Mesmo reciclando ideias consagradas do Cinema, o roteiro consegue apresentar uma premissa interessante com uma pitadinha de originalidade. E a comédia, apesar dos exageros e insistências já esperados, satisfaz em uma história sobre o Natal tipicamente brasileiro. História essa que ganha relevância justamente por se manter longe dos clichês de filmes natalinos vindos do outro lado da linha do Equador.
Visualmente lindo, o especial aproveita muito bem do clima familiar que há na saga original para construir sua atmosfera natalina. E embora o desenrolar da história não se distancie minimamente do fan service, o característico humor irreverente da franquia LEGO somado às situações inusitadas, únicas e imperdíveis - como Darth Vader vs. Darth Vader - garantem um bom entretenimento para dezembro.
Um bom entretenimento, mas falta um pouco mais de lógica narrativa em relação à sucessão de acontecimentos, também um objetivo mais sólido para o protagonista do Wagner Moura e, quem sabe, uma trilha sonora menos genérica e à altura da genialidade dessa figura que se aproveitou da hipocrisia de parte da alta sociedade. Em todos esses pontos o documentário é muito superior. No entanto, ainda vale o tempo investido.
Meirelles imprime vitalidade e energia a uma trama que, dada sua premissa (dois papas papeando), poderia soar desinteressante e monótona. Mas o que se vê é um filme que faz funcionar algo tão raro quanto necessário nos tempos de hoje: o diálogo entre visões antagônicas. E, apesar de uma câmera às vezes irritante e de um roteiro que, em um momento ou outro, não aprofunda questões como poderia, é um deleite acompanhar Jonathan Pryce e Anthony Hopkins vivendo esses visionários que vão de dilemas divinos a mundanos em suas jornadas de fé, opinião e, acima de tudo, perdão.
Se a história, apesar de ótima, não é o forte pela razão de sabermos exatamente como o problema principal se resolve, o grande mérito do filme está no poder de imersão - no cenário africano - que tem a cinematografia chefiada por Chiwetel Ejiofor.
A ótima premissa e a competente construção de uma atmosfera tensa, pesada e angustiante são elementos que compensam os diálogos rasos e os clichês inerentes aos filmes de monstros assassinos.
Episódio que se propõe a ser o derradeiro da saga Skywalker opta por um caminho seguro e sem riscos do ponto de vista narrativo, quando comparado às escolhas arrojadas do episódio anterior. E embora o resultado seja bem bom dentro do que se propõe a fazer, o filme acaba por escancarar a falta de planejamento dessa trilogia. Exemplo: personagens como Finn e Poe, que em tese deveriam ser importantes, se revelam o produto de uma sucessão de erros. O primeiro não tem o que fazer além de gritar por Rey durante todo o tempo (essa chatice vem desde os anteriores, embora fizesse algum sentido no início), e Poe, injustiçado em "Os Últimos Jedi", se mostra uma tentativa besta de ser o que Han Solo foi para a trilogia clássica.
Star Wars merecia muito mais em sua despedida, sim, mas antes um ponto final previsível e na zona de conforto (o que de certa forma lembra o episódio VII) do que um episódio VIII ao cubo, com núcleos inteiros desinteressantes que não levam a nada.
É, apesar de eu classificar "A Ascensão Skywalker" como Muito Bom, o sabor da despedida é agridoce...
Se o longa fosse sobre um novo personagem no cânone, talvez funcionasse melhor, mas estamos falando de Han Solo, do inimitável Harrison Ford. Uma dica para a experiência ser melhor aproveitada é sempre ter em mente que se trata de um Han muito anterior àquele de Uma Nova Esperança. Assim o filme se torna uma aventura ok.
