Comecei a assistir preparada para desgostar, mas, acabei gostante bastante.
As vezes parte-se de um clichê, no caso "viva com seus erros", e inova-se no desenvolvimento e na linguagem. Para mim, dentro de suas limitações, esse filme o faz sem ser pretensioso. O suspense funciona mesmo quando já está claro o que é, a metalinguagem é bem interessante, a trama é redondinha e eu realmente gostei da cena final
what do you want? seguido daquela cena delicada do Rory pedindo perdão à Dora, da expressão quando ela fecha os olhos de quem vai perdoar. É isso o que ele quer, e que ele não vai ter, redenção.
.
Além do que atores que já nos são empaticos funciona muito bem.
Podia ser simplesmente a estória de quatro mulheres ligadas por coincidências e um segundo de impacto, mas o roteiro abre um leque de discussões a partir do momento de decisão de cada uma dela para alcançar um amanhã mais doce, suave...estes são os planos. O turvo de cada uma delas está também na fotografia que opta por grandes aberturas, deixando nítido apenas alguns fragmentos, além da cor azul-acintenzada crua que percorre toda a narrativa.
Gostei bastante, e a trilha sonora é uma delicia contrasta o peso com a doçura de Monica e Raul.
Com certeza eu preferia um filme no qual os protagonistas fossem locais, para tratar da perda da identificação que, com certeza, devem ter sentido com suas cidades, seu país.
- já que escolher retratar a história de uma familia com 05 pessoas, na qual as 05 sobreviveram, sendo que 220.000 pessoas morreram é no mínimo estranho, na falta de um adjetivo melhor. -
é difícil resistir à Bayona, a qualidade técnica do filme é altíssima, os efeitos na primeira parte foram muito realistas, a fotografia é muito bonita, a câmera repleta de panorâmicas, travelings, planos abertos contrapondo-se a closes intensos, além da empatica causada por Naomi Watts e Ewan Mc. Gregor.
O final deixa em aberto a problemática: será que é possível alguma destas dentro do sistema existente? basta ver a repressão com Zizo, que segunda consta os atores Irandhir Santos e Nanda Costa também sofreram, não no mesmo grau mas...
Para mim esse foi o primeiro filme do Cláudio Assis banhado em um refinamento, o estético. A fotografia é belissima, assim como a linguagem da câmera e do roteiro: elipses, o espectador sendo colocado como sujeito ativo, travelings...
Minha análise do filme parte à priori de algo MUITO particular. Comecei a assisti-lo no final de dezembro, mas meu vô estava doente e parei. Em janeiro ele descansou e aí que não tive coragem mesmo. Bom, agora resolvi passar dos primeiros planos e ir em frente. Li em muitos lugares que este era um filme sobre o amor sendo colocado em prova. Não concordo, para mim é uma cerimônia do adeus, o que é talvez mais difícil que a própria morte. Afinal, todos ficam impotentes na única espera possível.
Dentro disso, primeiro achei muito tensa e horrível a cena em que a Eva vai ver a mãe e esta já está na cama com a fala totalmente falha e confusa, Eva fala sobre seus problemas com imóvel e só quando a mãe tenta lhe dizer que tem uma casa da avó é que ela toca nela, tentando entender, achei oportunista, mas então, o peso da cena cai e ela se dá realmente conta do que tá acontecendo. Foi aí que eu percebi, os filhos se afastam para realizar seus sonhos, e não há nada de errado nisso, entretanto, esquecem que os pais são mortais, ou seja, vivem sabendo que os pais estão lá no canto deles e isso basta, até que algo extremo acontece os desperta. Desta mesma forma é difícl para o(a) companheiro(a) de anos aceitar que aquela pessoa está dependente, cansada, tendo reações que às vezes não são racionais, como a cena em que ocorre o tapa, Georges perde a paciência porque é extremo, porque parece teimosia de Anne. E apesar de minha vó não ter chegado a esse ponto, ela também perdeu a paciência muitas vezes.
