THE HUNGER GAMES: THE BALLAD OF SONGBIRDS & SNAKES Direção: Francis Lawrence Ano: 2023 Assistido em: 18/11/2023
Quando o Harry Potter acabou em 2011, criou-se uma disputa em Hollywood para saber quem iria se tornar o novo grande sucesso entre o público jovem. Todos os estúdios começaram uma corrida desenfreada para saber qual seria a nova grande franquia, algumas até fizeram bastante dinheiro, mas nunca conquistaram a crítica, como Crepúsculo (2008-2012) por exemplo, outras morreram na praia sem conseguir sair do primeiro título. E foi nesse cenário que “The Hunger Games” se destacou, conseguindo mesclar, sucesso de crítica com alta bilheteria. Cinco anos após a conclusão da saga nos cinemas, a própria Suzanne Collins resolve escrever um novo capítulo para sua história, e obviamente como a Lionsgate não é boba, resolveu chamar Francis Lawrence para comandar a nova adaptação, só que que dessa vez não estamos falando de uma heroína lutando contra um governo opressivo, mas sim do nascimento de um ditador.
64 anos antes de Katniss Everdeen se tornar um símbolo da luta contra a capital, somos apresentados a um Coriolanus Snow bem diferente daquele que conhecemos no futuro. Mesmo sua família tendo perdido tudo após a guerra, ele ainda tenta manter as aparências entre a elite da Capital. Snow é selecionado entre 24 estudantes da Capital para ser mentor dos tributos no 10º Jogos Vorazes. Ele é escolhido para mentorar a jovem Lucy Gray Baird, uma garota do Distrito 12 que tem muita personalidade, juntos, Snow e Lucy vão reformular a forma como os jogos são vistos por toda Panem.
O mais interessante dessa franquia, é que ela nunca se resumiu a fantasia, Suzanne Collins brilhantemente utiliza a ação e a aventura, como uma cortina para temas muito mais importantes e críticas sociais muito interessantes, é louvável um autor que busque levar a um público mais jovem, questionamentos tão importantes como governo ditatorial, manipulação de massas e controle midiático. Sua Katniss se tornou um símbolo de esperança contra um governo opressor, mas do outro lado temos o perverso Presidente Snow, que nessa história é trazido para próximo do público, ninguém nasce ruim, vilões são criados, e aqui vemos como um garoto com um grande ideal, e com bons sentimentos começou a se transformar em um tirano frio e sem nenhuma emoção, essa história não é sobre o nascimento de um herói é como uma pessoa se perdeu ao ponto de no futuro ser um déspota enlouquecido.
Particularmente sempre gostei mais dos bastidores políticos do que dos Jogos Vorazes em si, mas sei que no cinema as coisas não funcionam dessa forma. Então, de fato, era preciso dedicar uma grande parcela do roteiro a 10ª Edição dos Jogos, entretanto, sinto que correram demais na segunda parte, precisavamos de mais detalhes sobre como o Coriolanus que se preocupava com os tributos, se tornaria o presidente de Panem que massacra jovens para a diversão do público, mas tudo é muito apressado, o roteiro infelizmente não conseguiu deixar o personagem em um ponto que o público pode virar e falar “é a partir dali que ele se tornou um sádico maluco”, sim, vemos que o personagem tomou decisões sem volta, vemos que ele foi quebrado aos poucos, foi percebendo que precisava entrar naquela dinâmica cruel propagada pela Capital, mas o filme falha ao não mostrar como ele chegou ao poder, não sei se a intenção da Collins era fazer uma continuação dessa história, mas fui para o cinema sem saber praticamente nada da trama do livro, e esperava ver como o Snow tomou poder na Capital e não apenas como ele perdeu sua humanidade, nesse sentido o roteiro pecou demais e poderia ter sido melhor trabalhado.
Francis Lawrence não só é veterano na saga, como diretor do melhor filme deste universo, "Catching Fire" (2012), e aqui ele repete todos os acertos anteriores, como direção das cenas de ação, direção de elenco, trilha sonora muito marcante do James Newton Howard, figurinos, e elenco impecavelmente escalado. Viola Davis, sempre é maravilhosa e dispensa comentários, Peter Dinklage está ótimo e a dupla de protagonistas também se garante, Tom Blyth consegue ao mesmo tempo ser gentil, e ameaçador, ele tem um olhar perigoso e você sente que existe algo ruim latente, esperando para vir à tona, do outro lado Rachel Zegler, está muito bem como Lucy, esbanjando um poder vocal admirável.
Diferente de outras franquias que têm spin-offs, prequels e até mesmo sequências completamente desnecessárias “The Ballad of Songbirds & Snakes” vem da mente da própria criadora, Suzanne Collins sentiu que precisava contar ao público como o presidente Snow surgiu, não li os livros, mas gostei muito da forma como Lawrence desenvolveu essa trama nas telas e fiquei com gosto de quero mais, talvez uma continuação nos mostrando a escalada de poder definitiva do Coriolanus sob a tutela da Gaul seria uma boa pedida. Como disse, o único ponto que me desagradou foi ter achado o roteiro muito corrido principalmente na segunda parte, mas isso não é nada que desabone o longa como um todo, que consegue ser um digno membro dessa franquia que é a única que conseguiu mesclar qualidade com bons resultados em bilheteria depois que Harry Potter saiu de cena. Espero sim por mais filmes desse universo, mas que eles venham da mente da sua autora e não do devaneio de algum produtor.
PS: Durante o filme eu só me lembrava da clássica frase do Harvey Dent em The Dark Knight (2008):
“You either die a hero or live long enough to see yourself become a villain.”
A MENINA QUE MATOU OS PAIS: A CONFISSÃO Direção: Mauricio Eça Ano: 2023 Assistido em: 12/11/2023
O caso da família Von Richthofen é indiscutivelmente um dos mais famosos crimes (se não o mais famoso) ocorridos no Brasil no princípio da década de 2000. Até então o brasileiro estava acostumado a ver pobre sendo morto dentro de casa, isso acontecer com rico era novidade, e tudo se tornou um grande carnaval midiático, quando descobriram os responsáveis por tamanha barbaridade. E mesmo passados 21 anos do ocorrido, a protagonista desse horror, Suzane, continua na “mídia”, já que se tornou uma verdadeira “celebridade”.
O recorte que temos aqui é de míseros oito dias, tudo que foi mostrado nesse “terceiro episódio” ocorreu entre os dias 31/10 e 08/11/2002. Como já conheço muitos detalhes dessa história, já sabia dos desdobramentos e como se deu toda a descoberta dos responsáveis pelos assassinatos de Manfred e Marísia, mas confesso que ver uma interpretação dos fatos torna tudo ainda mais revoltante, a frieza de Suzane é algo digno de um sociopata, não sei se ela tem algum diagnóstico nesse sentido, mas toda descrição de como ela agiu, aqui muito bem retratada pela Carla Diaz, nos mostra que a garota é um ser sem nenhum pingo de remorso.
Sempre achei desnecessário dividir essa história em partes, até comentei na época que um diretor talentoso conseguiria muito bem retratar a dualidade de perspectivas em um único filme, e vou além, um roteiro bem escrito retrataria facilmente toda a história, do início do relacionamento de Suzane e Daniel, passando pela confecção e execução do crime, todo o processo investigativo e por último o julgamento, que por um momento pensei até que renderia um quarto título, mas que foi completamente limado da história, e honestamente ainda não entendi porque que a Ilana Casoy que conhece essa história como a palma de sua mão, permitiu um deslize tão grave quanto esse, esticaram demais no começo e correram no final. Já que um filme completo não estava nos planos, porque não investiram em uma minissérie?!
Reforço que não havia nenhuma necessidade de dividir essa história, mas chega a beirar o absurdo fazerem três filmes, e ainda assim, não cobrirem o caso em sua totalidade. Quem é mais jovem, seja porque não era nascido na época, ou era muito pequeno e não conhece os detalhes da história, provavelmente não vai entender o quão grande foi a repercussão desse crime.
Sempre fui a favor de um filme que retrata-se essa história, acho muito hipocrisia que o brasileiro consome true crime de outros países de uma maneira desenfreada, mas quando é nacional eles torcem a cara. Mas creio que houve um erro brutal por parte dos envolvidos, e não estou me referindo ao elenco que faz o que pode com o que lhes é oferecido, mas sim em relação a produção, fazer uma trilogia obviamente só tem uma explicação: queriam ganhar o máximo de dinheiro possível em cima desse caso, já que eles sabem que a procura seria muito grande, mas isso infelizmente sacrificou a qualidade da narrativa nos entregando apenas fragmentos do todo. Mas passado isso tudo, espero que a mídia brasileira pare de tratar a menina que matou os pais e chocou o país, como uma celebridade, mais famosa que muito ator e cantor do passado por exemplo.
NUOVO OLIMPO Direção: Ferzan Özpetek Ano: 2023 Assistido em: 12/11/2023
Como um homem gay, acho bastante difícil achar filmes temáticos de qualidade, quando não são de humor escrachado e de mal gosto, são dramas extremamente pesados, ou seja, dois extremos, e quando tudo é ferro e fogo, é difícil de agradar. Confesso que cheguei aqui após ver algumas cenas picantes no Twitter, mas jamais imaginei encontrar um grande filme, e mais, um grande filme vindo da Netflix que é um verdadeiro celeiro de bombas nucleares.
Na Roma de 1978, o aspirante a diretor Enea e o estudante de medicina Pietro acabam se conhecendo no cinema Nuovo Olimpo. Eles acabam se envolvendo e vivendo um rápido porém intenso romance, entretanto o cenário político da Itália nessa época é extremamente conturbado, e devido a uma revolta popular combatida pela polícia os dois acabam se separando, como estamos na década de 1970 eles perdem contato completamente. Pelos próximos 40 anos vamos acompanhar a vida dos dois personagens enquanto eles ainda nutrem sentimentos um pelo outro.
Como não tenho vergonha na cara, admito que sou cadelinha de Hollywood, 99% do dos filmes que assisto são provenientes dos Estados Unidos, mas sempre que me deparo com algo mais maduro, mais evoluído, as chances de ter vindo da Europa ou da Ásia são muito maiores, obviamente não estou generalizando, mas sinto que os europeus são muito mais soltos para tratar certos temas do que os americanos. Aqui por exemplo, encontramos um romance bem contruído, a questão da sexualidade é pano de fundo, não vemos nada muito carregado, nada muito dramático nesse sentido, é claro que temos um personagem que preferiu viver uma vida infeliz em um casamento de fachada do que se assumir, enquanto outro preferiu escancarar sua orientação sexual logo de uma vez, mas não senti que o filme buscava essa discussão como foco, mas sim abordar a relação entre os os dois e como cada um seguiu sua vida por 40 anos.
Ferzan Ozpetek nos entrega um romance gay, onde o fato dos protagonistas serem homossexuais não é tratado como algo de outro mundo, é tudo natural, é um casal que se apaixonou e não teve oportunidade de viver esse amor, sei que existem milhares de filmes com casais hétero com esse tema, mas as produções gays desse tipo são uma mixaria, e precisamos nos ver retratados com mais naturalidade nas telas do cinema e da TV.
Não conhecia ninguém do elenco mas além de ser presenteado com um trio de homens extremamente lindos e gostosos em cenas bem quentes que incluem até mesmo nudez, Damiano Gavino, Andrea Di Luigi e Alvise Rigo são todos bons atores, principalmente a dupla principal, que conseguiu transmitir muita verdade em seus papéis, e passar muito dos sentimentos de Pietro e Enea pelo olhar, pelos gestos, eles são atores com muito futuro e que espero vê-los em novos projetos.
Sobre o final, confesso que estava morrendo de medo, se tem uma coisa que me irrita bastante em filmes românticos é que eles são surreais demais, na esmagadora maioria vemos que o casal protagonista não tem como ficar junto, mas o roteiro acha sempre uma forma absurdas de entregar aquele finalzinho água com açúcar ridículo onde a dupla se encontra no aeroporto e ficam juntos e felizes para sempre, e tive muito medo de que esse fosse o final dessa história. Os protagonistas ficaram 40 anos afastados, ambos seguiram suas vidas, ambos estavam em relacionamentos sérios, Enea e Antonio construíram uma vida juntos por mais de 20 anos, e até mesmo Pietro está em um casamento, mesmo ele não sendo feliz. Ambos construíram suas vidas, não seria justo abandonar seus parceiros de anos, por conta de uma ilusão, porque é exatamente isso que eles tinham, os dois tinham uma ilusão do que poderiam ter vivido e não tiveram a oportunidade de viver, mas depois de 40 anos, a decisão mais madura que eles poderiam ter é cada um seguir com seu caminho, e bato palmas para filmes que são maduros a esse ponto, nos dez minutos finais, eu morri de medo do roteiro cair no lugar comum e forçar os dois a ficarem juntos, mas fiquei muito feliz em ver que não foi esse o caminho escolhido pelos roteiristas.
É raro eu elogiar a Netflix, mais dessa vez ela está de parabéns "Nuovo Olimpo" é um excelente romance, é um excelente filme temático, tem um roteiro muito bem escrito, com reviravoltas interessantes, é uma boa pedida para qualquer pessoa que queira ver uma história simples, porém muito bem executada, que dá gosto de assistir, e principalmente com um final que não estraga tudo que foi construído ao longo das duas horas de duração.
Dizem que o brasileiro não dá valor ao cinema nacional, e de fato essa afirmação é inconteste, o problema é que para cada bom filme brasileiro, nós somos soterrados por toneladas e toneladas de porcaria, quando não é aquelas comédias vergonhosas com o elenco de novela da Globo são projetos péssimos como essa tentativa de fazer um thriller tupiniquim cujo resultado foi assustadoramente ruim.
David e Juliana são um casal jovem, bonito, mas que mesmo assim passam por uma crise em seu casamento. Eles se mudam para uma nova casa, quando David começa um novo trabalho em uma renomada instituição financeira, entretanto o recomeço é abortado quando Juliana começa a desconfiar que o marido está tendo um caso, e devido ao fato de David se envolver em uma perigoso caso de fraude, o que vai levar a vida dos dois a um caminho sem volta.
Olha, eu vinha tentando nos últimos meses abrir algumas exceções para dar mais valor ao cinema nacional, mas projetos como “Conspiração Fatal” definitivamente me fazem perder qualquer vontade de seguir em frente, um filme tão mal produzido e mal executado que dá até desânimo.
Li certa vez que para se fazer um bom filme só se fazem necessárias duas coisas: uma câmera e uma boa ideia, e conhecendo um pouquinho dos bastidores de alguns títulos importantes do cinema, vemos que essa máxima é verdadeira, basta ver como obras icônicas como “Mad Max” (1979) ou “The Blair Witch Project” (1999) que foram produzidos com uma mixaria, então, baixo orçamento não é desculpa para o que encontramos por aqui, um roteiro que é tão ruim, mas tão ruim, que chega a ser constrangedor.
A história apresentada é terrivelmente requentada, não que clichês sejam ruins, bem feitos são algo interessante de se ver, mas misericórdia toda história necessita de um pouquinho de coerência, de coesão, precisa despertar o interesse do público, precisa nos fazer querer assistir mais daquilo, mas aqui, a cada cena essa vontade vai diminuindo, além do roteiro porco, temos uma direção de elenco catastrófica.
Eu ainda vou dar uma estrela por ter tido o prazer de rever o gato do Ricardo Ramory, que lá na minha adolescência me deixou babando toda vez que assistia a novela “Maria Esperança” (2007), e após simplesmente sumir da televisão, tive o prazer de reencontrá-lo, (ainda mais bonito e mais gostoso do que era naquela época) nessa bosta aqui. Mas fora isso nada, absolutamente nada, me agradou nessa desgraça, que deveria ter todas as suas cópias queimadas em praça pública e o diretor deveria ter sua licença do sindicato recolhida, pois “Conspiração Fatal” é daquele tipo de filme que de tão ruim nos faz perder o interesse no cinema como um todo.
THE KILLER Direção: David Fincher Ano: 2023 Assistido em: 11/11/2023
David Fincher sempre esteve entre meus diretores favoritos, o estilo dele sempre me chamou atenção. Desde pequeno, fui atraído por histórias mais pesadas e densas, e nesse sentido, encontrei nos filmes dele um verdadeiro parque de diversões, repleto de serial killers, vilões pervertidos e tramas sombrias. Então, após a cinebiografia sobre o Herman J. Mankiewicz, quando anunciaram que o próximo trabalho dele seria sobre um matador profissional, imediatamente me animei, estava super ansioso para ver como ele iria trabalhar um personagem que mata por profissão e não por diversão.
Quando um assassino profissional falha em sua missão de matar um homem em Paris, ele rapidamente retorna para sua casa na República Dominicana, e descobre que a organização que o contratou pretende eliminá-lo. Quando a esposa do assassino fica à beira da morte, ele decide se vingar caçando todos aqueles que tiveram algum envolvimento na tentativa de assassinato.