O longa de Todd Phillips estrelado por Joaquin Phoenix pode não ser uma adaptação da graphic novel de Alan Moore e Brian Bolland, mas também é sobre uma piada mortal. Nesse caso, uma incompreendida por aqueles que passam a admirar e a endeusar a figura do Coringa (até se fantasiam como ele) sem realmente entendê-la, acinzentada na mente do público, mas clara como o dia na cabeça de Arthur Fleck: no final, não era sobre o descaso da elite e a desigualdade social, era sobre ele, apenas sobre ele e o quanta gente "inocente" e iludida ajudando-o a realizar sua vingança pessoal e, principalmente, o ovacionando, ele é capaz de arrastar.
"Quem dera eu pudesse voltar no tempo. Faria tudo diferente"
Olha, eu não fiz nenhuma pesquisa, mas acredito veementemente que esse é o principal pensamento de quem se arrepende de algo que fez ou deixou de fazer em seu passado. A Psicologia certamente deve explicar com propriedade, mas não é difícil entender a razão: trata-se de um recurso, em teoria, fácil, é relativamente simples. Volta-se em algum ponto anterior ao desastroso evento, conserta-se o que tiver fora de ordem, e a vida segue sem nenhuma consequência anteriormente tida como certa, seja em forma de punição, seja em forma de um sentimento corrosivo, como culpa ou remorso. E é por essa razão que, a princípio, não gostei da solução que os idealizadores desse filme adotaram para consertar as terríveis consequências retratadas anteriormente. Depois do final corajoso e interessantíssimo - do ponto de vista narrativo - de "Guerra Infinita", voltar no tempo e mudar o imutável soa como... preguiçoso. De certa maneira é, não há como negar. Mas é aí que entra a sabedoria de uma equipe criativa que há mais de 10 anos entrega, em média, ótimos filmes calcados praticamente em uma mesma fórmula. É essa sabedoria que, baseado no que o filme se propõe, faz de "Ultimato" não um produto genérico e previsível, mas uma excelente peça de conclusão para uma saga, em muitos sentidos, única na história do Cinema.
A acinzentada e desesperançosa primeiro parte é excelente ao retratar a dificuldade da humanidade em conseguir seguir em frente após o Estalo, afinal muitos perderam muita gente de uma só vez. E esse início, tão inesperado para um filme cuja expectativa natural é de que haja elementos grandiosos do início ao fim (o contraste com o clímax funciona muito bem), dá aos atores oportunidades de explorarem novas facetas de seus personagens. Scarlett Johansson e Robert Downey Jr. (esse com uma ótima ajuda do CGI) são os que mais aproveitam e melhor se saem.
Se há uma vantagem natural no fato de o plano de viagem no tempo ser utilizado nesse capítulo final é a característica (tão comum em finais de séries de TV) de revisitar momentos e/ou elementos que marcaram a jornada. Então é muito interessante não só rever eventos como a Batalha de Nova York, mas expandir os mesmos. A situação entre o Hulk daquela época e os lances de escadas da Torre Stark é hilária! E, por falar nele, cabe aqui menção honrosa a esse personagem que, muito provavelmente, é o meu preferido do MCU. Quando conhecemos Bruce Banner, ele era um sujeito amargurado, perseguido, e que buscava incessantemente a cura para o que considerava uma maldição, tudo isso escondido nas favelas do Rio de Janeiro. Mais de 10 anos e muitos dilemas depois, o sujeito se aceitou, o alter ego Hulk é um herói absoluto e a curiosa amálgama entre as duas personalidades é... zen. Altíssimo potencial de enfurecer fãs e "fãs", mas conclui com coerência esse grande arco de autoconhecimento. Também não se deve esquecer de um dos personagens mais interessantes dos últimos anos da franquia: Thor, aquele que perdeu tudo, mas que ainda assim sorriu enquanto uma lágrima riscava seu rosto e seu coração se abria para um guaxinim. O poço moral em que o personagem cai após o crasso fracasso do filme anterior, e suas respectivas consequências físicas, não é apenas um atestado de que a Marvel alcançou um patamar tão grande que não teme desvirtuar um de seus principais símbolos de beleza, mas também é simplesmente uma das coisas mais legais e hilárias que esses caras poderiam fazer. Ponto.
