Uma aula atemporal de filme de ação com cenas de luta. Essas lutas remetem imagens distintas ao espectador, com sensações agradáveis: ora a um tom teatral pelo aproveitamento do espaço e de praticamente todos os elementos de cena, passando por um efeito que lembra bons planos sequência, graças a ausência de muitos cortes e o fácil acompanhamento dos movimentos de luta, e por fim, traz sensação do videogame, com cenários e desafios que mais parecem fases de jogos, além da história ser simples, que possa caber em breves diálogos. Fora as lutas, algumas cenas são bastante inventivas, como o discurso encenado três vezes pelos policiais aos seus superiores, ou a divertida cena da discussão de casal passando pelo vestiário. Se reflete no filme um ambiente de muita criatividade e pouca aversão aos riscos.
Muito interessante a abordagem do tema, que poderia facilmente cair em papo de coach. As atuações são bastante competentes, em praticamente todos os núcleos. A série sugere algo sobrenatural de início, vai passando a sugerir uma trama de suspense, beirando ao crime com perseguição, e por fim, resulta no que assistimos. É uma série com um clima positivo, que nos faz adentrar nos dramas de cada personagem. Essa densidade na abordagem dos traumas, ao mesmo tempo que arranca sorrisos de canto de rosto, é o grande acerto da obra. O desfecho é acalentador, e não cai no clichê de entregar algo pronto, e também evita fazer uma ponte misteriosa para um elemento não explicado.
Um trabalho de direção muito competente. Os cenários urbanos são como imagens históricas, que contrastam bem com o clima de esperança ingênua dos personagens. Há um tom pessimista no protagonista, que envolve o espectador. De maneira geral, a obra é permeada por personagens que subjugam ou se aproveitam dos demais. Interessante também a complexidade do personagem principal, com um inusitado código, fruto de seus traumas e pela conturbada relação com religião e morte.
Um filme infantil e de baixo orçamento cujo pano de fundo é formado pelos deuses de Valhalla. A garotinha protagonista segura bem o filme. Há lições interessantes para crianças, de amizade, superação e inocência. De forma geral, é uma aventura que vai gerando interesse a cada cena, mesmo com a estranheza de termos deuses sem muitos efeitos especiais.
Tem um ritmo lento e em dado momento, parece que o protagonista vai se perder completamente. Incomodou um pouco a inércia provocada pela falta de necessidade de trabalhar. No entanto, é muito inventivo o trecho de descrição das mazelas. Encanta também os flashbacks na casa/caverna, que não apela para o melodrama, além dos incríveis reencontros que a trama vai entregando gradativamente. O que há de mais marcante na obra é a relação do protagonista com a mãe, construída com memórias de diversos tempos. É uma relação que vai se mostrando complexa, que sugere temas polêmicos, mas deixa implícito alguns tabus. É uma relação das mais comuns entre mãe e filho, e por isso mesmo, bastante representativa para muitos espectadores.
A forma é primordial, uma conjunção de belas imagens com elementos arquitetônicos e apoteóticos. Chega um ponto em que o desavisado percebe que nem o protagonista nem a mulher vão concordar quanto as memórias. Ao passo que algumas narrações e cenas se repetem com leves variações, o tom de melancolia aumenta. Há claramente uma sensação de estar preso, envolto em um ciclo sem fim, cada qual com seu sentimento predominante: um com sua obsessão, outra com medo e ansiedade e até o estranho, tem seu sentimento de vitória, mas que não traz nenhuma felicidade. Ao final, temos um certo afago da trama, mas já sabemos que essa versão é uma das várias que serão revisitadas nos confins da memória. O filme é um enigma que não apresenta resposta, mas cujas imagens perduram na nossa mente.