Sempre crio uma expectativa muito grande toda vez que Fincher anuncia um novo projeto, e devo esclarecer de antemão que eu não acho nenhum filme que ele tenha feito ruim, é claro que tem aqueles que são chatinhos, que não empolgam, como “Alien 3” (1992) e “Mank” (2020) por exemplo, mas uma produção de baixo valor ele nunca entregou, e aqui ele mantém o padrão de qualidade com um longa muito esmerado, direção bastante caprichada, fotografia muito bonita, montagem eficiente, e obviamente uma atuação comedida, mas interessante por parte do sempre excelente Michael Fassbender, mas infelizmente temos uma derrapada no roteiro, que era justamente o que mais me empolgava nesse projeto.
O primeiro grande sucesso da carreira do Fincher foi foi a obra-prima "Seven" (1995), que em minha humilde opinião é um dos títulos definitivos quando falamos de thriller, suspense e/ou filmes sobre serial killers, e o roteiro daquela obra espetacular era do Andrew Kevin Walker, que retorna na sua parceria com o diretor em “The Killer”. Sei que essa história não é original, é inspirada em uma grafic novel que não conheço, então não posso analisar se foi uma boa adaptação ou não, só que a sensação que tive é que a história apresentada é muito arrastada, e com poucos momentos que realmente chamam atenção. O começo é muito bom, com uma atmosfera que te prepara para o grande momento que é o assassinato, em seguida, vemos o plano falhando, e o assassino fugindo de Paris, voltando para casa, tudo isso é muito bacana, mas quando a história começa a focar na vingança, ao invés de empolgar o ritmo vai diminuindo, os personagens são rasos, eles estão morrendo, e honestamente não senti nenhum impacto com nenhuma das baixas de CPF.
De modo geral a Netflix traz produção muito boa, para um roteiro muito simples, se não fosse pela habilidade acima da média do Fincher de sempre criar uma estética visual muito impactante, ele passaria facilmente por aqueles filmes ordinários de vingança, do matador que quer se vingar porque mataram a mãe, a irmã, a esposa, a filha, a cadela, a periquita ou seja lá qual for a personagem feminina da vez, e não é isso que eu espero desse diretor. Sempre quero o melhor, porque eu estou acostumado a receber apenas o excelente vindo dele. Mesmo possuindo um bom saldo final, e sendo competente, para um projeto com a assinatura que tem, “The Killer” é uma curva para baixo na filmografia de seu autor.
THE MARVELS Direção: Nia DaCosta Ano: 2023 Assistido em: 10/11/2023
Se existe um ano que podemos dizer que foi o auge dos filmes de super-herói esse com certeza foi 2019, a Disney e a Marvel criaram uma expectativa tão grande para a conclusão da história dos Vingadores vs Thanos, que por tabela, conseguiram impulsionar outras produções para o sucesso, e nessa brincadeira entrou "Captain Marvel" (2019) que mesmo imerso a polêmicas, conseguiu se destacar e fez um tremendo sucesso, entrando para o seleto “clube do bilhão”, mas algo sempre foi nítido, tal sucesso nunca foi proporcional à qualidade do filme. Corta para quatro anos depois, temos a sequência, que diferentemente do primeiro chega em uma hora terrível, um momento tão ruim que você já conseguia antever o desastre com bastante antecedência.
Carol Danvers segue sua vida ajudando diferentes planetas e civilizações galáxia afora, quando ela é misteriosamente ligada a Monica Rambeau e a Kamala Khan. O que o trio de heroínas não imagina é que sua conexão também está ligada a Dar-Benn, a nova líder dos Kreei que pretende se vingar de Carol pelo fato dela ter derrotado sua antecessora 30 anos antes. Quando a vilã começa a abrir pontos de salto por todo o universo, e começa a colocar a nossa realidade em risco, caberá ao trio Marvels neutralizar essa perigosa ameaça.
Olha, sendo honesto nunca achei o primeiro a bomba que muita gente pinta, para mim sempre esteve dentro da média do MCU, mas não consigo acreditar que os executivos da Disney tenham acreditado que aquele filme de fato fez sucesso por méritos próprios, mesmo que a mídia tente forçar que existe boicote, que é machismo e blá blá blá, a parcela de bitolados que fazem esse tipo de barulho é mínima, e é inegável que o primeiro só fez sucesso por conta da conexão direta com “Endgame” (2019), e agora, sem o apoio dos Vingadores, a continuação não tem base para se sustentar. Brie Larson é uma atriz incrível, mas que de uns anos para cá, conquistou muita antipatia de uma parcela dos fãs. A Marvel até trocou a dupla de diretores do anterior, e entregaram para Nia DaCosta, que até então, eu não conhecia nenhum trabalho, mas que depois disso aqui espero nunca conhecer. Estou até agora tentando entender como um roteiro tão vazio, tão insosso, tão pobre, foi aprovado, isso parece mais um episódio qualquer de série procedural do que um filme.
Danvers não é um poço de simpatia, para mim Larson nunca entendeu como interpretar essa personagem com leveza, Teyonah Parris é uma atriz esforçada, mas sua personagem é bem qualquer coisa, não tem uma personalidade marcante, é só mais uma no meio do rolê. E diferente da maioria das pessoas, acho essa tal de Kamala Khan uma personagem chata pra caralho, assisti a série dela, e lá, eu já achava insuportável, mas aqui conseuguiu a proeza de ser ainda pior no papel de adolescente deslumbrado que fica babando ovo do seu ídolo, nunca tive paciência para isso nem quando eu era adolescente, quem dirá para ver nos cinemas. O trio é tão desconjuntado que é preciso fazer muito esforço para gostar, e nem vou falar dessa vilã que foi a pior coisa disparado dessa sequência, a atriz está pessimamente dirigida, faz umas caretas que não dá para defender (o que me faz acreditar que só foi escalada por ser esposa do Tom Hiddleston), sem falar que a origem e as motivações são as mais preguiçosas possíveis.
Tudo aqui remete a um título de segunda linha dentro do MCU, tudo é apagado, direção de arte, trilha sonora, cenários, montagem CATASTRÓFICA, é tudo simples demais, pobre demais. Quando falamos de sagas cósmicas, eu quero ver mais pluralidade, quero ver mais cores, quero ver mais brilho, algo mais próximo do que o James Gunn fez nos seus Guardiões da Galáxia, mas aqui é tudo lavado e sem graça. Mesmo que o título traga certa relevância para a saga do multiverso, estamos na metade da Fase 5 e nada empolgou ainda, o grande vilão Kang é uma incógnita que ninguém sabe que fim vai levar, a cena final só demonstra o quão o MCU está perdido ou alguém aí tem saco para ver um bando de adolecentes/jovens chatos reunidos?!
Inferior ao seu antecessor, e sem sombra de dúvidas um dos pontos mais baixos da Marvel Studios, “The Marvels” é descartável e nada empolgante, é daqueles que vai passar em branco e por mais que a mídia tente forçar que que o fracasso é devido ao boicote dos machistas, precisamos lembrar que a maioria do público consumidor do cinema é feminino, então se os homens estão boicotando, por que que as mulheres não vão assistir?! Mas deve ser mais fácil criar narrativas do que admitir a baixa qualidade do produto entregue, ou a saturação do gênero.
PS¹: Você sabe que a coisa está feia pro lado do Zé Boné, quando a cena mais memorável do filme é protagonizada por gatinhos.
SOUTHPAW Direção: Antoine Fuqua Ano: 2015 Assistido em: 05/11/2023
Filmes sobre esportes, que trazem uma grande lição de vida, não são novidade nenhuma, inclusive quando o assunto é o boxe. E muito se engana quem pensa que isso começou com Sylvester Stallone e seu Rocky Balboa, esse tipo de produção já rola por Hollywood desde os anos 1930, portanto não esperava nenhuma novidade vinda de "Southpaw”, mas sou adepto da teoria que um clichê bem feito é muito melhor de qualquer inovação meia boca, é sempre melhor apostar no seguro, e é isso que Fuqua faz.
Billy é um homem que cresceu em um orfanato e precisou aprender a se virar sozinho desde muito cedo, após muito esforço ele está no auge da sua carreira como boxeador. Ele é bem casado com Maureen, tem uma filha, é bem sucedido e rico. Nada parece abalar a felicidade da família, entretanto tudo vai abaixo quando uma besteira acaba ceifando a vida de Maureen. A perda leva Billy ao fundo do poço, e é justamente quando ele está lá embaixo que precisará fazer de tudo para recuperar seu bem mais valioso, sua filha.
Como disse no primeiro parágrafo eu prefiro uma história requentada bem conduzida do que uma inovação feita de qualquer jeito, Antoine Fuqua não traz nada diferente do que já não tenhamos visto em filmes sobre dramas esportivos ao longo das décadas, o personagem Billy lembra bastante o Rocky Balboa quando este cai em desgraça e precisa retomar sua carreira em uma das muitas continuações do original. O roteiro é simples sem nenhuma grande reviravolta, ele segue todos os tropos do seu gênero, sem nenhum grande percalço, você sabe para onde a história está indo, e nunca é surpreendido.
Sou muito fã do Jake Gyllenhaal, acho ele sem sombra de dúvidas um dos melhores da sua geração, e creio que não é bem valorizado em Hollywood, quem conhece a carreira dele sabe que o homem é capaz de performances absurdas, mas senti que aqui ele estava travado, o roteiro até apresenta condições necessárias para uma grande atuação, mas a direção do Fuqua é muito básica, e esse é um problema recorrente do trabalhos dele, que não consegue extrair atuações muito poderosas de seu elenco, a única exceção talvez seja o Alonzo Harris do Denzel Washington, mas aqui é nítido que o roteiro e ator principal poderiam ter apresentado algo muito mais eficiente do que nos foi entregue.
Em linhas gerais “Southpaw” é um filme muito bom, que talvez até seja ótimo para quem nunca assistiu a nenhum drama sobre boxe na vida, ele é bastante funcional, aposta sempre no seguro, e nunca se arrisca, não tenta reinventar a roda. O diretor se aproveita de uma história universal, ancorada em um elenco competente, para nos entregar algo um pouco acima da média, mas que infelizmente deixa a sensação de que poderia sim, ter sido melhor, caso o drama tivesse sido explorado com força total e sem medo de mexer com as emoções do espectador.
PS: Jake estava um absurdo de gostoso nesse filme.
PIXELS Direção: Chris Columbus Ano: 2015 Assistido em: 04/11/2023
Dá para contar nos dedos quantos diretores se dedicaram a produzir filmes de qualidade para crianças e adolescentes, nesse meio destaca-se Chris Columbus, nome praticamente onipresente nos maiores clássicos infanto-juvenis das décadas de 1980 e 1990. O poder do nome de Columbus se tornou ainda maior no começo da década de 2000 quando ele nos entregou seu maior legado cinematográfico, sendo o homem que trouxe nosso amado Harry Potter pela primeira vez para as telas do cinema, mas infelizmente não sei o que ocorreu com ele nos últimos anos que sua carreira começou a degringolar, e se existe alguma coisa no fundo do poço, com toda certeza é “Pixels”.
Quando uma raça alienígena considera os videogames clássicos dos anos 80 como uma declaração de guerra, eles decidem invadir o nosso planeta. Cabe ao governo americano pedir ajuda a um tipo diferente de especialistas, adultos que eram crianças na década de 1980, e que são a nossa melhor arma para defender o planeta.
Adam Sandler é um tipo de “ator” que se você passou dos 10 anos de idade, não tem como gostar, até dizem que ele consegue entregar boas performances dramáticas, mas nunca tive interesse em assistir nada "sério" dele, porque o cômico já me basta, ou melhor, não me basta não, porque não serve para nada, esse homem não é engraçado, não tem carisma, sempre faz as mesmas caras, enfim, não sei o que Hollywood viu nessa criatura, honestamente, todo o personagem dele é o homem bobo e fracassado que leva a vida como um enorme brincadeira, e é isso em todo o bendito filme, sem exceção, não varia, não muda, e para mim não dá.
Columbus, provavelmente usando a força do seu nome, consegue reunir um grande elenco para produção, Michelle Monaghan, Fiona Shaw, Sean Bean, Brian Cox, Peter Dinklage todos eles desperdiçados em personagens pavorosos de ruim, e sendo obrigados a dividir cena com Sandler, Kevin James e companhia limitada.
Como sou cria dos anos 90, não vivi essa época que o longa homenageia, portanto não tenho nostalgia por Pac-Man e semelhantes, creio que para quem possa ter vivido esse período, ele funcione melhor, mas a única coisa que consegui sentir foi vergonha, a ideia é boa, só que o roteiro é uma desgraça, e ainda não consegui entender como Columbus se enfiou numa furada dessas.
Existem filmes que mancham carreiras, “Pixels” com certeza é um desses, quando falarmos do Columbus, falarmos de sua trajetória, com certeza vamos lembrar dos filmes que ele escreveu como “Gremlins” (1984) ou “The Goonies” (1985), e das obras que ele esteve à frente como diretor como “Home Alone” (1990), “Mrs. Doubtfire” (1993) e os mega clássicos “Harry Potter”, mas isso aqui é algo a fingir que nunca existiu, só espero que ele consiga recuperar os tempos de glória da sua carreira que anda meio em baixa ultimamente, e principalmente, fique o mais longe possível de Adam Sandler e sua laia.
Cinema não é uma arte exata, não existe uma receita que caso seja seguida, impreterivelmente resultará em um bom trabalho, mas existem alguns conceitos que precisam ser respeitados, caso contrário você pode até ter uma boa história, mas que não chegará a ser um bom filme, e não há nada mais decepcionante do que ver algo que tinha muito potencial não atingir o nível que poderia ter atingido.
Hayley tinha uma banda de sucesso, entretanto ela teve que dar uma pausa na carreira devido ao fato de ter se casado e engravidado de gêmeos, e mais tarde, ao falecimento de seu irmão e parceiro, Jack. Passado alguns anos Hayley decide retomar a sua profissão, para substituir Jack, ela acaba contratando Enzo, um homem extremamente misterioso, com o qual ela desenvolverá uma aproximação perigosa. Quando Hayley e Enzo ultrapassam os limites profissionais, ela vai perceber que está colocando seu casamento com Carter e sua família em um risco que ela não poderia imaginar.
Suspenses eróticos não tem muito tem inovação, e não tem problema, gosto deles mesmo assim, o que me incomoda muitas vezes é ver como a execução da história é toda atropelada, “Plush” apresenta uma história até interessante, uma artista que após o período de luto, decide retomar a carreira, mas devido às críticas muito pesadas que recebeu, acaba se envolvendo com um cara que aparenta ser a inspiração que ele precisava, só que o grande problema existente aqui, é que Catherine Hardwicke parece que não estava sabendo contar essa história, ou melhor, parece que está faltando pedaços da história. A péssima edição, faz com que as coisas não se conectem, não existe progressão narrativa, os personagens mudam radicalmente como se uma chave fosse virada, sem que a história apresente elementos que justifiquem tais mudanças.
A primeira cena é um assassinato, e logo em seguida vamos para a apresentação da protagonista, que não tem absolutamente nada a ver com a cena anterior. Enzo é retratado a princípio como um homem de espírito livre, um artista sem muitas ligações com as burocracias da vida, e que se transforma em um psicopata do nada, até temos uma cena dele gritando com um menino, mas até aí tudo normal, já que gritar com um moleque insuportável não é indicativo de sociopatia. A protagonista que aparentemente é feliz com seu casamento, de repente tá dando igual a cadela no cio para o amante, as coisas acontecem de forma atropelada, nada é natural, a sensação que tenho é que faltou filme, como se diversas cenas tivessem sido cortadas, e cenas importantes, que davam mais sentido as atitudes dos personagens, que justificassem as ações que eles iriam tomar lá na frente, isso sem falar da já mencionada psicopatia do Enzo que não foi trabalhada e soou como algo completamente avulso e tirado do vento.
Nunca tive boas impressões dos trabalhos da Hardwicke que já havia assistido, e apesar de todos os pesares, achei esse aqui o melhor longa dela, entre os três que tive oportunidade de assistir, entretanto, apesar da boa condução dos atores, a tesoura aqui estava amolada demais, muitas cenas importantes provavelmente foram podadas na ilha de edição, transformando “Plush” em um retalho. Do ponto de vista erótico, tudo é bem comportadinho, não é bancando o moralista, mas a personagem principal é bem escrota, uma mulher que trai um bom marido, e que ainda tem a cara de pau de ver o amante entrando dentro da casa deles, fazendo amizade com o esposo, brincando com os filhos, e não contar a verdade, é de um mau caratismo absurdo. Temos um final em aberto, mas honestamente, torço para que a Hayley de alguma forma tenha pago pelo erro dela, porque não é justo a mulher destruir uma família se dar bem no final.
“Plush” não é nem de longe o pior exemplo de thriller erótico que temos por aí, a Netflix está lotada de coisas piores, mas também não é de todo um desastre, como disse lá em cima é uma boa história, desperdiçada devido a uma condução atropelada por parte da direção, um filme que talvez funcionasse melhor se entregue a um diretor que mostrasse mais ao invés de apenas insinuar. Existe uma máxima do cinema que diz “não conte, mostre”, e é justamente nesse ponto que Catherine Hardwicke se perdeu, porque ela deixou de mostrar muita coisa, que só enriqueceriam ainda mais seu trabalho, uma pena.
SILENCE Direção: Martin Scorsese Ano: 2016 Assistido em: 02/11/2023
Fé é uma questão muito complexa, não existe meio termo, ou você crê, ou não, não enxergo as coisas por nenhum outro prisma, e conhecendo o grandioso Martin Scorsese, sei bem que religião é muito importante na vida dele, já que é filho de uma tradicional família italiana, e até foi seminarista, mas ainda bem que ele desistiu dessa ideia, e nós ganhamos uma sequência de alguns dos melhores filmes já produzidos na história. Com “Silence”, Scorcese nos dá uma amostra de como foi o trabalho dos Jesuítas em seu processo de catequização de povos que eram pagãos aos olhos da igreja católica, só que diferentemente do que aconteceu nos continentes americano e africano por exemplo, no Japão, eles quebraram a cara.
Na metade do século XVII o cristianismo tornou-se proibido no Japão, um dos últimos Jesuítas que estava em missão no país encerra misteriosamente suas comunicações com Roma. Dois padres são enviados para o local com o objetivo de investigar o que ocorreu, ao mesmo tempo que continuam pregando a palavra de Cristo, entretanto a missão não será nada fácil quando o governo local se mostra radicalmente decidido a combater o expansionismo cristão.
Não há muito o que dizer sobre um filme de Martins Scorsese, ele é um mestre absoluto no que faz, e com o tempo só melhora. Este ano, com o lançamento de “Killers of the Flower Moon” (2023) muita gente questionou a necessidade da longa duração de seus filmes, e apesar dessa história ter alguns minutos a menos, ele também foi criticado por suas 2h40min, mas honestamente, nem senti o tempo passar, o ritmo criado pela ótima edição e pela montagem, criam uma progressão narrativa excelente para a história. Os demais detalhes técnicos como direção, atuações, figurinos e fotografia, criam o cenário perfeito para que você se sinta dentro daquele contexto, outro ponto que merece destaque são as paisagens naturais de Taiwan, aqui simulando o Japão, resumindo: elogiar Scorsese é redundante, ao longo desses 50 anos de carreira, ele já recebeu todos os elogios mais do que merecidos.
Um filme como esse mexe muito com as pessoas, mas de diferentes maneiras, creio que para quem é católico, deva ser muito angustiante saber que aqueles que pregavam a sua fé foram perseguidos, eu por outro lado prefiro enxergar tudo pelo viés histórico, me interessa muito ver como ocorreu uma luta de culturas, como um país se defendendo da forma que podia (obviamente não muito humanitária), e com o que eles tinha a disposição para combater uma cultura invasora.
Sou agnóstico, entretanto venho de uma família católica, e durante muitos anos fui frequentador assíduo da igreja, só que diferentemente do padre Sebastião eu nunca tive fé, sempre estave ali apenas fazendo gosto para minha mãe, até quando atingi uma idade no qual já conseguia responder por mim mesmo, e abandonei definitivamente aquela instituição, que para mim era irrelevante, já que não acreditava em quase nada do que ela prega. Porém sou muito apegado a história, e eu acho incrível como a religião cristã que em sua origem sofreu perseguição por parte do império romano, não perdeu tempo para fazer a mesma coisa com outros povos quando assumiu o poder. Nunca consegui entender essa mania chata das religiões de origem abraâmicas de querer empurrar suas crenças goela abaixo nas pessoas, sempre achei de uma prepotência muito grande afirmar que a sua fé é maior do que a do outro, que a sua é a verdadeira, e que a do coleguinha é falsa, é errada, e por isso ele PRECISA conhecer a verdade.
O cristianismo foi responsável por apagar da face da terra inúmeras culturas, que jamais serão recuperadas, o que esse pessoal fez na idade média é um crime contra a humanidade, e infelizmente não tem como isso ser reparado, basta ver o que fizeram com os povos originários aqui da América, o com as diversas tribos africanas.Em momento algum eu consegui enxergar os protagonistas como vítimas, não apoio de maneira alguma as barbáries que eles sofreram, entretanto a igreja católica também torturou muita gente na época da inquisição, e ninguém obrigou aqueles padres a irem até lá, eles foram conscientes do perigo, tentaram acabar com a cultura milenar japonesa, só que quebraram a cara, e como grande admirador da cultura nipônica, só tenho que bater palmas para incrível resistência do povo daquela época que não se dobrou, e para o governo que mostrou para Roma que eles não podiam fazer o que bem entendessem em qualquer parte do mundo. Hoje o cristiaismo é liberado no Japão, mas apenas 1% da população é adepta, e apenas aqueles que a escolheram, bem diferente de diversos outros países, onde a doutrina é tão enraizada, que mesmo você querendo, é impossível escapar da influência.
Com um elenco primoroso liderado por Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson e por atores japonês talentosíssimos, Scorsese entrega um épico que questiona muito sobre crença, sobre o que você acredita, o título é muito condizente, e conversa muito com a jornada do protagonista, afinal a fé nada mais é do que seguir acreditando, mesmo diante do silêncio, da ausência de respostas. Independente de posicionamento religioso, creio que o filme serve como uma excelente aula, que não tive oportunidade de assistir em 2016, mas agora, olhando em retrospecto, fico chocado como foi ignorado pelas grandes premiações, sendo que muita coisa inferior daquele ano foi aclamada, mas até aí só mais uma das muitas injustiças do mundo no cinema.
O LADO BOM DE SER TRAÍDA Direção: Diego Freitas Ano: 2023 Assistido em: 01/11/2023
Confesso que não sou muito adepto de filmes nacionais, mas as vezes, quando, um ou outro consegue furar a bolha, e começa a ficar relativamente famoso, decido dar uma oportunidade, e diante do buburinho que esse aqui gerou, resolvi dar uma oportunidade, junta-se a isso o fato de eu ser grande fã do gênero triller erótico, inclusive é meu maior guilty pleasure cinematográfico, mas minha gente, não há como defender não, é por conta, de produções como essa, que o cinema brasileiro tem uma péssima fama.
Babi é uma jovem bonita, bem sucedida, e acredita ter encontrado o amor de sua vida na figura de Caio. Ela estava de casamento marcado, quando descobre que seu noivo está lhe traindo. Completamente desolada, ela acaba conhecendo Marco, juiz de um caso no qual Caio está sendo investigado. Enquanto Babi e Marco vão se envolvendo, a moça corre um sério risco de vida, quando uma pessoa misteriosa começa a perseguir-la.
Gente do céu, não vou bancar o moralista, se eu quisesse assistir filmes bons, ia atrás do top 250 do IMDb, ia atrás da lista dos indicados ao Oscar, ou dos vencedores do Palme d'or em Cannes, enfim, se cheguei até aqui, foi simplesmente para ver putaria, mas ao menos uma putaria com uma boa história, porque sexo por sexo, filme pornô está aí para isso. O grande problema, e que trama apresentada é horrorosa, é de um amadorismo aterrador, existem contos eróticos na internet que colocam esse roteiro profissional no chinelo, isso aqui tá mais fanfic de adolescente, e para piorar ainda mais, a direção é capenga demais, direcionando os atores a performances vexatórias, não vou colocar a culpa nos atores, porque muitos aqui já vi na TV e sei que são capazes de entregar algo melhor, mas a imperícia da direção não permitiu.
Para quem é mulher ou para quem é gay como eu, o filme é um prato cheio no sentido de homem gostoso, Micael Borges e principalmente Leandro Lima aparecem sem roupa e convenhamos que ambos são gostosos demais, o única falha nesse quesito, foi não ter tirado a roupa do Bruno Montaleone também. Mas todos eles têm fotos sem camisa na internet, não sendo justificativa suficiente para dedicar 1h30min de nossas vidas. Com uma protagonista tapada, que não presta atenção ao óbvio que está na sua frente, é tudo tão previsível que nas primeiras cenas, já é possível acertar o fim da história, que não traz absolutamente nada de bom quanto a questões narrativas.
Em linhas gerais, “O Lado Bom de Ser Traída” não tem lado bom nenhum quando a gente fala de qualidades cinematográficas, é um filme feito para uma senhora presa a um casamento no ponto morto, e que ainda não descobriu nenhum site de pornografia na internet. É uma tristeza quando você percebe que o único atrativo de um filme são os atores sem roupa, particularmente não estou reclamando disso, porque já estou acostumado com esse tipo de problema, já que assisto muitos títulos desse tipo, mas queria ao menos uma historiazinha mais trabalhada e melhor alinhada.
SAN ANDREAS Direção: Brad Peyton Ano: 2015 Assistido em: 31/10/2023
É de conhecimento quase unânime que o gênero desastre não são muito refinados quando o assunto é roteiro. A maioria dessas produções apenas querem exibir cenas grandiosas de desgraça, reforçando o poder do CGI moderno, enquanto seres humanos são abatidos para nossa diversão. Portanto não vou fingir que aguardava um futuro clássico quando decidir assistir a “San Andreas”, mas também não esperava por tamanha mediocridade, ou que ele seguisse tão à risca a cartilha dos filmes desastre, que desde a década de 1990 não sofrem nenhuma alteração significativa.
Quando uma série de terremotos começa a atingir a costa oeste norte-americana, um piloto de helicópteros que trabalha em uma unidade de resgate começa uma desesperada corrida para salvar sua filha e ex-esposa que estão na cidade de São Francisco, onde estão ocorrendo os mais intensos tremores, e que brevemente será completamente destruída.
Quem conhece um pouquinho de geografia sabe muito bem do que que se trata a bendita San Andreas do título, uma gigantesca falha geológica entre duas placas tectônicas que fica situada no oeste dos Estados Unidos. O local é cenário de horror para os americanos, já que por ser tratar do encontro de duas placas tectônicas, é cenários de muitos terremotos, inclusive existe a “lenda” do chamado "Big One" um terremoto nível 9 ou superior na antiga escala Richter que provavelmente vai destruir inúmeras cidades como São Francisco, San Diego, Los Angeles e por aí vai. Diferente de outros filmes catástrofe que se aproveitam de fenômenos praticamente impossíveis de acontecer, esse aqui se aproveita de um medo real, inclusive os americanos têm um trauma terrível com isso, já que São Francisco foi arruinada no grande terremoto de 1906, portanto eles estão sempre alertas com a possibilidade de um novo cataclisma, resumindo: existia muito a que se explorar com esse tema, o problema foi a forma como tudo foi feito.
Não sou fã do The Rock para mim ele não é ator, é só um daqueles muitos brucutus que Hollywood decidiu transformar em artista, e aqui temos mais uma vez ele bancando o Superman, o homem é piloto de helicóptero, piloto de barco, piloto de carro de F1, piloto de trem bala, piloto de ônibus espacial, etc., as leis da física não se aplicam a ele, tremores não o assustam, deslizamentos não o atingem, e ele consegue engolir grandes inundações. Ray é aquele personagem vazio, unilateral e completamente estereotipado, que só existe com o objetivo de exibir os músculos do "ator", aliás, nenhum personagem tem aprofundamento, nenhum é bem trabalhado, em resumo é um roteiro pobre, vazio, sem estrutura, e que só se vale da carnificina para animar o espectador, essa pelo menos, é bem feita.
“San Andreas” não traz absolutamente nada de novo, muito pelo contrário é uma grande amálgama de tudo que você já viu, aliás quem já assistiu qualquer trabalho do Roland Emmerich consegue facilmente prever tudo o que acontece aqui, já que é inegável a influência de títulos como “The Day After Tomorrow” (2004) e "2012" (2009), só que enquanto no primeiro existia uma relação consistente entre o pai e um filho, dois seres humanos normais tentando sobreviver a uma imensa onda de frio na cidade de Nova York, aqui temos um super humano sem expressões faciais, que que quer salvar uma filha. Em linhas gerais, quem for assistir, é melhor ir se preparando apenas para receber algumas sequências interessantes feitas em CGI de gente se fudendo, porque se você quiser ver bons personagens, sobrevivendo de ao meio do caos, pode esquecer, aqui não é lugar para isso.
Não sei quem foi que inventou o termo guilty pleasure, mas essa pessoa deveria receber um prêmio, porque vergonha é exatamente a palavra que define o fato de que sou fã de um gênero que para cada filme bom, tem mil ruins. Adoro um bom thriller erótico, mas por Deus que filmeco foi esse?! E olha que existiam condições perfeitas para fazer um bom trabalho, mas a incompetência dos envolvidos foi maior, e o resultado final foi uma verdadeira lástima.
Zoe é uma mulher bem sucedida, dona de uma empresa de arte, bem casada com um marido que ama, e dois filhos. A vida dela seria perfeita se Zoe não tivesse um pequeno problema: ela é viciada em sexo. Certo dia ela acaba conhecendo Quinton, um artista com quem deveria fazer negócios, entretanto ela é seduzida pela beleza do misterioso homem e acaba começando um caso com ele. Entretanto o comportamento doentio de Zoe vai colocar a sua vida até então toda ajeitadinha em um caminho completamente desgovernado.
Olha, vício é uma coisa muito delicada de ser tratada, é preciso muito cuidado por parte do roteiro e da direção de um filme para não acabar causando um grande desserviço. Zoe é vendida na história como uma mulher doente, uma pessoa viciada em sexo, o problema é que o roteiro em momento algum transparece isso, a história nos mostra uma pessoa normal, que devido a uma fase morna no casamento, quando se viu diante da oportunidade de transar com um gostosão acabou decidindo por chifre no marido. O roteiro tenta nos dizer uma coisa, mas mostra outra, em momento algum você sente que a protagonista é doente, muito pelo contrário, a única impressão que fica é que ela é uma bela de uma vagabunda, que entediada com o casamento perfeito, decidiu botar um chifre no marido. Se ali existe um problema de saúde não pareceu.
O roteiro é tão mal escrito e tão deficiente em transmitir qualquer desenvolvimento de personagem, que as coisas não fluem com naturalidade, tudo acontece na história brotando do nada, Quinton era um homem compassivo, amante das artes, e do absoluto nada, vira um psicopata, assim como a própria Zoe, que também do nada se recorda de um estupro, que é usado como desculpa para as suas atitudes. Não que isso não seja possível na realidade, mas em um filme, isso não pode acontecer do nada, faltando 10 minutos pro fim da história. E outra, como esse marido é banana hein?! Perdoar a adúltera depois de ter levado chifre de não sei quantos, é muita falta de amor próprio.
Em linhas gerais "Addicted "é ruim em todos os sentidos, o roteiro parece ter sido escrito por um adolescente de 15 anos, a direção é capenga, uma protagonista que Deus que me livre, que atriz horrenda. Para não dizer que não tem nada que presta aqui, há bastante, homem gostoso pelado, aliás cheguei aqui por causa do William Levy, e ainda ganhei o Boris Kodjoe e o Tyson Beckford igualmente sem roupa, e pelo menos nesse sentido o filme se garante, mas de resto é daquele tipo de produção C, que na época das locadoras ficavam no fundo da prateleira, criando pó e teia de aranha, porque definitivamente não merecia sair de lá.
HELLBOY II: THE GOLDEN ARMY Direção: Guillermo del Toro Ano: 2008 Assistido em: 29/10/2023
Como disse no comentário do primeiro filme, o universo do Hellboy não me conquistou, nem mesmo Guillermo del toro conseguiu me fazer embarcar nessa mitologia, e olha que eu tinha gostado de absolutamente todos os projetos dele que tinha visto até então, mas como li pela internet afora que o segundo título era melhor do que o primeiro, vim com algumas expectativas para que agora pudesse curtir esse universo, mas infelizmente “The Golden Army” só reforçou tudo aquilo que senti com o primeiro: um filme aquém da capacidade de seu talentoso diretor.
Quando Nuada, um príncipe do submundo, retorna após séculos com o objetivo de dominar a Terra, Hellboy, Liz e Abe terão que se esforçar para combater a ameaça. Entretanto, isso não será nada fácil, já que o príncipe tem o objetivo de trazer à tona um exército de máquinas super poderoso conhecido como exército dourado, que para Hellboy, era apenas uma fábula da sua infância, mas que agora se tornou uma perigosa ameaça na sua frente.
Esse segundo título funciona perfeitamente para quem curte o primeiro, afinal de contas ele tem exatamente os mesmos pontos fortes, os efeitos especiais são bons, a maquiagem é boa, os cenários, os atores são competentes, enfim, mas quem não gostou, como eu por exemplo, provavelmente também não vai gostar. Exatamente como no “Hellboy” (2004) original, meu problema com esse segundo é com a história que é muito fraca, sem vitalidade e sem nenhum atrativo. O vilão, meu Deus do céu, que coisa horrorosa, volto a repetir que não conheço o material base, mas se as histórias no papel forem como as apresentadas nos cinemas, jamais entenderei como isso conseguiu fazer sucesso.
Quando penso em Guillermo del Toro, sempre espero o melhor, ele é um diretor talentosíssimo, muito acima da média, e demonstra muita paixão em tudo que faz, mas honestamente, seus dois Hellboys ficam no fundo de sua filmografia, não tem nenhum outro filme que perca para esses dois. Com exceção de “Nightmare Alley” (2021) todos os outros trabalhos dele que assisti eram autorais, talvez seja por isso que eu tenha gostado mais. O estilo de direção dele funciona melhor nas suas próprias criações do que quando ele decide adaptar algo de outra pessoa, e olha que nunca assisti “Blade II” (2002).
Vejo que muita gente na internet pede por um Hellboy III, mas honestamente, não faço parte desse time, prefiro o diretor mais próximo da fantasia e bem longe desse negócio de adaptação de histórias em quadrinhos, porque honestamente para mim não funcionou nem um pouco. Se tratando desse personagem, não quero nem saber de qualquer outro filme, fico por aqui mesmo.
HELLBOY Direção: Guillermo del Toro Ano: 2004 Assistido em: 28/10/2023
Tirando as histórias da Marvel e da DC eu nunca fui muito chegado a histórias em quadrinhos desse lado do globo (Turma da Mônica é a exceção), sempre fui o cara dos mangás, então nunca conheci o Hellboy além do nome, e muito menos seu universo ou os demais personagens. Lembro que lá pelos idos de 2004, meus colegas de escola ficaram muito ansiosos com esse filme, mas não fui fisgado, e simplesmente deixei passar. Agora quase 20 anos, e sendo eu um grande admirador do trabalho do Guilhermo del Toro, resolvi dar uma oportunidade para esse filme, e honestamente foi uma grande decepção, sempre espero pelo melhor vindo da figura do del Toro, mas o que encontrei foi apenas mediocridade.
Hellboy é uma criatura demoníaca que foi encontrada pelas forças aliadas próximo ao fim da Segunda Guerra. 60 anos depois ele se tornou uma das principais armas do governo norte-americano contra forças ocultas. Quando um terrível inimigo há muito considerado morto retorna, caberá a Hellboy e seus aliados combaterem as forças do mal.
Guilherme del Toro demonstra bastante capricho em filmes, ele é extremamente detalhista, basta vermos como são ricas as mitologias que eles que ele cria para suas histórias, e aqui você sente muito desse cuidado dele com a maquiagem, com os figurinos, com os efeitos especiais, que quase 20 anos depois são melhores do que é produzido hoje em dia, enfim tecnicamente falando é um filme muito esmerado. Mas o roteiro é de uma simplicidade absurda, todos os trabalhos anteriores que já assisti do diretor possuíam muita personalidade, tinham muito o que dizer nas entrelinhas, mas isso aqui é vazio, é genérico como qualquer outro produzido naquela metade de década, e ao que é feito hoje, e que convenhamos, já saturou.
O elenco encabeçado por Ron Perlman é muito bom, entretanto com exceção do protagonista, os personagens não são. Hellboy tem bastante personalidade, ele é bastante sarcástico, é “descolado”, só que o roteiro não colabora, com uma historinha tão genérica e totalmente qualquer coisa, vilão horrível, e personagens de apoio desinteressantes, não tem protagonista bom que salve.
Ainda vou dar uma oportunidade para sequência, porque dizem que é melhor do que esse primeiro, mas honestamente, o universo de Hellboy não me convenceu, e se Guillermo del Toro não conseguiu me fazer imergir nesse universo, não vai ser reboot de 2019, não vai ser filme novo que está sendo gravado esse ano para lançar no ano que vem, que vão reverter essa situação. Comigo, esse diabão vermelho começou com os dois pés esquerdos.
GUNGA DIN Direção: George Stevens Ano: 1939 Assistido em: 22/10/2023
Não conhecia a existência desse filme até uns meses atrás, quando escutando um podcast sobre “Indiana Jones” citaram que “Gunga Din” foi uma das prováveis influências de Lucas e Spielberg na criação do arqueólogo mais famoso e amado do mundo, e lá fui eu buscar informações sobre o mesmo, e descobri que foi dirigido pelo grande George Stevens, e trazia no elenco nomes como Cary Grant, Douglas Fairbanks Jr. e Joan Fontaine. Não tinha como não gostar, importante recorte histórico, grande diretor e elenco, tudo caminhava para se tornar um dos meus títulos favoritos da década de 1930, mas é aquele ditado: a expectativa é a mãe de muitas das decepções.
Na Índia Britânica do século XIX, três soldados recebem uma missão de investigar o porque do contanto com um posto avançado ter sido interrompido durante o envio de uma mensagem. Os três serão auxiliados por Gunga Din, um bhisti que deseja se tornar membro do exército da Rainha Vitoria. Entretanto em seu caminho eles são atacados pelos Tugues, fanáticos religiosos que seguem a Deusa Kali, que são adeptos de rituais de sacrifícios e que todos acreditavam estar desaparecidos a quase meio século.
Li em todos os comentários que a produção é datada e traz uma visão extremamente preconceituosa e xenófoba sobre os povos indianos, mas não adianta chorar o leite derramado, não podemos voltar 150 anos no tempo o mudar a forma de tratamento que o Reino Unido deu a Índia, e muito menos condenar Hollywood por uma visão racista que era prática comum 84 anos atrás, infelizmente nos resta usar essas retratações erradas como ferramenta de estudo nos dias atuais, para vermos como não retratar uma nação e seu povo em uma tela de cinema, mas ir além disso é mera anacronismo.
Não tenho nada contra produções com um ritmo mais lento, algumas histórias têm uma cadência muito particular, mas o problema é quando um filme de duração padrão, parece durar uma eternidade, graças a monotonia do roteiro. “Gunga Din” do alto de suas comuns duas horas parece ter durado o dobro do tempo de “Giant” (1956), por exemplo, trabalho de três horas do mesmo diretor, e olha que aqui existem sequências de ação que deveria nos animar, mas que infelizmente não funcionam.
É bem notável o legado dessa obra, e que sim, ele influenciou o nosso querido Dr. Henry Jones Jr., a mistura de humor, com cenas de ação, o jeito irresponsável do personagem do Cary Grant, o total desrespeito com as populações locais, enfim, é tudo muito forte, mas infelizmente, nesse caso sou obrigado a dizer que Spielberg, Lucas e companhia melhoraram e muito as ideias apresentadas e conseguiram criar algo muito mais marcante, e memorável, não vou negar a importância de “Gunga Din”, mas também não vou negar que me deixou com um gosto amargo na boca, já que tecnicamente é um filme muito bem realizado, com um elenco absurdo, mas com uma história chocha e que não empolga, uma pena, pois detesto não gostar de clássicos do cinema.
Fazendo uma breve confissão de culpa, preciso dizer que nunca assisti a “Footloose” (1984) completo, vi apenas algumas cenas ao longo dos anos, mas não posso negar que reconheço a importância do mesmo, e principalmente o impacto que a trilha sonora ICÔNICA teve para a cultura pop no geral, mas enfim, surgiu a oportunidade de assistir esse remake, particularmente eu mesmo julgo isso como um crime, mas foi a oportunidade que apareceu, e decidi ver assim mesmo, e não é que eu gostei do que assisti.
Ren McCormack é um adolescente de Boston, que após a morte de sua mãe vai morar com o tio no interior da Georgia. O problema é que a pequena cidade é extremamente provinciana, e liderada com rigidez pelo reverendo e vereador local, Shaw Moore, que após a morte de seu filho em um acidente de carro, decide criar uma lei que proíbe os jovens do lugar de participarem de festas, dançar e até mesmo impõe um toque de recolher. O problema é que Ren é um ginasta e dançarino apaixonado por dança, e fará de tudo para liberar a cidadezinha da tirania do religioso, e ainda por cima irá se encantar pela filha do mesmo.
Quando eu li a sinopse do filme original pela primeira vez, achei tão absurda que nem coloquei muita fé no mesmo, uma cidade inteira ser proibida de festejar porque um fanático religioso decidiu que essa era a melhor opção, soava muito surreal para mim, ainda mais para uma produção contemporânea. Corta para 2023 e estamos vivendo uma realidade onde políticos da bancada evangélica estão propondo as maiores sandices que até alguns anos seriam impensáveis. Resumindo o absurdo de “Footloose” está se tornando realidade, uma assustadora realidade.
Falando da produção em si, o roteiro é básico, mas muito funcional, é o romance impossível clássico, e a eterna briga de gerações entre adolescentes e adultos, enfim, é um feijão com arroz bem temperado, que não traz nada de novo, mas que funciona no final. Vi muita gente dizendo que esse remake é bem fiel ao original, e mesmo achando que o elenco não é lá muito carismático, gostei muito do protagonista, Kenny Wormald além de lindo, é ótimo, e o fato dele ser dançarino profissional faz com que suas cenas sejam excelentes, nos fazendo entrar na energia do filme.
Por mais que eu nunca passado incólume ao original, o mesmo não posso dizer de sua trilha sonora, que claramente é o maior legado dessa marca e que desde que me entendo por gente esteve presente nos CDs, MP3 e streamings daqui de casa, principalmente a música tema do Kenny Loggins, e a icônica “Holding Out for a Hero”, o maior hino da Bonnie Tyler, eu já esperava que elas receberiam novas versões nessa nova produção, e isso me broxou automaticamente, com clássicos não se mexe, preferia um milhão de vezes que usassem as versões originais aqui também.
Não sei se essa produção de 2011 é igualável ao clássico, mas comparando as cenas do original que conheço, esse aqui não deixou a desejar não, Craig Brewer fez um excelente trabalho, basta ver a apoteótica cena final, que tal qual na versão de 1984, nos faz querer levantar e sair dançando junto aos atores. O primeiro recebeu no Brasil o subtítulo de “Ritmo Louco”, esse aqui por sua vez foi batizado como “Ritmo Contagiante”, mas o que não dá para negar é que a vontade de dançar de fato é contagiante, e nesse sentido “Footloose” é certeiro.
PS: Todo e qualquer filme que tem fanático religioso quebrando a cara, automaticamente já ganha uma estrela a mais.
FAIR PLAY Direção: Chloe Domont Ano: 2023 Assistido em: 21/10/2023
Admito sem nenhum tipo de problema que um dos meus maiores guilty pleasures na sétima arte são os thrillers eróticos, sempre amei ver esse gênero que chamo carinhosamente de “estilo Supercine”, aqueles com femme fatale, com o homem errado no lugar errado, com envolvimento romântico que vai terminar dando uma grande merda, enfim, aqueles que a Globo sempre exibia nos seus sábados a noite, e quando vi anunciando que esse filme tinha sido muito bem recebido no festival de Sundance, fui correndo assistir, e fiquei muito surpreso com o que eu encontrei, primeiramente porque não há quase nada de erótico aqui, e segundo é a importante discussão que a história levanta.
Emily e Luke são um casal apaixonado, que decide dar um passo adiante e ficarem noivos. Só que tem um pequeno probleminha no meio do caminho, eles trabalham no mesmo local, em uma empresa onde relacionamento entre funcionários é proibido. Quando um cargo de chefia fica disponível, Luke acredita que vai assumir, entretanto é Emily quem acaba sendo promovida, isso levará o relacionamento dos dois a um novo patamar, ocasionando consequências, que eles não serão capazes de lidar.
Como disse lá em cima, quase não temos nada de thiller erótico por aqui, mas temos algo muito mais importante para ser discutido, o grande tema apresentado é o machismo estrutural. Não sou nem um pouco adepto dessas bandeiras que a turminha chata do politicamente correto gosta de erguer, mas claramente vemos uma mulher sendo promovida por seu mérito, e um homem que não consegue aceitar essa situação, não consegue assumir que ela é melhor do que ele, e para se sentir melhor, necessita desmerecê-la de todas as formas possíveis, duvidando de sua integridade, acreditando que para conseguir a promoção ela provavelmente teve um caso com seu chefe, que ela está se prostituindo, enfim, tudo passa pela cabeça dele, menos que ela conseguiu por mérito próprio, e por que é melhor do que ele.
A partir do momento que Luke não consegue superar o sentimento de inferioridade, Emily se torna sua inimiga, e é aí que o então casal apaixonado entra em uma espiral de decadência e destruição, que acaba se tornando muito perigoso. Não há nada pior do que uma pessoa com orgulho ferido, ela é capaz de coisas absurdas e é justamente isso que vemos acontecer com os protagonistas, na cabeça de Luke ele foi roubado, foi trapaceado, ele não consegue enxergar como sua responsabilidade o fato de não ter sido promovido, ele se humilha diante de seu chefe (em uma cena extremamente constrangedora), mas não consegue perceber o quão mesquinho está sendo com a mulher que tinha acabado de pedir em casamento.
Desde muito cedo na minha vida profissional, descobri que no trabalho não temos amigos, no trabalho temos colegas, ou melhor, temos conhecidos, pessoas que não vão deixar de passar a oportunidade de te apunhalar pelas costas, de usar informações para te trair e coisinhas afins. Existe um ditado muito antigo que diz “onde se ganha o pão, não se come a carne”, e vi isso acontecer inúmeras vezes na minha frente ao longo dos anos de trabalho, portanto “Fair Play” só reforça uma linha de raciocínio que tinha há muitos anos: o trabalho serve para garantir o nosso sustento e acabou, o melhor é deixar aquelas pessoas ali isoladas do restante de nossas vida.
Chloe Domont faz um belo trabalho de estreia, mesmo a história sendo um pouco mais devagar ela não é daquele tipo que de tão lenta causa tédio, a progressão de acontecimentos é interessante, você observar a construção dos personagens, você consegue antever que uma merda muito grande vai acontecer muito em breve e fica assistindo de camarote. Quando a história entra na sua segunda metade, o filme deslancha. A Interpretação da dupla Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich é muito boa, ambos estão afiados e a direção também é segura, entretanto a fotografia é muito carregada, o que acaba incomodando, assim como o fato de que não há quase nada de muito interessante do lado erótico, até temos uma cena ou outra de sexo, mas é tudo muito comportado, nada que vai fazer corar uma pessoa acostumada com os filmes do mesmo gênero produzidos nos anos 90. A Netflix adiciona tantas bombas em seu catálogo, que nem vale a pena recomendar, mas esse não é o caso de “Fair Play” que traz uma discussão muito válida, sobre algo que acontece todos os dias em diversos partes do mundo, e uma última observação: adorei o título, traz uma ironia muito interessante sobre como as coisas se desenvolvem na história.
PS: Luke é um filho da puta desequilibrado, mas estava certíssimo sobre o fato da Emily não se impor, basta ver como ela é tratada pelo chefe, e nem se mexe para mudar isso.
AWARENESS Direção: Daniel Benmayor Ano: 2023 Assistido em: 21/10/2023
Sei que é bastante injusto comparar o cinema hollywoodiano com produções do restante do mundo, filmes nos Estados Unidos representam uma indústria gigantesca que move bilhões e bilhões de dólares anualmente, e que representa uma boa parcela do PIB do estado da Califórnia, portanto é até covardia esperar que outros países, onde o investimento não é tão grande, produzam algo do mesmo nível. Mas gosto muito de ver como o cinema de outras partes do mundo trabalha gêneros que em Hollywood são totalmente batidos e gastos, muitas vezes me surpreendo bastante, mas aqui não foi o caso. “Awareness” traz uma tentativa de ficção científica/suspense vinda diretamente da Espanha, só quem infelizmente tal qual acontece frequentemente na terra do Tio Sam, eles esqueceram do principal: um bom roteiro.
Ian é um jovem de 18 anos que vive na marginalidade junto do seu pai, ele tem misteriosos poderes e utiliza-os de uma forma completamente errada, aplicando pequenos golpes e realizando alguns furtos. Entretanto certo dia quando Ian utiliza suas habilidades de uma maneira irresponsável, ele acaba entrando na mira de uma perigosa organização. Só que o que ele não poderia imaginar é que as pessoas que o estão perseguindo saberiam sobre segredos ocultos de seu passado, desconhecidos por ele.
Olha, a ideia inicial é bem batida, não há nada aqui que já não tenha sido produzido zilhões de vezes em diferentes partes do mundo, entretanto ainda assim fiquei curioso para ver se a abordagem europeia seria diferente da americana, porém, o maior problema aqui é o roteiro extremamente apático, a história é sem graça demais, um filme pode ser ruim, não tem problema nisso, pois ele vai despertar sensações negativas em seus espectadores, mas ainda assim mexerá com os nossos sentimentos, o problema de histórias apáticas é que elas não nos despertam nada, e isso é muito pior, porque a impressão que fica é que apenas desperdiçamos tempo.
O roteiro tem seus mistérios tem suas intrigas que vão aos poucos sendo reveladas, mas honestamente tanto faz tanto fez, as personagens são todas sem carisma, sem vitalidade, eu não estou nem aí se os vilões vão conseguir capturar o mocinho, porque eu também estou pouco me lixando para ele e para seu pai, isso porque a apresentação deles é péssima, querem que a gente se importe com o passado de um jovem que nós mal conhecemos, que pouco sabemos além do nome e que ele tem poderes especiais, não é assim que você se conecta com personagens, e com conexões tão pobres é impossível você dar a mínima para o restante do filme.
Decidi assistir “Awareness” porque acreditei que poderia estar diante de uma ficção científica/thriller interessante, mas foi uma baita de uma decepção. Tirando o fato do Carlos Scholz ser lindinho e um verdadeiro agrado para os olhos, são duas horas de nada que prenda a atenção, mais ou menos ali por volta de uma hora eu já tinha desistido, e só tava torcendo para chegar no final o mais depressa possível, mas era como se esse final nunca chegasse.
MASS Direção: Fran Kranz Ano: 2021 Assistido em: 15/10/2023
Não sei onde, mas certa vez li uma frase muito emblemática sobre cinema que nunca me saiu da cabeça: “para se fazer um bom filme, só é preciso uma câmera e uma boa ideia”, e aqui temos uma prova dessa afirmação. “Mass” é um filme simples, mas não simplório, muito pelo contrário, é denso e sombrio, a começar pelo próprio título que traz uma “brincadeira”, mas que já entrega o pesado e difícil tema que será abordado, já que a palavra mass além de missa, pode ser uma abreviação para: massacre.
Dois casais decidem se encontrar em uma igreja, mas isso está bem longe de ser um simples encontro de cordialidade, já que um fatídico acontecimento destruiu as duas famílias para sempre, entretanto ambos os casais estão dispostos a recomeçar, mas para isso se faz necessário um acerto de contas.
Eu me formei no ensino médio em 2009, e mesmo que 14 anos não possam parecer muito tempo, sinto que o ambiente escolar que eu conheci e vivi já nem deve existir mais, e tenho certeza que uma coisa infelizmente ainda não mudou: a violência dentro do espaço escolar. Crianças e adolescentes sabem como ser cruéis quando querem, e isso cria agressores e vítimas em um ambiente que sem supervisão, se torna um enorme barril de pólvora. Não vamos nos iludir, ataques perpetrados em escolas não são novidades, não começaram ontem, mas nos tempos recentes, eles parecem estar se repetindo em uma velocidade alucinante, logo, toda e qualquer forma de discussão desse mal deve ser utilizado, precisamos ficar alertas, e esse filme funciona perfeitamente nesse sentido.
Repetindo o que escrevi no primeiro parágrafo, o filme é simples, mas não simplório, o cenário é um só, o figurino não muda, a trilha sonora é praticamente inaudível, enfim, esses elementos praticamente passam desapercebidos, pois o foco da produção está inteiramente em seu roteiro, direção e atuação, principalmente nesse último quesito, Reed Birney, Ann Dowd, Jason Isaacs, e Martha Plimpton estão simplesmente impecáveis, você sente toda a miríade de sentimentos que esses quatro transmitem para seus personagens, foi impossível não se emocionar com o olhar de Down, ela estava soberba, e transmitia todo o peso de uma mulher na situação inimaginável que a personagem vivia, era um alto e sonoro grito silencioso de dor, transmitido pelos olhos.
Como já disse em comentários de, pelo menos, uns três filmes, o Massacre de Columbine foi algo que me marcou DEMAIS, mesmo eu sendo uma criança, a cobertura daquele caso nunca saiu da minha cabeça, e ao longo dos anos busquei saber mais detalhes, lendo muitos livros e matérias, assistindo reportagens e filmes, e etc. E um dos livros mais importantes sobre essa história é “O Acerto de Contas de uma Mãe” (2016) escrito por Sue Klebold, a mãe de Dylan Klebold, um dos dois assassinos, e qual foi a minha surpresa ao ver passagem IDÊNTICAS ao caso de Columbine no filme, sério, não é um ou outro detalhe, são descrições precisas, alguns fatos como, a alegação de bullying, a prisão antes do ocorrido, as consultas com o psicólogo, o local das mortes, o suicídio, enfim, não posso dizer que somente Columbine serviu de inspiração pro filme, mas são passagens muito peculiares da tragédia ocorrida em 1999, que aqui “ocorreram igual”, inclusive o pós massacre, como as atitudes dos pais, o luto dos mesmos, e por aí vai, a própria Sue e seu marido Tom também se encontraram com alguns pais das vítimas de seu filho. Em momento algum Columbine é citado como sendo base para o roteiro, mas como li em uma crítica do Los Angeles Times, há muitos paralelos entre a ficção criado por Kranz e o mais famoso atentado escolar da história, paralelos demais para que serem encarados como simples coincidência.
“Mass” é um filme cruel, pesado, que não dá refresco para o espectador, e nem poderia fazer isso, é um filme difícil de ser assistido, pois nos coloca em uma situação extremamente desconfortável o tempo todo. Por retratar um ato de extrema violência, o roteiro deve mostrar o impacto do mesmo na vida dos envolvidos, de ambos os lados, mas como disse, durante anos eu li e pesquisei por Columbine, e curiosamente em fevereiro desse ano reli o livro da Sue Klebold, logo a história estava super fresca na minha cabeça, do ponto de eu conseguir antever as revelações do roteiro, isso não é demérito, mas infelizmente, pra mim, a história contada soou como requentada, mas repito, as qualidades das atuações, dos diálogos e da direção são inquestionáveis, assim como a relevância dessa obra alcançar o maior número de pessoas possível.
PURPLE HEARTS Direção: Elizabeth Allen Rosenbaum Ano: 2022 Assistido em: 15/10/2023
Surpreendendo muita gente, entre os maiores sucessos do ano passado na Netflix, estava esse romance, na época ouvi muita gente ao meu redor recomendando, mas como não sou de seguir recomendações e nem de ir correndo atrás de sucessos dos momentos, só agora decidi dar uma chance para essa produção que foi castigada aqui nas terras tupiniquins com um dos títulos mais ridículos das últimas décadas, e honestamente, não encontrei nada imperdível, ou que justificasse tamanho frenesi por parte do público.
Cassie é uma garota batalhadora, mas que é pobre por parte de pai e de mãe, ela se ver atolada em dívidas quando descobre ser portadora de diabetes tipo 1, e como nos States não existe SUS, ela não tem de onde tirar suas insulinas. Do outro lado da história temos Luke, um viciado que está sóbrio há dois anos, mas que deve horrores a seu fornecedor, sem perspectiva, ele decide se juntar aos marines e ir para guerra do Iraque (?). Luke e Cassie se conhecem, e não se dão muito bem de primeira, mas isso muda quando um vê no outro a solução para seus problemas financeiros, bastando para isso cometer fraude fiscal e fingir um casamento.
Clichêzão com C maiúsculo, “Purple Hearts” não traz absolutamente nada de inovador, é a velha história do casal que se estranha, que são forçados a se unir, e por tabela acabam se apaixonando, ou seja, é o romance padrão. Mas eu nunca fui contra clichês, desde que bem feitos, e no caso dos romances, é primordial que o casal principal funcione, e justamente isso que salva o filme, Sofia Carson e Nicholas Galitzine são lindos (principalmente ele, que é um espetáculo) e tem química juntos, o problema é que o romance da dupla é sabotado pelo próprio roteiro.
Logo nos primeiros minutos eu percebi que o longa tinha um enorme problema de tempo, em todos os sentidos. A história se passa em 2021, e Luke está indo para o Iraque, só que os Estados Unidos retiraram suas tropas do lugar em 2011! Outro detalhe, Cassie e Luke se conhecem a noite, e no outro dia pela manhã já estão planejando o casamento de mentira?! Se passou algum tempo durante esses dois acontecimentos não deu pra perceber. E indo além, o casal se apaixona rápido demais, sem que haja cenas que mostrem isso acontecendo, existe mais preocupação da direção de mostrar cantoria chata do que desenvolver o relacionamento do casal principal de maneira natural.
“Purple Hearts” não tem a pretensão de revolucionar o gênero romântico ou o cinema, é só o mais do mesmo de sempre, feito de uma forma gostosinha de acompanhar, obviamente funciona melhor com os fãs desse tipo de produção, mas também serve para o espectador médio que quer apenas passar o tempo e se desligar da realidade em um dia qualquer. Pra quem não espera por nada além do trivial, o filme é uma boa pedida.
PS: O “Coração Púrpura” é uma condecoração belíssima, mas com um nome bem cafona, mas ainda assim é bem melhor que essa desgraça de “Continência ao Amor”
WHERE THE CRAWDADS SING Direção: Olivia Newman Ano: 2022 Assistido em: 14/10/2023
Na maioria das vezes que decido assistir um filme sem buscar informações sobre do que se trata acabo me deparando com grandes bombas, mas uma vez ou outra dou de cara com algo surpreendente. Quando vi o elenco de “Where the Crawdads Sing” fiquei interessado em assistir, a única informação prévia que tinha é que a protagonista seria acusada de um crime, mas fiquei bastante surpreso, primeiro porque não é um filme clássico de romance, a trama é muito mais puxada pro drama, e segundo porque mesmo que em doses ínfimas, a história ainda tem um pé no tribunal, gênero que amo de paixão e que sempre estou buscando consumir a maior quantidade possível de títulos.
Kya é uma garota que teve uma infância extremamente sofrida, ela nasceu e cresceu nos pântanos da Carolina do Norte, com um pai extremamente violento com todos da família, o que leva a mãe e os irmãos de Kya a abandoná-la no lugar um a um, deixando-a sozinha. Após a morte de seu pai ela precisa aprender a lidar com as coisas por conta própria, e seu mundo irá virar de cabeça para baixo quando for acusada de assassinato.
Apesar da história simples, o roteiro tem uma vantagem, ele manipula bem as emoções do público. Kya nos é apresentada ainda criança, e sua vida não é simples, e é aí que está o grande trunfo da direção, que soube escolher uma atriz mirim muito talentosa e expressiva, que consegue transmitir apenas com o olhar toda a bagagem que carrega, tanto que tive muito mais empatia por Kya criança do que pela versão adulta, aliás o crescimento da personagem é excelente, primeiro com o auxílio de Tate, e depois por conta própria, ela consegue sair daquele seu mundinho, sem abandonar fisicamente os pântanos, nos passando uma bela mensagem de que é sim possível expandir os seus horizontes, bater as suas asas, sem abandonar as suas raízes.
O filme têm atores muito competentes e bem escalados para seus papéis principalmente Daisy Edgar-Jones, como a forte protagonista, Harris Dickinson como um vilão nojento e David Strathairn no papel de advogado, e também temos o Taylor John Smith que é um ator que gosto, mas que infelizmente tem o personagem mais ingrato de todos, e ingrato em todos os sentidos, já que além de ser um banana, é covarde e sem palavra, não merecia de forma alguma ser o par romântico da protagonista, fiquei indignado com as atitudes desse pamonha, e torci muito para que sumisse em definitivo, Kya merecia coisa melhor.
Apesar de eu ter gostado bastante da forma como a montagem nos contou a história, misturando presente com o passado, tenho que admitir que um ponto me desagradou e incomodou, a direção, mesmo que Olívia Newman saiba conduzir seus atores, ela não soube construir uma atmosfera adequada para a trama, que por ser pesada, pedia que a diretora fosse mais incisiva, ela deveria ter explorado melhor as dificuldades da protagonista, o roteiro dava sustentação suficiente para isso, mas senti que Newman preferiu ficar no raso, quando poderia ter mergulhado em águas mais profundas, mas nem por isso condeno o resultado final, só acho que ele poderia ser ainda melhor.
Não conhecia o trabalho da diretora e nem da autora do livro, mas gostei do que vi, até fiquei curioso pela obra original, mas não vou dizer que fiquei surpreso com o twist do final, porque se você prestar atenção, o roteiro foi dando pistas ao longo da história de como seria o final, e quando a confirmação veio, fiquei bastante feliz por ter conseguido acertar, particularmente não gosto muito de prever finais, mas tenho uma predileção por aqueles em que a protagonista não é um cordeirinho indefeso, e nem uma sofredora infinita que não toma nenhuma atitude, e nesse ponto a Kya conseguiu arrebatar a minha torcida, portanto fico bastante contente com desfecho escolhido para a história.
WE ARE YOUR FRIENDS Direção: Max Joseph Ano: 2015 Assistido em: 14/10/2023
Certa vez vi uma entrevista do George Clooney onde ele soltou uma frase excelente que vejo sendo aplicada em muitas produções dia após dia, ele disse o seguinte: "você pode fazer um filme ruim de um bom roteiro, mas não pode fazer um filme bom de um roteiro ruim", e assistindo "We Are Your Friends" eu me lembrei muito dessa fala, não que esse aqui seja um desastre como “Batman & Robin” (1997) para qual o Clooney disparou essa frase, mas fico imaginando que muitas vezes um aspirante a diretor fica tão empolgado para fazer o seu primeiro trabalho que acaba pegando o primeiro tratamento de roteiro e decide filmar, e tenho a forte sensação de que deve ter sido isso que aconteceu aqui, porque mesmo tendo uma curta duração, claramente não havia muita história para contar.
Cole é um jovem de 23 anos que tem a pretensão de se tornar um DJ, às noites ele curte as baladas de Los Angeles sempre acompanhado de seus inseparáveis três amigos, enquanto trabalham em um emprego extremamente burocrático durante o dia. Sua vida muda quando ele conhece James, um DJ bem sucedido que decide dar uma oportunidade ao jovem, e quem sabe torná-lo um nome proeminente, o problema é que Cole acaba por se envolver com a namorada de James.
O ponto forte aqui está obviamente na sua trilha sonora, afinal de contas é um filme sobre música, a fotografia que cria imagens muito bonitas da vida noturna da cidade de Los Angeles, e no elenco masculino que esbanja beleza, mas nada disso compensa um roteiro fraco, vemos um grupo de quatro jovens adultos que levam uma vida completamente desregradas, na base da farra e das drogas, e é como se o longa do romantiza-se essa situação, Cole é um personagem raso como um pires, sem falar que é um tremendo de um filho da puta que não consegue segurar a rola dentro das calças e acaba se envolvendo com a namorada da pessoa que lhe estendeu a mão, quando o protagonista é um canalha, como é que você torce por ele?! Meio difícil.
Zac Efron está sendo ele mesmo pela milionésima vez, ele até já demonstrou um certo potencial, mas precisa obrigatoriamente de um bom roteiro e uma boa direção para funcionar, Wes Bentley é um ator do qual gosto bastante, mas aqui ele não tem nenhuma condição de entregar uma grande performance, enfim é um filme pobre com uma história extremamente banal, que começa do nada vai para no lugar nenhum, até tem uma tentativa forçada de drama do meio pro final com uma morte, mas é um personagem tão sem importância, que você não dá a mínima.
Em linhas gerais "We Are Your Friends" é apático, não é daqueles execráveis, que irritam o espectador a ponto de você não querer nem lembrar que assistiu alguma vez na sua vida, mas é insípido, até tem uma embalagem bonitinha, mas que é tudo tão fraquinho e esquecível, que em poucos minutos depois do fim dos créditos, você nem vai se lembrar do que se tratava propriamente a trama.
THE EXORCIST: BELIEVER Direção: David Gordon Green Ano: 2023 Assistido em: 13/10/2023
Eu acho até irônico um agnóstico dizer que seu terror favorito da vida é sobre um exorcismo, mas o que posso fazer se essa história criada por William Peter Blatty e tão brilhantemente transposta para os cinemas por William Friedkin, entrou na minha mente de uma forma tão avassaladora que nada que vi antes ou depois sequer chegou próximo de me encantar da mesma forma?! E conhecendo a “maldição" que existe em volta dessa franquia, eu já sabia que ao invés de fazerem um filme de terror, fariam um terror de filme, mas quis pagar pra ver, literalmente, e lá estava eu dentro da sala do cinema espumando de raiva.
Quando duas adolescentes de 13 anos desaparecem misteriosamente, seus pais começam uma desesperada busca, entretanto elas apareceram três dias depois, sem se lembrar de nada que aconteceu, e com comportamentos completamente diferentes de antes. Caberá aos pais das garotas tentarem descobrir o que está acontecendo com suas filhas, o que os levará a um perigoso caminho sem volta.
Que a criatividade de Hollywood jaz morta e enterrada todo mundo já sabe, faz no mínimo uns 10 anos que vivemos na base dos remakes, reboots, retcoms ou qualquer outra porcaria começada com r, nada mais que os estúdios “criam” hoje em dia faz sucesso, então ele se vêem obrigados a olhar para trás, e a buscar entre os clássicos, sucessos do passado para tentar ressuscitar. Às vezes dá certo, “Mad Max: Fury Road” (2015) e ”Top Gun: Maverick” (2022) estão aí para provar, mas para cada sucesso, devem existir uns trezentos fracassos. O grande problema é que “O Exorcista” nunca deu certo como franquia, sempre foi um livro excelente, e uma adaptação perfeita lançada em 1973, e de lá para cá já tentaram fazer de tudo com esse IP, e seguem falhando miseravelmente, mas parece que não aprendem.