A direção de Haneke sempre me agrada muito, crua sem ser rude, closes intimistas que contrapõem-se, por exemplo, ao plano aberto do recital como se aquele fosse o último momento de uma vida que não será mais, a lentidão detalhista de cada situação para fazer-nos sentir o mesmo peso, as alegorias como o passeio por cada cômodo vazio
Asghar Farhadi fazer um cinema iraniano mostrando uma faceta aparentemente menos tradicionalista e que não passou imune aos elementos ocidentais, principalmente dos EUA e da Europa, talvez seja o primeiro ponto que chama a atenção tanto aqui como em "A Separação". Eu não vejo nenhum problema nisso, muito pelo contrário é preciso mostrar que existem os dois lados, que eles não são um povo de uma história só, porque pior do que a influência ocidental na classe média oriental, são os estereótipos que se tem deste lado. É importante dizer também que apesar dos elementos dito "modernos", quando a estabilidade foge do controle raízes como a honra e o machismo se mostram, surpreendende este último por ser mais vívido naquele que havia se mostrado o mais calmo. Acho também que mostrar essa dualidade em uma cultura é político o suficiente; tomando agora a discussão da honra como exemplo, pois, ali foi colocado à mesa não só o que concerne à Elly, mas até que ponto vai a sua crença? o que pesa mais?
Enquanto direção o que mais me apaixonou foi como a tensão foi criada, primeiro nos tornamos amigos também do grupo, é intimista, para depois começarmos a ficar inquietos até chegar ao ápice caótico e repousar na melancolia. A fotografia ajuda e muito, por ser crua, delicada, detalhista, por entrar junto na água. E as atuações, perfeitas.
Um filme que se sustenta pela empatia que já temos pelos atores, principalmente o trio Cooper, Lawrence e De Niro. Em alguns raros momentos tratou com mais seriedade a bipolaridade, o toc e a depressão, infelizmente, caiu muito fácil no clichê.
Nada mais inteligente que escolher a realização do filme mais reconhecido do diretor para ambientar essa homenagem, assim, sem querer abranger a vida toda, o que inevitavelmente deixaria lacunas, o roteiro é acerta em ser exato. O essencial estava presente: em que posição estava o diretor, o homem, e o marido, assim como sua famosa obsessão.
Assisti hoje e ainda estou absorvendo. A primeira impressão foi o riquíssimo material para debate: relações de classe, de raça, peso histórico de antigas oligarquias que se perpetuaram, noção de alteridade...enfim. O som realmente é mto bom e claro que no cinema isso se torna muito muito mais claro, assim como a fotografia. O que não me conquistou foi o ritmo, nem por uma questão de lentidão, mas, porque achei um pouco truncado, talvez seja uma questão subjetiva de mera identificação, que também não se dá pelos fragmentos regionalistas como a lenda do menino aranha que eu desconhecia.
Essa homenagem ao Woody Allen começa bem engraçadinha, com sacadas ácidas - mesmo tendo elementos romanticos - uma idéia ótima com os filmes do Allen que fará qualquer desconhecido do diretor ter, no mínimo, vontade de assistir algum. Mas, depois da metade o filme perde o ritmo e o roteiro vai enfraquecendo, enfraquecendo...até cair no clichê.
Eu esperei tanto por esse filme que agora que assisti não sei direito o que pensar.
Bom, utilizar elementos de suspense como alegoria para tratar exatamente o tema do título "trabalhar cansa" foi uma escolha arriscada, que se mal executada cairia em um nada, mas que para mim funcionou aqui perfeitamente.
A palestra motivacional na sequência final é como se viesse explicar as atitudes do casal protagonista. Pois, se na selva responde-se ao meio com os seus instintos, Helena que no início é doce e mal sabe entrevistar alguém, aos poucos começa a responder a estranheza dos fatos com atitudes rudes e aos poucos vai se tornando autoritária. Otávio, por sua vez, ao se ver numa posição menor, recua sem saber como agir. O corpo - totalmente kafkaniano, que é inspiração direta dos diretores, como pode ser visto no curta "Um Ramo" - do antigo locatário encontrado como um predador pré-histórico e depois queimado, serviu para restabelecer uma ordem, e o próprio caráter de Helena. Mas, como não há saídas fáceis o desespero final de Otávio mostra que assim como trabalhar cansa o mercado de trabalho cansa do indivíduo.
Provavelmente tenham outros símbolos que só depois vou acabar pensando, achei genial.
