É inteligente por misturar sci-fi com comédia, política com romance, tecnologia com filosofia e se sair bem nessa miscelânea toda. Tem cenas hilariantes (especialmente aquelas onde Miles precisa fugir de seus perseguidores), e ainda tem Diane Keaton no auge da beleza e iniciando essa parceria lendária com o diretor/ator. A ambientação e caracterização dos personagens, bem como a sempre curiosa visão futurista tornam tudo ainda mais divertido e digno de ser conferido em qualquer época. Os diálogos são afiados, como era de se esperar, e é notável o quanto Allen era visionário ao trabalhar tantas referências e críticas em meio a elementos absurdos, mas que no fundo nem soam tão absurdos assim diante do domínio que ele já tinha ao conduzir um bom roteiro.
Dessa primeira fase do Woody Allen, com humor mais escrachado e muito nonsense, esse foi o que eu mais gostei dentre os quais assisti. Talvez minha queda por filmes compostos de diversas e pequenas histórias tenha prevalecido, mas a verdade é que o diretor fez tudo certo aqui, e o humor, de fato, funciona! Já conhecia algumas cenas do filme sem nunca tê-lo assistido e isso já é um indicativo de que ele marcou a história das comédias no cinema... É original, transgressor, bizarro, às vezes constrangedor e o principal: é engraçado! Quase impossível não rir da ovelha seduzindo de cinta-liga, do casal que só conseguia se satisfazer sexualmente em público, do homem que se veste de mulher e, é claro, do multifacetado Woody interpretando um espermatozoide no orgasmo clássico que encerra esta ótima comédia.
Sátira sempre atual às ditaduras latino-americanas, mesmo depois de 45 anos (por que será?!). Confesso que essa atemporalidade da temática foi o que mais me chamou a atenção, já que o humor, no geral, soou um tanto exagerado e, muitas vezes, mais parecia um filme d'Os Trapalhões e não do Woody Allen. Portanto, achei um pouco sem graça apesar de ter curtido o roteiro, as cenas envolvendo a mídia e sua falta de limites, as neuroses típicas do protagonista e a sequência do julgamento. A piadinha sobre pedofilia foi válida, o que vindo do controverso Woody não é pouco, hahaha. Também me surpreendi com a pequena participação do Stallone e considero Bananas pouco marcante na extensa filmografia do cineasta, ainda que um bom filme por estar entre os primeiros dele.
Mesmo amando Almodóvar, ainda não havia conferido este último filme dele, o que pude fazê-lo outro dia no canal Max. Tantas críticas negativas, mas não é que eu gostei?! Tudo bem, tá longe da genialidade e da maturidade das obras que o cineasta lançou a partir do final dos anos 90. Mas é divertido, depravado e despretensioso como alguns filmes mais antigos dele. As participações especiais são a cereja do bolo, o elenco é brilhante e tá muito à vontade em meio a esse voo repleto de situações absurdas! Os comissários de bordo roubam a cena e são os responsáveis pelas melhores piadas, rs. Os créditos iniciais são bacanas também. Mas já quero Julieta e um Almodóvar menos brincalhão e mais passional, que é o que sempre iremos preferir, não é mesmo?!
Carol é um romance sutil e classudo (mas claro, uma das protagonistas é a Cate Blanchett, queriam o que?!), tendo me agradado bastante. É um filme lento, de passagens longas e sem acontecimentos impactantes, mas isso não é demérito em momento algum. Primeiramente, a fotografia é sensacional e as atrizes estão ótimas, como já era de se esperar. Rooney também tava digna de Oscar, por mais que não fosse exatamente coadjuvante tal qual Alicia Vikander, e Cate... bem, ela sempre merece todos os prêmios, por mais que Brie Larson tenha merecido imensamente a estatueta neste ano. O desenrolar da trama é conduzido com habilidade por Todd Haynes e a sequência de sexo entre Carol e Therese é bela, elegante, cheia de naturalidade. A verdadeira intensidade tá nas entrelinhas, no desejo reprimido, nos sorrisos e nas muitas trocas de olhares entre ambas! Pra quem não achou Azul é a Cor Mais Quente tão incrível assim ou se chocou com uma ou outra cena, pode assistir Carol sem medo, certamente um filme melhor e mais enxuto. Apenas para efeito de comparação...
Brooklyn me surpreendeu por fugir de clichês e por ser um romance que de bobinho não tem nada. É sim um filme romântico, cativante, belo em todos os sentidos, mas acima de tudo é uma história de amadurecimento, desapego, coragem e escolhas. 'Sircha' Ronan surge encantadora no papel de Eilis! Sua interpretação é, ao mesmo tempo, delicada e forte, fazendo com que o público torça para que a moça encontre seu lugar ao sol e supere as dificuldades após ter deixado sua terra.
O desfecho é o que diferencia o longa da maioria dos dramas românticos, sendo que o amor não é mais a principal motivação. No caso, Eilis decide retornar à América para não arriscar perder tudo o que conquistou e, em meio a isso, seu reencontro com Tony seria uma consequência natural de sua decisão.
Reconstituição de época digníssima de nota e um excelente elenco de coadjuvantes, que vão desde veteranos do cinema britânico (mal reconheci a Julie Walters) à astros do momento (Domhnall Gleeson tá em todas mesmo). Diria que o conjunto tá em perfeita sintonia com os expressivos olhos da protagonista!
Mesmo conhecendo a história trágica e marcante de Selena, e apesar do filme ter passado inúmeras vezes na TV aberta ao longo dos anos, eu só fui assistir agora num dos canais HBO. É uma cinebiografia convencional, bonita e envolvente. Jennifer Lopez tá muito convincente na pele da protagonista e não só em termos de semelhança física. Sua atuação é vibrante e pode-se dizer que, na época, ela era promissora como atriz. Outra que atuou bem foi a menina que interpreta Selena quando criança, além de Edward James Olmos no papel do pai, agente e incentivador da carreira da filha. Faltou explorarem melhor a relação da cantora com a presidente de seu fã-clube e também achei esse clímax meio apressado, enquanto algumas cenas pouco acrescentaram à trama ou ficaram repetitivas. Mas o filme é bom e as performances musicais são muito cativantes.