O filme causa sentimentos ambíguos em relação ao tema que trata. Por alguns momentos, o drama adolescente típico dos anos 90 se sobressai, ao passo que você, espectador, é lembrado que aquele drama é grave, se repete e afeta terrivelmente a vida de quem convive com depressão, entre outras patologias. A atuação da Christina desperta igualmente essa dualidade: ora é assertiva, realista, contundente, mas em momentos de choro percebemos claramente uma dificuldade na atuação. Creio que tenha acertado em cheio muitos jovens adultos, que começaram a ouvir Lou Reed e que tinham de alguma forma a sensação de estar fora da caixinha da normalidade.
Não apresenta nada novo no gênero, mas homenageia e faz uso de elementos do suspense com competência. A trama mostra potencial para manter escondidos todos os segredos, mas não se pauta pelo desconhecido. Talvez o principal erro do filme é nutrir essa expectativa do desconhecido e depois dar foco ao trauma vivenciado pela protagonista. A Amy Adams atua sempre de forma a trazer mais camadas para o personagem, ela sugere que há mais a ser descoberto e que ainda falta uma ação de libertação. A direção poderia ter contribuído da mesma forma e aproveitado melhor o espaço da casa, as luzes e sombras. Este filme clamava por elementos do cinema noir.
Um deleite visual, teatral e arrebatador com seus cenários amplos. Uma câmera que pode estar muito distante sugerindo e convidando a ver aquela Europa fruto de um delírio, mas uma câmera que também incomoda nos seus closes. Tem uma construção episódica que dá um certo dinamismo a trama. É fácil e rápido entender o personagem principal e suas atitudes. As surpresas ficam por conta do ambiente e das interações escatológicas. Donald Sutherland tem uma atuação impecável.
Uma das melhores obras da Hammer. Há um clima bucólico que contrasta com o gênero terror. Apesar de simples, o filme tem um primeiro clímax que desperta a atenção para um segundo momento de vingança. A cor traz um charme a mais, sempre com alto contraste. O principal destaque é a personagem feminina, não pela atuação, mas pela história, de menina tímida, marcada no corpo e na mente, que entrega a vingança para o espectador, mas ao final convida a reflexão. Um ótimo acerto construir uma história envolvente sob o universo da obra de Mary Shelley.
Uma excelente comédia, com uma história bastante redonda. Não se preocupa em criar um universo nem em criar um drama facilitado pelo contexto, em contraponto tem foco nas relações, na superação, nas ironias e nos efeitos visuais dos monstros, tudo de maneira infantil, que enche os corações dos adultos.
A desagradável presença da protagonista revela uma bela construção de personagem. Torcemos para que ela se dê mal vagarosamente. No entanto, há o antagonismo de personagens inverossímeis. O roteiro peca em soluções fáceis e em desdobramentos que questionam a racionalidade do espectador. As atuações não compensam, apesar de serem bastante satisfatórias. O tom caricato que vai desabrochando ao longo do filme tem um sabor amargo e não se justifica. Se fosse pela caricatura de figuras extremistas do capitalismo, seria mais proveitoso fazer a senhora atirar com um fuzil logo na primeira visita da curadora.
A série tem ótimos personagens, principalmente os do clube dos corvos. A protagonista é sensata e equilibra muito bem fragilidade e independência. A ambientação é excelente, cara e muito bem aproveitada enquanto magnitude e construção de mundo. Apesar de todo esse trabalho da produção e do primeiro episódio promissor, a narrativa vai caindo episódio por episódio a uma trama adolescente e que gira em círculos. Um vilão que vai ficando mais caricato e maniqueísta, uma fuga que dá pistas de que não vai ter fim próximo, além de em diversos momento dar a impressão de que já vi aquela cena milhões de vezes em filmes e seriados mais cafonas. O terceiro episódio foi praticamente um crossover com O Diário da Princesa. Infelizmente acho continuará nesse plot de fuga e romance mais juvenil. Deve ser um produto mais comercial com temporadas a fio até ir perdendo público aos poucos, até um final melancólico com quem restou assistindo pelo tempo que já dedicou a tantas temporadas.
