A segunda e (tristemente) última temporada da série abraça de vez o estilo cartunesco, usado com menos intensidade na temporada passada, e investe em uma satisfatória trama principal, embora sua resolução decepcione. Mas melhor que acompanhar os planos maquiavélicos, as investigações, correrias e tiroteios é curtir as interações entre os protagonistas; ora dramáticas a fim de criar empatia conosco, ora divertidas para... nos divertir.
A temporada começa como um procedural comum, avança para casos da semana convenientemente inseridos nos círculos de relacionamentos dos personagens e chega à reta final de forma serializada. O problema é, para desenvolver tudo isso, usar diálogos bobos, câmera trêmula (muitas vezes sem qualquer fim narrativo) em excesso e músicas, em sua maioria, inseridas por sei lá quais motivos. Mas a maior deficiência é, em 5 protagonistas, não haver um sequer que seja a ponte entre o espectador e aquele universo, que tenha o carisma adequado. Não que seja necessário um mocinho, não! Mas todos ali causam repulsa durante muito tempo.
Mais episódios que o necessário, uma direção que não sabe mostrar os poderes da protagonista, perde-se em explicações e cai em furos... Mas ainda é uma boa série. É.
Retratar a caricatura que pintam da velhice caricaturando os caricaturadores não é muito justo; felizmente esses exageros acontecem pouco ao longo das 4 histórias - um suspense, um musical e dois dramas.
Em um momento em que tinha tudo para perder força, "Narcos" mostra vigor e entrega sua melhor temporada. "O rei está morto. Viva os novos reis!". Depois do banho de sangue da guerra entre o Cartel de Medellín e a Colômbia/Estados Unidos nas duas primeiras temporadas, entram em cena os Cavalheiros de Cali, homens com uma visão para o narcotráfico diferente da de Pablo Escobar, preferindo agir nas sombras e visando o meio empresarial. Se lá Escobar cometia atentados atacando inimigos e inocentes e fazia questão de anunciar sua autoria, aqui Cali prefere fugir de uma aparência violenta, ao menos aos olhos da sociedade, reservando seus métodos igualmente sádicos e sanguinários aos rivais e a qualquer um que represente ameaça ao império. Assim, a violência no terceiro ano de "Narcos" diminui, mas de forma alguma desaparece. Isso é impossível. Lutando contra tudo e todos, de capangas a políticos, retorna o agente Peña como protagonista, que se vê afetado por seus atos duvidosos do ano anterior e obrigado a entender que para desmantelar o Cartel de Cali, tudo terá que ser diferente. Pedro Pascal está incrível na pele do americano, e sua última cena coroa a relação de confiança e apego entre o espectador e o personagem. Outro arco incrível - bastante fiel aos fatos - traçado pelos roteiristas é o de Jorge Salcedo, que, se brincar, tem mais tempo de tela que o Peña. Matias Varela entende o peso do papel e convence em 200% do tempo. Por outro lado, os agentes Chris Feistl e Daniel Van Ness são carismáticos, mas não suficientemente desenvolvidos. Que isso mude em um possível retorno da dupla. A 1a temporada mostra aproximadamente 15 anos de história, e quase que inevitavelmente apresenta problemas de ritmo. Na 2a isso é amenizado com a trama percorrendo pouco menos de 1 ano e meio. Porém é na 3a, com eventos praticamente lineares, que "Narcos" finalmente se ajeita. E no que diz respeito a outros aspectos técnicos, a série sempre foi sensacional em termos de direção, fotografia, som... Mas com as outras dimensões melhor ajustadas, o que era lindo fica deslumbrante. Agora que venha El México, terra do taco, do Chaves, da Maria do Bairro, e claro, do Chapo e dos Señor de los Cielos.
Embora decepcione na ação (não se trata da ação pela ação, mas do retrato dos inúmeros confrontos armados que ocorreram nos anos da ditadura; na maioria das vezes esses eventos são apenas comentados em diálogos), a minissérie se mostra uma ode ao modo de vida da juventude dos anos 60 e 70, e uma grande homenagem à cultura da época. Pedro Cardoso se diverte interpretando - e improvisando - Galeno, o coadjuvante escolhido pelos autores para ser o amante do Cinema e da Música daqueles anos. Paralelamente, também roubando a cena, temos Cláudia Abreu no melhor arco dramático da produção, vivendo a idealista Heloísa. Os protagonistas Malu Mader e Cássio Gabus Mendes são, claro, a alma da minissérie, mas não escapam da típica história de amor folhetinesca. Uma produção que marcou época e vale o tempo gasto, desde que se tenha em mente que se trata dos bastidores de apenas um dos lados da guerra que marcou o Brasil há algumas décadas.
"The 100" começou como uma genuína série da CW: muitos adolescentes e alguns casais fofos e shipáveis (suspiro). Mas não demorou muito para notarmos um tom diferente, atípico. E foi investindo em uma trama sombria, permeada por uma considerável dose de violência, que a 1a temporada se desenvolveu e se encerrou, puxando, em seus minutos finais, o principal arco dramático da 2a temporada. Porém, não é uma temporada de estreia excelente, apenas ok. Os roteiristas pareciam ignorar o tamanho do potencial que tinham em mãos, preferindo insistir em clichês; felizmente muita coisa muda aqui. Para começar, as tramas de interesse amoroso são praticamente aniquiladas. O problema não é o romance, mas a forma como é inserido e usado na trama. Se na temporada passada esses plots muitas vezes soavam inverossímeis, aqui, quando acontecem, tem uma justificativa crível, é muito mais orgânico. Como consequência - ou não - a trama principal flui sem grandes obstáculos. Outro ponto de amadurecimento da série reside nos personagens, mais precisamente nos lados ocupados pelos diferentes povos. Na 1a temporada, a dicotomia entre bem e mal era muito explícita, mas com o desenrolar dos fatos na 2a, fica claro que não há muita diferença entre as Pessoas do Céu, os Terra-Firmes e os Montanheses, ninguém é herói ou vilão, são todos apenas sobreviventes. E a trama é sobre o que essas pessoas são capazes de fazer para continuar sobrevivendo e reerguer a humanidade. No entanto, essa mudança de uma temporada para outra também gera problemas. Mesmo ciente do cenário selvagem em que estão inseridos os personagens e do que já passaram até aqui, é difícil compreender comportamentos que vão da água para o vinho por motivos fúteis ou insuficientes. Pelo menos 3 se apresentam assim, sendo o motivo de um deles muito claro: conveniência do roteiro. Como já dito, a 1a temporada foi demasiadamente contida no que diz respeito à exploração de seu universo. Mas é na 2a que podemos ver mais desse mundo pós-apocalíptico. Vamos desde tribos com figurinos à la Mad Max, armados com espadas e flechas, até drones e inteligências artificiais avançadíssimas, passando por uma jornada espiritual e redentora rumo a uma terra prometida; tudo isso sem flashbacks. E misturar crenças míticas com tecnologia de outrora - principalmente no arco de Jaha - é um dos maiores acertos da temporada, assim como a naturalidade com que as mulheres assumem o protagonismo da série. Elas são líderes, comandantes, guerreiras... E em nenhum momento suas posições nas hierarquias são questionáveis. Essa segunda leva de episódios (pouco maior que a 1a, agora com 16) não tem um encerramento exatamente satisfatório - optar por não concluir a trama na parte 1 de "Blood Must Have Blood" pode ter diferenciado essa season finale da da 1a, mas é um tanto anticlimático - mas melhora minha relação com a série e me faz ansiar pela terceira. Uma série que, não fosse pela emissora em que é exibida, certamente teria uma visibilidade muito maior. "Sua luta acabou".
A série não começa bem. Os primeiros episódios são muito lentos e abusam da repetição de cenas. Mas graças à narrativa linear, e não episódica como a da série live-action, o ritmo melhora e esses absurdos diminuem. O enredo é inspirado principalmente nos dois primeiros filmes, mas utiliza elementos de tudo o que veio depois - e antes: pela primeira vez em uma adaptação a sociedade símia é tecnologicamente avançada , assim como no romance de Pierre Boulle. E isso não é tudo: com a liberdade da animação os roteiristas inserem também - pasmem! - um dragão e uma espécie de King Kong. E ambos duelam. É. Quanto à animação, não tem nada demais. Na época Hanna-Barbera já fazia coisas bem melhores. E assim termina a era da franquia Planeta dos Macacos no século XX.
Dando continuidade à trama do Exame Chunin, a 2° temporada se divide em duas grandes partes: a segunda prova, na Floresta da Morte, e as preliminares na arena. O início é aborrecido, um filler. Nesse, o dever de casa de Konohamaru e sua turma (que estrelaram o bonitinho primeiro OVA do anime) é a desculpa para relembrar o público de tudo o que aconteceu na temporada anterior. Só então, no segundo episódio, a história começa a avançar. Os pouco mais de 10 episódios na Floresta e a média de 2 episódios por combate nas preliminares podem fazer surgir problemas de ritmo tão comentados por todo mundo (quantos confrontos são interrompidos inúmeras vezes em prol dos flashbacks? Alguém?), mas por outro lado é a oportunidade perfeita para aprofundar e singularizar cada um - ou a grande maioria - daqueles numerosos personagens que surgiram na reta final da 1° temporada. Um feito alcançado, embora seja curioso notar como a tragédia permeia o passado de muitos alí. E nessa tarefa o anime não tem nenhum problema em tirar seus protagonistas de cena por vários episódios, inclusive o Naruto. No mais, acho que o período de descanso e preparo que os ninjas terão antes de seguir servirão também para mim. E que venha a 3° temporada, daqui um tempo.
Situada em uma linha temporal onde eventos similares aos do 1° ato do 1° filme ocorreram, a série é o que se pode chamar de road series, estilo que Prison Break, anos depois, viria a utilizar muito bem em uma de suas temporadas. As ideias principais dos roteiros são bacanas, mas muitas ali não tem estofo para 50 minutos, resultando em episódios entediantes. Já o elenco fixo é uma das melhores coisas, todos estão muito bem. Mas a cereja do bolo mesmo é Roddy McDowall - veterano da franquia cinematográfica homônima - literalmente na pele do carismático símio Galen. Seus trejeitos mínimos e sua versatilidade fazem de Galen não só a alma da série como também o melhor personagem da franquia até aqui.
Baseada no noir baiano de Nelson Motta, a minissérie funciona bem como um thriller policial. Boa direção, atuações e trilha sonora. Mas na preocupação de colocar vários suspeitos na mesa, o roteiro escrito a seis mãos constrói personagens rasos com subtramas praticamente dispensáveis. Por outro lado, o mesmo roteiro desenvolve a trama principal de forma dinâmica e sem grandes enrolações.
Uma temporada tensa, ousada, recheada de plot twists - e consequentemente impactante - e com um series finale competente e adequadamente agridoce. Ou seja, Prison Break em sua essência. Mas ela também se arrasta além do necessário e, às vezes, é absurda além da conta. Depois da considerável queda de qualidade da 2a pra 3a temporada a série cresce um pouco pra encerrar sua sedutora história e nos dar tchau, embora consciente do pedestal em que se encontram os dois primeiros anos.
Se nas duas primeiras temporadas (a fase britânica) a maioria dos episódios se preocupam em estabelecer seu universo - apresentando os elementos bizarros de tecnologia - antes de desenvolver o arco dramático dos personagens, na temporada 3 (que dá início à fase Netflix) grande parte deles iniciam desenrolando a trama para só então estabelecer a conexão daquela história com tecnologia. Talvez por esse motivo (ou não) o impacto psicológico recebido pelo espectador nessa temporada tende a ser mais brando. Veja bem, a série continua longe de ser ruim e ainda gera excelentes questões filosóficas, mas nenhum desfecho embrulha o estômago como o 1x02, "Fifteen Million Merits" (melhor episódio da série até agora e uma das melhores coisas que já vi), ou o 2x01, "Be Right Back", ou até mesmo o especial de Natal. No entanto, que venha a 4a temporada!
Em uma época duvidosa para os super-heróis no Cinema, o sucesso da premissa desse Arquivo X da DC Comics é uma dádiva. O formato clássico de mais de 20 episódios por temporada gera um certo desconforto, mas permite humanizar os personagens a ponto de torná-los mais interessantes do que jamais foram nas adaptações cinematográficas, como é o caso de Lex Luthor.
Durante 3 episódios a trama se desenvolve bem e a produção é correta. Mas ao chegar no encerramento da temporada a decepção é grande. Cria-se toda uma expectativa e o que recebemos é um clímax tosco e nenhuma resolução. Nem para os mistérios, nem para os dramas. Não que tudo precisasse ser explicado nessa temporada, mas é como se servissem entradas cada vez mais saborosas pra, no fim, o prato principal ser um jarro cheio de água.
A vaga abordagem sobre a trama principal - ou o que eu penso ser a trama principal - é um problema, afinal são 23 episódios (sendo um duplo). Mas a dinâmica do texto e as interações entre os seis amigos funcionam muito, muito bem.
Os eventos de "Capitão América 2 - O Soldado Invernal", lá na 1a temporada, mudaram a série pra sempre, tanto no enredo quanto na qualidade. Foi ali que se determinou o patamar elevado da produção. Mas a 2a temporada estabelece que "Agents of S.H.I.E.L.D." pode ser não apenas uma ótima série influenciada pelos filmes, mas uma ótima série independente. Há ligações expressivas com "Agent Carter", "Demolidor" e "Era de Ultron", claro, mas AoS já tem sua própria linha narrativa que (agora sim!) funciona como uma expansão do Universo Marvel, adaptando personagens e sagas das HQs e criando também, e até mesmo determinando elementos e temas que serão explorados nos filmes no futuro, como a Guerra Civil e os Inumanos.
Há um tempo assisti à série "Milagres de Jesus", e uma das melhores coisas na experiência era ver como a história que o roteirista estava contando naquele episódio culminaria no pequeno relato bíblico que, na maioria das vezes, foca apenas no milagre. E algo parecido acontece nesta série da Netflix. Assim como a produção brasileira citada, "Beat Bugs" é o resultado de muita imaginação de pessoas talentosas - encabeçadas pelo criador e showrunner Josh Wakely - que contam aventuras de 5 insetos que vivem no jardim de uma casa inspiradas nas músicas dos Beatles. Uma hora ou outra, claro, o resultado é nhé, como o episódio "Help" (tristemente, o primeiro) e "Birthday". Mas basta ter paciência para presenciar pequenas pérolas como "Lucy in the Sky With Diamonds", "Rain", "Magical Mystery Tour", "Carry That Weight" e "Blackbird". Como uma animação para crianças não lhe faltam clichês do gênero, o que não é sempre ruim. Os protagonistas são estereotipados mas estão bem encaixados naquele universo. O choque cultural sofrido pelos insetos quando expostos a objetos humanos é um ponto positivo da série e espero ver mais disso no futuro. E falando em futuro da série, não deve haver muita preocupação entre os realizadores, afinal de contas, quase ou mais de 300 músicas dos Rapazes de Liverpool esperam pela imaginação dos roteiristas. E haja imaginação!...
Treze Dias Longe do Sol
3.1 34Tem potencial pra mais.
Para o pessoal (como eu) de Engenharia Civil e Arquitetura, a recomendação é dobrada.
Agente Carter (2ª Temporada)
4.0 136 Assista AgoraA segunda e (tristemente) última temporada da série abraça de vez o estilo cartunesco, usado com menos intensidade na temporada passada, e investe em uma satisfatória trama principal, embora sua resolução decepcione. Mas melhor que acompanhar os planos maquiavélicos, as investigações, correrias e tiroteios é curtir as interações entre os protagonistas; ora dramáticas a fim de criar empatia conosco, ora divertidas para... nos divertir.
The Fall (1ª Temporada)
4.3 210Sufocante e eficientemente fria e com atuações em sintonia com essa atmosfera. Mas os desdobramentos são, de certa forma, previsíveis.
9MM: São Paulo (1ª Temporada)
3.7 11A temporada começa como um procedural comum, avança para casos da semana convenientemente inseridos nos círculos de relacionamentos dos personagens e chega à reta final de forma serializada. O problema é, para desenvolver tudo isso, usar diálogos bobos, câmera trêmula (muitas vezes sem qualquer fim narrativo) em excesso e músicas, em sua maioria, inseridas por sei lá quais motivos. Mas a maior deficiência é, em 5 protagonistas, não haver um sequer que seja a ponte entre o espectador e aquele universo, que tenha o carisma adequado. Não que seja necessário um mocinho, não! Mas todos ali causam repulsa durante muito tempo.
Jessica Jones (1ª Temporada)
4.1 1,1K Assista AgoraMais episódios que o necessário, uma direção que não sabe mostrar os poderes da protagonista, perde-se em explicações e cai em furos... Mas ainda é uma boa série. É.
Os Experientes
4.3 21Retratar a caricatura que pintam da velhice caricaturando os caricaturadores não é muito justo; felizmente esses exageros acontecem pouco ao longo das 4 histórias - um suspense, um musical e dois dramas.
Narcos (3ª Temporada)
4.4 297 Assista AgoraEm um momento em que tinha tudo para perder força, "Narcos" mostra vigor e entrega sua melhor temporada.
"O rei está morto. Viva os novos reis!". Depois do banho de sangue da guerra entre o Cartel de Medellín e a Colômbia/Estados Unidos nas duas primeiras temporadas, entram em cena os Cavalheiros de Cali, homens com uma visão para o narcotráfico diferente da de Pablo Escobar, preferindo agir nas sombras e visando o meio empresarial. Se lá Escobar cometia atentados atacando inimigos e inocentes e fazia questão de anunciar sua autoria, aqui Cali prefere fugir de uma aparência violenta, ao menos aos olhos da sociedade, reservando seus métodos igualmente sádicos e sanguinários aos rivais e a qualquer um que represente ameaça ao império. Assim, a violência no terceiro ano de "Narcos" diminui, mas de forma alguma desaparece. Isso é impossível.
Lutando contra tudo e todos, de capangas a políticos, retorna o agente Peña como protagonista, que se vê afetado por seus atos duvidosos do ano anterior e obrigado a entender que para desmantelar o Cartel de Cali, tudo terá que ser diferente. Pedro Pascal está incrível na pele do americano, e sua última cena coroa a relação de confiança e apego entre o espectador e o personagem.
Outro arco incrível - bastante fiel aos fatos - traçado pelos roteiristas é o de Jorge Salcedo, que, se brincar, tem mais tempo de tela que o Peña. Matias Varela entende o peso do papel e convence em 200% do tempo. Por outro lado, os agentes Chris Feistl e Daniel Van Ness são carismáticos, mas não suficientemente desenvolvidos. Que isso mude em um possível retorno da dupla.
A 1a temporada mostra aproximadamente 15 anos de história, e quase que inevitavelmente apresenta problemas de ritmo. Na 2a isso é amenizado com a trama percorrendo pouco menos de 1 ano e meio. Porém é na 3a, com eventos praticamente lineares, que "Narcos" finalmente se ajeita. E no que diz respeito a outros aspectos técnicos, a série sempre foi sensacional em termos de direção, fotografia, som... Mas com as outras dimensões melhor ajustadas, o que era lindo fica deslumbrante.
Agora que venha El México, terra do taco, do Chaves, da Maria do Bairro, e claro, do Chapo e dos Señor de los Cielos.
Anos Rebeldes
4.2 54Embora decepcione na ação (não se trata da ação pela ação, mas do retrato dos inúmeros confrontos armados que ocorreram nos anos da ditadura; na maioria das vezes esses eventos são apenas comentados em diálogos), a minissérie se mostra uma ode ao modo de vida da juventude dos anos 60 e 70, e uma grande homenagem à cultura da época. Pedro Cardoso se diverte interpretando - e improvisando - Galeno, o coadjuvante escolhido pelos autores para ser o amante do Cinema e da Música daqueles anos. Paralelamente, também roubando a cena, temos Cláudia Abreu no melhor arco dramático da produção, vivendo a idealista Heloísa. Os protagonistas Malu Mader e Cássio Gabus Mendes são, claro, a alma da minissérie, mas não escapam da típica história de amor folhetinesca.
