Chaplin ótimo como sempre, tanto como ator quanto como diretor! Humor bem característico dele, algumas situações e cenas são bem datadas do humor da época e não envelheceram tão bem. Fica uma questão de gosto. Chaplin assim como em Grande Ditador, faz referências históricas com críticas anti-guerra com humor envolvido, culminando pra um final mais sério e com bons discursos, principalmente quando já está condenado. É menos inspirado que os outros clássicos, mas tem a marca Chaplin de qualidade, que é indubitavelmente alta.
A exploração da pobreza com a fachada de solidariedade é o grande ponto que o diretor desenvolveu. Muitas vezes não é claro mesmo onde o dinheiro é investido, o que impede as pessoas de contribuirem. O paralelo da atual situação do nosso país com a escravidão tem uma boa intenção, mas essa volta com a narração é chatíssima, é uma quebra de ritmo quase insuportável. Ainda usa uma rima de imagem muito óbvia entre as duas épocas. As atuações achei fracas, e isso me desconcentrava toda hora do filme. O tom documental do filme é cansativo também, apesar de compreender o motivo.
Uma crítica super psicodélica ao cinema pornô e também à sexualização excessiva da mulher. Menos agressivamente cutuca as famílias tradicionais japonesas que não conversam sobre sexo com os filhos. Sion Sono toca em pontos bem sensíveis, e ainda consegue entrar na mente da protagonista retratando de forma bem impressionista o que ela sente e pensa. Confesso que foi difícil à principio pra eu entrar no clima do filme, e entendo perfeitamente por que alguém odiaria esse filme. Já prefiro prefiro a fase do diretor da década passada que filmes como Chasing World e esse. Espero que fique menos nonsense pros próximos.
O filme é uma montanha russa de emoções, no bom sentido! Consegue ir de extrema felicidade à extrema tristeza em pouco tempo e com uma execução incrível. Um belo retrato de como lidar com a pobreza e conseguir manter seus valores e ideais. O discurso final é maravilhoso. Todos personagens são perfeitamente construídos e desenvolvidos, além de serem muito complexos. Mérito do diretor de expor as motivações, os sentimentos de cada um deles, de modo a criar uma empatia tão forte. Também reforça a ideia de união familiar, enaltece que podemos nos perder se esquecermos de nossos valores e confundir com dinheiro. O diretor também expõe toda a dificuldade de ser negro naquela época (não sei se até hoje) nos Estados Unidos. Além disso, critica a separação racial que há vizinhanças de brancos e de negros.
Mais um filmaço sobre looping temporal! A condução da história é sensacional, principalmente os dois primeiros atos, que são muito bem expostos. Atuações e trilha sonora ok, mas o grande foco do filme é mesmo a história. Um filme que além de tudo me fez refletir sobre a vida, que é um triunfo extra. A história é bem amarrada. O único problema é que eu achei que houve uma quebra de ritmo muito grande do segundo pro terceiro ato. Tudo foi muito explicado, de uma hora pra outra, poderia ter diluído mais isso ao longo da história ou mostrado isso de uma forma menos didática, assim como aconteceu logo após com uma série de imagens. Apesar disso, é um filme muito bom que explorou bem o looping temporal.
Uma dos melhores desenvolvimentos sobre relações de pais e filhos, principalmente pai e filho. De um lado uma família mais tradicional japonesa, em que o pai é rico, fechado, trabalha pesado e não reserva tempo para o filho. Do outro lado uma família mais humilde, em que ambos precisam trabalhar para sustentar os filhos, em que o pai é oposto: alegre, gasta muito tempo com os filhos e deixa-os serem crianças. Apesar dessa dualidade, o diretor genialmente não define quem está mais correto. O pai ausente é claramente o ponto fraco de tudo, parece ser o vilão do filme, mas o Koreeda tenta balancear isso, focando mais nele, explicando o motivo disso e humanizando ele. Sem contar a direção impecável, é até agora meu preferido dele. Adoro essa sensação positiva que ele deixa depois dos seus filmes, os finais otimistas dele. É um tema pesado, super difícil de desenvolver, mas ele consegue com maestria.
