Se em Tomboy temos uma menina que, de maneira inconsciente e quase instintiva se entrega a uma socialização masculina, em "Garotas" esta socialização com toques masculinos é totalmente intencional, de caso pensado desde o modo em que as gangues femininas são organizadas, na maneira em que elas se posicionam em uma relação de poder e rivalidade uma com as outras, na maneira em que expõem os corpos e vidas das rivais em nome de um suposto respeito e, principalmente, na escolha deliberada de Marieme em parecer um rapaz, com uso de binders e tudo, para evitar maiores consequências da misoginia ao ter a "ousadia" de ser uma "mulher feminina" em um homem governado por homens.
Nenhuma delas tem a intenção de tonar-se lida de fato como homens - algumas até contrabalançam os gestos mais masculinazados com uma aparência totalmente feminina- mas sabem que esta é a única maneira de se sentirem respeitadas, porque este é o meio em que cresceram, estão inseridas e, a contar pela falta de perspectiva de uma mudança de futuro, estariam inseridas por muito tempo.
O problema é que, como bem disse uma menina a certa altura do filme: "Não é porque banca o homem que não seja puta." Isso é uma das coisas mais sintomáticas do filme, onde escancara de que reproduzir o machismo não as isentou de nada. Talvez as aprisionou ainda mais.
A dobradinha Toledano-Nakache/Omar Sy funciona muito bem neste filme. Assim como em Intocáveis, os momentos dramáticos e os mais leves são costurados de forma quase imperceptível. É a vida se desenrolando, sendo ficção ou não; o personagem principal é incrivelmente palpável. A história é contada com fluidez, e você não sente as quase 2 horas de filme passando. Até mesmo as histórias paralelas que ajudam a contextualizar os personagens coadjuvantes funcionam perfeitamente, levando a um final tenso, mas emocionante.
Aliás, Omar Sy e Charlotte Gainsbourg (linda, linda! ótima atuação!) formam opostos que se complementam naturalmente, sem exageros. Vale muito a pena!
Até o filme terminar, fiquei achando que aconteceria algo imperdoável entre o casal, daí o seu título. Mas o filme acabou e eu percebi que nunca foi a intenção do diretor debater casais homossexuais em si: ele os trata com naturalidade, daí a falta de debate ou polêmicas. Até mesmo enquanto o casal estava procurando uma casa nova, isso nunca nem sequer trouxe problemas, nem pelo ponto de vista burocrático. Casais homossexuais existem, são uma realidade e fim de papo.
Mas me vi pensando numa fala do Ben e fez todo sentido. Nós de fato temos mais facilidade de amar as pessoas quando não convivemos o tempo inteiro com elas. Isso ficou claro na relação deles com a Kate, que começa o filme falando sobre a genialidade do casal e termina dizendo que o marido só é tão bonzinho com o tio porque não precisa conviver o tempo todo com ele. O modo que George se vê igualmente incomodado na casa de pessoas que ele ama também deixa isso claro.
Ao mesmo tempo, é igualmente estranho nos dias de hoje duas pessoas que se amam, acima de qualquer traição ou deslize do outro, há tanto tempo, e ainda sentirem dificuldade de dormir quando não estão juntos. Diria até que isto é impensável. Acho que muita gente se perguntou a mesma coisa que eu: será que hoje em dia isso é possível? Será que se aplicará a mim, algum dia? De fato, causa estranheza. O filme vai dissecando os diversos tipos de amor, as diversas fragilidades das relações humanas que podem, ou não, acabar por fortalecê-las. Eu achei ótimo!
E que linda a comparação que a Isabelle fez aqui nos comentários sobre a janela/estado de espírito do Joey. Fez todo sentido e é justamente este tipo de sutileza que nos prende ao filme.
Lindo, transborda amor Amor pela vida, pela música, por um modo de viver, pela ousadia, pelo filho, pela coragem de se reinventar drasticamente sempre que preciso, por tentar coisas novas, por insistir em hábitos antigos de uma vida simples e desacostumada com o sucesso, pela humildade, pelos amigos e - claro - o amor infinito que fãs e amigos ainda sentem por ela, sempre presente na vida de todos, seja com imagens do seu jeito irreverente ou com sua voz que continua sendo uma das mais poderosas da MPB.