Sei que muita gente odeia o David Gordon Green, eu até defendo a visão dele para a franquia “Halloween”, concordo que três produções foram desnecessárias, mas eu gostei das ideias dele para o segundo e até para o terceiro filme, a execução foi meio torta, mas eu curti a intenção, mas por mais que goste muito do “Halloween” (1978) do Carpenter, eu não tenho por ele um décimo do fascínio que tenho por “O Exorcista”, e ver o desrespeito com que esse filho da puta tratou o universo do Blatty me fez arrepiar de ódio dentro do cinema, o fudido me traz Chris McNeil de volta e trata personagem como um lixo, cospe em cima do legado dela, é algo tão porco, que a própria Ellen Burstyn assumiu que só aceitou pelo dinheiro, uma idosa de 90 anos, atriz extremamente talentosa, vencedora do Oscar, cheia de papéis incríveis, se submeter a uma situação dessas só pode ser por conta de dinheiro mesmo.
Personagens patéticos, ritmo inexistente, lento demais no começo, apressado demais no final, uma maquiagem vergonhosa, uns jumpscare vagabundos, tudo aqui toma um pau da produção original que foi lançada 50 anos atrás, e eu não vou nem entrar no mérito do talento, Linda Blair tem uma performance absurda no original, as duas atrizes que colocaram no lugar são fraquinhas, não vale nem a pena perder tempo mencionando elas, mas gostaria de entender como passou pela cabeça desses projetos de roteiristas que colocar duas crianças possuídas era uma forma de aumentar a ameaça do primeiro filme, e alguém por gentileza me explique, o porquê deste título, sendo que não temos nem exorcismo, nem exorcista, e nem o protagonista é um crente, nada nessa merda faz sentido, me aparecem com uma ex noviça, um pastor protestante, uma mulher de religião de matriz africana, e sei lá mais o que diabos e todos se unem tão facilmente, um bando de amadores fazendo besteira, não que eu esperasse por cenas emblemáticas como as do exorcismo de Regan, mas ao menos esperava profissionais, que fizessem jus ao trabalho dos padres Karras e Merrin.
É inacreditável o que a Universal e a Blumhouse fizeram nesse “The Exorcist: Believer”, e eles ainda têm a coragem de dizer que tem mais dois projetos a caminho. Dentro da sala de cinema, eu bocejei, fiquei com sono, fiquei entediado, fiquei me mexendo inquieto, fiquei com raiva, fiquei com ódio quando lembrei que gastei R$ 24.00 para assistir essa desgraça, mesmo após ter ouvido inúmeras pessoas dizendo que era ruim, eu tive tudo, menos prazer com que estava assistindo. David Gordon Green deveria ser preso e condenado a prisão perpétua, não vou dizer que merece pena de morte, porque esse maldito tem que sofrer pelo sacrilégio que cometeu. Nunca pensei que eu diria isso, mas felizmente o Friedkin morreu em agosto, e não pode ver mais uma carniça que fizeram dizendo ser inspirado na obra-prima dele.
PS: Quem tiver a coragem de dizer que isso aqui é uma sequência direta do original, provavelmente assistiu o filme de 1973 com o olho do cu.
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
3.7 342 Assista AgoraTHE HUNGER GAMES: THE BALLAD OF SONGBIRDS & SNAKES
Direção: Francis Lawrence
Ano: 2023
Assistido em: 18/11/2023
Quando o Harry Potter acabou em 2011, criou-se uma disputa em Hollywood para saber quem iria se tornar o novo grande sucesso entre o público jovem. Todos os estúdios começaram uma corrida desenfreada para saber qual seria a nova grande franquia, algumas até fizeram bastante dinheiro, mas nunca conquistaram a crítica, como Crepúsculo (2008-2012) por exemplo, outras morreram na praia sem conseguir sair do primeiro título. E foi nesse cenário que “The Hunger Games” se destacou, conseguindo mesclar, sucesso de crítica com alta bilheteria. Cinco anos após a conclusão da saga nos cinemas, a própria Suzanne Collins resolve escrever um novo capítulo para sua história, e obviamente como a Lionsgate não é boba, resolveu chamar Francis Lawrence para comandar a nova adaptação, só que que dessa vez não estamos falando de uma heroína lutando contra um governo opressivo, mas sim do nascimento de um ditador.
64 anos antes de Katniss Everdeen se tornar um símbolo da luta contra a capital, somos apresentados a um Coriolanus Snow bem diferente daquele que conhecemos no futuro. Mesmo sua família tendo perdido tudo após a guerra, ele ainda tenta manter as aparências entre a elite da Capital. Snow é selecionado entre 24 estudantes da Capital para ser mentor dos tributos no 10º Jogos Vorazes. Ele é escolhido para mentorar a jovem Lucy Gray Baird, uma garota do Distrito 12 que tem muita personalidade, juntos, Snow e Lucy vão reformular a forma como os jogos são vistos por toda Panem.
O mais interessante dessa franquia, é que ela nunca se resumiu a fantasia, Suzanne Collins brilhantemente utiliza a ação e a aventura, como uma cortina para temas muito mais importantes e críticas sociais muito interessantes, é louvável um autor que busque levar a um público mais jovem, questionamentos tão importantes como governo ditatorial, manipulação de massas e controle midiático. Sua Katniss se tornou um símbolo de esperança contra um governo opressor, mas do outro lado temos o perverso Presidente Snow, que nessa história é trazido para próximo do público, ninguém nasce ruim, vilões são criados, e aqui vemos como um garoto com um grande ideal, e com bons sentimentos começou a se transformar em um tirano frio e sem nenhuma emoção, essa história não é sobre o nascimento de um herói é como uma pessoa se perdeu ao ponto de no futuro ser um déspota enlouquecido.
Particularmente sempre gostei mais dos bastidores políticos do que dos Jogos Vorazes em si, mas sei que no cinema as coisas não funcionam dessa forma. Então, de fato, era preciso dedicar uma grande parcela do roteiro a 10ª Edição dos Jogos, entretanto, sinto que correram demais na segunda parte, precisavamos de mais detalhes sobre como o Coriolanus que se preocupava com os tributos, se tornaria o presidente de Panem que massacra jovens para a diversão do público, mas tudo é muito apressado, o roteiro infelizmente não conseguiu deixar o personagem em um ponto que o público pode virar e falar “é a partir dali que ele se tornou um sádico maluco”, sim, vemos que o personagem tomou decisões sem volta, vemos que ele foi quebrado aos poucos, foi percebendo que precisava entrar naquela dinâmica cruel propagada pela Capital, mas o filme falha ao não mostrar como ele chegou ao poder, não sei se a intenção da Collins era fazer uma continuação dessa história, mas fui para o cinema sem saber praticamente nada da trama do livro, e esperava ver como o Snow tomou poder na Capital e não apenas como ele perdeu sua humanidade, nesse sentido o roteiro pecou demais e poderia ter sido melhor trabalhado.
Francis Lawrence não só é veterano na saga, como diretor do melhor filme deste universo, "Catching Fire" (2012), e aqui ele repete todos os acertos anteriores, como direção das cenas de ação, direção de elenco, trilha sonora muito marcante do James Newton Howard, figurinos, e elenco impecavelmente escalado. Viola Davis, sempre é maravilhosa e dispensa comentários, Peter Dinklage está ótimo e a dupla de protagonistas também se garante, Tom Blyth consegue ao mesmo tempo ser gentil, e ameaçador, ele tem um olhar perigoso e você sente que existe algo ruim latente, esperando para vir à tona, do outro lado Rachel Zegler, está muito bem como Lucy, esbanjando um poder vocal admirável.
Diferente de outras franquias que têm spin-offs, prequels e até mesmo sequências completamente desnecessárias “The Ballad of Songbirds & Snakes” vem da mente da própria criadora, Suzanne Collins sentiu que precisava contar ao público como o presidente Snow surgiu, não li os livros, mas gostei muito da forma como Lawrence desenvolveu essa trama nas telas e fiquei com gosto de quero mais, talvez uma continuação nos mostrando a escalada de poder definitiva do Coriolanus sob a tutela da Gaul seria uma boa pedida. Como disse, o único ponto que me desagradou foi ter achado o roteiro muito corrido principalmente na segunda parte, mas isso não é nada que desabone o longa como um todo, que consegue ser um digno membro dessa franquia que é a única que conseguiu mesclar qualidade com bons resultados em bilheteria depois que Harry Potter saiu de cena. Espero sim por mais filmes desse universo, mas que eles venham da mente da sua autora e não do devaneio de algum produtor.
PS: Durante o filme eu só me lembrava da clássica frase do Harvey Dent em The Dark Knight (2008):
“You either die a hero or live long enough to see yourself become a villain.”
A Menina que Matou os Pais: A Confissão
3.1 217 Assista AgoraA MENINA QUE MATOU OS PAIS: A CONFISSÃO
Direção: Mauricio Eça
Ano: 2023
Assistido em: 12/11/2023
O caso da família Von Richthofen é indiscutivelmente um dos mais famosos crimes (se não o mais famoso) ocorridos no Brasil no princípio da década de 2000. Até então o brasileiro estava acostumado a ver pobre sendo morto dentro de casa, isso acontecer com rico era novidade, e tudo se tornou um grande carnaval midiático, quando descobriram os responsáveis por tamanha barbaridade. E mesmo passados 21 anos do ocorrido, a protagonista desse horror, Suzane, continua na “mídia”, já que se tornou uma verdadeira “celebridade”.
O recorte que temos aqui é de míseros oito dias, tudo que foi mostrado nesse “terceiro episódio” ocorreu entre os dias 31/10 e 08/11/2002. Como já conheço muitos detalhes dessa história, já sabia dos desdobramentos e como se deu toda a descoberta dos responsáveis pelos assassinatos de Manfred e Marísia, mas confesso que ver uma interpretação dos fatos torna tudo ainda mais revoltante, a frieza de Suzane é algo digno de um sociopata, não sei se ela tem algum diagnóstico nesse sentido, mas toda descrição de como ela agiu, aqui muito bem retratada pela Carla Diaz, nos mostra que a garota é um ser sem nenhum pingo de remorso.
Sempre achei desnecessário dividir essa história em partes, até comentei na época que um diretor talentoso conseguiria muito bem retratar a dualidade de perspectivas em um único filme, e vou além, um roteiro bem escrito retrataria facilmente toda a história, do início do relacionamento de Suzane e Daniel, passando pela confecção e execução do crime, todo o processo investigativo e por último o julgamento, que por um momento pensei até que renderia um quarto título, mas que foi completamente limado da história, e honestamente ainda não entendi porque que a Ilana Casoy que conhece essa história como a palma de sua mão, permitiu um deslize tão grave quanto esse, esticaram demais no começo e correram no final. Já que um filme completo não estava nos planos, porque não investiram em uma minissérie?!
Reforço que não havia nenhuma necessidade de dividir essa história, mas chega a beirar o absurdo fazerem três filmes, e ainda assim, não cobrirem o caso em sua totalidade. Quem é mais jovem, seja porque não era nascido na época, ou era muito pequeno e não conhece os detalhes da história, provavelmente não vai entender o quão grande foi a repercussão desse crime.
Sempre fui a favor de um filme que retrata-se essa história, acho muito hipocrisia que o brasileiro consome true crime de outros países de uma maneira desenfreada, mas quando é nacional eles torcem a cara. Mas creio que houve um erro brutal por parte dos envolvidos, e não estou me referindo ao elenco que faz o que pode com o que lhes é oferecido, mas sim em relação a produção, fazer uma trilogia obviamente só tem uma explicação: queriam ganhar o máximo de dinheiro possível em cima desse caso, já que eles sabem que a procura seria muito grande, mas isso infelizmente sacrificou a qualidade da narrativa nos entregando apenas fragmentos do todo. Mas passado isso tudo, espero que a mídia brasileira pare de tratar a menina que matou os pais e chocou o país, como uma celebridade, mais famosa que muito ator e cantor do passado por exemplo.
Nuovo Olimpo
3.5 59 Assista AgoraNUOVO OLIMPO
Direção: Ferzan Özpetek
Ano: 2023
Assistido em: 12/11/2023
Como um homem gay, acho bastante difícil achar filmes temáticos de qualidade, quando não são de humor escrachado e de mal gosto, são dramas extremamente pesados, ou seja, dois extremos, e quando tudo é ferro e fogo, é difícil de agradar. Confesso que cheguei aqui após ver algumas cenas picantes no Twitter, mas jamais imaginei encontrar um grande filme, e mais, um grande filme vindo da Netflix que é um verdadeiro celeiro de bombas nucleares.
Na Roma de 1978, o aspirante a diretor Enea e o estudante de medicina Pietro acabam se conhecendo no cinema Nuovo Olimpo. Eles acabam se envolvendo e vivendo um rápido porém intenso romance, entretanto o cenário político da Itália nessa época é extremamente conturbado, e devido a uma revolta popular combatida pela polícia os dois acabam se separando, como estamos na década de 1970 eles perdem contato completamente. Pelos próximos 40 anos vamos acompanhar a vida dos dois personagens enquanto eles ainda nutrem sentimentos um pelo outro.
Como não tenho vergonha na cara, admito que sou cadelinha de Hollywood, 99% do dos filmes que assisto são provenientes dos Estados Unidos, mas sempre que me deparo com algo mais maduro, mais evoluído, as chances de ter vindo da Europa ou da Ásia são muito maiores, obviamente não estou generalizando, mas sinto que os europeus são muito mais soltos para tratar certos temas do que os americanos. Aqui por exemplo, encontramos um romance bem contruído, a questão da sexualidade é pano de fundo, não vemos nada muito carregado, nada muito dramático nesse sentido, é claro que temos um personagem que preferiu viver uma vida infeliz em um casamento de fachada do que se assumir, enquanto outro preferiu escancarar sua orientação sexual logo de uma vez, mas não senti que o filme buscava essa discussão como foco, mas sim abordar a relação entre os os dois e como cada um seguiu sua vida por 40 anos.
Ferzan Ozpetek nos entrega um romance gay, onde o fato dos protagonistas serem homossexuais não é tratado como algo de outro mundo, é tudo natural, é um casal que se apaixonou e não teve oportunidade de viver esse amor, sei que existem milhares de filmes com casais hétero com esse tema, mas as produções gays desse tipo são uma mixaria, e precisamos nos ver retratados com mais naturalidade nas telas do cinema e da TV.
Não conhecia ninguém do elenco mas além de ser presenteado com um trio de homens extremamente lindos e gostosos em cenas bem quentes que incluem até mesmo nudez, Damiano Gavino, Andrea Di Luigi e Alvise Rigo são todos bons atores, principalmente a dupla principal, que conseguiu transmitir muita verdade em seus papéis, e passar muito dos sentimentos de Pietro e Enea pelo olhar, pelos gestos, eles são atores com muito futuro e que espero vê-los em novos projetos.
Sobre o final, confesso que estava morrendo de medo, se tem uma coisa que me irrita bastante em filmes românticos é que eles são surreais demais, na esmagadora maioria vemos que o casal protagonista não tem como ficar junto, mas o roteiro acha sempre uma forma absurdas de entregar aquele finalzinho água com açúcar ridículo onde a dupla se encontra no aeroporto e ficam juntos e felizes para sempre, e tive muito medo de que esse fosse o final dessa história. Os protagonistas ficaram 40 anos afastados, ambos seguiram suas vidas, ambos estavam em relacionamentos sérios, Enea e Antonio construíram uma vida juntos por mais de 20 anos, e até mesmo Pietro está em um casamento, mesmo ele não sendo feliz. Ambos construíram suas vidas, não seria justo abandonar seus parceiros de anos, por conta de uma ilusão, porque é exatamente isso que eles tinham, os dois tinham uma ilusão do que poderiam ter vivido e não tiveram a oportunidade de viver, mas depois de 40 anos, a decisão mais madura que eles poderiam ter é cada um seguir com seu caminho, e bato palmas para filmes que são maduros a esse ponto, nos dez minutos finais, eu morri de medo do roteiro cair no lugar comum e forçar os dois a ficarem juntos, mas fiquei muito feliz em ver que não foi esse o caminho escolhido pelos roteiristas.
É raro eu elogiar a Netflix, mais dessa vez ela está de parabéns "Nuovo Olimpo" é um excelente romance, é um excelente filme temático, tem um roteiro muito bem escrito, com reviravoltas interessantes, é uma boa pedida para qualquer pessoa que queira ver uma história simples, porém muito bem executada, que dá gosto de assistir, e principalmente com um final que não estraga tudo que foi construído ao longo das duas horas de duração.
Conspiração Fatal
2.2 4CONSPIRAÇÃO FATAL
Direção: Renato Siqueira
Ano: 2022
Assistido em: 11/11/2023
Dizem que o brasileiro não dá valor ao cinema nacional, e de fato essa afirmação é inconteste, o problema é que para cada bom filme brasileiro, nós somos soterrados por toneladas e toneladas de porcaria, quando não é aquelas comédias vergonhosas com o elenco de novela da Globo são projetos péssimos como essa tentativa de fazer um thriller tupiniquim cujo resultado foi assustadoramente ruim.
David e Juliana são um casal jovem, bonito, mas que mesmo assim passam por uma crise em seu casamento. Eles se mudam para uma nova casa, quando David começa um novo trabalho em uma renomada instituição financeira, entretanto o recomeço é abortado quando Juliana começa a desconfiar que o marido está tendo um caso, e devido ao fato de David se envolver em uma perigoso caso de fraude, o que vai levar a vida dos dois a um caminho sem volta.