Uma obra-prima e o filme de horror mais assustador dos últimos anos, segundo a crítica. Uma grande porcaria, segundo a geração CGI que se satisfaz com sustinhos fáceis. Na minha humilde opinião, acho que A Bruxa fica ali no meio disso tudo. É sim um longa bem produzido, com uma fotografia exemplar para o gênero, uma excelente atuação da revelação Anya Taylor-Joy, assim como das crianças que interpretaram seus irmãos. O elenco adulto já não foi tão convincente assim, fora que ficaram devendo no quesito carisma. O roteiro é intrigante, seja com relação à abordagem da alienação religiosa, seja quanto a elementos inerentes à prática da bruxaria (e a figura da bruxa nos contos clássicos). Mas de aterrorizante o filme não tem quase nada, o ritmo é arrastado para uma hora e meia de duração e o desfecho é decepcionante. Ainda diria que a última cena é um tanto ridícula e desnecessária, rs. No fim, era mais marketing do que algo propriamente especial, tal qual o remake de A Morte do Demônio. Entre mediano e bom, apenas!
Lembrei da Gloria Pires no Oscar falando sobre a Charlotte: 'Nossaaa, que desempenho... fabuloso.' Hahahaha. Memes à parte, a atriz tá irretocável em 45 Anos com uma performance contida, poderosa, difícil de esquecer. Sua indicação foi bastante merecida e se não fosse a maravilhosa Brie Larson... Enfim, ela carrega o filme nas costas e seu olhar diz muito durante todos os desdobramentos e descobertas neste bom drama. Tom Courtenay também tá muito bem! É um filme lento mas não achei cansativo, onde as reflexões sobre o casamento, as aparências e o acaso deixam um gosto amargo no público. A ilusão da vida a dois teve uma abordagem original e aquela derradeira cena ao som de The Platters foi brilhante e dolorosa.
Muito bom, como não poderia deixar de ser uma produção comandada pelo diretor de Beleza Americana e estrelada pelo trio de Titanic. DiCaprio e Winslet estão ótimos mais uma vez.
Agora que cada um tem seu Oscar, espero que a dupla se reúna e nenhum dos dois morra em um terceiro filme. Não custa sonhar, né?! rs
Foi Apenas um Sonho é belo, melancólico, incômodo e realista. Assim como em seu longa mais premiado, Sam Mendes revela o que há por trás da fachada branca de uma residência carregada de frustrações, dúvidas, conflitos e traições. Mas também há amor, o que torna tudo ainda mais complicado. De quebra, ainda tem Michael Shannon como o mentalmente perturbado e supersincero John (merecidamente indicado ao Oscar de coadjuvante, mesmo com poucos minutos em cena) e Kathy Bates no papel de sua mãe. A trilha sonora, a fotografia e os diálogos também são acertos, bem como o retrato fiel da guerra travada entre o comodismo e a busca pela felicidade é emblemático. Deveria ter assistido antes.
Pierre-Yves Cardinal rouba a cena com um personagem perigoso, sedutor, assustador e doentio. Quanto ao longa, não chega a ser tão bom como outros do Dolan, mas gostei e é acima da média sim. É o tipo de filme que fica na cabeça depois que acaba por não trazer respostas fáceis e um desfecho esclarecedor.
O plano que se expande em Mommy para descrever a sensação de liberdade nos personagens é inverso ao que achata em Tom na Fazenda, fazendo com que nos sintamos sufocados e em perigo tal qual o personagem-título.
Enfim, um recurso simples e bastante eficiente. A tensão, seja homoerótica, seja em termos de suspense e sustos, também funciona.
Room é maravilhoso! Como pode alguém tão pequeno ter uma atuação tão maiúscula como a de Jacob Tremblay?! É de se indignar mesmo a Academia tê-lo esnobado, quando já indicou algumas crianças não muito expressivas ao longo de sua história. Melhor performance mirim desde que Haley Joel Osment roubou a cena em O Sexto Sentido. Quanto à Brie, o Oscar é seu, sua linda! A garota é talento puro e não só hype, como umas e outras por aí. Meu único arrependimento foi ter assistido ao trailer antes do filme, que mais parece um compacto de 2 minutos do mesmo e mostra bem mais do que deveria. É um drama emocionante e carregado de sentimentos (que o diga aquela sequência avassaladora que divide o longa em seus dois atos), mas também gera revolta, medo, perturbação e encantamento no espectador. Joan Allen e William H. Macy também estão excelentes.
Não tive o menor problema com o 'sumiço' do avô, ao contrário de muitos que consideraram essa uma falha da produção. Ficou bem claro que, para ele, Jack era o produto de anos da violência sofrida por Joy e, nessas situações, cada ser humano é capaz de reagir de uma forma distinta do outro.
Inesquecível! Daqueles pequenos grandes filmes que aparecem de tempos em tempos para mostrar que um bom roteiro e um elenco bem selecionado valem mais do que um orçamento milionário.
Não há muito a acrescentar sobre O Despertar da Força. É um fenômeno de 2 bilhões de dólares nas bilheterias e, mesmo não sendo exatamente fanático pela franquia, acho tudo muito merecido não só pelo impacto na cultura pop através das décadas, mas também por ser individualmente um longa muito cativante. Todas as referências à trilogia original e o retorno de personagens clássicos já fazem valer essas 4 estrelas! O roteiro pode até ser simples, mas também é direto ao ponto e me agradou bastante. Ainda bem que consegui assistir sem muitos spoilers e pude ser surpreendido...