Depois de tudo isso nem é preciso dizer muito sobre o último ato do filme - e de todos esses 11 anos de saga. A batalha final é um show à parte, pois é pirotecnia misturada com fan service. O que diferencia essa diversão de um Transformers da vida? Bom, até a batalha começar, o trabalho mais importante foi concluído - em geral - com muito sucesso. E aqui devo confessar que sempre, SEMPRE odiei reações exaltadas em salas de cinema, mas meu amigo, o que foi aquilo?! Minha sessão parecia um estádio de futebol em diversos momentos do clímax, e, apesar de não reagir da mesma maneira, achei tudo maravilhoso pois, psicologicamente, eu estava com todos ali. Não havia intenções de baderna ou desrespeito, éramos apenas nós todos encerrando essa caminhada juntos e em sintonia. Rimos, vibramos... e choramos ( no meu caso, não só psicologicamente). O círculo estava fechado.
Ao final, com Steve Rogers e Peggy Carter tendo concluído o arco dele e o da série "Agent Carter", e após os solitários créditos finais, nós, ainda abalados, trocamos alguns "Foi um prazer, pessoal", e realmente a sensação era de que sim, a jornada até o fim valeu a pena. Ainda que o macro vá continuar nos próximos anos, esse foi o fim de uma era, e nada mais será como antes. Triste? Sim, mas afinal... "parte da jornada é o fim".
Shazam e a "nova" DC do Cinema. Comecemos por aquele que é uma das novidades dessa nova fase da concorrente da Marvel: o humor. Nesse caso, ele é muito bom até a metade. Depois, a repetição e os exageros cansam um pouco, deixando apenas aquele forçado e constante sorriso de canto de boca. Já o elenco é sensacional, tanto o jovem quanto o adulto. Cabe parênteses a Mark Strong, que aparenta ser melhor do que o roteiro permite. Pelo menos isso significa que o ator extrai o melhor do que tem. Também é notável e interessante o contraste entre os momentos "sessão da tarde" (leves e/ou infantis) e as sequências que, de tão realistas, dão uma leve chocada pela violência. Uma vez que a DC já provou ter o segundo "A" da palavra SHAZAM ao remodelar todo o seu universo cinematográfico, que agora não falte o primeiro "A", para que possamos ver outros bons resultados como esse por muito tempo. E cá entre nós, um pouquinho do S que a Marvel Studios vem demonstrando nos últimos anos também não faria mal...
"Capitã Marvel" é divertido, mas é uma diversão que confunde o espectador: seu mérito é estritamente próprio ou vem do fato de a narrativa estar trabalhando com personagens que já conhecemos, porém em um momento cronológico inédito? E se a intenção, no final das contas, era que ficássemos com a sensação de que Carol Danvers é a mais poderosa dos heróis apresentados até agora, acertaram em cheio. Porém, por fazerem isso abusando do CGI, falta tangibilidade a todo esse poder, coisa que não acontece, por exemplo, com o Thor ou Superman, seja o do Christopher Reeve ou o do Henry Cavill. No mais, é um filme sem muita novidade, bem básico, talvez "origem demais" e por vezes até sem graça; OK no geral.
A metalinguagem proporciona boas reflexões sobre realidade e livre arbítrio, mas a história é muito fraca e acaba prejudicando o impacto que qualquer dos finais pretendia fazer sentir.
Continuação do excelente filme de 2016 que renasceu a franquia Wizarding World, "Crimes de Grindelwald" é um conjunto de ótimos elementos que, porém, não coexistem em harmonia justamente pela quantidade dos mesmos. Um problema claramente do roteiro de J.K. Rowling, que sofre também com a expansão da história de 3 para 5 filmes previstos. Já David Yates, que desde "Ordem da Fênix" imprime tons e estilos diferentes para cada longa, parece, em alguns momentos, passar os limites do bom senso em prol de mais um trabalho "único". Não era necessário.
Pessoalmente, muita curiosidade para o contraste que o terceiro filme da saga de Newt Scamander (e Dumbledore & Grindelwald, convenhamos) deverá apresentar ao mesclar tons acinzentados (já uma identidade visual de "Animais Fantásticos", por ter a maior parte de sua trama se passando em países de clima frio) às cores quentes que compõe o cenário tropical das terras brasileiras. Accio 2020!
O filme usa boas cenas de ação, um visual bonito e elementos do Cinema de super-herói para justificar mais uma história de justiceiro. E apesar de diversos problemas, como o roteiro mal resolvido e atuações inconstantes, o resultado é positivo, principalmente se isso significar oportunidades para outras HQs brasileiras também alcançarem a graça da adaptação.
Vilão genérico, motivações lixosas, CGI decepcionante... Tantos clichês, tão pouco tempo. No outro lado da balança, Tom Hardy super à vontade dando vida à uma relação escrita com bom gosto, ainda que pule etapas na ânsia de sedimentar completamente a parceria parasita-hospedeiro; uma falha estrutural que incomoda. "Tão pouco tempo"?...
Tudo Bem no Natal Que Vem
3.5 563Mesmo reciclando ideias consagradas do Cinema, o roteiro consegue apresentar uma premissa interessante com uma pitadinha de originalidade. E a comédia, apesar dos exageros e insistências já esperados, satisfaz em uma história sobre o Natal tipicamente brasileiro. História essa que ganha relevância justamente por se manter longe dos clichês de filmes natalinos vindos do outro lado da linha do Equador.
Lego Star Wars: Especial de Festas
3.6 11 Assista AgoraVisualmente lindo, o especial aproveita muito bem do clima familiar que há na saga original para construir sua atmosfera natalina. E embora o desenrolar da história não se distancie minimamente do fan service, o característico humor irreverente da franquia LEGO somado às situações inusitadas, únicas e imperdíveis - como Darth Vader vs. Darth Vader - garantem um bom entretenimento para dezembro.
Um Senhor Estagiário
3.9 1,2K Assista AgoraApesar do roteiro deficiente em termos de estrutura, Robert De Niro e Anne Hathaway valem toda a experiência.
VIPs
3.3 1,0KUm bom entretenimento, mas falta um pouco mais de lógica narrativa em relação à sucessão de acontecimentos, também um objetivo mais sólido para o protagonista do Wagner Moura e, quem sabe, uma trilha sonora menos genérica e à altura da genialidade dessa figura que se aproveitou da hipocrisia de parte da alta sociedade. Em todos esses pontos o documentário é muito superior. No entanto, ainda vale o tempo investido.
Dois Papas
4.1 962 Assista AgoraMeirelles imprime vitalidade e energia a uma trama que, dada sua premissa (dois papas papeando), poderia soar desinteressante e monótona. Mas o que se vê é um filme que faz funcionar algo tão raro quanto necessário nos tempos de hoje: o diálogo entre visões antagônicas. E, apesar de uma câmera às vezes irritante e de um roteiro que, em um momento ou outro, não aprofunda questões como poderia, é um deleite acompanhar Jonathan Pryce e Anthony Hopkins vivendo esses visionários que vão de dilemas divinos a mundanos em suas jornadas de fé, opinião e, acima de tudo, perdão.
O Menino que Descobriu o Vento
4.3 741Se a história, apesar de ótima, não é o forte pela razão de sabermos exatamente como o problema principal se resolve, o grande mérito do filme está no poder de imersão - no cenário africano - que tem a cinematografia chefiada por Chiwetel Ejiofor.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraA ótima premissa e a competente construção de uma atmosfera tensa, pesada e angustiante são elementos que compensam os diálogos rasos e os clichês inerentes aos filmes de monstros assassinos.
A Terra é Plana
3.5 196Só uma coisa a dizer:
"Interessante.
Interessante.
Isso é interessante."
HAHAHAHAHAHA
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista AgoraEpisódio que se propõe a ser o derradeiro da saga Skywalker opta por um caminho seguro e sem riscos do ponto de vista narrativo, quando comparado às escolhas arrojadas do episódio anterior. E embora o resultado seja bem bom dentro do que se propõe a fazer, o filme acaba por escancarar a falta de planejamento dessa trilogia. Exemplo: personagens como Finn e Poe, que em tese deveriam ser importantes, se revelam o produto de uma sucessão de erros. O primeiro não tem o que fazer além de gritar por Rey durante todo o tempo (essa chatice vem desde os anteriores, embora fizesse algum sentido no início), e Poe, injustiçado em "Os Últimos Jedi", se mostra uma tentativa besta de ser o que Han Solo foi para a trilogia clássica.
Star Wars merecia muito mais em sua despedida, sim, mas antes um ponto final previsível e na zona de conforto (o que de certa forma lembra o episódio VII) do que um episódio VIII ao cubo, com núcleos inteiros desinteressantes que não levam a nada.
É, apesar de eu classificar "A Ascensão Skywalker" como Muito Bom, o sabor da despedida é agridoce...
Entre Facas e Segredos
4.0 1,5K Assista AgoraUma rara ótima diversão.
Han Solo: Uma História Star Wars
3.3 638 Assista AgoraSe o longa fosse sobre um novo personagem no cânone, talvez funcionasse melhor, mas estamos falando de Han Solo, do inimitável Harrison Ford. Uma dica para a experiência ser melhor aproveitada é sempre ter em mente que se trata de um Han muito anterior àquele de Uma Nova Esperança. Assim o filme se torna uma aventura ok.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraSPOILERS!!!
O longa de Todd Phillips estrelado por Joaquin Phoenix pode não ser uma adaptação da graphic novel de Alan Moore e Brian Bolland, mas também é sobre uma piada mortal. Nesse caso, uma incompreendida por aqueles que passam a admirar e a endeusar a figura do Coringa (até se fantasiam como ele) sem realmente entendê-la, acinzentada na mente do público, mas clara como o dia na cabeça de Arthur Fleck: no final, não era sobre o descaso da elite e a desigualdade social, era sobre ele, apenas sobre ele e o quanta gente "inocente" e iludida ajudando-o a realizar sua vingança pessoal e, principalmente, o ovacionando, ele é capaz de arrastar.
Homem-Aranha: Longe de Casa
3.6 1,3K Assista AgoraEspirituoso, "Longe de Casa" funciona bem como prólogo da Saga do Infinito, mas é como uma ótima aventura Sessão da Tarde que ele será lembrado.
Vingadores: Ultimato
4.3 2,6K Assista AgoraSPOILERS!!!
"Quem dera eu pudesse voltar no tempo. Faria tudo diferente"
Olha, eu não fiz nenhuma pesquisa, mas acredito veementemente que esse é o principal pensamento de quem se arrepende de algo que fez ou deixou de fazer em seu passado. A Psicologia certamente deve explicar com propriedade, mas não é difícil entender a razão: trata-se de um recurso, em teoria, fácil, é relativamente simples. Volta-se em algum ponto anterior ao desastroso evento, conserta-se o que tiver fora de ordem, e a vida segue sem nenhuma consequência anteriormente tida como certa, seja em forma de punição, seja em forma de um sentimento corrosivo, como culpa ou remorso. E é por essa razão que, a princípio, não gostei da solução que os idealizadores desse filme adotaram para consertar as terríveis consequências retratadas anteriormente. Depois do final corajoso e interessantíssimo - do ponto de vista narrativo - de "Guerra Infinita", voltar no tempo e mudar o imutável soa como... preguiçoso. De certa maneira é, não há como negar. Mas é aí que entra a sabedoria de uma equipe criativa que há mais de 10 anos entrega, em média, ótimos filmes calcados praticamente em uma mesma fórmula. É essa sabedoria que, baseado no que o filme se propõe, faz de "Ultimato" não um produto genérico e previsível, mas uma excelente peça de conclusão para uma saga, em muitos sentidos, única na história do Cinema.