Olha, eu vinha tentando nos últimos meses abrir algumas exceções para dar mais valor ao cinema nacional, mas projetos como “Conspiração Fatal” definitivamente me fazem perder qualquer vontade de seguir em frente, um filme tão mal produzido e mal executado que dá até desânimo.
Li certa vez que para se fazer um bom filme só se fazem necessárias duas coisas: uma câmera e uma boa ideia, e conhecendo um pouquinho dos bastidores de alguns títulos importantes do cinema, vemos que essa máxima é verdadeira, basta ver como obras icônicas como “Mad Max” (1979) ou “The Blair Witch Project” (1999) que foram produzidos com uma mixaria, então, baixo orçamento não é desculpa para o que encontramos por aqui, um roteiro que é tão ruim, mas tão ruim, que chega a ser constrangedor.
A história apresentada é terrivelmente requentada, não que clichês sejam ruins, bem feitos são algo interessante de se ver, mas misericórdia toda história necessita de um pouquinho de coerência, de coesão, precisa despertar o interesse do público, precisa nos fazer querer assistir mais daquilo, mas aqui, a cada cena essa vontade vai diminuindo, além do roteiro porco, temos uma direção de elenco catastrófica.
Eu ainda vou dar uma estrela por ter tido o prazer de rever o gato do Ricardo Ramory, que lá na minha adolescência me deixou babando toda vez que assistia a novela “Maria Esperança” (2007), e após simplesmente sumir da televisão, tive o prazer de reencontrá-lo, (ainda mais bonito e mais gostoso do que era naquela época) nessa bosta aqui. Mas fora isso nada, absolutamente nada, me agradou nessa desgraça, que deveria ter todas as suas cópias queimadas em praça pública e o diretor deveria ter sua licença do sindicato recolhida, pois “Conspiração Fatal” é daquele tipo de filme que de tão ruim nos faz perder o interesse no cinema como um todo.
O Assassino
3.3 514THE KILLER
Direção: David Fincher
Ano: 2023
Assistido em: 11/11/2023
David Fincher sempre esteve entre meus diretores favoritos, o estilo dele sempre me chamou atenção. Desde pequeno, fui atraído por histórias mais pesadas e densas, e nesse sentido, encontrei nos filmes dele um verdadeiro parque de diversões, repleto de serial killers, vilões pervertidos e tramas sombrias. Então, após a cinebiografia sobre o Herman J. Mankiewicz, quando anunciaram que o próximo trabalho dele seria sobre um matador profissional, imediatamente me animei, estava super ansioso para ver como ele iria trabalhar um personagem que mata por profissão e não por diversão.
Quando um assassino profissional falha em sua missão de matar um homem em Paris, ele rapidamente retorna para sua casa na República Dominicana, e descobre que a organização que o contratou pretende eliminá-lo. Quando a esposa do assassino fica à beira da morte, ele decide se vingar caçando todos aqueles que tiveram algum envolvimento na tentativa de assassinato.
Sempre crio uma expectativa muito grande toda vez que Fincher anuncia um novo projeto, e devo esclarecer de antemão que eu não acho nenhum filme que ele tenha feito ruim, é claro que tem aqueles que são chatinhos, que não empolgam, como “Alien 3” (1992) e “Mank” (2020) por exemplo, mas uma produção de baixo valor ele nunca entregou, e aqui ele mantém o padrão de qualidade com um longa muito esmerado, direção bastante caprichada, fotografia muito bonita, montagem eficiente, e obviamente uma atuação comedida, mas interessante por parte do sempre excelente Michael Fassbender, mas infelizmente temos uma derrapada no roteiro, que era justamente o que mais me empolgava nesse projeto.
O primeiro grande sucesso da carreira do Fincher foi foi a obra-prima "Seven" (1995), que em minha humilde opinião é um dos títulos definitivos quando falamos de thriller, suspense e/ou filmes sobre serial killers, e o roteiro daquela obra espetacular era do Andrew Kevin Walker, que retorna na sua parceria com o diretor em “The Killer”. Sei que essa história não é original, é inspirada em uma grafic novel que não conheço, então não posso analisar se foi uma boa adaptação ou não, só que a sensação que tive é que a história apresentada é muito arrastada, e com poucos momentos que realmente chamam atenção. O começo é muito bom, com uma atmosfera que te prepara para o grande momento que é o assassinato, em seguida, vemos o plano falhando, e o assassino fugindo de Paris, voltando para casa, tudo isso é muito bacana, mas quando a história começa a focar na vingança, ao invés de empolgar o ritmo vai diminuindo, os personagens são rasos, eles estão morrendo, e honestamente não senti nenhum impacto com nenhuma das baixas de CPF.
De modo geral a Netflix traz produção muito boa, para um roteiro muito simples, se não fosse pela habilidade acima da média do Fincher de sempre criar uma estética visual muito impactante, ele passaria facilmente por aqueles filmes ordinários de vingança, do matador que quer se vingar porque mataram a mãe, a irmã, a esposa, a filha, a cadela, a periquita ou seja lá qual for a personagem feminina da vez, e não é isso que eu espero desse diretor. Sempre quero o melhor, porque eu estou acostumado a receber apenas o excelente vindo dele. Mesmo possuindo um bom saldo final, e sendo competente, para um projeto com a assinatura que tem, “The Killer” é uma curva para baixo na filmografia de seu autor.
As Marvels
2.8 401 Assista AgoraTHE MARVELS
Direção: Nia DaCosta
Ano: 2023
Assistido em: 10/11/2023
Se existe um ano que podemos dizer que foi o auge dos filmes de super-herói esse com certeza foi 2019, a Disney e a Marvel criaram uma expectativa tão grande para a conclusão da história dos Vingadores vs Thanos, que por tabela, conseguiram impulsionar outras produções para o sucesso, e nessa brincadeira entrou "Captain Marvel" (2019) que mesmo imerso a polêmicas, conseguiu se destacar e fez um tremendo sucesso, entrando para o seleto “clube do bilhão”, mas algo sempre foi nítido, tal sucesso nunca foi proporcional à qualidade do filme. Corta para quatro anos depois, temos a sequência, que diferentemente do primeiro chega em uma hora terrível, um momento tão ruim que você já conseguia antever o desastre com bastante antecedência.
Carol Danvers segue sua vida ajudando diferentes planetas e civilizações galáxia afora, quando ela é misteriosamente ligada a Monica Rambeau e a Kamala Khan. O que o trio de heroínas não imagina é que sua conexão também está ligada a Dar-Benn, a nova líder dos Kreei que pretende se vingar de Carol pelo fato dela ter derrotado sua antecessora 30 anos antes. Quando a vilã começa a abrir pontos de salto por todo o universo, e começa a colocar a nossa realidade em risco, caberá ao trio Marvels neutralizar essa perigosa ameaça.
Olha, sendo honesto nunca achei o primeiro a bomba que muita gente pinta, para mim sempre esteve dentro da média do MCU, mas não consigo acreditar que os executivos da Disney tenham acreditado que aquele filme de fato fez sucesso por méritos próprios, mesmo que a mídia tente forçar que existe boicote, que é machismo e blá blá blá, a parcela de bitolados que fazem esse tipo de barulho é mínima, e é inegável que o primeiro só fez sucesso por conta da conexão direta com “Endgame” (2019), e agora, sem o apoio dos Vingadores, a continuação não tem base para se sustentar. Brie Larson é uma atriz incrível, mas que de uns anos para cá, conquistou muita antipatia de uma parcela dos fãs. A Marvel até trocou a dupla de diretores do anterior, e entregaram para Nia DaCosta, que até então, eu não conhecia nenhum trabalho, mas que depois disso aqui espero nunca conhecer. Estou até agora tentando entender como um roteiro tão vazio, tão insosso, tão pobre, foi aprovado, isso parece mais um episódio qualquer de série procedural do que um filme.
Danvers não é um poço de simpatia, para mim Larson nunca entendeu como interpretar essa personagem com leveza, Teyonah Parris é uma atriz esforçada, mas sua personagem é bem qualquer coisa, não tem uma personalidade marcante, é só mais uma no meio do rolê. E diferente da maioria das pessoas, acho essa tal de Kamala Khan uma personagem chata pra caralho, assisti a série dela, e lá, eu já achava insuportável, mas aqui conseuguiu a proeza de ser ainda pior no papel de adolescente deslumbrado que fica babando ovo do seu ídolo, nunca tive paciência para isso nem quando eu era adolescente, quem dirá para ver nos cinemas. O trio é tão desconjuntado que é preciso fazer muito esforço para gostar, e nem vou falar dessa vilã que foi a pior coisa disparado dessa sequência, a atriz está pessimamente dirigida, faz umas caretas que não dá para defender (o que me faz acreditar que só foi escalada por ser esposa do Tom Hiddleston), sem falar que a origem e as motivações são as mais preguiçosas possíveis.
Tudo aqui remete a um título de segunda linha dentro do MCU, tudo é apagado, direção de arte, trilha sonora, cenários, montagem CATASTRÓFICA, é tudo simples demais, pobre demais. Quando falamos de sagas cósmicas, eu quero ver mais pluralidade, quero ver mais cores, quero ver mais brilho, algo mais próximo do que o James Gunn fez nos seus Guardiões da Galáxia, mas aqui é tudo lavado e sem graça. Mesmo que o título traga certa relevância para a saga do multiverso, estamos na metade da Fase 5 e nada empolgou ainda, o grande vilão Kang é uma incógnita que ninguém sabe que fim vai levar, a cena final só demonstra o quão o MCU está perdido ou alguém aí tem saco para ver um bando de adolecentes/jovens chatos reunidos?!
Inferior ao seu antecessor, e sem sombra de dúvidas um dos pontos mais baixos da Marvel Studios, “The Marvels” é descartável e nada empolgante, é daqueles que vai passar em branco e por mais que a mídia tente forçar que que o fracasso é devido ao boicote dos machistas, precisamos lembrar que a maioria do público consumidor do cinema é feminino, então se os homens estão boicotando, por que que as mulheres não vão assistir?! Mas deve ser mais fácil criar narrativas do que admitir a baixa qualidade do produto entregue, ou a saturação do gênero.
PS¹: Você sabe que a coisa está feia pro lado do Zé Boné, quando a cena mais memorável do filme é protagonizada por gatinhos.
PS²: Se a 5 anos atrás alguém dissesse que os “Fox-Men” seriam a esperança de salvação da Marvel, essa pessoa seria tratada como louca.
A aparição do Fera na cena pós-créditos, deixou o público da minha sessão totalmente indiferente, inclusive eu.
Nocaute
3.8 688 Assista AgoraSOUTHPAW
Direção: Antoine Fuqua
Ano: 2015
Assistido em: 05/11/2023
Filmes sobre esportes, que trazem uma grande lição de vida, não são novidade nenhuma, inclusive quando o assunto é o boxe. E muito se engana quem pensa que isso começou com Sylvester Stallone e seu Rocky Balboa, esse tipo de produção já rola por Hollywood desde os anos 1930, portanto não esperava nenhuma novidade vinda de "Southpaw”, mas sou adepto da teoria que um clichê bem feito é muito melhor de qualquer inovação meia boca, é sempre melhor apostar no seguro, e é isso que Fuqua faz.
Billy é um homem que cresceu em um orfanato e precisou aprender a se virar sozinho desde muito cedo, após muito esforço ele está no auge da sua carreira como boxeador. Ele é bem casado com Maureen, tem uma filha, é bem sucedido e rico. Nada parece abalar a felicidade da família, entretanto tudo vai abaixo quando uma besteira acaba ceifando a vida de Maureen. A perda leva Billy ao fundo do poço, e é justamente quando ele está lá embaixo que precisará fazer de tudo para recuperar seu bem mais valioso, sua filha.
Como disse no primeiro parágrafo eu prefiro uma história requentada bem conduzida do que uma inovação feita de qualquer jeito, Antoine Fuqua não traz nada diferente do que já não tenhamos visto em filmes sobre dramas esportivos ao longo das décadas, o personagem Billy lembra bastante o Rocky Balboa quando este cai em desgraça e precisa retomar sua carreira em uma das muitas continuações do original. O roteiro é simples sem nenhuma grande reviravolta, ele segue todos os tropos do seu gênero, sem nenhum grande percalço, você sabe para onde a história está indo, e nunca é surpreendido.
Sou muito fã do Jake Gyllenhaal, acho ele sem sombra de dúvidas um dos melhores da sua geração, e creio que não é bem valorizado em Hollywood, quem conhece a carreira dele sabe que o homem é capaz de performances absurdas, mas senti que aqui ele estava travado, o roteiro até apresenta condições necessárias para uma grande atuação, mas a direção do Fuqua é muito básica, e esse é um problema recorrente do trabalhos dele, que não consegue extrair atuações muito poderosas de seu elenco, a única exceção talvez seja o Alonzo Harris do Denzel Washington, mas aqui é nítido que o roteiro e ator principal poderiam ter apresentado algo muito mais eficiente do que nos foi entregue.
Em linhas gerais “Southpaw” é um filme muito bom, que talvez até seja ótimo para quem nunca assistiu a nenhum drama sobre boxe na vida, ele é bastante funcional, aposta sempre no seguro, e nunca se arrisca, não tenta reinventar a roda. O diretor se aproveita de uma história universal, ancorada em um elenco competente, para nos entregar algo um pouco acima da média, mas que infelizmente deixa a sensação de que poderia sim, ter sido melhor, caso o drama tivesse sido explorado com força total e sem medo de mexer com as emoções do espectador.
PS: Jake estava um absurdo de gostoso nesse filme.
Pixels: O Filme
2.8 1,0K Assista AgoraPIXELS
Direção: Chris Columbus
Ano: 2015
Assistido em: 04/11/2023
Dá para contar nos dedos quantos diretores se dedicaram a produzir filmes de qualidade para crianças e adolescentes, nesse meio destaca-se Chris Columbus, nome praticamente onipresente nos maiores clássicos infanto-juvenis das décadas de 1980 e 1990. O poder do nome de Columbus se tornou ainda maior no começo da década de 2000 quando ele nos entregou seu maior legado cinematográfico, sendo o homem que trouxe nosso amado Harry Potter pela primeira vez para as telas do cinema, mas infelizmente não sei o que ocorreu com ele nos últimos anos que sua carreira começou a degringolar, e se existe alguma coisa no fundo do poço, com toda certeza é “Pixels”.
Quando uma raça alienígena considera os videogames clássicos dos anos 80 como uma declaração de guerra, eles decidem invadir o nosso planeta. Cabe ao governo americano pedir ajuda a um tipo diferente de especialistas, adultos que eram crianças na década de 1980, e que são a nossa melhor arma para defender o planeta.
Adam Sandler é um tipo de “ator” que se você passou dos 10 anos de idade, não tem como gostar, até dizem que ele consegue entregar boas performances dramáticas, mas nunca tive interesse em assistir nada "sério" dele, porque o cômico já me basta, ou melhor, não me basta não, porque não serve para nada, esse homem não é engraçado, não tem carisma, sempre faz as mesmas caras, enfim, não sei o que Hollywood viu nessa criatura, honestamente, todo o personagem dele é o homem bobo e fracassado que leva a vida como um enorme brincadeira, e é isso em todo o bendito filme, sem exceção, não varia, não muda, e para mim não dá.
Columbus, provavelmente usando a força do seu nome, consegue reunir um grande elenco para produção, Michelle Monaghan, Fiona Shaw, Sean Bean, Brian Cox, Peter Dinklage todos eles desperdiçados em personagens pavorosos de ruim, e sendo obrigados a dividir cena com Sandler, Kevin James e companhia limitada.
Como sou cria dos anos 90, não vivi essa época que o longa homenageia, portanto não tenho nostalgia por Pac-Man e semelhantes, creio que para quem possa ter vivido esse período, ele funcione melhor, mas a única coisa que consegui sentir foi vergonha, a ideia é boa, só que o roteiro é uma desgraça, e ainda não consegui entender como Columbus se enfiou numa furada dessas.
Existem filmes que mancham carreiras, “Pixels” com certeza é um desses, quando falarmos do Columbus, falarmos de sua trajetória, com certeza vamos lembrar dos filmes que ele escreveu como “Gremlins” (1984) ou “The Goonies” (1985), e das obras que ele esteve à frente como diretor como “Home Alone” (1990), “Mrs. Doubtfire” (1993) e os mega clássicos “Harry Potter”, mas isso aqui é algo a fingir que nunca existiu, só espero que ele consiga recuperar os tempos de glória da sua carreira que anda meio em baixa ultimamente, e principalmente, fique o mais longe possível de Adam Sandler e sua laia.
Plush
3.1 78PLUSH
Catherine Hardwicke
Ano: 2013
Assistido em: 03/11/2023
Cinema não é uma arte exata, não existe uma receita que caso seja seguida, impreterivelmente resultará em um bom trabalho, mas existem alguns conceitos que precisam ser respeitados, caso contrário você pode até ter uma boa história, mas que não chegará a ser um bom filme, e não há nada mais decepcionante do que ver algo que tinha muito potencial não atingir o nível que poderia ter atingido.
