Eu fico imaginando como é um encontro dos roteiristas de Transformers. Provavelmente todos eles devem ficar bêbados de tanto refrigerante, devem se encher de bolacha recheada e, claro, devem brincar muito com seus bonequinhos de robôs. Tudo isso em um parquinho, o líder provavelmente fica no topo do escorregador perguntando as próximas ideias. "E o robô mata o outro assim ó com uma espada", "espere espere tem que ter dinossauro!", "ei, por que a gente não faz ele voar também?" e também um "aí aparece um monte de policial depois aparece um transformer malvado que quer matar os autobots aí eles brigam aí aparece o robô do cientista louco que na verdade é o megatron que é mal aí eles brigam aí aparece o robô de novo aí aparece dinossauro aí eles brigam aí...".
O primeiro filme que me veio à cabeça enquanto eu assistia a Turbo era Ratatouille. Naquele longa, um rato enfrentava a tudo e a todos para a grande lição: "todos podem cozinhar". Em Turbo a premissa é parecida, um caracol decide enfrentar o mundo para que possa pilotar em uma corrida.
No entanto, Turbo não tem 1% da qualidade do filme da Pixar. É uma tentativa frustrada de lição de moral, com um grupo de personagens nem um pouco interessantes e um protagonista chato. Nem a qualidade de animação da DreamWorks salva Turbo, que é deste já, um dos piores filmes do estúdio.
Eu vou escrever com mais detalhes sobre o filme, mas eu já adianto que é um dos grandes filmes do ano, tanto em escala quanto em qualidade. Se o anterior já era tão eficaz, este eleva toda a grandeza da franquia a um nível absurdo. Não só o roteiro é bem escrito, mas é riquíssimo em metáforas e questionamentos filosóficos.
Como é bom assistir a um blockbuster e conseguir compará-lo não só aos dias de hoje, mas fazer uma crítica ferrenha à sociedade e aos seus valores. É tão bom que filmes como Planeta dos Macacos: O Confronto e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido sejam feitos em um reino onde Transformers virou uma franquia de sucesso.
Rithy Panh cresceu em uma Camboja dominada pelo regime genocida de Pol Pot e dos Khmer Vermelho. Se dizendo a única verdade sobre a organização em sociedade, o regime tratou de exterminar rapidamente as pessoas consideradas intelectuais na época foram exterminadas. Assim, milhões de pessoas passaram a trabalhar em campos a fim de construir uma Camboja utópica: onde todos teriam orgulho de viver e o Governo aclamado como o grande salvador da população.
Sem o acesso a muitas imagens da época em que o regime cometia os mais diversos crimes contra a Humanidade, Pahn resolveu o problema de uma forma simples e inovadora: no lugar das imagens, passou a utilizar bonecos de argila para recriar as suas mais diversas memórias e as histórias que ouvia quando menor. A ideia, que a princípio causa estranhamento, acaba casando perfeitamente na narrativa do cineasta. Adotando a perspectiva documental, a narração em off de Pahn serve como guia para nós, espectadores, nos convidando para entrar em suas mais profundas memórias – e, como imaginamos desde o primeiro momento, será algo doloroso e nada alegre.
No entanto, é preciso abraçar a coragem do cineasta; ora, dividir as suas experiências de vida em um longa-metragem é algo admirável. Não demora muito para nos conectarmos com a população de Camboja, mas não porque torcer para o elo mais fraco da corrente tende a ser algo automático em nós, e sim justamente pela animosidade com que são tratados. Crianças trabalham nos campos obrigados a cantar músicas alegres que celebram o regime. Enquanto é permitido que soldados carreguem canetas nos bolsos e, às vezes, até mesmo um relógio, para o resto do povo era completamente proibido.
Ao recriar Camboja nas maquetes como um cenário simples, primitivo, o design de produção merece aplausos. Afinal, as maquetes se aproximam muito mais da Camboja da época do que as imagens que se tem acesso: todas manipuladas por Pol Pot. Nas filmagens, é possível vê-lo sorrindo e cumprimentando a população, que em coro faz o cumprimento do regime.
Para André Bazin, o Cinema seria a “janela para a alma”. Talvez nunca tenha se encaixado tão bem em A Imagem Que Falta, a falta de imagens beneficiou o projeto de Pahn. Tem certas imagens que não precisam serem mostradas para serem sentidas. O mais triste é perceber que Pol Pot fazia isso há apenas um pouco mais de 30 anos atrás e continua tão atual quanto deveria.