A incompreensão com este tema ainda hoje é absurda, é um filme que se faz urgente pois não enfeita é exato. Susanne Wolff interpreta com tamanha verdade que a vontade é tomar-lhe às mãos e ajudá-la.
as personagens secundárias como o sogro que a odiava ou a cunhada que já estava tomando o bebê como seu, foram pouco trabalhados e pra mim, foram desnecessarios, talvez fosse interessante em outro tipo de abordagem expandir essa problematica com a cunhada. mas aqui não.
Um roteiro muito interessante, normalmente esse tipo de tema é tratado de forma bem densa ( que me agrada muito, como I saw the devil) e este foi por um caminho que mescla o peso com cenas divertidas sem ser incoerente em momento algum, o que também me conquistou. A fotografia é muito bonita, gostei da escolha dos planos abertos mostrando o ambiente e o indivíduo diminuto inserido nele, talvez para mostrar certa impotência diante do caso.
Eu achei bonitinho, mas nada demais. A Keira não me convenceu muito, mas por outro lado, é impossível não sentir empatia pelo Steve Carell, que se sai muito bem em dramédias. Gostei do final!!
Este mumblecore me conquistou, mostra a quebra do sonho americano, um sonho doce cada vez mais distante de uma juventude que precisa se virar sozinha para conseguir sobreviver; uma sobrevivência quase sempre amarga. Nesta caminhada quem já adotou um animal com parte da familia, sabe que o amor que se troca é de profundo alento.
Meryl Strep e Tommy Lee, fofinhos, fofinhos e mais fofinhos! Concordo com a Lene abaixo, também achei um filme sincero, principalmente em mostrar que a terapia é um processo e não mágica.
O filme mais doce que já assisti sobre gravidez. Sim, doce, apesar de mostrar que a gravidez não é somente uma felicidade plena de comercial de margarina, o modo como Rémi Benzaçon escolheu lidar com os momentos de sofrimento é todo envolto de um profundo amor dessas personagens.
adorei a cena do sonho que representa, como o amigo disse mais para baixo, o nascimento e como Bab se afunda sozinha, à princípio, num intenso relacionamento com a filha.Assim como a representação da neve para uma mudança de fase : neva quando eles se conhecem, quando Léa nasce, quando ela conta que está gravida novamente. Perdeu uma estrela pelo modo conservador retrógrado que tratou a parte intelectual dessa mãe. Acho muito bem que ela daria conta da maternidade e da parte acadêmica, tirar isso dela para colocá-la como uma escritora de romance me pareceu bem oposto aos pensamentos da protagonista. Não acho que colocar isso como uma mudança consequente da gravidez seja positivo. Mas enfim...
Fotografia linda e delicada, referêcias ótimas de filme e trilha sonora perfeita.
The blood is love - Queens of the Stone Age Consoler of the lonely - The Racounteurs Horse Tears - Goldfrapp Caipirina - Mike Patton ft. Bebel Gilberto Lonely - Yael Naim e David Donatien Something to believe - Isobel Campbell e Mark Lanegan
O único filme que faltava assistir da Isabel Coixet, por um acaso, o seu primeiro. Coixet começou sua carreira muito mais otimista do que é hoje em dia, apesar da melancolia de todos os seus filmes estar presente aqui do mesmo modo. A diferença está na leveza deste.
Adoro a fotografia, adoro os fluxos de consciência, adoro o quanto somos humanos e imperfeitos.
E mais: Lili Taylor, Andrew McCarthy e anos 90, como não amar?rs
A proposta mumblecore é eficiente dentro do que o gênero propõe, pensar o vazio dessa nova geração adolescente, entretanto, não me cativou nenhum pouco.
Uma exceção para Zoe Kazan que encantou em Ruby Sparks, e que aqui é também Ruby, mas melancólica...
O Al me irritou um bocado, não sei porque exatamente, e não achei nada convincente essa possibilidade de romance.
Esse filme me causou um sentimento dúbio, gostei muito de alguns momentos e outros simplesmente não me conquistaram. Mostrar a consequência da morte de alguém próximo, como as pessoas lidam com o luto e como alguém externo consegue afetar essas pessoas, já é algo clichê. Como a maioria dos temas a singularidade fica por conta da linguagem escolhida. Eu não sei sinceramente, então, o que achei do Hesher, estou pensando ainda, o que sei é que Joseph Gordon foi impecável, me convenceu.