Ver o documentário foi como reencontrar uma velha amiga que não via há anos: sabia que fazia falta, mas não que fazia tanta falta assim. Incrível!
Há coisas grandiosas nesse filme. Gostei muito do panorama geral da história, contada de forma não linear até o momento em que o filme se passa. Gostei das atuações, principalmente da Knightley e do Ruffalo que tem essa coisa de conseguir passar toda uma emoção com o olhar, com os gestos, com o sorriso. Acho os dois muito expressivos nesse sentido, e se complementam nessa história. Gostei do fato de não terminarem juntos, num clichê, e do filme tratar das diferentes reações entre casais, como um consegue perdoar e tentar recomeçar e outro não.
Gostei do fato de o maior romance dessa história ser o romance com a cidade, a redescoberta de sons, o fazer música por amor, pela inspiração, por conseguir ver e ouvir música onde ninguém mais consegue. Uma comédia romântica que valoriza a arte é algo difícil mas, ao meu ver, extremamente necessário. Este pra mim é o maior diferencial do filme, e onde ele me conquistou.
Mas, ao contrário da maioria, não me liguei tanto na trilha sonora. Pra mim ela começa a melhorar pra mais da metade do filme, e quando você se sente rendido, o filme acaba. É bom pelo gostinho de quero mais, mas não me contempla de todo. Além disso, apesar de a Knightley ter se saído muito bem, o filme poderia ter lançado uma iniciante, e aumentar ainda mais seu potencial.
Mas o filme não deixa de ser uma boa opção e não deixa de cumprir seu papel. É um desses filmes que você termina de ver com um sorriso no rosto. Lindo!
Vários são os filmes que mostram as famílias desfeitas por causa de atiradores, ou tentam mostrar o que deu errado na criação dos mesmos, como se houvesse uma fórmula mágica e perfeita pra criar pessoas mas poucos fazem a pergunta mais óbvia possível: será que ele realmente tinha um motivo externo para ser assim? Josh era um garoto introvertido que não conseguiu lidar com e nem exteriorizar seus problemas, e tudo acabou virando uma bola de neve. Mas, como podemos ver, não foi culpa dos pais. Ninguém o agredia, ele era querido e tratava bem todos a sua volta.
Ao tentar não buscar um motivo em específico ou apontar culpados, o filme não só humaniza o assassino, como também humaniza seus pais, que sem nenhum indício do que pode ter acontecido, precisam seguir em frente com suas vidas. Como bem dito pelo Del, nunca sabemos nada, só sabemos do que ouvimos falar, e essa nunca é a história toda. Ao mostrar o lado que fica escondido atrás de manchetes sensacionalistas sobre a "família do monstro assassino", Rudderless levanta o véu pra nos mostrar o óbvio: todos nós sentimos a perda, por mais insignificante que ela possa parecer para os outros. Por menos merecido que ele possa parecer. Todo mundo (ou quase todo mundo) tem alguém que chore a sua morte, por mais absurdo que possa parecer.
O luto não é algo lógico. Pode levar meses, anos, ou simplesmente estar sempre por perto, sem data nem hora pra acabar. Cada um lida com a tristeza de uma maneira, e este filme mostra só mais uma, de uma maneira muito simples e bonita.
Ganha pontos também pela trilha sonora e pelo Yelchin, que está muito bem, como sempre.
A morte, inevitável e implacável, a dor causada por quem amamos, que sempre parece ser a mais difícil de perdoar, o medo da perda, o reencontro que só acontece quando o fim está próximo. A ligação com Deus, que muitos buscam mas poucos entendem, a fé de que a vida continua para se ter algo para continuar na terra, o modo que às vezes nos acomodamos e esquecemos que as definições de sucesso e felicidade não são sempre as mesmas para todos e, principalmente, o modo que confiamos de modo quase cego naqueles que chamamos de pai e mãe, por mais que sejam tão falhos como nós.
Um filme bonito. Não é o filme do ano, mas nos lembra do que é realmente importante na vida.
