Bill Murray, engraçadíssimo como sempre! Comediante genial e que tem os melhores diálogos do filme, com destaque para a dobradinha com Sigourney Weaver.
Sim, me refiro àquela cena onde Dana surge possuída e tenta seduzir Frank, hahaha.
Interessante como o Boneco de Marshmallow marcou época mesmo não aparecendo tanto assim na tela. Os efeitos visuais são bem legais e tornam tudo ainda mais divertido. Algumas piadas já não têm tanta graça e o roteiro é assim mesmo, bobinho e despretensioso. O que vale é o saudosismo, o elenco bacana, as cenas de ação onde Nova York é destruída mais uma vez e aquela musiquinha clássica, que gruda na mente que é uma maravilha! Não marcou minha infância, mas também não fez feio revendo décadas depois. A sequência de 1989 também diverte.
Muito bom. Eddie Redmayne é um excelente ator e fez um digníssimo trabalho na pele de Einar/Lili. Ele, que já havia me conquistado em A Teoria de Tudo, surpreendeu mais uma vez com uma interpretação delicada, corajosa e cativante. Ainda assim, admito que Alicia Vikander rouba (um pouco) a cena como a legítima garota dinamarquesa do título. Gerda é apaixonante em cada cena, em cada gesto de amor, devoção e renúncia. Por mais que a atriz não fosse exatamente coadjuvante, o Oscar foi muito merecido. O roteiro tem lá os seus defeitos, especialmente com relação a alguns personagens subaproveitados. O mesmo não se pode dizer sobre a direção de arte, figurinos e fotografia, absolutamente irretocáveis. Tom Hooper realizou um longa relevante, belo e sensível, que certamente não seria tão bom sem uma dupla tão talentosa quanto a que teve. E fico satisfeito em constatar que a implicância de parte do público com o oscarizado Eddie esteja se dissipando (Animais Fantásticos provavelmente contribuiu bastante nesse quesito).
É aquela velha história: o original é bem melhor, mas esse remake tem lá os seus méritos. É divertido conferir Michael Caine no papel do anfitrião Andrew Wyke, quando no longa de 1972 ele era Milo Tindle. A fotografia é um dos grandes destaques da produção que, em termos de roteiro, apresenta o duelo entre os personagens de forma resumida e corrida, em meio a algumas alterações.
Com direito à tensão homossexual e linguajar por vezes vulgar, algo que o diferencia bastante do Sleuth setentista. A sequência em que Milo aparece disfarçado de inspetor já não era tão convincente assim no outro filme, e neste ficou um pouco mais forçada...
No geral, a modernização da trama foi bem-vinda, rendendo um bom passatempo. Mas ao contrário do que a maioria comentou, não gostei da performance de Jude Law. Achei-o o tempo todo fora do tom, caricato e até irritante.
Michael Caine é o rei dos thrillers sobre rivalidade entre cavalheiros, hein?! Conheci Trama Diabólica através da capa do DVD de Armadilha Mortal, que citava o clássico de Mankiewicz, produzido uma década antes, como sendo no mesmo estilo desse outro cult movie. Estrelou ainda o remake de 2007 e O Grande Truque, do Nolan (como coadjuvante). Aliás, lembra muito este último pelas tantas reviravoltas do roteiro, a maioria surpreendente e algumas bem previsíveis. Enfim, cada vez mais fã desse ator de talento monumental! Sobre o longa, basta dizer que são apenas dois gigantes da interpretação em um único cenário, basicamente. E essas 2h18min nunca ficam enfadonhas ou cansativas, graças ao roteiro inteligente e à direção de primeiríssima linha. Destaque para os diálogos sofisticados e para a participação do Marujo Alegre, hehe. Ótimo filme!
Um fenômeno justificável. Eis que, diante de tantas séries pretensiosas, surge uma que cativa o espectador pela nostalgia da mais saudosa das décadas. E como se não bastasse, Stranger Things parece ter sido produzida naquela época: da caracterização dos personagens aos sintetizadores em profusão na trilha sonora, tudo funciona em harmonia para te transportar até o ano de 1983. Foi amor à primeira tomada, com aquele céu estrelado digno da cena de abertura de todo filme B oitentista que se preze. A química do elenco mirim é incrível, mas o destaque fica por conta da revelação Millie Bobby Brown. Que garota sensacional! Finn Wolfhard e Gaten Matarazzo também tem muito futuro, e eu espero que essa criançada-prodígio não se perca no meio do caminho. Muito bom ver uma atriz maravilhosa como a Winona Ryder dando a volta por cima e totalmente imersa na pele da mãe aflita Joyce. É divertidíssimo captar as referências aqui e ali, bem como relembrar infância e pré-adolescência à base de muitos filmes que, de certa forma, foram homenageados por ST carinhosa e respeitosamente. Dois sentimentos de quem nasceu nos anos 80: gratidão pelos oito episódios e ansiedade pelos próximos!
Assisti com muita expectativa devido à tão comentada performance de Gena Rowlands, eleita uma das melhores da história do cinema. De fato, é um trabalho primoroso, poderoso e explosivo duma grande atriz em sua melhor forma. Mas por algum motivo, não achei o filme essa obra-prima toda e Mabel acabou não me surpreendendo. Primeiramente, por esperar que a personagem fosse daquelas capazes de dizerem tudo o que uma pessoa considerada lúcida não diria.
Nesse caso, o ponto alto é o retorno para casa após o período de internação, os comentários à mesa na recepção que prepararam para ela.
O roteiro expõe o quanto a instabilidade emocional e o desequilíbrio mental da dona de casa estavam intimamente ligados ao comportamento dos que a cercavam e, diante de marido troglodita e impaciente, sogra controladora e dissimulada, a mesma não parecia tão inadequada assim. No fim, você acaba antipatizando com todos ao redor e torcendo pra que, de alguma forma, ela consiga se encaixar. Gena merecia aquele Oscar de atriz que Ellen Burstyn levou só por ter carregado o filme e o fardo de ser Mabel Longhetti nas costas.
