. Foi quando Besson e o produtor Patrice Ledoux decidiram cortar a cena. No segundo teste, sem a sequência polêmica, o filme foi avaliado positivamente pelo público."
E isso:
"Besson queria que Mathilda tivesse uma mistura de sensualidade e inocência, entre 12 e 14 anos. Devido a complexidade libidinosa do papel, Thaler rejeitou a novata Portman, de apenas 13 anos, e procurou meninas na faixa dos 15 com um quê de Lolita. Besson descartou todas as candidatas, incluindo Liv Tyler - o diretor queria uma atriz que "involuntariamente" tivesse um lado sensual."
Fonte: omelete.uol.com.br/filmes/artigo/o-profissional-10-coisas-que-voce-nao-sabia-sobre-o-filme/
Cara, se for verdade, é nojento.
A História de Adèle H.
3.9 129Esse filme acaba com o coração de qualquer um...
Excelente! E que atuação magistral da Isabelle Adjani!
Eraserhead
3.9 922 Assista AgoraNão acho que seja muito um filme para ser compreendido, mas sim sentido. E ele cumpre bem o papel de suscitar na gente a aflição, o nojo, a repulsa. E, apesar de ter coisas meio nojentas, é um filme esteticamente belo, sem dúvida.
Ida
3.7 439Ótimo filme. Destaque para a belíssima fotografia, cuja câmera estática realça a imobilidade tanto da vida da protagonista, que passou a maior parte de seus dias, até então, no convento, quanto de sua tia, presa à dor de perder a família e, sobretudo, seu filho.
Depois de Lúcia
3.8 1,1K"O filme causa tanta repulsa no espectador que é preferível ignorar o fato de que se é parte de uma sociedade que compactua com a linha de pensamento dos vilões dessa obra cinematográfica. O diretor, ao mostrar a extrema crueldade a que Alejandra é submetida, faz ser pesado demais se ver como integrante de uma sociedade que concorda e até defende a
imposição de castigos às mulheres como represália por certos tipos de comportamentos sexuais (e talvez esse seja o significado do tapa na cara do pôster). Para aliviar esse peso, Alejandra é interpretada como uma simples vítima de algumas brincadeiras de mau gosto.
http://lounge.obviousmag.org/sincope/2013/07/depois-de-lucia-antes-do-bullying.html
Jovem Aloucada
3.2 337 Assista Agora"As Aventuras de Uma Ninfomaníaca"? Que ridículo esse título!!
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraFilme muito interessante.
Ao longo do desenvolvimento da história, chegou a um ponto que eu mesma comecei a duvidar da inocência do Lucas, apesar de o filme não ter mostrado nenhuma conduta errada da parte dele.
Não fiquei com raiva da menininha. Ela não fez o que fez por maldade, por querer causar algum dano ao Lucas. Ela fala algo sem pensar, planta uma ideia na cabeça dos adultos, desmente, e depois são os adultos que plantam a mesma ideia na cabeça dela. Acontece que essa ideia é avassaladora, capaz de destruir a vida do protagonista por um mal entendido. Mas a situação não tem verdadeiros culpados, todos os personagens estão em uma posição difícil. Agora, envolver um cachorro inocente nisso, realmente foi uma monstruosidade.
O filme mostra como um julgamento social pode acabar com a vida de alguém que não fez nada. Apesar de as coisas melhorarem pro Lucas, fica claro que a vida dele nunca mais vai ser a mesma depois do acontecimento.
Janela da Alma
4.3 192 Assista Agora"Por meio de planos desfocados, poética, trilha sonora impecável e diversos pontos de vista, o documentário analisa o papel da visão, sua forma de relacionamento com o mundo e seu impacto no indivíduo. O filme trata com extrema delicadeza, diligência e perspicácia esse dom que é rotulado como o a capacidade suprema dos nossos sentidos."
A vida e o cinema sob a perspectiva de Janela da Alma:
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista Agora"Um filme que se encontra no limiar entre o drama e a comédia, O lado bom da vida tem sido comumente classificado como uma comédia romântica. No entanto, a obra surpreende os espectadores ao tratar de um tema filosófico: a dor existencial moderna."
A dor existencial em O Lado Bom da Vida: