Um Lugar Silencioso é um thriller poderoso que entrega o que promete: doses generosas de aflição como poucos do gênero na atualidade, contando com um Krasinski seguríssimo tanto na direção quanto na interpretação. Como já era esperado, a performance de Emily Blunt tá sensacional e sofremos junto a ela durante a hora e meia de perigo iminente. Outro acerto foi a inclusão de Millicent Simmonds no papel de Regan, ela mesma deficiente auditiva na vida real. Como o silêncio foi meticulosamente trabalhado, a tensão concentra-se nos detalhes e acaba potencializando cada um dos sustos capazes de fazerem o espectador encolher-se na poltrona.
Não encaro a gravidez de Evelyn como um furo ou forçação de barra no roteiro. Vejo mais como uma crítica e alusão ao controle de natalidade, já que gente engravidando sem condições é o que mais se vê por aí, não é mesmo?!
E, no longa, este é um dos fatores que nos fazem sofrer por antecedência tamanha empatia que adquirimos pela família Abbott. O desfecho abrupto de sequência engatilhada não faz muito o meu estilo, mas estão valendo as quatro estrelas e minha total admiração pela produção.
Independente do espectador identificar-se com as ideologias expostas na tela, é um belíssimo filme. E independente de certas atitudes pouco ortodoxas (algumas beiram a hipocrisia), Ben é um ótimo pai e transparece um amor mais do que palpável por seus filhos. Ponto para Viggo Mortensen como protagonista que, com muito talento e inteligência, deu vida a um personagem memorável em toda a sua complexidade. O elenco infantojuvenil atua com naturalidade e surpreende bastante, em especial o promissor George MacKay. Capitão Fantástico oferece ao público uma jornada reflexiva, emocional e envolvente, daquelas que nem deixam você perceber o tempo passar... E também me fez lembrar das obras de Wes Anderson num bom sentido, já que não curto muito o estilo peculiar do cineasta: estética semelhante, porém com maior profundidade de conteúdo e menos simetria, rs. O desfecho foi com chave de ouro, tamanha sensibilidade e equilíbrio.
La Bamba passava direto na TV aberta dos anos 90 e sabe-se lá o porquê de eu nunca ter assistido. Aproveitei a oportunidade dessa vez e conferi a trágica história de Ritchie Valens no canal Max Up. Como cinebiografia, é bem convencional e sustenta-se através da atuação do carismático Lou Diamond Phillips no papel do astro da música, bem como de suas energéticas apresentações com hits que marcaram o rock. Ou seja, garantia de uma trilha sonora de qualidade e, logicamente, um desfecho triste e já conhecido há décadas. Intitulado como 'o dia em que a música morreu', gostaria de ter visto um pouco mais de Buddy Holly e The Big Bopper no filme, apesar de compreender que a produção era sobre o intérprete de La Bamba, seus conflitos familiares, namorada, sucesso e desaparecimento. Pretendo ver A História de Buddy Holly (1978) em breve.
Filmaço nacional e, devo dizer, um dos melhores que eu já vi. Cinebiografia cativante, engraçada, ousada e muito bem produzida, do tipo que surpreende positivamente (e muito)! Vladimir Brichta tá excelente no papel do palhaço e, de fato, faz parte da diversão identificar os personagens na vida real, as emissoras e etc. Como um longa que traz Emanuelle Araújo dando as caras (não só as caras, rs) como a Rainha do Rebolado poderia ser menos que ótimo?! Como um filme estrelado por atores globais cujo roteiro retrata algumas fragilidades da toda poderosa rede de televisão poderia ser menos que brilhante?! Destaque também para as sempre competentes Leandra Leal e Ana Lúcia Torre, além da participação singela do saudoso Domingos Montagner. Achei o Cauã Martins idêntico à Tainá Müller e, assim como na história, o garoto parece filho dela. Bingo, o filme, é rico em referências aos bastidores da TV e emblemático ao retratar a louca década de 80, com uma deliciosa e nostálgica trilha sonora.
Que obra bonita! Me Chame Pelo Seu Nome é o filme com temática LGBT mais arrebatador desde Brokeback Mountain e, tal qual o já clássico dirigido por Ang Lee, merece ser visto por pais e filhos, independentemente da orientação sexual. Raro caso onde a lentidão está a serviço da história e não prejudicando o seu ritmo: tinha mesmo de ser assim, sutil e sem pressa, o encontro entre Elio e Oliver no ensolarado verão italiano. Impossível não ficar encantado com aquelas paisagens maravilhosas e com a trilha sonora. Mystery of Love é o tipo de balada melancólica que gruda na mente e insiste em não me abandonar por semanas. Em um mundo justo, teria levado o Oscar de canção original. Sobre Timothée Chalamet, eu só posso dizer que sua performance é impressionante em se tratando de um ator tão jovem e que, com muita maturidade, foi capaz de expressar o turbilhão de sentimentos com os quais Elio depara-se durante as mais de duas horas desse deleite cinematográfico. Armie Hammer e Michael Stuhlbarg também estão muito bem, sendo deste último o monólogo mais arrasador em anos.
Perlman viveu (ou abrir mão de viver quando jovem) algo semelhante ao que o filho experimentou ou apenas referia-se ao amor de forma geral?! Aberto a interpretações...
Essa quarta temporada é genial, a melhor até agora. É tanta reviravolta, violência, manipulação, tensão e sequências antológicas que só resta ao espectador aceitar que Breaking Bad é, de fato, uma das melhores séries já produzidas, melhorando a cada episódio. Diria também que essa Season Finale é uma das mais impactantes de que se têm notícia.
JAMAIS vou esquecer do sininho do Salamanca e do Gus Fring esbanjando estilo até na hora de morrer. Parecia até um ciborgue!
Continuo defendendo a Skyler e gostei do destaque que a Marie teve aqui, com suas neuroses e cleptomania. Anna Gunn e Betsy Brandt são duas ótimas atrizes pouco valorizadas no universo de BrBa, na minha opinião. Jesse Pinkman é um personagem bem complexo, capaz de despertar raiva a cada equívoco e compaixão pela dor e humanidade que Aaron Paul imprime a ele. E o que dizer da casa do viciado/criminoso com aquele mundaréu de gente?! Certeza que Aronofsky utilizou tal cenário como inspiração para seu controverso filme Mãe! Hahaha. O humor negro deu as caras em meio a todas as qualidades e surpresas já citadas. Degustando a saga de Walter Heisenberg White aos poucos, convicto de que não me decepcionarei com o desfecho.