Com a morte de Han Solo pelas mãos de seu filho Kylo Ren, chocante.
Os novos atores se saíram bem, mas não chegam a ser excelentes. Os efeitos, as batalhas espaciais, as lutas com sabres, tudo mais do que vibrante, fascinante e de encher os olhos. Pra quem faz de Star Wars quase uma religião, deve ter sido uma experiência única. Pra mim que 'apenas' acho bacana, foram alguns reais bem gastos em um entretenimento de primeiríssima linha.
Deixando as expectativas de lado e analisando os pontos positivos, eu diria que A Visita é um suspense legal. Achei o elenco eficiente, dos veteranos aos carismáticos atores que interpretaram os netos, todos estão muito bem em seus papéis. Ri bastante do Tyler, com destaque para o senso de humor do garoto e seu talento como rapper, hahaha. Mas a sensação de déjà vu foi inevitável, tanto por trazer o já batido recurso do found footage quanto pela reviravolta, não tão criativa assim.
O próprio Shyamalan já havia entregue um plot twist semelhante em A Vila (que eu achei superior), onde o espectador acreditava se tratar de algo sobrenatural para só no final descobrir que fora enganado quanto ao gênero do filme, por assim dizer. Isso sem contar que já vimos fugitivos de manicômio tocando o terror incontáveis vezes, não é mesmo?!
De qualquer forma, há tensão de sobra, ótimos sustos e uma história bem contada. É só não ir com muita sede ao pote e nem esperar uma grande novidade que a diversão tá garantida! Tá longe de ser o novo O Sexto Sentido, mas já é muito melhor do que Fim dos Tempos, por exemplo.
Um clássico instantâneo da Pixar e a maior barbada do Oscar 2016 (o Brasil só é indicado quando há um franco favorito na categoria em que tá concorrendo, o que é uma pena). Confesso não ser muito fã de animações, mas Divertida Mente merece todos os elogios, prêmios e essa nota alta! Enquanto o visual é muito atraente para as crianças, o roteiro é inteligente o suficiente para fisgar os adultos, abordando o choque entre as emoções de Riley enquanto ela cresce e experimenta uma nova vida, a confusão psicológica recorrente à pré-adolescência e a forma que seus pais terão de lidar com tudo isso. Achei particularmente interessante mostrar que todos os sentimentos, sejam bons ou ruins, precisam conviver em harmonia dentro de nós para que não ocorra um desequilíbrio (e quem sabe uma futura depressão), além de ter adorado a personagem Tristeza, com a qual me identifiquei, hahaha. Tal jornada pelas memórias da garotinha me remeteu à Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e é impossível não reconhecer Divertida Mente com um dos melhores longas de animação em muito, muito tempo. Um filme sensacional!
Alice é um road-'feel good'-movie dos mais agradáveis e, tal qual Depois de Horas, um filme de Scorsese sem muita 'cara' de filme do renomado cineasta! Gostei da história e principalmente da Ellen Burstyn, que jamais decepciona e consegue nos fazer torcer por sua personagem o tempo todo. Uma performance perfeita e completa, equilibrada entre o drama de Alice perante os homens de sua vida, a insatisfação no emprego, o sonho de se tornar uma cantora bem-sucedida e a relação com o filho, que rende alguns momentos bastante cômicos.
Ri muito na cena em que Tommy ordenha a vaca em direção à sua mãe, hahaha.
Aliás, que ótimo ator mirim esse, não?! Uma pena que Alfred Lutter III não tenha vingado depois de adulto já que ele tá excelente aqui. Quanto ao Oscar de melhor atriz que Ellen recebeu em 1975, ainda não vi Gena Rowlands em Uma Mulher Sob Influência, considerada uma das melhores atuações femininas da história do cinema. Prefiro pensar que o prêmio deveria ser de uma das duas, mas nunca uma injustiça já que a vencedora é e sempre foi uma baita atriz...
Peter Bogdanovich conseguiu transpor para a tela com muita autenticidade e um toque de melancolia, aquela atmosfera de cidade interiorana sem muitas opções de lazer, o rito de passagem para a vida adulta, a iniciação sexual, as grandes amizades e os conflitos amorosos que vão surgindo no caminho dos belos personagens que tinha em mãos. A fotografia em preto e branco encarregou-se de potencializar essa sensação de falta de perspectiva em cidade pequena, assim como o fato de um dos únicos pontos de encontro entre os jovens ser uma sala de cinema tornou o longa ainda mais prazeroso de se acompanhar. É um filme lento e ao mesmo tempo envolvente, o elenco que despontava na época e hoje é consagrado tá em ótima sintonia: me surpreendi com a incrível Ellen Burstyn interpretando a mãe da disputada Cybill Shepherd, rs. Enfim, é um clássico cativante e de fácil identificação por parte do espectador, com toda a certeza.
É Mickey Rourke demonstrando todo o seu potencial como astro do final dos anos 80 e De Niro em uma participação assombrosa e marcante. O roteiro é intrigante e hábil em tornar o longa algo falsamente previsível...
Já que, só pelos nomes dos personagens principais, o espectador irá deduzir que Louis Cyphre é Lúcifer e Angel seria uma espécie de anjo manipulado pelo Mal em pessoa. Mas fora isso, não há nada de óbvio em Coração Satânico e sua história envolvendo rituais de magia negra, troca de corpos e memórias perdidas.
A direção de Alan Parker é competente e repleta de detalhes interessantes, o que praticamente desafia o público para uma segunda sessão. Algumas (poucas) passagens são cansativas, mas nada que comprometa o resultado como um todo e torne a produção menos impactante, autêntica e original mesmo pros dias de hoje. Um bom thriller!