Observação: Durante os créditos finais é possível acompanhar a construção das maquetes utilizadas no filme.
O controle com que Belmonte possui na tensão entre os personagens é admirável. Quando os cinco protagonistas se encontram, o longa de Belmonte parece dar um salto de qualidade considerável, tratando com competência e eficiência do Universo daqueles personagens. É uma pena, no entanto, que o roteiro falhe justamente em estabelecer uma conexão com o traficante vivido por Cauã Raymond, que parece estar deslocado do longa - e, portanto, a maioria das cenas em que aparece poderia ter sido cortada direto na sala de edição, a fim de dar mais fluência ao filme.
Alabama Monroe é um dos filmes mais tristes e cruéis que eu assisti em 2014. Com um peso emocional de fazer invejável aos maiores melodramas, a vida de Elise e Didier é um prato cheio para quem gosta do gênero. Mas mais do que isso, é um belo estudo de personagens e, acima de tudo, sobre as relações familiares. Mesmo sendo prejudicado e, em certos momentos, beneficiado por uma montagem não-linear, Alabama Monroe não chega a ser um filme perfeito. O que é bom. Talvez o filme seja exatamente sobre como gostamos tanto de alguém apesar de suas pequenas imperfeições.
Apesar de ter uma das melhores representações de "I Will Survive" que eu já vi no cinema, Rio 2 investe em uma sequência genérica e mais do que batida: o genro conhecendo o sogro líder e autoritário, a paixão antiga da esposa, etc e etc. O retorno do vilão do longa anterior, por exemplo, jamais se justifica ou a falta de entrosamento entre os personagens - Jewel é relegada ao segundo plano em diversos problemas. Se o primeiro já não era assim tão bom, mas funcionava, este novo Rio é sem graça e nem um pouco inovador.
Este novo 300 tem alguns dos melhores elementos que fizeram o seu anterior um marco: o design de produção é grandioso; a trilha sonora é até que empolgante; e as lutas são bem coreografadas. No entanto, divide as mesmas falhas também: a utilização exagerada de bullet-time; atuações exagerada da maioria do elenco; e um roteiro tão falho que nem mesmo um garoto de doze anos poderia ter escrito.
Trabalhando com conceitos interessantes, o novo filme de Doug Liman peca apenas pela falta de ritmo no terceiro ato - onde toda a premissa se converge em uma desesperada tentativa de terminar todas as pendências de uma vez. Cruise interpreta com competência o tenente Bill Cage, ao passo que Emily Blunt dá personalidade à sua Rita Vrataski.
Um dos filmes mais interessantes do ano, uma mistura de Feitiço os Tempos com Tropas Estrelares e que se revela uma ficção-científica de alto nível.
O que X-Men: Dias de um Futuro Esquecido parece ter aprendido com o Primeira Classe (E também no segundo filme dos mutantes) é que o que mais importa nas histórias dos mutantes são as interações entre os personagens. Neste novo X-Men, a história se torna apenas um plano de fundo para que Xavier, Magneto e Mística se tornem o catalisador do futuro não só dos X-Men, mas do mundo como conhecemos. E nada mais justo.
Por anos todos os personagens que surgiam na tela (Wolverine, Jean Gray, Scott, Tempestade, Fera...) são o resultado do grande embate ético e moral envolvendo os mutantes travado pelo Professor Xavier e Magneto ao longo dos anos. Wolverine, interpretado com a eficiência habitual por Hugh Jackman, se torna coadjuvante em uma história dominada por Michael Fassbender, James McAvoy e, claro, Jennifer Lawrence. Ver as pontas de luxo do restante dos atores, como Ellen Page, Halle Berry e Shawn Ashmore é somente um dos pontos altos do novo longa dirigido por Singer - e melancolicamente uma bonita homenagem aos seus intérpretes, que passaram pela excelência (X-Men 2) à morna conclusão de uma geração (X-Men: O Confronto Final).
Ver Ian McKellen e Patrick Stewart contracenando juntos mais uma vez é mais do que uma homenagem. É uma espécie de passagem de bastão para Fassbender e McAvoy. Se essa for uma despedida da geração anterior, foi realmente incrível.