"Sei que você não acredita em Deus mas, por favor, tente acreditar na família"
A começar pelo conflito de gerações não só presente entre tipos de atrizes diferentes, como na própria Maria em si. O modo que seu olhar sobre o texto muda conforme o tempo passa, conforme os papéis são invertidos é muito bem explorado. Há também a relação entre Val x Maria que retrata de maneira bem característica a relação entre Sigrid X Helena, e o ótimo desfecho pra Val que prova o seu ponto ao fazer o que acredita que a personagem tenha feito. Tem também o conflito de geração entre atrizes famosas, o modo que a relação com a mídia mudou e se tornou avassaladora, a surpresa da antiga geração ao ver o modo que a nova acata seus conselhos, a sua experiência com tanta arrogância
Enfim, achei muito legal. A trilha sonora e algumas imagens da natureza complementam a beleza dos diálogos. Recomendo!
É um bom filme, mas não sei porque, esperava mais. O elenco em sua grande parte cumpre bem o seu papel, e a trilha sonora é muito boa (como não gostar de uma trilha sonora com Pumpkins? x]) Pra mim o maior destaque foram as cenas com Stacy Keach
A teoria finalmente posta em prática com todo o seu potencial. Não digo que é a melhor que o primeiro porque são simplesmente muito diferentes para comparação. Esse não só é ao ar livre, como mostra o quanto esta noite é interessante para vários grupos de poder, pelos mais diversos motivos. Gostei tanto quanto do primeiro!
O filme não é ruim, nem tampouco maravilhoso. Achei que foi muito bem executado, se considerarmos que foi baseado em um conto bem simples e poderia ter sido transformado facilmente em um curta de no máximo meia hora. A história foi conduzida de uma maneira bem coerente e gostei de algumas construções, como por exemplo
a cena em que fica claro que a tensão sentida por Darcy ao descobrir que seu marido era um assassino é sentida apenas por ela; tudo continua normal, seguindo sua rotina normal, menos por ela. Outra coisa bem típica do King que eu gostei de ver foi a risada que ela prende no funeral do marido e todos interpretam como choro. Aparências mantidas até o seu fim
Enfim, um bom filme, mesmo que não seja o próximo indicado ao Oscar ou qualquer outro prêmio. Cumpriu muito bem o seu trabalho.
Não sei se foi só comigo, mas desde que eu suspeitei do que acontecia e que desencadeia a história principal (lá pelos 30min) eu senti um desespero muito grande tipo "não seja isso que estou pensando, por favor!" e eu fiquei simplesmente sem fôlego enquanto toda a ação se passava na minha frente, impotente ao imaginar que essa história não tem nada de surreal. O final é bem construído, amarra a história toda de uma maneira ímpar, como um ciclo que se encerra. Um bom filme, mas não sei se veria de novo.
O que torna esse filme tão bom é que ele é tão possível, tão real e ainda assim é tão delicado. Trata de temas tão pesados com uma poesia e um pesar tão grandes que te envolve de uma maneira única. Confesso que não imaginava que seria tão bom assisti-lo. Me destruiu de uma maneira tão mansa que quando chegou ao final, achei que poderia ter durado um pouco mais. Simplesmente perfeito!
Gostei muito do filme, principalmente porque me deixou pensando muito em vários aspectos representados ali. Poderia ter mais recursos, mas ao meu ver passou bem o seu recado.
Para mim a melhor atuação do filme foi a de Rhys Wakefield; confesso que não o conhecia, mas vou dar uma conferida no resto!
Acabei de ver e ainda estou sem fôlego! Gostei muito, apesar de ter achado o final muito vago, as vezes eu acho que isso simplesmente não funciona... O título em inglês cai como uma luva.
Todo mundo no filme é um pouco prisioneiro de certa forma. As meninas, as famílias, que ficam prisioneiras do medo de terem perdido suas filhas; o marido, preso na culpa de não encontrar a própria filha, manter um homem sob tortura e ao final, no buraco (será que algum dia vão encontrá-lo ali?); o detetive, preso na angustia de tudo que se passou sem ele poder fazer nada; alex, mantido preso numa vida que não era dele e ainda preso e torturado por um crime que não havia cometido; bob taylor, preso no "labirinto" da onde não conseguia sair e igualmente preso por um crime que não cometeu...
e você, preso na angustia de querer chegar até o final e saber o que se passa. Recomendadíssimo!
