İSTANBUL İÇIN SON ÇAĞRI Direção: Gönenç Uyanık Ano: 2023 Assistido em: 25/12/2023
Vou começar sendo honesto, tenho o pé atrás com produções turcas, assisti pouquíssimos títulos oriundos do país, aquelas de cunho histórico até consigo acompanhar numa boa, mas dramas e romances, honestamente, não são para mim, simplesmente não dá! Sei que a Turquia é um país majoritarualmente islâmico, entretanto eles não são tão fundamentalistas quanto os países árabes, porém a religião ainda interfere bastante nas produções, por exemplo, nas novelas/séries não pode haver violência, beijos, cenas de sexo então?! Alá nos livre, o mundo vai acabar!! Enfim, eles possuem uma série de limitadores que em minha opinião só atrapalham na hora de contar uma boa história, portanto tinha zero interesse em ver esse filme, e só assisti meio que "por acidente".
Um jovem casal desembarca em Nova York e devido a um problema da empresa de companhia aérea acabam se aproximando e decidem passar um dia juntos. O grande problema é que ambos são casados, entretanto a química sexual é extremamente forte, resta saber até quando eles vão resistir a mútua atração.
Honestamente, pensava que isso seria apenas mais uma mais um filme romântico comum como qualquer outro daqueles que Hollywood produz por atacado há anos, e a Netflix praticamente se tornou especialista, entretanto me surpreendi com um roteiro que foi bem pensado, com um plot twist até que surpreendente para o gênero, mas que ainda assim poderia render muito mais, caso a execução fosse melhor.
Fiquei até um pouco confuso quando o segundo ato começou, pensei que a história estava avançando muito, com Mehmet e Serim já tendo uma vida de casal e já estando em um relacionamento desgastado, só que aí que veio a surpresa. Tudo indicava que o filme seria um romance bobinho, e não uma produção que tinha como intuito discutir relacionamentos matrimoniais, e quando revelaram que tudo que vimos no primeiro ato era encenação, uma tentativa dos dois de salvar o casamento fracassado, senti que a história tinha um imenso potencial, o problema é que a direção já tinha me perdido a essa altura, já que tudo até então estava sendo apresentado de uma maneira extremamente sem graça, apática, sem brilho, de uma forma que meu interesse já havia diminuído, e quando o filme te perde, para recuperar é difícil demais.
Vi que muita gente odiou o final, particularmente sou um desses que naturalmente ficaria muito incomodado por ser fantasioso/idealizado demais para o meu gosto, mas dessa vez até que eu vou passar um certo pano, do começo ao fim a história já prometia esse final, já existia uma atmosfera romântica de um casal que queria se acertar, logo o final não é ilógico. Em linhas gerais, Última Chamada para Istambul é uma boa ideia com uma execução ruim, e que poderia ter sido maior, mas infelizmente acabou caindo no comodismo de ser o mais do mesmo.
Continuando meu propósito de assistir aos principais títulos da temporada, me deparei com Saltburn, um filme que eu tinha de tudo para não gostar, desde a sinopse simples, que não contempla tudo o que a história tem a oferecer, e ao fato de eu não ter gostado muito de Promising Young Woman (2020), o trabalho anterior da diretora Emerald Fennell, mas ainda assim fui de peito aberto, principalmente devido ao elenco que é um espetáculo, e que baita surpresa encontrei no final, um dos longas mais irônicos e debochados dos últimos anos.
Oliver é um bolsista de Oxford que se vê completamente perdido nesse novo ambiente, ele é rejeitado por todos já que não se encaixa nesse mundinho. Certo dia ele consegue chamar a atenção de Felix, que diferentemente dele é o centro daquele universo. Durante as férias, Felix convida Oliver para passar um período em sua casa, o castelo de Saltburn, porém lá chegando, Oliver precisará lidar com uma série de pessoas excêntricas em um mundo completamente irônico, e mediante as situações absurdas que vão saindo de controle aos poucos.
O ponto alto da produção está no texto de Emerald Fennell, ela trata todo aquele universo, com bastante ironia e deboche, vemos pessoas extremamente ricas em situações bizarras e completamente surreais, e tudo isso com um tom de comédia que torna o filme extremamente ácido, nos levando a refletir o quão estúpida é toda aquela situação que aquelas pessoas estão vivendo, e o melhor de tudo é que nós vemos isso pelo olhos do Oliver, que assim como nós, está de fora daquele mundinho.
Mas engana-se quem pensa que Saltburn é apenas uma crítica às excentricidades e futilidades dos milionários, o que temos aqui é um grande estudo de personagem, que fala sobre inveja, sobre rancor, sobre ressentimento, sobre desejo e principalmente sobre ambição. O segundo ato muda completamente o que vinha sendo apresentado, e nós vemos a escalada de Oliver, vemos aquele personagem que desde o primeiro momento o roteiro já tinha nos avisado que não era uma boa pessoa (basta ver a forma como ele descarta a única pessoa que se aproxima dele), fazer de tudo para atingir seus objetivos. Mas o que que o Oliver quer?! Ele quer o amor de Felix?! Ele quer o dinheiro?! Ele quer os status?! Não, ELE QUER TUDO, extremamente inteligente, o vilão se livra de todos aqueles que ameaçam os seus objetivos, até que no final ele finalmente consegue atingir seus objetivos, que dentre muitas coisas, incluía nada mais nada menos que a própria Saltburn.
Emerald Fennell faz um trabalho de direção brilhante, a fotografia é lindíssima, com cenas que poderiam render belos quadros, ela usa muita cor, muito brilho, é um filme quente e vibrante. A trilha sonora também é um espetáculo, assim como a montagem que também é muito boa, fazendo com que a história nunca perca o ritmo. E obviamente temos o elenco espetacular, Barry Keoghan está incrível, esse cara tem muito potencial, creio que no futuro ele vai ganhar um Oscar, do outro lado temos o igualmente ótimo Jacob Elordi, que exorciza de vez o rótulo de galã de filme adolescente, e mais uma vez prova-se um excelente ator dramático, é outro que se souber escolher bem seus papéis vai ter uma carreira brilhante, completando o elenco temos em papéis menores Rosamund Pike, Richard E. Grant e Carey Mulligan, todos também bem corretos em seus papéis, principalmente Pike que mais uma vez engole todos ao seu redor com sua enorme presença cênica.
O saldo geral de Saltburn é muito bom, ele pode não ser o grande favorito nesta temporada de prêmios, mais sem sombra de dúvidas foi um das produções que mais me surpreendeu nesse final de ano, devido a uma história que mistura uma crítica ácida, com uma bom thriller que vai escalonando para algo que jamais poderíamos imaginar. É claro que existem cenas que causam desconforto, todas elas propositais para mexer com o sentimentos do espectador, e o longa como um todo consegue isso muito bem, seja nos deixando abismados com as excentricidades dessas pessoas de um universo tão distante do nosso, ou como a ótima representação de sentimentos e emoções que levam os personagens a atitudes completamente absurdas que no final nos deixa completamente perplexos. Esse filme conseguiu tirar a impressão ruim que eu tinha ficado com a Emerald Fennell e mais do que isso, conseguiu me deixar bastante ansioso para ver o que que ela vai nos entregar no futuro.
JOYEUX NOËL Direção: Christian Carion Ano: 2005 Assistido em: 24/12/2023
Desde minha adolescência sou fascinado com as Grandes Guerras Mundiais, sempre gostei de ler, de estudar sobre esses períodos que apesar de representarem o que de pior pode acontecer com a humanidade, trazem alguns episódios muito interessantes. E a cada ano me surpreendo mais, ao descobrir detalhes, situações e eventos que me eram desconhecidos. E de longe o que mais me surpreendeu foi o da Trégua de Natal de 1914, algo que a princípio soava como impossível, mas que de fato aconteceu.
Em dezembro de 1914, no frente ocidental da Primeira Guerra Mundial, diversos soldados ingleses, franceses e alemães estão diante dos meses iniciais do conflito. Entretanto, o espírito natalino fala mais forte e eles decidem fazer uma pequena trégua no dia 24 de dezembro. Só que eles não sabiam que essa demonstração de amor e paz iria tomar proporções inimagináveis.
Não tenho muito conhecimento sobre o cinema francês, vergonhosamente admito que é do cinema americano que vem 99% de tudo que consumo, mas as poucas vezes que tive contato com as produções da França, fiquei verdadeiramente encantado, e com Joyeux Noël não foi diferente, ele é muito bem escrito e dirigido, com um elenco absurdo, e atuações muito boas, e outra, se existe CGI aqui, não parece, enfim tecnicamente é muito acima da média, o único defeito para mim é uma pequena barriga que existe ali na metade da história, mas nada que condene o todo.
O elenco está repleto de pessoas famosas Diane Kruger, Benno Fürmann, Guillaume Canet e Daniel Brühl todos muito bem em seus papéis e aliados a direção de Christian Carion conseguem imprimir bastante emoção nas cenas, nos fazendo sentir um pouquinho que seja daquele sentimento que levou os aqueles soldados aquela demonstração de amor ao próximo.
Infelizmente a Trégua de Natal de 1914 não foi repetida, em 1915 os líderes de ambos os lados do conflito fizeram o possível para impedir que o evento se repetisse, e em 1916 a guerra já tinha atingido um nível tão descontrolado todos só se enxergavam como inimigos a serem massacrados, e não havia a menor possibilidade de uma trégua, mas a lição que fica é que todos esses conflitos, não só da Primeira como também da Segunda ou de qualquer outra guerra no mundo, não reflete o real sentimento de um povo, o real sentimento de uma nação, mas apenas os interesses de alguns poucos que nem estão no campo de batalha, mas sim seguros em seus escritórios, somente quem viveu a carnificina dos combates sabe de fato o que aquelas pessoas passaram. Esse provavelmente é um dos poucos, quiçá o único, momento bonito em meio ao maior horror que o ser humano já havia evidenciado até então, um pequeno raio de esperança provando que talvez a humanidade não esteja de todo condenada.
PRISCILLA Direção: Sofia Coppola Ano: 2023 Assistido em: 23/12/2023
Um dos filmes mais elogiados do ano passado foi Elvis (2022) de Baz Luhrmann, cinebiografia que contava um pouco da história do lendário rei do rock. Entretanto, um dos pontos mais criticados da obra foi o fato do relacionamento de Presley com sua esposa Priscilla ter sido abordado de uma forma en passant, Luhrmann justificou sua decisão alegando que o seu recorte era focado principalmente na carreira de Elvis, deixando seus relacionamentos amorosos mais em segundo plano. E agora, passados um ano depois do lançamento do longa, vemos Priscila chegando aos cinemas, e que fique claro que essa não é uma resposta ao anterior, e nem vejo como um complemento, mas sim como uma outra versão dessa história.
Em 1959 na Alemanha Ocidental a então adolescente de 14 anos Priscilla Beaulieu acaba conhecendo ninguém mais ninguém menos do que Elvis Presley, o fenômeno americano que estava cumprindo serviço militar no país. Eles imediatamente começam a se envolver apesar de uma brutal diferença de 10 anos de idade, ao longo dos próximos anos veremos como Priscila precisou aprender a lidar com peso da fama do lendário rei do rock.
Diferentemente do Elvis do Luhrmann, o Priscila de Sofia Coppola não teve o apoio de Lisa Marie Presley, a recentemente falecida herdeira do casal, o que temos aqui é a visão da ex-esposa, vemos pelo olhar dela como foi seu envolvimento com Elvis, como se deu o namoro, o casamento, enfim, os 15 anos de relacionamento que eles tiveram. Vemos Priscila como uma jovem deslumbrada que é seduzida por um homem mais velho, que tenta mudá-la, adequá-la ao seu estilo de vida. É importante ressaltar que não devemos julgar algo que ocorreu há quase 60 anos com os olhos de 2023, o que hoje é absurdo, naquela época era comum, portanto é muito complicado você tentar julgar Elvis como um monstro quando o que ele fazia, era o que todos faziam. Não estou dizendo que ele tratou a Priscila da forma correta, definitivamente não, foi péssimo em inúmeros momentos, mas o que eu quero dizer que não adianta nada vilanizar uma pessoa sem que possamos escutar sua versão da história.
Tecnicamente falando, Coppola nos entrega uma grande produção, que faz um trabalho espetacular de figurino, cabelo e maquiagem. Ela também escolheu seus atores a dedo, Cailee Spaeny esteve muito bem no papel título, e Jacob Elordi, mais uma vez se mostra como é uma promissora aposta futura, mostrando que segura papéis dramáticos muito bem, algo já visto por exemplo, em Euphoria (2019-Atualmente). A direção da Sofia Coppola é muito afiada arrancando grandes momentos dos seus atores, entretanto o roteiro é extremamente simplório, focar apenas no relacionamento de Priscilla e Elvis é uma decisão arriscada, tudo bem que ela sempre será conhecida como a esposa do Rei do Rock, inclusive é mais conhecida pelo seu nome de casada, mas não custaria nada citar a carreira de atriz, citar o lado empresário, mostra como se deu o relacionamento dela com Elvis após o divórcio, ou após a morte dele, enfim mostrar mais do que apenas romance, que aliás, trata 15 anos de história como se fosse 15 dias, já que a passagem de tempo é muito mal explicada em tela.
Em linhas gerais Priscilla me decepcionou um pouco, não que seja ruim, não é isso, mas claramente poderia ser melhor. Deveria ter explorado mais a figura do Elvis e da própria Priscila, mostrado o relacionamento deles de uma forma muito mais intensa, mostrando as traições abertamente, enfim, sido mais ousados. Talvez as tretas entre Priscilla e Lisa Marie tenha jogado um banho de água fria nos planos da Sofia, ou até mesmo a grande repercussão do longa de Austin Butler tenha mudado alguma coisa nesse projeto, mas de fato faltou um pouquinho de coragem para fazer um filme mais audacioso e memorável.
MAESTRO Direção: Bradley Cooper Ano: 2023 Assistido em: 23/12/2023
Como um bom devoto ao cinema, todo final de ano acompanho a temporada de prêmios, dando preferência aos filmes de maior repercussão. Neste ano em específico, acompanhando principalmente os vídeos do Dalenogare, descobri que o Bradley Cooper vem fazendo uma campanha agressiva para o seu Maestro, ele quer ganhar um Oscar, seja de direção, seja de ator, e não está medindo esforço para isso, até aí tudo bem, está mais do que certo, mas o que me surpreende nessa história toda é o filme que ele escolheu para isso, Maestro é tão Oscar bating que cada cena grita “me deem um prêmio”, nem precisava de campanha, e creio que isso joga mais contra do que a favor.
Nos anos 1940 somos apresentados a Leonard Bernstein um promissor maestro norte-americano que graças a seu enorme talento começa a alcançar posições altíssimas no mundo da música. Quando ele conhece a atriz costarriquenha Felicia Montealegre eles começam um relacionamento intenso, mas que enfrentará muitos percalços.
Não sou o que pode ser chamado de grande amante na música clássica, mas conheço seus principais compositores, e tenho um considerável apreço por orquestras, portanto já conhecia o Leonard Bernstein de nome, mas não sabia absolutamente nada de sua vida. Como um aficionado por cinebiografias, quando anunciaram que o Bradley Cooper estaria envolto em um projeto adaptando a vida de Bernstein ao cinema, imediatamente fiquei animado, só não poderia imaginar que esse filme seria tão chato.Vamos separar bem as coisas: eu não disse ruim, e sim chato! Com uma história para dormir.
Cooper acerta em toda parte técnica, fotografia, figurinos, maquiagens (apesar do nariz), cenário, direção, tudo é impecável, e no quesito atuações ele está muito bem, não digo que é um dos melhores desempenhos de sua carreira, mas ele está muito bem, Carey Mulligan que está impecável, é será uma forte candidata na competição de melhor atriz deste ano, mas o roteiro é para matar o espectador de tédio, é como já disse, não conheço a vida do Berstein mas creio que, ou o Cooper deixou os pontos mais interessantes de fora, ou a vida desse homem era um saco, não tem nada aqui que chame atenção, absolutamente nada. Até temos uma sugestão de homossexualidade, mais nada foi aprofundado, tudo é muito superficial, muito higienizado, muito bonitinho, como se o filme tivesse medo de mostrar os esqueletos do armário, porque com toda certeza existem esqueletos nesse armário, só que acabaram ficando de fora.
Fiquei muito surpreso quando vi nos créditos os nomes dos gigantes Martin Scorsese e Steven Spielberg como produtores, não sei se com a direção de um dos dois o resultado de Maestro teria sido melhor, mas creio que ambos, com seus mais de 50 anos de carreira saberiam muito bem como balancear uma história, como investir em momentos que despertariam o interesse do público, para que o resultado final não ficasse tão modorrento, eles bem que deveriam ter dado umas diquinhas para o Bradley, porque misericórdia, acredito que só a família do biografado e os envolvidos no projeto podem ter achado uma boa ideia fazer esse longa. A Netflix deposita nessa produção todas as suas fichas para o seu tão sonhado Oscar de melhor filme, mas não creio que será dessa vez, já que em um ano com tantas produções fortes e de repercussão gigantesca, Maestro é um peixe muito pequeno.
AQUAMAN AND THE LOST KINGDOM Direção: James Wan Ano: 2023 Assistido em: 22/12/2023
Sou fã dos personagens da DC comics desde que eu me entendo por gente, infelizmente não estava lá, na sala de cinema, quando Man of Steel (2013) iniciou o DCEU, mas com exceção dele e de Wonder Woman 1984 (2020), assisti todas as demais produções da franquia no cinema, das mais elogiadas as mais execradas, sempre estive lá, então não seria dessa vez que eu não estaria presente, e lá fui eu acompanhar o último prego sendo batido no caixão e finalmente presenciar o fim dessa franquia, que começou como um raio de esperança as comédias da Marvel, mas sai de cena como uma maldição a ser esquecida. E quem diria que caberia ao Aquaman a missão de enterrar o universo iniciado por Zack Snyder de uma vez por todas?!
Passados alguns anos dos eventos do primeiro filme, Arthur agora se divide entre a terra e os oceanos, ele tem duas missões muito sérias, além de governar o mais poderoso reino dos mares ele ainda precisa lidar com os afazeres de um pai de família, cuidando da esposa e do pequeno filho. Entretanto, o que ele não poderia imaginar é que o Arraia Negra ainda está sedento por vingança, e quando o vilão põe as mãos em uma antiga arma de um reino perdido e amaldiçoado, ele vai colocar tudo e todos que Arthur ama em perigo. Caberá ao Aquaman buscar ajuda onde menos espera para salvar não somente seus entes queridos, mas todo o planeta.
Lá em 2018 quando o primeiro Aquaman foi lançado, ele foi bastante funcional, um filme bonito, com uma criação de um universo bacana, não era perfeito, mas dava pro gasto. Então criei expectativas acerca da possível continuação, principalmente devido ao James Wan, que é um excelente criador de universo, mas de lá para cá o DCEU passou por tantas mudanças, por tantos problemas, tantas situações caóticas, que esse interesse desapareceu, de forma que agora em 2023 a única expectativa para essa sequência é que ela terminasse esse universo capenga de uma vez.
Jason Momoa sempre foi uma escalação horrenda para esse papel, sempre falei isso, e tudo ficou ainda mais evidente agora que o Patrick Wilson estava ao lado dele, Wilson é muito mais Aquaman do que essa montanha havaiana tatuada, que aliás nunca interpretou o Arthur, mas sempre foi ele mesmo em tela. Pra dizer a verdade, nenhum personagem desse universo entrou para a cultura pop, nada disso, tudo relacionado ao Aquaman sempre foi muito mediano, e é exatamente isso que entregam novamente, uma história fraquinha, mas que tem alguns momentos de diversão, boas sequências de ação, mas tudo inofensivo e facilmente esquecível.
Uma coisa que me incomodou bastante é que esse filme parece muito inferior ao primeiro em todos os sentidos, e mais ainda quando falamos de efeitos especiais, o original lançado cinco anos atrás parecia mais caprichado, mais bem feito, em muitas cenas sai da imersão devido ao vale da estranheza. Outro ponto incômodo é que o Arraia Negra é um vilão muito meia boca, ele não teve metade do impacto que o Orm teve no primeiro longa, aliás a melhor decisão deste segundo título foi trazer o ex-vilão como parceiro do herói, já que a esposa dele não pode ter destaque devido às cagadas (nos dois sentidos) que a atriz fez na vida real.
Em linhas gerais Aquaman and the Lost Kingdom é mediano, e condizente com que o DCEU entregou ao longo dos anos, não é espetacular, mas também não é essa carniça toda que muita gente tá pintando, inclusive consegue ser melhor do que algumas bombas de super-heróis que foram feitos ao longo do ano como por exemplo Quantumania e o trio de maravilhosas, porém como conclusão de um universo de 10 anos, é algo sofrível, não é memorável, não é edificante, é algo esquecível, e talvez essa seja melhor solução, já que a Warner e o Gunn querem que o público apague esses 15 filmes de suas mente, para que tudo possa ser reiniciado em 2025, com um novo universo que dessa vez pode vir a ser bem sucedido.