Bryan Singer não é o dono dos X-Men. Parece ter o controle da franquia nos cinemas. Quando saiu, Brett Ratner não agradou aos fãs nem ao estúdio (eu gosto do último X-Men, apesar de suas falhas). O conflito entre homens e mutantes nunca foi tão empolgante. Que venha X-Men: Apocalypse, seja no passado ou no futuro!
Capitão América: O Soldado Invernal é um dos filmes mais sérios da Marvel e também um dos melhores. Centrado em uma trama clássica de espionagem, o longa investe mais na S.H.I.E.L.D. e suas motivações políticas, além de trazer um pouco mais a tona o passado de Nick Fury. Chris Evans, seguro no papel, tem as companhias mais do que eficientes de Johansson (na qual criam uma das melhores dinâmicas da Marvel), de Antonhy Mackie (a revelação do filme), Cobie Smulders e, claro, de Samuel L. Jackson e Robert Redford (este último cria um dos personagens mais interessantes do longa).
Capitão América: O Soldado Invernal também é a sequencia mais competente de todos os filme solo dos Vingadores. Divertido, ágil e com um roteiro eficiente, peca apenas em não estabelecer mais destaque para a personagem de Emily VanCamp, que entra no filme, desperta a curiosidade mas não investe nada além disso.
Apesar da primeira metade ser boa, dinâmica e com um estilo próprio, na metade final Aronofsky decide incluir algumas discussões e conflitos que se arrastam eternamente até os créditos finais, tornando-o cansativo (e sonolento). De resto, alguns elementos criados e/ou adaptados da Bíblia se saem muito bem - eu gostei da maneira corajosa como o diretor coloca na narrativa Guardiões, por exemplo.
Como todos os outros filmes de Apatow, é desnecessariamente longo, com piadas estendidas e moderadamente eficiente pelos timing cômico da dupla protagonista (especialmente Paul Rudd).
Os diretores do filme fazem algumas metáforas (como a da vela em determinado momento) desnecessárias e estilizam os entrevistados para dar mais emoção ao filme, linguagem essa utilizada bastante na televisão.
No entanto, o tema é importante demais para ignorar. Documentário obrigatório não só para entender o conflito Israel e Palestina, mas para toda a Humanidade.
Emocionalmente eficiente, Robocop é uma releitura atual e atemporal do filme original - que, por sua vez, era uma leitura atual e atemporal daquela época. Todos os elementos utilizados por José Padilha para alfinetar a sociedade moderna estão lá: polícia corrupta, mídia manipuladora, política suja...
Ainda que seja submetido a uma comparação com o longa anterior (levemente superior à refilmagem), o Robocop de Padilha conta com um trunfo relegado pelo longa original: a aproximação de Murphy com a família. No entanto, o grande trunfo deste longa também é seu principal defeito: são poucas as cenas que nos ligam Murphy à família, o que é uma pena.
Mas são apenas pecadilhos frente ao discurso da nova obra do diretor, que conduz o filme com uma invejável destreza. As cenas de tiroteios, por exemplo, deixam muitos diretores experientes de Hollywood no chinelo. O mais importante é ver como Padilha conseguiu adaptar o discurso crítico à sociedade em uma superprodução hollywoodiana, que tinha tudo para se perder com tanto astros e a intensa pressão dos produtores para atrair público ao Cinema.
Por tudo isso, Padilha e os envolvidos por Robocop merecem aplausos - e para Gay Oldman, Samuel L. Jackson e Michael Keaton por criarem os personagens mais interessantes do filme.
A terceira parte da trilogia é, talvez, a mais emotiva dos três. Ao lado de A Liberdade é Azul, se beneficia da estética inteligente do diretor - A Igualdade Branca também, mas em menor grau do que estes. Ainda que não tenha o mesmo grau de complexidade da personagem de Juliette Binoche na primeira parte, a relação entre a modelo (vivida por Iréne Jacob) e o juíz (em uma brilhante atuação de Jean-Louis Trintignant) é interessante o suficiente para preencher a tela.
Não tão intimista quanto a primeira parte ou romântico quanto a segunda, este filme é o que mais balança os discursos dos filmes anteriores. No entanto, assim como os seus antecessores, fala exatamente sobre aquilo de que foi a própria Revolução Francesa e sobre o que são as nossas vidas: a busca pela identidade. Não importa a forma como Kieslowski conta as suas histórias (e isso ainda se estende a seus anteriores como A Dupla Vida de Verónique ou o Decálogo).