Adoro essas listas de piores filmes de todos os tempos, pois você acaba se deparando com pérolas como The Room, Plan 9 e este Troll 2. E também constata que já viu coisa muito, muito pior. Confesso que me diverti horrores com duas das mais medonhas atuações femininas da história do cinema, com a trama absurda e gosmenta sobre trolls que na verdade são goblins, além dos efeitos práticos e da maquiagem tosca desse trash movie noventista. Um filme que mostra o lado perverso do vegetarianismo merece ser visto tamanha ousadia e coerência, hahaha. Sem contar que foi o responsável por gerar um meme eterno, daqueles que você fica imitando sem parar. Deu vontade de assistir ao documentário Best Worst Movie e ao Troll de 1986, mas esses são mais difíceis de garimpar...
Futuro clássico da Sessão da Tarde, sim ou claro?! E isso não é demérito algum! Filme muito bom, cativante demais e onde tudo funciona com perfeição. E esse elencão?! Jacob Tremblay é um talento, um fenômeno... Se ele já tinha deixado o mundo de queixo caído com O quarto de Jack, aqui ele consegue o feito extraordinário (inevitável, pois é) de transparecer toda a angústia e doçura de Auggie debaixo de uma maquiagem também extraordinária (rs). Desejo do fundo do coração que este garoto siga surpreendendo a cada novo trabalho e ganhe um Oscar antes dos 20 anos de idade. Julia maravilhosa no papel de mãe e Owen sendo Owen... Adorei a narrativa e acho que isso foi um diferencial e tanto, no sentido de mostrar o quanto a deformidade do menino afetava a todos, direta ou indiretamente, muitas vezes sem uma aparente ligação com um determinado personagem secundário. Belo final, que me remeteu ao telefilme biográfico Temple Grandin.
Bom thriller psicológico, que foge dos clichês e até subverte os mesmos. Joel Edgerton sai-se bem na direção e na atuação, com um personagem ameaçador e doentio na medida. A trama prende a atenção apesar de ser pouco dinâmica, já que alguns dos desdobramentos do encontro entre o casal e Gordo são inesperados. Fui pego de surpresa por alguns sustos, genuínos e eficientes, e também pelo desfecho com a vingança em si. Ah, aquele prato que se come frio!
Eis que o final aberto deixa o espectador na dúvida se o bebê seria o último presentinho de Gordo para o seu casal favorito... Já quero uma sequência com o resultado do exame de DNA, rs.
Enfim, nada genial ou memorável, mas certamente acima da média e diferente do que temos visto por aí em termos de suspense, com ideias requentadas e resultados previsíveis. Isso sem contar que as consequências do bullying sempre dão pano pra manga e pra reflexão, não é mesmo?!
Achei o episódio da mosca sensacional, pois é o que melhor sintetiza o que foi esta terceira temporada: a crise moral de Walter White ao sentir-se responsável por todo o caos ao redor em contraponto ao orgulho que passa a sentir pela droga pura que produz. Isso sem contar que rolou uma identificação imediata, já que sou desses que vão até as últimas consequências quando surge algum inseto indesejado, hahaha. Não entendo porque as pessoas detestam tanto a Skyler, ainda mais quando temos um Jesse Pinkman metendo os pés pelas mãos episódio sim, episódio também. As atitudes desse personagem me tiram do sério na maior parte do tempo!
Quanto à ex-esposa do protagonista, foi interessante esse arco no qual ela acaba se rendendo à ilegalidade e associando-se a Walter no esquema de lavagem de dinheiro. Apesar de tudo, ainda acho ela mais sensata do que WW e Pinkman juntos.
Saul continua engraçadinho, apesar de irritante. Os últimos dois capítulos são eletrizantes e só reforçam o quanto a série é bem dirigida e inteligente!
Assim como foi tenso ao extremo o ataque ao Hank, o amputado reconhecendo Heisenberg no hospital, além de outras sequências memoráveis desta temporada de BrBa.
William Hurt tá fantástico e levou um merecido prêmio da Academia. Inicialmente, e mesmo tendo conhecimento sobre o contexto histórico, político, cultural e cinematográfico do Brasil nos anos 80, causa um certo estranhamento o fato do longa ser falado em inglês com uma constelação de coadjuvantes globais surgindo a todo instante, rs. Babenco dirigiu com alma e coração essa história de cumplicidade e sofrimento durante a Ditadura, inserindo a Sétima Arte como uma deliciosa fuga para tempos difíceis (uma das razões que justificam nosso amor pelos filmes, não é mesmo?!). Raul Julia mostrou aqui o grande ator que era para além de Gomez Addams e nos faz lamentar ter partido tão cedo... E Sônia Braga surge encantadora e conquistando o mundo como a Mulher-Aranha do título. Triste, forte, inesperado e relevante ao tratar da homossexualidade, foi o mais próximo do Oscar que o Brasil conseguiu chegar até hoje. E lá se foram mais de três décadas...
É uma bela obra e diria que fiquei surpreso com a fluidez da narrativa, envolvente e coerente diante de todas as passagens de tempo. Confesso que fui assistir pela linda da Claire Danes, mas todos estão tão bem em seus respectivos papéis que fica até difícil decidir qual o maior destaque da produção: Liam Neeson tá ótimo como protagonista e Geoffrey Rush implacável como vilão, além da presença de Uma Thurman na pele da sofredora Fantine e deixando sua marca mesmo sem muito tempo de tela. Longa requintado que eu devia ter visto ainda nos anos 90 e, apesar de gostar de musicais, não faço a menor questão de conferir a versão de Tom Hooper para este clássico da literatura! Ainda assim, tiro meia estrela devido ao desfecho de Valjean e Javert, que não me convenceu tanto quanto as outras duas horas de filme...