Prefiro quando o psicopata mirim é punido (lê-se morto) no final, como naquele desfecho épico de O Anjo Malvado ou naquela ironia de A Tara Maldita. Mikey saindo ileso me deixou frustrado, mas não surpreso.
Mesmo assim, deu pra curtir o filme. A atuação do garoto Brian Bonsall é muito boa e a sua predileção por eletrocussões é capaz de deixar o público aflito. Não deixa de ser perturbador o histórico do ator já crescido, fazendo pensar no quanto um personagem doentio como Mikey pode ter influenciado em seu comportamento. Algumas cenas são meio forçadas, mas dá pra relevar já que, em meio ao politicamente correto de hoje em dia, a maioria das mortes tem um certo impacto por envolver crianças em cena. O suspense é bem construído e prende a atenção até o fim! E tem ainda a nostalgia desses thrillers obscuros do início da década de 90, não é mesmo?! Legalzinho.
Pacto Secreto é um slasher bem esquecível, recomendado apenas aos aficionados pelo gênero. Sem contar que é remake de um filme bacana do início dos anos 80 e, como na grande maioria dos casos, sai perdendo feio na comparação. O elenco é fraquinho mesmo, mas o filme não chega a ser ruim: há suspense, cenas de morte bastante competentes, uma arma personalizada utilizada pelo assassino e a participação divertida da eterna Princesa Leia pagando as contas no fim do mês, hahaha. Curti a referência à bengala, que era a arma do serial killer no Sorority Row original. A revelação no final não chega a ser previsível, mas também não é empolgante tendo em vista que os personagens são apáticos e o espectador pouco se importa com eles. Enfim, é razoável! Poderia ter funcionado melhor nos anos 90. [2]
Os nomes Nancy e Elm Street são citados por Tess e sua irmã mais velha em um dos trotes, sem contar que a garotinha tava sempre tendo pesadelos... Fora isso, as ligações telefônicas e o visual de Kit me remeteram à personagem de Drew Barrymore em Pânico. Pode ser coisa da minha cabeça, mas isso me chamou atenção...
Gostei de praticamente tudo no filme: das personagens carismáticas, da participação marcante de Joan Crawford, do roteiro redondo, direto ao ponto e sem enrolação. O remake televisivo produzido no fim da década de 80 é até divertido, mas é lógico que este original é muito superior. Há humor, tensão de sobra, um psicopata crível e um desfecho mais do que satisfatório! Enfim, um pequeno clássico que merece ser visto, envelheceu muito bem e que me surpreendeu positivamente.
Seria este o Oscar de ator coadjuvante mais protagonista da história do cinema?! Timothy Hutton tomou o filme para si e entregou uma brilhante e arrebatadora performance na pele do jovem traumatizado pela perda do irmão mais velho. O sentimento de culpa, a incapacidade em lidar com a morte e a desintegração familiar diante da tragédia foram bem trabalhados pelo roteiro, assim como a direção de Redford não tropeçou em um tom excessivamente lacrimoso. As sequências envolvendo abraços foram as melhores e falaram mais do que muitos diálogos proferidos pelos personagens. Talvez hoje pareça datado e lugar-comum para um vencedor do prêmio de melhor filme do ano, mas ainda assim é um bom drama com belas atuações. E não tem como não lembrar de Beleza Americana, ainda que a abordagem da insatisfação e da fragilidade que pairam na família retratada não traga aquela fina ironia presente no também clássico longa de 1999.
Xavier Dolan acerta mais uma vez na condução deste, que talvez seja seu melhor trabalho até agora. Confesso que as dimensões reduzidas da tela me deixaram aborrecido por um bom tempo, mas não era justamente esse o objetivo do cineasta franco-canadense?! Colocar o espectador diante da realidade de Steve, um adolescente hiperativo que mal cabe em si, e que cabe ainda menos naquele plano quadrado e sufocante que domina o filme quase em sua totalidade. Digamos que, quando a tela se expande juntamente com os horizontes do jovem e suas 'mães', há uma sensação indescritível de plenitude que compensa todo o desconforto sentido até ali. Personagens intensos e complexos, ótimas atrizes, diálogos incríveis e uma trilha sonora repleta de simbolismos pra jamais esquecer. Isso é Mommy, um grito de libertação, rebeldia e amor extremo!
Já queria assistir há muito tempo e fiquei um tanto desapontado... Não tem como dar uma nota muito baixa porque, no geral, a maquiagem é bem feita, Craig Sheffer é esforçado e tem o icônico diretor David Cronenberg atuando, o que acaba sendo disparado a melhor coisa do filme. Isso sem contar que existe uma versão sem cortes, mas não a encontrei disponível para download. A história é um samba do crioulo doido e rende pouquíssimos momentos de tensão e terror, funcionando mais no terreno da fantasia. Quem esperava uma produção do nível de Hellraiser, se deparou com algumas criaturas que estão mais para Star Trek, rs. A atriz que interpreta a mocinha é inexpressiva, mas os efeitos visuais e a ambientação são até competentes. Se um dia eu assistir à versão do diretor posso até alterar minha cotação, mas por enquanto Raça das Trevas é meia boca mesmo.
O Dorminhoco
3.7 194É inteligente por misturar sci-fi com comédia, política com romance, tecnologia com filosofia e se sair bem nessa miscelânea toda. Tem cenas hilariantes (especialmente aquelas onde Miles precisa fugir de seus perseguidores), e ainda tem Diane Keaton no auge da beleza e iniciando essa parceria lendária com o diretor/ator. A ambientação e caracterização dos personagens, bem como a sempre curiosa visão futurista tornam tudo ainda mais divertido e digno de ser conferido em qualquer época. Os diálogos são afiados, como era de se esperar, e é notável o quanto Allen era visionário ao trabalhar tantas referências e críticas em meio a elementos absurdos, mas que no fundo nem soam tão absurdos assim diante do domínio que ele já tinha ao conduzir um bom roteiro.
Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas …
3.5 384 Assista AgoraDessa primeira fase do Woody Allen, com humor mais escrachado e muito nonsense, esse foi o que eu mais gostei dentre os quais assisti. Talvez minha queda por filmes compostos de diversas e pequenas histórias tenha prevalecido, mas a verdade é que o diretor fez tudo certo aqui, e o humor, de fato, funciona! Já conhecia algumas cenas do filme sem nunca tê-lo assistido e isso já é um indicativo de que ele marcou a história das comédias no cinema... É original, transgressor, bizarro, às vezes constrangedor e o principal: é engraçado! Quase impossível não rir da ovelha seduzindo de cinta-liga, do casal que só conseguia se satisfazer sexualmente em público, do homem que se veste de mulher e, é claro, do multifacetado Woody interpretando um espermatozoide no orgasmo clássico que encerra esta ótima comédia.
Bananas
3.5 184 Assista AgoraSátira sempre atual às ditaduras latino-americanas, mesmo depois de 45 anos (por que será?!). Confesso que essa atemporalidade da temática foi o que mais me chamou a atenção, já que o humor, no geral, soou um tanto exagerado e, muitas vezes, mais parecia um filme d'Os Trapalhões e não do Woody Allen. Portanto, achei um pouco sem graça apesar de ter curtido o roteiro, as cenas envolvendo a mídia e sua falta de limites, as neuroses típicas do protagonista e a sequência do julgamento. A piadinha sobre pedofilia foi válida, o que vindo do controverso Woody não é pouco, hahaha. Também me surpreendi com a pequena participação do Stallone e considero Bananas pouco marcante na extensa filmografia do cineasta, ainda que um bom filme por estar entre os primeiros dele.
Os Amantes Passageiros
3.1 648 Assista AgoraMesmo amando Almodóvar, ainda não havia conferido este último filme dele, o que pude fazê-lo outro dia no canal Max. Tantas críticas negativas, mas não é que eu gostei?! Tudo bem, tá longe da genialidade e da maturidade das obras que o cineasta lançou a partir do final dos anos 90. Mas é divertido, depravado e despretensioso como alguns filmes mais antigos dele. As participações especiais são a cereja do bolo, o elenco é brilhante e tá muito à vontade em meio a esse voo repleto de situações absurdas! Os comissários de bordo roubam a cena e são os responsáveis pelas melhores piadas, rs. Os créditos iniciais são bacanas também. Mas já quero Julieta e um Almodóvar menos brincalhão e mais passional, que é o que sempre iremos preferir, não é mesmo?!
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraCarol é um romance sutil e classudo (mas claro, uma das protagonistas é a Cate Blanchett, queriam o que?!), tendo me agradado bastante. É um filme lento, de passagens longas e sem acontecimentos impactantes, mas isso não é demérito em momento algum. Primeiramente, a fotografia é sensacional e as atrizes estão ótimas, como já era de se esperar. Rooney também tava digna de Oscar, por mais que não fosse exatamente coadjuvante tal qual Alicia Vikander, e Cate... bem, ela sempre merece todos os prêmios, por mais que Brie Larson tenha merecido imensamente a estatueta neste ano. O desenrolar da trama é conduzido com habilidade por Todd Haynes e a sequência de sexo entre Carol e Therese é bela, elegante, cheia de naturalidade. A verdadeira intensidade tá nas entrelinhas, no desejo reprimido, nos sorrisos e nas muitas trocas de olhares entre ambas! Pra quem não achou Azul é a Cor Mais Quente tão incrível assim ou se chocou com uma ou outra cena, pode assistir Carol sem medo, certamente um filme melhor e mais enxuto. Apenas para efeito de comparação...
Brooklin
3.8 1,1KBrooklyn me surpreendeu por fugir de clichês e por ser um romance que de bobinho não tem nada. É sim um filme romântico, cativante, belo em todos os sentidos, mas acima de tudo é uma história de amadurecimento, desapego, coragem e escolhas. 'Sircha' Ronan surge encantadora no papel de Eilis! Sua interpretação é, ao mesmo tempo, delicada e forte, fazendo com que o público torça para que a moça encontre seu lugar ao sol e supere as dificuldades após ter deixado sua terra.
O desfecho é o que diferencia o longa da maioria dos dramas românticos, sendo que o amor não é mais a principal motivação. No caso, Eilis decide retornar à América para não arriscar perder tudo o que conquistou e, em meio a isso, seu reencontro com Tony seria uma consequência natural de sua decisão.
Reconstituição de época digníssima de nota e um excelente elenco de coadjuvantes, que vão desde veteranos do cinema britânico (mal reconheci a Julie Walters) à astros do momento (Domhnall Gleeson tá em todas mesmo). Diria que o conjunto tá em perfeita sintonia com os expressivos olhos da protagonista!