Drama existencial dos bons, onde a grande Gena Rowlands interpreta uma mulher de meia-idade que vive numa espécie de negação e que vai descobrindo a si própria, juntamente com o espectador. A narrativa é exemplar ao revelar toda aquela superioridade e a suposta admiração que a mesma acreditava despertar nos que a cercavam dando lugar à frustração e insegurança. A aproximação com outra mulher, a frágil Hope (esperança?!), vivida por Mia Farrow, tira a protagonista do pedestal em que ela pensava pairar e a situa em um nível onde viver de aparências torna-se algo fora de questão. Um filme simples e direto ao ponto, talvez até um pouco curto. O elenco é brilhante e a sequência do sonho de Marion é magistral.
Olha, já vi coisa bem pior... Não é uma boa comédia, mas também não é a bomba que muitos alegam. Confesso que ri das participações de Kate Winslet, Hugh Jackman, Naomi Watts e Halle Berry, ao mesmo tempo em que me perguntava se todos eles tavam com problema de aluguel atrasado, hahaha. É nonsense ao extremo e a maioria dos curtas não tem graça, mas até que serve como passatempo se o espectador estiver disposto a entrar na brincadeira, que vem a ser uma sátira à internet e a todo tipo de bizarrice nela encontrada. A única coisa que me incomodou foi o excesso de escatologias, mas se esse elenco consagrado topou entrar nessa, quem sou eu para julgá-lo?! Para Maiores pode ser considerado o 'Relatos Selvagens da Baixaria' (guardadas as devidas proporções, não me odeiem) e talvez nem merecesse o Framboesa de Ouro que levou na categoria principal...
Grande comédia de Woody Allen, e que elenco formidável! Dianne Wiest tá maravilhosa na pele da diva Helen Sinclair e certamente mereceu levar mais este Oscar de coadjuvante. John Cusack mostra-se mais um brilhante alter ego do diretor e Chazz Palminteri surpreende ao longo da trama, no papel do mafioso que é tomado por uma inesperada verve artística, hahaha. Mas ouso dizer que minha personagem favorita do longa é a Olive. Jennifer Tilly tá engraçadíssima! Quem diria que, após ser indicada ao Oscar por Tiros na Broadway, ela ficaria 'imortalizada' como a noiva de Chucky poucos anos depois... O roteiro é excelente, equilibrando com perfeição a declaração de amor aos palcos e a crítica à falta de liberdade no processo de criação de uma obra. Um dos melhores filmes dirigidos por Allen na década de 90, talvez o melhor.
Pobre Olive, vítima da sua própria falta de talento. O assassinato foi chocante, mas pertinente diante da ironia que permeia Cheech e a transformação do personagem.
Obviamente não é uma série imperdível, porém não acho uma total perda de tempo. A segunda temporada foi um pouco superior à primeira, mas derrapou nos últimos episódios até a revelação do assassino.
OK, Kieran era o psicopata e isso foi previsível, mas tinham sobrado tão poucos personagens relevantes que deu pra perdoar. Ou pelo menos pra encarar como uma homenagem ao longa de 1996, onde o namorado Billy era um dos serial killers mascarados.
Muitos foram os momentos marcantes desse ano, as referências estão por toda a parte e as mortes tornaram-se ainda mais violentas. Foi bacana o fato de cada episódio trazer o título de algum terror do passado, por mais que não tivesse muito a ver com o filme em questão e remetesse a algum outro, rs.
Impossível não lembrar do clássico Carrie, a Estranha na sequência em que Brooke leva um banho de sangue com a queda do cadáver de Jake.
Scream é assim mesmo: alterna momentos que satisfazem a memória afetiva de todo fã do gênero com outros, forçados e desnecessários, mas nunca deixa de ser uma produção carismática capaz de prender a atenção. As atuações seguem medianas, mas Willa Fitzgerald até que deu uma evoluída... No aguardo do especial de Halloween e esperando que este me surpreenda de alguma forma.
'O cinema está atrasado 50 anos perante as outras artes.'
8½ é cinema sobre cinema pra quem ama cinema. Ama como arte, como experiência sensorial e não depende de obviedades e narrativas lineares pra apreciar o que há de tão maravilhoso nos filmes. Fellini faz uso de simbolismos geniais ao retratar a crise criativa e existencial do alter ego belissimamente interpretado por Mastroianni, bem como o anseio em desprender-se das amarras que o atormentavam. Em meio à confusão mental de Guido, imaginação, recordações passadas e o inquietante presente se cruzam em uma grande metalinguagem, que ainda abre espaço para tecer críticas à própria indústria cinematográfica e à Igreja Católica em seu berço. Obra absolutamente atemporal, com direção e fotografia impecáveis, é o primeiro Fellini que eu vejo e já quero mais.
Um slasher autorreferencial repleto de altos e baixos. Primeiramente, curti o estilo falso documentário, enaltecendo os grandes psicopatas cinematográficos das décadas de 70 e 80 como se os mesmos fossem reais. Há sacadas bem bacanas, que remetem principalmente à imortalidade e disposição física de Jason e Michael Myers. As participações de Zelda Rubinstein e do ícone Robert 'Freddy' Englund são mais do que especiais! Além disso, há personagens secundários carismáticos, onde se destacam o Eugene de Scott Wilson e sua esposa.
O mestre de Leslie Vernon e sua 'final girl', que se apaixonaram e casaram, hahaha.
Em contrapartida, os protagonistas são insuportáveis. Nathan Baesel faz do serial killer do título um bobalhão sem qualquer credibilidade, um engraçadinho de stand-up. Pior ainda é a atuação de Angela Goethals, que parece ter levado o papel a sério demais com suas caras e bocas de filme de arte. As cenas de morte são razoáveis, mas mesmo assim é uma produção divertida pra quem aprecia esse estilo. O recente Terror nos Bastidores é melhor, de qualquer maneira.