A dificuldade em me apegar à séries fez com que eu assistisse à segunda temporada recém agora, anos após ter visto a primeira (aproveitando a ocasião dos 10 anos de estreia do piloto). Achei ainda melhor e com um ótimo desenvolvimento, apesar de lenta em alguns episódios. Na verdade, gosto do contraste entre a vida familiar de Walt com sua ascensão no mundo do tráfico e essa é a grande sacada de BrBa. Sem contar que vários momentos antológicos do programa estão nesta temporada...
Como esquecer da participação de Danny Trejo na pele (e cabeça) do informante Tortuga naquele episódio chocante?! Como não lembrar de Jesse e o menino com pais viciados?! E o que dizer do inesperado desastre aéreo da Season Finale?!
Ainda não posso afirmar que Breaking Bad é uma das melhores séries já produzidas, mas tendo em vista a evolução dela a cada capítulo, é bastante provável que eu concorde com os fanáticos de plantão daqui mais algum tempo... E não vou esperar anos até ver o resto! Rumo à terceira, é assim que fala?!
E quanto ao Saul Goodman, ele até tem algumas tiradas legais, mas ainda não vi nada que justifique o personagem ter sua própria série atualmente. Espero que o advogado picareta me surpreenda!
Que tem fixação pela mãe e arranca o seu seio a dentadas depois que zumbifica. Que sutileza, não?!
A maquiagem dos mortos-vivos até é boa e algumas mortes ficaram legais, com destaque para a decapitação de uma das personagens. Mas como era um fiapo de roteiro, deveriam ter se empenhado nas cenas em que o pessoal era atacado: tudo muito tosco, com gente que prefere gritar e arregalar os olhos ao invés de tentar escapar. O sangue é tão falso que serve pra lembrar o espectador de não levar o longa a sério em momento algum e o desfecho pessimista também deixou a desejar... Filme pouco expressivo dentro do subgênero, na minha humilde opinião.
Como já havia sido dito, filme ótimo sobre um filme ruim. Uma das comédias mais engraçadas que eu vi nos últimos anos, e que baita performance a do Franco! Senti pena, senti raiva, senti alguma empatia grande parte pela composição do ator/diretor, e me diverti muito com as situações absurdas em torno dos bastidores de The Room (que é ridiculamente impagável e merece ser visto numa sessão dupla com Artista do Desastre).
Já comecei a gargalhar logo no começo, com tamanha entrega de Wiseau ao interpretar Marlon Brando em Uma Rua Chamada Pecado, hahaha. Mas o auge, com certeza, foi a gravação de uma das cenas de sexo mais constrangedoras de que se tem notícia!
No fim, não é apenas um longa engraçado, mas também uma história de amizade e perseverança. Isso sem contar a metalinguagem e as participações especiais, o surgimento dos diálogos mais malucos e das sequências mais desconexas do cult movie de 2003. Enfim, é imperdível e funciona maravilhosamente bem.
Muito difícil de avaliar. O filme é ruim?! Em todos os sentidos. Eu poderia dizer que mais parece uma mistura de Cine Band Privé e novela mexicana, com pitadas de uma sitcom fracassada, mas seria uma descrição rasa pra uma obra dessa magnitude, hahaha. Poderia dar uma estrelinha pelos aspectos técnicos (!) ou cinco por ter me feito rir como há muito tempo uma comédia não era capaz (pelo menos até Artista do Desastre, que assisti em sequência e achei hilariante). Então lá vão três estrelas já que, apesar de ter me divertido muito, chega uma hora em que o fato do longa ser tão repetitivo começa a cansar o espectador. Até a risadinha do mito Wiseau passa a irritar. Mas o que são esses pequenos defeitos diante de tantas falas icônicas, cenas antológicas e falta de noção?! Os créditos vieram e eu ainda tava rindo... Vale uma segunda sessão de The Room, sim ou claro?! Aposto que esse marco na história do cinema só melhora com o tempo, rs.
Outro que figura entre os melhores filmes do ano passado e não teve a atenção que merecia nas premiações, apesar da consagração e do Oscar para Allison Janney. Realmente, LaVona entra pra aquele seleto grupo de mães execráveis do cinema junto com a da Preciosa, da Carrie e outras. Margot Robbie também tá brilhante, digna de todos os elogios e indicações. Apesar de todos os abusos e da violência, ri (ainda que de nervoso) em vários momentos e achei genial a narrativa intercalada por depoimentos de todos os envolvidos no fatídico incidente que marcou a história de Tonya Harding. Particularmente, curti muito as cenas de patinação e também a trilha sonora, na forma como fora inserida no longa. Envolvente, inacreditável, tragicômico e excepcional longa, diga-se de passagem.
Ótimo drama com interpretações de altíssimo nível. Ainda que meu coração torcesse pela Sally Hawkins, não dá pra dizer que a Frances badass não merecia o seu segundo Oscar de atriz, já que ela literalmente destrói tudo com a desorientação, o sofrimento e a revolta de Mildred. E temos Sam Rockwell finalmente sendo reconhecido pela Academia com um personagem difícil e de muitas camadas. A direção de Martin McDonagh é outro grande trunfo da produção e o mesmo era para ter sido indicado. Mas devo dizer que achei o roteiro bem irregular: ao mesmo tempo em que temos uma trama forte, impactante e com temáticas bastante atuais, vemos também algumas soluções folhetinescas que enfraqueceram a história da mãe inconformada e durona, do policial racista e de todos que os cercavam.
Achei aquela sequência em que Dixon fica sabendo sobre o estupro no bar um tanto forçada, aceitável em uma novela das 9, mas difícil de engolir em um longa com uma proposta realista e livre de clichês, como o desfecho apontou a seguir... Também não comprei 100% a cena do incêndio na delegacia pelas mesmas razões.
Mesmo assim, não deixa de ser um dos melhores filmes de 2017! Gostei muito do humor negro e das transformações que os personagens vão sofrendo diante do caos, da negligência e da violência.