Acho que sintetizou bem o que são as relações de um modo geral: entrega, companheirismo, dedicação e em alguns casos, abnegação... o sofrimento e a frustração fazem parte. É inevitável. O filme ganha pontos por demonstrar isso tão bem. O filme é sincero, e ganha pela sinceridade apesar de não ser de fato um filme inovador.
Adorei a mãe da Barbara, escondendo o jogo atrás daquele humor ácido. É dela uma das melhores frases do filme:
As atuações as vezes deixam o filme um pouco apático. Há boas cenas e o questionamento é muito válido ainda hoje, mesmo sendo baseado num assassinato de 64
Mas toda a apatia some na cena da reconstrução do crime. Uma pessoa em minutos, transformou a atmosfera do filme, sem nem mostrar o rosto. Os gritos desesperados me fizeram pensar como isso pode ter acontecido, já que de fato foi baseado em uma história real.
Não consigo ainda entender como um filme desse pode ter tão poucos espectadores. Eu acho lindo a forma que a velhice é tratada e relativizada nessa filme
Marco consegue ser mais velho que Lucas e Maria juntos. Aliás, o casal de irmãos é simplesmente encantador. Aprender a envelhecer é uma arte, nem sempre bem praticada - no caso de ambos, acho que o fato de ficarem tão presos a amores passados foi o maior pecado, mas a falta de amargura na personalidade deles me faz relevar isso. Marco e Roma fazem um casal improvável, mas talvez seja por isso que cativam tanto - as investidas dela, o modo que ele se abre a um sentimento com o qual até entao não tinha muito contato: o amor
É um desses filmes delicados, que consegue usar imagens lindas para retratar assuntos nem sempre fáceis, como o envelhecimento e algumas das coisas tristes que acompanha essa fase. O modo que os personagens são tão humanos, tão palpáveis é só um charme a mais. Pra mim, um dos melhores do Brühl em língua espanhola
No fundo, a história é essa msm: não adianta dar chances pra quem não saber aproveitar as oportunidades que tem. Por mais que a pessoa tenha,se ela continuar não mudando, o ter não adianta nada, porque o ser realmente se torna implacável. Tantas oportunidades jogadas fora, pobre Ernestito. O problema realmente estava nele o tempo todo; e o tempo todo pensei naquela frase do Wilde: "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe"
Menção ainda ao Lennon processando Ernestito antes mesmo de compor a música - ri demais aqui!
Esse aceitar do corpo que perdemos com o tempo, o conformar com a idade sem ser amargo, ou enxergar o passar dos anos como uma decadência. A plenitude de ser o que é, em busca de uma causa, que nos foi tomada nessa sociedade louca que a gente vive hoje em dia. Delicado, engraçado e emocionante. Uma interessante e leve quebra de tabus.
Que lindo o momento em que ele percebe que não pode aprisionar quem ama e que angustiante vê-lo se livrando dela. O final me emocionou ainda mais. Espero que na segunda chance ele realmente a deixe livre para ser o que for.
Garotas
3.9 66 Assista AgoraAcho que este filme faz um paralelo interessante com Tomboy quando o assunto é questão de gênero (conterá também spoilers de tomboy):
Se em Tomboy temos uma menina que, de maneira inconsciente e quase instintiva se entrega a uma socialização masculina, em "Garotas" esta socialização com toques masculinos é totalmente intencional, de caso pensado desde o modo em que as gangues femininas são organizadas, na maneira em que elas se posicionam em uma relação de poder e rivalidade uma com as outras, na maneira em que expõem os corpos e vidas das rivais em nome de um suposto respeito e, principalmente, na escolha deliberada de Marieme em parecer um rapaz, com uso de binders e tudo, para evitar maiores consequências da misoginia ao ter a "ousadia" de ser uma "mulher feminina" em um homem governado por homens.
Nenhuma delas tem a intenção de tonar-se lida de fato como homens - algumas até contrabalançam os gestos mais masculinazados com uma aparência totalmente feminina- mas sabem que esta é a única maneira de se sentirem respeitadas, porque este é o meio em que cresceram, estão inseridas e, a contar pela falta de perspectiva de uma mudança de futuro, estariam inseridas por muito tempo.
O problema é que, como bem disse uma menina a certa altura do filme: "Não é porque banca o homem que não seja puta." Isso é uma das coisas mais sintomáticas do filme, onde escancara de que reproduzir o machismo não as isentou de nada. Talvez as aprisionou ainda mais.