KILLERS OF THE FLOWER MOON Direção: Martin Scorsese Ano: 2023 Assistido em: 22/12/2023
Quando Martin Scorsese se propõe a fazer um novo trabalho, a comunidade cinéfila imediatamente já fica em polvorosa. Em suas sete décadas de atividade, Scorsese nunca decepcionou, ele sempre está nos surpreendendo com obras de qualidade absurda, que entram para cultura pop, que tem muito a dizer, e que esbanjam qualidades que não são encontradas em qualquer produção. Podemos dizer claramente que o diretor é diferenciado, que ele é um dos que ajudaram a moldar o cinema, e é um deleite poder assistir a um filme tão bom mesmo vindo de uma pessoa que na teoria, já deveria estar aposentado há um bom tempo.
No princípio dos anos 1920 a comunidade Osage se tornou extremamente rica devido ao petróleo encontrado em suas terras. Porém se tem uma coisa que chama a atenção das pessoas é dinheiro fácil, e os Osages são vistos como vítimas em potencial. Nesse contexto somos apresentados a Ernest um veterano da primeira Guerra Mundial que chega até a reserva indígena e acaba se casando com Mollie. Com ajuda do seu tio King Hale, Ernest decide mexer os pauzinhos para se tornar o legítimo herdeiro de toda aquela fortuna proveniente do petróleo, não importando os métodos que tenham que ser utilizados.
Para ser bastante honesto antes do anúncio do filme dirigido por Scorsese e protagonizado por DeNiro e DiCaprio, eu nunca tinha ouvido falar da história dos Osage, e isso é surpreendente, pois o gênero true crime é um dos que mais ganhou força nos últimos anos. Hoje em dia qualquer “crime menor” ganha proporções absurdas na mídia, agora imagina um massacre de dezenas, talvez até uma centena de pessoas?! Não gostaria de ficar levantando bandeira de nada, mas o fato dessas pessoas serem indígenas e de tudo ter ocorrido nos primórdios do século XX, justifique a ausência do ocorrido no cenário midiático por quase 100 anos, e só agora está chegando a grande massa, já que o cinema tem um alcance muito superior a qualquer livro ou reportagem de jornal, e isso só foi devido à força do nome de Scorsese, que fez a Apple gastar 200 milhões de dólares neste projeto.
Elogiar as parte técnica do filme é desnecessário, Scorsese sempre tem um capricho absurdo em tudo que faz, sempre beira a perfeição, seja na fotografia, nos cenários, na maquiagem, e principalmente as atuações impecáveis, obviamente já esperava tudo de bom do Robert De Niro e de Leonardo DiCaprio, mas fiquei surpreso com o desempenho da Lilly Gladstone, não conhecia o trabalho dela, mas a mulher está absurda, qualquer outra seria engolida pelos dois monstros com a qual ela estava contracenando, mas ela não. Gladstone não encolheu, muito pelo contrário estava gigante, são dela alguns dos momentos mais marcantes. O elenco ainda tem nomes famosos como Brandon Fraser, Barry Corbin e John Lithgow, mas todos eles aparecem muito rapidamente, o um único ponto fraco fica em Jesse Plemons, que apesar de ser um bom ator, é muito sem graça, e de carisma inexistente, esse homem é uma água de salsicha, me desculpem, mas não compro nenhum personagem que ele faz.
Obviamente a longa duração é um tópico que o pessoal desse mundinho chamado internet levou muito a discussão, apesar de não me importar com durações longas, dessa vez eu senti às 3h30min, principalmente no primeiro ato, depois dos 45 minutos iniciais a história engatou de um jeito que eu não conseguia mais desviar o olhar, mas confesso que no começo foi um pouco difícil, e me senti um pouquinho cansado, algo que não ocorreu por exemplo em The Irishman (2019) filme anterior do diretor que tinha a mesma duração, mas que a história tinha alguns elementos que para mim, eram mais atraentes do que os dessa, mas de todo caso nada apaga o brilhantismo da obra.
Killers of the Flower Moon foi uma das produções mais elogiadas de 2023, e não é para menos, é uma aula de cinema. Nos últimos anos Scorsese tomou uma posição muito radical contra blockbusters em geral, principalmente contra os filmes de super-herói da dona Marvel/Disney, mas apesar de gostar bastante dessas produções, reflito sobre o seguinte: quantos filmes de hominho simplesmente desaparecem na nossa cabeça no instante que deixamos a sala do cinema?! Ou assim que fechamos o streaming na televisão na nossa sala? São produtos descartáveis que desaparecem do imaginário coletivo de imediato, agora me respondam quanto tempo será que vamos demorar para esquecer um Killers of the Flower Moon?! Para esquecer o que vimos dele?! A não ser que você seja um ser humano muito ruim, é muito difícil ver diversas vidas sendo perdidas apenas por ambição, e saber que isso aconteceu de verdade, saber que não foi ficção, saber que foi real, e imaginar que isso se repete em inúmeros locais no mundo a fora e ninguém dá a mínima. Scorsese disse em uma entrevista recente que só faz filmes quando tem algo a dizer, e ele tem muito a dizer ainda, espero que tenha muitos anos de vida e de saúde para que continue nos presenteando com obras magistrais e memoráveis como ele sempre fez.
AIR Direção: Ben Affleck Ano: 2023 Assistido: 17/12/2023
Tem filmes que você lê a sinopse ou procura alguma informação na internet e imediatamente já pensa, “não tem como isso dá certo”, porém muitas vezes quebramos a cara, o diretor prova que estamos errados, e quando vamos ver estamos diante de um filmaço. Mas existe uma diferença muito grande entre um filme ruim e um filme chato, inclusive eu prefiro muitas vezes um da primeira categoria do que da segunda, porque com uma produção de baixa qualidade, muitas vezes é possível nos divertir, agora com um longa chato, aí não tem como não.
Em 1984 a Nike estava precisando reformular seus produtos para atingir novos mercados, e assim se destacar em meio a uma forte concorrência. Nesse cenário eles decidem investir em um atleta que estava começando a despontar, um tal de um Michael Jordan. Entretanto associar o nome de Jordan ao da empresa não seria nada fácil, haja vista que existiam inúmeros obstáculos a serem derrubados, e nesse cenário vemos a perspectiva e a perseverança de Sonny, responsável de marketing da Nike que vai tentar a todo custo conseguir a associação entre a estrela e a empresa.
Não sou o que pode se chamar de fã do Ben Affleck, esse é apenas o segundo trabalho dele como diretor que assisto, e vê-lo como ator é sempre um desmotivador para assistir qualquer produção, mas devido a forte campanha da temporada de prêmios, cá estou, obviamente outro grande incentivo é o elenco estelar que Affleck reuniu, além do seu parceiro Matt Damon (pela primeira vez sendo dirigido pelo amigo), ainda temos Jason Bateman, Viola Davis, Chris Messina, e por aí vai, mas como disse nem todo bom filme é legal, Air é um espetáculo quando se trata de elenco, de montagem e trilha sonora mas é uma droga quando falamos de história.
Sei muito bem na importância do Michael Jordan, sei da importância do tênis Air Jordan, já li sobre isso, já li sobre o impacto que teve na cultura dos anos 1980, e sobre a forma como ele modificou toda a questão de contratos entre grandes empresas e atletas, sei disso tudo, mas minha gente, que história insuportável de chata!! Talvez para quem seja aficionado por basquete, pelo Jordan, por marketing ou por histórias de confecção de tênis, Air seja uma excelente pedida, mas para o público médio, para aquele que quer uma história envolvente, isso aqui é muito chato, vi muita gente falando que ficou ansiosa pelo desfecho da história mesmo conhecendo o final, eu nem conhecia e nem fiquei ansioso, tudo que queria era que aquilo acabasse o mais depressa possível porque não parava de bocejar.
Como acompanho notícias sobre cinema há muitos anos, sei muito bem que premiações não são sobre qualidade, mas sim sobre campanha, sendo Ben Affleck um nome forte em Hollywood, e sendo a Amazon uma empresa multibilhardária é claro que Air vai se destacar nas premiações, mas a produção é facilmente esquecível, e a prova disso é que ele foi lançado no primeiro semestre de 2023, e simplesmente evaporou da boca do povo nos meses seguintes. Em um ano em que vimos um fenômeno como o Barbenheimer, Air não se sobressaiu, nessa temporada de prêmios acredito eu que ele vai estar ali apenas como figuração, e não como uma real potência para ganhar nada, e convenhamos, é um filme que merece reconhecimento pelas partes técnicas, mas faltou uma história mais envolvente, mais apaixonante ou ao menos menos nichada, ou quem sabe quem tá errado sou eu por não ter entendido que a obra tem um público específico, do qual não faço parte.
MAY DECEMBER Direção: Todd Haynes Ano: 2023 Assistido em: 17/12/2023
Nessa temporada de prêmios estou assistindo alguns filmes que naturalmente nunca assistiria, que só pela sinopse eu passaria longe, mas mesmo assim decidi encarar apenas por conta dos elogios da crítica e das seleções para as principais premiações do cinema. Por outro lado May December é um que nos primeiros instantes que escutei falando, já despertou meu interesse, só que eu entendi a história completamente errada, sei que o que temos aqui é baseado em um caso real, mas acreditava que seria uma adaptação legítima da história ocorrida nos Estados Unidos com Mary Kay Letourneau em 1996, mas me surpreendi totalmente ao me deparar com uma história que não era nada do que eu imaginava, e isso foi muito bom.
Elizabeth é uma atriz que está em processo de pesquisa para a sua nova personagem, Gracie, uma mulher que foi acusada de abuso de menores ao se envolver com um menino de 13 anos, mas que com o passar dos anos se casou com ele e juntos formaram uma família. Quando Elizabeth chega à casa de Grace e Joe, se depara com uma família aparentemente perfeita, mesmo com a origem turbulenta, só que o que ela não podia imaginar é que essa família ainda tem muitos esqueletos no armário.
A história na qual a produção se baseia é revoltante, uma mulher de 36 anos se envolver com um garoto de 13 é absurdo demais para ser entendido, mas infelizmente aconteceu, e aqui na ficção, vemos pelo roteiro como os traumas do passado podem afetar o nosso presente, apesar de Elizabeth ser a protagonista ela nem de longe é o foco do filme, que fica todo no papel de Joe.
Vemos um homem jovem de 36 anos com três filhos, os mais novos próximos dos 20 e indo para faculdade, ele tem uma vida aparentemente perfeita, mas claramente é uma pessoa sufocada, Joe não teve infância, não teve adolescência, não teve juventude, tudo isso foi roubado por Grace que finge muito bem ser uma pessoa sensível e ingênua, mas que é uma grande predadora sexual, uma mulher que abusou de uma criança e roubou toda a vida dele. Durante o desenrolar da produção vemos Joe repetir que não foi uma vítima várias vezes, que foi escolha dele, mas o desenrolar da história mostra o contrário, vemos ele acordando para realidade, as borboletas monarcas que ele preserva são uma metáfora para ele mesmo, que viveu preso durante quase 25 anos a uma vida no qual foi inserido sem nem mesmo perceber que ele foi levado a aceitar. A cena final dele, onde vê a formatura dos filhos de longe, e começa a chorar desesperadamente, é a prova cabal disso tudo, dele finalmente percebendo que teve diversas experiências da sua vida roubadas por aquela mulher.
Vi um reboliço muito grande na internet por esse filme ter sido indicado na categoria de melhor comédia ou musical do Globo de Ouro, mas eu não achei isso um absurdo não, por incrível que pareça dessa vez não, o roteiro é muito debochado, muito irônico, e você percebe na trilha sonora, pelo jogo de câmeras, pelas imagens, a forma como Todd Haynes apresenta essa história, em momento algum ele glorifica o caso, ele utiliza de técnicas de direção para reforçar o absurdo daquela situação.
O trio principal está excelente, Natalie Portman e Julianne Moore são atrizes absurdas, então não esperava menos do que a excelência das duas, mais quem me surpreendeu mesmo foi o Charles Melton, o rapaz que vem da execrável e recém finalizada Riverdale (2017-2023), se destaca com um personagem complexo e totalmente reprimido, muito da interpretação dele está no gestual, porque ele não tem fortes cenas de diálogo, é tudo pelo olhar, e o homem arrebentou, provou que ator da CW também pode atuar.
May December é um filme que desperta muitas sensações no público, sensações revoltantes, de pura indignação, mas também nos leva a refletir, pessoas com cara de boazinhas muitas vezes podem ser terríveis predadores e precisamos ficar atentos a esse padrão de comportamento. A única observação negativa tenho a fazer, é que ali depois da primeira hora, temos uma espécie de “barriga” no roteiro, talvez uma redução de cenas deixaria o resultado final um pouquinho mais dinâmico nesse pedaço da história, mas fora isso, temos um roteiro caprichado que utiliza muito bem de metáforas, e a direção que é excelente. Apesar de não ser o meu favorito da temporada, esse é sem sombra de dúvidas um dos melhores concorrentes entre os que já assisti até agora.
PAST LIVES Direção: Celine Song Ano: 2023 Assistido em: 16/12/2023
Tem filmes que só pela sinopse você já sabe que não é para você, eu geralmente passo longe deles, mas infelizmente tem aqueles que se destacam principalmente agora na temporada de prêmios, e decido pagar para ver, e é infalível, sempre quebro a cara, ou melhor, sempre estou certo, porque só de ler duas ou três linhas já sei que não vou gostar, e é tiro e queda. Past Lives foi um dos títulos mais elogiados da temporada, não sei quantos vídeos do YouTube que assisti, rasgaram elogios à produção, mas foi só os primeiros minutos começarem para que tivesse a confirmação do que já esperava: não ia gostar nem um pouco disso.
Dois amigos de infância são separados pelas circunstâncias da vida. Muitos anos depois eles se reencontram pela internet e acabam se reaproximando, entretanto reatar velhos relacionamentos não é tão simples quanto eles imaginavam, e logo percebem que moldar suas novas situações a uma amizade de mais de 20 anos, não será nada fácil.
Olha, sendo bastante honesto, não entendo esses filminhos espirituosos que tentam discutir relações humanas, e blá blá blá, isso não é para mim, até tentei, juro, mas não consegui achar nada que me conectasse a esses dois protagonistas, ambos são dois chatos de galocha, e não há nada na história desse filme que desperte meu interesse, não há nada minimamente curioso, os personagens se reencontravam e eu só queria que tudo acabasse, e quando olhava no contador, 1h40min se transformaram em 6h.
Li uma vez um escritor dizendo que o que ele mais ouvia eram pessoas querendo contar seus relatos pessoais dizendo que dariam uma boa história, e quando ele escutava, eram histórias chatíssimas que não dava nem um panfleto, e procurando algumas informações sobre esse roteiro na internet, descobri que ele é parcialmente inspirado em algumas experiências de sua diretora Celine Song, e é aquele negócio, às vezes a pessoa acha que sua história pode ser interessante, e de fato até pode ser para alguém além dela mesma, mas particularmente achei que isso aqui ficaria melhor como curta do que como um longa metragem.
Amo o cinema sul coreano, todos os anos eles produzem alguns filmes que dão de 10, 20, 30 no cinema de Hollywood, só que é extremamente irritante ver que eles quase nunca tem o reconhecimento merecido, e quando decidem aclamar uma produção "coreana” ele é falsificada, já que o que temos aqui é uma produção americana, tanto que ele está sendo indicado como representante dos Estados Unidos há inúmeras premiações de filme internacional, pelo amor de Deus, com tanta coisa melhor que poderia ser escolhida, dão destaque para uma verdadeira água de salsicha. Para não dizer que absolutamente nada me agradou, a fotografia é muito boa e as atuações são competentes, mas fora isso, já estava deletando Past Lives da minha cabeça antes mesmo dos créditos começarem. Do que já assisti até agora na temporada de prêmios, essa é de longe, a mais fraca.
THE HOLDOVERS Direção: Alexander Payne Ano: 2023 Assistido em: 16/12/2023
Nunca fui o cara dos filmes de Natal, desde muito novo eu sempre curti histórias mais mais pesadas, muitas até inapropriadas para minha infância, tanto que das sessões da Globo, a minha favorita sempre foi o Supercine, filmes natalinos geralmente é um só, e na véspera, depois é vida que segue. Como este ano temos um produto do gênero indicado aos principais prêmios da temporada, fui "obrigado a me render”, e cá estou para acompanhar mais uma história de redenção situada no mês de dezembro.
Durante as férias natalinas do ano de 1970, um rabugento professor de história se vê obrigado a ficar na instituição onde trabalha para cuidar de alguns alunos que não poderiam voltar para suas casas. Ele não gosta dos estudantes, e os estudantes o detestam ainda mais, o que obviamente seria a receita perfeita para o desastre, será responsável por uma grande mudança na vida do professor Paul e de Angus, um dos alunos mais problemáticos da instituição.
Nunca assisti nenhum filme do Alexander Payne, as sinopses dele não não fazem a minha praia, e como já disse só estou aqui apenas por conta das premiações, mas até que me surpreendi, The Holdovers é uma história muito leve, traz uma mensagem interessante de que as pessoas podem melhorar com a convivência, que podemos mudar a nossa opinião, que podemos crescer, é um comfort movie daqueles indicados para pessoas que estão na fossa, que estão de baixo astral, daqueles que vão te levar para um novo estado emocional, só que o problema é que cinematograficamente falando ele não traz nada de novo.
A história do aluno que muda devido ao professor, e o professor que muda pelo aluno e blá blá blá, isso aí já foi visto inúmeras vezes, em incontáveis histórias, é claro que a ambientação dos anos 70 traz um diferencial, e o fato das filmagens serem todas em locações reais e praticamente não existir estúdio é bem perceptível. As brilhantes atuações de Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph enriquecem muito a obra, mas o roteiro é muito simples, obviamente isso não é nenhum crime, nenhum demérito, mas eu esperava mais de um roteiro tão elogiado pelas grandes premiações. Para dizer a verdade, a história caiu um pouquinho no meu conceito quando se livrou dos outros quatro alunos e passou a focar em apenas um deles. Caso a dinâmica fosse entre o professor e todos eles, o resultado final seria melhor.
Simplicidade não é defeito, mas o problema é que escutei/li tantos elogios sobre The Holdovers, que cheguei aqui esperando que ele fosse O FILME, o diferentão da temporada, e não foi isso que aconteceu, ele se alonga demais, é uma comédia dramática bem competente, mas não é daquele que surpreendem, ou que será eternamente lembrado, é uma diversão momentânea, que vai ser rapidamente esquecida daqui um tempinho ou seja, só mais um na multidão.
THE ROCKETEER Direção: Joe Johnston Ano: 1991 Assistido em: 03/12/2023
Começando logo por um mea culpa, nunca fui o cara das histórias em quadrinhos americanas, sempre gostei dos heróis da Marvel e da DC, mas nunca fui leitor, e quando se trata de graffic novels de outras editoras, aí que o negócio fica pior. Minha verdadeira paixão sempre foram os mangás, portanto muitas histórias clássicas só conheci depois que foram adaptadas para o cinema, e com The Rocketeer foi a mesma coisa, entretanto o diferencial desse aqui, e que ele veio uns 20 anos antes da aurora da era dos super-herói.
Em 1938 estamos às vésperas da Segunda Guerra Mundial, e somos apresentados a Cliff Secord, um jovem que sonha em desenvolver um avião próprio e se tornar um grande piloto. Entretanto, após um jack pack de última geração desenvolvido pelo grande Howard Hughes, acidentalmente cair em suas mãos, ele se torna alvo de um perigoso espião Nazista, que quer a todo custo essa nova tecnologia para que possa torná-la a principal arma da grande invasão nazi. Caberá a Cliff usar esse objeto para ganhar os céus e se tornar um herói bem diferente daqueles que estamos acostumados.
Em 1991 a franquia Superman já estava mais afundada que o Titanic, e o Batman se preparava para o lançamento de seu segundo título ainda, Batman Returns (1992), do outro lado a pobre da Marvel rastejava com produções de terceira, filmes de herói estavam longe de ser os maiorais das bilheterias. Foi nesse cenário que a Disney e Joe Johnston chegaram com uma proposta bastante interessante, uma produção diferente para o que era produzido na época, e mais diferente ainda do que é produzido hoje em dia. Temos um trabalho bastante caprichado, os figurinos, os cenários, as maquiagens, tudo é muito bem feito, é claro que os efeitos especiais estão datados, já que estamos falando de uma produção de médio orçamento de três décadas atrás, mas que para época funcionava muito bem, e que inclusive envelheceram melhor do que muita coisa que é que foi feita tempos depois.
É muito interessante ver como Johnston trabalha, haja vista que no futuro ele seria o diretor de Captain America: The First Avenger (2011) uma história situada no mesmo período histórico e também sobre um super-herói, mas que foi produzido em condições completamente diferentes de The Rocketeer. O casal Billy Campbell e Jennifer Connelly, no auge de suas belezas, vivem protagonistas bem simpáticos e temos também Timothy Dalton recém saindo de James Bond, interpretando de uma forma bastante canastra um ator de sucesso da década de 1920, ninguém está impecável, mas todos estão na medida para os seus personagens.
O ponto fraco do filme está na sua história extremamente simples, sem nenhuma reviravolta, sem nenhuma surpresa, não que seja algo ruim, mas seria interessante um roteiro que surpreendesse um pouco, tudo vai do ponto A para o B em linha reta, sem nenhum uma curvinha, e narrativamente falando isso é desmotivante. Vi muita gente falando que é um legítimo “Sessão da Tarde”, mas existia nessa sessão muitos títulos que se arriscavam, e The Rocketeer não faz isso, ele só aposta no seguro, e é tudo tão linear que chega ser previsível.
Fora da curva para os padrões dos filmes de super-herói atuais, talvez The Rocketeer possa não chamar a atenção do público que está acostumado com obras inteiramente feitas em tela verde, com batalhas grandiosas em seus terceiros atos, e o malfadado raio azul, mas é uma boa pedida para quem quer algo um pouco diferente, seja na ambientação histórica, seja no tipo de produção ou seja pela forma de interpretação de uma Hollywood que hoje em dia nem existe mais.
A BEAUTIFUL LIFE Direção: Mehdi Avaz Ano: 2023 Assistido em: 10/12/2023
Confesso que não tenho preconceitos contra gênero cinematográficos, tenho meus preferidos, e tem aqueles que evito, mas ainda, procuro dar algumas chances, mesmo que raramente. Mas se tem uma coisa que admito não ser nada chegado, são os filmes de TV, hoje em dia mais conhecidos como filmes de streaming, é claro que existem aqueles que furam a bolha, Martin Scorsese e David Fincher estão aí produzindo para Netflix, Apple TV, e por aí vai, mas no geral torço sim o nariz para produções dessas empresas, e só cheguei até aqui apenas devido a algumas críticas elogiosas para A Beautiful Life, e decidi dar uma chance, e mesmo a trama não apresentando nenhuma novidade, se tratando de algo vindo da vermelhinha, até que me surpreendi.
Elliot leva uma vida muito simples como pescador, e músico nas horas vagas. Durante uma apresentação de seu amigo, ele é encontrado por uma dona de produtora que decide transformá-lo na nova sensação dinamarquesa. Quem fica responsável pela missão é Lilly a filha da dona, que nunca demonstrou muito interesse em nada, e tudo ficou pior após a morte de seu pai. Entretanto Lilly terá dificuldades, já que Elliot não está muito feliz com o fato da fama vir acompanhada com uma mudança radical de seu estilo de vida.
A Beautiful Life segue praticamente a cartilha americana, temos o talento que é descoberto, temos os perrengues que terão que ser superados ao longo do caminho, temos um casal que vai nascer de um relacionamento improvável, enfim não espere por novidades, porque aqui não tem nada disso, existem dois momentos que me pegaram de surpresa, mas são muito breves, nada que mude o panorama geral da produção, que é uma aposta no seguro e no garantido, é o mais do mesmo de sempre só que dessa vez falado em dinamarquês e não em inglês.
O grande trunfo está na figura de seu protagonista Elliot, ou melhor do Christopher, não conhecia o rapaz, mas fiquei encantado com poder vocal dele, é um excelente cantor, teve algumas músicas mais fraquinhas, mas gostei praticamente de todas, e já estou indo atrás dele no Spotify para poder conhecer o restante de suas canções, e é claro que o fato dele ser um gato loiro de olhos azuis todo tatuado ajudou muito, que homem lindo, foi uma pena que ele não teve química nenhuma com a sua colega de elenco, porque se tivesse teríamos um filme bem melhor.
A Beautiful Life é correto, peca por uma falta de ousadia, por um casal protagonista sem graça pelo lado da moça que é um picolé de chuchu, mas é bem feitinho, aposta no certeiro, tem uma trilha sonora ótima que ajuda a embalar o público, enfim é aquele filme indicado para um dia que você só quer se distrair um pouquinho, que está de bom humor, e quer dar um up no astral. Mesmo sendo uma pessoa contra filmes de streaming e que abertamente considera a esmagadora maioria deles arte inferior, devo admitir que esse aqui até conseguiu me conquistar.
CAPOTE Direção Bennette Miller Ano: 2005 Assistido em: 09/12/2023
Até semana passada, Truman Capote para mim era apenas mais um escritor americano, tudo que sabia que ele tinha feito era o livro Breakfast at Tiffany's (1958). Eu até já tinha ouvido falar a respeito de In Cold Blood (1967) nas minhas pesquisas, mas não fazia a menor ideia de que se tratava de uma história real, escrita pelo Capote e que existia toda uma trama sombria por trás da mesma. Só fui tomar conhecimento de todo esse imbróglio na semana passada e imediatamente fui conferir o longa do Richard Brooks e logo em seguida atrás desse aqui, que funciona como paralelo ao original.
Em 1959 a família Clutter é brutalmente assassinada, o caso logo toma as manchetes dos Estados Unidos e desperta o interesse de Truman Capote. O escritor viaja para a pequena Holcomb, no Kansas, com o intuito de escrever sobre o caso. Entretanto, o que ele não poderia imaginar é que ao conhecer os responsáveis pelo crime, mergulharia profundamente na mente dos assassinos. À medida que Truman vai escrevendo o seu livro, ele se envolve cada vez mais com Perry Smith, ao ponto de misturar o seu interesse profissional com interesse pessoal.
Uma das frases mais famosas do Friedrich Nietzsche diz que: “quando você olha muito tempo para o abismo, o abismo olha de volta para você”, e acredito que o Capote é uma prova viva desta afirmação. Em seu afã de criar uma história diferente de tudo aquilo que era escrito até então, ele acabou mergulhando demais nas profundezas da mente perturbada de Dick e principalmente de Perry, o roteirista se encantou por aqueles assassinos, muitos dizem que ele até se apaixonou por Perry, não sei a veracidade disso, afinal ele não assume isso em nenhum momento do filme, mas é inegável que a sedução e manipulação do Perry o enredou. É claro que Capote também se favoreceu, e soube usar muito bem os criminosos, mas é inegável que Truman foi hipnotizado por aqueles dois, tal qual a sociedade, que constantemente fica fascinada por criminosos, exemplos existem aos montes.
O falecido Philips Seymour Hoffman era um ator brilhante, e temos aqui aquele que provavelmente é um dos seus maiores, senão o seu maior papel, eu nunca cheguei a pesquisar nada sobre o Capote verdadeiro, mas a interpretação de Hoffmann é absurda, os trejeitos, os maneirismos, a forma de falar, você esquece o ator, ele conseguiu se anular por completo, basta ver a voz 100% diferente da voz real dele, sem sombra de dúvidas um Oscar merecidíssimo.
Bennette Miller nos entrega um filme que trata de um assunto tão pesado mas de uma maneira extremamente leve, a única coisa que me deixou um pouquinho com pé atrás é que a vida pessoal do Truman sequer foi citada, sabemos que ele era assumidamente homossexual, que era casado, e que isso naquela época, anos 1950/1960, era um problema, mas Miller perde a oportunidade de tratar esse assunto. Sei que na segunda metade dos anos 2000, os grandes estúdios pelo menos, não eram muito adeptos a esse tipo de discussão, mas basta lembrar que o próprio Capote disputou o Oscar de melhor filme com Brokeback Mountain (2005).
Capote é uma cinebiografia de recorte muito específico, nós não vamos ver a infância, não vamos ver a morte do biografado, apenas um período de sua vida, mas não é qualquer período, vemos a criação da magnus opus do escritor, mas também nos mostra o impacto que toda a história teve na vida dele, pelo resto dos seus dias, o autor nunca mais concluiu nenhum outro livro, e levando em consideração todo “o processo de criação”, acho que isso é mais do que justificável.
IN COLD BLOOD Direção: Richard Brooks Ano: 1967 Assistido em: 08/12/2023
Tomei conhecimento sobre a família Clutter na semana passada quando escutei o episódio do Modus Operandi sobre o tema, e como sou consumidor assíduo de true crime, não dispenso nenhum filme inspirado em algum caso famoso, então lá fui eu assistir In Cold Blood, e fiquei muito surpreso, não só pelo desenrolar da história, mas pelas qualidades do filme, que é excelente.
Em 1959 a família Clutter levava uma vida pacata em uma fazenda na pequena cidadezinha de Holcomb no interior do Kansas. O que eles não poderiam imaginar é que um alvo foi colocado em suas cabeças, e que uma dupla extremamente perigosa está se direcionando até sua casa para acabar com a paz. Dick e Perry são dois jovens ex-presidiários que acreditam que a família possui uma grande quantia de dinheiro escondida na casa, e querem esse dinheiro a todo custo para recomeçar suas vidas, e para isso eles estão dispostos a qualquer coisa.
Como alguém que sempre gostou de ler sobre psicopatas e serial killers, sei que os estudos voltados para esse tipo de transtorno só se tornaram frequentes a partir dos anos 1970, antes disso era inconcebível para algumas pessoas o fato de que assassinatos brutais pudessem acontecer de maneira tão aleatória, sem existir nenhuma condição pregressa, sem ser por uma vingança ou por uma razão passional, uma brutalidade movida apenas por uma um descontrole emocional de um assassino. Em 1959, quando esse crime ocorreu, a sociedade era muito distinta, não havia metade do conhecimento que temos hoje em dia, portanto é bastante interessante ver como que um crime tão brutal repercutiu na mídia americana, e como o filme foi montado em cima dessa história, já que ele não segue os padrões adotados hoje em dia para quando tratarmos um longa sobre um crime real.
Hoje em dia muito se fala em dar voz às vítimas, muitos podcasts, filmes e documentários contam suas histórias pelo olhar daqueles que sofreram, mas isso não é o que ocorre aqui, tanto no livro do Truman Capote, quanto no filme dirigido brilhantemente pelo Richard Brooks os protagonistas são os vilões, são a dupla de assassinos, Dick e Perry, os Clutter são meros cordeiros para abate, até temos uma cena ou outra deles como família antes da carnificina acontecer, mas eles são meros coadjuvantes na sua própria história. A mídia sempre foi sensacionalista e o filme retrata isso muito bem, o foco aqui é no que vende, afinal o que era mais interessante para aquela época, a familiazinha medíocre do cu do mundo, ou a dupla de facínoras que fugia Estados Unidos afora?!
Não sou um profundo conhecedor da filmografia do Richard Brooks, mas pelo pouco que já assisti dele, ele era um diretor excepcional, o elenco também é excelente principalmente a dupla Robert Blake e Scott Wilson. O roteiro é muito bem escrito, você consegue entender a personalidade dos assassinos muito bem, e apesar de ter algumas pausas dramáticas, está em constante ascensão, e guarda o momento dos assassinatos para nos mostrar apenas na hora certa, como se eles só entregassem o que o público queria, apenas quando todas as peças estivessem encaixadas, a matança foi uma espécie de recompensa.
Não que eu me incomode com filmes preto e branco, mas confesso que o estranhei bastante uma produção de 1967 ser feita dessa forma, creio que a trama se beneficiária mais se fosse colorida, mas fora isso não há absolutamente nada que desabone a produção de forma alguma, aliás rodar as filmagens na mesma casa onde ocorreram os assassinatos, hoje em dia pode ser considerado de extremo mal gosto, mas creio que na época ninguém deva ter se importado, e para o Richard Brooks e sua equipe, isso apenas daria mais veracidade à história, mas querendo ou não, In Cold Blood é um dos mais importantes filmes sobre crimes reais já feito.Tudo que eu li sobre o mesmo, reforça que ele foi um dos pioneiros deste “gênero”. Super recomendado, tanto aos fãs do True Crime quanto aos do bom cinema.
PS: E quem diria que trinta e quatro anos depois, Robert Blake estaria na mesma situação que o seu personagem Perry: respondendo por assassinato, bastante irônico não?!
SCOUTS GUIDE TO THE ZOMBIE APOCALYPSE Direção: Christopher Landon Ano: 2015 Assistido em: 03/12/2023
Lembro que quando li uma notícia sobre esse filme pela primeira vez, lá em 2015, fiquei bastante curioso, a sinopse não é das mais comuns para os dias de hoje, era algo que mais parecia saído dos anos 1980 e isso me deixou um pouco animado, pois amo as comédias desse período, mas nem tudo é o que parece, e mesmo lembrando bastante algo produzido no passado, essa história exala tudo que é pertinente ao Século XXI.
Quando misteriosamente um vírus é liberado, uma pequena cidadezinha no interior dos Estados Unidos começa a ser assolada por um surto que transforma todos os atacados em zumbis. Nesse contexto para lá de caótico, caberá a três amigos que já estão um pouquinho grandinhos para serem escoteiros, usarem as habilidades que aprenderam no grupo para sobreviver e tentar encontrar uma maneira de parar essa loucura.
Vendo a filmografia do Christopher Landon, obviamente ele é um pessoa voltada para o terror, embora seja louvável ver a tentativa de misturar um gênero já conhecido como um que ele não tem experiência, ele esbarra na complexidade da comédia, é preciso ter o time certo, é preciso ter os atores certos, enfim, são perceptíveis as boas intenções, mas boas intenções não fazem filmes bons, e aqui faltou muita coisa para o filme atingir os objetivos pretendido.
Landon e sua equipe nos entregam piadas visuais boas, mas no roteiro não há muito que dê para salvar. A história é muito simples, personagens não tem um pingo de carisma, não vou nem culpar os atores porque, por exemplo Ty Sheridan tem suas limitações, mas já assisti alguns trabalhos dele onde ele entrega algo melhor quando lhe dão condições, e aqui, infelizmente ele não teve essas condições, tanto o protagonista quanto os coadjuvantes, são personagens muito bobinhos, muito sem graça, faltou aos roteiristas e ao diretor delinear melhor a personalidade dessas figuras e usá-los sem medo, o resultado seria melhor.
O grande problema de Scouts Guide to the Zombie Apocalypse, é que você espera que chegue em algum lugar, mas que ele não chega, é comportadinho demais, faltou perder as estribeiras, faltou ultrapassar a barreira do absurdo, faltou ser mais anos 80 conforme a sinopse tanto parecia. Talvez nas mãos de um pessoal que fosse mais experiente com comédia, o resultado teria sido melhor, mas para quem procura algo bobinho, sem muitas pretensões, talvez deve funcionar melhor, mas confesso que fiquei mais entediado e com sono, do que entretido.
SIXTEEN CANDLES Direção: John Hughes Ano: 1984 Assistido em: 03/12/2023
John Hughes foi um homem que mudou a forma como adolescentes eram vistos na década de 1980, sei que pode até parecer um certo exagero dar essa grande importância para ele, mas a forma como o adolescente foi retratado nas telas do cinema, pode ser dividida antes e depois de Hughes, um diretor/roteirista que trouxe para o grande cenário hollywoodiano alguns dos conceitos e estereótipos adolescentes que são utilizados até hoje, e aqui temos o primeiro trabalho dele na direção, com a fundação da pedra fundamental de tudo que viria a seguir.
O aniversário de 16 anos é uma data muito importante para qualquer garota, e com Samantha não é diferente, entretanto seu tão sonhado dia é completamente eclipsado por se tratar da véspera do casamento de sua irmã mais velha, e por seus familiares completamente surtados terem esquecido dela. Enquanto isso, na vida escolar, ela tem seu crush na figura de Jake, porém a mesma não tem muitas esperanças de conquistá-lo, mas esse cenário está prestes a mudar.
Uma coisa que precisamos deixar bem claro é que Sixteen Candles é produto de seu tempo, aliás todo filme é, e a sociedade de 1984 não é nem de perto a mesma de 2023,são quase quatro décadas separando os dois períodos, então algumas passagens talvez soem erradas para os padrões de hoje, mas naquela metade de década de 1980 ninguém via problema nenhum. Portanto em momento algum devemos julgar o longa com os olhos de hoje, sinto que o mesmo pode ser usado como reflexão, como prova de como evoluímos mesmo que pouco ao longo desses 39 anos, ao observarmos situações tidas como normais para os padrões da época, mas inaceitáveis para os dias de hoje, e de forma alguma devemos deixar que isso atrapalhe o nosso entendimento do projeto como obra artística.
Dois dos meus filmes favoritos da década de 80 são do John Hughes, The Breakfast Club (1985) e Ferris Bueller's Day Off (1986), então minha expectativa com relação a esse aqui estava nas alturas, mas devo admitir que fiquei um pouquinho decepcionado com a simplicidade da história apresentada, não temos muita coisa acontecendo em cena, temos uma garota completando 16 anos, frustrada porque ninguém se lembrou, e a seguimos por um período de dois dias enquanto ela tenta se encontrar, não que isso seja algo ruim, existem piadas boas aqui e acolá, mas a fragilidade do roteiro é muito grande, não apresenta nenhum grande momento, não tem nenhuma virada, basicamente termina da forma como começou só que com a diferença de Samantha finalmente conquistando o galã do colégio.
Hughes aqui começa a sua parceria com a eterna rainha da Sessão da Tarde, Molly Ringwald e com Anthony Michael Hall (sempre fazendo papel de chato), até aí nenhuma novidade, e o que me surpreende é o de fato dos dois terem a idade condizente a seus personagens, ambos com apenas 16 anos na época. Temos também o desaparecido Michael Schoeffling no papel de Jake, que o que tinha de lindo, tinha de fraco na atuação, acredito que mudar de carreira tenha sido uma boa opção para ele. Tivemos ainda o garotinho de Kramer vs. Kramer (1979), e John Cusack bem novinho em um de seus primeiros papéis, ou seja, um elenco bastante promissor.
Em linha gerais, dos trabalhos voltados para adolescentes do Hughes que já assisti, Sixteen Candles é o mais fraquinho, mas nem de longe é ruim, ele é simples, tem uma história inocente, que reflete os comportamentos da época, e que sem sombra de dúvidas marcou uma geração, e é preciso ressaltar que o trabalho de efeitos sonoros aqui é espetacular, muito bem encaixado e ajuda nas piadas. A partir de hoje vou enxergar esse filme como um pequeno aperitivo, do que viria lá na frente, porque aí sim, seria algo glorioso.
THE FOG Direção: Rupert Wainwright Ano: 2005 Assistido em: 26/11/2023
Cinema do terror é uma coisa complicada, se faz um sucesso mesmo que mínimo imediatamente vira uma grande franquia, e quando essa franquia se desgasta, os produtores se desesperam para tentar ressuscitar algo do passado, enquanto não aparece um novo lampejo de sucesso, vemos isso há décadas, mas parece que algo saiu de controle ali no meio dos anos 2000, pois tivemos uma insana quantidade de remakes de clássicos, e até mesmo daqueles que passaram batidos em suas versões originais. E aqui temos mais um exemplo disso, The Fog (1980) nunca foi dos mais memoráveis, mas que voltou em 2005 para uma versão ainda mais esquecível.
Numa pequena cidadezinha costeira 100 anos antes um naufrágio resultou em uma grande desgraça. Certa dia quando todos acreditavam que seria apenas mais uma noite comum, uma misteriosa névoa cobre o local e mortes violentas começam a ocorrer. Agora os descendentes daqueles envolvidos na morte dos marinheiros correm um sério risco de vida.
Os anos 1970 e 1980 foram bem prolíferos quando o assunto são filmes de terror com ideias mirabolantes, tenho que dar o braço a torcer e admitir que um longa com uma névoa assassina não é algo que vemos surgir com muita frequência em Hollywood, mas enquanto o original era dirigido pelo lendário John Carpenter e trazia a final girl mais famosa de todos os tempos, Jamie Lee Curtis, como protagonista, esse aqui é de uma falta de atrativos absurda, para mim o único ponto interessante é o Nick, pois sempre fui apaixonado pelo Tom Welling que em 2005 era um dos maiores galãs da TV norte-americana como protagonista de Smallville (2001-2011), mas tirando esse motivo específico não tem nada aqui que me seja atraente.
Filme fraco com história fraca, atuações mais fracas ainda, uma direção que não sabe criar tensão, honestamente, esse aqui foi um que lutei para manter meus olhos voltados para tela, pois honestamente a burrice dos personagens e a total falta de carisma do elenco definitivamente acabaram com qualquer tesão, qualquer vontade que eu tinha de acompanhar essa história. Só tava torcendo para que a névoa engolisse a tela inteira e que somente os créditos finais sobrassem porque era a única coisa pelo qual estava ansioso
Essa nova versão de The Fog é só mais uma dentre as muitas que provam que alguns filmes jamais devem ser refeitos, uns por serem muito bons e por isso se tornam intocáveis, e outros por serem muito ruins e não merecerem uma segunda oportunidade. Quando falamos de uma filmografia tão vasta quanto a do Carpenter, encontramos títulos clássicos, e alguns esquecidos, e a versão de 1980 é sempre ignorada quando nos referimos aos principais trabalhos do diretor. E sobre essa nova imaginação da história, a única cena que vai ficar na minha cabeça, foi o Tom Welling sem camisa.
Sem fazer muitos rodeios o motivo que me trouxe até esse filme não poderia ser outro senão o grandioso James Cameron, aqui, na função de produtor executivo, e fonte de inspiração para essa obra que convenhamos, tem tudo a ver com ele, afinal de contas estamos falando de uma aventura com personagens simples, mas que seguem tropos bem estabelecidos e obviamente, água, muita ÁGUA. Junte isso também ao fato da história ser muito levemente inspirada em um episódio semelhante ocorrido em 1988 com o Andrew Wight, produtor que trabalhou com Cameron em seus três documentários sobre o oceano. Mas uma coisa é se inspirar em um grande mestre do cinema, seguir a cartilha dele, outra bem diferente é fazer um trabalho que esteja no mesmo patamar do que ele faria.
Frank é um mergulhador bastante experiente. O que seria apenas mais uma de suas aventuras nas cavernas da Oceania, toma contornos bastante diferentes quando uma imensa tempestade fecha as rotas conhecidas para os mergulhadores retornarem à superfície. Agora ele será obrigado a encontrar um novo caminho para sair das profundezas desse labirinto junto com o seu grupo, do qual faz parte o seu filho Josh, com quem ele não mantém uma relação muito boa.
Quando disse que esse filme se inspira muito no Cameron é porque temos aqui uma estrutura que ele sempre utiliza em seus projetos, personagens muito simples, com dilemas comuns que se vêem diante de uma situação de vida ou morte, e isso não é algo ruim, James Cameron sempre aposta no básico, porém o faz de maneira espetacular. Seguindo esse esquema, aqui encontramos pai e filho protagonistas numa relação complicada de afastamento, e que precisarão se entender enquanto suas vidas estão em risco, temos o ricaço que não tem um pingo de moral e que vai se revelar um filho da puta ao longo da história, enfim, nenhuma novidade, mas o problema é que o roteiro não é bem trabalhado, é apático demais, e não consegue nos fazer torcer por esse pessoal, não dei a mínima se eles iriam sobreviver, ou se morriam pelo caminho, e isso deve ser a inabilidade do roteiro em desenvolver essas personagens e dos atores em desempenhar esses papéis de uma maneira mais intensa.
Visualmente muito bonito, Sanctum obviamente tem muito CGI, mas também tem muito efeitos práticos, algumas cavernas são reais, e a sequências de ação são bem conduzidas, mas tirando isso, a direção é super básica, o roteiro como disse, não é bem aprofundado, as atuações são fracas, a trilha sonora é quase que inexistente de tão desinteressante, enfim, existem alguns pontos positivos, mas os negativos os anulam.
Em linhas gerais Sanctum deixa a sensação de que é um filme que mira no James Cameron, mas que faltou muito para chegar até os resultados obtidos pelo diretor, talvez caso a direção fosse um pouquinho mais competente, o elenco mais talentoso, e o roteiro mais trabalhado, os resultados obtidos fossem melhores, ainda assim não de todo desastroso, talvez eu que tenho assistido em um dia não muito bom, e pessoa com o senso crítico mais desarmado, que só querem ação pela ação, interpretem tudo de uma forma menos exigente.
I GIVE IT A YEAR Direção: Dan Mazer Ano: 2013 Assistido em: 25/11/2023
Nem todo filme é feito para ser uma grande produção cinematográfica, e nem toda produção cinematográfica é feita para marcar a vida do espectador, algumas são meras distrações, meras passagens de tempo para uma pessoa que quer ir ao cinema ou simplesmente assistir do sofá de sua casa, servem apenas para nos fazer desligar o cérebro por um período de uma hora e meia, duas horas, nos divertir com uma história qualquer, mas o problema é que tem filmes que são tão insossos, tão apáticos, tão anêmicos que nem para distração eles servem, e é isso que I Give it a Year representou para mim.
Quando Josh e Nat se conhecem, eles rapidamente vivem um romance tórrido e já decidem unir as escovas de dentes, o problema é que a personalidade deles é muito diferente e ambos só vão descobrindo essas incompatibilidades ao longo do seu casamento. Enquanto isso, absolutamente todo mundo ao redor dos pombinhos aposta contra a união, e para piorar ainda mais a situação cada um deles encontra uma opção de relacionamento mais viável do que o seu cônjuge.
Honestamente, não sei qual que era a intenção do diretor Dan Mazer com esse filme, como um drama não funciona, como romance não cativa, como comédia não faz rir, sei que os britânicos têm um senso de humor bastante diferente, basta assistir qualquer série de comédia deles, mas isso aqui foi uma tentativa tão insípida, tão meia boca de fazer uma comédia romântica que honestamente não entendi qual era a ideia, no final a única coisa que o filme conseguiu ser foi totalmente esquecível.
Temos um elenco de bons nomes, Rose Byrne é uma ótima atriz, Rafe Spall também consegue entregar muito quando lhe dão um bom roteiro, e no suporte temos Simon Baker a Anna Faris, e mesmo assim todos eles são desperdiçados com personagens que não convencem, você só quer que aquele povo suma da sua frente de uma vez.
Não sou muito fã de comédia romântica, mas prefiro mil vezes aquelas que mexem comigo a ponto de eu odiá-las do que aquelas que sou totalmente indiferente, I Give it a Year simplesmente não despertou nenhum sentimento em mim, terminei o filme em total estado de apatia, é um longa tão fraco que a única sensação que me despertou foi sono, tanto que nem vi a cena final, cochilei e quando acordei os créditos já estavam subindo, li o desfecho na Wikipédia, e me dei por satisfeito. Se eu não tivesse marcado ele aqui no Filmow e no meu perfil no IMDb, provavelmente nem lembraria da existência disso aqui, e seria melhor esquecer mesmo.
THE 33 Direção: Patricia Riggen Ano: 2015 Assistido em: 25/11/2023
Existem alguns episódios que extrapolam os limites nacionais e se tornam eventos mundiais, geralmente tragédias têm um alcance muito maior do que acontecimentos felizes, e nesse sentido, quem já tem mais de 20 anos com certeza deve se recordar do acidente com os mineiros no Chile em agosto de 2010. Para mim esse evento está associado com algo muito particular, já que nesse mesmo mês eu completava meus 18 anos, portanto essa história foi muito marcante para mim, junto obviamente a intensa cobertura midiática. Anos depois veio esse filme, que tentava retratar um pouquinho do enorme e complicado processo de resgate daquelas pessoas.
Na pequena cidade de Copiapó, no deserto do Atacama, uma mineradora ignora os sinais de que a montanha onde se encontrava uma mina de cobre e ouro, estava em processo de desabamento, e continua suas operações como se não houvesse amanhã. No dia cinco de agosto de 2010 um imenso deslizamento no interior da montanha faz com que 33 trabalhadores fiquem presos a quase 700 metros de profundidade, dando início a uma corrida contra o tempo do lado de fora para tentar salvar suas vidas.
Desgraça vende mais do que notícias positivas, isso é uma máxima do jornalismo que se repete no cinema, afinal de contas dá para contar nos dedos quantos filmes trazem eventos felizes sem que exista algo muito caótico e complicado nos bastidores, e era óbvio que Hollywood iria por suas mãozinhas na história dos chilenos, até lembro que na época do ocorrido pensei que não demoraria nada para eles reproduzirem essa história nos Estados Unidos, portanto fiquei bastante surpreso ao ver que temos aqui uma coprodução entre países, e que isso fez com que além dos americano, podemos encontrar mexicanos, espanhóis e até um brasileiro no elenco, temos todas as etnias interpretando chilenos, menos chilenos, pelo menos não nos papeis centrais.
Vendo um pouquinho sobre as críticas recebidas pelo filme quando ele foi lançado em 2015, eu esperava algo bem inferior, mas me surpreendi positivamente, é claro que o objetivo do roteiro não é aprofundar nenhum personagem, eles até pincelam superficialmente algumas histórias de background, mas logo partem para o que interessa, que é o acidente e todo o processo de resgate, mas nem por isso é difícil se conectar com aqueles homens, é muito simples se colocar não só no lugar das vítimas como no lugar dos familiares que estão ali sofrendo e isso é um ponto positivo, porque quando você consegue essa conexão com essas pessoa você teme pela vida deles, mesmo sabendo o desfecho da história.
A produção é competente, as atuações são na medida do que o roteiro oferece, temos uma das últimas trilhas sonoras do James Horner, mas fiquei decepcionado com toda a direção das sequências do acidente, os enquadramentos escolhidos por Patricia Riggen ficaram muito confusos, o caos estava rolando ali embaixo e não estava conseguindo entender quase nada em cena, não sei se isso foi uma decisão proposital da diretora para emular o que ocorreu de fato naquela mina, mas como espectador aquilo tudo me deixou com uma impressão de que foi um serviço mal feito e me incomodou bastante.
The 33 é um filme catástrofe diferente, apesar de ser uma história que envolve um acidente muito complexo que deixou 33 pessoas por mais de dois meses em uma situação extremamente complicada (principalmente nos dias iniciais), ela tem um diferencial em relação a outros casos, não só de filmes, mas também dos desastres da vida real, o final é feliz, na última cena vemos os 33 mineiros verdadeiros e os letreiros nos dizendo que eles nunca foram compensados financeiramente pelo o que ocorreu e isso é um absurdo, afinal de contas vemos uma empresa rica colocando-os em perigo e nada aconteceu, mas entretanto creio que o principal presente que eles ganharam, foi que todos saíram vivos daquele inferno e tiveram uma oportunidade de continuar suas vidas, infelizmente nem toda tragédia tem o mesmo desfecho.
NAPOLEON Direção: Ridley Scott Ano: 2023 Assistido em: 24/11/2023
Toda vez que vejo um anúncio de algum drama histórico dirigido por Ridley Scott fico imediatamente animado, afinal ele é dos poucos diretores de Hollywood que ainda se empenha em produzir verdadeiros épicos. Scott tem uma bagagem imensa e um nome muito forte para conseguir fazer com que os estúdios embarquem em suas ideias de produzir filmes grandiosos, em uma época em que o cinema Blockbuster só tem olhos para hominhos brigando. Quando saiu a notícia que ele faria um longa sobre Napoleão Bonaparte, um dos homens mais importantes da humanidade, o meu lado obcecado por história vibrou de verdadeira alegria, mas eu nem tinha expectativas de poder assistir no cinema por ser uma produção original da Apple que chega ao circuitos após uma parceira com a Columbia Pictures, e como o cinema da minha cidade foge de produções voltados para premiação, pensei que ele não viria, mas surpreendentemente veio, e eu corri para poder conferir.
Napoleão Bonaparte, que nasceu francês quase por acidente, ingressou muito cedo nas fileiras do exército e com uma tenra idade acabou acendendo a um poder há muito não visto entre os Francos. Bonaparte assumiu o controle de um país à beira da mais completa ruína e afundado no caos, e se tornou o homem mais poderoso vivo naquele momento. Obviamente isso garantiu grandes inimigos ao imperador, mas não só aqueles oriundos de outras nações ameaçavam Napoleão, haja vista que sua vida pessoal com sua primeira esposa a Imperatriz Josephine, era tão complicada e problemática quanto a geopolítica europeia daquele período.
Não existe cinebiografia que consiga retratar toda a vida de um personagem histórico, ainda mais quando falamos de um monstro de incomensurável importância como foi o imperador francês Napoleão Bonaparte, então é óbvio que o Ridley Scott precisava escolher um recorte, e aqui nós nos esbarramos com o mais grave problema da produção. Já foi divulgado publicamente que o corte do diretor possui mais de 4 horas, mas como a Apple fez um acordo com a Columbia para levar Napoleon para os cinemas, assim conseguindo uma graninha extra e tornando-o elegível para participar da temporada de premiações, era óbvio que ele não chegaria com essa metragem para o grande público, mas mesmo possuindo uma longa duração do alto de suas 2h40min, essa versão sofre com uma montagem problemática, que só não causa uma catástrofe devido ao talento dos envolvidos.
A maior problema dessa montagem é a completa falta de cenas de conexão entre os acontecimentos, num instante temos um Napoleão tremendo de medo e ansiedade diante do Cerco de Toulon, na outra já temos alguém dizendo que ele é o maior líder militar da França atual, em uma cena vemos ele conhecendo Josephine, na outra ele já está se derretendo de amores, em outra temos ele recebendo a proposta de ser o novo rei, pra 30 segundos depois ele estar sendo coroado imperador. Tudo pula de um acontecimento para outro sem dar ao público a chance de entender o impacto que tudo que ele está vendo em cena causou na França, na Europa e no mundo. O recorte que temos aqui é de 25 anos e não são 25 anos de um ser humano comum, mas sim da porra do imperador Frances, tudo que vemos em cena possui consequências, e essas consequências não são bem exploradas, creio que na versão de 4h todas as sequencias que foram tesouradas vão estar presentes e vão dar mais sentido ao todo, mas o apresentado no cinema é brusco, corrido e atropelado.
Sou grande fã do Joaquin Phoenix desde que eu conheci o trabalho dele lá atrás no Gladiador (2000) do mesmo Ridley Scott, mas aqui eu não consegui comprar que ele era Bonaparte, achei essa escalação totalmente equivocada desde seu anúncio, quando a história do filme começa Napoleão tem um pouco mais de 30 anos, enquanto Phoenix beira os 50, não consegui enxergar aquele homem envelhecido no papel de um jovem no começo de carreira, era necessário um outro ator fazendo essa primeira parte ou então rejuvenescimento por CGI, mas o resultado final ficou muito estranho. Vanessa Kirby é ótima como Josephine, são dela os melhores momentos dramáticos, e a atriz transmite muito mais emoção do que o próprio Phoenix que interpreta Bonaparte da mesma maneira, em todas as fases de sua vida, com exceção da primeira e da última batalha.
A Direção está pra lá de caprichada, principalmente das icônicas Batalhas de Austerlitz e Waterloo, os figurinos são absurdos de tão impecáveis assim como os cenários, é possível ver o CGI complementando o que é real, e não que tudo foi feito em tela verde. A trilha sonora é apagada, mas tem alguns momentos de inspiração, resumindo: do ponto de vista técnico não tem para ninguém, o Scott mostra mais uma vez do porque é considerado um mestre da sétima arte.
Longe de ser um ruim, mas é inegável que Napoleon tem problemas, enxergo como um projeto que já chegou na sala de cinema sabotado, é impossível não sentir que o mesmo está incompleto, por isso vou aguardar pela versão do Scott poder entender melhor como é sua visão de Napoleão, visão essa que deve ser encarada como fictícia, já aqui ele está simplesmente cagando e andando para a precisão histórica.
Napoleon é um forte candidato aos prêmios técnicos dessa temporada, mas infelizmente esse corte dos cinemas é decepcionante, não ruim, está muito longe disso, mas infelizmente não atendeu às enormes expectativas de anos e anos que passei esperando por esse projeto. Só espero que a versão do Scott corrija os problemas dessa aqui, e nós possamos ter um corte melhor do que aquele que foi parar nas salas do cinema
VACATION Direção: Jonathan Goldstein & John Francis Daley Ano: 2015 Assistido em: 19/11/2023
Mesmo sendo um eterno apaixonado pelas comédias da década de 1980, confesso que não é tudo que foi produzido naquela década que me agrada, algumas coisas simplesmente não fazem meu estilo e outras infelizmente só pela sinopse já sei que não vou curtir, mas geralmente gostei de quase tudo do gênero lançado naquele período que já tive acesso. A franquia Férias Frustradas entretanto, está no grupo dos que ainda não tive a oportunidade de conferir, mesmo o extinto Cinema em Casa do SBT tendo exibi-los exaustivamente ao longo da década de 1990 é uma beirada dos anos 2000, porém algo me diz que a decisão mais errada que poderia ter tomado, foi começar nesse mundo por esse remake/reboot, ou seja lá o que diabos essa joça produzida em 2015 é.
Quando o piloto de avião Rusty decide dar um novo rumo à sua vida, ele coloca toda a sua família dentro de um carro e segue uma viagem com o objetivo de atravessar os Estados Unidos até chegar a um parque de diversões que foi muito importante na sua juventude, entretanto a viagem dos sonhos dele será um verdadeiro inferno à medida que tudo que poderia acontecer de errado, acontece com sua pobre família.
A dupla de diretores Jonathan Goldstein e John Francis Daley é bastante experiente quando o assunto é o gênero da comédia, já assisti alguns trabalhos deles que são muito bons, até gostaria de dar o destaque para uma das grandes surpresas que tive dentro das salas do cinema esse ano que foi o Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves (2023), portanto não consigo nem entender como uma abominação cinematográfica como essa pode ter saído dos dois, porque absolutamente tudo aqui é ruim, direção, elenco, roteiro, trilha sonora, é difícil encontrar um filme que me desagrade em tudo, mas esse aqui conseguiu, não teve uma única miserável piada que me fez rir.
Ed Helms é um ator competente, ele tem uma boa veia cômica basta ver o sucesso obtido na trilogia The Hangover (2009-2013), mas o bichinho que tem um dedo podre para escolher personagens, do horrendo Andy de The Office (2005-2013), a esse picolé de chuchu que é esse Rusty, ele escolhe os tipos mais sem graça possiveis, Christina Applegate é outra desperdiçada em um personagem sem brilho e sem alma, quem mais chegou perto de me fazer esboçar algum sorriso é o personagem do Skyler Gisondo, ator que eu já conhecia por Santa Clarita Diet (2017-2019) e que tem muito potencial, mas não é porque ele tem o único personagem mais ou menos, que se destaca nessa bomba, e olha que Gisondo consegue passar uma credibilidade como um adolescente apaixonado que é maltratado pelo irmão mais novo, mas fora isso nada mais dá para salvar.
Vacation é um dos piores exemplos de algo que vem se alastrando em Hollywood nos últimos 20 anos, remake ou sequência desnecessária de filmes que fizeram sucesso no passado. Parece que toda a criatividade evaporou da superfície do lugar, dá para contar nos dedos os filmes que estreiam hoje em dia que são produtos originais, pelo menos aqueles dos grandes circuitos, e a cada ano que passa uma velha franquia e agredida, não sei se Férias Frustradas foi um grande filme, porque como disse eu simplesmente abri mão de todas as oportunidades que tive de assistir as primeiras entradas dessa saga, mas sei que existe uma base de fãs interessados que provavelmente devem ter ficado muito revoltados com isso aqui.
THE 40 YEARS OLD VIRGIN Direção: Judd Apatow Ano: 2005 Assistido em: 19/11/2023
Existem filmes que quando são lançados causam uma verdadeira euforia, eles conseguem furar a bolha cinéfila e vão parar na boca do grande público. Lá atrás, em 2005 quando The 40 Years Old Virgin foi lançado, me recordo que ele foi recebido com muitos elogios, entretanto naquele período, eu não tinha muito interesse por cinema, meu negócio era animes e mangás, então o tempo passou, e só agora tive a oportunidade de poder conferir, e honestamente?! A sensação é que não perdi absolutamente nada nesses últimos 18 anos.
Andy é um homem simples e de bom coração, que leva uma vida extremamente organizada, ele tem suas paixões, e segue vivendo a sua maneira sem incomodar ninguém. Acontece que quando seus colegas de trabalho descobrem que ele ainda é virgem aos 40 anos, os rapazes decidem fazer de tudo para resolver essa situação, que para eles é um problema muito maior do que para o próprio Andy.
Steve Carell é um ator maravilhoso, naquele 2005 ele ainda era relativamente pouco conhecido, já que o grande sucesso da sua carreira, The Office (2005-2013), havia acabado de estrear, então ele ainda não era um grande astro, portanto hoje em dia nem consigo imaginar ele nesse tipo de filme, é claro que ainda é o humor do constrangimento pelo qual ele ficou mega conhecido na figura do Michael Scott, mas diferentemente do que ocorre na série do gerente da Dundler Mifflin, a história aqui apresentada é extremamente inconsistente.
Tive acesso a versão estendida do filme que tem cerca de uns 20 minutos a mais, e honestamente não sei se teria uma impressão diferente caso tivesse assistido ao corte do cinema, mas o que senti é que a história começa muito boa, mas perde o fôlego de uma forma extremamente rápida, no começo quando somos apresentados a vida do Andy e a sua rotina, é tudo muito divertido de acompanhar, entretanto quando a chave vira para o segundo ato, e vemos o personagem numa tentativa desesperada de perder a virgindade, apenas para se encaixar no padrão exigido pela sociedade, tudo acaba entrando no lugar comum. Entendo que é uma crítica a pessoas que se matam para atender as expectativas e pressões dos outros, mas mesmo assim tudo vai ficando cansativo e sem graça, essa versão sem censura é exaustiva, exageradamente longa para uma comédia.
Além do já citado Steve Carell, o longa está lotado de gente que hoje em dia é famosa, mas que naquela época não era tão conhecida, com exceção do Paul Rudd que já era bastante famoso, nós temos Seth Rogen, Jonah Hill, Elizabeth Banks, Mindy Kaling entre outros, mas todos com personagens bem fraquinhos, bem antipáticos, e alguns até bastante irritantes.
The 40 Years Old Virgin, é um filme que talvez eu tenha assistido tarde demais, talvez o meu eu de 13 anos teria gostado mais, entretanto o de 31, achou um projeto bem qualquer coisa, ainda tem seus méritos como a trilha sonora que é espetacular, o carisma de Steve Carell que torna seu Andy um personagem bem divertido, mas a soma de todos os fatores ainda é muito anêmica. Judd Apatow queima todas as boas ideias e cenas na largada, e na metade da corrida, já está completamente sem fôlego.
Última Chamada para Istambul
2.8 15 Assista AgoraİSTANBUL İÇIN SON ÇAĞRI
Direção: Gönenç Uyanık
Ano: 2023
Assistido em: 25/12/2023
Vou começar sendo honesto, tenho o pé atrás com produções turcas, assisti pouquíssimos títulos oriundos do país, aquelas de cunho histórico até consigo acompanhar numa boa, mas dramas e romances, honestamente, não são para mim, simplesmente não dá! Sei que a Turquia é um país majoritarualmente islâmico, entretanto eles não são tão fundamentalistas quanto os países árabes, porém a religião ainda interfere bastante nas produções, por exemplo, nas novelas/séries não pode haver violência, beijos, cenas de sexo então?! Alá nos livre, o mundo vai acabar!! Enfim, eles possuem uma série de limitadores que em minha opinião só atrapalham na hora de contar uma boa história, portanto tinha zero interesse em ver esse filme, e só assisti meio que "por acidente".