Não sei o que acontece com a polícia coreana, constantemente é tratada de forma estúpida, e sempre baseado em fatos reais, o que torna nem uma crítica, mas um retrato da realidade. Assim como em Children, a incompetência da polícia beira o ridículo. Se não fosse baseado em fatos reais, eu diria que seria uma falha do filme. É uma história chocante, ainda mais sabendo do final disso tudo. O título do filme é um spoiler gigante (que poderia ser Voice of a Kidnapper) e isso atrapalhou em parte a experiência, por não deixar a dúvida se estava viva ou não a criança. A descrição do sofrimento do casal é tão crível, desoladora e tocante. Apesar de não desenvolver tanto a relação do filho com os pais, é aterrorizante uma perda assim, depois de uma tortura dessas de 44 dias. Imagino que quem tenha filho pequeno deve ter sentido um impacto extra. Mais um daqueles filmes pra se perder a fé na humanidade e pensar duas vezes antes de ter um filho nesse mundo insano.
Wow! O filme acerta tanto na relação dos jovens dentro e fora da escola, quanto no cenário político do Chile. O choque socio-econômico é sensacional. O impacto que o padre criou com a inserção dos jovens de classe baixa traduz o medo que a burguesia carrega por toda a história, a ameaça de igualdade. Critica toda a alienação da classe alta sobre o que acontece no país (principalmente as cenas finais são maravilhosas). Gonzalo não sabe absolutamente nada sobre a vida, e a amizade com o Machuca é uma descoberta atrás da outra, apesar de ele não conseguir absorver tudo. Deveria haver mais esse conflito de realidades em todo lugar.
Roteiro bem simples, mas super eficiente. A direção é excelente, em momento nenhum o diretor é previsível e nem subestima nossa inteligência. As informações são lentamente e sutilmente transmitidas. A tensão que ele vai criando com a introdução de Fernando na casa do Salvador é quase sufocante, fiquei totalmente sem ideia do que poderia acontecer. Só isso já valeu o filme todo. O filme demora pra engrenar, mas aos poucos vai mostrando sua força. O final é muito bom, corajoso e imprevisível.
O preto e branco demonstra toda a descrença na humanidade que a personagem expressa no fim do filme. Não há como evitar a comparação com Elefante do Gus Van Sant que também é muito bem executado. Mas aqui tem uma reflexão além do acontecimento, que é da dificuldade de ser mulher. Os minutos finais são os melhores do filme todo, pois foca nessa questão existencial da mulher hoje em dia. Mais um filmão do Villeneuve, que grande carreira ele está trilhando. Creio que esse foi um dos filmes que ele deve ter mostrado ao mundo toda sua autoria. Apesar de ter começo com Redemoinho, não é tão notável quanto Politécnica.
A Setsuko Hara é muito talentosa e é o grande diferencial dos dois filmes da trilogia que vi até agora. É bem parecido com Era uma vez em tóquio em termos de estilo narrativo. Os planos do Ozu são muito originais e toda a exploração de interior de casa é sempre bem pensada. Ele te deixa tão confortável e acostumado com esse ambiente, que quando mostra um plano externo da casa, soa estranho... é um efeito que me causou em ambos filmes. O tema casamento é o centro das atenções. Acredito que com um background histórico do país, teria aproveitado ainda mais. Entretanto, o diretor consegue transmitir toda a ideia do que é esperado de uma mulher de 28 anos, a cobrança de se casar tanto dos amigos, quanto principalmente da família. A interferência familiar é sufocante pra Noriko. Também somos felizes é desafiador e trata de um assunto que devia ser polêmico naquele tempo.
O filme me fez rir até que bastante em certos momentos, alguma cenas bem engraçadas. O filme até se desenvolve bem até a metade mais ou menos, com algo "realista" pros padrões asiáticos. Mas dali em diante parece a novela "malhação", com um monte de clichês. O diretor perde todo o tom do filme, com um final mais desastroso possível. Não sei se foi a intenção fazer um filme tão irreal assim pra compatibilizar sua história em quadrinho. Se foi essa a intenção, conseguiu mesmo.
Parabéns pela ousadia dos diretores! Mistura de gêneros, incluindo terror não é muito comum no nosso cinema, infelizmente. Funciona bem a mistura de terror e drama (que não é tão usada em geral), até usando parcialmente musical, que apesar de ter uma função narrativa, destoou do filme. O filme é bem dividido em dois e a transição é meio abrupta, leva um tempo pra se sintonizar. Gostei um pouco mais da primeira, que tem uma abordagem mais dinâmica e inovadora. A segunda parte já é mais óbvia, mesmo sendo bem desenvolvida. Um filme que deve ser conferido, sem dúvidas!
Um filme bem estiloso do mestre! Em termos de roteiro, é um pouco abaixo da média e até previsível. O que mais chama a atenção é a construção e desenvolvimento da personagem Marnie. Talvez esse seja um dos motivos de esse filme ter sido tão esquecido, pois o Hitchcock muda um pouco o foco que seus filmes costumam tomar. A direção é muito boa, o psicológico de Marnie me lembra um pouco de Um corpo que cai, que desenvolve um trauma e usa as cores relacionando-as com o estado emocional da personagem. Ainda sim, é um filme que vale a pena conferir!
Um filme de faroeste bem longe do tradicional! Tanto por ser um faroeste tardio, e por ser dirigido por um dos expoentes da Nova Hollywood, em um período de mudança. Realmente uma combinação de drama com faroeste. Altman sabe dosar bem os dois gêneros. Talvez quem é mais fã de faroeste clássico não vá gostar tanto. A grande jogada é a criação de uma atmosfera opressora progressivamente, tanto pelos personagens ao redor, tanto pelo clima, tornando-se cada mais frio. Tem um diálogo constante entre os acontecimentos e o clima, representado pela fotografia muito estilosa. O filme começo bem musical, e aos poucos esse clima amistoso vai se perdendo. Grande filme do gênero, que merecia mais reconhecimento!
Que vontade de dar um abraço forte nesse casal de velhinhos! Que personagens mais amáveis. Meu primeiro do Ozu, e a simplicidade dele já me conquistou. Apesar da longa duração e do ritmo lento, em nenhum momento o filme se mostra monótono. Cada diálogo, cada olhar, cada gesto, cada frame se torna necessário, pois contribuem pra descobrir seja da história, seja do íntimo de cada um. Um filme atemporal e universal, ou seja, poderia ocorrer hoje em dia com qualquer um, em qualquer lugar. Essa é uma das grandes forças do longa. Ozu aprofunda na relação familiar, conforme o filme passa, mais sentimentos vão se abrindo a nós. A certo ponto que no fim, é sensacional. É um filme gostoso de ver, apesar de carregar um tom triste e melancólico. Tem um contraponto interessante do parente que não se importa e do não-parente que se importa. E isso acontece MUITO na vida real.
Mais uma bela direção com uma história que não me pegou. Achei extremamente maçante toda a condução do filme, principalmente no segundo ato. O final salva um pouco de não ser uma perda de tempo pra mim. Todos os outros elementos são bons, fotografia, atuações. Villeneuve é um grande diretor. Esse filme me fez sentir da mesma forma que sinto com alguns filmes do PTA, ótima direção com histórias mais ou menos.
Surpresa boa! Atuações excelentes, destaque pro Paulo Miklos (que eu nem sabia que era ator). Roteiro bem dinâmico, e bem dirigido. Tipo de filme que um personagem "inocente" vai cada vez mais se afundando, quando se envolve com o crime. Ainda tem a questão da corrupção da polícia, das grandes construtoras (ainda mais hoje em dia com esses escândalos). Essa é uma característica que valorizo no cinema nacional, que além de conseguir imprimir um ritmo bom com uma história envolvente, ainda cutuca várias questões sociais, políticas, econômicas e de conduta.
Um filme bem sensível que carrega várias mensagens profundas, não só sobre o personagem mas sobre valores de hoje em dia. O Koreeda alterna com sentimentos tristes e alegres o filme, mas tem sempre um tom esperançoso por mais desastrosa que seja a situação. Ryota é um personagem que poderia ser qualquer um, seus defeitos e qualidade são bem expostos. Quando se tem um talento, muita esperança é depositada em você, e nem sempre é fácil lidar com essa cobrança, principalmente em arte. É um filme que retrata bem a relação pai e filho, e como é o costume das famílias japonesas (que não é longe do nosso). Como a ex-mulher dele diz: na vida adulta, não se vive só de amor. Essa frase é dura demais, ainda mais pela empatia que criamos com o Ryota. Ainda usa o simbolismo da tempestade para um efeito excelente. Consegue atingir uma neutralidade incrível, nenhum personagem é bom ou ruim, todos são complexos (até mesmo o namorado da mãe). A sutileza do diretor pra gerar tudo isso é realmente admirável.
Como pude demorar tanto tempo pra ver talvez o melhor filme nacional que vi até agora? O filme tem muitas camadas e critica com a mesma dose de acidez e naturalidade, é tão perfeita essa combinação! O alvo principal é a igreja católica com sua famosa intolerância. São muitas contradições dessa instituição falida e o diretor genialmente consegue expressar da maneira mais simbólica possível. Ainda tem a crítica da mídia totalmente corrompida que deturpa tudo o que as pessoas dizem apenas pra gerar mais audiência e conflitos. Muito atual isso, não? A simplicidade e ingenuidade do Zé do Burro é quase agoniante. Sua mulher, os repórteres, o padre, o cafetão, todo mundo se aproveita dele. Mas apesar de tudo, ele tem caráter. Toda essa situação é revoltante e culmina com o choque das duas religiões, com um simbolismo arrebatador da cena final. Obra-prima do cinema nacional!
O começo do filme é fantástico! até que começa a desenvolver o filho feliz do casal, e as músicas com ele não me agradaram, deu um contraste que não funcionou pra mim. Algumas músicas são sensacionais, principalmente a letra das tristes. Gostei do estilo da animação, bem sinistra e finalmente não é do Tim Burton haha. Enfim, pra quem gosta bastante de musicais deve agradar mais.
Mais uma vez no cinema é retratado a exploração da mídia sobre um fato, ambas as personagens com seus interesses específicos. Porém é a ambição que governa toda a busca e não a verdade em si (pelo menos a principio). Ainda pincela rapidamente na questão do cinema como manipulação da verdade do diretor e não da verdade. Até onde podemos confiar na boa fé dos diretores em seus documentários? Trilha sonora orquestrada bem presente durante todo filme (ponto positivo pra mim). Porém assim que a investigação começa, o diretor sabe muito bem como usar o silêncio e closes pra nos deixar totalmente desconfortáveis e paranoicos sobre o que está acontecendo. Uma particularidade dessa trilha é que combinou com o tom do filme, que apesar de ser extremamente triste, não tem aqueles picos de te fazer chorar. Funciona como uma descrição da melancolia e sofrimento de todos. Tem um momento aqui bem sutil que sugere que a causa do desaparecimento pode ser a Coreia do Norte e Japão, o que confirma a paranoia infinita dos coreanos contra os dois países. Não sei se a fotografia foi proposital, mas destoa dos outros filmes coreanos produzidos dessa década. Talvez a intenção fosse homenagear os filmes investigativos dos anos 90, pois assemelha muito aos filmes coreanos dos anos 90. Outra possível jogada foi a de tentar se ambientar nos anos 90 já que grande parte da história se passa nesse tempo (prefiro acreditar nessa). No geral, é um ótimo filme baseado em fatos reais, que usou algumas facilitações narrativas no fim do filme, pra ganhar tempo. 132 minutos de filme poderiam ter sido encurtados um pouco e diminuído o exagero de emoção também nos minutos finais, que foram um pouco demais pra mim. E esse exagero não é decorrente das atuações, pois estavam todos ótimos (principalmente na cena final!).
Realidade nua e crua, de um cinema que busca retratar quão desgraçada era a situação do país da época. E o filme é contemporâneo ao acontecimento! o que dá mais crédito e veracidade ainda. Roberto Rossellini cria um ambiente que é facilmente vendido de como seria a Itália da época. O que é mais interessante do Neorrealismo italiano é quando mostra partes cotidianas, ali o filme ganha muitas camadas, não focando só na história principal. É um filme que deve ter influenciado centenas de filmes, e é facilmente percebido também pelas críticas multidimensionais que o diretor consegue abordar. Além de tudo isso, tem uma trama interessante que envolve além de tudo isso, um relacionamento (nada romântico haha). Não há positivismo algum aqui... e o final é a prova disso. Filme obrigatório do movimento!
Um filme que parece bem bobo à princípio, pelos milhares de efeitos (que não são grande coisa e tiram muito do foco do filme), mas constantemente vai conquistando. A mitologia coreana é legal de ser explorada, que até então desconhecia. É sobretudo divertido, tem que deixar se levar pra aproveitar mais, focar na mensagem do filme e irrelevar mais alguns defeitos. Não curto muito quando os filmes coreanos tentam parecer muito Hollywood, mas ainda sim mantém um nível superior.
Monsieur Verdoux
4.2 126 Assista AgoraChaplin ótimo como sempre, tanto como ator quanto como diretor!
Humor bem característico dele, algumas situações e cenas são bem datadas do humor da época e não envelheceram tão bem. Fica uma questão de gosto.
Chaplin assim como em Grande Ditador, faz referências históricas com críticas anti-guerra com humor envolvido, culminando pra um final mais sério e com bons discursos, principalmente quando já está condenado.
É menos inspirado que os outros clássicos, mas tem a marca Chaplin de qualidade, que é indubitavelmente alta.
Quanto Vale ou É por Quilo?