Licença poética numa poesia em forma de filme ou em uma produção realista?! Tô de olho em você que reclama de Elisa ter livre acesso ao laboratório secreto em que trabalhava enquanto ignora as incoerências e barras forçadas no roteiro de Três Anúncios Para um Crime, o que supostamente é mais filme e deveria ter levado o Oscar. A Forma da Água é encantador, doce, triste, humano e talvez seu maior defeito seja os tempos cínicos em que fora lançado. Sally Hawkins é puro carisma e talento, sem necessitar de uma palavrinha sequer! Os coadjuvantes também estão sensacionais, com destaque para Richard Jenkins e Michael Shannon, dois grandes ladrões de cenas. Minhas expectativas tavam altas e, sinceramente, não tenho do que reclamar. O design da criatura impressiona, a trilha sonora é marcante e os cenários são maravilhosos. Sem entrar no mérito das acusações de plágio, vejo o longa como uma fábula bem sucedida ao misturar diversos gêneros cinematográficos, jamais propondo-se em ser extremamente original ou revolucionário. É uma ode ao diferente, à comunicação, à solidão, ao amor e ao cinema. Satisfeito com o prêmio máximo da Academia como há muitos anos não me sentia.
Um bom filme e uma história que mereceu (e muito) ser contada. Mas eu vou falar de Oscar sim! É fato que o prêmio só foi dado devido à importância da temática, já que como realização cinematográfica Spotlight não traz nada de tão marcante ou extraordinário. O ritmo é arrastado a ponto de fazer o espectador se distrair e perder o fio da meada, como dizem. E isto é algo que não ocorre com os incríveis O Quarto de Jack e Mad Max - Estrada da Fúria. Agora, vou me ater às qualidades do longa de Tom McCarthy. O elenco é fantástico e tal entrosamento mostra-se bastante palpável: há química e todos ali brilham quase que igualmente, com um leve destaque para o versátil Mark Ruffalo. A trilha sonora contribui para o tom aflitivo da obra em meio a algumas descobertas da equipe de jornalistas e a direção é bastante sóbria, desviando dos clichês de produções baseadas em fatos verídicos sempre que possível. De qualquer modo, gostaria de ter achado um filmaço e não foi o caso...
Nunca acompanhei a série, apesar de ter visto um ou outro episódio ao longo dos anos e, mesmo assim, me senti familiarizado aos personagens e à acidez da maioria das piadas. Em South Park, a zoeira não tem limites, para o bem e para o mal! A começar pelo subtítulo do filme, num duplo sentido hilariante, e nas críticas sempre pertinentes ao american way of life, à política mundial e às celebridades. É bem verdade que a produção pesa a mão na escatologia (e isto é algo que, de fato, me desagrada), mas até dá pra relevar quando não há espaço para o politicamente correto e a ousadia torna-se um de seus maiores trunfos. Afinal de contas, Saddam Hussein morreu muitos anos depois deste longa ter sido lançado, sendo que o tórrido caso de amor entre o ditador e o Capeta acaba por ofuscar os garotos protagonistas da história, rs. Curti as musiquinhas grudentas e a forma como a animação satiriza a si própria, através do polêmico filme de Terrance & Phillip.
La La Land é mais filme do que Moonlight, isso é um fato. O Oscar foi mais político do que nunca e teve toda aquela confusão no instante do anúncio do vencedor, mas nada disso tira os méritos deste drama honesto, sutil e repleto de sentimentos. Primeiramente, adorei o modo como a história se desenrola e a personalidade de Black vai sendo formada aos olhos do espectador com muitas entrelinhas de um segmento para o outro. Você pode até acusar o terceiro ato de ser inferior aos dois anteriores ou dizer que o desfecho é frustrante e tudo mais, mas caso tenha sido tocado pela trajetória de vida do personagem durante todo o filme, vai achar ainda mais admirável e significativa essa quebra de clichês. Mahershala Ali possui fortíssima presença em cena e foi digno dos prêmios que ganhou. Todo o elenco merece aplausos, bem como a fotografia que é extraordinária. E mil vezes Moonlight ter levado a estatueta máxima neste ano do que Spotlight no ano passado, rs.
Uma ideia bem executada, o que resultou num thriller eficiente ainda que supervalorizado. E não há nada de tão mirabolante e original no roteiro de Corra!
Muitos citam A Chave Mestra, mas lembrei bastante do sensacional Quero Ser John Malkovich (e olha que nem associei à presença da sempre ótima Catherine Keener com personagens dissimuladas em ambos os filmes).
A abordagem do racismo é realmente um diferencial dentro da história. Há perspicácia na forma como o tema foi conduzido pelo diretor, onde a discriminação velada vai dando lugar ao discurso de exaltação das qualidades da raça negra, como que homenageando-a paralelamente. Daniel Kaluuya defende muito bem o seu protagonista, com aqueles grandes e expressivos olhos. Confesso que senti aflição toda vez que os empregados misteriosos apareciam! O desfecho me deixou satisfeito, apenas. O alívio cômico, representado pelo amigo policial de Chris, é dispensável e ajuda a quebrar o clima de tensão. Bom, de qualquer forma.
Há de se reconhecer o empenho de Refn em criar algo bem diferente sobre o submundo da moda, abusando de simbolismos e utilizando uma estética que se sobrepõe ao próprio roteiro. Demônio de Neon consegue ser tão belo quanto repulsivo, enigmático e também um teste de paciência para o espectador. O ritmo é excessivamente arrastado até para uma produção que se pretenda experimental/conceitual como esta. Particularmente, gostei da trilha sonora sintética e estranha, além do visual estonteante (literalmente) dos cenários por onde Jesse e as outras beldades circulavam e fotografavam. Aliás, devo dizer, Elle Fanning é uma atriz bem mais interessante e ousada do que a irmã, hein?! Certamente, o futuro reserva muita coisa boa para ela se continuar com as escolhas nada óbvias que tem feito. Jena Malone também tá ótima como a misteriosa Ruby, enquanto Keanu Reeves e seu personagem pouco acrescentam à trama. Outro que nem deveria estar ali é Karl Glusman, ator limitado de uma expressão só. Confesso que curti o desfecho doentio e a forma inventiva como a inveja, a superficialidade e até a bulimia foram retratadas nesse ínterim.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraUm Lugar Silencioso é um thriller poderoso que entrega o que promete: doses generosas de aflição como poucos do gênero na atualidade, contando com um Krasinski seguríssimo tanto na direção quanto na interpretação. Como já era esperado, a performance de Emily Blunt tá sensacional e sofremos junto a ela durante a hora e meia de perigo iminente. Outro acerto foi a inclusão de Millicent Simmonds no papel de Regan, ela mesma deficiente auditiva na vida real. Como o silêncio foi meticulosamente trabalhado, a tensão concentra-se nos detalhes e acaba potencializando cada um dos sustos capazes de fazerem o espectador encolher-se na poltrona.