Interessante como o desenvolvimento sugere determinadas hipóteses e vai minando cada uma delas. A profusão de sentimentos provocada pelas quebras de convicções aumenta a ligação entre o espectador e a protagonista. O final é uma grande cereja, que divide opiniões, mas é a forma mais coerente de concluir. É uma obra com dois clímax muito bem construídos e contextualizados.
Mais uma vez o filme se salva pela maquiagem, com a adição da ambientação, tanto do manicômio como do inferno. A imaginação exala pelos corredores do inferno, pelo cenário aberto do labirinto ou mesmo pelos azulejos do quarto. É contagiante acompanhar a Kirsty em uma nova aventura, acompanhada agora da calada Tiffany. As falhas na trama são facilmente suprimidas se você vier desarmado de verossimilhança e aberto para uma excelente experiência visual.
Uma boa premissa, uma abordagem original sobre viagem no tempo e boas cenas de luta com o contexto invertido. Esses elementos poderiam resultar em um bom filme de ação, mas a inocência do gênero é perdida com um roteiro fraco, que resulta em excesso de explicações, motivações rasas, frases de efeito contraditórias com o próprio argumento do filme e o péssimo hábito de confundir o espectador ao mesmo tempo que tem uma didatismo irritante.
O que o filme poderia ter fora do lugar comum é a profissão do protagonista, mas foi algo pouco explorado, pouco além do que o título sugere. O filme é uma passagem óbvia que se limita a ser somente a sinopse. E assim como um resumo mal feito, é raso e incompleto. Ainda que as atuações sejam competentes (falar isso do Tom hanks é chover no molhado), o filme tem um ritmo decadente que somado a falta de significado, se perde em uma trama tão comum que se parece com outros 20 filmes esquecíveis. Se a Helena Zengel continuar a carreira de atriz, vai valer a pena ter visto pelo registro histórico.
O filme cria uma atmosfera muito banal, em uma situação que poderia facilmente ocorrer. Poderia ser mais corajoso se não enrolasse tanto no drama familiar. No entanto, somos bem recompensados por um terror com iminência de perigo a todo momento, uma agonia constante, como se estivesse estabilizado em um momento crescente. É muito interessante perceber os traços de cansaço, calor, coragem, confusão mental, etc. E o cachorro irredutível, sobrenatural pela resistência, mas realista no contexto do filme e na sua composição suja.
Uma belíssima obra dirigida pela incansável Alice Guy-Blaché. O media metragem tem um ritmo rápido e não poupa cortes para demonstrar diferentes perspectivas de uma mesma cena. A história é comovente e ao mesmo tempo esperançosa. É o primeiro filme que assisti com a atriz Doris Kenyon, ela é bastante expressiva e dá uma leveza e inocência a uma personagem sofrida.
Filme com grande potencial, que veio discutir nas entrelinhas um paralelo da guerra fria com acontecimentos atuais e que acerta muito na escolha dos atores. No entanto, peca por trazer fantasmas de volta, uma volta sem muita explicação, não dá pra compreender o mecanismo do rosto que é visto ou não é. Além disso, desperdiça alguns momentos que a mulher leopardo poderia ter em cena. É difícil entender a motivação de diversos personagens em diversos atos ao longo do filme, como alguém sair de casa e chamar uma pessoa na rua do nada, ou usar uma armadura pois agora deu vontade. Essas falhas infelizmente estão no roteiro, que é preguiçoso ao extremo. O final também não me desce. Em pleno 2020, extremistas no poder, negacionismo, ódio gratuito nas redes, falta de respeito e compaixão... As pessoas não tem nem a capacidade de demonstrar respeito usando máscara para não infectar outras pessoas. Isso tudo acabou quebrando a verossimilhança e a analogia com os desafios geopolíticos atuais. A melhor parte do filme é com aquele prólogo, que mais parece um curta, com a competição das bandeiras. Destoa bastante aquele início promissor com o restante do filme.
Uma trama de fantasia com uma pegada sci-fi retro. Tem uma leveza e comédia muito peculiares e divergentes com as novelas da época. O tom erótico, de mistério macro, que versa com dramas e episódios familiares rocambolescos e escrachados, que pode de uma hora pra outra parecer uma série de investigação, ou uma comédia familiar, ou um filme de ação ou uma peça de teatro satírica. Essa proposição de novela anárquica e inusitada deu com certeza uma atmosfera que ficou eternizada naqueles que puderam acompanhar. É interessante assistir uma novela que se vale de poucos núcleos, que se concentra na história principal e que permite aflorar a criatividade através de subtramas em diferentes cenários e situações. É instigante se divertir com situações esdrúxulas, perigosas, mesmo sabendo que o núcleo principal não sofrerá consequências graves. Vale a pena revisitar está pérola da dramaturgia brasileira.
É uma série bastante irregular e com falhas de roteiro absurdas. Algumas frases de efeito simplesmente não se encaixam no discurso das garotas. Alguns dramas reais sendo equilibrados com dramas adolescentes dá uma conotação nauseante em alguns episódios. O amadorismo da equipe de pesquisadores dá um tom irreal para toda essa trama fora da ilha. Fora que a pesquisa em si, apesar de prever grupo de controle, se pauta em premissas erradas. Há vieses gigantes das próprias meninas por conta do que elas já viveram antes da ilha, influência do patriarcado, de preconceitos, de tabus, etc. Ou seja, não havia qualquer hipótese que pudesse ser avaliada ali naquela situação. A escolha da primeira história quase me faz desistir no primeiro episódio. A história mais interessante é a da Dot. De certa forma, foi o terceiro episódio que me fez aguentar o resto dos episódios. Todas as cenas focadas no imóvel industrial/ala psiquiátrica obscura não apresentam verossimilhança nenhuma. Se for pra elogiar alguma coisa:
a construção da dúvida de quem é a segunda cumplice,a dúvida entre Dot e Nora é bem construida. A Nora com o caderninho, pedindo para Leah anotar o que vier a mente, a pouca intervenção dela nas situações, a ausência de surtos, tudo isso apontava para ela e foi dado com bastante sutileza. Ao mesmo tempo, uma cena escancarada sugerindo que era a Dot, mas todo o resto da trama dela dizendo que não.
Enfim, acho que pode agradar a quem sentir bastante empatia por alguma das personagens. Mas acho um desserviço focar em temas tão caros e importantes para nossa sociedade com uma história rasa e que de certa forma, mais confunde do que discute com responsabilidade esses temas.
O argumento da obra é importante e necessário. Contar histórias de refugiados e através de uma alegoria potencializar os sentimentos, os sofrimentos vividos por essas pessoas, se revela um grande acerto. Por outro lado, o terror é muito mal explorado: a todo momento somos lembrados que a casa é grande, porém, o que vemos é um ambiente pequeno e claustrofóbico. A vizinhança e a ambientação parecem sugerir que há algo a ser desenvolvido, mas a fonte sobrenatural não tem nada a ver com o ambiente. As cenas de terror são desnecessariamente escuras e cheias de cortes. Enfim, faltou desenvolver melhor o gênero proposto.
Police Story 2: Codinome Radical
3.7 62 Assista AgoraUma aula atemporal de filme de ação com cenas de luta. Essas lutas remetem imagens distintas ao espectador, com sensações agradáveis: ora a um tom teatral pelo aproveitamento do espaço e de praticamente todos os elementos de cena, passando por um efeito que lembra bons planos sequência, graças a ausência de muitos cortes e o fácil acompanhamento dos movimentos de luta, e por fim, traz sensação do videogame, com cenários e desafios que mais parecem fases de jogos, além da história ser simples, que possa caber em breves diálogos. Fora as lutas, algumas cenas são bastante inventivas, como o discurso encenado três vezes pelos policiais aos seus superiores, ou a divertida cena da discussão de casal passando pelo vestiário. Se reflete no filme um ambiente de muita criatividade e pouca aversão aos riscos.