4.0 253A exploração da pobreza com a fachada de solidariedade é o grande ponto que o diretor desenvolveu. Muitas vezes não é claro mesmo onde o dinheiro é investido, o que impede as pessoas de contribuirem.
O paralelo da atual situação do nosso país com a escravidão tem uma boa intenção, mas essa volta com a narração é chatíssima, é uma quebra de ritmo quase insuportável. Ainda usa uma rima de imagem muito óbvia entre as duas épocas.
As atuações achei fracas, e isso me desconcentrava toda hora do filme. O tom documental do filme é cansativo também, apesar de compreender o motivo.
Anti-Porno
3.4 60 Assista AgoraUma crítica super psicodélica ao cinema pornô e também à sexualização excessiva da mulher. Menos agressivamente cutuca as famílias tradicionais japonesas que não conversam sobre sexo com os filhos. Sion Sono toca em pontos bem sensíveis, e ainda consegue entrar na mente da protagonista retratando de forma bem impressionista o que ela sente e pensa.
Confesso que foi difícil à principio pra eu entrar no clima do filme, e entendo perfeitamente por que alguém odiaria esse filme.
Já prefiro prefiro a fase do diretor da década passada que filmes como Chasing World e esse. Espero que fique menos nonsense pros próximos.
O Sol Tornará a Brilhar
4.2 32 Assista AgoraO filme é uma montanha russa de emoções, no bom sentido! Consegue ir de extrema felicidade à extrema tristeza em pouco tempo e com uma execução incrível.
Um belo retrato de como lidar com a pobreza e conseguir manter seus valores e ideais. O discurso final é maravilhoso.
Todos personagens são perfeitamente construídos e desenvolvidos, além de serem muito complexos. Mérito do diretor de expor as motivações, os sentimentos de cada um deles, de modo a criar uma empatia tão forte. Também reforça a ideia de união familiar, enaltece que podemos nos perder se esquecermos de nossos valores e confundir com dinheiro.
O diretor também expõe toda a dificuldade de ser negro naquela época (não sei se até hoje) nos Estados Unidos. Além disso, critica a separação racial que há vizinhanças de brancos e de negros.
O Incidente
3.5 163Mais um filmaço sobre looping temporal!
A condução da história é sensacional, principalmente os dois primeiros atos, que são muito bem expostos. Atuações e trilha sonora ok, mas o grande foco do filme é mesmo a história.
Um filme que além de tudo me fez refletir sobre a vida, que é um triunfo extra. A história é bem amarrada. O único problema é que eu achei que houve uma quebra de ritmo muito grande do segundo pro terceiro ato. Tudo foi muito explicado, de uma hora pra outra, poderia ter diluído mais isso ao longo da história ou mostrado isso de uma forma menos didática, assim como aconteceu logo após com uma série de imagens.
Apesar disso, é um filme muito bom que explorou bem o looping temporal.
Pais e Filhos
4.3 212 Assista AgoraUma dos melhores desenvolvimentos sobre relações de pais e filhos, principalmente pai e filho.
De um lado uma família mais tradicional japonesa, em que o pai é rico, fechado, trabalha pesado e não reserva tempo para o filho. Do outro lado uma família mais humilde, em que ambos precisam trabalhar para sustentar os filhos, em que o pai é oposto: alegre, gasta muito tempo com os filhos e deixa-os serem crianças.
Apesar dessa dualidade, o diretor genialmente não define quem está mais correto. O pai ausente é claramente o ponto fraco de tudo, parece ser o vilão do filme, mas o Koreeda tenta balancear isso, focando mais nele, explicando o motivo disso e humanizando ele.
Sem contar a direção impecável, é até agora meu preferido dele. Adoro essa sensação positiva que ele deixa depois dos seus filmes, os finais otimistas dele. É um tema pesado, super difícil de desenvolver, mas ele consegue com maestria.
Voice of a Murderer
3.8 12Não sei o que acontece com a polícia coreana, constantemente é tratada de forma estúpida, e sempre baseado em fatos reais, o que torna nem uma crítica, mas um retrato da realidade. Assim como em Children, a incompetência da polícia beira o ridículo. Se não fosse baseado em fatos reais, eu diria que seria uma falha do filme.
É uma história chocante, ainda mais sabendo do final disso tudo.
O título do filme é um spoiler gigante (que poderia ser Voice of a Kidnapper) e isso atrapalhou em parte a experiência, por não deixar a dúvida se estava viva ou não a criança.