Sabe aquele filme que você queria assistir há um bom tempo, mas não encontrava?! E que mesmo tendo expectativas altas, ele ainda é capaz de superá-las?! Que quando acaba, você fica louco pra assisti-lo novamente?! Que mesmo sabendo que as reviravoltas são muitas, ele nunca para de te surpreender?! Que pouca gente viu, mas deveria ser MUITO mais conhecido?! Sim, Armadilha Mortal é tudo isso e mais um pouco, na minha humilde opinião. Um exercício metalinguístico absurdamente inteligente, divertido, hipnotizante e ousado. Michael Caine, excepcional desde sempre, e Christopher Reeve em brilhante performance também. O tom teatral torna-se um aliado da narrativa (afinal de contas, o longa é baseado numa peça e mostra uma peça sendo criada), o que poderia ser um tiro no pé em termos de ritmo. Porém, o que vemos é justamente o contrário: uma produção envolvente e fluida, cujas duas horas voam em meio a tanta perspicácia, surpresas, direção magistral, elenco afiado e desfecho sarcástico. É um grande espetáculo, em todos os sentidos possíveis. Cinco estrelas e favorito, pra se cultuar e querer bem!
Drama intimista, cíclico e que vai evoluindo juntamente aos personagens, inicialmente (e propositalmente) apáticos. Gostei, mas o longa tem um quê de repetitivo dentro da filmografia de Woody Allen. Se destaca por passar-se em um único ambiente, onde os traumas vêm à tona e todos vão revelando suas faces reais. Mia Farrow brilha como protagonista, em um tom depressivo que desperta pena no espectador ao mesmo tempo em que pede por uns chacoalhões. Dianne Wiest e Elaine Stritch são as duas ladras de cena da produção, esta última com uma personagem egoísta e forte, que contrasta com a passividade e vitimismo de sua filha Lane. No mais, diálogos contundentes e tudo que se espera de um bom drama do prolífico cineasta, sem que ele atue no mesmo. Interiores é bem superior, mas nada que desqualifique Setembro e seu desfecho falsamente otimista.
É uma comédia bastante simpática, repleta de personagens divertidos, pitorescos e um tanto estereotipados (com destaque para os clientes do agente interpretado por Woody Allen e aquela italianada toda, rs). Confesso que só começou a empolgar quando a Tina Vitale de Mia Farrow entrou em cena, e não há como negar que sua caracterização é um dos pontos altos do filme. Além disso, roteiros onde um sujeito comum passa a ser perseguido devido a um mal-entendido costumam ser certeiros, sempre rendendo bons momentos e com Danny Rose não foi diferente! Como disseram aí embaixo, não chega a ser uma obra-prima do cineasta já que ele dirigiu grandes filmes nesse período, mas é uma produção de muita qualidade: história bem contada, bela fotografia e desfecho cativante.
Zelig, o personagem, é um pouco de cada um de nós, quando nos mantemos neutros a fim de evitar discussões ou mudamos de opinião conforme a maré, quando buscamos aceitação, quando abdicamos de nossa própria personalidade e individualidade. Zelig, o filme, é um falso documentário nada menos que magnífico, inteligente, divertido, ácido e originalíssimo. Confesso ter sido atingido em cheio pelas críticas expostas no longa que, além de tudo, é metalinguístico e atemporal. Os diálogos são geniais e a edição, impressionante: parece mesmo que a história do homem-metamorfose ambulante se passa nos anos 20 e 30, e o espectador até esquece por alguns instantes que trata-se de ficção. Como se não bastasse, ainda funciona como uma bela comédia romântica, graças à parceria (muito produtiva na época) entre os ótimos Woody e Mia Farrow. Sério, o diretor tava muito inspirado nessa fase!
James Wan mantém o nível lá em cima nesta sequência e mostra mais uma vez o porquê de ser considerado o melhor diretor de filmes de terror da atualidade. O cara sabe criar uma atmosfera macabra, trazendo ângulos de câmera diferenciados, elegantes e surpreendentes. Além disso, é firme na condução de seu elenco, sobretudo o mirim: Madison Wolfe dá um show de atuação na pele da garota atormentada pelas entidades malignas de Enfield. Patrick Wilson e Vera Farmiga nasceram para interpretar o casal Warren e estão maravilhosos, destacando-se ainda mais do que na produção de 2013. Aliás, não falta romance, humor, suspense e drama, tudo muito bem equilibrado com o horror propriamente dito que, se demora um pouco a engrenar, quando chega é de fazer o espectador encolher-se na poltrona! Talvez perca pontos devido a alguns excessos e por pesar a mão no CGI (o Homem Torto que o diga), mas nada que o desqualifique como o melhor filme do gênero desde o lançamento do longa original. Não, não vou pagar de cult e dizer que (o superestimadíssimo) A Bruxa é o melhor do ano... Não mesmo.
Lembra bastante a primeira fase da filmografia de Woody Allen, aquela do início da década de 70 com um humor mais bobalhão, mas sem deixar de lado os relacionamentos, as crises existenciais e os diálogos bem trabalhados. Digamos que o cineasta decai um pouco em relação a seus filmes anteriores, mas não chega a ofender. Ainda mais em se tratando de todas as referências à obra de Shakespeare, com o romantismo e o toque místico que Woody soube satirizar com a competência habitual. As cenas envolvendo Andrew e Adrian, na tentativa de esquentar a relação e salvar o casamento da suposta frigidez da personagem de Mary Steenburgen, são as mais engraçadas do filme! O desfecho é um tanto estranho, mas pertinente dentro do universo fantástico que o diretor tomou como base.