Não encaro a gravidez de Evelyn como um furo ou forçação de barra no roteiro. Vejo mais como uma crítica e alusão ao controle de natalidade, já que gente engravidando sem condições é o que mais se vê por aí, não é mesmo?!
E, no longa, este é um dos fatores que nos fazem sofrer por antecedência tamanha empatia que adquirimos pela família Abbott. O desfecho abrupto de sequência engatilhada não faz muito o meu estilo, mas estão valendo as quatro estrelas e minha total admiração pela produção.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraIndependente do espectador identificar-se com as ideologias expostas na tela, é um belíssimo filme. E independente de certas atitudes pouco ortodoxas (algumas beiram a hipocrisia), Ben é um ótimo pai e transparece um amor mais do que palpável por seus filhos. Ponto para Viggo Mortensen como protagonista que, com muito talento e inteligência, deu vida a um personagem memorável em toda a sua complexidade. O elenco infantojuvenil atua com naturalidade e surpreende bastante, em especial o promissor George MacKay. Capitão Fantástico oferece ao público uma jornada reflexiva, emocional e envolvente, daquelas que nem deixam você perceber o tempo passar... E também me fez lembrar das obras de Wes Anderson num bom sentido, já que não curto muito o estilo peculiar do cineasta: estética semelhante, porém com maior profundidade de conteúdo e menos simetria, rs. O desfecho foi com chave de ouro, tamanha sensibilidade e equilíbrio.
La Bamba
3.6 294 Assista AgoraLa Bamba passava direto na TV aberta dos anos 90 e sabe-se lá o porquê de eu nunca ter assistido. Aproveitei a oportunidade dessa vez e conferi a trágica história de Ritchie Valens no canal Max Up. Como cinebiografia, é bem convencional e sustenta-se através da atuação do carismático Lou Diamond Phillips no papel do astro da música, bem como de suas energéticas apresentações com hits que marcaram o rock. Ou seja, garantia de uma trilha sonora de qualidade e, logicamente, um desfecho triste e já conhecido há décadas. Intitulado como 'o dia em que a música morreu', gostaria de ter visto um pouco mais de Buddy Holly e The Big Bopper no filme, apesar de compreender que a produção era sobre o intérprete de La Bamba, seus conflitos familiares, namorada, sucesso e desaparecimento. Pretendo ver A História de Buddy Holly (1978) em breve.
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraFilmaço nacional e, devo dizer, um dos melhores que eu já vi. Cinebiografia cativante, engraçada, ousada e muito bem produzida, do tipo que surpreende positivamente (e muito)! Vladimir Brichta tá excelente no papel do palhaço e, de fato, faz parte da diversão identificar os personagens na vida real, as emissoras e etc. Como um longa que traz Emanuelle Araújo dando as caras (não só as caras, rs) como a Rainha do Rebolado poderia ser menos que ótimo?! Como um filme estrelado por atores globais cujo roteiro retrata algumas fragilidades da toda poderosa rede de televisão poderia ser menos que brilhante?! Destaque também para as sempre competentes Leandra Leal e Ana Lúcia Torre, além da participação singela do saudoso Domingos Montagner. Achei o Cauã Martins idêntico à Tainá Müller e, assim como na história, o garoto parece filho dela. Bingo, o filme, é rico em referências aos bastidores da TV e emblemático ao retratar a louca década de 80, com uma deliciosa e nostálgica trilha sonora.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraQue obra bonita! Me Chame Pelo Seu Nome é o filme com temática LGBT mais arrebatador desde Brokeback Mountain e, tal qual o já clássico dirigido por Ang Lee, merece ser visto por pais e filhos, independentemente da orientação sexual. Raro caso onde a lentidão está a serviço da história e não prejudicando o seu ritmo: tinha mesmo de ser assim, sutil e sem pressa, o encontro entre Elio e Oliver no ensolarado verão italiano. Impossível não ficar encantado com aquelas paisagens maravilhosas e com a trilha sonora. Mystery of Love é o tipo de balada melancólica que gruda na mente e insiste em não me abandonar por semanas. Em um mundo justo, teria levado o Oscar de canção original. Sobre Timothée Chalamet, eu só posso dizer que sua performance é impressionante em se tratando de um ator tão jovem e que, com muita maturidade, foi capaz de expressar o turbilhão de sentimentos com os quais Elio depara-se durante as mais de duas horas desse deleite cinematográfico. Armie Hammer e Michael Stuhlbarg também estão muito bem, sendo deste último o monólogo mais arrasador em anos.
Perlman viveu (ou abrir mão de viver quando jovem) algo semelhante ao que o filho experimentou ou apenas referia-se ao amor de forma geral?! Aberto a interpretações...
Breaking Bad (4ª Temporada)
4.7 1,2K Assista AgoraEssa quarta temporada é genial, a melhor até agora. É tanta reviravolta, violência, manipulação, tensão e sequências antológicas que só resta ao espectador aceitar que Breaking Bad é, de fato, uma das melhores séries já produzidas, melhorando a cada episódio. Diria também que essa Season Finale é uma das mais impactantes de que se têm notícia.
JAMAIS vou esquecer do sininho do Salamanca e do Gus Fring esbanjando estilo até na hora de morrer. Parecia até um ciborgue!
Continuo defendendo a Skyler e gostei do destaque que a Marie teve aqui, com suas neuroses e cleptomania. Anna Gunn e Betsy Brandt são duas ótimas atrizes pouco valorizadas no universo de BrBa, na minha opinião. Jesse Pinkman é um personagem bem complexo, capaz de despertar raiva a cada equívoco e compaixão pela dor e humanidade que Aaron Paul imprime a ele. E o que dizer da casa do viciado/criminoso com aquele mundaréu de gente?! Certeza que Aronofsky utilizou tal cenário como inspiração para seu controverso filme Mãe! Hahaha. O humor negro deu as caras em meio a todas as qualidades e surpresas já citadas. Degustando a saga de Walter Heisenberg White aos poucos, convicto de que não me decepcionarei com o desfecho.