Selena
3.5 269 Assista AgoraMesmo conhecendo a história trágica e marcante de Selena, e apesar do filme ter passado inúmeras vezes na TV aberta ao longo dos anos, eu só fui assistir agora num dos canais HBO. É uma cinebiografia convencional, bonita e envolvente. Jennifer Lopez tá muito convincente na pele da protagonista e não só em termos de semelhança física. Sua atuação é vibrante e pode-se dizer que, na época, ela era promissora como atriz. Outra que atuou bem foi a menina que interpreta Selena quando criança, além de Edward James Olmos no papel do pai, agente e incentivador da carreira da filha. Faltou explorarem melhor a relação da cantora com a presidente de seu fã-clube e também achei esse clímax meio apressado, enquanto algumas cenas pouco acrescentaram à trama ou ficaram repetitivas. Mas o filme é bom e as performances musicais são muito cativantes.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraUma obra-prima e o filme de horror mais assustador dos últimos anos, segundo a crítica. Uma grande porcaria, segundo a geração CGI que se satisfaz com sustinhos fáceis. Na minha humilde opinião, acho que A Bruxa fica ali no meio disso tudo. É sim um longa bem produzido, com uma fotografia exemplar para o gênero, uma excelente atuação da revelação Anya Taylor-Joy, assim como das crianças que interpretaram seus irmãos. O elenco adulto já não foi tão convincente assim, fora que ficaram devendo no quesito carisma. O roteiro é intrigante, seja com relação à abordagem da alienação religiosa, seja quanto a elementos inerentes à prática da bruxaria (e a figura da bruxa nos contos clássicos). Mas de aterrorizante o filme não tem quase nada, o ritmo é arrastado para uma hora e meia de duração e o desfecho é decepcionante. Ainda diria que a última cena é um tanto ridícula e desnecessária, rs. No fim, era mais marketing do que algo propriamente especial, tal qual o remake de A Morte do Demônio. Entre mediano e bom, apenas!
45 Anos
3.7 254 Assista AgoraLembrei da Gloria Pires no Oscar falando sobre a Charlotte: 'Nossaaa, que desempenho... fabuloso.' Hahahaha. Memes à parte, a atriz tá irretocável em 45 Anos com uma performance contida, poderosa, difícil de esquecer. Sua indicação foi bastante merecida e se não fosse a maravilhosa Brie Larson... Enfim, ela carrega o filme nas costas e seu olhar diz muito durante todos os desdobramentos e descobertas neste bom drama. Tom Courtenay também tá muito bem! É um filme lento mas não achei cansativo, onde as reflexões sobre o casamento, as aparências e o acaso deixam um gosto amargo no público. A ilusão da vida a dois teve uma abordagem original e aquela derradeira cena ao som de The Platters foi brilhante e dolorosa.
Foi Apenas um Sonho
3.6 1,3K Assista AgoraMuito bom, como não poderia deixar de ser uma produção comandada pelo diretor de Beleza Americana e estrelada pelo trio de Titanic. DiCaprio e Winslet estão ótimos mais uma vez.
Agora que cada um tem seu Oscar, espero que a dupla se reúna e nenhum dos dois morra em um terceiro filme. Não custa sonhar, né?! rs
Foi Apenas um Sonho é belo, melancólico, incômodo e realista. Assim como em seu longa mais premiado, Sam Mendes revela o que há por trás da fachada branca de uma residência carregada de frustrações, dúvidas, conflitos e traições. Mas também há amor, o que torna tudo ainda mais complicado. De quebra, ainda tem Michael Shannon como o mentalmente perturbado e supersincero John (merecidamente indicado ao Oscar de coadjuvante, mesmo com poucos minutos em cena) e Kathy Bates no papel de sua mãe. A trilha sonora, a fotografia e os diálogos também são acertos, bem como o retrato fiel da guerra travada entre o comodismo e a busca pela felicidade é emblemático. Deveria ter assistido antes.
Tom na Fazenda
3.7 368 Assista AgoraPierre-Yves Cardinal rouba a cena com um personagem perigoso, sedutor, assustador e doentio. Quanto ao longa, não chega a ser tão bom como outros do Dolan, mas gostei e é acima da média sim. É o tipo de filme que fica na cabeça depois que acaba por não trazer respostas fáceis e um desfecho esclarecedor.
Teria sido Francis quem matou o próprio irmão?! Foi meu principal questionamento, dentre outros menos chocantes.
Adoro a câmera desse cara! Seus enquadramentos em momentos cruciais da trama são sempre inesperados e surtem um efeito inigualável no espectador.
O plano que se expande em Mommy para descrever a sensação de liberdade nos personagens é inverso ao que achata em Tom na Fazenda, fazendo com que nos sintamos sufocados e em perigo tal qual o personagem-título.
Enfim, um recurso simples e bastante eficiente. A tensão, seja homoerótica, seja em termos de suspense e sustos, também funciona.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraRoom é maravilhoso! Como pode alguém tão pequeno ter uma atuação tão maiúscula como a de Jacob Tremblay?! É de se indignar mesmo a Academia tê-lo esnobado, quando já indicou algumas crianças não muito expressivas ao longo de sua história. Melhor performance mirim desde que Haley Joel Osment roubou a cena em O Sexto Sentido. Quanto à Brie, o Oscar é seu, sua linda! A garota é talento puro e não só hype, como umas e outras por aí. Meu único arrependimento foi ter assistido ao trailer antes do filme, que mais parece um compacto de 2 minutos do mesmo e mostra bem mais do que deveria. É um drama emocionante e carregado de sentimentos (que o diga aquela sequência avassaladora que divide o longa em seus dois atos), mas também gera revolta, medo, perturbação e encantamento no espectador. Joan Allen e William H. Macy também estão excelentes.
Não tive o menor problema com o 'sumiço' do avô, ao contrário de muitos que consideraram essa uma falha da produção. Ficou bem claro que, para ele, Jack era o produto de anos da violência sofrida por Joy e, nessas situações, cada ser humano é capaz de reagir de uma forma distinta do outro.
Inesquecível! Daqueles pequenos grandes filmes que aparecem de tempos em tempos para mostrar que um bom roteiro e um elenco bem selecionado valem mais do que um orçamento milionário.
E eu adorei ver o DiCaprio na parede do quarto, rs.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraNão há muito a acrescentar sobre O Despertar da Força. É um fenômeno de 2 bilhões de dólares nas bilheterias e, mesmo não sendo exatamente fanático pela franquia, acho tudo muito merecido não só pelo impacto na cultura pop através das décadas, mas também por ser individualmente um longa muito cativante. Todas as referências à trilogia original e o retorno de personagens clássicos já fazem valer essas 4 estrelas! O roteiro pode até ser simples, mas também é direto ao ponto e me agradou bastante. Ainda bem que consegui assistir sem muitos spoilers e pude ser surpreendido...