A descrição do sofrimento do casal é tão crível, desoladora e tocante. Apesar de não desenvolver tanto a relação do filho com os pais, é aterrorizante uma perda assim, depois de uma tortura dessas de 44 dias. Imagino que quem tenha filho pequeno deve ter sentido um impacto extra.
Mais um daqueles filmes pra se perder a fé na humanidade e pensar duas vezes antes de ter um filho nesse mundo insano.
Machuca
4.3 281Wow! O filme acerta tanto na relação dos jovens dentro e fora da escola, quanto no cenário político do Chile.
O choque socio-econômico é sensacional. O impacto que o padre criou com a inserção dos jovens de classe baixa traduz o medo que a burguesia carrega por toda a história, a ameaça de igualdade.
Critica toda a alienação da classe alta sobre o que acontece no país (principalmente as cenas finais são maravilhosas). Gonzalo não sabe absolutamente nada sobre a vida, e a amizade com o Machuca é uma descoberta atrás da outra, apesar de ele não conseguir absorver tudo.
Deveria haver mais esse conflito de realidades em todo lugar.
Para Minha Amada Morta
3.5 95 Assista AgoraRoteiro bem simples, mas super eficiente. A direção é excelente, em momento nenhum o diretor é previsível e nem subestima nossa inteligência. As informações são lentamente e sutilmente transmitidas.
A tensão que ele vai criando com a introdução de Fernando na casa do Salvador é quase sufocante, fiquei totalmente sem ideia do que poderia acontecer. Só isso já valeu o filme todo.
O filme demora pra engrenar, mas aos poucos vai mostrando sua força. O final é muito bom, corajoso e imprevisível.
Politécnica
4.0 197O preto e branco demonstra toda a descrença na humanidade que a personagem expressa no fim do filme. Não há como evitar a comparação com Elefante do Gus Van Sant que também é muito bem executado. Mas aqui tem uma reflexão além do acontecimento, que é da dificuldade de ser mulher. Os minutos finais são os melhores do filme todo, pois foca nessa questão existencial da mulher hoje em dia.
Mais um filmão do Villeneuve, que grande carreira ele está trilhando. Creio que esse foi um dos filmes que ele deve ter mostrado ao mundo toda sua autoria. Apesar de ter começo com Redemoinho, não é tão notável quanto Politécnica.
Também Fomos Felizes
4.4 19A Setsuko Hara é muito talentosa e é o grande diferencial dos dois filmes da trilogia que vi até agora. É bem parecido com Era uma vez em tóquio em termos de estilo narrativo. Os planos do Ozu são muito originais e toda a exploração de interior de casa é sempre bem pensada. Ele te deixa tão confortável e acostumado com esse ambiente, que quando mostra um plano externo da casa, soa estranho... é um efeito que me causou em ambos filmes.
O tema casamento é o centro das atenções. Acredito que com um background histórico do país, teria aproveitado ainda mais. Entretanto, o diretor consegue transmitir toda a ideia do que é esperado de uma mulher de 28 anos, a cobrança de se casar tanto dos amigos, quanto principalmente da família. A interferência familiar é sufocante pra Noriko.
Também somos felizes é desafiador e trata de um assunto que devia ser polêmico naquele tempo.
Petty Romance
3.8 12O filme me fez rir até que bastante em certos momentos, alguma cenas bem engraçadas. O filme até se desenvolve bem até a metade mais ou menos, com algo "realista" pros padrões asiáticos. Mas dali em diante parece a novela "malhação", com um monte de clichês. O diretor perde todo o tom do filme, com um final mais desastroso possível. Não sei se foi a intenção fazer um filme tão irreal assim pra compatibilizar sua história em quadrinho. Se foi essa a intenção, conseguiu mesmo.
As Boas Maneiras
3.5 647 Assista AgoraParabéns pela ousadia dos diretores!
Mistura de gêneros, incluindo terror não é muito comum no nosso cinema, infelizmente. Funciona bem a mistura de terror e drama (que não é tão usada em geral), até usando parcialmente musical, que apesar de ter uma função narrativa, destoou do filme.
O filme é bem dividido em dois e a transição é meio abrupta, leva um tempo pra se sintonizar. Gostei um pouco mais da primeira, que tem uma abordagem mais dinâmica e inovadora. A segunda parte já é mais óbvia, mesmo sendo bem desenvolvida.
Um filme que deve ser conferido, sem dúvidas!
Marnie, Confissões de uma Ladra
3.7 187 Assista AgoraUm filme bem estiloso do mestre!