O que realmente me conquistou foram as partes com a vovó, que é muito amor, e a sequência final.
Gosto muito da Natalie Portman, mas sinceramente não achei nada demais esse papel.
Eu acho esse tema beem delicado, pois qualquer opinião caminha em uma linha muito tênue de palavras como : moralismo, censura, reacionários e racistas, homofóbicos, ignorantes, por aí segue uma longa lista de adjetivos dos dois lados.
Obviamente este é um documentário com uma opinião muito clara do diretor, não é a toa que ele escolheu caras como Laerte, Antonio Prata, Jeam Willis, Lola Aronovich para dar depoimentos, pois, estes indivíduos possuem uma carga intelectual e acadêmica que sustenta uma argumentação muito mais forte do que da panelinha do Rafinha Bastos e Danilo Gentili ( que aliás, tava pagando de quê nesse doc!?) Acho importantíssimo alguns pontos, como o caso do Rafinha Bastos e a infâme piada do estupro; é preciso ter em mente que ele fez essa piada escrota ao mesmo tempo em que, todo final de semana, exatamente a mesma piada era, e acredito que ainda seja, feita no quadro do zorra total da Valéria e Janete, quando aquela diz para esta aproveitar quando o homem tá encoxando ela. O "humor" alí é legitimado pela Globo, se fosse o mesmo quadro em outro canal, provavelmente na época tivesse também repercutido algo.
Tão ruim quanto os humoristas que fazem o tipo de piada degradante, é o público que ri, pois fazem parte de um círculo onde um puxa o outro na alienação, um legitima o outro, por isso tantos depoimentos dizendo: "Enquanto houver gente rindo estarei fazendo a piada" e coisas do tipo. Como se isso o desobrigasse de sua função social.
Quanto ao humor pelo humor, concordo com Antonio Prata, quando ele cita um exemplo do Woody Allen, e diz que a diferença é você se juntar ao outro e rir da desgraça da vida e outra é você fazer piadas que riam do outro porque este se ferrou. E ainda utilizando Prata, gosto da frase que ele diz sobre esse último tipo de humor "Isso não é ser transgressor, é dizer, o mundo é desigual e eu to rindo disso".
Vindo na onda de "Brilho eterno..." , Peter e Vandy é a história desconstruída no tempo deste casal, achei meio forçado no começo, mas ao longo do filme acabei gostando, é bonitinho, mas nada de novo.
Fora o fato das duas personagens de Williams estarem em um filme mais lado b, e serem mulheres com carga de cansaço em seus casamentos, não acho que seja a mesma coisa. "Blue valentine" é um filme que se mostra muito mais duro, o casamento veio com peso, magoas de uma vida que não se pôde ter; e Cindy beirava o cruel. "Take this waltz" trata de algo que tem seu peso, mas de uma forma leve e doce; Margo acompanha o mesmo ritmo, mesmo porque não há magoa, há um cotidiano difícil de ser quebrado.
Não achei tão clichê e isso é merito da direação e roteiro de Polley,
As Palavras
3.6 665Comecei a assistir preparada para desgostar, mas, acabei gostante bastante.
As vezes parte-se de um clichê, no caso "viva com seus erros", e inova-se no desenvolvimento e na linguagem. Para mim, dentro de suas limitações, esse filme o faz sem ser pretensioso. O suspense funciona mesmo quando já está claro o que é, a metalinguagem é bem interessante, a trama é redondinha e eu realmente gostei da cena final
what do you want? seguido daquela cena delicada do Rory pedindo perdão à Dora, da expressão quando ela fecha os olhos de quem vai perdoar. É isso o que ele quer, e que ele não vai ter, redenção.
Além do que atores que já nos são empaticos funciona muito bem.
Planes Para Mañana
3.3 8Podia ser simplesmente a estória de quatro mulheres ligadas por coincidências e um segundo de impacto, mas o roteiro abre um leque de discussões a partir do momento de decisão de cada uma dela para alcançar um amanhã mais doce, suave...estes são os planos.