O elenco de Trapaça é realmente admirável: Christian Bale comanda o filme; Amy Adams ótima como sempre; Bradley Cooper cria um dos melhores personagens do filme; Jennifer Larence está correta e faz o melhor que pode com uma personagem ingrata; porém os destaques ficam mesmo com os mais coadjuvantes da produção. Louis C.K. se diverte fazendo o chefe de Cooper, Jeremy Renner rouba a cena sempre que aparece como o prefeito Carmine; e Robert De Niro, em uma cena, tem a sua melhor atuação em anos.
De resto, o filme é bem dirigido por O. Russel, o roteiro desperdiça os personagens e algumas das situações. É um filme correto, diga-se de passagem. Por mais que os figurinos e a reconstrução de época seja perfeita e a trilha sonora excelente, nada justifica as 10 indicações ao Oscar.
É mais um bom filme de Clooney, que além de ser um bom diretor, também tem uma posição política muito bem centrada - mesmo que de 5 em 5 minutos, uma bandeira dos Estados Unidos apareça na tela. O elenco, liderado por ele mesmo, é o maior atrativo da projeção: Damon, Blanchett, Goodman, Dejardin, Murray, Balaban estão na mesma sintonia e claramente se divertindo com o longa.
No entanto, nem por isso Clooney não deixa de alfinetar as guerras e o claro desinteresse pela cultura da humanidade, sem deixar de lado as duras e lamentáveis perdas do ser-humano. Os Caçadores de Obras-Primas não é um filme perfeito, demora a engatar e o roteiro nem sempre dá atenção a todos os personagens.
Claro que isso é o de menos. A mensagem que fica em Caçadores de Obras-Primas é muito maior do que o próprio filme - e, lamentavelmente, nem sempre entendida. É uma daquelas agradáveis surpresas do ano.
Na primeira vez que eu assisti ao filme, eu desconhecia a série Firefly. Na época, eu tinha dado quatro estrelas e achado um ótimo exemplar de ficção científica. Revi recentemente e minha opinião é a mesma, no entanto, agora é possível aplaudir Joss Whedon pela excelente conclusão que ele deu para a série. Mostrar os Weavers e os motivos pelos quais a Federação deseja tanto River foram só alguns dos atrativos,porém rever os personagens -
e sofrer a angústia pela morte do pastor ou do Wash (este último, uma pena mesmo)
- são sentimentos que só quem assistiu a série pode sentir. As falhas do filme continuam as mesmas: alguns personagens, como Inara ou Kaylee são mal explorados pela produção, o que é entendível devido ao curto tempo que Whedon tem em amarrar todas as pontas soltas pela série.
O conjunto Firefly + Serenity deveriam estar em qualquer altar nerd que se preste.
Até a primeira metade do filme era o melhor filme dirigido por Judd Apatow. Porém, a partir do segundo ato (como a maioria dos filmes do diretor) o ritmo cai violentamente, tornando-se cansativo e enrolado. Ainda que longo demais para uma comédia, é divertido e conta com atuações carismáticas, destacando-se o irregular Adam Sandler, que aqui faz uma de suas melhores atuações de sua carreira.
Clube de Compras Dallas é um filme que realmente surpreende, não só pela força que ele ganha ao longo da projeção, mas pelo desempenho excelente do elenco. Não é só McConaughey que tem a sua melhor atuação de sua filmografia, mas Jared Leto se destaca muito mais como Rayon, roubando praticamente a maioria das cenas. Jennifer Garner é outra atriz subestimada e que cresce a cada cena e que aparece.
É, ao lado de Nebraska e Ela, uma das gratas surpresas do ano de 2013.
Se o primeiro Machete já não era grande coisa, a continuação derrapa em praticamente tudo: excesso de personagens (o assassino Camaleão, por exemplo, não faria falta se não entrasse na história), excesso de vilões, trama tola, frases de efeitos previsíveis ("Machete don't joke")...
Transformers: A Era da Extinção
3.0 1,4K Assista AgoraEu fico imaginando como é um encontro dos roteiristas de Transformers. Provavelmente todos eles devem ficar bêbados de tanto refrigerante, devem se encher de bolacha recheada e, claro, devem brincar muito com seus bonequinhos de robôs. Tudo isso em um parquinho, o líder provavelmente fica no topo do escorregador perguntando as próximas ideias. "E o robô mata o outro assim ó com uma espada", "espere espere tem que ter dinossauro!", "ei, por que a gente não faz ele voar também?" e também um "aí aparece um monte de policial depois aparece um transformer malvado que quer matar os autobots aí eles brigam aí aparece o robô do cientista louco que na verdade é o megatron que é mal aí eles brigam aí aparece o robô de novo aí aparece dinossauro aí eles brigam aí...".