Em termos de roteiro, é um pouco abaixo da média e até previsível. O que mais chama a atenção é a construção e desenvolvimento da personagem Marnie. Talvez esse seja um dos motivos de esse filme ter sido tão esquecido, pois o Hitchcock muda um pouco o foco que seus filmes costumam tomar.
A direção é muito boa, o psicológico de Marnie me lembra um pouco de Um corpo que cai, que desenvolve um trauma e usa as cores relacionando-as com o estado emocional da personagem.
Ainda sim, é um filme que vale a pena conferir!
Onde os Homens São Homens
4.0 42 Assista AgoraUm filme de faroeste bem longe do tradicional! Tanto por ser um faroeste tardio, e por ser dirigido por um dos expoentes da Nova Hollywood, em um período de mudança.
Realmente uma combinação de drama com faroeste. Altman sabe dosar bem os dois gêneros. Talvez quem é mais fã de faroeste clássico não vá gostar tanto.
A grande jogada é a criação de uma atmosfera opressora progressivamente, tanto pelos personagens ao redor, tanto pelo clima, tornando-se cada mais frio. Tem um diálogo constante entre os acontecimentos e o clima, representado pela fotografia muito estilosa. O filme começo bem musical, e aos poucos esse clima amistoso vai se perdendo.
Grande filme do gênero, que merecia mais reconhecimento!
Era uma Vez em Tóquio
4.4 187 Assista AgoraQue vontade de dar um abraço forte nesse casal de velhinhos! Que personagens mais amáveis.
Meu primeiro do Ozu, e a simplicidade dele já me conquistou. Apesar da longa duração e do ritmo lento, em nenhum momento o filme se mostra monótono. Cada diálogo, cada olhar, cada gesto, cada frame se torna necessário, pois contribuem pra descobrir seja da história, seja do íntimo de cada um.
Um filme atemporal e universal, ou seja, poderia ocorrer hoje em dia com qualquer um, em qualquer lugar. Essa é uma das grandes forças do longa.
Ozu aprofunda na relação familiar, conforme o filme passa, mais sentimentos vão se abrindo a nós. A certo ponto que no fim, é sensacional.
É um filme gostoso de ver, apesar de carregar um tom triste e melancólico. Tem um contraponto interessante do parente que não se importa e do não-parente que se importa. E isso acontece MUITO na vida real.
Sicario: Terra de Ninguém
3.7 942 Assista AgoraMais uma bela direção com uma história que não me pegou. Achei extremamente maçante toda a condução do filme, principalmente no segundo ato. O final salva um pouco de não ser uma perda de tempo pra mim. Todos os outros elementos são bons, fotografia, atuações.
Villeneuve é um grande diretor. Esse filme me fez sentir da mesma forma que sinto com alguns filmes do PTA, ótima direção com histórias mais ou menos.
O Invasor
3.6 171Surpresa boa!
Atuações excelentes, destaque pro Paulo Miklos (que eu nem sabia que era ator).
Roteiro bem dinâmico, e bem dirigido. Tipo de filme que um personagem "inocente" vai cada vez mais se afundando, quando se envolve com o crime.
Ainda tem a questão da corrupção da polícia, das grandes construtoras (ainda mais hoje em dia com esses escândalos). Essa é uma característica que valorizo no cinema nacional, que além de conseguir imprimir um ritmo bom com uma história envolvente, ainda cutuca várias questões sociais, políticas, econômicas e de conduta.
Depois da Tempestade
3.9 53Um filme bem sensível que carrega várias mensagens profundas, não só sobre o personagem mas sobre valores de hoje em dia. O Koreeda alterna com sentimentos tristes e alegres o filme, mas tem sempre um tom esperançoso por mais desastrosa que seja a situação. Ryota é um personagem que poderia ser qualquer um, seus defeitos e qualidade são bem expostos. Quando se tem um talento, muita esperança é depositada em você, e nem sempre é fácil lidar com essa cobrança, principalmente em arte.
É um filme que retrata bem a relação pai e filho, e como é o costume das famílias japonesas (que não é longe do nosso). Como a ex-mulher dele diz: na vida adulta, não se vive só de amor. Essa frase é dura demais, ainda mais pela empatia que criamos com o Ryota.
Ainda usa o simbolismo da tempestade para um efeito excelente. Consegue atingir uma neutralidade incrível, nenhum personagem é bom ou ruim, todos são complexos (até mesmo o namorado da mãe). A sutileza do diretor pra gerar tudo isso é realmente admirável.
O Pagador de Promessas
4.3 363 Assista AgoraComo pude demorar tanto tempo pra ver talvez o melhor filme nacional que vi até agora?