O turvo de cada uma delas está também na fotografia que opta por grandes aberturas, deixando nítido apenas alguns fragmentos, além da cor azul-acintenzada crua que percorre toda a narrativa.
Gostei bastante, e a trilha sonora é uma delicia contrasta o peso com a doçura de Monica e Raul.
O Impossível
4.1 3,1K Assista AgoraCom certeza eu preferia um filme no qual os protagonistas fossem locais, para tratar da perda da identificação que, com certeza, devem ter sentido com suas cidades, seu país.
Ainda mais porque a maioria nem se quisesse teria como simplesmente fugir para um lugar com mais "privilégios" como Inglaterra, Eua...
Isso posto, apesar do roteiro ser piegas e "ocidentalizado"
- já que escolher retratar a história de uma familia com 05 pessoas, na qual as 05 sobreviveram, sendo que 220.000 pessoas morreram é no mínimo estranho, na falta de um adjetivo melhor. -
Febre do Rato
4.0 657Acima de tudo um filme quase manifesto sobre as liberdades; do corpo, das relações, da palavra, da política.
O final deixa em aberto a problemática: será que é possível alguma destas dentro do sistema existente? basta ver a repressão com Zizo, que segunda consta os atores Irandhir Santos e Nanda Costa também sofreram, não no mesmo grau mas...
Para mim esse foi o primeiro filme do Cláudio Assis banhado em um refinamento, o estético. A fotografia é belissima, assim como a linguagem da câmera e do roteiro: elipses, o espectador sendo colocado como sujeito ativo, travelings...
E claro que Irandhir Santos se destaca demais.
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraComo acabei de ver ainda estou meio tonta.
Minha análise do filme parte à priori de algo MUITO particular.
Comecei a assisti-lo no final de dezembro, mas meu vô estava doente e parei. Em janeiro ele descansou e aí que não tive coragem mesmo. Bom, agora resolvi passar dos primeiros planos e ir em frente.
Li em muitos lugares que este era um filme sobre o amor sendo colocado em prova. Não concordo, para mim é uma cerimônia do adeus, o que é talvez mais difícil que a própria morte. Afinal, todos ficam impotentes na única espera possível.
Dentro disso, primeiro achei muito tensa e horrível a cena em que a Eva vai ver a mãe e esta já está na cama com a fala totalmente falha e confusa, Eva fala sobre seus problemas com imóvel e só quando a mãe tenta lhe dizer que tem uma casa da avó é que ela toca nela, tentando entender, achei oportunista, mas então, o peso da cena cai e ela se dá realmente conta do que tá acontecendo. Foi aí que eu percebi, os filhos se afastam para realizar seus sonhos, e não há nada de errado nisso, entretanto, esquecem que os pais são mortais, ou seja, vivem sabendo que os pais estão lá no canto deles e isso basta, até que algo extremo acontece os desperta. Desta mesma forma é difícl para o(a) companheiro(a) de anos aceitar que aquela pessoa está dependente, cansada, tendo reações que às vezes não são racionais, como a cena em que ocorre o tapa, Georges perde a paciência porque é extremo, porque parece teimosia de Anne. E apesar de minha vó não ter chegado a esse ponto, ela também perdeu a paciência muitas vezes.
A direção de Haneke sempre me agrada muito, crua sem ser rude, closes intimistas que contrapõem-se, por exemplo, ao plano aberto do recital como se aquele fosse o último momento de uma vida que não será mais, a lentidão detalhista de cada situação para fazer-nos sentir o mesmo peso, as alegorias como o passeio por cada cômodo vazio
antes de acontecer algo; quando invadem a casa, quando ela faz a operação...
Enfim, são muitas coisas, ainda estou com tudo muito fresco.
Doeu, mas amei.
À Procura de Elly
4.0 147Asghar Farhadi fazer um cinema iraniano mostrando uma faceta aparentemente menos tradicionalista e que não passou imune aos elementos ocidentais, principalmente dos EUA e da Europa, talvez seja o primeiro ponto que chama a atenção tanto aqui como em "A Separação". Eu não vejo nenhum problema nisso, muito pelo contrário é preciso mostrar que existem os dois lados, que eles não são um povo de uma história só, porque pior do que a influência ocidental na classe média oriental, são os estereótipos que se tem deste lado. É importante dizer também que apesar dos elementos dito "modernos", quando a estabilidade foge do controle raízes como a honra e o machismo se mostram, surpreendende este último por ser mais vívido naquele que havia se mostrado o mais calmo.