Nove Desconhecidos (1ª Temporada)
3.4 229 Assista AgoraMuito interessante a abordagem do tema, que poderia facilmente cair em papo de coach. As atuações são bastante competentes, em praticamente todos os núcleos. A série sugere algo sobrenatural de início, vai passando a sugerir uma trama de suspense, beirando ao crime com perseguição, e por fim, resulta no que assistimos. É uma série com um clima positivo, que nos faz adentrar nos dramas de cada personagem. Essa densidade na abordagem dos traumas, ao mesmo tempo que arranca sorrisos de canto de rosto, é o grande acerto da obra. O desfecho é acalentador, e não cai no clichê de entregar algo pronto, e também evita fazer uma ponte misteriosa para um elemento não explicado.
Tocaia no Asfalto
4.0 22Um trabalho de direção muito competente. Os cenários urbanos são como imagens históricas, que contrastam bem com o clima de esperança ingênua dos personagens. Há um tom pessimista no protagonista, que envolve o espectador. De maneira geral, a obra é permeada por personagens que subjugam ou se aproveitam dos demais. Interessante também a complexidade do personagem principal, com um inusitado código, fruto de seus traumas e pela conturbada relação com religião e morte.
Valhalla: A Lenda de Thor
2.3 32 Assista AgoraUm filme infantil e de baixo orçamento cujo pano de fundo é formado pelos deuses de Valhalla. A garotinha protagonista segura bem o filme. Há lições interessantes para crianças, de amizade, superação e inocência. De forma geral, é uma aventura que vai gerando interesse a cada cena, mesmo com a estranheza de termos deuses sem muitos efeitos especiais.
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraTem um ritmo lento e em dado momento, parece que o protagonista vai se perder completamente. Incomodou um pouco a inércia provocada pela falta de necessidade de trabalhar. No entanto, é muito inventivo o trecho de descrição das mazelas. Encanta também os flashbacks na casa/caverna, que não apela para o melodrama, além dos incríveis reencontros que a trama vai entregando gradativamente. O que há de mais marcante na obra é a relação do protagonista com a mãe, construída com memórias de diversos tempos. É uma relação que vai se mostrando complexa, que sugere temas polêmicos, mas deixa implícito alguns tabus. É uma relação das mais comuns entre mãe e filho, e por isso mesmo, bastante representativa para muitos espectadores.
Sem Remorso
3.0 283 Assista AgoraTrailer fantástico, filme medíocre. Tive que assistir em duas partes. É provável que no futuro próximo nem lembre que assisti.
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista AgoraA forma é primordial, uma conjunção de belas imagens com elementos arquitetônicos e apoteóticos. Chega um ponto em que o desavisado percebe que nem o protagonista nem a mulher vão concordar quanto as memórias. Ao passo que algumas narrações e cenas se repetem com leves variações, o tom de melancolia aumenta. Há claramente uma sensação de estar preso, envolto em um ciclo sem fim, cada qual com seu sentimento predominante: um com sua obsessão, outra com medo e ansiedade e até o estranho, tem seu sentimento de vitória, mas que não traz nenhuma felicidade. Ao final, temos um certo afago da trama, mas já sabemos que essa versão é uma das várias que serão revisitadas nos confins da memória. O filme é um enigma que não apresenta resposta, mas cujas imagens perduram na nossa mente.
Geração Prozac
3.6 465O filme causa sentimentos ambíguos em relação ao tema que trata. Por alguns momentos, o drama adolescente típico dos anos 90 se sobressai, ao passo que você, espectador, é lembrado que aquele drama é grave, se repete e afeta terrivelmente a vida de quem convive com depressão, entre outras patologias. A atuação da Christina desperta igualmente essa dualidade: ora é assertiva, realista, contundente, mas em momentos de choro percebemos claramente uma dificuldade na atuação. Creio que tenha acertado em cheio muitos jovens adultos, que começaram a ouvir Lou Reed e que tinham de alguma forma a sensação de estar fora da caixinha da normalidade.
A Mulher na Janela
3.0 1,1K Assista AgoraNão apresenta nada novo no gênero, mas homenageia e faz uso de elementos do suspense com competência. A trama mostra potencial para manter escondidos todos os segredos, mas não se pauta pelo desconhecido. Talvez o principal erro do filme é nutrir essa expectativa do desconhecido e depois dar foco ao trauma vivenciado pela protagonista. A Amy Adams atua sempre de forma a trazer mais camadas para o personagem, ela sugere que há mais a ser descoberto e que ainda falta uma ação de libertação. A direção poderia ter contribuído da mesma forma e aproveitado melhor o espaço da casa, as luzes e sombras. Este filme clamava por elementos do cinema noir.
Casanova de Fellini
3.6 50 Assista AgoraUm deleite visual, teatral e arrebatador com seus cenários amplos. Uma câmera que pode estar muito distante sugerindo e convidando a ver aquela Europa fruto de um delírio, mas uma câmera que também incomoda nos seus closes. Tem uma construção episódica que dá um certo dinamismo a trama. É fácil e rápido entender o personagem principal e suas atitudes. As surpresas ficam por conta do ambiente e das interações escatológicas. Donald Sutherland tem uma atuação impecável.
Frankenstein Criou a Mulher
3.5 19Uma das melhores obras da Hammer. Há um clima bucólico que contrasta com o gênero terror. Apesar de simples, o filme tem um primeiro clímax que desperta a atenção para um segundo momento de vingança. A cor traz um charme a mais, sempre com alto contraste. O principal destaque é a personagem feminina, não pela atuação, mas pela história, de menina tímida, marcada no corpo e na mente, que entrega a vingança para o espectador, mas ao final convida a reflexão. Um ótimo acerto construir uma história envolvente sob o universo da obra de Mary Shelley.
Amor e Monstros
3.5 664 Assista AgoraUma excelente comédia, com uma história bastante redonda. Não se preocupa em criar um universo nem em criar um drama facilitado pelo contexto, em contraponto tem foco nas relações, na superação, nas ironias e nos efeitos visuais dos monstros, tudo de maneira infantil, que enche os corações dos adultos.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraA desagradável presença da protagonista revela uma bela construção de personagem. Torcemos para que ela se dê mal vagarosamente. No entanto, há o antagonismo de personagens inverossímeis. O roteiro peca em soluções fáceis e em desdobramentos que questionam a racionalidade do espectador. As atuações não compensam, apesar de serem bastante satisfatórias. O tom caricato que vai desabrochando ao longo do filme tem um sabor amargo e não se justifica. Se fosse pela caricatura de figuras extremistas do capitalismo, seria mais proveitoso fazer a senhora atirar com um fuzil logo na primeira visita da curadora.
Sombra e Ossos (1ª Temporada)
3.7 199 Assista AgoraA série tem ótimos personagens, principalmente os do clube dos corvos. A protagonista é sensata e equilibra muito bem fragilidade e independência. A ambientação é excelente, cara e muito bem aproveitada enquanto magnitude e construção de mundo. Apesar de todo esse trabalho da produção e do primeiro episódio promissor, a narrativa vai caindo episódio por episódio a uma trama adolescente e que gira em círculos. Um vilão que vai ficando mais caricato e maniqueísta, uma fuga que dá pistas de que não vai ter fim próximo, além de em diversos momento dar a impressão de que já vi aquela cena milhões de vezes em filmes e seriados mais cafonas. O terceiro episódio foi praticamente um crossover com O Diário da Princesa. Infelizmente acho continuará nesse plot de fuga e romance mais juvenil. Deve ser um produto mais comercial com temporadas a fio até ir perdendo público aos poucos, até um final melancólico com quem restou assistindo pelo tempo que já dedicou a tantas temporadas.