A acinzentada e desesperançosa primeiro parte é excelente ao retratar a dificuldade da humanidade em conseguir seguir em frente após o Estalo, afinal muitos perderam muita gente de uma só vez. E esse início, tão inesperado para um filme cuja expectativa natural é de que haja elementos grandiosos do início ao fim (o contraste com o clímax funciona muito bem), dá aos atores oportunidades de explorarem novas facetas de seus personagens. Scarlett Johansson e Robert Downey Jr. (esse com uma ótima ajuda do CGI) são os que mais aproveitam e melhor se saem.
Se há uma vantagem natural no fato de o plano de viagem no tempo ser utilizado nesse capítulo final é a característica (tão comum em finais de séries de TV) de revisitar momentos e/ou elementos que marcaram a jornada. Então é muito interessante não só rever eventos como a Batalha de Nova York, mas expandir os mesmos. A situação entre o Hulk daquela época e os lances de escadas da Torre Stark é hilária! E, por falar nele, cabe aqui menção honrosa a esse personagem que, muito provavelmente, é o meu preferido do MCU. Quando conhecemos Bruce Banner, ele era um sujeito amargurado, perseguido, e que buscava incessantemente a cura para o que considerava uma maldição, tudo isso escondido nas favelas do Rio de Janeiro. Mais de 10 anos e muitos dilemas depois, o sujeito se aceitou, o alter ego Hulk é um herói absoluto e a curiosa amálgama entre as duas personalidades é... zen. Altíssimo potencial de enfurecer fãs e "fãs", mas conclui com coerência esse grande arco de autoconhecimento. Também não se deve esquecer de um dos personagens mais interessantes dos últimos anos da franquia: Thor, aquele que perdeu tudo, mas que ainda assim sorriu enquanto uma lágrima riscava seu rosto e seu coração se abria para um guaxinim. O poço moral em que o personagem cai após o crasso fracasso do filme anterior, e suas respectivas consequências físicas, não é apenas um atestado de que a Marvel alcançou um patamar tão grande que não teme desvirtuar um de seus principais símbolos de beleza, mas também é simplesmente uma das coisas mais legais e hilárias que esses caras poderiam fazer. Ponto.
Depois de tudo isso nem é preciso dizer muito sobre o último ato do filme - e de todos esses 11 anos de saga. A batalha final é um show à parte, pois é pirotecnia misturada com fan service. O que diferencia essa diversão de um Transformers da vida? Bom, até a batalha começar, o trabalho mais importante foi concluído - em geral - com muito sucesso. E aqui devo confessar que sempre, SEMPRE odiei reações exaltadas em salas de cinema, mas meu amigo, o que foi aquilo?! Minha sessão parecia um estádio de futebol em diversos momentos do clímax, e, apesar de não reagir da mesma maneira, achei tudo maravilhoso pois, psicologicamente, eu estava com todos ali. Não havia intenções de baderna ou desrespeito, éramos apenas nós todos encerrando essa caminhada juntos e em sintonia. Rimos, vibramos... e choramos ( no meu caso, não só psicologicamente). O círculo estava fechado.
Ao final, com Steve Rogers e Peggy Carter tendo concluído o arco dele e o da série "Agent Carter", e após os solitários créditos finais, nós, ainda abalados, trocamos alguns "Foi um prazer, pessoal", e realmente a sensação era de que sim, a jornada até o fim valeu a pena. Ainda que o macro vá continuar nos próximos anos, esse foi o fim de uma era, e nada mais será como antes. Triste? Sim, mas afinal... "parte da jornada é o fim".
Shazam!
3.5 1,2K Assista AgoraShazam e a "nova" DC do Cinema.
Comecemos por aquele que é uma das novidades dessa nova fase da concorrente da Marvel: o humor. Nesse caso, ele é muito bom até a metade. Depois, a repetição e os exageros cansam um pouco, deixando apenas aquele forçado e constante sorriso de canto de boca. Já o elenco é sensacional, tanto o jovem quanto o adulto. Cabe parênteses a Mark Strong, que aparenta ser melhor do que o roteiro permite. Pelo menos isso significa que o ator extrai o melhor do que tem. Também é notável e interessante o contraste entre os momentos "sessão da tarde" (leves e/ou infantis) e as sequências que, de tão realistas, dão uma leve chocada pela violência.