Acho também que mostrar essa dualidade em uma cultura é político o suficiente; tomando agora a discussão da honra como exemplo, pois, ali foi colocado à mesa não só o que concerne à Elly, mas até que ponto vai a sua crença? o que pesa mais?
Enquanto direção o que mais me apaixonou foi como a tensão foi criada, primeiro nos tornamos amigos também do grupo, é intimista, para depois começarmos a ficar inquietos até chegar ao ápice caótico e repousar na melancolia. A fotografia ajuda e muito, por ser crua, delicada, detalhista, por entrar junto na água. E as atuações, perfeitas.
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista AgoraUm filme que se sustenta pela empatia que já temos pelos atores, principalmente o trio Cooper, Lawrence e De Niro.
Em alguns raros momentos tratou com mais seriedade a bipolaridade, o toc e a depressão, infelizmente, caiu muito fácil no clichê.
o amor como cura! NÃO!!!
Assistindo sem pretensões é legal, boa trilha!
Hitchcock
3.7 1,1K Assista AgoraNada mais inteligente que escolher a realização do filme mais reconhecido do diretor para ambientar essa homenagem, assim, sem querer abranger a vida toda, o que inevitavelmente deixaria lacunas, o roteiro é acerta em ser exato. O essencial estava presente: em que posição estava o diretor, o homem, e o marido, assim como sua famosa obsessão.
adorei a linguagem envolvendo o assassino Ed com Hitch.
Obviamente, Anthony Hopkins, Helen Mirren e Scarlett Johansson estão impecáveis!!!
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraAssisti hoje e ainda estou absorvendo.
A primeira impressão foi o riquíssimo material para debate: relações de classe, de raça, peso histórico de antigas oligarquias que se perpetuaram, noção de alteridade...enfim. O som realmente é mto bom e claro que no cinema isso se torna muito muito mais claro, assim como a fotografia.
O que não me conquistou foi o ritmo, nem por uma questão de lentidão, mas, porque achei um pouco truncado, talvez seja uma questão subjetiva de mera identificação, que também não se dá pelos fragmentos regionalistas como a lenda do menino aranha que eu desconhecia.
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraEngraçadinho, docinho, mas não achei nada demais.
De qualquer modo a fotografia é bonita, os efeitos são bons, gostei do final e da trilha.
Paris-Manhattan
3.4 391 Assista AgoraEssa homenagem ao Woody Allen começa bem engraçadinha, com sacadas ácidas - mesmo tendo elementos romanticos - uma idéia ótima com os filmes do Allen que fará qualquer desconhecido do diretor ter, no mínimo, vontade de assistir algum. Mas, depois da metade o filme perde o ritmo e o roteiro vai enfraquecendo, enfraquecendo...até cair no clichê.
Mas tudo bem, vale pelo entretenimento.
Trabalhar Cansa
3.6 208Eu esperei tanto por esse filme que agora que assisti não sei direito o que pensar.
Bom, utilizar elementos de suspense como alegoria para tratar exatamente o tema do título "trabalhar cansa" foi uma escolha arriscada, que se mal executada cairia em um nada, mas que para mim funcionou aqui perfeitamente.
A palestra motivacional na sequência final é como se viesse explicar as atitudes do casal protagonista. Pois, se na selva responde-se ao meio com os seus instintos, Helena que no início é doce e mal sabe entrevistar alguém, aos poucos começa a responder a estranheza dos fatos com atitudes rudes e aos poucos vai se tornando autoritária. Otávio, por sua vez, ao se ver numa posição menor, recua sem saber como agir.
O corpo - totalmente kafkaniano, que é inspiração direta dos diretores, como pode ser visto no curta "Um Ramo" - do antigo locatário encontrado como um predador pré-histórico e depois queimado, serviu para restabelecer uma ordem, e o próprio caráter de Helena. Mas, como não há saídas fáceis o desespero final de Otávio mostra que assim como trabalhar cansa o mercado de trabalho cansa do indivíduo.
Provavelmente tenham outros símbolos que só depois vou acabar pensando, achei genial.