Um filme bom para se pensar, enfim.
Samba
3.8 338A dobradinha Toledano-Nakache/Omar Sy funciona muito bem neste filme. Assim como em Intocáveis, os momentos dramáticos e os mais leves são costurados de forma quase imperceptível. É a vida se desenrolando, sendo ficção ou não; o personagem principal é incrivelmente palpável. A história é contada com fluidez, e você não sente as quase 2 horas de filme passando. Até mesmo as histórias paralelas que ajudam a contextualizar os personagens coadjuvantes funcionam perfeitamente, levando a um final tenso, mas emocionante.
Aliás, Omar Sy e Charlotte Gainsbourg (linda, linda! ótima atuação!) formam opostos que se complementam naturalmente, sem exageros. Vale muito a pena!
O Amor é Estranho
3.7 108 Assista AgoraEsse filme me fez pensar muito, principalmente em seu título.
Até o filme terminar, fiquei achando que aconteceria algo imperdoável entre o casal, daí o seu título. Mas o filme acabou e eu percebi que nunca foi a intenção do diretor debater casais homossexuais em si: ele os trata com naturalidade, daí a falta de debate ou polêmicas. Até mesmo enquanto o casal estava procurando uma casa nova, isso nunca nem sequer trouxe problemas, nem pelo ponto de vista burocrático. Casais homossexuais existem, são uma realidade e fim de papo.
Mas me vi pensando numa fala do Ben e fez todo sentido. Nós de fato temos mais facilidade de amar as pessoas quando não convivemos o tempo inteiro com elas. Isso ficou claro na relação deles com a Kate, que começa o filme falando sobre a genialidade do casal e termina dizendo que o marido só é tão bonzinho com o tio porque não precisa conviver o tempo todo com ele. O modo que George se vê igualmente incomodado na casa de pessoas que ele ama também deixa isso claro.
Ao mesmo tempo, é igualmente estranho nos dias de hoje duas pessoas que se amam, acima de qualquer traição ou deslize do outro, há tanto tempo, e ainda sentirem dificuldade de dormir quando não estão juntos. Diria até que isto é impensável. Acho que muita gente se perguntou a mesma coisa que eu: será que hoje em dia isso é possível? Será que se aplicará a mim, algum dia? De fato, causa estranheza.
O filme vai dissecando os diversos tipos de amor, as diversas fragilidades das relações humanas que podem, ou não, acabar por fortalecê-las. Eu achei ótimo!
E que linda a comparação que a Isabelle fez aqui nos comentários sobre a janela/estado de espírito do Joey. Fez todo sentido e é justamente este tipo de sutileza que nos prende ao filme.
Cássia Eller
4.5 307Lindo, transborda amor
Amor pela vida, pela música, por um modo de viver, pela ousadia, pelo filho, pela coragem de se reinventar drasticamente sempre que preciso, por tentar coisas novas, por insistir em hábitos antigos de uma vida simples e desacostumada com o sucesso, pela humildade, pelos amigos e - claro - o amor infinito que fãs e amigos ainda sentem por ela, sempre presente na vida de todos, seja com imagens do seu jeito irreverente ou com sua voz que continua sendo uma das mais poderosas da MPB.
Ver o documentário foi como reencontrar uma velha amiga que não via há anos: sabia que fazia falta, mas não que fazia tanta falta assim. Incrível!
Mesmo se Nada der Certo
4.0 1,9K Assista AgoraEsse filme me dividiu um pouco. Me explico:
Há coisas grandiosas nesse filme. Gostei muito do panorama geral da história, contada de forma não linear até o momento em que o filme se passa. Gostei das atuações, principalmente da Knightley e do Ruffalo que tem essa coisa de conseguir passar toda uma emoção com o olhar, com os gestos, com o sorriso. Acho os dois muito expressivos nesse sentido, e se complementam nessa história. Gostei do fato de não terminarem juntos, num clichê, e do filme tratar das diferentes reações entre casais, como um consegue perdoar e tentar recomeçar e outro não.