Ah meus 8 anos...
Turbo
3.2 322 Assista AgoraO primeiro filme que me veio à cabeça enquanto eu assistia a Turbo era Ratatouille. Naquele longa, um rato enfrentava a tudo e a todos para a grande lição: "todos podem cozinhar". Em Turbo a premissa é parecida, um caracol decide enfrentar o mundo para que possa pilotar em uma corrida.
No entanto, Turbo não tem 1% da qualidade do filme da Pixar. É uma tentativa frustrada de lição de moral, com um grupo de personagens nem um pouco interessantes e um protagonista chato. Nem a qualidade de animação da DreamWorks salva Turbo, que é deste já, um dos piores filmes do estúdio.
Planeta dos Macacos: O Confronto
3.9 1,8K Assista AgoraEu vou escrever com mais detalhes sobre o filme, mas eu já adianto que é um dos grandes filmes do ano, tanto em escala quanto em qualidade. Se o anterior já era tão eficaz, este eleva toda a grandeza da franquia a um nível absurdo. Não só o roteiro é bem escrito, mas é riquíssimo em metáforas e questionamentos filosóficos.
Como é bom assistir a um blockbuster e conseguir compará-lo não só aos dias de hoje, mas fazer uma crítica ferrenha à sociedade e aos seus valores. É tão bom que filmes como Planeta dos Macacos: O Confronto e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido sejam feitos em um reino onde Transformers virou uma franquia de sucesso.
A Imagem que Falta
4.1 48Rithy Panh cresceu em uma Camboja dominada pelo regime genocida de Pol Pot e dos Khmer Vermelho. Se dizendo a única verdade sobre a organização em sociedade, o regime tratou de exterminar rapidamente as pessoas consideradas intelectuais na época foram exterminadas. Assim, milhões de pessoas passaram a trabalhar em campos a fim de construir uma Camboja utópica: onde todos teriam orgulho de viver e o Governo aclamado como o grande salvador da população.
Sem o acesso a muitas imagens da época em que o regime cometia os mais diversos crimes contra a Humanidade, Pahn resolveu o problema de uma forma simples e inovadora: no lugar das imagens, passou a utilizar bonecos de argila para recriar as suas mais diversas memórias e as histórias que ouvia quando menor. A ideia, que a princípio causa estranhamento, acaba casando perfeitamente na narrativa do cineasta. Adotando a perspectiva documental, a narração em off de Pahn serve como guia para nós, espectadores, nos convidando para entrar em suas mais profundas memórias – e, como imaginamos desde o primeiro momento, será algo doloroso e nada alegre.
No entanto, é preciso abraçar a coragem do cineasta; ora, dividir as suas experiências de vida em um longa-metragem é algo admirável. Não demora muito para nos conectarmos com a população de Camboja, mas não porque torcer para o elo mais fraco da corrente tende a ser algo automático em nós, e sim justamente pela animosidade com que são tratados. Crianças trabalham nos campos obrigados a cantar músicas alegres que celebram o regime. Enquanto é permitido que soldados carreguem canetas nos bolsos e, às vezes, até mesmo um relógio, para o resto do povo era completamente proibido.
Ao recriar Camboja nas maquetes como um cenário simples, primitivo, o design de produção merece aplausos. Afinal, as maquetes se aproximam muito mais da Camboja da época do que as imagens que se tem acesso: todas manipuladas por Pol Pot. Nas filmagens, é possível vê-lo sorrindo e cumprimentando a população, que em coro faz o cumprimento do regime.
Para André Bazin, o Cinema seria a “janela para a alma”. Talvez nunca tenha se encaixado tão bem em A Imagem Que Falta, a falta de imagens beneficiou o projeto de Pahn. Tem certas imagens que não precisam serem mostradas para serem sentidas. O mais triste é perceber que Pol Pot fazia isso há apenas um pouco mais de 30 anos atrás e continua tão atual quanto deveria.
Observação: Durante os créditos finais é possível acompanhar a construção das maquetes utilizadas no filme.