Um jovem casal desembarca em Nova York e devido a um problema da empresa de companhia aérea acabam se aproximando e decidem passar um dia juntos. O grande problema é que ambos são casados, entretanto a química sexual é extremamente forte, resta saber até quando eles vão resistir a mútua atração.
Honestamente, pensava que isso seria apenas mais uma mais um filme romântico comum como qualquer outro daqueles que Hollywood produz por atacado há anos, e a Netflix praticamente se tornou especialista, entretanto me surpreendi com um roteiro que foi bem pensado, com um plot twist até que surpreendente para o gênero, mas que ainda assim poderia render muito mais, caso a execução fosse melhor.
Fiquei até um pouco confuso quando o segundo ato começou, pensei que a história estava avançando muito, com Mehmet e Serim já tendo uma vida de casal e já estando em um relacionamento desgastado, só que aí que veio a surpresa. Tudo indicava que o filme seria um romance bobinho, e não uma produção que tinha como intuito discutir relacionamentos matrimoniais, e quando revelaram que tudo que vimos no primeiro ato era encenação, uma tentativa dos dois de salvar o casamento fracassado, senti que a história tinha um imenso potencial, o problema é que a direção já tinha me perdido a essa altura, já que tudo até então estava sendo apresentado de uma maneira extremamente sem graça, apática, sem brilho, de uma forma que meu interesse já havia diminuído, e quando o filme te perde, para recuperar é difícil demais.
Vi que muita gente odiou o final, particularmente sou um desses que naturalmente ficaria muito incomodado por ser fantasioso/idealizado demais para o meu gosto, mas dessa vez até que eu vou passar um certo pano, do começo ao fim a história já prometia esse final, já existia uma atmosfera romântica de um casal que queria se acertar, logo o final não é ilógico. Em linhas gerais, Última Chamada para Istambul é uma boa ideia com uma execução ruim, e que poderia ter sido maior, mas infelizmente acabou caindo no comodismo de ser o mais do mesmo.
Saltburn
3.5 848SALTBURN
Direção: Emerald Fennell
Ano: 2023
Assistido em: 25/12/2023
Continuando meu propósito de assistir aos principais títulos da temporada, me deparei com Saltburn, um filme que eu tinha de tudo para não gostar, desde a sinopse simples, que não contempla tudo o que a história tem a oferecer, e ao fato de eu não ter gostado muito de Promising Young Woman (2020), o trabalho anterior da diretora Emerald Fennell, mas ainda assim fui de peito aberto, principalmente devido ao elenco que é um espetáculo, e que baita surpresa encontrei no final, um dos longas mais irônicos e debochados dos últimos anos.
Oliver é um bolsista de Oxford que se vê completamente perdido nesse novo ambiente, ele é rejeitado por todos já que não se encaixa nesse mundinho. Certo dia ele consegue chamar a atenção de Felix, que diferentemente dele é o centro daquele universo. Durante as férias, Felix convida Oliver para passar um período em sua casa, o castelo de Saltburn, porém lá chegando, Oliver precisará lidar com uma série de pessoas excêntricas em um mundo completamente irônico, e mediante as situações absurdas que vão saindo de controle aos poucos.
O ponto alto da produção está no texto de Emerald Fennell, ela trata todo aquele universo, com bastante ironia e deboche, vemos pessoas extremamente ricas em situações bizarras e completamente surreais, e tudo isso com um tom de comédia que torna o filme extremamente ácido, nos levando a refletir o quão estúpida é toda aquela situação que aquelas pessoas estão vivendo, e o melhor de tudo é que nós vemos isso pelo olhos do Oliver, que assim como nós, está de fora daquele mundinho.
Mas engana-se quem pensa que Saltburn é apenas uma crítica às excentricidades e futilidades dos milionários, o que temos aqui é um grande estudo de personagem, que fala sobre inveja, sobre rancor, sobre ressentimento, sobre desejo e principalmente sobre ambição. O segundo ato muda completamente o que vinha sendo apresentado, e nós vemos a escalada de Oliver, vemos aquele personagem que desde o primeiro momento o roteiro já tinha nos avisado que não era uma boa pessoa (basta ver a forma como ele descarta a única pessoa que se aproxima dele), fazer de tudo para atingir seus objetivos. Mas o que que o Oliver quer?! Ele quer o amor de Felix?! Ele quer o dinheiro?! Ele quer os status?! Não, ELE QUER TUDO, extremamente inteligente, o vilão se livra de todos aqueles que ameaçam os seus objetivos, até que no final ele finalmente consegue atingir seus objetivos, que dentre muitas coisas, incluía nada mais nada menos que a própria Saltburn.
Emerald Fennell faz um trabalho de direção brilhante, a fotografia é lindíssima, com cenas que poderiam render belos quadros, ela usa muita cor, muito brilho, é um filme quente e vibrante. A trilha sonora também é um espetáculo, assim como a montagem que também é muito boa, fazendo com que a história nunca perca o ritmo. E obviamente temos o elenco espetacular, Barry Keoghan está incrível, esse cara tem muito potencial, creio que no futuro ele vai ganhar um Oscar, do outro lado temos o igualmente ótimo Jacob Elordi, que exorciza de vez o rótulo de galã de filme adolescente, e mais uma vez prova-se um excelente ator dramático, é outro que se souber escolher bem seus papéis vai ter uma carreira brilhante, completando o elenco temos em papéis menores Rosamund Pike, Richard E. Grant e Carey Mulligan, todos também bem corretos em seus papéis, principalmente Pike que mais uma vez engole todos ao seu redor com sua enorme presença cênica.
O saldo geral de Saltburn é muito bom, ele pode não ser o grande favorito nesta temporada de prêmios, mais sem sombra de dúvidas foi um das produções que mais me surpreendeu nesse final de ano, devido a uma história que mistura uma crítica ácida, com uma bom thriller que vai escalonando para algo que jamais poderíamos imaginar. É claro que existem cenas que causam desconforto, todas elas propositais para mexer com o sentimentos do espectador, e o longa como um todo consegue isso muito bem, seja nos deixando abismados com as excentricidades dessas pessoas de um universo tão distante do nosso, ou como a ótima representação de sentimentos e emoções que levam os personagens a atitudes completamente absurdas que no final nos deixa completamente perplexos. Esse filme conseguiu tirar a impressão ruim que eu tinha ficado com a Emerald Fennell e mais do que isso, conseguiu me deixar bastante ansioso para ver o que que ela vai nos entregar no futuro.
Feliz Natal
4.2 188 Assista AgoraJOYEUX NOËL
Direção: Christian Carion
Ano: 2005
Assistido em: 24/12/2023
Desde minha adolescência sou fascinado com as Grandes Guerras Mundiais, sempre gostei de ler, de estudar sobre esses períodos que apesar de representarem o que de pior pode acontecer com a humanidade, trazem alguns episódios muito interessantes. E a cada ano me surpreendo mais, ao descobrir detalhes, situações e eventos que me eram desconhecidos. E de longe o que mais me surpreendeu foi o da Trégua de Natal de 1914, algo que a princípio soava como impossível, mas que de fato aconteceu.
Em dezembro de 1914, no frente ocidental da Primeira Guerra Mundial, diversos soldados ingleses, franceses e alemães estão diante dos meses iniciais do conflito. Entretanto, o espírito natalino fala mais forte e eles decidem fazer uma pequena trégua no dia 24 de dezembro. Só que eles não sabiam que essa demonstração de amor e paz iria tomar proporções inimagináveis.
Não tenho muito conhecimento sobre o cinema francês, vergonhosamente admito que é do cinema americano que vem 99% de tudo que consumo, mas as poucas vezes que tive contato com as produções da França, fiquei verdadeiramente encantado, e com Joyeux Noël não foi diferente, ele é muito bem escrito e dirigido, com um elenco absurdo, e atuações muito boas, e outra, se existe CGI aqui, não parece, enfim tecnicamente é muito acima da média, o único defeito para mim é uma pequena barriga que existe ali na metade da história, mas nada que condene o todo.
O elenco está repleto de pessoas famosas Diane Kruger, Benno Fürmann, Guillaume Canet e Daniel Brühl todos muito bem em seus papéis e aliados a direção de Christian Carion conseguem imprimir bastante emoção nas cenas, nos fazendo sentir um pouquinho que seja daquele sentimento que levou os aqueles soldados aquela demonstração de amor ao próximo.
Infelizmente a Trégua de Natal de 1914 não foi repetida, em 1915 os líderes de ambos os lados do conflito fizeram o possível para impedir que o evento se repetisse, e em 1916 a guerra já tinha atingido um nível tão descontrolado todos só se enxergavam como inimigos a serem massacrados, e não havia a menor possibilidade de uma trégua, mas a lição que fica é que todos esses conflitos, não só da Primeira como também da Segunda ou de qualquer outra guerra no mundo, não reflete o real sentimento de um povo, o real sentimento de uma nação, mas apenas os interesses de alguns poucos que nem estão no campo de batalha, mas sim seguros em seus escritórios, somente quem viveu a carnificina dos combates sabe de fato o que aquelas pessoas passaram. Esse provavelmente é um dos poucos, quiçá o único, momento bonito em meio ao maior horror que o ser humano já havia evidenciado até então, um pequeno raio de esperança provando que talvez a humanidade não esteja de todo condenada.
Priscilla
3.4 160 Assista AgoraPRISCILLA
Direção: Sofia Coppola
Ano: 2023
Assistido em: 23/12/2023
Um dos filmes mais elogiados do ano passado foi Elvis (2022) de Baz Luhrmann, cinebiografia que contava um pouco da história do lendário rei do rock. Entretanto, um dos pontos mais criticados da obra foi o fato do relacionamento de Presley com sua esposa Priscilla ter sido abordado de uma forma en passant, Luhrmann justificou sua decisão alegando que o seu recorte era focado principalmente na carreira de Elvis, deixando seus relacionamentos amorosos mais em segundo plano. E agora, passados um ano depois do lançamento do longa, vemos Priscila chegando aos cinemas, e que fique claro que essa não é uma resposta ao anterior, e nem vejo como um complemento, mas sim como uma outra versão dessa história.
Em 1959 na Alemanha Ocidental a então adolescente de 14 anos Priscilla Beaulieu acaba conhecendo ninguém mais ninguém menos do que Elvis Presley, o fenômeno americano que estava cumprindo serviço militar no país. Eles imediatamente começam a se envolver apesar de uma brutal diferença de 10 anos de idade, ao longo dos próximos anos veremos como Priscila precisou aprender a lidar com peso da fama do lendário rei do rock.
Diferentemente do Elvis do Luhrmann, o Priscila de Sofia Coppola não teve o apoio de Lisa Marie Presley, a recentemente falecida herdeira do casal, o que temos aqui é a visão da ex-esposa, vemos pelo olhar dela como foi seu envolvimento com Elvis, como se deu o namoro, o casamento, enfim, os 15 anos de relacionamento que eles tiveram. Vemos Priscila como uma jovem deslumbrada que é seduzida por um homem mais velho, que tenta mudá-la, adequá-la ao seu estilo de vida. É importante ressaltar que não devemos julgar algo que ocorreu há quase 60 anos com os olhos de 2023, o que hoje é absurdo, naquela época era comum, portanto é muito complicado você tentar julgar Elvis como um monstro quando o que ele fazia, era o que todos faziam. Não estou dizendo que ele tratou a Priscila da forma correta, definitivamente não, foi péssimo em inúmeros momentos, mas o que eu quero dizer que não adianta nada vilanizar uma pessoa sem que possamos escutar sua versão da história.
Tecnicamente falando, Coppola nos entrega uma grande produção, que faz um trabalho espetacular de figurino, cabelo e maquiagem. Ela também escolheu seus atores a dedo, Cailee Spaeny esteve muito bem no papel título, e Jacob Elordi, mais uma vez se mostra como é uma promissora aposta futura, mostrando que segura papéis dramáticos muito bem, algo já visto por exemplo, em Euphoria (2019-Atualmente). A direção da Sofia Coppola é muito afiada arrancando grandes momentos dos seus atores, entretanto o roteiro é extremamente simplório, focar apenas no relacionamento de Priscilla e Elvis é uma decisão arriscada, tudo bem que ela sempre será conhecida como a esposa do Rei do Rock, inclusive é mais conhecida pelo seu nome de casada, mas não custaria nada citar a carreira de atriz, citar o lado empresário, mostra como se deu o relacionamento dela com Elvis após o divórcio, ou após a morte dele, enfim mostrar mais do que apenas romance, que aliás, trata 15 anos de história como se fosse 15 dias, já que a passagem de tempo é muito mal explicada em tela.
Em linhas gerais Priscilla me decepcionou um pouco, não que seja ruim, não é isso, mas claramente poderia ser melhor. Deveria ter explorado mais a figura do Elvis e da própria Priscila, mostrado o relacionamento deles de uma forma muito mais intensa, mostrando as traições abertamente, enfim, sido mais ousados. Talvez as tretas entre Priscilla e Lisa Marie tenha jogado um banho de água fria nos planos da Sofia, ou até mesmo a grande repercussão do longa de Austin Butler tenha mudado alguma coisa nesse projeto, mas de fato faltou um pouquinho de coragem para fazer um filme mais audacioso e memorável.
Maestro
3.1 260MAESTRO
Direção: Bradley Cooper
Ano: 2023
Assistido em: 23/12/2023
Como um bom devoto ao cinema, todo final de ano acompanho a temporada de prêmios, dando preferência aos filmes de maior repercussão. Neste ano em específico, acompanhando principalmente os vídeos do Dalenogare, descobri que o Bradley Cooper vem fazendo uma campanha agressiva para o seu Maestro, ele quer ganhar um Oscar, seja de direção, seja de ator, e não está medindo esforço para isso, até aí tudo bem, está mais do que certo, mas o que me surpreende nessa história toda é o filme que ele escolheu para isso, Maestro é tão Oscar bating que cada cena grita “me deem um prêmio”, nem precisava de campanha, e creio que isso joga mais contra do que a favor.
Nos anos 1940 somos apresentados a Leonard Bernstein um promissor maestro norte-americano que graças a seu enorme talento começa a alcançar posições altíssimas no mundo da música. Quando ele conhece a atriz costarriquenha Felicia Montealegre eles começam um relacionamento intenso, mas que enfrentará muitos percalços.
Não sou o que pode ser chamado de grande amante na música clássica, mas conheço seus principais compositores, e tenho um considerável apreço por orquestras, portanto já conhecia o Leonard Bernstein de nome, mas não sabia absolutamente nada de sua vida. Como um aficionado por cinebiografias, quando anunciaram que o Bradley Cooper estaria envolto em um projeto adaptando a vida de Bernstein ao cinema, imediatamente fiquei animado, só não poderia imaginar que esse filme seria tão chato.Vamos separar bem as coisas: eu não disse ruim, e sim chato! Com uma história para dormir.
Cooper acerta em toda parte técnica, fotografia, figurinos, maquiagens (apesar do nariz), cenário, direção, tudo é impecável, e no quesito atuações ele está muito bem, não digo que é um dos melhores desempenhos de sua carreira, mas ele está muito bem, Carey Mulligan que está impecável, é será uma forte candidata na competição de melhor atriz deste ano, mas o roteiro é para matar o espectador de tédio, é como já disse, não conheço a vida do Berstein mas creio que, ou o Cooper deixou os pontos mais interessantes de fora, ou a vida desse homem era um saco, não tem nada aqui que chame atenção, absolutamente nada. Até temos uma sugestão de homossexualidade, mais nada foi aprofundado, tudo é muito superficial, muito higienizado, muito bonitinho, como se o filme tivesse medo de mostrar os esqueletos do armário, porque com toda certeza existem esqueletos nesse armário, só que acabaram ficando de fora.
Fiquei muito surpreso quando vi nos créditos os nomes dos gigantes Martin Scorsese e Steven Spielberg como produtores, não sei se com a direção de um dos dois o resultado de Maestro teria sido melhor, mas creio que ambos, com seus mais de 50 anos de carreira saberiam muito bem como balancear uma história, como investir em momentos que despertariam o interesse do público, para que o resultado final não ficasse tão modorrento, eles bem que deveriam ter dado umas diquinhas para o Bradley, porque misericórdia, acredito que só a família do biografado e os envolvidos no projeto podem ter achado uma boa ideia fazer esse longa. A Netflix deposita nessa produção todas as suas fichas para o seu tão sonhado Oscar de melhor filme, mas não creio que será dessa vez, já que em um ano com tantas produções fortes e de repercussão gigantesca, Maestro é um peixe muito pequeno.
Aquaman 2: O Reino Perdido
2.9 291 Assista AgoraAQUAMAN AND THE LOST KINGDOM
Direção: James Wan
Ano: 2023
Assistido em: 22/12/2023
Sou fã dos personagens da DC comics desde que eu me entendo por gente, infelizmente não estava lá, na sala de cinema, quando Man of Steel (2013) iniciou o DCEU, mas com exceção dele e de Wonder Woman 1984 (2020), assisti todas as demais produções da franquia no cinema, das mais elogiadas as mais execradas, sempre estive lá, então não seria dessa vez que eu não estaria presente, e lá fui eu acompanhar o último prego sendo batido no caixão e finalmente presenciar o fim dessa franquia, que começou como um raio de esperança as comédias da Marvel, mas sai de cena como uma maldição a ser esquecida. E quem diria que caberia ao Aquaman a missão de enterrar o universo iniciado por Zack Snyder de uma vez por todas?!
Passados alguns anos dos eventos do primeiro filme, Arthur agora se divide entre a terra e os oceanos, ele tem duas missões muito sérias, além de governar o mais poderoso reino dos mares ele ainda precisa lidar com os afazeres de um pai de família, cuidando da esposa e do pequeno filho. Entretanto, o que ele não poderia imaginar é que o Arraia Negra ainda está sedento por vingança, e quando o vilão põe as mãos em uma antiga arma de um reino perdido e amaldiçoado, ele vai colocar tudo e todos que Arthur ama em perigo. Caberá ao Aquaman buscar ajuda onde menos espera para salvar não somente seus entes queridos, mas todo o planeta.
Lá em 2018 quando o primeiro Aquaman foi lançado, ele foi bastante funcional, um filme bonito, com uma criação de um universo bacana, não era perfeito, mas dava pro gasto. Então criei expectativas acerca da possível continuação, principalmente devido ao James Wan, que é um excelente criador de universo, mas de lá para cá o DCEU passou por tantas mudanças, por tantos problemas, tantas situações caóticas, que esse interesse desapareceu, de forma que agora em 2023 a única expectativa para essa sequência é que ela terminasse esse universo capenga de uma vez.
Jason Momoa sempre foi uma escalação horrenda para esse papel, sempre falei isso, e tudo ficou ainda mais evidente agora que o Patrick Wilson estava ao lado dele, Wilson é muito mais Aquaman do que essa montanha havaiana tatuada, que aliás nunca interpretou o Arthur, mas sempre foi ele mesmo em tela. Pra dizer a verdade, nenhum personagem desse universo entrou para a cultura pop, nada disso, tudo relacionado ao Aquaman sempre foi muito mediano, e é exatamente isso que entregam novamente, uma história fraquinha, mas que tem alguns momentos de diversão, boas sequências de ação, mas tudo inofensivo e facilmente esquecível.
Uma coisa que me incomodou bastante é que esse filme parece muito inferior ao primeiro em todos os sentidos, e mais ainda quando falamos de efeitos especiais, o original lançado cinco anos atrás parecia mais caprichado, mais bem feito, em muitas cenas sai da imersão devido ao vale da estranheza. Outro ponto incômodo é que o Arraia Negra é um vilão muito meia boca, ele não teve metade do impacto que o Orm teve no primeiro longa, aliás a melhor decisão deste segundo título foi trazer o ex-vilão como parceiro do herói, já que a esposa dele não pode ter destaque devido às cagadas (nos dois sentidos) que a atriz fez na vida real.
Em linhas gerais Aquaman and the Lost Kingdom é mediano, e condizente com que o DCEU entregou ao longo dos anos, não é espetacular, mas também não é essa carniça toda que muita gente tá pintando, inclusive consegue ser melhor do que algumas bombas de super-heróis que foram feitos ao longo do ano como por exemplo Quantumania e o trio de maravilhosas, porém como conclusão de um universo de 10 anos, é algo sofrível, não é memorável, não é edificante, é algo esquecível, e talvez essa seja melhor solução, já que a Warner e o Gunn querem que o público apague esses 15 filmes de suas mente, para que tudo possa ser reiniciado em 2025, com um novo universo que dessa vez pode vir a ser bem sucedido.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 607 Assista AgoraKILLERS OF THE FLOWER MOON
Direção: Martin Scorsese
Ano: 2023
Assistido em: 22/12/2023
Quando Martin Scorsese se propõe a fazer um novo trabalho, a comunidade cinéfila imediatamente já fica em polvorosa. Em suas sete décadas de atividade, Scorsese nunca decepcionou, ele sempre está nos surpreendendo com obras de qualidade absurda, que entram para cultura pop, que tem muito a dizer, e que esbanjam qualidades que não são encontradas em qualquer produção. Podemos dizer claramente que o diretor é diferenciado, que ele é um dos que ajudaram a moldar o cinema, e é um deleite poder assistir a um filme tão bom mesmo vindo de uma pessoa que na teoria, já deveria estar aposentado há um bom tempo.