Se eu gostei do filme?! Lógico, mas não achei extraordinário. DiCaprio mereceu o Oscar SIM e não só pelo conjunto da obra, lobby, campanha nas redes sociais, etc. Por mais que ele já tenha provado o quanto é brilhante inúmeras vezes, com atuações grandiosas em filmes superiores, há de se reconhecer seu empenho em dar vida a Hugh Glass naquele ambiente inóspito e em meio a sequências impressionantes, mesmo sem tantos diálogos. Aliás, O Regresso traz algumas cenas de cair o queixo (nem preciso citá-las) e estas são intercaladas por momentos tão arrastados e repetitivos, o que é uma pena... Fiquei pensando que, com uns 40 minutos a menos, o longa teria me conquistado bem mais! Além do ator do ano, o prêmio de melhor fotografia também foi muito merecido. É deslumbrante! E Tom Hardy bem que podia ter ficado com a estatueta de coadjuvante: sua performance é tão fantástica que, por muito pouco, não ofusca o nosso celebrado e oscarizado protagonista.
Memórias é outro que figura entre as melhores obras de Woody Allen, com seus diálogos maravilhosos e uma narrativa mais complexa, o que faz o espectador ter vontade de revê-lo logo em seguida pra pegar todas as referências, críticas e autocríticas. A metalinguagem infalível, a presença marcante de Charlotte Rampling e, é claro, aquela cinematografia em preto e branco fazem-no bastante especial e particular dentro do universo do diretor. Quanto a ser seu longa mais autobiográfico ou não, sempre fico com a impressão de que todos o são. Ou seja, isso é bem relativo! Poético e cínico, sincero e um tanto pretensioso, mas certamente um belíssimo filme. Ao contrário de alguns, achei que o desfecho ficou à altura do resto da obra e o meu interesse em conferir 8½ de Fellini só aumentou...
Um drama e tanto. As relações familiares mostradas no longa me lembraram Hannah e Suas Irmãs, que Woody Allen dirigiria quase uma década depois, mas em Interiores o tom é muito mais denso, amargo e realista. É a inveja, o descaso, o egoísmo, a depressão e a baixa autoestima que vão se revelando aos olhos do espectador perante uma simples separação. Geraldine Page tá excepcional no papel da designer de interiores que, digamos, expõe seu interior sem ressalvas, mesmo que a faça se tornar um fardo e acabe por afastar a todos. O contraponto, interpretado por Maureen Stapleton, também é interessantíssimo: uma mulher de meia-idade e com pouca bagagem cultural, mas feliz e cheia de vida, o que causa um inevitável desconforto nos disfuncionais e esnobes membros desse clã que Allen retratou com maestria. Fora isso, o desfecho na casa de praia é inesquecível...
Não é ruim como sugere a premissa, nem tampouco chega a ser um bom thriller. Quanto à reviravolta, não é ridícula mas também não se mostra tão imprevisível a meu ver. Digamos que há uma pista falsa, apenas.
Desconfiei que não fosse caso de possessão e que Malcolm era o verdadeiro Brahms, por mais que isso pareça óbvio demais a certa altura da trama...
Lauren Cohan é linda e até se esforça, porém sua personagem não convence. A relação entre a moça e o boneco, bem como seu entusiasmo quando eventos estranhos passam a ocorrer na mansão, soam estapafúrdios e inconsistentes. Confesso que os clichês do filme foram eficientes no que se refere aos sustos e eu tomei vários, mas isso é muito pouco diante dos furos no roteiro e da falta de competência na direção. Destaque para a tensão que se instala a partir do momento em que o mistério é revelado. Brahms e Annabelle combinam bastante: ambos são pouco dinâmicos e já podem se casar, hahaha.
É a melhor sátira/homenagem a um subgênero cinematográfico dos últimos anos. Diversão pura pra quem é fã de slashers oitentistas, com tudo o que se tem direito: adolescentes interpretados por atores acima dos 30 anos, musiquinha característica a la Sexta-Feira 13, assassinatos, perseguições e hormônios em ebulição. Como se não bastasse, há uma metalinguagem esperta, os melhores clichês dos filmes de terror com psicopatas vingativos e ótimos recursos visuais, que tornam a trama ainda mais criativa.
Muito bacana o lance do flashback e dos créditos finais de Camp Bloodbath, o filme dentro do filme.
Além disso, ri muito de alguns diálogos propositalmente toscos e, é claro, dos estereotipados e safados personagens Kurt e Tina. Taissa Farmiga é muito carismática e o resto do elenco também não fica atrás, a trilha sonora é massa e o desfecho é de deixar um sorrisão no rosto do espectador. Adorei!
Boris Grushenko encerra essa primeira fase de Woody Allen e antecede um de seus filmes mais celebrados e premiados, Annie Hall. O tom pastelão e nonsense rende momentos engraçadíssimos e, apesar de meu preferido ainda ser Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo..., dá pra entender o porquê dele ser considerado o ápice do cineasta dentre as produções dessa época.
Dei altas gargalhadas naquela cena em que Napoleão se apresenta à Boris e Sonja (supostamente a irmã de Don Francisco, hahaha).
Uma produção repleta de citações interessantes e com uma ótima química entre Allen e a maravilhosa Diane Keaton, além de caprichada no quesito direção de arte. Porém, ainda prefiro os longas que ele dirigiu a partir de Manhattan até o fim dos anos 80. Essa fase sim, o auge incontestável de sua filmografia!
Os Caça-Fantasmas
3.7 733 Assista AgoraBill Murray, engraçadíssimo como sempre! Comediante genial e que tem os melhores diálogos do filme, com destaque para a dobradinha com Sigourney Weaver.
Sim, me refiro àquela cena onde Dana surge possuída e tenta seduzir Frank, hahaha.