O Estranho em Mim
3.6 61A incompreensão com este tema ainda hoje é absurda, é um filme que se faz urgente pois não enfeita é exato.
Susanne Wolff interpreta com tamanha verdade que a vontade é tomar-lhe às mãos e ajudá-la.
as personagens secundárias como o sogro que a odiava ou a cunhada que já estava tomando o bebê como seu, foram pouco trabalhados e pra mim, foram desnecessarios, talvez fosse interessante em outro tipo de abordagem expandir essa problematica com a cunhada. mas aqui não.
Enfim, lindo filme..
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista AgoraUm roteiro muito interessante, normalmente esse tipo de tema é tratado de forma bem densa ( que me agrada muito, como I saw the devil) e este foi por um caminho que mescla o peso com cenas divertidas sem ser incoerente em momento algum, o que também me conquistou.
A fotografia é muito bonita, gostei da escolha dos planos abertos mostrando o ambiente e o indivíduo diminuto inserido nele, talvez para mostrar certa impotência diante do caso.
Acho que dizer que ele é semelhante ao zodiaco é MUITO spoiler,rs.
Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo
3.5 1,8K Assista AgoraEu achei bonitinho, mas nada demais. A Keira não me convenceu muito, mas por outro lado, é impossível não sentir empatia pelo Steve Carell, que se sai muito bem em dramédias.
Gostei do final!!
Wendy e Lucy
3.6 72Este mumblecore me conquistou, mostra a quebra do sonho americano, um sonho doce cada vez mais distante de uma juventude que precisa se virar sozinha para conseguir sobreviver; uma sobrevivência quase sempre amarga. Nesta caminhada quem já adotou um animal com parte da familia, sabe que o amor que se troca é de profundo alento.
E este mesmo amor faz com que Wendy deixe Lucy, porque o alento alí, é vê-la bem.
Michelle Williams fazendo ótimas escolhas!
Um Divã Para Dois
3.5 754 Assista AgoraMeryl Strep e Tommy Lee, fofinhos, fofinhos e mais fofinhos!
Concordo com a Lene abaixo, também achei um filme sincero, principalmente em mostrar que a terapia é um processo e não mágica.
Um Evento Feliz
4.0 70O filme mais doce que já assisti sobre gravidez. Sim, doce, apesar de mostrar que a gravidez não é somente uma felicidade plena de comercial de margarina, o modo como Rémi Benzaçon escolheu lidar com os momentos de sofrimento é todo envolto de um profundo amor dessas personagens.
adorei a cena do sonho que representa, como o amigo disse mais para baixo, o nascimento e como Bab se afunda sozinha, à princípio, num intenso relacionamento com a filha.Assim como a representação da neve para uma mudança de fase : neva quando eles se conhecem, quando Léa nasce, quando ela conta que está gravida novamente.
Perdeu uma estrela pelo modo conservador retrógrado que tratou a parte intelectual dessa mãe. Acho muito bem que ela daria conta da maternidade e da parte acadêmica, tirar isso dela para colocá-la como uma escritora de romance me pareceu bem oposto aos pensamentos da protagonista. Não acho que colocar isso como uma mudança consequente da gravidez seja positivo. Mas enfim...
Fotografia linda e delicada, referêcias ótimas de filme e trilha sonora perfeita.
The blood is love - Queens of the Stone Age
Consoler of the lonely - The Racounteurs
Horse Tears - Goldfrapp
Caipirina - Mike Patton ft. Bebel Gilberto
Lonely - Yael Naim e David Donatien
Something to believe - Isobel Campbell e Mark Lanegan
Coisas Que Nunca Te Disse
3.6 36O único filme que faltava assistir da Isabel Coixet, por um acaso, o seu primeiro. Coixet começou sua carreira muito mais otimista do que é hoje em dia, apesar da melancolia de todos os seus filmes estar presente aqui do mesmo modo. A diferença está na leveza deste.
Adoro a fotografia, adoro os fluxos de consciência, adoro o quanto somos humanos e imperfeitos.
E mais: Lili Taylor, Andrew McCarthy e anos 90, como não amar?rs
The Exploding Girl
3.1 20 Assista AgoraA proposta mumblecore é eficiente dentro do que o gênero propõe, pensar o vazio dessa nova geração adolescente, entretanto, não me cativou nenhum pouco.