Com a morte de Han Solo pelas mãos de seu filho Kylo Ren, chocante.
Os novos atores se saíram bem, mas não chegam a ser excelentes. Os efeitos, as batalhas espaciais, as lutas com sabres, tudo mais do que vibrante, fascinante e de encher os olhos. Pra quem faz de Star Wars quase uma religião, deve ter sido uma experiência única. Pra mim que 'apenas' acho bacana, foram alguns reais bem gastos em um entretenimento de primeiríssima linha.
A Visita
3.3 1,6KDeixando as expectativas de lado e analisando os pontos positivos, eu diria que A Visita é um suspense legal. Achei o elenco eficiente, dos veteranos aos carismáticos atores que interpretaram os netos, todos estão muito bem em seus papéis. Ri bastante do Tyler, com destaque para o senso de humor do garoto e seu talento como rapper, hahaha. Mas a sensação de déjà vu foi inevitável, tanto por trazer o já batido recurso do found footage quanto pela reviravolta, não tão criativa assim.
O próprio Shyamalan já havia entregue um plot twist semelhante em A Vila (que eu achei superior), onde o espectador acreditava se tratar de algo sobrenatural para só no final descobrir que fora enganado quanto ao gênero do filme, por assim dizer. Isso sem contar que já vimos fugitivos de manicômio tocando o terror incontáveis vezes, não é mesmo?!
De qualquer forma, há tensão de sobra, ótimos sustos e uma história bem contada. É só não ir com muita sede ao pote e nem esperar uma grande novidade que a diversão tá garantida! Tá longe de ser o novo O Sexto Sentido, mas já é muito melhor do que Fim dos Tempos, por exemplo.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraUm clássico instantâneo da Pixar e a maior barbada do Oscar 2016 (o Brasil só é indicado quando há um franco favorito na categoria em que tá concorrendo, o que é uma pena). Confesso não ser muito fã de animações, mas Divertida Mente merece todos os elogios, prêmios e essa nota alta! Enquanto o visual é muito atraente para as crianças, o roteiro é inteligente o suficiente para fisgar os adultos, abordando o choque entre as emoções de Riley enquanto ela cresce e experimenta uma nova vida, a confusão psicológica recorrente à pré-adolescência e a forma que seus pais terão de lidar com tudo isso. Achei particularmente interessante mostrar que todos os sentimentos, sejam bons ou ruins, precisam conviver em harmonia dentro de nós para que não ocorra um desequilíbrio (e quem sabe uma futura depressão), além de ter adorado a personagem Tristeza, com a qual me identifiquei, hahaha. Tal jornada pelas memórias da garotinha me remeteu à Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e é impossível não reconhecer Divertida Mente com um dos melhores longas de animação em muito, muito tempo. Um filme sensacional!
Alice Não Mora Mais Aqui
3.8 167 Assista AgoraAlice é um road-'feel good'-movie dos mais agradáveis e, tal qual Depois de Horas, um filme de Scorsese sem muita 'cara' de filme do renomado cineasta! Gostei da história e principalmente da Ellen Burstyn, que jamais decepciona e consegue nos fazer torcer por sua personagem o tempo todo. Uma performance perfeita e completa, equilibrada entre o drama de Alice perante os homens de sua vida, a insatisfação no emprego, o sonho de se tornar uma cantora bem-sucedida e a relação com o filho, que rende alguns momentos bastante cômicos.
Ri muito na cena em que Tommy ordenha a vaca em direção à sua mãe, hahaha.
Aliás, que ótimo ator mirim esse, não?! Uma pena que Alfred Lutter III não tenha vingado depois de adulto já que ele tá excelente aqui. Quanto ao Oscar de melhor atriz que Ellen recebeu em 1975, ainda não vi Gena Rowlands em Uma Mulher Sob Influência, considerada uma das melhores atuações femininas da história do cinema. Prefiro pensar que o prêmio deveria ser de uma das duas, mas nunca uma injustiça já que a vencedora é e sempre foi uma baita atriz...
A Última Sessão de Cinema
4.1 123 Assista AgoraPeter Bogdanovich conseguiu transpor para a tela com muita autenticidade e um toque de melancolia, aquela atmosfera de cidade interiorana sem muitas opções de lazer, o rito de passagem para a vida adulta, a iniciação sexual, as grandes amizades e os conflitos amorosos que vão surgindo no caminho dos belos personagens que tinha em mãos. A fotografia em preto e branco encarregou-se de potencializar essa sensação de falta de perspectiva em cidade pequena, assim como o fato de um dos únicos pontos de encontro entre os jovens ser uma sala de cinema tornou o longa ainda mais prazeroso de se acompanhar. É um filme lento e ao mesmo tempo envolvente, o elenco que despontava na época e hoje é consagrado tá em ótima sintonia: me surpreendi com a incrível Ellen Burstyn interpretando a mãe da disputada Cybill Shepherd, rs. Enfim, é um clássico cativante e de fácil identificação por parte do espectador, com toda a certeza.
Coração Satânico
3.9 494É Mickey Rourke demonstrando todo o seu potencial como astro do final dos anos 80 e De Niro em uma participação assombrosa e marcante. O roteiro é intrigante e hábil em tornar o longa algo falsamente previsível...
Já que, só pelos nomes dos personagens principais, o espectador irá deduzir que Louis Cyphre é Lúcifer e Angel seria uma espécie de anjo manipulado pelo Mal em pessoa. Mas fora isso, não há nada de óbvio em Coração Satânico e sua história envolvendo rituais de magia negra, troca de corpos e memórias perdidas.