Interessante como o Boneco de Marshmallow marcou época mesmo não aparecendo tanto assim na tela. Os efeitos visuais são bem legais e tornam tudo ainda mais divertido. Algumas piadas já não têm tanta graça e o roteiro é assim mesmo, bobinho e despretensioso. O que vale é o saudosismo, o elenco bacana, as cenas de ação onde Nova York é destruída mais uma vez e aquela musiquinha clássica, que gruda na mente que é uma maravilha! Não marcou minha infância, mas também não fez feio revendo décadas depois. A sequência de 1989 também diverte.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraMuito bom. Eddie Redmayne é um excelente ator e fez um digníssimo trabalho na pele de Einar/Lili. Ele, que já havia me conquistado em A Teoria de Tudo, surpreendeu mais uma vez com uma interpretação delicada, corajosa e cativante. Ainda assim, admito que Alicia Vikander rouba (um pouco) a cena como a legítima garota dinamarquesa do título. Gerda é apaixonante em cada cena, em cada gesto de amor, devoção e renúncia. Por mais que a atriz não fosse exatamente coadjuvante, o Oscar foi muito merecido. O roteiro tem lá os seus defeitos, especialmente com relação a alguns personagens subaproveitados. O mesmo não se pode dizer sobre a direção de arte, figurinos e fotografia, absolutamente irretocáveis. Tom Hooper realizou um longa relevante, belo e sensível, que certamente não seria tão bom sem uma dupla tão talentosa quanto a que teve. E fico satisfeito em constatar que a implicância de parte do público com o oscarizado Eddie esteja se dissipando (Animais Fantásticos provavelmente contribuiu bastante nesse quesito).
Um Jogo de Vida ou Morte
3.4 104 Assista AgoraÉ aquela velha história: o original é bem melhor, mas esse remake tem lá os seus méritos. É divertido conferir Michael Caine no papel do anfitrião Andrew Wyke, quando no longa de 1972 ele era Milo Tindle. A fotografia é um dos grandes destaques da produção que, em termos de roteiro, apresenta o duelo entre os personagens de forma resumida e corrida, em meio a algumas alterações.
Com direito à tensão homossexual e linguajar por vezes vulgar, algo que o diferencia bastante do Sleuth setentista. A sequência em que Milo aparece disfarçado de inspetor já não era tão convincente assim no outro filme, e neste ficou um pouco mais forçada...
No geral, a modernização da trama foi bem-vinda, rendendo um bom passatempo. Mas ao contrário do que a maioria comentou, não gostei da performance de Jude Law. Achei-o o tempo todo fora do tom, caricato e até irritante.
Trama Diabólica
4.2 77Michael Caine é o rei dos thrillers sobre rivalidade entre cavalheiros, hein?! Conheci Trama Diabólica através da capa do DVD de Armadilha Mortal, que citava o clássico de Mankiewicz, produzido uma década antes, como sendo no mesmo estilo desse outro cult movie. Estrelou ainda o remake de 2007 e O Grande Truque, do Nolan (como coadjuvante). Aliás, lembra muito este último pelas tantas reviravoltas do roteiro, a maioria surpreendente e algumas bem previsíveis. Enfim, cada vez mais fã desse ator de talento monumental! Sobre o longa, basta dizer que são apenas dois gigantes da interpretação em um único cenário, basicamente. E essas 2h18min nunca ficam enfadonhas ou cansativas, graças ao roteiro inteligente e à direção de primeiríssima linha. Destaque para os diálogos sofisticados e para a participação do Marujo Alegre, hehe. Ótimo filme!
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraUm fenômeno justificável. Eis que, diante de tantas séries pretensiosas, surge uma que cativa o espectador pela nostalgia da mais saudosa das décadas. E como se não bastasse, Stranger Things parece ter sido produzida naquela época: da caracterização dos personagens aos sintetizadores em profusão na trilha sonora, tudo funciona em harmonia para te transportar até o ano de 1983. Foi amor à primeira tomada, com aquele céu estrelado digno da cena de abertura de todo filme B oitentista que se preze. A química do elenco mirim é incrível, mas o destaque fica por conta da revelação Millie Bobby Brown. Que garota sensacional! Finn Wolfhard e Gaten Matarazzo também tem muito futuro, e eu espero que essa criançada-prodígio não se perca no meio do caminho. Muito bom ver uma atriz maravilhosa como a Winona Ryder dando a volta por cima e totalmente imersa na pele da mãe aflita Joyce. É divertidíssimo captar as referências aqui e ali, bem como relembrar infância e pré-adolescência à base de muitos filmes que, de certa forma, foram homenageados por ST carinhosa e respeitosamente. Dois sentimentos de quem nasceu nos anos 80: gratidão pelos oito episódios e ansiedade pelos próximos!
Uma Mulher Sob Influência
4.3 159 Assista AgoraAssisti com muita expectativa devido à tão comentada performance de Gena Rowlands, eleita uma das melhores da história do cinema. De fato, é um trabalho primoroso, poderoso e explosivo duma grande atriz em sua melhor forma. Mas por algum motivo, não achei o filme essa obra-prima toda e Mabel acabou não me surpreendendo. Primeiramente, por esperar que a personagem fosse daquelas capazes de dizerem tudo o que uma pessoa considerada lúcida não diria.
Nesse caso, o ponto alto é o retorno para casa após o período de internação, os comentários à mesa na recepção que prepararam para ela.
O roteiro expõe o quanto a instabilidade emocional e o desequilíbrio mental da dona de casa estavam intimamente ligados ao comportamento dos que a cercavam e, diante de marido troglodita e impaciente, sogra controladora e dissimulada, a mesma não parecia tão inadequada assim. No fim, você acaba antipatizando com todos ao redor e torcendo pra que, de alguma forma, ela consiga se encaixar. Gena merecia aquele Oscar de atriz que Ellen Burstyn levou só por ter carregado o filme e o fardo de ser Mabel Longhetti nas costas.