No princípio dos anos 1920 a comunidade Osage se tornou extremamente rica devido ao petróleo encontrado em suas terras. Porém se tem uma coisa que chama a atenção das pessoas é dinheiro fácil, e os Osages são vistos como vítimas em potencial. Nesse contexto somos apresentados a Ernest um veterano da primeira Guerra Mundial que chega até a reserva indígena e acaba se casando com Mollie. Com ajuda do seu tio King Hale, Ernest decide mexer os pauzinhos para se tornar o legítimo herdeiro de toda aquela fortuna proveniente do petróleo, não importando os métodos que tenham que ser utilizados.
Para ser bastante honesto antes do anúncio do filme dirigido por Scorsese e protagonizado por DeNiro e DiCaprio, eu nunca tinha ouvido falar da história dos Osage, e isso é surpreendente, pois o gênero true crime é um dos que mais ganhou força nos últimos anos. Hoje em dia qualquer “crime menor” ganha proporções absurdas na mídia, agora imagina um massacre de dezenas, talvez até uma centena de pessoas?! Não gostaria de ficar levantando bandeira de nada, mas o fato dessas pessoas serem indígenas e de tudo ter ocorrido nos primórdios do século XX, justifique a ausência do ocorrido no cenário midiático por quase 100 anos, e só agora está chegando a grande massa, já que o cinema tem um alcance muito superior a qualquer livro ou reportagem de jornal, e isso só foi devido à força do nome de Scorsese, que fez a Apple gastar 200 milhões de dólares neste projeto.
Elogiar as parte técnica do filme é desnecessário, Scorsese sempre tem um capricho absurdo em tudo que faz, sempre beira a perfeição, seja na fotografia, nos cenários, na maquiagem, e principalmente as atuações impecáveis, obviamente já esperava tudo de bom do Robert De Niro e de Leonardo DiCaprio, mas fiquei surpreso com o desempenho da Lilly Gladstone, não conhecia o trabalho dela, mas a mulher está absurda, qualquer outra seria engolida pelos dois monstros com a qual ela estava contracenando, mas ela não. Gladstone não encolheu, muito pelo contrário estava gigante, são dela alguns dos momentos mais marcantes. O elenco ainda tem nomes famosos como Brandon Fraser, Barry Corbin e John Lithgow, mas todos eles aparecem muito rapidamente, o um único ponto fraco fica em Jesse Plemons, que apesar de ser um bom ator, é muito sem graça, e de carisma inexistente, esse homem é uma água de salsicha, me desculpem, mas não compro nenhum personagem que ele faz.
Obviamente a longa duração é um tópico que o pessoal desse mundinho chamado internet levou muito a discussão, apesar de não me importar com durações longas, dessa vez eu senti às 3h30min, principalmente no primeiro ato, depois dos 45 minutos iniciais a história engatou de um jeito que eu não conseguia mais desviar o olhar, mas confesso que no começo foi um pouco difícil, e me senti um pouquinho cansado, algo que não ocorreu por exemplo em The Irishman (2019) filme anterior do diretor que tinha a mesma duração, mas que a história tinha alguns elementos que para mim, eram mais atraentes do que os dessa, mas de todo caso nada apaga o brilhantismo da obra.
Killers of the Flower Moon foi uma das produções mais elogiadas de 2023, e não é para menos, é uma aula de cinema. Nos últimos anos Scorsese tomou uma posição muito radical contra blockbusters em geral, principalmente contra os filmes de super-herói da dona Marvel/Disney, mas apesar de gostar bastante dessas produções, reflito sobre o seguinte: quantos filmes de hominho simplesmente desaparecem na nossa cabeça no instante que deixamos a sala do cinema?! Ou assim que fechamos o streaming na televisão na nossa sala? São produtos descartáveis que desaparecem do imaginário coletivo de imediato, agora me respondam quanto tempo será que vamos demorar para esquecer um Killers of the Flower Moon?! Para esquecer o que vimos dele?! A não ser que você seja um ser humano muito ruim, é muito difícil ver diversas vidas sendo perdidas apenas por ambição, e saber que isso aconteceu de verdade, saber que não foi ficção, saber que foi real, e imaginar que isso se repete em inúmeros locais no mundo a fora e ninguém dá a mínima. Scorsese disse em uma entrevista recente que só faz filmes quando tem algo a dizer, e ele tem muito a dizer ainda, espero que tenha muitos anos de vida e de saúde para que continue nos presenteando com obras magistrais e memoráveis como ele sempre fez.
AIR: A História Por Trás do Logo
3.6 244 Assista AgoraAIR
Direção: Ben Affleck
Ano: 2023
Assistido: 17/12/2023
Tem filmes que você lê a sinopse ou procura alguma informação na internet e imediatamente já pensa, “não tem como isso dá certo”, porém muitas vezes quebramos a cara, o diretor prova que estamos errados, e quando vamos ver estamos diante de um filmaço. Mas existe uma diferença muito grande entre um filme ruim e um filme chato, inclusive eu prefiro muitas vezes um da primeira categoria do que da segunda, porque com uma produção de baixa qualidade, muitas vezes é possível nos divertir, agora com um longa
chato, aí não tem como não.
Em 1984 a Nike estava precisando reformular seus produtos para atingir novos mercados, e assim se destacar em meio a uma forte concorrência. Nesse cenário eles decidem investir em um atleta que estava começando a despontar, um tal de um Michael Jordan. Entretanto associar o nome de Jordan ao da empresa não seria nada fácil, haja vista que existiam inúmeros obstáculos a serem derrubados, e nesse cenário vemos a perspectiva e a perseverança de Sonny, responsável de marketing da Nike que vai tentar a todo custo conseguir a associação entre a estrela e a empresa.
Não sou o que pode se chamar de fã do Ben Affleck, esse é apenas o segundo trabalho dele como diretor que assisto, e vê-lo como ator é sempre um desmotivador para assistir qualquer produção, mas devido a forte campanha da temporada de prêmios, cá estou, obviamente outro grande incentivo é o elenco estelar que Affleck reuniu, além do seu parceiro Matt Damon (pela primeira vez sendo dirigido pelo amigo), ainda temos Jason Bateman, Viola Davis, Chris Messina, e por aí vai, mas como disse nem todo bom filme é legal, Air é um espetáculo quando se trata de elenco, de montagem e trilha sonora mas é uma droga quando falamos de história.
Sei muito bem na importância do Michael Jordan, sei da importância do tênis Air Jordan, já li sobre isso, já li sobre o impacto que teve na cultura dos anos 1980, e sobre a forma como ele modificou toda a questão de contratos entre grandes empresas e atletas, sei disso tudo, mas minha gente, que história insuportável de chata!! Talvez para quem seja aficionado por basquete, pelo Jordan, por marketing ou por histórias de confecção de tênis, Air seja uma excelente pedida, mas para o público médio, para aquele que quer uma história envolvente, isso aqui é muito chato, vi muita gente falando que ficou ansiosa pelo desfecho da história mesmo conhecendo o final, eu nem conhecia e nem fiquei ansioso, tudo que queria era que aquilo acabasse o mais depressa possível porque não parava de bocejar.
Como acompanho notícias sobre cinema há muitos anos, sei muito bem que premiações não são sobre qualidade, mas sim sobre campanha, sendo Ben Affleck um nome forte em Hollywood, e sendo a Amazon uma empresa multibilhardária é claro que Air vai se destacar nas premiações, mas a produção é facilmente esquecível, e a prova disso é que ele foi lançado no primeiro semestre de 2023, e simplesmente evaporou da boca do povo nos meses seguintes. Em um ano em que vimos um fenômeno como o Barbenheimer, Air não se sobressaiu, nessa temporada de prêmios acredito eu que ele vai estar ali apenas como figuração, e não como uma real potência para ganhar nada, e convenhamos, é um filme que merece reconhecimento pelas partes técnicas, mas faltou uma história mais envolvente, mais apaixonante ou ao menos menos nichada, ou quem sabe quem tá errado sou eu por não ter entendido que a obra tem um público específico, do qual não faço parte.
Segredos de um Escândalo
3.5 276 Assista AgoraMAY DECEMBER
Direção: Todd Haynes
Ano: 2023
Assistido em: 17/12/2023
Nessa temporada de prêmios estou assistindo alguns filmes que naturalmente nunca assistiria, que só pela sinopse eu passaria longe, mas mesmo assim decidi encarar apenas por conta dos elogios da crítica e das seleções para as principais premiações do cinema. Por outro lado May December é um que nos primeiros instantes que escutei falando, já despertou meu interesse, só que eu entendi a história completamente errada, sei que o que temos aqui é baseado em um caso real, mas acreditava que seria uma adaptação legítima da história ocorrida nos Estados Unidos com Mary Kay Letourneau em 1996, mas me surpreendi totalmente ao me deparar com uma história que não era nada do que eu imaginava, e isso foi muito bom.
Elizabeth é uma atriz que está em processo de pesquisa para a sua nova personagem, Gracie, uma mulher que foi acusada de abuso de menores ao se envolver com um menino de 13 anos, mas que com o passar dos anos se casou com ele e juntos formaram uma família. Quando Elizabeth chega à casa de Grace e Joe, se depara com uma família aparentemente perfeita, mesmo com a origem turbulenta, só que o que ela não podia imaginar é que essa família ainda tem muitos esqueletos no armário.
A história na qual a produção se baseia é revoltante, uma mulher de 36 anos se envolver com um garoto de 13 é absurdo demais para ser entendido, mas infelizmente aconteceu, e aqui na ficção, vemos pelo roteiro como os traumas do passado podem afetar o nosso presente, apesar de Elizabeth ser a protagonista ela nem de longe é o foco do filme, que fica todo no papel de Joe.
Vemos um homem jovem de 36 anos com três filhos, os mais novos próximos dos 20 e indo para faculdade, ele tem uma vida aparentemente perfeita, mas claramente é uma pessoa sufocada, Joe não teve infância, não teve adolescência, não teve juventude, tudo isso foi roubado por Grace que finge muito bem ser uma pessoa sensível e ingênua, mas que é uma grande predadora sexual, uma mulher que abusou de uma criança e roubou toda a vida dele. Durante o desenrolar da produção vemos Joe repetir que não foi uma vítima várias vezes, que foi escolha dele, mas o desenrolar da história mostra o contrário, vemos ele acordando para realidade, as borboletas monarcas que ele preserva são uma metáfora para ele mesmo, que viveu preso durante quase 25 anos a uma vida no qual foi inserido sem nem mesmo perceber que ele foi levado a aceitar. A cena final dele, onde vê a formatura dos filhos de longe, e começa a chorar desesperadamente, é a prova cabal disso tudo, dele finalmente percebendo que teve diversas experiências da sua vida roubadas por aquela mulher.
Vi um reboliço muito grande na internet por esse filme ter sido indicado na categoria de melhor comédia ou musical do Globo de Ouro, mas eu não achei isso um absurdo não, por incrível que pareça dessa vez não, o roteiro é muito debochado, muito irônico, e você percebe na trilha sonora, pelo jogo de câmeras, pelas imagens, a forma como Todd Haynes apresenta essa história, em momento algum ele glorifica o caso, ele utiliza de técnicas de direção para reforçar o absurdo daquela situação.
O trio principal está excelente, Natalie Portman e Julianne Moore são atrizes absurdas, então não esperava menos do que a excelência das duas, mais quem me surpreendeu mesmo foi o Charles Melton, o rapaz que vem da execrável e recém finalizada Riverdale (2017-2023), se destaca com um personagem complexo e totalmente reprimido, muito da interpretação dele está no gestual, porque ele não tem fortes cenas de diálogo, é tudo pelo olhar, e o homem arrebentou, provou que ator da CW também pode atuar.
May December é um filme que desperta muitas sensações no público, sensações revoltantes, de pura indignação, mas também nos leva a refletir, pessoas com cara de boazinhas muitas vezes podem ser terríveis predadores e precisamos ficar atentos a esse padrão de comportamento. A única observação negativa tenho a fazer, é que ali depois da primeira hora, temos uma espécie de “barriga” no roteiro, talvez uma redução de cenas deixaria o resultado final um pouquinho mais dinâmico nesse pedaço da história, mas fora isso, temos um roteiro caprichado que utiliza muito bem de metáforas, e a direção que é excelente. Apesar de não ser o meu favorito da temporada, esse é sem sombra de dúvidas um dos melhores concorrentes entre os que já assisti até agora.
PS: Elizabeth é atriz de método, entrou tanto no personagem de Gracie que até deu para o marido dela
Vidas Passadas
4.2 724 Assista AgoraPAST LIVES
Direção: Celine Song
Ano: 2023
Assistido em: 16/12/2023
Tem filmes que só pela sinopse você já sabe que não é para você, eu geralmente passo longe deles, mas infelizmente tem aqueles que se destacam principalmente agora na temporada de prêmios, e decido pagar para ver, e é infalível, sempre quebro a cara, ou melhor, sempre estou certo, porque só de ler duas ou três linhas já sei que não vou gostar, e é tiro e queda. Past Lives foi um dos títulos mais elogiados da temporada, não sei quantos vídeos do YouTube que assisti, rasgaram elogios à produção, mas foi só os primeiros minutos começarem para que tivesse a confirmação do que já esperava: não ia gostar nem um pouco disso.
Dois amigos de infância são separados pelas circunstâncias da vida. Muitos anos depois eles se reencontram pela internet e acabam se reaproximando, entretanto reatar velhos relacionamentos não é tão simples quanto eles imaginavam, e logo percebem que moldar suas novas situações a uma amizade de mais de 20 anos, não será nada fácil.
Olha, sendo bastante honesto, não entendo esses filminhos espirituosos que tentam discutir relações humanas, e blá blá blá, isso não é para mim, até tentei, juro, mas não consegui achar nada que me conectasse a esses dois protagonistas, ambos são dois chatos de galocha, e não há nada na história desse filme que desperte meu interesse, não há nada minimamente curioso, os personagens se reencontravam e eu só queria que tudo acabasse, e quando olhava no contador, 1h40min se transformaram em 6h.
Li uma vez um escritor dizendo que o que ele mais ouvia eram pessoas querendo contar seus relatos pessoais dizendo que dariam uma boa história, e quando ele escutava, eram histórias chatíssimas que não dava nem um panfleto, e procurando algumas informações sobre esse roteiro na internet, descobri que ele é parcialmente inspirado em algumas experiências de sua diretora Celine Song, e é aquele negócio, às vezes a pessoa acha que sua história pode ser interessante, e de fato até pode ser para alguém além dela mesma, mas particularmente achei que isso aqui ficaria melhor como curta do que como um longa metragem.
Amo o cinema sul coreano, todos os anos eles produzem alguns filmes que dão de 10, 20, 30 no cinema de Hollywood, só que é extremamente irritante ver que eles quase nunca tem o reconhecimento merecido, e quando decidem aclamar uma produção "coreana” ele é falsificada, já que o que temos aqui é uma produção americana, tanto que ele está sendo indicado como representante dos Estados Unidos há inúmeras premiações de filme internacional, pelo amor de Deus, com tanta coisa melhor que poderia ser escolhida, dão destaque para uma verdadeira água de salsicha. Para não dizer que absolutamente nada me agradou, a fotografia é muito boa e as atuações são competentes, mas fora isso, já estava deletando Past Lives da minha cabeça antes mesmo dos créditos começarem. Do que já assisti até agora na temporada de prêmios, essa é de longe, a mais fraca.
Os Rejeitados
4.0 316THE HOLDOVERS
Direção: Alexander Payne
Ano: 2023
Assistido em: 16/12/2023
Nunca fui o cara dos filmes de Natal, desde muito novo eu sempre curti histórias mais mais pesadas, muitas até inapropriadas para minha infância, tanto que das sessões da Globo, a minha favorita sempre foi o Supercine, filmes natalinos geralmente é um só, e na véspera, depois é vida que segue. Como este ano temos um produto do gênero indicado aos principais prêmios da temporada, fui "obrigado a me render”, e cá estou para acompanhar mais uma história de redenção situada no mês de dezembro.
Durante as férias natalinas do ano de 1970, um rabugento professor de história se vê obrigado a ficar na instituição onde trabalha para cuidar de alguns alunos que não poderiam voltar para suas casas. Ele não gosta dos estudantes, e os estudantes o detestam ainda mais, o que obviamente seria a receita perfeita para o desastre, será responsável por uma grande mudança na vida do professor Paul e de Angus, um dos alunos mais problemáticos da instituição.
Nunca assisti nenhum filme do Alexander Payne, as sinopses dele não não fazem a minha praia, e como já disse só estou aqui apenas por conta das premiações, mas até que me surpreendi, The Holdovers é uma história muito leve, traz uma mensagem interessante de que as pessoas podem melhorar com a convivência, que podemos mudar a nossa opinião, que podemos crescer, é um comfort movie daqueles indicados para pessoas que estão na fossa, que estão de baixo astral, daqueles que vão te levar para um novo estado emocional, só que o problema é que cinematograficamente falando ele não traz nada de novo.
A história do aluno que muda devido ao professor, e o professor que muda pelo aluno e blá blá blá, isso aí já foi visto inúmeras vezes, em incontáveis histórias, é claro que a ambientação dos anos 70 traz um diferencial, e o fato das filmagens serem todas em locações reais e praticamente não existir estúdio é bem perceptível. As brilhantes atuações de Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph enriquecem muito a obra, mas o roteiro é muito simples, obviamente isso não é nenhum crime, nenhum demérito, mas eu esperava mais de um roteiro tão elogiado pelas grandes premiações. Para dizer a verdade, a história caiu um pouquinho no meu conceito quando se livrou dos outros quatro alunos e passou a focar em apenas um deles. Caso a dinâmica fosse entre o professor e todos eles, o resultado final seria melhor.
Simplicidade não é defeito, mas o problema é que escutei/li tantos elogios sobre The Holdovers, que cheguei aqui esperando que ele fosse O FILME, o diferentão da temporada, e não foi isso que aconteceu, ele se alonga demais, é uma comédia dramática bem competente, mas não é daquele que surpreendem, ou que será eternamente lembrado, é uma diversão momentânea, que vai ser rapidamente esquecida daqui um tempinho ou seja, só mais um na multidão.
Rocketeer
3.3 98 Assista AgoraTHE ROCKETEER
Direção: Joe Johnston
Ano: 1991
Assistido em: 03/12/2023
Começando logo por um mea culpa, nunca fui o cara das histórias em quadrinhos americanas, sempre gostei dos heróis da Marvel e da DC, mas nunca fui leitor, e quando se trata de graffic novels de outras editoras, aí que o negócio fica pior. Minha verdadeira paixão sempre foram os mangás, portanto muitas histórias clássicas só conheci depois que foram adaptadas para o cinema, e com The Rocketeer foi a mesma coisa, entretanto o diferencial desse aqui, e que ele veio uns 20 anos antes da aurora da era dos super-herói.
Em 1938 estamos às vésperas da Segunda Guerra Mundial, e somos apresentados a Cliff Secord, um jovem que sonha em desenvolver um avião próprio e se tornar um grande piloto. Entretanto, após um jack pack de última geração desenvolvido pelo grande Howard Hughes, acidentalmente cair em suas mãos, ele se torna alvo de um perigoso espião Nazista, que quer a todo custo essa nova tecnologia para que possa torná-la a principal arma da grande invasão nazi. Caberá a Cliff usar esse objeto para ganhar os céus e se tornar um herói bem diferente daqueles que estamos acostumados.
Em 1991 a franquia Superman já estava mais afundada que o Titanic, e o Batman se preparava para o lançamento de seu segundo título ainda, Batman Returns (1992), do outro lado a pobre da Marvel rastejava com produções de terceira, filmes de herói estavam longe de ser os maiorais das bilheterias. Foi nesse cenário que a Disney e Joe Johnston chegaram com uma proposta bastante interessante, uma produção diferente para o que era produzido na época, e mais diferente ainda do que é produzido hoje em dia. Temos um trabalho bastante caprichado, os figurinos, os cenários, as maquiagens, tudo é muito bem feito, é claro que os efeitos especiais estão datados, já que estamos falando de uma produção de médio orçamento de três décadas atrás, mas que para época funcionava muito bem, e que inclusive envelheceram melhor do que muita coisa que é que foi feita tempos depois.
É muito interessante ver como Johnston trabalha, haja vista que no futuro ele seria o diretor de Captain America: The First Avenger (2011) uma história situada no mesmo período histórico e também sobre um super-herói, mas que foi produzido em condições completamente diferentes de The Rocketeer. O casal Billy Campbell e Jennifer Connelly, no auge de suas belezas, vivem protagonistas bem simpáticos e temos também Timothy Dalton recém saindo de James Bond, interpretando de uma forma bastante canastra um ator de sucesso da década de 1920, ninguém está impecável, mas todos estão na medida para os seus personagens.
O ponto fraco do filme está na sua história extremamente simples, sem nenhuma reviravolta, sem nenhuma surpresa, não que seja algo ruim, mas seria interessante um roteiro que surpreendesse um pouco, tudo vai do ponto A para o B em linha reta, sem nenhum uma curvinha, e narrativamente falando isso é desmotivante. Vi muita gente falando que é um legítimo “Sessão da Tarde”, mas existia nessa sessão muitos títulos que se arriscavam, e The Rocketeer não faz isso, ele só aposta no seguro, e é tudo tão linear que chega ser previsível.