Alemão
2.8 380O controle com que Belmonte possui na tensão entre os personagens é admirável. Quando os cinco protagonistas se encontram, o longa de Belmonte parece dar um salto de qualidade considerável, tratando com competência e eficiência do Universo daqueles personagens. É uma pena, no entanto, que o roteiro falhe justamente em estabelecer uma conexão com o traficante vivido por Cauã Raymond, que parece estar deslocado do longa - e, portanto, a maioria das cenas em que aparece poderia ter sido cortada direto na sala de edição, a fim de dar mais fluência ao filme.
Alabama Monroe
4.3 1,4K Assista AgoraAlabama Monroe é um dos filmes mais tristes e cruéis que eu assisti em 2014. Com um peso emocional de fazer invejável aos maiores melodramas, a vida de Elise e Didier é um prato cheio para quem gosta do gênero. Mas mais do que isso, é um belo estudo de personagens e, acima de tudo, sobre as relações familiares. Mesmo sendo prejudicado e, em certos momentos, beneficiado por uma montagem não-linear, Alabama Monroe não chega a ser um filme perfeito. O que é bom. Talvez o filme seja exatamente sobre como gostamos tanto de alguém apesar de suas pequenas imperfeições.
Rio 2
3.3 606 Assista AgoraApesar de ter uma das melhores representações de "I Will Survive" que eu já vi no cinema, Rio 2 investe em uma sequência genérica e mais do que batida: o genro conhecendo o sogro líder e autoritário, a paixão antiga da esposa, etc e etc. O retorno do vilão do longa anterior, por exemplo, jamais se justifica ou a falta de entrosamento entre os personagens - Jewel é relegada ao segundo plano em diversos problemas. Se o primeiro já não era assim tão bom, mas funcionava, este novo Rio é sem graça e nem um pouco inovador.
300: A Ascensão do Império
3.2 1,6K Assista AgoraEste novo 300 tem alguns dos melhores elementos que fizeram o seu anterior um marco: o design de produção é grandioso; a trilha sonora é até que empolgante; e as lutas são bem coreografadas. No entanto, divide as mesmas falhas também: a utilização exagerada de bullet-time; atuações exagerada da maioria do elenco; e um roteiro tão falho que nem mesmo um garoto de doze anos poderia ter escrito.
No Limite do Amanhã
3.8 1,5K Assista AgoraTrabalhando com conceitos interessantes, o novo filme de Doug Liman peca apenas pela falta de ritmo no terceiro ato - onde toda a premissa se converge em uma desesperada tentativa de terminar todas as pendências de uma vez. Cruise interpreta com competência o tenente Bill Cage, ao passo que Emily Blunt dá personalidade à sua Rita Vrataski.
Um dos filmes mais interessantes do ano, uma mistura de Feitiço os Tempos com Tropas Estrelares e que se revela uma ficção-científica de alto nível.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraO que X-Men: Dias de um Futuro Esquecido parece ter aprendido com o Primeira Classe (E também no segundo filme dos mutantes) é que o que mais importa nas histórias dos mutantes são as interações entre os personagens. Neste novo X-Men, a história se torna apenas um plano de fundo para que Xavier, Magneto e Mística se tornem o catalisador do futuro não só dos X-Men, mas do mundo como conhecemos. E nada mais justo.
Por anos todos os personagens que surgiam na tela (Wolverine, Jean Gray, Scott, Tempestade, Fera...) são o resultado do grande embate ético e moral envolvendo os mutantes travado pelo Professor Xavier e Magneto ao longo dos anos. Wolverine, interpretado com a eficiência habitual por Hugh Jackman, se torna coadjuvante em uma história dominada por Michael Fassbender, James McAvoy e, claro, Jennifer Lawrence. Ver as pontas de luxo do restante dos atores, como Ellen Page, Halle Berry e Shawn Ashmore é somente um dos pontos altos do novo longa dirigido por Singer - e melancolicamente uma bonita homenagem aos seus intérpretes, que passaram pela excelência (X-Men 2) à morna conclusão de uma geração (X-Men: O Confronto Final).
Ver Ian McKellen e Patrick Stewart contracenando juntos mais uma vez é mais do que uma homenagem. É uma espécie de passagem de bastão para Fassbender e McAvoy. Se essa for uma despedida da geração anterior, foi realmente incrível.
Bryan Singer não é o dono dos X-Men. Parece ter o controle da franquia nos cinemas. Quando saiu, Brett Ratner não agradou aos fãs nem ao estúdio (eu gosto do último X-Men, apesar de suas falhas). O conflito entre homens e mutantes nunca foi tão empolgante. Que venha X-Men: Apocalypse, seja no passado ou no futuro!