Gostei do fato de o maior romance dessa história ser o romance com a cidade, a redescoberta de sons, o fazer música por amor, pela inspiração, por conseguir ver e ouvir música onde ninguém mais consegue. Uma comédia romântica que valoriza a arte é algo difícil mas, ao meu ver, extremamente necessário. Este pra mim é o maior diferencial do filme, e onde ele me conquistou.
Mas, ao contrário da maioria, não me liguei tanto na trilha sonora. Pra mim ela começa a melhorar pra mais da metade do filme, e quando você se sente rendido, o filme acaba. É bom pelo gostinho de quero mais, mas não me contempla de todo. Além disso, apesar de a Knightley ter se saído muito bem, o filme poderia ter lançado uma iniciante, e aumentar ainda mais seu potencial.
Mas o filme não deixa de ser uma boa opção e não deixa de cumprir seu papel. É um desses filmes que você termina de ver com um sorriso no rosto. Lindo!
Força Para Viver
4.1 263 Assista AgoraO ponto forte desse filme é o máximo de imparcialidade possível.
Vários são os filmes que mostram as famílias desfeitas por causa de atiradores, ou tentam mostrar o que deu errado na criação dos mesmos, como se houvesse uma fórmula mágica e perfeita pra criar pessoas mas poucos fazem a pergunta mais óbvia possível: será que ele realmente tinha um motivo externo para ser assim? Josh era um garoto introvertido que não conseguiu lidar com e nem exteriorizar seus problemas, e tudo acabou virando uma bola de neve. Mas, como podemos ver, não foi culpa dos pais. Ninguém o agredia, ele era querido e tratava bem todos a sua volta.
Ao tentar não buscar um motivo em específico ou apontar culpados, o filme não só humaniza o assassino, como também humaniza seus pais, que sem nenhum indício do que pode ter acontecido, precisam seguir em frente com suas vidas. Como bem dito pelo Del, nunca sabemos nada, só sabemos do que ouvimos falar, e essa nunca é a história toda. Ao mostrar o lado que fica escondido atrás de manchetes sensacionalistas sobre a "família do monstro assassino", Rudderless levanta o véu pra nos mostrar o óbvio: todos nós sentimos a perda, por mais insignificante que ela possa parecer para os outros. Por menos merecido que ele possa parecer. Todo mundo (ou quase todo mundo) tem alguém que chore a sua morte, por mais absurdo que possa parecer.
O luto não é algo lógico. Pode levar meses, anos, ou simplesmente estar sempre por perto, sem data nem hora pra acabar. Cada um lida com a tristeza de uma maneira, e este filme mostra só mais uma, de uma maneira muito simples e bonita.
Ganha pontos também pela trilha sonora e pelo Yelchin, que está muito bem, como sempre.
Lições Em Família
3.5 118 Assista AgoraConfesso que o filme não me cativou de primeira. Depois de um tempo, ele me ganhou pela simplicidade que fala sobre temas que a gente evita.
A morte, inevitável e implacável, a dor causada por quem amamos, que sempre parece ser a mais difícil de perdoar, o medo da perda, o reencontro que só acontece quando o fim está próximo. A ligação com Deus, que muitos buscam mas poucos entendem, a fé de que a vida continua para se ter algo para continuar na terra, o modo que às vezes nos acomodamos e esquecemos que as definições de sucesso e felicidade não são sempre as mesmas para todos e, principalmente, o modo que confiamos de modo quase cego naqueles que chamamos de pai e mãe, por mais que sejam tão falhos como nós.
Um filme bonito. Não é o filme do ano, mas nos lembra do que é realmente importante na vida.
"Sei que você não acredita em Deus mas, por favor, tente acreditar na família"
Acima das Nuvens
3.6 400Achei o filme muito bom, porque toca em vários temas um tanto espinhosos de maneira tranquila.
A começar pelo conflito de gerações não só presente entre tipos de atrizes diferentes, como na própria Maria em si. O modo que seu olhar sobre o texto muda conforme o tempo passa, conforme os papéis são invertidos é muito bem explorado. Há também a relação entre Val x Maria que retrata de maneira bem característica a relação entre Sigrid X Helena, e o ótimo desfecho pra Val que prova o seu ponto ao fazer o que acredita que a personagem tenha feito. Tem também o conflito de geração entre atrizes famosas, o modo que a relação com a mídia mudou e se tornou avassaladora, a surpresa da antiga geração ao ver o modo que a nova acata seus conselhos, a sua experiência com tanta arrogância
Enfim, achei muito legal. A trilha sonora e algumas imagens da natureza complementam a beleza dos diálogos. Recomendo!