Rua Cloverfield, 10
3.5 1,9KInteressante como o desenvolvimento sugere determinadas hipóteses e vai minando cada uma delas. A profusão de sentimentos provocada pelas quebras de convicções aumenta a ligação entre o espectador e a protagonista. O final é uma grande cereja, que divide opiniões, mas é a forma mais coerente de concluir. É uma obra com dois clímax muito bem construídos e contextualizados.
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 303 Assista AgoraMais uma vez o filme se salva pela maquiagem, com a adição da ambientação, tanto do manicômio como do inferno. A imaginação exala pelos corredores do inferno, pelo cenário aberto do labirinto ou mesmo pelos azulejos do quarto. É contagiante acompanhar a Kirsty em uma nova aventura, acompanhada agora da calada Tiffany. As falhas na trama são facilmente suprimidas se você vier desarmado de verossimilhança e aberto para uma excelente experiência visual.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraUma boa premissa, uma abordagem original sobre viagem no tempo e boas cenas de luta com o contexto invertido. Esses elementos poderiam resultar em um bom filme de ação, mas a inocência do gênero é perdida com um roteiro fraco, que resulta em excesso de explicações, motivações rasas, frases de efeito contraditórias com o próprio argumento do filme e o péssimo hábito de confundir o espectador ao mesmo tempo que tem uma didatismo irritante.
Relatos do Mundo
3.5 315 Assista AgoraO que o filme poderia ter fora do lugar comum é a profissão do protagonista, mas foi algo pouco explorado, pouco além do que o título sugere. O filme é uma passagem óbvia que se limita a ser somente a sinopse. E assim como um resumo mal feito, é raso e incompleto. Ainda que as atuações sejam competentes (falar isso do Tom hanks é chover no molhado), o filme tem um ritmo decadente que somado a falta de significado, se perde em uma trama tão comum que se parece com outros 20 filmes esquecíveis. Se a Helena Zengel continuar a carreira de atriz, vai valer a pena ter visto pelo registro histórico.
Cujo
3.3 439 Assista AgoraO filme cria uma atmosfera muito banal, em uma situação que poderia facilmente ocorrer. Poderia ser mais corajoso se não enrolasse tanto no drama familiar. No entanto, somos bem recompensados por um terror com iminência de perigo a todo momento, uma agonia constante, como se estivesse estabilizado em um momento crescente. É muito interessante perceber os traços de cansaço, calor, coragem, confusão mental, etc. E o cachorro irredutível, sobrenatural pela resistência, mas realista no contexto do filme e na sua composição suja.
A Órfã do Oceano
3.7 6 Assista AgoraUma belíssima obra dirigida pela incansável Alice Guy-Blaché. O media metragem tem um ritmo rápido e não poupa cortes para demonstrar diferentes perspectivas de uma mesma cena. A história é comovente e ao mesmo tempo esperançosa. É o primeiro filme que assisti com a atriz Doris Kenyon, ela é bastante expressiva e dá uma leveza e inocência a uma personagem sofrida.