Troll 2
2.7 69 Assista AgoraAdoro essas listas de piores filmes de todos os tempos, pois você acaba se deparando com pérolas como The Room, Plan 9 e este Troll 2. E também constata que já viu coisa muito, muito pior. Confesso que me diverti horrores com duas das mais medonhas atuações femininas da história do cinema, com a trama absurda e gosmenta sobre trolls que na verdade são goblins, além dos efeitos práticos e da maquiagem tosca desse trash movie noventista. Um filme que mostra o lado perverso do vegetarianismo merece ser visto tamanha ousadia e coerência, hahaha. Sem contar que foi o responsável por gerar um meme eterno, daqueles que você fica imitando sem parar. Deu vontade de assistir ao documentário Best Worst Movie e ao Troll de 1986, mas esses são mais difíceis de garimpar...
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraFuturo clássico da Sessão da Tarde, sim ou claro?! E isso não é demérito algum! Filme muito bom, cativante demais e onde tudo funciona com perfeição. E esse elencão?! Jacob Tremblay é um talento, um fenômeno... Se ele já tinha deixado o mundo de queixo caído com O quarto de Jack, aqui ele consegue o feito extraordinário (inevitável, pois é) de transparecer toda a angústia e doçura de Auggie debaixo de uma maquiagem também extraordinária (rs). Desejo do fundo do coração que este garoto siga surpreendendo a cada novo trabalho e ganhe um Oscar antes dos 20 anos de idade. Julia maravilhosa no papel de mãe e Owen sendo Owen... Adorei a narrativa e acho que isso foi um diferencial e tanto, no sentido de mostrar o quanto a deformidade do menino afetava a todos, direta ou indiretamente, muitas vezes sem uma aparente ligação com um determinado personagem secundário. Belo final, que me remeteu ao telefilme biográfico Temple Grandin.
As referências à saga Star Wars foram sensacionais e a presença de Chewbacca foi a cereja no topo do bolo!
O Presente
3.4 832 Assista AgoraBom thriller psicológico, que foge dos clichês e até subverte os mesmos. Joel Edgerton sai-se bem na direção e na atuação, com um personagem ameaçador e doentio na medida. A trama prende a atenção apesar de ser pouco dinâmica, já que alguns dos desdobramentos do encontro entre o casal e Gordo são inesperados. Fui pego de surpresa por alguns sustos, genuínos e eficientes, e também pelo desfecho com a vingança em si. Ah, aquele prato que se come frio!
Eis que o final aberto deixa o espectador na dúvida se o bebê seria o último presentinho de Gordo para o seu casal favorito... Já quero uma sequência com o resultado do exame de DNA, rs.
Enfim, nada genial ou memorável, mas certamente acima da média e diferente do que temos visto por aí em termos de suspense, com ideias requentadas e resultados previsíveis. Isso sem contar que as consequências do bullying sempre dão pano pra manga e pra reflexão, não é mesmo?!
Breaking Bad (3ª Temporada)
4.6 838Achei o episódio da mosca sensacional, pois é o que melhor sintetiza o que foi esta terceira temporada: a crise moral de Walter White ao sentir-se responsável por todo o caos ao redor em contraponto ao orgulho que passa a sentir pela droga pura que produz. Isso sem contar que rolou uma identificação imediata, já que sou desses que vão até as últimas consequências quando surge algum inseto indesejado, hahaha. Não entendo porque as pessoas detestam tanto a Skyler, ainda mais quando temos um Jesse Pinkman metendo os pés pelas mãos episódio sim, episódio também. As atitudes desse personagem me tiram do sério na maior parte do tempo!
Quanto à ex-esposa do protagonista, foi interessante esse arco no qual ela acaba se rendendo à ilegalidade e associando-se a Walter no esquema de lavagem de dinheiro. Apesar de tudo, ainda acho ela mais sensata do que WW e Pinkman juntos.
Saul continua engraçadinho, apesar de irritante. Os últimos dois capítulos são eletrizantes e só reforçam o quanto a série é bem dirigida e inteligente!
Assim como foi tenso ao extremo o ataque ao Hank, o amputado reconhecendo Heisenberg no hospital, além de outras sequências memoráveis desta temporada de BrBa.
O Beijo da Mulher-Aranha
3.9 256 Assista AgoraWilliam Hurt tá fantástico e levou um merecido prêmio da Academia. Inicialmente, e mesmo tendo conhecimento sobre o contexto histórico, político, cultural e cinematográfico do Brasil nos anos 80, causa um certo estranhamento o fato do longa ser falado em inglês com uma constelação de coadjuvantes globais surgindo a todo instante, rs. Babenco dirigiu com alma e coração essa história de cumplicidade e sofrimento durante a Ditadura, inserindo a Sétima Arte como uma deliciosa fuga para tempos difíceis (uma das razões que justificam nosso amor pelos filmes, não é mesmo?!). Raul Julia mostrou aqui o grande ator que era para além de Gomez Addams e nos faz lamentar ter partido tão cedo... E Sônia Braga surge encantadora e conquistando o mundo como a Mulher-Aranha do título. Triste, forte, inesperado e relevante ao tratar da homossexualidade, foi o mais próximo do Oscar que o Brasil conseguiu chegar até hoje. E lá se foram mais de três décadas...
Os Miseráveis
4.0 263 Assista AgoraÉ uma bela obra e diria que fiquei surpreso com a fluidez da narrativa, envolvente e coerente diante de todas as passagens de tempo. Confesso que fui assistir pela linda da Claire Danes, mas todos estão tão bem em seus respectivos papéis que fica até difícil decidir qual o maior destaque da produção: Liam Neeson tá ótimo como protagonista e Geoffrey Rush implacável como vilão, além da presença de Uma Thurman na pele da sofredora Fantine e deixando sua marca mesmo sem muito tempo de tela. Longa requintado que eu devia ter visto ainda nos anos 90 e, apesar de gostar de musicais, não faço a menor questão de conferir a versão de Tom Hooper para este clássico da literatura! Ainda assim, tiro meia estrela devido ao desfecho de Valjean e Javert, que não me convenceu tanto quanto as outras duas horas de filme...