Uma vez que a DC já provou ter o segundo "A" da palavra SHAZAM ao remodelar todo o seu universo cinematográfico, que agora não falte o primeiro "A", para que possamos ver outros bons resultados como esse por muito tempo.
E cá entre nós, um pouquinho do S que a Marvel Studios vem demonstrando nos últimos anos também não faria mal...
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista Agora"Capitã Marvel" é divertido, mas é uma diversão que confunde o espectador: seu mérito é estritamente próprio ou vem do fato de a narrativa estar trabalhando com personagens que já conhecemos, porém em um momento cronológico inédito? E se a intenção, no final das contas, era que ficássemos com a sensação de que Carol Danvers é a mais poderosa dos heróis apresentados até agora, acertaram em cheio. Porém, por fazerem isso abusando do CGI, falta tangibilidade a todo esse poder, coisa que não acontece, por exemplo, com o Thor ou Superman, seja o do Christopher Reeve ou o do Henry Cavill. No mais, é um filme sem muita novidade, bem básico, talvez "origem demais" e por vezes até sem graça; OK no geral.
Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KA metalinguagem proporciona boas reflexões sobre realidade e livre arbítrio, mas a história é muito fraca e acaba prejudicando o impacto que qualquer dos finais pretendia fazer sentir.
Poltergeist: O Fenômeno
3.5 1,1K Assista AgoraMais puxado para a fantasia spilbergiana oitentista do que para o terror de fato.
Deadpool 2
3.8 1,3K Assista AgoraMais galhofa, mais drama... A concretização do potencial que o primeiro teria depois de "uma moral com o estúdio".
Aquaman
3.7 1,7K Assista AgoraAventura clássica que agrada mais pela composição visual que por todo o resto...
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald
3.5 1,1K Assista AgoraContinuação do excelente filme de 2016 que renasceu a franquia Wizarding World, "Crimes de Grindelwald" é um conjunto de ótimos elementos que, porém, não coexistem em harmonia justamente pela quantidade dos mesmos. Um problema claramente do roteiro de J.K. Rowling, que sofre também com a expansão da história de 3 para 5 filmes previstos. Já David Yates, que desde "Ordem da Fênix" imprime tons e estilos diferentes para cada longa, parece, em alguns momentos, passar os limites do bom senso em prol de mais um trabalho "único". Não era necessário.
Pessoalmente, muita curiosidade para o contraste que o terceiro filme da saga de Newt Scamander (e Dumbledore & Grindelwald, convenhamos) deverá apresentar ao mesclar tons acinzentados (já uma identidade visual de "Animais Fantásticos", por ter a maior parte de sua trama se passando em países de clima frio) às cores quentes que compõe o cenário tropical das terras brasileiras. Accio 2020!
O Doutrinador
3.2 289 Assista AgoraO filme usa boas cenas de ação, um visual bonito e elementos do Cinema de super-herói para justificar mais uma história de justiceiro. E apesar de diversos problemas, como o roteiro mal resolvido e atuações inconstantes, o resultado é positivo, principalmente se isso significar oportunidades para outras HQs brasileiras também alcançarem a graça da adaptação.
A Justiceira
3.3 258 Assista AgoraCom uma trama batida, "A Justiceira" talvez funcionasse melhor se lançado há alguns anos.
Venom
3.1 1,4K Assista AgoraVilão genérico, motivações lixosas, CGI decepcionante... Tantos clichês, tão pouco tempo.
No outro lado da balança, Tom Hardy super à vontade dando vida à uma relação escrita com bom gosto, ainda que pule etapas na ânsia de sedimentar completamente a parceria parasita-hospedeiro; uma falha estrutural que incomoda. "Tão pouco tempo"?...