A direção de Alan Parker é competente e repleta de detalhes interessantes, o que praticamente desafia o público para uma segunda sessão. Algumas (poucas) passagens são cansativas, mas nada que comprometa o resultado como um todo e torne a produção menos impactante, autêntica e original mesmo pros dias de hoje. Um bom thriller!
Mikey
3.1 66Sinceramente...
Prefiro quando o psicopata mirim é punido (lê-se morto) no final, como naquele desfecho épico de O Anjo Malvado ou naquela ironia de A Tara Maldita. Mikey saindo ileso me deixou frustrado, mas não surpreso.
Mesmo assim, deu pra curtir o filme. A atuação do garoto Brian Bonsall é muito boa e a sua predileção por eletrocussões é capaz de deixar o público aflito. Não deixa de ser perturbador o histórico do ator já crescido, fazendo pensar no quanto um personagem doentio como Mikey pode ter influenciado em seu comportamento. Algumas cenas são meio forçadas, mas dá pra relevar já que, em meio ao politicamente correto de hoje em dia, a maioria das mortes tem um certo impacto por envolver crianças em cena. O suspense é bem construído e prende a atenção até o fim! E tem ainda a nostalgia desses thrillers obscuros do início da década de 90, não é mesmo?! Legalzinho.
Pacto Secreto
2.6 632 Assista AgoraPacto Secreto é um slasher bem esquecível, recomendado apenas aos aficionados pelo gênero. Sem contar que é remake de um filme bacana do início dos anos 80 e, como na grande maioria dos casos, sai perdendo feio na comparação. O elenco é fraquinho mesmo, mas o filme não chega a ser ruim: há suspense, cenas de morte bastante competentes, uma arma personalizada utilizada pelo assassino e a participação divertida da eterna Princesa Leia pagando as contas no fim do mês, hahaha. Curti a referência à bengala, que era a arma do serial killer no Sorority Row original. A revelação no final não chega a ser previsível, mas também não é empolgante tendo em vista que os personagens são apáticos e o espectador pouco se importa com eles. Enfim, é razoável!
Poderia ter funcionado melhor nos anos 90. [2]
Eu Vi Que Foi Você
3.4 39Este suspense muito bom teve alguma influência nos clássicos dirigidos por Wes Craven, não é mesmo?! Notei algumas referências...
Os nomes Nancy e Elm Street são citados por Tess e sua irmã mais velha em um dos trotes, sem contar que a garotinha tava sempre tendo pesadelos... Fora isso, as ligações telefônicas e o visual de Kit me remeteram à personagem de Drew Barrymore em Pânico. Pode ser coisa da minha cabeça, mas isso me chamou atenção...
Gostei de praticamente tudo no filme: das personagens carismáticas, da participação marcante de Joan Crawford, do roteiro redondo, direto ao ponto e sem enrolação. O remake televisivo produzido no fim da década de 80 é até divertido, mas é lógico que este original é muito superior. Há humor, tensão de sobra, um psicopata crível e um desfecho mais do que satisfatório! Enfim, um pequeno clássico que merece ser visto, envelheceu muito bem e que me surpreendeu positivamente.
Gente Como a Gente
3.8 143 Assista AgoraSeria este o Oscar de ator coadjuvante mais protagonista da história do cinema?! Timothy Hutton tomou o filme para si e entregou uma brilhante e arrebatadora performance na pele do jovem traumatizado pela perda do irmão mais velho. O sentimento de culpa, a incapacidade em lidar com a morte e a desintegração familiar diante da tragédia foram bem trabalhados pelo roteiro, assim como a direção de Redford não tropeçou em um tom excessivamente lacrimoso. As sequências envolvendo abraços foram as melhores e falaram mais do que muitos diálogos proferidos pelos personagens. Talvez hoje pareça datado e lugar-comum para um vencedor do prêmio de melhor filme do ano, mas ainda assim é um bom drama com belas atuações. E não tem como não lembrar de Beleza Americana, ainda que a abordagem da insatisfação e da fragilidade que pairam na família retratada não traga aquela fina ironia presente no também clássico longa de 1999.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraXavier Dolan acerta mais uma vez na condução deste, que talvez seja seu melhor trabalho até agora. Confesso que as dimensões reduzidas da tela me deixaram aborrecido por um bom tempo, mas não era justamente esse o objetivo do cineasta franco-canadense?! Colocar o espectador diante da realidade de Steve, um adolescente hiperativo que mal cabe em si, e que cabe ainda menos naquele plano quadrado e sufocante que domina o filme quase em sua totalidade. Digamos que, quando a tela se expande juntamente com os horizontes do jovem e suas 'mães', há uma sensação indescritível de plenitude que compensa todo o desconforto sentido até ali. Personagens intensos e complexos, ótimas atrizes, diálogos incríveis e uma trilha sonora repleta de simbolismos pra jamais esquecer. Isso é Mommy, um grito de libertação, rebeldia e amor extremo!
Raça das Trevas
3.1 83Já queria assistir há muito tempo e fiquei um tanto desapontado... Não tem como dar uma nota muito baixa porque, no geral, a maquiagem é bem feita, Craig Sheffer é esforçado e tem o icônico diretor David Cronenberg atuando, o que acaba sendo disparado a melhor coisa do filme. Isso sem contar que existe uma versão sem cortes, mas não a encontrei disponível para download. A história é um samba do crioulo doido e rende pouquíssimos momentos de tensão e terror, funcionando mais no terreno da fantasia. Quem esperava uma produção do nível de Hellraiser, se deparou com algumas criaturas que estão mais para Star Trek, rs. A atriz que interpreta a mocinha é inexpressiva, mas os efeitos visuais e a ambientação são até competentes. Se um dia eu assistir à versão do diretor posso até alterar minha cotação, mas por enquanto Raça das Trevas é meia boca mesmo.