Breaking Bad (2ª Temporada)
4.5 774A dificuldade em me apegar à séries fez com que eu assistisse à segunda temporada recém agora, anos após ter visto a primeira (aproveitando a ocasião dos 10 anos de estreia do piloto). Achei ainda melhor e com um ótimo desenvolvimento, apesar de lenta em alguns episódios. Na verdade, gosto do contraste entre a vida familiar de Walt com sua ascensão no mundo do tráfico e essa é a grande sacada de BrBa. Sem contar que vários momentos antológicos do programa estão nesta temporada...
Como esquecer da participação de Danny Trejo na pele (e cabeça) do informante Tortuga naquele episódio chocante?! Como não lembrar de Jesse e o menino com pais viciados?! E o que dizer do inesperado desastre aéreo da Season Finale?!
Ainda não posso afirmar que Breaking Bad é uma das melhores séries já produzidas, mas tendo em vista a evolução dela a cada capítulo, é bastante provável que eu concorde com os fanáticos de plantão daqui mais algum tempo... E não vou esperar anos até ver o resto! Rumo à terceira, é assim que fala?!
Sem a Jane, felizmente.
E quanto ao Saul Goodman, ele até tem algumas tiradas legais, mas ainda não vi nada que justifique o personagem ter sua própria série atualmente. Espero que o advogado picareta me surpreenda!
A Noite do Terror
3.3 96Vale pelas bizarrices todas, com zumbis organizados e mais inteligentes que os humanos e, é claro, Michael, o menino-anão...
Que tem fixação pela mãe e arranca o seu seio a dentadas depois que zumbifica. Que sutileza, não?!
A maquiagem dos mortos-vivos até é boa e algumas mortes ficaram legais, com destaque para a decapitação de uma das personagens. Mas como era um fiapo de roteiro, deveriam ter se empenhado nas cenas em que o pessoal era atacado: tudo muito tosco, com gente que prefere gritar e arregalar os olhos ao invés de tentar escapar. O sangue é tão falso que serve pra lembrar o espectador de não levar o longa a sério em momento algum e o desfecho pessimista também deixou a desejar... Filme pouco expressivo dentro do subgênero, na minha humilde opinião.
Artista do Desastre
3.8 554 Assista AgoraComo já havia sido dito, filme ótimo sobre um filme ruim. Uma das comédias mais engraçadas que eu vi nos últimos anos, e que baita performance a do Franco! Senti pena, senti raiva, senti alguma empatia grande parte pela composição do ator/diretor, e me diverti muito com as situações absurdas em torno dos bastidores de The Room (que é ridiculamente impagável e merece ser visto numa sessão dupla com Artista do Desastre).
Já comecei a gargalhar logo no começo, com tamanha entrega de Wiseau ao interpretar Marlon Brando em Uma Rua Chamada Pecado, hahaha. Mas o auge, com certeza, foi a gravação de uma das cenas de sexo mais constrangedoras de que se tem notícia!
No fim, não é apenas um longa engraçado, mas também uma história de amizade e perseverança. Isso sem contar a metalinguagem e as participações especiais, o surgimento dos diálogos mais malucos e das sequências mais desconexas do cult movie de 2003. Enfim, é imperdível e funciona maravilhosamente bem.
The Room
2.3 492Muito difícil de avaliar. O filme é ruim?! Em todos os sentidos. Eu poderia dizer que mais parece uma mistura de Cine Band Privé e novela mexicana, com pitadas de uma sitcom fracassada, mas seria uma descrição rasa pra uma obra dessa magnitude, hahaha. Poderia dar uma estrelinha pelos aspectos técnicos (!) ou cinco por ter me feito rir como há muito tempo uma comédia não era capaz (pelo menos até Artista do Desastre, que assisti em sequência e achei hilariante). Então lá vão três estrelas já que, apesar de ter me divertido muito, chega uma hora em que o fato do longa ser tão repetitivo começa a cansar o espectador. Até a risadinha do mito Wiseau passa a irritar. Mas o que são esses pequenos defeitos diante de tantas falas icônicas, cenas antológicas e falta de noção?! Os créditos vieram e eu ainda tava rindo... Vale uma segunda sessão de The Room, sim ou claro?! Aposto que esse marco na história do cinema só melhora com o tempo, rs.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraOutro que figura entre os melhores filmes do ano passado e não teve a atenção que merecia nas premiações, apesar da consagração e do Oscar para Allison Janney. Realmente, LaVona entra pra aquele seleto grupo de mães execráveis do cinema junto com a da Preciosa, da Carrie e outras. Margot Robbie também tá brilhante, digna de todos os elogios e indicações. Apesar de todos os abusos e da violência, ri (ainda que de nervoso) em vários momentos e achei genial a narrativa intercalada por depoimentos de todos os envolvidos no fatídico incidente que marcou a história de Tonya Harding. Particularmente, curti muito as cenas de patinação e também a trilha sonora, na forma como fora inserida no longa. Envolvente, inacreditável, tragicômico e excepcional longa, diga-se de passagem.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraÓtimo drama com interpretações de altíssimo nível. Ainda que meu coração torcesse pela Sally Hawkins, não dá pra dizer que a Frances badass não merecia o seu segundo Oscar de atriz, já que ela literalmente destrói tudo com a desorientação, o sofrimento e a revolta de Mildred. E temos Sam Rockwell finalmente sendo reconhecido pela Academia com um personagem difícil e de muitas camadas. A direção de Martin McDonagh é outro grande trunfo da produção e o mesmo era para ter sido indicado. Mas devo dizer que achei o roteiro bem irregular: ao mesmo tempo em que temos uma trama forte, impactante e com temáticas bastante atuais, vemos também algumas soluções folhetinescas que enfraqueceram a história da mãe inconformada e durona, do policial racista e de todos que os cercavam.
Achei aquela sequência em que Dixon fica sabendo sobre o estupro no bar um tanto forçada, aceitável em uma novela das 9, mas difícil de engolir em um longa com uma proposta realista e livre de clichês, como o desfecho apontou a seguir... Também não comprei 100% a cena do incêndio na delegacia pelas mesmas razões.
Mesmo assim, não deixa de ser um dos melhores filmes de 2017! Gostei muito do humor negro e das transformações que os personagens vão sofrendo diante do caos, da negligência e da violência.