O filme tem muitas camadas e critica com a mesma dose de acidez e naturalidade, é tão perfeita essa combinação!
O alvo principal é a igreja católica com sua famosa intolerância. São muitas contradições dessa instituição falida e o diretor genialmente consegue expressar da maneira mais simbólica possível.
Ainda tem a crítica da mídia totalmente corrompida que deturpa tudo o que as pessoas dizem apenas pra gerar mais audiência e conflitos. Muito atual isso, não?
A simplicidade e ingenuidade do Zé do Burro é quase agoniante. Sua mulher, os repórteres, o padre, o cafetão, todo mundo se aproveita dele. Mas apesar de tudo, ele tem caráter. Toda essa situação é revoltante e culmina com o choque das duas religiões, com um simbolismo arrebatador da cena final.
Obra-prima do cinema nacional!
A Pequena Loja de Suicídios
3.7 774O começo do filme é fantástico! até que começa a desenvolver o filho feliz do casal, e as músicas com ele não me agradaram, deu um contraste que não funcionou pra mim.
Algumas músicas são sensacionais, principalmente a letra das tristes.
Gostei do estilo da animação, bem sinistra e finalmente não é do Tim Burton haha.
Enfim, pra quem gosta bastante de musicais deve agradar mais.
Children...
3.9 39Mais uma vez no cinema é retratado a exploração da mídia sobre um fato, ambas as personagens com seus interesses específicos. Porém é a ambição que governa toda a busca e não a verdade em si (pelo menos a principio). Ainda pincela rapidamente na questão do cinema como manipulação da verdade do diretor e não da verdade. Até onde podemos confiar na boa fé dos diretores em seus documentários?
Trilha sonora orquestrada bem presente durante todo filme (ponto positivo pra mim). Porém assim que a investigação começa, o diretor sabe muito bem como usar o silêncio e closes pra nos deixar totalmente desconfortáveis e paranoicos sobre o que está acontecendo. Uma particularidade dessa trilha é que combinou com o tom do filme, que apesar de ser extremamente triste, não tem aqueles picos de te fazer chorar. Funciona como uma descrição da melancolia e sofrimento de todos.
Tem um momento aqui bem sutil que sugere que a causa do desaparecimento pode ser a Coreia do Norte e Japão, o que confirma a paranoia infinita dos coreanos contra os dois países.
Não sei se a fotografia foi proposital, mas destoa dos outros filmes coreanos produzidos dessa década. Talvez a intenção fosse homenagear os filmes investigativos dos anos 90, pois assemelha muito aos filmes coreanos dos anos 90. Outra possível jogada foi a de tentar se ambientar nos anos 90 já que grande parte da história se passa nesse tempo (prefiro acreditar nessa).
No geral, é um ótimo filme baseado em fatos reais, que usou algumas facilitações narrativas no fim do filme, pra ganhar tempo. 132 minutos de filme poderiam ter sido encurtados um pouco e diminuído o exagero de emoção também nos minutos finais, que foram um pouco demais pra mim. E esse exagero não é decorrente das atuações, pois estavam todos ótimos (principalmente na cena final!).
Roma, Cidade Aberta
4.3 119 Assista AgoraRealidade nua e crua, de um cinema que busca retratar quão desgraçada era a situação do país da época. E o filme é contemporâneo ao acontecimento! o que dá mais crédito e veracidade ainda.
Roberto Rossellini cria um ambiente que é facilmente vendido de como seria a Itália da época. O que é mais interessante do Neorrealismo italiano é quando mostra partes cotidianas, ali o filme ganha muitas camadas, não focando só na história principal.
É um filme que deve ter influenciado centenas de filmes, e é facilmente percebido também pelas críticas multidimensionais que o diretor consegue abordar.
Além de tudo isso, tem uma trama interessante que envolve além de tudo isso, um relacionamento (nada romântico haha). Não há positivismo algum aqui... e o final é a prova disso.
Filme obrigatório do movimento!
Junto Com os Deuses: Os Dois Mundos
3.8 62 Assista AgoraUm filme que parece bem bobo à princípio, pelos milhares de efeitos (que não são grande coisa e tiram muito do foco do filme), mas constantemente vai conquistando.
A mitologia coreana é legal de ser explorada, que até então desconhecia.
É sobretudo divertido, tem que deixar se levar pra aproveitar mais, focar na mensagem do filme e irrelevar mais alguns defeitos.
Não curto muito quando os filmes coreanos tentam parecer muito Hollywood, mas ainda sim mantém um nível superior.