Fora da curva para os padrões dos filmes de super-herói atuais, talvez The Rocketeer possa não chamar a atenção do público que está acostumado com obras inteiramente feitas em tela verde, com batalhas grandiosas em seus terceiros atos, e o malfadado raio azul, mas é uma boa pedida para quem quer algo um pouco diferente, seja na ambientação histórica, seja no tipo de produção ou seja pela forma de interpretação de uma Hollywood que hoje em dia nem existe mais.
Uma Linda Vida
3.1 57 Assista AgoraA BEAUTIFUL LIFE
Direção: Mehdi Avaz
Ano: 2023
Assistido em: 10/12/2023
Confesso que não tenho preconceitos contra gênero cinematográficos, tenho meus preferidos, e tem aqueles que evito, mas ainda, procuro dar algumas chances, mesmo que raramente. Mas se tem uma coisa que admito não ser nada chegado, são os filmes de TV, hoje em dia mais conhecidos como filmes de streaming, é claro que existem aqueles que furam a bolha, Martin Scorsese e David Fincher estão aí produzindo para Netflix, Apple TV, e por aí vai, mas no geral torço sim o nariz para produções dessas empresas, e só cheguei até aqui apenas devido a algumas críticas elogiosas para A Beautiful Life, e decidi dar uma chance, e mesmo a trama não apresentando nenhuma novidade, se tratando de algo vindo da vermelhinha, até que me surpreendi.
Elliot leva uma vida muito simples como pescador, e músico nas horas vagas. Durante uma apresentação de seu amigo, ele é encontrado por uma dona de produtora que decide transformá-lo na nova sensação dinamarquesa. Quem fica responsável pela missão é Lilly a filha da dona, que nunca demonstrou muito interesse em nada, e tudo ficou pior após a morte de seu pai. Entretanto Lilly terá dificuldades, já que Elliot não está muito feliz com o fato da fama vir acompanhada com uma mudança radical de seu estilo de vida.
A Beautiful Life segue praticamente a cartilha americana, temos o talento que é descoberto, temos os perrengues que terão que ser superados ao longo do caminho, temos um casal que vai nascer de um relacionamento improvável, enfim não espere por novidades, porque aqui não tem nada disso, existem dois momentos que me pegaram de surpresa, mas são muito breves, nada que mude o panorama geral da produção, que é uma aposta no seguro e no garantido, é o mais do mesmo de sempre só que dessa vez falado em dinamarquês e não em inglês.
O grande trunfo está na figura de seu protagonista Elliot, ou melhor do Christopher, não conhecia o rapaz, mas fiquei encantado com poder vocal dele, é um excelente cantor, teve algumas músicas mais fraquinhas, mas gostei praticamente de todas, e já estou indo atrás dele no Spotify para poder conhecer o restante de suas canções, e é claro que o fato dele ser um gato loiro de olhos azuis todo tatuado ajudou muito, que homem lindo, foi uma pena que ele não teve química nenhuma com a sua colega de elenco, porque se tivesse teríamos um filme bem melhor.
A Beautiful Life é correto, peca por uma falta de ousadia, por um casal protagonista sem graça pelo lado da moça que é um picolé de chuchu, mas é bem feitinho, aposta no certeiro, tem uma trilha sonora ótima que ajuda a embalar o público, enfim é aquele filme indicado para um dia que você só quer se distrair um pouquinho, que está de bom humor, e quer dar um up no astral. Mesmo sendo uma pessoa contra filmes de streaming e que abertamente considera a esmagadora maioria deles arte inferior, devo admitir que esse aqui até conseguiu me conquistar.
Capote
3.8 373 Assista AgoraCAPOTE
Direção Bennette Miller
Ano: 2005
Assistido em: 09/12/2023
Até semana passada, Truman Capote para mim era apenas mais um escritor americano, tudo que sabia que ele tinha feito era o livro Breakfast at Tiffany's (1958). Eu até já tinha ouvido falar a respeito de In Cold Blood (1967) nas minhas pesquisas, mas não fazia a menor ideia de que se tratava de uma história real, escrita pelo Capote e que existia toda uma trama sombria por trás da mesma. Só fui tomar conhecimento de todo esse imbróglio na semana passada e imediatamente fui conferir o longa do Richard Brooks e logo em seguida atrás desse aqui, que funciona como paralelo ao original.
Em 1959 a família Clutter é brutalmente assassinada, o caso logo toma as manchetes dos Estados Unidos e desperta o interesse de Truman Capote. O escritor viaja para a pequena Holcomb, no Kansas, com o intuito de escrever sobre o caso. Entretanto, o que ele não poderia imaginar é que ao conhecer os responsáveis pelo crime, mergulharia profundamente na mente dos assassinos. À medida que Truman vai escrevendo o seu livro, ele se envolve cada vez mais com Perry Smith, ao ponto de misturar o seu interesse profissional com interesse pessoal.
Uma das frases mais famosas do Friedrich Nietzsche diz que: “quando você olha muito tempo para o abismo, o abismo olha de volta para você”, e acredito que o Capote é uma prova viva desta afirmação. Em seu afã de criar uma história diferente de tudo aquilo que era escrito até então, ele acabou mergulhando demais nas profundezas da mente perturbada de Dick e principalmente de Perry, o roteirista se encantou por aqueles assassinos, muitos dizem que ele até se apaixonou por Perry, não sei a veracidade disso, afinal ele não assume isso em nenhum momento do filme, mas é inegável que a sedução e manipulação do Perry o enredou. É claro que Capote também se favoreceu, e soube usar muito bem os criminosos, mas é inegável que Truman foi hipnotizado por aqueles dois, tal qual a sociedade, que constantemente fica fascinada por criminosos, exemplos existem aos montes.
O falecido Philips Seymour Hoffman era um ator brilhante, e temos aqui aquele que provavelmente é um dos seus maiores, senão o seu maior papel, eu nunca cheguei a pesquisar nada sobre o Capote verdadeiro, mas a interpretação de Hoffmann é absurda, os trejeitos, os maneirismos, a forma de falar, você esquece o ator, ele conseguiu se anular por completo, basta ver a voz 100% diferente da voz real dele, sem sombra de dúvidas um Oscar merecidíssimo.
Bennette Miller nos entrega um filme que trata de um assunto tão pesado mas de uma maneira extremamente leve, a única coisa que me deixou um pouquinho com pé atrás é que a vida pessoal do Truman sequer foi citada, sabemos que ele era assumidamente homossexual, que era casado, e que isso naquela época, anos 1950/1960, era um problema, mas Miller perde a oportunidade de tratar esse assunto. Sei que na segunda metade dos anos 2000, os grandes estúdios pelo menos, não eram muito adeptos a esse tipo de discussão, mas basta lembrar que o próprio Capote disputou o Oscar de melhor filme com Brokeback Mountain (2005).
Capote é uma cinebiografia de recorte muito específico, nós não vamos ver a infância, não vamos ver a morte do biografado, apenas um período de sua vida, mas não é qualquer período, vemos a criação da magnus opus do escritor, mas também nos mostra o impacto que toda a história teve na vida dele, pelo resto dos seus dias, o autor nunca mais concluiu nenhum outro livro, e levando em consideração todo “o processo de criação”, acho que isso é mais do que justificável.
A Sangue Frio
4.1 65 Assista AgoraIN COLD BLOOD
Direção: Richard Brooks
Ano: 1967
Assistido em: 08/12/2023
Tomei conhecimento sobre a família Clutter na semana passada quando escutei o episódio do Modus Operandi sobre o tema, e como sou consumidor assíduo de true crime, não dispenso nenhum filme inspirado em algum caso famoso, então lá fui eu assistir In Cold Blood, e fiquei muito surpreso, não só pelo desenrolar da história, mas pelas qualidades do filme, que é excelente.
Em 1959 a família Clutter levava uma vida pacata em uma fazenda na pequena cidadezinha de Holcomb no interior do Kansas. O que eles não poderiam imaginar é que um alvo foi colocado em suas cabeças, e que uma dupla extremamente perigosa está se direcionando até sua casa para acabar com a paz. Dick e Perry são dois jovens ex-presidiários que acreditam que a família possui uma grande quantia de dinheiro escondida na casa, e querem esse dinheiro a todo custo para recomeçar suas vidas, e para isso eles estão dispostos a qualquer coisa.
Como alguém que sempre gostou de ler sobre psicopatas e serial killers, sei que os estudos voltados para esse tipo de transtorno só se tornaram frequentes a partir dos anos 1970, antes disso era inconcebível para algumas pessoas o fato de que assassinatos brutais pudessem acontecer de maneira tão aleatória, sem existir nenhuma condição pregressa, sem ser por uma vingança ou por uma razão passional, uma brutalidade movida apenas por uma um descontrole emocional de um assassino. Em 1959, quando esse crime ocorreu, a sociedade era muito distinta, não havia metade do conhecimento que temos hoje em dia, portanto é bastante interessante ver como que um crime tão brutal repercutiu na mídia americana, e como o filme foi montado em cima dessa história, já que ele não segue os padrões adotados hoje em dia para quando tratarmos um longa sobre um crime real.
Hoje em dia muito se fala em dar voz às vítimas, muitos podcasts, filmes e documentários contam suas histórias pelo olhar daqueles que sofreram, mas isso não é o que ocorre aqui, tanto no livro do Truman Capote, quanto no filme dirigido brilhantemente pelo Richard Brooks os protagonistas são os vilões, são a dupla de assassinos, Dick e Perry, os Clutter são meros cordeiros para abate, até temos uma cena ou outra deles como família antes da carnificina acontecer, mas eles são meros coadjuvantes na sua própria história. A mídia sempre foi sensacionalista e o filme retrata isso muito bem, o foco aqui é no que vende, afinal o que era mais interessante para aquela época, a familiazinha medíocre do cu do mundo, ou a dupla de facínoras que fugia Estados Unidos afora?!
Não sou um profundo conhecedor da filmografia do Richard Brooks, mas pelo pouco que já assisti dele, ele era um diretor excepcional, o elenco também é excelente principalmente a dupla Robert Blake e Scott Wilson. O roteiro é muito bem escrito, você consegue entender a personalidade dos assassinos muito bem, e apesar de ter algumas pausas dramáticas, está em constante ascensão, e guarda o momento dos assassinatos para nos mostrar apenas na hora certa, como se eles só entregassem o que o público queria, apenas quando todas as peças estivessem encaixadas, a matança foi uma espécie de recompensa.
Não que eu me incomode com filmes preto e branco, mas confesso que o estranhei bastante uma produção de 1967 ser feita dessa forma, creio que a trama se beneficiária mais se fosse colorida, mas fora isso não há absolutamente nada que desabone a produção de forma alguma, aliás rodar as filmagens na mesma casa onde ocorreram os assassinatos, hoje em dia pode ser considerado de extremo mal gosto, mas creio que na época ninguém deva ter se importado, e para o Richard Brooks e sua equipe, isso apenas daria mais veracidade à história, mas querendo ou não, In Cold Blood é um dos mais importantes filmes sobre crimes reais já feito.Tudo que eu li sobre o mesmo, reforça que ele foi um dos pioneiros deste “gênero”. Super recomendado, tanto aos fãs do True Crime quanto aos do bom cinema.
PS: E quem diria que trinta e quatro anos depois, Robert Blake estaria na mesma situação que o seu personagem Perry: respondendo por assassinato, bastante irônico não?!
Como Sobreviver a um Ataque Zumbi
3.1 524 Assista AgoraSCOUTS GUIDE TO THE ZOMBIE APOCALYPSE
Direção: Christopher Landon
Ano: 2015
Assistido em: 03/12/2023
Lembro que quando li uma notícia sobre esse filme pela primeira vez, lá em 2015, fiquei bastante curioso, a sinopse não é das mais comuns para os dias de hoje, era algo que mais parecia saído dos anos 1980 e isso me deixou um pouco animado, pois amo as comédias desse período, mas nem tudo é o que parece, e mesmo lembrando bastante algo produzido no passado, essa história exala tudo que é pertinente ao Século XXI.
Quando misteriosamente um vírus é liberado, uma pequena cidadezinha no interior dos Estados Unidos começa a ser assolada por um surto que transforma todos os atacados em zumbis. Nesse contexto para lá de caótico, caberá a três amigos que já estão um pouquinho grandinhos para serem escoteiros, usarem as habilidades que aprenderam no grupo para sobreviver e tentar encontrar uma maneira de parar essa loucura.
Vendo a filmografia do Christopher Landon, obviamente ele é um pessoa voltada para o terror, embora seja louvável ver a tentativa de misturar um gênero já conhecido como um que ele não tem experiência, ele esbarra na complexidade da comédia, é preciso ter o time certo, é preciso ter os atores certos, enfim, são perceptíveis as boas intenções, mas boas intenções não fazem filmes bons, e aqui faltou muita coisa para o filme atingir os objetivos pretendido.
Landon e sua equipe nos entregam piadas visuais boas, mas no roteiro não há muito que dê para salvar. A história é muito simples, personagens não tem um pingo de carisma, não vou nem culpar os atores porque, por exemplo Ty Sheridan tem suas limitações, mas já assisti alguns trabalhos dele onde ele entrega algo melhor quando lhe dão condições, e aqui, infelizmente ele não teve essas condições, tanto o protagonista quanto os coadjuvantes, são personagens muito bobinhos, muito sem graça, faltou aos roteiristas e ao diretor delinear melhor a personalidade dessas figuras e usá-los sem medo, o resultado seria melhor.
O grande problema de Scouts Guide to the Zombie Apocalypse, é que você espera que chegue em algum lugar, mas que ele não chega, é comportadinho demais, faltou perder as estribeiras, faltou ultrapassar a barreira do absurdo, faltou ser mais anos 80 conforme a sinopse tanto parecia. Talvez nas mãos de um pessoal que fosse mais experiente com comédia, o resultado teria sido melhor, mas para quem procura algo bobinho, sem muitas pretensões, talvez deve funcionar melhor, mas confesso que fiquei mais entediado e com sono, do que entretido.
Gatinhas e Gatões
3.4 713 Assista AgoraSIXTEEN CANDLES
Direção: John Hughes
Ano: 1984
Assistido em: 03/12/2023
John Hughes foi um homem que mudou a forma como adolescentes eram vistos na década de 1980, sei que pode até parecer um certo exagero dar essa grande importância para ele, mas a forma como o adolescente foi retratado nas telas do cinema, pode ser dividida antes e depois de Hughes, um diretor/roteirista que trouxe para o grande cenário hollywoodiano alguns dos conceitos e estereótipos adolescentes que são utilizados até hoje, e aqui temos o primeiro trabalho dele na direção, com a fundação da pedra fundamental de tudo que viria a seguir.
O aniversário de 16 anos é uma data muito importante para qualquer garota, e com Samantha não é diferente, entretanto seu tão sonhado dia é completamente eclipsado por se tratar da véspera do casamento de sua irmã mais velha, e por seus familiares completamente surtados terem esquecido dela. Enquanto isso, na vida escolar, ela tem seu crush na figura de Jake, porém a mesma não tem muitas esperanças de conquistá-lo, mas esse cenário está prestes a mudar.
Uma coisa que precisamos deixar bem claro é que Sixteen Candles é produto de seu tempo, aliás todo filme é, e a sociedade de 1984 não é nem de perto a mesma de 2023,são quase quatro décadas separando os dois períodos, então algumas passagens talvez soem erradas para os padrões de hoje, mas naquela metade de década de 1980 ninguém via problema nenhum. Portanto em momento algum devemos julgar o longa com os olhos de hoje, sinto que o mesmo pode ser usado como reflexão, como prova de como evoluímos mesmo que pouco ao longo desses 39 anos, ao observarmos situações tidas como normais para os padrões da época, mas inaceitáveis para os dias de hoje, e de forma alguma devemos deixar que isso atrapalhe o nosso entendimento do projeto como obra artística.
Dois dos meus filmes favoritos da década de 80 são do John Hughes, The Breakfast Club (1985) e Ferris Bueller's Day Off (1986), então minha expectativa com relação a esse aqui estava nas alturas, mas devo admitir que fiquei um pouquinho decepcionado com a simplicidade da história apresentada, não temos muita coisa acontecendo em cena, temos uma garota completando 16 anos, frustrada porque ninguém se lembrou, e a seguimos por um período de dois dias enquanto ela tenta se encontrar, não que isso seja algo ruim, existem piadas boas aqui e acolá, mas a fragilidade do roteiro é muito grande, não apresenta nenhum grande momento, não tem nenhuma virada, basicamente termina da forma como começou só que com a diferença de Samantha finalmente conquistando o galã do colégio.
Hughes aqui começa a sua parceria com a eterna rainha da Sessão da Tarde, Molly Ringwald e com Anthony Michael Hall (sempre fazendo papel de chato), até aí nenhuma novidade, e o que me surpreende é o de fato dos dois terem a idade condizente a seus personagens, ambos com apenas 16 anos na época. Temos também o desaparecido Michael Schoeffling no papel de Jake, que o que tinha de lindo, tinha de fraco na atuação, acredito que mudar de carreira tenha sido uma boa opção para ele. Tivemos ainda o garotinho de Kramer vs. Kramer (1979), e John Cusack bem novinho em um de seus primeiros papéis, ou seja, um elenco bastante promissor.
Em linha gerais, dos trabalhos voltados para adolescentes do Hughes que já assisti, Sixteen Candles é o mais fraquinho, mas nem de longe é ruim, ele é simples, tem uma história inocente, que reflete os comportamentos da época, e que sem sombra de dúvidas marcou uma geração, e é preciso ressaltar que o trabalho de efeitos sonoros aqui é espetacular, muito bem encaixado e ajuda nas piadas. A partir de hoje vou enxergar esse filme como um pequeno aperitivo, do que viria lá na frente, porque aí sim, seria algo glorioso.
A Névoa
2.1 277THE FOG
Direção: Rupert Wainwright
Ano: 2005
Assistido em: 26/11/2023
Cinema do terror é uma coisa complicada, se faz um sucesso mesmo que mínimo imediatamente vira uma grande franquia, e quando essa franquia se desgasta, os produtores se desesperam para tentar ressuscitar algo do passado, enquanto não aparece um novo lampejo de sucesso, vemos isso há décadas, mas parece que algo saiu de controle ali no meio dos anos 2000, pois tivemos uma insana quantidade de remakes de clássicos, e até mesmo daqueles que passaram batidos em suas versões originais. E aqui temos mais um exemplo disso, The Fog (1980) nunca foi dos mais memoráveis, mas que voltou em 2005 para uma versão ainda mais esquecível.
Numa pequena cidadezinha costeira 100 anos antes um naufrágio resultou em uma grande desgraça. Certa dia quando todos acreditavam que seria apenas mais uma noite comum, uma misteriosa névoa cobre o local e mortes violentas começam a ocorrer. Agora os descendentes daqueles envolvidos na morte dos marinheiros correm um sério risco de vida.
Os anos 1970 e 1980 foram bem prolíferos quando o assunto são filmes de terror com ideias mirabolantes, tenho que dar o braço a torcer e admitir que um longa com uma névoa assassina não é algo que vemos surgir com muita frequência em Hollywood, mas enquanto o original era dirigido pelo lendário John Carpenter e trazia a final girl mais famosa de todos os tempos, Jamie Lee Curtis, como protagonista, esse aqui é de uma falta de atrativos absurda, para mim o único ponto interessante é o Nick, pois sempre fui apaixonado pelo Tom Welling que em 2005 era um dos maiores galãs da TV norte-americana como protagonista de Smallville (2001-2011), mas tirando esse motivo específico não tem nada aqui que me seja atraente.
Filme fraco com história fraca, atuações mais fracas ainda, uma direção que não sabe criar tensão, honestamente, esse aqui foi um que lutei para manter meus olhos voltados para tela, pois honestamente a burrice dos personagens e a total falta de carisma do elenco definitivamente acabaram com qualquer tesão, qualquer vontade que eu tinha de acompanhar essa história. Só tava torcendo para que a névoa engolisse a tela inteira e que somente os créditos finais sobrassem porque era a única coisa pelo qual estava ansioso
Essa nova versão de The Fog é só mais uma dentre as muitas que provam que alguns filmes jamais devem ser refeitos, uns por serem muito bons e por isso se tornam intocáveis, e outros por serem muito ruins e não merecerem uma segunda oportunidade. Quando falamos de uma filmografia tão vasta quanto a do Carpenter, encontramos títulos clássicos, e alguns esquecidos, e a versão de 1980 é sempre ignorada quando nos referimos aos principais trabalhos do diretor. E sobre essa nova imaginação da história, a única cena que vai ficar na minha cabeça, foi o Tom Welling sem camisa.
Santuário
3.0 794SANCTUM
Direção: Alister Grierson
Ano: 2011
Assistido em: 26/11/2023
Sem fazer muitos rodeios o motivo que me trouxe até esse filme não poderia ser outro senão o grandioso James Cameron, aqui, na função de produtor executivo, e fonte de inspiração para essa obra que convenhamos, tem tudo a ver com ele, afinal de contas estamos falando de uma aventura com personagens simples, mas que seguem tropos bem estabelecidos e obviamente, água, muita ÁGUA. Junte isso também ao fato da história ser muito levemente inspirada em um episódio semelhante ocorrido em 1988 com o Andrew Wight, produtor que trabalhou com Cameron em seus três documentários sobre o oceano. Mas uma coisa é se inspirar em um grande mestre do cinema, seguir a cartilha dele, outra bem diferente é fazer um trabalho que esteja no mesmo patamar do que ele faria.