A Forma da Água
3.9 2,7KLicença poética numa poesia em forma de filme ou em uma produção realista?! Tô de olho em você que reclama de Elisa ter livre acesso ao laboratório secreto em que trabalhava enquanto ignora as incoerências e barras forçadas no roteiro de Três Anúncios Para um Crime, o que supostamente é mais filme e deveria ter levado o Oscar. A Forma da Água é encantador, doce, triste, humano e talvez seu maior defeito seja os tempos cínicos em que fora lançado. Sally Hawkins é puro carisma e talento, sem necessitar de uma palavrinha sequer! Os coadjuvantes também estão sensacionais, com destaque para Richard Jenkins e Michael Shannon, dois grandes ladrões de cenas. Minhas expectativas tavam altas e, sinceramente, não tenho do que reclamar. O design da criatura impressiona, a trilha sonora é marcante e os cenários são maravilhosos. Sem entrar no mérito das acusações de plágio, vejo o longa como uma fábula bem sucedida ao misturar diversos gêneros cinematográficos, jamais propondo-se em ser extremamente original ou revolucionário. É uma ode ao diferente, à comunicação, à solidão, ao amor e ao cinema. Satisfeito com o prêmio máximo da Academia como há muitos anos não me sentia.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraUm bom filme e uma história que mereceu (e muito) ser contada. Mas eu vou falar de Oscar sim! É fato que o prêmio só foi dado devido à importância da temática, já que como realização cinematográfica Spotlight não traz nada de tão marcante ou extraordinário. O ritmo é arrastado a ponto de fazer o espectador se distrair e perder o fio da meada, como dizem. E isto é algo que não ocorre com os incríveis O Quarto de Jack e Mad Max - Estrada da Fúria. Agora, vou me ater às qualidades do longa de Tom McCarthy. O elenco é fantástico e tal entrosamento mostra-se bastante palpável: há química e todos ali brilham quase que igualmente, com um leve destaque para o versátil Mark Ruffalo. A trilha sonora contribui para o tom aflitivo da obra em meio a algumas descobertas da equipe de jornalistas e a direção é bastante sóbria, desviando dos clichês de produções baseadas em fatos verídicos sempre que possível. De qualquer modo, gostaria de ter achado um filmaço e não foi o caso...
South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes
3.9 316 Assista AgoraNunca acompanhei a série, apesar de ter visto um ou outro episódio ao longo dos anos e, mesmo assim, me senti familiarizado aos personagens e à acidez da maioria das piadas. Em South Park, a zoeira não tem limites, para o bem e para o mal! A começar pelo subtítulo do filme, num duplo sentido hilariante, e nas críticas sempre pertinentes ao american way of life, à política mundial e às celebridades. É bem verdade que a produção pesa a mão na escatologia (e isto é algo que, de fato, me desagrada), mas até dá pra relevar quando não há espaço para o politicamente correto e a ousadia torna-se um de seus maiores trunfos. Afinal de contas, Saddam Hussein morreu muitos anos depois deste longa ter sido lançado, sendo que o tórrido caso de amor entre o ditador e o Capeta acaba por ofuscar os garotos protagonistas da história, rs. Curti as musiquinhas grudentas e a forma como a animação satiriza a si própria, através do polêmico filme de Terrance & Phillip.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraLa La Land é mais filme do que Moonlight, isso é um fato. O Oscar foi mais político do que nunca e teve toda aquela confusão no instante do anúncio do vencedor, mas nada disso tira os méritos deste drama honesto, sutil e repleto de sentimentos. Primeiramente, adorei o modo como a história se desenrola e a personalidade de Black vai sendo formada aos olhos do espectador com muitas entrelinhas de um segmento para o outro. Você pode até acusar o terceiro ato de ser inferior aos dois anteriores ou dizer que o desfecho é frustrante e tudo mais, mas caso tenha sido tocado pela trajetória de vida do personagem durante todo o filme, vai achar ainda mais admirável e significativa essa quebra de clichês. Mahershala Ali possui fortíssima presença em cena e foi digno dos prêmios que ganhou. Todo o elenco merece aplausos, bem como a fotografia que é extraordinária. E mil vezes Moonlight ter levado a estatueta máxima neste ano do que Spotlight no ano passado, rs.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraUma ideia bem executada, o que resultou num thriller eficiente ainda que supervalorizado. E não há nada de tão mirabolante e original no roteiro de Corra!
Muitos citam A Chave Mestra, mas lembrei bastante do sensacional Quero Ser John Malkovich (e olha que nem associei à presença da sempre ótima Catherine Keener com personagens dissimuladas em ambos os filmes).
A abordagem do racismo é realmente um diferencial dentro da história. Há perspicácia na forma como o tema foi conduzido pelo diretor, onde a discriminação velada vai dando lugar ao discurso de exaltação das qualidades da raça negra, como que homenageando-a paralelamente. Daniel Kaluuya defende muito bem o seu protagonista, com aqueles grandes e expressivos olhos. Confesso que senti aflição toda vez que os empregados misteriosos apareciam! O desfecho me deixou satisfeito, apenas. O alívio cômico, representado pelo amigo policial de Chris, é dispensável e ajuda a quebrar o clima de tensão. Bom, de qualquer forma.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraHá de se reconhecer o empenho de Refn em criar algo bem diferente sobre o submundo da moda, abusando de simbolismos e utilizando uma estética que se sobrepõe ao próprio roteiro. Demônio de Neon consegue ser tão belo quanto repulsivo, enigmático e também um teste de paciência para o espectador. O ritmo é excessivamente arrastado até para uma produção que se pretenda experimental/conceitual como esta. Particularmente, gostei da trilha sonora sintética e estranha, além do visual estonteante (literalmente) dos cenários por onde Jesse e as outras beldades circulavam e fotografavam. Aliás, devo dizer, Elle Fanning é uma atriz bem mais interessante e ousada do que a irmã, hein?! Certamente, o futuro reserva muita coisa boa para ela se continuar com as escolhas nada óbvias que tem feito. Jena Malone também tá ótima como a misteriosa Ruby, enquanto Keanu Reeves e seu personagem pouco acrescentam à trama. Outro que nem deveria estar ali é Karl Glusman, ator limitado de uma expressão só. Confesso que curti o desfecho doentio e a forma inventiva como a inveja, a superficialidade e até a bulimia foram retratadas nesse ínterim.