Mulher-Maravilha 1984
3.0 1,4K Assista AgoraFilme com grande potencial, que veio discutir nas entrelinhas um paralelo da guerra fria com acontecimentos atuais e que acerta muito na escolha dos atores. No entanto, peca por trazer fantasmas de volta, uma volta sem muita explicação, não dá pra compreender o mecanismo do rosto que é visto ou não é. Além disso, desperdiça alguns momentos que a mulher leopardo poderia ter em cena. É difícil entender a motivação de diversos personagens em diversos atos ao longo do filme, como alguém sair de casa e chamar uma pessoa na rua do nada, ou usar uma armadura pois agora deu vontade. Essas falhas infelizmente estão no roteiro, que é preguiçoso ao extremo. O final também não me desce. Em pleno 2020, extremistas no poder, negacionismo, ódio gratuito nas redes, falta de respeito e compaixão... As pessoas não tem nem a capacidade de demonstrar respeito usando máscara para não infectar outras pessoas. Isso tudo acabou quebrando a verossimilhança e a analogia com os desafios geopolíticos atuais.
A melhor parte do filme é com aquele prólogo, que mais parece um curta, com a competição das bandeiras. Destoa bastante aquele início promissor com o restante do filme.
Kubanacan
3.1 115Uma trama de fantasia com uma pegada sci-fi retro. Tem uma leveza e comédia muito peculiares e divergentes com as novelas da época. O tom erótico, de mistério macro, que versa com dramas e episódios familiares rocambolescos e escrachados, que pode de uma hora pra outra parecer uma série de investigação, ou uma comédia familiar, ou um filme de ação ou uma peça de teatro satírica. Essa proposição de novela anárquica e inusitada deu com certeza uma atmosfera que ficou eternizada naqueles que puderam acompanhar.
É interessante assistir uma novela que se vale de poucos núcleos, que se concentra na história principal e que permite aflorar a criatividade através de subtramas em diferentes cenários e situações. É instigante se divertir com situações esdrúxulas, perigosas, mesmo sabendo que o núcleo principal não sofrerá consequências graves.
Vale a pena revisitar está pérola da dramaturgia brasileira.
The Wilds: Vidas Selvagens (1ª Temporada)
3.6 131 Assista AgoraÉ uma série bastante irregular e com falhas de roteiro absurdas. Algumas frases de efeito simplesmente não se encaixam no discurso das garotas. Alguns dramas reais sendo equilibrados com dramas adolescentes dá uma conotação nauseante em alguns episódios. O amadorismo da equipe de pesquisadores dá um tom irreal para toda essa trama fora da ilha. Fora que a pesquisa em si, apesar de prever grupo de controle, se pauta em premissas erradas. Há vieses gigantes das próprias meninas por conta do que elas já viveram antes da ilha, influência do patriarcado, de preconceitos, de tabus, etc. Ou seja, não havia qualquer hipótese que pudesse ser avaliada ali naquela situação. A escolha da primeira história quase me faz desistir no primeiro episódio. A história mais interessante é a da Dot. De certa forma, foi o terceiro episódio que me fez aguentar o resto dos episódios. Todas as cenas focadas no imóvel industrial/ala psiquiátrica obscura não apresentam verossimilhança nenhuma. Se for pra elogiar alguma coisa:
a construção da dúvida de quem é a segunda cumplice,a dúvida entre Dot e Nora é bem construida. A Nora com o caderninho, pedindo para Leah anotar o que vier a mente, a pouca intervenção dela nas situações, a ausência de surtos, tudo isso apontava para ela e foi dado com bastante sutileza. Ao mesmo tempo, uma cena escancarada sugerindo que era a Dot, mas todo o resto da trama dela dizendo que não.
O Que Ficou Para Trás
3.6 510 Assista AgoraO argumento da obra é importante e necessário. Contar histórias de refugiados e através de uma alegoria potencializar os sentimentos, os sofrimentos vividos por essas pessoas, se revela um grande acerto. Por outro lado, o terror é muito mal explorado: a todo momento somos lembrados que a casa é grande, porém, o que vemos é um ambiente pequeno e claustrofóbico. A vizinhança e a ambientação parecem sugerir que há algo a ser desenvolvido, mas a fonte sobrenatural não tem nada a ver com o ambiente. As cenas de terror são desnecessariamente escuras e cheias de cortes. Enfim, faltou desenvolver melhor o gênero proposto.