Uma produção que marcou época e vale o tempo gasto, desde que se tenha em mente que se trata dos bastidores de apenas um dos lados da guerra que marcou o Brasil há algumas décadas.
The 100 (2ª Temporada)
4.2 462"The 100" começou como uma genuína série da CW: muitos adolescentes e alguns casais fofos e shipáveis (suspiro). Mas não demorou muito para notarmos um tom diferente, atípico. E foi investindo em uma trama sombria, permeada por uma considerável dose de violência, que a 1a temporada se desenvolveu e se encerrou, puxando, em seus minutos finais, o principal arco dramático da 2a temporada. Porém, não é uma temporada de estreia excelente, apenas ok. Os roteiristas pareciam ignorar o tamanho do potencial que tinham em mãos, preferindo insistir em clichês; felizmente muita coisa muda aqui.
Para começar, as tramas de interesse amoroso são praticamente aniquiladas. O problema não é o romance, mas a forma como é inserido e usado na trama. Se na temporada passada esses plots muitas vezes soavam inverossímeis, aqui, quando acontecem, tem uma justificativa crível, é muito mais orgânico. Como consequência - ou não - a trama principal flui sem grandes obstáculos.
Outro ponto de amadurecimento da série reside nos personagens, mais precisamente nos lados ocupados pelos diferentes povos. Na 1a temporada, a dicotomia entre bem e mal era muito explícita, mas com o desenrolar dos fatos na 2a, fica claro que não há muita diferença entre as Pessoas do Céu, os Terra-Firmes e os Montanheses, ninguém é herói ou vilão, são todos apenas sobreviventes. E a trama é sobre o que essas pessoas são capazes de fazer para continuar sobrevivendo e reerguer a humanidade.
No entanto, essa mudança de uma temporada para outra também gera problemas. Mesmo ciente do cenário selvagem em que estão inseridos os personagens e do que já passaram até aqui, é difícil compreender comportamentos que vão da água para o vinho por motivos fúteis ou insuficientes. Pelo menos 3 se apresentam assim, sendo o motivo de um deles muito claro: conveniência do roteiro.
Como já dito, a 1a temporada foi demasiadamente contida no que diz respeito à exploração de seu universo. Mas é na 2a que podemos ver mais desse mundo pós-apocalíptico. Vamos desde tribos com figurinos à la Mad Max, armados com espadas e flechas, até drones e inteligências artificiais avançadíssimas, passando por uma jornada espiritual e redentora rumo a uma terra prometida; tudo isso sem flashbacks. E misturar crenças míticas com tecnologia de outrora - principalmente no arco de Jaha - é um dos maiores acertos da temporada, assim como a naturalidade com que as mulheres assumem o protagonismo da série. Elas são líderes, comandantes, guerreiras... E em nenhum momento suas posições nas hierarquias são questionáveis.
Essa segunda leva de episódios (pouco maior que a 1a, agora com 16) não tem um encerramento exatamente satisfatório - optar por não concluir a trama na parte 1 de "Blood Must Have Blood" pode ter diferenciado essa season finale da da 1a, mas é um tanto anticlimático - mas melhora minha relação com a série e me faz ansiar pela terceira. Uma série que, não fosse pela emissora em que é exibida, certamente teria uma visibilidade muito maior.
"Sua luta acabou".
De Volta ao Planeta dos Macacos
3.3 11A série não começa bem. Os primeiros episódios são muito lentos e abusam da repetição de cenas. Mas graças à narrativa linear, e não episódica como a da série live-action, o ritmo melhora e esses absurdos diminuem.
O enredo é inspirado principalmente nos dois primeiros filmes, mas utiliza elementos de tudo o que veio depois - e antes: pela primeira vez em uma adaptação a sociedade símia é tecnologicamente avançada , assim como no romance de Pierre Boulle. E isso não é tudo: com a liberdade da animação os roteiristas inserem também - pasmem! - um dragão e uma espécie de King Kong. E ambos duelam. É.
Quanto à animação, não tem nada demais. Na época Hanna-Barbera já fazia coisas bem melhores.