Uma exceção para Zoe Kazan que encantou em Ruby Sparks, e que aqui é também Ruby, mas melancólica...
O Al me irritou um bocado, não sei porque exatamente, e não achei nada convincente essa possibilidade de romance.
Juventude em Fúria
3.8 855 Assista AgoraEsse filme me causou um sentimento dúbio, gostei muito de alguns momentos e outros simplesmente não me conquistaram.
Mostrar a consequência da morte de alguém próximo, como as pessoas lidam com o luto e como alguém externo consegue afetar essas pessoas, já é algo clichê. Como a maioria dos temas a singularidade fica por conta da linguagem escolhida. Eu não sei sinceramente, então, o que achei do Hesher, estou pensando ainda, o que sei é que Joseph Gordon foi impecável, me convenceu.
O que realmente me conquistou foram as partes com a vovó, que é muito amor, e a sequência final.
Gosto muito da Natalie Portman, mas sinceramente não achei nada demais esse papel.
O Riso dos Outros
4.2 152Eu acho esse tema beem delicado, pois qualquer opinião caminha em uma linha muito tênue de palavras como : moralismo, censura, reacionários e racistas, homofóbicos, ignorantes, por aí segue uma longa lista de adjetivos dos dois lados.
Obviamente este é um documentário com uma opinião muito clara do diretor, não é a toa que ele escolheu caras como Laerte, Antonio Prata, Jeam Willis, Lola Aronovich para dar depoimentos, pois, estes indivíduos possuem uma carga intelectual e acadêmica que sustenta uma argumentação muito mais forte do que da panelinha do Rafinha Bastos e Danilo Gentili ( que aliás, tava pagando de quê nesse doc!?)
Acho importantíssimo alguns pontos, como o caso do Rafinha Bastos e a infâme piada do estupro; é preciso ter em mente que ele fez essa piada escrota ao mesmo tempo em que, todo final de semana, exatamente a mesma piada era, e acredito que ainda seja, feita no quadro do zorra total da Valéria e Janete, quando aquela diz para esta aproveitar quando o homem tá encoxando ela. O "humor" alí é legitimado pela Globo, se fosse o mesmo quadro em outro canal, provavelmente na época tivesse também repercutido algo.
Tão ruim quanto os humoristas que fazem o tipo de piada degradante, é o público que ri, pois fazem parte de um círculo onde um puxa o outro na alienação, um legitima o outro, por isso tantos depoimentos dizendo: "Enquanto houver gente rindo estarei fazendo a piada" e coisas do tipo. Como se isso o desobrigasse de sua função social.
Quanto ao humor pelo humor, concordo com Antonio Prata, quando ele cita um exemplo do Woody Allen, e diz que a diferença é você se juntar ao outro e rir da desgraça da vida e outra é você fazer piadas que riam do outro porque este se ferrou. E ainda utilizando Prata, gosto da frase que ele diz sobre esse último tipo de humor "Isso não é ser transgressor, é dizer, o mundo é desigual e eu to rindo disso".
Peter e Vandy
3.2 82Vindo na onda de "Brilho eterno..." , Peter e Vandy é a história desconstruída no tempo deste casal, achei meio forçado no começo, mas ao longo do filme acabei gostando, é bonitinho, mas nada de novo.
Entre o Amor e a Paixão
3.6 427Fora o fato das duas personagens de Williams estarem em um filme mais lado b, e serem mulheres com carga de cansaço em seus casamentos, não acho que seja a mesma coisa. "Blue valentine" é um filme que se mostra muito mais duro, o casamento veio com peso, magoas de uma vida que não se pôde ter; e Cindy beirava o cruel. "Take this waltz" trata de algo que tem seu peso, mas de uma forma leve e doce; Margo acompanha o mesmo ritmo, mesmo porque não há magoa, há um cotidiano difícil de ser quebrado.
Não achei tão clichê e isso é merito da direação e roteiro de Polley,
gostei como ela colocou no tempo da valsa de Cohen toda a trajetoria, da excitação e novidade, até chegar ao mesmo ponto em que ela estava com o Loui.
a trilha é ótima e não achei nada deslocado.