Se Eu Ficar
3.5 1,9K Assista AgoraÉ um bom filme, mas não sei porque, esperava mais.
O elenco em sua grande parte cumpre bem o seu papel, e a trilha sonora é muito boa (como não gostar de uma trilha sonora com Pumpkins? x])
Pra mim o maior destaque foram as cenas com Stacy Keach
Um ponto que me conquistou: a maior ligação dela ser com o avô, que pôde senti-la, e não com o namorado. Gostei muito disso!
Uma Noite de Crime: Anarquia
3.5 1,2K Assista AgoraA teoria finalmente posta em prática com todo o seu potencial.
Não digo que é a melhor que o primeiro porque são simplesmente muito diferentes para comparação. Esse não só é ao ar livre, como mostra o quanto esta noite é interessante para vários grupos de poder, pelos mais diversos motivos. Gostei tanto quanto do primeiro!
A Good Marriage
2.7 80 Assista AgoraO filme não é ruim, nem tampouco maravilhoso. Achei que foi muito bem executado, se considerarmos que foi baseado em um conto bem simples e poderia ter sido transformado facilmente em um curta de no máximo meia hora. A história foi conduzida de uma maneira bem coerente e gostei de algumas construções, como por exemplo
a cena em que fica claro que a tensão sentida por Darcy ao descobrir que seu marido era um assassino é sentida apenas por ela; tudo continua normal, seguindo sua rotina normal, menos por ela. Outra coisa bem típica do King que eu gostei de ver foi a risada que ela prende no funeral do marido e todos interpretam como choro. Aparências mantidas até o seu fim
Enfim, um bom filme, mesmo que não seja o próximo indicado ao Oscar ou qualquer outro prêmio. Cumpriu muito bem o seu trabalho.
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraNão sei se foi só comigo, mas desde que eu suspeitei do que acontecia e que desencadeia a história principal (lá pelos 30min) eu senti um desespero muito grande tipo "não seja isso que estou pensando, por favor!" e eu fiquei simplesmente sem fôlego enquanto toda a ação se passava na minha frente, impotente ao imaginar que essa história não tem nada de surreal. O final é bem construído, amarra a história toda de uma maneira ímpar, como um ciclo que se encerra. Um bom filme, mas não sei se veria de novo.
Alabama Monroe
4.3 1,4K Assista AgoraO que torna esse filme tão bom é que ele é tão possível, tão real e ainda assim é tão delicado. Trata de temas tão pesados com uma poesia e um pesar tão grandes que te envolve de uma maneira única. Confesso que não imaginava que seria tão bom assisti-lo. Me destruiu de uma maneira tão mansa que quando chegou ao final, achei que poderia ter durado um pouco mais. Simplesmente perfeito!
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraGostei muito do filme, principalmente porque me deixou pensando muito em vários aspectos representados ali. Poderia ter mais recursos, mas ao meu ver passou bem o seu recado.
Para mim a melhor atuação do filme foi a de Rhys Wakefield; confesso que não o conhecia, mas vou dar uma conferida no resto!
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraAcabei de ver e ainda estou sem fôlego! Gostei muito, apesar de ter achado o final muito vago, as vezes eu acho que isso simplesmente não funciona...
O título em inglês cai como uma luva.
Todo mundo no filme é um pouco prisioneiro de certa forma. As meninas, as famílias, que ficam prisioneiras do medo de terem perdido suas filhas; o marido, preso na culpa de não encontrar a própria filha, manter um homem sob tortura e ao final, no buraco (será que algum dia vão encontrá-lo ali?); o detetive, preso na angustia de tudo que se passou sem ele poder fazer nada; alex, mantido preso numa vida que não era dele e ainda preso e torturado por um crime que não havia cometido; bob taylor, preso no "labirinto" da onde não conseguia sair e igualmente preso por um crime que não cometeu...
e você, preso na angustia de querer chegar até o final e saber o que se passa.
Recomendadíssimo!