Frank é um mergulhador bastante experiente. O que seria apenas mais uma de suas aventuras nas cavernas da Oceania, toma contornos bastante diferentes quando uma imensa tempestade fecha as rotas conhecidas para os mergulhadores retornarem à superfície. Agora ele será obrigado a encontrar um novo caminho para sair das profundezas desse labirinto junto com o seu grupo, do qual faz parte o seu filho Josh, com quem ele não mantém uma relação muito boa.
Quando disse que esse filme se inspira muito no Cameron é porque temos aqui uma estrutura que ele sempre utiliza em seus projetos, personagens muito simples, com dilemas comuns que se vêem diante de uma situação de vida ou morte, e isso não é algo ruim, James Cameron sempre aposta no básico, porém o faz de maneira espetacular. Seguindo esse esquema, aqui encontramos pai e filho protagonistas numa relação complicada de afastamento, e que precisarão se entender enquanto suas vidas estão em risco, temos o ricaço que não tem um pingo de moral e que vai se revelar um filho da puta ao longo da história, enfim, nenhuma novidade, mas o problema é que o roteiro não é bem trabalhado, é apático demais, e não consegue nos fazer torcer por esse pessoal, não dei a mínima se eles iriam sobreviver, ou se morriam pelo caminho, e isso deve ser a inabilidade do roteiro em desenvolver essas personagens e dos atores em desempenhar esses papéis de uma maneira mais intensa.
Visualmente muito bonito, Sanctum obviamente tem muito CGI, mas também tem muito efeitos práticos, algumas cavernas são reais, e a sequências de ação são bem conduzidas, mas tirando isso, a direção é super básica, o roteiro como disse, não é bem aprofundado, as atuações são fracas, a trilha sonora é quase que inexistente de tão desinteressante, enfim, existem alguns pontos positivos, mas os negativos os anulam.
Em linhas gerais Sanctum deixa a sensação de que é um filme que mira no James Cameron, mas que faltou muito para chegar até os resultados obtidos pelo diretor, talvez caso a direção fosse um pouquinho mais competente, o elenco mais talentoso, e o roteiro mais trabalhado, os resultados obtidos fossem melhores, ainda assim não de todo desastroso, talvez eu que tenho assistido em um dia não muito bom, e pessoa com o senso crítico mais desarmado, que só querem ação pela ação, interpretem tudo de uma forma menos exigente.
Dou-lhes Um Ano
2.5 138 Assista AgoraI GIVE IT A YEAR
Direção: Dan Mazer
Ano: 2013
Assistido em: 25/11/2023
Nem todo filme é feito para ser uma grande produção cinematográfica, e nem toda produção cinematográfica é feita para marcar a vida do espectador, algumas são meras distrações, meras passagens de tempo para uma pessoa que quer ir ao cinema ou simplesmente assistir do sofá de sua casa, servem apenas para nos fazer desligar o cérebro por um período de uma hora e meia, duas horas, nos divertir com uma história qualquer, mas o problema é que tem filmes que são tão insossos, tão apáticos, tão anêmicos que nem para distração eles servem, e é isso que I Give it a Year representou para mim.
Quando Josh e Nat se conhecem, eles rapidamente vivem um romance tórrido e já decidem unir as escovas de dentes, o problema é que a personalidade deles é muito diferente e ambos só vão descobrindo essas incompatibilidades ao longo do seu casamento. Enquanto isso, absolutamente todo mundo ao redor dos pombinhos aposta contra a união, e para piorar ainda mais a situação cada um deles encontra uma opção de relacionamento mais viável do que o seu cônjuge.
Honestamente, não sei qual que era a intenção do diretor Dan Mazer com esse filme, como um drama não funciona, como romance não cativa, como comédia não faz rir, sei que os britânicos têm um senso de humor bastante diferente, basta assistir qualquer série de comédia deles, mas isso aqui foi uma tentativa tão insípida, tão meia boca de fazer uma comédia romântica que honestamente não entendi qual era a ideia, no final a única coisa que o filme conseguiu ser foi totalmente esquecível.
Temos um elenco de bons nomes, Rose Byrne é uma ótima atriz, Rafe Spall também consegue entregar muito quando lhe dão um bom roteiro, e no suporte temos Simon Baker a Anna Faris, e mesmo assim todos eles são desperdiçados com personagens que não convencem, você só quer que aquele povo suma da sua frente de uma vez.
Não sou muito fã de comédia romântica, mas prefiro mil vezes aquelas que mexem comigo a ponto de eu odiá-las do que aquelas que sou totalmente indiferente, I Give it a Year simplesmente não despertou nenhum sentimento em mim, terminei o filme em total estado de apatia, é um longa tão fraco que a única sensação que me despertou foi sono, tanto que nem vi a cena final, cochilei e quando acordei os créditos já estavam subindo, li o desfecho na Wikipédia, e me dei por satisfeito. Se eu não tivesse marcado ele aqui no Filmow e no meu perfil no IMDb, provavelmente nem lembraria da existência disso aqui, e seria melhor esquecer mesmo.
Os 33
3.5 224THE 33
Direção: Patricia Riggen
Ano: 2015
Assistido em: 25/11/2023
Existem alguns episódios que extrapolam os limites nacionais e se tornam eventos mundiais, geralmente tragédias têm um alcance muito maior do que acontecimentos felizes, e nesse sentido, quem já tem mais de 20 anos com certeza deve se recordar do acidente com os mineiros no Chile em agosto de 2010. Para mim esse evento está associado com algo muito particular, já que nesse mesmo mês eu completava meus 18 anos, portanto essa história foi muito marcante para mim, junto obviamente a intensa cobertura midiática. Anos depois veio esse filme, que tentava retratar um pouquinho do enorme e complicado processo de resgate daquelas pessoas.
Na pequena cidade de Copiapó, no deserto do Atacama, uma mineradora ignora os sinais de que a montanha onde se encontrava uma mina de cobre e ouro, estava em processo de desabamento, e continua suas operações como se não houvesse amanhã. No dia cinco de agosto de 2010 um imenso deslizamento no interior da montanha faz com que 33 trabalhadores fiquem presos a quase 700 metros de profundidade, dando início a uma corrida contra o tempo do lado de fora para tentar salvar suas vidas.
Desgraça vende mais do que notícias positivas, isso é uma máxima do jornalismo que se repete no cinema, afinal de contas dá para contar nos dedos quantos filmes trazem eventos felizes sem que exista algo muito caótico e complicado nos bastidores, e era óbvio que Hollywood iria por suas mãozinhas na história dos chilenos, até lembro que na época do ocorrido pensei que não demoraria nada para eles reproduzirem essa história nos Estados Unidos, portanto fiquei bastante surpreso ao ver que temos aqui uma coprodução entre países, e que isso fez com que além dos americano, podemos encontrar mexicanos, espanhóis e até um brasileiro no elenco, temos todas as etnias interpretando chilenos, menos chilenos, pelo menos não nos papeis centrais.
Vendo um pouquinho sobre as críticas recebidas pelo filme quando ele foi lançado em 2015, eu esperava algo bem inferior, mas me surpreendi positivamente, é claro que o objetivo do roteiro não é aprofundar nenhum personagem, eles até pincelam superficialmente algumas histórias de background, mas logo partem para o que interessa, que é o acidente e todo o processo de resgate, mas nem por isso é difícil se conectar com aqueles homens, é muito simples se colocar não só no lugar das vítimas como no lugar dos familiares que estão ali sofrendo e isso é um ponto positivo, porque quando você consegue essa conexão com essas pessoa você teme pela vida deles, mesmo sabendo o desfecho da história.
A produção é competente, as atuações são na medida do que o roteiro oferece, temos uma das últimas trilhas sonoras do James Horner, mas fiquei decepcionado com toda a direção das sequências do acidente, os enquadramentos escolhidos por Patricia Riggen ficaram muito confusos, o caos estava rolando ali embaixo e não estava conseguindo entender quase nada em cena, não sei se isso foi uma decisão proposital da diretora para emular o que ocorreu de fato naquela mina, mas como espectador aquilo tudo me deixou com uma impressão de que foi um serviço mal feito e me incomodou bastante.
The 33 é um filme catástrofe diferente, apesar de ser uma história que envolve um acidente muito complexo que deixou 33 pessoas por mais de dois meses em uma situação extremamente complicada (principalmente nos dias iniciais), ela tem um diferencial em relação a outros casos, não só de filmes, mas também dos desastres da vida real, o final é feliz, na última cena vemos os 33 mineiros verdadeiros e os letreiros nos dizendo que eles nunca foram compensados financeiramente pelo o que ocorreu e isso é um absurdo, afinal de contas vemos uma empresa rica colocando-os em perigo e nada aconteceu, mas entretanto creio que o principal presente que eles ganharam, foi que todos saíram vivos daquele inferno e tiveram uma oportunidade de continuar suas vidas, infelizmente nem toda tragédia tem o mesmo desfecho.
Napoleão
3.1 320 Assista AgoraNAPOLEON
Direção: Ridley Scott
Ano: 2023
Assistido em: 24/11/2023
Toda vez que vejo um anúncio de algum drama histórico dirigido por Ridley Scott fico imediatamente animado, afinal ele é dos poucos diretores de Hollywood que ainda se empenha em produzir verdadeiros épicos. Scott tem uma bagagem imensa e um nome muito forte para conseguir fazer com que os estúdios embarquem em suas ideias de produzir filmes grandiosos, em uma época em que o cinema Blockbuster só tem olhos para hominhos brigando. Quando saiu a notícia que ele faria um longa sobre Napoleão Bonaparte, um dos homens mais importantes da humanidade, o meu lado obcecado por história vibrou de verdadeira alegria, mas eu nem tinha expectativas de poder assistir no cinema por ser uma produção original da Apple que chega ao circuitos após uma parceira com a Columbia Pictures, e como o cinema da minha cidade foge de produções voltados para premiação, pensei que ele não viria, mas surpreendentemente veio, e eu corri para poder conferir.
Napoleão Bonaparte, que nasceu francês quase por acidente, ingressou muito cedo nas fileiras do exército e com uma tenra idade acabou acendendo a um poder há muito não visto entre os Francos. Bonaparte assumiu o controle de um país à beira da mais completa ruína e afundado no caos, e se tornou o homem mais poderoso vivo naquele momento. Obviamente isso garantiu grandes inimigos ao imperador, mas não só aqueles oriundos de outras nações ameaçavam Napoleão, haja vista que sua vida pessoal com sua primeira esposa a Imperatriz Josephine, era tão complicada e problemática quanto a geopolítica europeia daquele período.
Não existe cinebiografia que consiga retratar toda a vida de um personagem histórico, ainda mais quando falamos de um monstro de incomensurável importância como foi o imperador francês Napoleão Bonaparte, então é óbvio que o Ridley Scott precisava escolher um recorte, e aqui nós nos esbarramos com o mais grave problema da produção. Já foi divulgado publicamente que o corte do diretor possui mais de 4 horas, mas como a Apple fez um acordo com a Columbia para levar Napoleon para os cinemas, assim conseguindo uma graninha extra e tornando-o elegível para participar da temporada de premiações, era óbvio que ele não chegaria com essa metragem para o grande público, mas mesmo possuindo uma longa duração do alto de suas 2h40min, essa versão sofre com uma montagem problemática, que só não causa uma catástrofe devido ao talento dos envolvidos.
A maior problema dessa montagem é a completa falta de cenas de conexão entre os acontecimentos, num instante temos um Napoleão tremendo de medo e ansiedade diante do Cerco de Toulon, na outra já temos alguém dizendo que ele é o maior líder militar da França atual, em uma cena vemos ele conhecendo Josephine, na outra ele já está se derretendo de amores, em outra temos ele recebendo a proposta de ser o novo rei, pra 30 segundos depois ele estar sendo coroado imperador. Tudo pula de um acontecimento para outro sem dar ao público a chance de entender o impacto que tudo que ele está vendo em cena causou na França, na Europa e no mundo. O recorte que temos aqui é de 25 anos e não são 25 anos de um ser humano comum, mas sim da porra do imperador Frances, tudo que vemos em cena possui consequências, e essas consequências não são bem exploradas, creio que na versão de 4h todas as sequencias que foram tesouradas vão estar presentes e vão dar mais sentido ao todo, mas o apresentado no cinema é brusco, corrido e atropelado.
Sou grande fã do Joaquin Phoenix desde que eu conheci o trabalho dele lá atrás no Gladiador (2000) do mesmo Ridley Scott, mas aqui eu não consegui comprar que ele era Bonaparte, achei essa escalação totalmente equivocada desde seu anúncio, quando a história do filme começa Napoleão tem um pouco mais de 30 anos, enquanto Phoenix beira os 50, não consegui enxergar aquele homem envelhecido no papel de um jovem no começo de carreira, era necessário um outro ator fazendo essa primeira parte ou então rejuvenescimento por CGI, mas o resultado final ficou muito estranho. Vanessa Kirby é ótima como Josephine, são dela os melhores momentos dramáticos, e a atriz transmite muito mais emoção do que o próprio Phoenix que interpreta Bonaparte da mesma maneira, em todas as fases de sua vida, com exceção da primeira e da última batalha.
A Direção está pra lá de caprichada, principalmente das icônicas Batalhas de Austerlitz e Waterloo, os figurinos são absurdos de tão impecáveis assim como os cenários, é possível ver o CGI complementando o que é real, e não que tudo foi feito em tela verde. A trilha sonora é apagada, mas tem alguns momentos de inspiração, resumindo: do ponto de vista técnico não tem para ninguém, o Scott mostra mais uma vez do porque é considerado um mestre da sétima arte.
Longe de ser um ruim, mas é inegável que Napoleon tem problemas, enxergo como um projeto que já chegou na sala de cinema sabotado, é impossível não sentir que o mesmo está incompleto, por isso vou aguardar pela versão do Scott poder entender melhor como é sua visão de Napoleão, visão essa que deve ser encarada como fictícia, já aqui ele está simplesmente cagando e andando para a precisão histórica.
Napoleon é um forte candidato aos prêmios técnicos dessa temporada, mas infelizmente esse corte dos cinemas é decepcionante, não ruim, está muito longe disso, mas infelizmente não atendeu às enormes expectativas de anos e anos que passei esperando por esse projeto. Só espero que a versão do Scott corrija os problemas dessa aqui, e nós possamos ter um corte melhor do que aquele que foi parar nas salas do cinema
Férias Frustradas
3.2 598 Assista AgoraVACATION
Direção: Jonathan Goldstein & John Francis Daley
Ano: 2015
Assistido em: 19/11/2023
Mesmo sendo um eterno apaixonado pelas comédias da década de 1980, confesso que não é tudo que foi produzido naquela década que me agrada, algumas coisas simplesmente não fazem meu estilo e outras infelizmente só pela sinopse já sei que não vou curtir, mas geralmente gostei de quase tudo do gênero lançado naquele período que já tive acesso. A franquia Férias Frustradas entretanto, está no grupo dos que ainda não tive a oportunidade de conferir, mesmo o extinto Cinema em Casa do SBT tendo exibi-los exaustivamente ao longo da década de 1990 é uma beirada dos anos 2000, porém algo me diz que a decisão mais errada que poderia ter tomado, foi começar nesse mundo por esse remake/reboot, ou seja lá o que diabos essa joça produzida em 2015 é.
Quando o piloto de avião Rusty decide dar um novo rumo à sua vida, ele coloca toda a sua família dentro de um carro e segue uma viagem com o objetivo de atravessar os Estados Unidos até chegar a um parque de diversões que foi muito importante na sua juventude, entretanto a viagem dos sonhos dele será um verdadeiro inferno à medida que tudo que poderia acontecer de errado, acontece com sua pobre família.
A dupla de diretores Jonathan Goldstein e John Francis Daley é bastante experiente quando o assunto é o gênero da comédia, já assisti alguns trabalhos deles que são muito bons, até gostaria de dar o destaque para uma das grandes surpresas que tive dentro das salas do cinema esse ano que foi o Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves (2023), portanto não consigo nem entender como uma abominação cinematográfica como essa pode ter saído dos dois, porque absolutamente tudo aqui é ruim, direção, elenco, roteiro, trilha sonora, é difícil encontrar um filme que me desagrade em tudo, mas esse aqui conseguiu, não teve uma única miserável piada que me fez rir.
Ed Helms é um ator competente, ele tem uma boa veia cômica basta ver o sucesso obtido na trilogia The Hangover (2009-2013), mas o bichinho que tem um dedo podre para escolher personagens, do horrendo Andy de The Office (2005-2013), a esse picolé de chuchu que é esse Rusty, ele escolhe os tipos mais sem graça possiveis, Christina Applegate é outra desperdiçada em um personagem sem brilho e sem alma, quem mais chegou perto de me fazer esboçar algum sorriso é o personagem do Skyler Gisondo, ator que eu já conhecia por Santa Clarita Diet (2017-2019) e que tem muito potencial, mas não é porque ele tem o único personagem mais ou menos, que se destaca nessa bomba, e olha que Gisondo consegue passar uma credibilidade como um adolescente apaixonado que é maltratado pelo irmão mais novo, mas fora isso nada mais dá para salvar.
Vacation é um dos piores exemplos de algo que vem se alastrando em Hollywood nos últimos 20 anos, remake ou sequência desnecessária de filmes que fizeram sucesso no passado. Parece que toda a criatividade evaporou da superfície do lugar, dá para contar nos dedos os filmes que estreiam hoje em dia que são produtos originais, pelo menos aqueles dos grandes circuitos, e a cada ano que passa uma velha franquia e agredida, não sei se Férias Frustradas foi um grande filme, porque como disse eu simplesmente abri mão de todas as oportunidades que tive de assistir as primeiras entradas dessa saga, mas sei que existe uma base de fãs interessados que provavelmente devem ter ficado muito revoltados com isso aqui.
O Virgem de 40 Anos
3.1 829 Assista AgoraTHE 40 YEARS OLD VIRGIN
Direção: Judd Apatow
Ano: 2005
Assistido em: 19/11/2023
Existem filmes que quando são lançados causam uma verdadeira euforia, eles conseguem furar a bolha cinéfila e vão parar na boca do grande público. Lá atrás, em 2005 quando The 40 Years Old Virgin foi lançado, me recordo que ele foi recebido com muitos elogios, entretanto naquele período, eu não tinha muito interesse por cinema, meu negócio era animes e mangás, então o tempo passou, e só agora tive a oportunidade de poder conferir, e honestamente?! A sensação é que não perdi absolutamente nada nesses últimos 18 anos.
Andy é um homem simples e de bom coração, que leva uma vida extremamente organizada, ele tem suas paixões, e segue vivendo a sua maneira sem incomodar ninguém. Acontece que quando seus colegas de trabalho descobrem que ele ainda é virgem aos 40 anos, os rapazes decidem fazer de tudo para resolver essa situação, que para eles é um problema muito maior do que para o próprio Andy.
Steve Carell é um ator maravilhoso, naquele 2005 ele ainda era relativamente pouco conhecido, já que o grande sucesso da sua carreira, The Office (2005-2013), havia acabado de estrear, então ele ainda não era um grande astro, portanto hoje em dia nem consigo imaginar ele nesse tipo de filme, é claro que ainda é o humor do constrangimento pelo qual ele ficou mega conhecido na figura do Michael Scott, mas diferentemente do que ocorre na série do gerente da Dundler Mifflin, a história aqui apresentada é extremamente inconsistente.
Tive acesso a versão estendida do filme que tem cerca de uns 20 minutos a mais, e honestamente não sei se teria uma impressão diferente caso tivesse assistido ao corte do cinema, mas o que senti é que a história começa muito boa, mas perde o fôlego de uma forma extremamente rápida, no começo quando somos apresentados a vida do Andy e a sua rotina, é tudo muito divertido de acompanhar, entretanto quando a chave vira para o segundo ato, e vemos o personagem numa tentativa desesperada de perder a virgindade, apenas para se encaixar no padrão exigido pela sociedade, tudo acaba entrando no lugar comum. Entendo que é uma crítica a pessoas que se matam para atender as expectativas e pressões dos outros, mas mesmo assim tudo vai ficando cansativo e sem graça, essa versão sem censura é exaustiva, exageradamente longa para uma comédia.
Além do já citado Steve Carell, o longa está lotado de gente que hoje em dia é famosa, mas que naquela época não era tão conhecida, com exceção do Paul Rudd que já era bastante famoso, nós temos Seth Rogen, Jonah Hill, Elizabeth Banks, Mindy Kaling entre outros, mas todos com personagens bem fraquinhos, bem antipáticos, e alguns até bastante irritantes.
The 40 Years Old Virgin, é um filme que talvez eu tenha assistido tarde demais, talvez o meu eu de 13 anos teria gostado mais, entretanto o de 31, achou um projeto bem qualquer coisa, ainda tem seus méritos como a trilha sonora que é espetacular, o carisma de Steve Carell que torna seu Andy um personagem bem divertido, mas a soma de todos os fatores ainda é muito anêmica. Judd Apatow queima todas as boas ideias e cenas na largada, e na metade da corrida, já está completamente sem fôlego.