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraCapitão América: O Soldado Invernal é um dos filmes mais sérios da Marvel e também um dos melhores. Centrado em uma trama clássica de espionagem, o longa investe mais na S.H.I.E.L.D. e suas motivações políticas, além de trazer um pouco mais a tona o passado de Nick Fury. Chris Evans, seguro no papel, tem as companhias mais do que eficientes de Johansson (na qual criam uma das melhores dinâmicas da Marvel), de Antonhy Mackie (a revelação do filme), Cobie Smulders e, claro, de Samuel L. Jackson e Robert Redford (este último cria um dos personagens mais interessantes do longa).
Capitão América: O Soldado Invernal também é a sequencia mais competente de todos os filme solo dos Vingadores. Divertido, ágil e com um roteiro eficiente, peca apenas em não estabelecer mais destaque para a personagem de Emily VanCamp, que entra no filme, desperta a curiosidade mas não investe nada além disso.
11 de Setembro
3.6 45Irregular como toda antologia de curtas que se preze.
O longa de Ken Loach, claro, é o grande destaque do longa. No entanto, curtas como o de Mira Nair e Inãrritu merecem menções.
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraApesar da primeira metade ser boa, dinâmica e com um estilo próprio, na metade final Aronofsky decide incluir algumas discussões e conflitos que se arrastam eternamente até os créditos finais, tornando-o cansativo (e sonolento). De resto, alguns elementos criados e/ou adaptados da Bíblia se saem muito bem - eu gostei da maneira corajosa como o diretor coloca na narrativa Guardiões, por exemplo.
Bem-vindo aos 40
3.0 447 Assista AgoraComo todos os outros filmes de Apatow, é desnecessariamente longo, com piadas estendidas e moderadamente eficiente pelos timing cômico da dupla protagonista (especialmente Paul Rudd).
Ocupação 101: A Voz da Maioria Silenciada
4.4 22Os diretores do filme fazem algumas metáforas (como a da vela em determinado momento) desnecessárias e estilizam os entrevistados para dar mais emoção ao filme, linguagem essa utilizada bastante na televisão.
No entanto, o tema é importante demais para ignorar. Documentário obrigatório não só para entender o conflito Israel e Palestina, mas para toda a Humanidade.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraEmocionalmente eficiente, Robocop é uma releitura atual e atemporal do filme original - que, por sua vez, era uma leitura atual e atemporal daquela época. Todos os elementos utilizados por José Padilha para alfinetar a sociedade moderna estão lá: polícia corrupta, mídia manipuladora, política suja...
Ainda que seja submetido a uma comparação com o longa anterior (levemente superior à refilmagem), o Robocop de Padilha conta com um trunfo relegado pelo longa original: a aproximação de Murphy com a família. No entanto, o grande trunfo deste longa também é seu principal defeito: são poucas as cenas que nos ligam Murphy à família, o que é uma pena.
Mas são apenas pecadilhos frente ao discurso da nova obra do diretor, que conduz o filme com uma invejável destreza. As cenas de tiroteios, por exemplo, deixam muitos diretores experientes de Hollywood no chinelo. O mais importante é ver como Padilha conseguiu adaptar o discurso crítico à sociedade em uma superprodução hollywoodiana, que tinha tudo para se perder com tanto astros e a intensa pressão dos produtores para atrair público ao Cinema.
Por tudo isso, Padilha e os envolvidos por Robocop merecem aplausos - e para Gay Oldman, Samuel L. Jackson e Michael Keaton por criarem os personagens mais interessantes do filme.
A Fraternidade é Vermelha
4.2 439 Assista AgoraA terceira parte da trilogia é, talvez, a mais emotiva dos três. Ao lado de A Liberdade é Azul, se beneficia da estética inteligente do diretor - A Igualdade Branca também, mas em menor grau do que estes. Ainda que não tenha o mesmo grau de complexidade da personagem de Juliette Binoche na primeira parte, a relação entre a modelo (vivida por Iréne Jacob) e o juíz (em uma brilhante atuação de Jean-Louis Trintignant) é interessante o suficiente para preencher a tela.