Um Evento Feliz
4.0 70Acho que sintetizou bem o que são as relações de um modo geral: entrega, companheirismo, dedicação e em alguns casos, abnegação... o sofrimento e a frustração fazem parte. É inevitável. O filme ganha pontos por demonstrar isso tão bem.
O filme é sincero, e ganha pela sinceridade apesar de não ser de fato um filme inovador.
Adorei a mãe da Barbara, escondendo o jogo atrás daquele humor ácido. É dela uma das melhores frases do filme:
"Eu amava tanto o seu pai, que a coisa mais bonita que eu poderia fazer com ele era ter filhos"
O final me agradou e conquistou pela sua simplicidade.
Recomendo!
38 Testemunhas
3.2 21As atuações as vezes deixam o filme um pouco apático.
Há boas cenas e o questionamento é muito válido ainda hoje, mesmo sendo baseado num assassinato de 64
Mas toda a apatia some na cena da reconstrução do crime. Uma pessoa em minutos, transformou a atmosfera do filme, sem nem mostrar o rosto. Os gritos desesperados me fizeram pensar como isso pode ter acontecido, já que de fato foi baseado em uma história real.
Um Pouco de Chocolate
3.7 15Não consigo ainda entender como um filme desse pode ter tão poucos espectadores.
Eu acho lindo a forma que a velhice é tratada e relativizada nessa filme
Marco consegue ser mais velho que Lucas e Maria juntos. Aliás, o casal de irmãos é simplesmente encantador. Aprender a envelhecer é uma arte, nem sempre bem praticada - no caso de ambos, acho que o fato de ficarem tão presos a amores passados foi o maior pecado, mas a falta de amargura na personalidade deles me faz relevar isso. Marco e Roma fazem um casal improvável, mas talvez seja por isso que cativam tanto - as investidas dela, o modo que ele se abre a um sentimento com o qual até entao não tinha muito contato: o amor
É um desses filmes delicados, que consegue usar imagens lindas para retratar assuntos nem sempre fáceis, como o envelhecimento e algumas das coisas tristes que acompanha essa fase. O modo que os personagens são tão humanos, tão palpáveis é só um charme a mais. Pra mim, um dos melhores do Brühl em língua espanhola
Querida Vou Comprar Cigarros e Já Volto
3.8 172 Assista AgoraGostei do título, que foi o que primeiro chamou a minha atenção, gostei da sinopse e finalmente gostei do desenvolvimento do filme
No fundo, a história é essa msm: não adianta dar chances pra quem não saber aproveitar as oportunidades que tem. Por mais que a pessoa tenha,se ela continuar não mudando, o ter não adianta nada, porque o ser realmente se torna implacável. Tantas oportunidades jogadas fora, pobre Ernestito. O problema realmente estava nele o tempo todo; e o tempo todo pensei naquela frase do Wilde: "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe"
Menção ainda ao Lennon processando Ernestito antes mesmo de compor a música - ri demais aqui!
Garotas do Calendário
3.6 121Esse aceitar do corpo que perdemos com o tempo, o conformar com a idade sem ser amargo, ou enxergar o passar dos anos como uma decadência. A plenitude de ser o que é, em busca de uma causa, que nos foi tomada nessa sociedade louca que a gente vive hoje em dia. Delicado, engraçado e emocionante. Uma interessante e leve quebra de tabus.
Diário de um Banana 2: Rodrick é o Cara
3.6 410 Assista AgoraQue filme bonitinho! Me lembra os filmes que eu costumava ver na Sessão da Tarde, leve e despretensioso. Bom saber que ainda fazem filmes assim!
Casanova
3.5 286 Assista AgoraA prova de que Ledger podia fazer o que quisesse sem perder a qualidade. Divertido sem precisar ser vulgar. Ótima pedida!
E Se Vivêssemos Todos Juntos?
4.0 175Que lindo! Se eu chegar nessa idade e tiver pelo menos um amigo como um desses 5, vou me sentir sortuda...
Ruby Sparks - A Namorada Perfeita
3.8 1,4KÉ lindo! A ficção que explica a ficção, realmente bem legal, apesar desta ideia não ser nova.
Que lindo o momento em que ele percebe que não pode aprisionar quem ama e que angustiante vê-lo se livrando dela. O final me emocionou ainda mais. Espero que na segunda chance ele realmente a deixe livre para ser o que for.