E assim termina a era da franquia Planeta dos Macacos no século XX.
Naruto (2ª Temporada)
4.3 78Dando continuidade à trama do Exame Chunin, a 2° temporada se divide em duas grandes partes: a segunda prova, na Floresta da Morte, e as preliminares na arena.
O início é aborrecido, um filler. Nesse, o dever de casa de Konohamaru e sua turma (que estrelaram o bonitinho primeiro OVA do anime) é a desculpa para relembrar o público de tudo o que aconteceu na temporada anterior. Só então, no segundo episódio, a história começa a avançar.
Os pouco mais de 10 episódios na Floresta e a média de 2 episódios por combate nas preliminares podem fazer surgir problemas de ritmo tão comentados por todo mundo (quantos confrontos são interrompidos inúmeras vezes em prol dos flashbacks? Alguém?), mas por outro lado é a oportunidade perfeita para aprofundar e singularizar cada um -
ou a grande maioria - daqueles numerosos personagens que surgiram na reta final da 1° temporada. Um feito alcançado, embora seja curioso notar como a tragédia permeia o passado de muitos alí. E nessa tarefa o anime não tem nenhum problema em tirar seus protagonistas de cena por vários episódios, inclusive o Naruto.
No mais, acho que o período de descanso e preparo que os ninjas terão antes de seguir servirão também para mim. E que venha a 3° temporada, daqui um tempo.
Planeta dos Macacos (1ª Temporada)
3.8 20Situada em uma linha temporal onde eventos similares aos do 1° ato do 1° filme ocorreram, a série é o que se pode chamar de road series, estilo que Prison Break, anos depois, viria a utilizar muito bem em uma de suas temporadas. As ideias principais dos roteiros são bacanas, mas muitas ali não tem estofo para 50 minutos, resultando em episódios entediantes. Já o elenco fixo é uma das melhores coisas, todos estão muito bem. Mas a cereja do bolo mesmo é Roddy McDowall - veterano da franquia cinematográfica homônima - literalmente na pele do carismático símio Galen. Seus trejeitos mínimos e sua versatilidade fazem de Galen não só a alma da série como também o melhor personagem da franquia até aqui.
O Canto da Sereia
4.0 309Baseada no noir baiano de Nelson Motta, a minissérie funciona bem como um thriller policial. Boa direção, atuações e trilha sonora. Mas na preocupação de colocar vários suspeitos na mesa, o roteiro escrito a seis mãos constrói personagens rasos com subtramas praticamente dispensáveis. Por outro lado, o mesmo roteiro desenvolve a trama principal de forma dinâmica e sem grandes enrolações.
Prison Break (4ª Temporada)
4.1 435Uma temporada tensa, ousada, recheada de plot twists - e consequentemente impactante - e com um series finale competente e adequadamente agridoce. Ou seja, Prison Break em sua essência. Mas ela também se arrasta além do necessário e, às vezes, é absurda além da conta.
Depois da considerável queda de qualidade da 2a pra 3a temporada a série cresce um pouco pra encerrar sua sedutora história e nos dar tchau, embora consciente do pedestal em que se encontram os dois primeiros anos.
Black Mirror (3ª Temporada)
4.5 1,3K Assista AgoraSe nas duas primeiras temporadas (a fase britânica) a maioria dos episódios se preocupam em estabelecer seu universo - apresentando os elementos bizarros de tecnologia - antes de desenvolver o arco dramático dos personagens, na temporada 3 (que dá início à fase Netflix) grande parte deles iniciam desenrolando a trama para só então estabelecer a conexão daquela história com tecnologia.
Talvez por esse motivo (ou não) o impacto psicológico recebido pelo espectador nessa temporada tende a ser mais brando. Veja bem, a série continua longe de ser ruim e ainda gera excelentes questões filosóficas, mas nenhum desfecho embrulha o estômago como o 1x02, "Fifteen Million Merits" (melhor episódio da série até agora e uma das melhores coisas que já vi), ou o 2x01, "Be Right Back", ou até mesmo o especial de Natal.
No entanto, que venha a 4a temporada!