A Outra
3.8 146Drama existencial dos bons, onde a grande Gena Rowlands interpreta uma mulher de meia-idade que vive numa espécie de negação e que vai descobrindo a si própria, juntamente com o espectador. A narrativa é exemplar ao revelar toda aquela superioridade e a suposta admiração que a mesma acreditava despertar nos que a cercavam dando lugar à frustração e insegurança. A aproximação com outra mulher, a frágil Hope (esperança?!), vivida por Mia Farrow, tira a protagonista do pedestal em que ela pensava pairar e a situa em um nível onde viver de aparências torna-se algo fora de questão. Um filme simples e direto ao ponto, talvez até um pouco curto. O elenco é brilhante e a sequência do sonho de Marion é magistral.
Para Maiores
2.1 1,4KOlha, já vi coisa bem pior... Não é uma boa comédia, mas também não é a bomba que muitos alegam. Confesso que ri das participações de Kate Winslet, Hugh Jackman, Naomi Watts e Halle Berry, ao mesmo tempo em que me perguntava se todos eles tavam com problema de aluguel atrasado, hahaha. É nonsense ao extremo e a maioria dos curtas não tem graça, mas até que serve como passatempo se o espectador estiver disposto a entrar na brincadeira, que vem a ser uma sátira à internet e a todo tipo de bizarrice nela encontrada. A única coisa que me incomodou foi o excesso de escatologias, mas se esse elenco consagrado topou entrar nessa, quem sou eu para julgá-lo?! Para Maiores pode ser considerado o 'Relatos Selvagens da Baixaria' (guardadas as devidas proporções, não me odeiem) e talvez nem merecesse o Framboesa de Ouro que levou na categoria principal...
Tiros na Broadway
3.8 122 Assista AgoraGrande comédia de Woody Allen, e que elenco formidável! Dianne Wiest tá maravilhosa na pele da diva Helen Sinclair e certamente mereceu levar mais este Oscar de coadjuvante. John Cusack mostra-se mais um brilhante alter ego do diretor e Chazz Palminteri surpreende ao longo da trama, no papel do mafioso que é tomado por uma inesperada verve artística, hahaha. Mas ouso dizer que minha personagem favorita do longa é a Olive. Jennifer Tilly tá engraçadíssima! Quem diria que, após ser indicada ao Oscar por Tiros na Broadway, ela ficaria 'imortalizada' como a noiva de Chucky poucos anos depois... O roteiro é excelente, equilibrando com perfeição a declaração de amor aos palcos e a crítica à falta de liberdade no processo de criação de uma obra. Um dos melhores filmes dirigidos por Allen na década de 90, talvez o melhor.
Pobre Olive, vítima da sua própria falta de talento. O assassinato foi chocante, mas pertinente diante da ironia que permeia Cheech e a transformação do personagem.
Pânico (2ª Temporada)
3.6 538Obviamente não é uma série imperdível, porém não acho uma total perda de tempo. A segunda temporada foi um pouco superior à primeira, mas derrapou nos últimos episódios até a revelação do assassino.
OK, Kieran era o psicopata e isso foi previsível, mas tinham sobrado tão poucos personagens relevantes que deu pra perdoar. Ou pelo menos pra encarar como uma homenagem ao longa de 1996, onde o namorado Billy era um dos serial killers mascarados.
Muitos foram os momentos marcantes desse ano, as referências estão por toda a parte e as mortes tornaram-se ainda mais violentas. Foi bacana o fato de cada episódio trazer o título de algum terror do passado, por mais que não tivesse muito a ver com o filme em questão e remetesse a algum outro, rs.
Impossível não lembrar do clássico Carrie, a Estranha na sequência em que Brooke leva um banho de sangue com a queda do cadáver de Jake.
Scream é assim mesmo: alterna momentos que satisfazem a memória afetiva de todo fã do gênero com outros, forçados e desnecessários, mas nunca deixa de ser uma produção carismática capaz de prender a atenção. As atuações seguem medianas, mas Willa Fitzgerald até que deu uma evoluída... No aguardo do especial de Halloween e esperando que este me surpreenda de alguma forma.
8½
4.3 409 Assista Agora'O cinema está atrasado 50 anos perante as outras artes.'
8½ é cinema sobre cinema pra quem ama cinema. Ama como arte, como experiência sensorial e não depende de obviedades e narrativas lineares pra apreciar o que há de tão maravilhoso nos filmes. Fellini faz uso de simbolismos geniais ao retratar a crise criativa e existencial do alter ego belissimamente interpretado por Mastroianni, bem como o anseio em desprender-se das amarras que o atormentavam. Em meio à confusão mental de Guido, imaginação, recordações passadas e o inquietante presente se cruzam em uma grande metalinguagem, que ainda abre espaço para tecer críticas à própria indústria cinematográfica e à Igreja Católica em seu berço. Obra absolutamente atemporal, com direção e fotografia impecáveis, é o primeiro Fellini que eu vejo e já quero mais.
Por Trás da Máscara: O Surgimento de Leslie Vernon
3.0 119Um slasher autorreferencial repleto de altos e baixos. Primeiramente, curti o estilo falso documentário, enaltecendo os grandes psicopatas cinematográficos das décadas de 70 e 80 como se os mesmos fossem reais. Há sacadas bem bacanas, que remetem principalmente à imortalidade e disposição física de Jason e Michael Myers. As participações de Zelda Rubinstein e do ícone Robert 'Freddy' Englund são mais do que especiais! Além disso, há personagens secundários carismáticos, onde se destacam o Eugene de Scott Wilson e sua esposa.
O mestre de Leslie Vernon e sua 'final girl', que se apaixonaram e casaram, hahaha.
Em contrapartida, os protagonistas são insuportáveis. Nathan Baesel faz do serial killer do título um bobalhão sem qualquer credibilidade, um engraçadinho de stand-up. Pior ainda é a atuação de Angela Goethals, que parece ter levado o papel a sério demais com suas caras e bocas de filme de arte. As cenas de morte são razoáveis, mas mesmo assim é uma produção divertida pra quem aprecia esse estilo. O recente Terror nos Bastidores é melhor, de qualquer maneira.