Não tão intimista quanto a primeira parte ou romântico quanto a segunda, este filme é o que mais balança os discursos dos filmes anteriores. No entanto, assim como os seus antecessores, fala exatamente sobre aquilo de que foi a própria Revolução Francesa e sobre o que são as nossas vidas: a busca pela identidade. Não importa a forma como Kieslowski conta as suas histórias (e isso ainda se estende a seus anteriores como A Dupla Vida de Verónique ou o Decálogo).
A Liberdade é Azul
4.1 650 Assista AgoraA primeira parte da magistral Trilogia das Cores, um dos eventos cinematográficos mais significativos na História do Cinema Moderno.
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraO elenco de Trapaça é realmente admirável: Christian Bale comanda o filme; Amy Adams ótima como sempre; Bradley Cooper cria um dos melhores personagens do filme; Jennifer Larence está correta e faz o melhor que pode com uma personagem ingrata; porém os destaques ficam mesmo com os mais coadjuvantes da produção. Louis C.K. se diverte fazendo o chefe de Cooper, Jeremy Renner rouba a cena sempre que aparece como o prefeito Carmine; e Robert De Niro, em uma cena, tem a sua melhor atuação em anos.
De resto, o filme é bem dirigido por O. Russel, o roteiro desperdiça os personagens e algumas das situações. É um filme correto, diga-se de passagem. Por mais que os figurinos e a reconstrução de época seja perfeita e a trilha sonora excelente, nada justifica as 10 indicações ao Oscar.
Caçadores de Obras-Primas
3.1 476 Assista AgoraÉ mais um bom filme de Clooney, que além de ser um bom diretor, também tem uma posição política muito bem centrada - mesmo que de 5 em 5 minutos, uma bandeira dos Estados Unidos apareça na tela. O elenco, liderado por ele mesmo, é o maior atrativo da projeção: Damon, Blanchett, Goodman, Dejardin, Murray, Balaban estão na mesma sintonia e claramente se divertindo com o longa.
No entanto, nem por isso Clooney não deixa de alfinetar as guerras e o claro desinteresse pela cultura da humanidade, sem deixar de lado as duras e lamentáveis perdas do ser-humano. Os Caçadores de Obras-Primas não é um filme perfeito, demora a engatar e o roteiro nem sempre dá atenção a todos os personagens.
Claro que isso é o de menos. A mensagem que fica em Caçadores de Obras-Primas é muito maior do que o próprio filme - e, lamentavelmente, nem sempre entendida. É uma daquelas agradáveis surpresas do ano.
Serenity: A Luta pelo Amanhã
3.4 200 Assista AgoraNa primeira vez que eu assisti ao filme, eu desconhecia a série Firefly. Na época, eu tinha dado quatro estrelas e achado um ótimo exemplar de ficção científica. Revi recentemente e minha opinião é a mesma, no entanto, agora é possível aplaudir Joss Whedon pela excelente conclusão que ele deu para a série. Mostrar os Weavers e os motivos pelos quais a Federação deseja tanto River foram só alguns dos atrativos,porém rever os personagens -
e sofrer a angústia pela morte do pastor ou do Wash (este último, uma pena mesmo)
O conjunto Firefly + Serenity deveriam estar em qualquer altar nerd que se preste.
Tá Rindo do Quê?
2.5 805 Assista AgoraAté a primeira metade do filme era o melhor filme dirigido por Judd Apatow. Porém, a partir do segundo ato (como a maioria dos filmes do diretor) o ritmo cai violentamente, tornando-se cansativo e enrolado. Ainda que longo demais para uma comédia, é divertido e conta com atuações carismáticas, destacando-se o irregular Adam Sandler, que aqui faz uma de suas melhores atuações de sua carreira.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraClube de Compras Dallas é um filme que realmente surpreende, não só pela força que ele ganha ao longo da projeção, mas pelo desempenho excelente do elenco. Não é só McConaughey que tem a sua melhor atuação de sua filmografia, mas Jared Leto se destaca muito mais como Rayon, roubando praticamente a maioria das cenas. Jennifer Garner é outra atriz subestimada e que cresce a cada cena e que aparece.
É, ao lado de Nebraska e Ela, uma das gratas surpresas do ano de 2013.
Machete Mata
3.1 749Se o primeiro Machete já não era grande coisa, a continuação derrapa em praticamente tudo: excesso de personagens (o assassino Camaleão, por exemplo, não faria falta se não entrasse na história), excesso de vilões, trama tola, frases de efeitos previsíveis ("Machete don't joke")...