Smallville: As Aventuras do Superboy (1ª Temporada)
3.9 256 Assista AgoraEm uma época duvidosa para os super-heróis no Cinema, o sucesso da premissa desse Arquivo X da DC Comics é uma dádiva. O formato clássico de mais de 20 episódios por temporada gera um certo desconforto, mas permite humanizar os personagens a ponto de torná-los mais interessantes do que jamais foram nas adaptações cinematográficas, como é o caso de Lex Luthor.
O Brado Retumbante
3.9 43Tem como boa característica a abordagem sobre diversas áreas sociais/políticas.
Naruto (1ª Temporada)
4.2 185Se sai bem tanto tanto nos momentos de comédia infanto-juvenil quanto nas sequências com uma carga dramática elevada.
Os 4400 (1ª Temporada)
4.0 72Arquivo X feelings!
O que os produtores dessa série tinham contra filmar à noite, ao invés de aplicar um filtro horroroso em uma filmagem diurna?
SuperMax (1ª Temporada)
2.9 166Pra bem ou pra mal, está longe do ideal.
Horizonte B
2.9 10 Assista AgoraDurante 3 episódios a trama se desenvolve bem e a produção é correta. Mas ao chegar no encerramento da temporada a decepção é grande. Cria-se toda uma expectativa e o que recebemos é um clímax tosco e nenhuma resolução. Nem para os mistérios, nem para os dramas. Não que tudo precisasse ser explicado nessa temporada, mas é como se servissem entradas cada vez mais saborosas pra, no fim, o prato principal ser um jarro cheio de água.
Friends (1ª Temporada)
4.6 829A vaga abordagem sobre a trama principal - ou o que eu penso ser a trama principal - é um problema, afinal são 23 episódios (sendo um duplo). Mas a dinâmica do texto e as interações entre os seis amigos funcionam muito, muito bem.
Agentes da S.H.I.E.L.D. (2ª Temporada)
4.1 226ALERTA DE SPOILERS LEVES
Os eventos de "Capitão América 2 - O Soldado Invernal", lá na 1a temporada, mudaram a série pra sempre, tanto no enredo quanto na qualidade. Foi ali que se determinou o patamar elevado da produção. Mas a 2a temporada estabelece que "Agents of S.H.I.E.L.D." pode ser não apenas uma ótima série influenciada pelos filmes, mas uma ótima série independente. Há ligações expressivas com "Agent Carter", "Demolidor" e "Era de Ultron", claro, mas AoS já tem sua própria linha narrativa que (agora sim!) funciona como uma expansão do Universo Marvel, adaptando personagens e sagas das HQs e criando também, e até mesmo determinando elementos e temas que serão explorados nos filmes no futuro, como a Guerra Civil e os Inumanos.
Beat Bugs (1ª Temporada)
4.3 3 Assista AgoraHá um tempo assisti à série "Milagres de Jesus", e uma das melhores coisas na experiência era ver como a história que o roteirista estava contando naquele episódio culminaria no pequeno relato bíblico que, na maioria das vezes, foca apenas no milagre. E algo parecido acontece nesta série da Netflix.
Assim como a produção brasileira citada, "Beat Bugs" é o resultado de muita imaginação de pessoas talentosas - encabeçadas pelo criador e showrunner Josh Wakely - que contam aventuras de 5 insetos que vivem no jardim de uma casa inspiradas nas músicas dos Beatles. Uma hora ou outra, claro, o resultado é nhé, como o episódio "Help" (tristemente, o primeiro) e "Birthday". Mas basta ter paciência para presenciar pequenas pérolas como "Lucy in the Sky With Diamonds", "Rain", "Magical Mystery Tour", "Carry That Weight" e "Blackbird".
Como uma animação para crianças não lhe faltam clichês do gênero, o que não é sempre ruim. Os protagonistas são estereotipados mas estão bem encaixados naquele universo. O choque cultural sofrido pelos insetos quando expostos a objetos humanos é um ponto positivo da série e espero ver mais disso no futuro. E falando em futuro da série, não deve haver muita preocupação entre os realizadores, afinal de contas, quase ou mais de 300 músicas dos Rapazes de Liverpool esperam pela imaginação dos roteiristas.
E haja imaginação!...