Armadilha Mortal
3.8 40Sabe aquele filme que você queria assistir há um bom tempo, mas não encontrava?! E que mesmo tendo expectativas altas, ele ainda é capaz de superá-las?! Que quando acaba, você fica louco pra assisti-lo novamente?! Que mesmo sabendo que as reviravoltas são muitas, ele nunca para de te surpreender?! Que pouca gente viu, mas deveria ser MUITO mais conhecido?! Sim, Armadilha Mortal é tudo isso e mais um pouco, na minha humilde opinião. Um exercício metalinguístico absurdamente inteligente, divertido, hipnotizante e ousado. Michael Caine, excepcional desde sempre, e Christopher Reeve em brilhante performance também. O tom teatral torna-se um aliado da narrativa (afinal de contas, o longa é baseado numa peça e mostra uma peça sendo criada), o que poderia ser um tiro no pé em termos de ritmo. Porém, o que vemos é justamente o contrário: uma produção envolvente e fluida, cujas duas horas voam em meio a tanta perspicácia, surpresas, direção magistral, elenco afiado e desfecho sarcástico. É um grande espetáculo, em todos os sentidos possíveis. Cinco estrelas e favorito, pra se cultuar e querer bem!
Setembro
3.6 106Drama intimista, cíclico e que vai evoluindo juntamente aos personagens, inicialmente (e propositalmente) apáticos. Gostei, mas o longa tem um quê de repetitivo dentro da filmografia de Woody Allen. Se destaca por passar-se em um único ambiente, onde os traumas vêm à tona e todos vão revelando suas faces reais. Mia Farrow brilha como protagonista, em um tom depressivo que desperta pena no espectador ao mesmo tempo em que pede por uns chacoalhões. Dianne Wiest e Elaine Stritch são as duas ladras de cena da produção, esta última com uma personagem egoísta e forte, que contrasta com a passividade e vitimismo de sua filha Lane. No mais, diálogos contundentes e tudo que se espera de um bom drama do prolífico cineasta, sem que ele atue no mesmo. Interiores é bem superior, mas nada que desqualifique Setembro e seu desfecho falsamente otimista.
Broadway Danny Rose
3.8 96É uma comédia bastante simpática, repleta de personagens divertidos, pitorescos e um tanto estereotipados (com destaque para os clientes do agente interpretado por Woody Allen e aquela italianada toda, rs). Confesso que só começou a empolgar quando a Tina Vitale de Mia Farrow entrou em cena, e não há como negar que sua caracterização é um dos pontos altos do filme. Além disso, roteiros onde um sujeito comum passa a ser perseguido devido a um mal-entendido costumam ser certeiros, sempre rendendo bons momentos e com Danny Rose não foi diferente! Como disseram aí embaixo, não chega a ser uma obra-prima do cineasta já que ele dirigiu grandes filmes nesse período, mas é uma produção de muita qualidade: história bem contada, bela fotografia e desfecho cativante.
Zelig
4.2 355Zelig, o personagem, é um pouco de cada um de nós, quando nos mantemos neutros a fim de evitar discussões ou mudamos de opinião conforme a maré, quando buscamos aceitação, quando abdicamos de nossa própria personalidade e individualidade. Zelig, o filme, é um falso documentário nada menos que magnífico, inteligente, divertido, ácido e originalíssimo. Confesso ter sido atingido em cheio pelas críticas expostas no longa que, além de tudo, é metalinguístico e atemporal. Os diálogos são geniais e a edição, impressionante: parece mesmo que a história do homem-metamorfose ambulante se passa nos anos 20 e 30, e o espectador até esquece por alguns instantes que trata-se de ficção. Como se não bastasse, ainda funciona como uma bela comédia romântica, graças à parceria (muito produtiva na época) entre os ótimos Woody e Mia Farrow. Sério, o diretor tava muito inspirado nessa fase!
Invocação do Mal 2
3.8 2,1K Assista AgoraJames Wan mantém o nível lá em cima nesta sequência e mostra mais uma vez o porquê de ser considerado o melhor diretor de filmes de terror da atualidade. O cara sabe criar uma atmosfera macabra, trazendo ângulos de câmera diferenciados, elegantes e surpreendentes. Além disso, é firme na condução de seu elenco, sobretudo o mirim: Madison Wolfe dá um show de atuação na pele da garota atormentada pelas entidades malignas de Enfield. Patrick Wilson e Vera Farmiga nasceram para interpretar o casal Warren e estão maravilhosos, destacando-se ainda mais do que na produção de 2013. Aliás, não falta romance, humor, suspense e drama, tudo muito bem equilibrado com o horror propriamente dito que, se demora um pouco a engrenar, quando chega é de fazer o espectador encolher-se na poltrona! Talvez perca pontos devido a alguns excessos e por pesar a mão no CGI (o Homem Torto que o diga), mas nada que o desqualifique como o melhor filme do gênero desde o lançamento do longa original. Não, não vou pagar de cult e dizer que (o superestimadíssimo) A Bruxa é o melhor do ano... Não mesmo.
Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão
3.4 103Lembra bastante a primeira fase da filmografia de Woody Allen, aquela do início da década de 70 com um humor mais bobalhão, mas sem deixar de lado os relacionamentos, as crises existenciais e os diálogos bem trabalhados. Digamos que o cineasta decai um pouco em relação a seus filmes anteriores, mas não chega a ofender. Ainda mais em se tratando de todas as referências à obra de Shakespeare, com o romantismo e o toque místico que Woody soube satirizar com a competência habitual. As cenas envolvendo Andrew e Adrian, na tentativa de esquentar a relação e salvar o casamento da suposta frigidez da personagem de Mary Steenburgen, são as mais engraçadas do filme! O desfecho é um tanto estranho, mas pertinente dentro do universo fantástico que o diretor tomou como base.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraSe eu gostei do filme?! Lógico, mas não achei extraordinário. DiCaprio mereceu o Oscar SIM e não só pelo conjunto da obra, lobby, campanha nas redes sociais, etc. Por mais que ele já tenha provado o quanto é brilhante inúmeras vezes, com atuações grandiosas em filmes superiores, há de se reconhecer seu empenho em dar vida a Hugh Glass naquele ambiente inóspito e em meio a sequências impressionantes, mesmo sem tantos diálogos. Aliás, O Regresso traz algumas cenas de cair o queixo (nem preciso citá-las) e estas são intercaladas por momentos tão arrastados e repetitivos, o que é uma pena... Fiquei pensando que, com uns 40 minutos a menos, o longa teria me conquistado bem mais! Além do ator do ano, o prêmio de melhor fotografia também foi muito merecido. É deslumbrante! E Tom Hardy bem que podia ter ficado com a estatueta de coadjuvante: sua performance é tão fantástica que, por muito pouco, não ofusca o nosso celebrado e oscarizado protagonista.
Memórias
4.0 168 Assista AgoraMemórias é outro que figura entre as melhores obras de Woody Allen, com seus diálogos maravilhosos e uma narrativa mais complexa, o que faz o espectador ter vontade de revê-lo logo em seguida pra pegar todas as referências, críticas e autocríticas. A metalinguagem infalível, a presença marcante de Charlotte Rampling e, é claro, aquela cinematografia em preto e branco fazem-no bastante especial e particular dentro do universo do diretor. Quanto a ser seu longa mais autobiográfico ou não, sempre fico com a impressão de que todos o são. Ou seja, isso é bem relativo! Poético e cínico, sincero e um tanto pretensioso, mas certamente um belíssimo filme. Ao contrário de alguns, achei que o desfecho ficou à altura do resto da obra e o meu interesse em conferir 8½ de Fellini só aumentou...
Interiores
4.0 230Um drama e tanto. As relações familiares mostradas no longa me lembraram Hannah e Suas Irmãs, que Woody Allen dirigiria quase uma década depois, mas em Interiores o tom é muito mais denso, amargo e realista. É a inveja, o descaso, o egoísmo, a depressão e a baixa autoestima que vão se revelando aos olhos do espectador perante uma simples separação. Geraldine Page tá excepcional no papel da designer de interiores que, digamos, expõe seu interior sem ressalvas, mesmo que a faça se tornar um fardo e acabe por afastar a todos. O contraponto, interpretado por Maureen Stapleton, também é interessantíssimo: uma mulher de meia-idade e com pouca bagagem cultural, mas feliz e cheia de vida, o que causa um inevitável desconforto nos disfuncionais e esnobes membros desse clã que Allen retratou com maestria. Fora isso, o desfecho na casa de praia é inesquecível...
Boneco do Mal
2.7 1,2K Assista AgoraNão é ruim como sugere a premissa, nem tampouco chega a ser um bom thriller. Quanto à reviravolta, não é ridícula mas também não se mostra tão imprevisível a meu ver. Digamos que há uma pista falsa, apenas.
Desconfiei que não fosse caso de possessão e que Malcolm era o verdadeiro Brahms, por mais que isso pareça óbvio demais a certa altura da trama...
Lauren Cohan é linda e até se esforça, porém sua personagem não convence. A relação entre a moça e o boneco, bem como seu entusiasmo quando eventos estranhos passam a ocorrer na mansão, soam estapafúrdios e inconsistentes. Confesso que os clichês do filme foram eficientes no que se refere aos sustos e eu tomei vários, mas isso é muito pouco diante dos furos no roteiro e da falta de competência na direção. Destaque para a tensão que se instala a partir do momento em que o mistério é revelado. Brahms e Annabelle combinam bastante: ambos são pouco dinâmicos e já podem se casar, hahaha.
Terror Nos Bastidores
3.4 447 Assista AgoraÉ a melhor sátira/homenagem a um subgênero cinematográfico dos últimos anos. Diversão pura pra quem é fã de slashers oitentistas, com tudo o que se tem direito: adolescentes interpretados por atores acima dos 30 anos, musiquinha característica a la Sexta-Feira 13, assassinatos, perseguições e hormônios em ebulição. Como se não bastasse, há uma metalinguagem esperta, os melhores clichês dos filmes de terror com psicopatas vingativos e ótimos recursos visuais, que tornam a trama ainda mais criativa.
Muito bacana o lance do flashback e dos créditos finais de Camp Bloodbath, o filme dentro do filme.
Além disso, ri muito de alguns diálogos propositalmente toscos e, é claro, dos estereotipados e safados personagens Kurt e Tina. Taissa Farmiga é muito carismática e o resto do elenco também não fica atrás, a trilha sonora é massa e o desfecho é de deixar um sorrisão no rosto do espectador. Adorei!
A Última Noite de Boris Grushenko
4.0 218 Assista AgoraBoris Grushenko encerra essa primeira fase de Woody Allen e antecede um de seus filmes mais celebrados e premiados, Annie Hall. O tom pastelão e nonsense rende momentos engraçadíssimos e, apesar de meu preferido ainda ser Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo..., dá pra entender o porquê dele ser considerado o ápice do cineasta dentre as produções dessa época.
Dei altas gargalhadas naquela cena em que Napoleão se apresenta à Boris e Sonja (supostamente a irmã de Don Francisco, hahaha).
Uma produção repleta de citações interessantes e com uma ótima química entre Allen e a maravilhosa Diane Keaton, além de caprichada no quesito direção de arte. Porém, ainda prefiro os longas que ele dirigiu a partir de Manhattan até o fim dos anos 80. Essa fase sim, o auge incontestável de sua filmografia!