Hayley tinha uma banda de sucesso, entretanto ela teve que dar uma pausa na carreira devido ao fato de ter se casado e engravidado de gêmeos, e mais tarde, ao falecimento de seu irmão e parceiro, Jack. Passado alguns anos Hayley decide retomar a sua profissão, para substituir Jack, ela acaba contratando Enzo, um homem extremamente misterioso, com o qual ela desenvolverá uma aproximação perigosa. Quando Hayley e Enzo ultrapassam os limites profissionais, ela vai perceber que está colocando seu casamento com Carter e sua família em um risco que ela não poderia imaginar.
Suspenses eróticos não tem muito tem inovação, e não tem problema, gosto deles mesmo assim, o que me incomoda muitas vezes é ver como a execução da história é toda atropelada, “Plush” apresenta uma história até interessante, uma artista que após o período de luto, decide retomar a carreira, mas devido às críticas muito pesadas que recebeu, acaba se envolvendo com um cara que aparenta ser a inspiração que ele precisava, só que o grande problema existente aqui, é que Catherine Hardwicke parece que não estava sabendo contar essa história, ou melhor, parece que está faltando pedaços da história. A péssima edição, faz com que as coisas não se conectem, não existe progressão narrativa, os personagens mudam radicalmente como se uma chave fosse virada, sem que a história apresente elementos que justifiquem tais mudanças.
A primeira cena é um assassinato, e logo em seguida vamos para a apresentação da protagonista, que não tem absolutamente nada a ver com a cena anterior. Enzo é retratado a princípio como um homem de espírito livre, um artista sem muitas ligações com as burocracias da vida, e que se transforma em um psicopata do nada, até temos uma cena dele gritando com um menino, mas até aí tudo normal, já que gritar com um moleque insuportável não é indicativo de sociopatia. A protagonista que aparentemente é feliz com seu casamento, de repente tá dando igual a cadela no cio para o amante, as coisas acontecem de forma atropelada, nada é natural, a sensação que tenho é que faltou filme, como se diversas cenas tivessem sido cortadas, e cenas importantes, que davam mais sentido as atitudes dos personagens, que justificassem as ações que eles iriam tomar lá na frente, isso sem falar da já mencionada psicopatia do Enzo que não foi trabalhada e soou como algo completamente avulso e tirado do vento.
Nunca tive boas impressões dos trabalhos da Hardwicke que já havia assistido, e apesar de todos os pesares, achei esse aqui o melhor longa dela, entre os três que tive oportunidade de assistir, entretanto, apesar da boa condução dos atores, a tesoura aqui estava amolada demais, muitas cenas importantes provavelmente foram podadas na ilha de edição, transformando “Plush” em um retalho. Do ponto de vista erótico, tudo é bem comportadinho, não é bancando o moralista, mas a personagem principal é bem escrota, uma mulher que trai um bom marido, e que ainda tem a cara de pau de ver o amante entrando dentro da casa deles, fazendo amizade com o esposo, brincando com os filhos, e não contar a verdade, é de um mau caratismo absurdo. Temos um final em aberto, mas honestamente, torço para que a Hayley de alguma forma tenha pago pelo erro dela, porque não é justo a mulher destruir uma família se dar bem no final.
“Plush” não é nem de longe o pior exemplo de thriller erótico que temos por aí, a Netflix está lotada de coisas piores, mas também não é de todo um desastre, como disse lá em cima é uma boa história, desperdiçada devido a uma condução atropelada por parte da direção, um filme que talvez funcionasse melhor se entregue a um diretor que mostrasse mais ao invés de apenas insinuar. Existe uma máxima do cinema que diz “não conte, mostre”, e é justamente nesse ponto que Catherine Hardwicke se perdeu, porque ela deixou de mostrar muita coisa, que só enriqueceriam ainda mais seu trabalho, uma pena.
Silêncio
3.8 576SILENCE
Direção: Martin Scorsese
Ano: 2016
Assistido em: 02/11/2023
Fé é uma questão muito complexa, não existe meio termo, ou você crê, ou não, não enxergo as coisas por nenhum outro prisma, e conhecendo o grandioso Martin Scorsese, sei bem que religião é muito importante na vida dele, já que é filho de uma tradicional família italiana, e até foi seminarista, mas ainda bem que ele desistiu dessa ideia, e nós ganhamos uma sequência de alguns dos melhores filmes já produzidos na história. Com “Silence”, Scorcese nos dá uma amostra de como foi o trabalho dos Jesuítas em seu processo de catequização de povos que eram pagãos aos olhos da igreja católica, só que diferentemente do que aconteceu nos continentes americano e africano por exemplo, no Japão, eles quebraram a cara.
Na metade do século XVII o cristianismo tornou-se proibido no Japão, um dos últimos Jesuítas que estava em missão no país encerra misteriosamente suas comunicações com Roma. Dois padres são enviados para o local com o objetivo de investigar o que ocorreu, ao mesmo tempo que continuam pregando a palavra de Cristo, entretanto a missão não será nada fácil quando o governo local se mostra radicalmente decidido a combater o expansionismo cristão.
Não há muito o que dizer sobre um filme de Martins Scorsese, ele é um mestre absoluto no que faz, e com o tempo só melhora. Este ano, com o lançamento de “Killers of the Flower Moon” (2023) muita gente questionou a necessidade da longa duração de seus filmes, e apesar dessa história ter alguns minutos a menos, ele também foi criticado por suas 2h40min, mas honestamente, nem senti o tempo passar, o ritmo criado pela ótima edição e pela montagem, criam uma progressão narrativa excelente para a história. Os demais detalhes técnicos como direção, atuações, figurinos e fotografia, criam o cenário perfeito para que você se sinta dentro daquele contexto, outro ponto que merece destaque são as paisagens naturais de Taiwan, aqui simulando o Japão, resumindo: elogiar Scorsese é redundante, ao longo desses 50 anos de carreira, ele já recebeu todos os elogios mais do que merecidos.
Um filme como esse mexe muito com as pessoas, mas de diferentes maneiras, creio que para quem é católico, deva ser muito angustiante saber que aqueles que pregavam a sua fé foram perseguidos, eu por outro lado prefiro enxergar tudo pelo viés histórico, me interessa muito ver como ocorreu uma luta de culturas, como um país se defendendo da forma que podia (obviamente não muito humanitária), e com o que eles tinha a disposição para combater uma cultura invasora.
Sou agnóstico, entretanto venho de uma família católica, e durante muitos anos fui frequentador assíduo da igreja, só que diferentemente do padre Sebastião eu nunca tive fé, sempre estave ali apenas fazendo gosto para minha mãe, até quando atingi uma idade no qual já conseguia responder por mim mesmo, e abandonei definitivamente aquela instituição, que para mim era irrelevante, já que não acreditava em quase nada do que ela prega. Porém sou muito apegado a história, e eu acho incrível como a religião cristã que em sua origem sofreu perseguição por parte do império romano, não perdeu tempo para fazer a mesma coisa com outros povos quando assumiu o poder. Nunca consegui entender essa mania chata das religiões de origem abraâmicas de querer empurrar suas crenças goela abaixo nas pessoas, sempre achei de uma prepotência muito grande afirmar que a sua fé é maior do que a do outro, que a sua é a verdadeira, e que a do coleguinha é falsa, é errada, e por isso ele PRECISA conhecer a verdade.
O cristianismo foi responsável por apagar da face da terra inúmeras culturas, que jamais serão recuperadas, o que esse pessoal fez na idade média é um crime contra a humanidade, e infelizmente não tem como isso ser reparado, basta ver o que fizeram com os povos originários aqui da América, o com as diversas tribos africanas.Em momento algum eu consegui enxergar os protagonistas como vítimas, não apoio de maneira alguma as barbáries que eles sofreram, entretanto a igreja católica também torturou muita gente na época da inquisição, e ninguém obrigou aqueles padres a irem até lá, eles foram conscientes do perigo, tentaram acabar com a cultura milenar japonesa, só que quebraram a cara, e como grande admirador da cultura nipônica, só tenho que bater palmas para incrível resistência do povo daquela época que não se dobrou, e para o governo que mostrou para Roma que eles não podiam fazer o que bem entendessem em qualquer parte do mundo. Hoje o cristiaismo é liberado no Japão, mas apenas 1% da população é adepta, e apenas aqueles que a escolheram, bem diferente de diversos outros países, onde a doutrina é tão enraizada, que mesmo você querendo, é impossível escapar da influência.
Com um elenco primoroso liderado por Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson e por atores japonês talentosíssimos, Scorsese entrega um épico que questiona muito sobre crença, sobre o que você acredita, o título é muito condizente, e conversa muito com a jornada do protagonista, afinal a fé nada mais é do que seguir acreditando, mesmo diante do silêncio, da ausência de respostas. Independente de posicionamento religioso, creio que o filme serve como uma excelente aula, que não tive oportunidade de assistir em 2016, mas agora, olhando em retrospecto, fico chocado como foi ignorado pelas grandes premiações, sendo que muita coisa inferior daquele ano foi aclamada, mas até aí só mais uma das muitas injustiças do mundo no cinema.
O Lado Bom de Ser Traída
1.8 145O LADO BOM DE SER TRAÍDA
Direção: Diego Freitas
Ano: 2023
Assistido em: 01/11/2023
Confesso que não sou muito adepto de filmes nacionais, mas as vezes, quando, um ou outro consegue furar a bolha, e começa a ficar relativamente famoso, decido dar uma oportunidade, e diante do buburinho que esse aqui gerou, resolvi dar uma oportunidade, junta-se a isso o fato de eu ser grande fã do gênero triller erótico, inclusive é meu maior guilty pleasure cinematográfico, mas minha gente, não há como defender não, é por conta, de produções como essa, que o cinema brasileiro tem uma péssima fama.
Babi é uma jovem bonita, bem sucedida, e acredita ter encontrado o amor de sua vida na figura de Caio. Ela estava de casamento marcado, quando descobre que seu noivo está lhe traindo. Completamente desolada, ela acaba conhecendo Marco, juiz de um caso no qual Caio está sendo investigado. Enquanto Babi e Marco vão se envolvendo, a moça corre um sério risco de vida, quando uma pessoa misteriosa começa a perseguir-la.
Gente do céu, não vou bancar o moralista, se eu quisesse assistir filmes bons, ia atrás do top 250 do IMDb, ia atrás da lista dos indicados ao Oscar, ou dos vencedores do Palme d'or em Cannes, enfim, se cheguei até aqui, foi simplesmente para ver putaria, mas ao menos uma putaria com uma boa história, porque sexo por sexo, filme pornô está aí para isso. O grande problema, e que trama apresentada é horrorosa, é de um amadorismo aterrador, existem contos eróticos na internet que colocam esse roteiro profissional no chinelo, isso aqui tá mais fanfic de adolescente, e para piorar ainda mais, a direção é capenga demais, direcionando os atores a performances vexatórias, não vou colocar a culpa nos atores, porque muitos aqui já vi na TV e sei que são capazes de entregar algo melhor, mas a imperícia da direção não permitiu.
Para quem é mulher ou para quem é gay como eu, o filme é um prato cheio no sentido de homem gostoso, Micael Borges e principalmente Leandro Lima aparecem sem roupa e convenhamos que ambos são gostosos demais, o única falha nesse quesito, foi não ter tirado a roupa do Bruno Montaleone também. Mas todos eles têm fotos sem camisa na internet, não sendo justificativa suficiente para dedicar 1h30min de nossas vidas. Com uma protagonista tapada, que não presta atenção ao óbvio que está na sua frente, é tudo tão previsível que nas primeiras cenas, já é possível acertar o fim da história, que não traz absolutamente nada de bom quanto a questões narrativas.
Em linhas gerais, “O Lado Bom de Ser Traída” não tem lado bom nenhum quando a gente fala de qualidades cinematográficas, é um filme feito para uma senhora presa a um casamento no ponto morto, e que ainda não descobriu nenhum site de pornografia na internet. É uma tristeza quando você percebe que o único atrativo de um filme são os atores sem roupa, particularmente não estou reclamando disso, porque já estou acostumado com esse tipo de problema, já que assisto muitos títulos desse tipo, mas queria ao menos uma historiazinha mais trabalhada e melhor alinhada.
Terremoto: A Falha de San Andreas
3.0 1,0K Assista AgoraSAN ANDREAS
Direção: Brad Peyton
Ano: 2015
Assistido em: 31/10/2023
É de conhecimento quase unânime que o gênero desastre não são muito refinados quando o assunto é roteiro. A maioria dessas produções apenas querem exibir cenas grandiosas de desgraça, reforçando o poder do CGI moderno, enquanto seres humanos são abatidos para nossa diversão. Portanto não vou fingir que aguardava um futuro clássico quando decidir assistir a “San Andreas”, mas também não esperava por tamanha mediocridade, ou que ele seguisse tão à risca a cartilha dos filmes desastre, que desde a década de 1990 não sofrem nenhuma alteração significativa.
Quando uma série de terremotos começa a atingir a costa oeste norte-americana, um piloto de helicópteros que trabalha em uma unidade de resgate começa uma desesperada corrida para salvar sua filha e ex-esposa que estão na cidade de São Francisco, onde estão ocorrendo os mais intensos tremores, e que brevemente será completamente destruída.
Quem conhece um pouquinho de geografia sabe muito bem do que que se trata a bendita San Andreas do título, uma gigantesca falha geológica entre duas placas tectônicas que fica situada no oeste dos Estados Unidos. O local é cenário de horror para os americanos, já que por ser tratar do encontro de duas placas tectônicas, é cenários de muitos terremotos, inclusive existe a “lenda” do chamado "Big One" um terremoto nível 9 ou superior na antiga escala Richter que provavelmente vai destruir inúmeras cidades como São Francisco, San Diego, Los Angeles e por aí vai. Diferente de outros filmes catástrofe que se aproveitam de fenômenos praticamente impossíveis de acontecer, esse aqui se aproveita de um medo real, inclusive os americanos têm um trauma terrível com isso, já que São Francisco foi arruinada no grande terremoto de 1906, portanto eles estão sempre alertas com a possibilidade de um novo cataclisma, resumindo: existia muito a que se explorar com esse tema, o problema foi a forma como tudo foi feito.
Não sou fã do The Rock para mim ele não é ator, é só um daqueles muitos brucutus que Hollywood decidiu transformar em artista, e aqui temos mais uma vez ele bancando o Superman, o homem é piloto de helicóptero, piloto de barco, piloto de carro de F1, piloto de trem bala, piloto de ônibus espacial, etc., as leis da física não se aplicam a ele, tremores não o assustam, deslizamentos não o atingem, e ele consegue engolir grandes inundações. Ray é aquele personagem vazio, unilateral e completamente estereotipado, que só existe com o objetivo de exibir os músculos do "ator", aliás, nenhum personagem tem aprofundamento, nenhum é bem trabalhado, em resumo é um roteiro pobre, vazio, sem estrutura, e que só se vale da carnificina para animar o espectador, essa pelo menos, é bem feita.
“San Andreas” não traz absolutamente nada de novo, muito pelo contrário é uma grande amálgama de tudo que você já viu, aliás quem já assistiu qualquer trabalho do Roland Emmerich consegue facilmente prever tudo o que acontece aqui, já que é inegável a influência de títulos como “The Day After Tomorrow” (2004) e "2012" (2009), só que enquanto no primeiro existia uma relação consistente entre o pai e um filho, dois seres humanos normais tentando sobreviver a uma imensa onda de frio na cidade de Nova York, aqui temos um super humano sem expressões faciais, que que quer salvar uma filha. Em linhas gerais, quem for assistir, é melhor ir se preparando apenas para receber algumas sequências interessantes feitas em CGI de gente se fudendo, porque se você quiser ver bons personagens, sobrevivendo de ao meio do caos, pode esquecer, aqui não é lugar para isso.
A Vida Secreta de Zoe
2.4 148 Assista AgoraADDICTED
Direção: Bille Woodruff
Ano: 2014
Assistido em: 30/10/2023
Não sei quem foi que inventou o termo guilty pleasure, mas essa pessoa deveria receber um prêmio, porque vergonha é exatamente a palavra que define o fato de que sou fã de um gênero que para cada filme bom, tem mil ruins. Adoro um bom thriller erótico, mas por Deus que filmeco foi esse?! E olha que existiam condições perfeitas para fazer um bom trabalho, mas a incompetência dos envolvidos foi maior, e o resultado final foi uma verdadeira lástima.
Zoe é uma mulher bem sucedida, dona de uma empresa de arte, bem casada com um marido que ama, e dois filhos. A vida dela seria perfeita se Zoe não tivesse um pequeno problema: ela é viciada em sexo. Certo dia ela acaba conhecendo Quinton, um artista com quem deveria fazer negócios, entretanto ela é seduzida pela beleza do misterioso homem e acaba começando um caso com ele. Entretanto o comportamento doentio de Zoe vai colocar a sua vida até então toda ajeitadinha em um caminho completamente desgovernado.
Olha, vício é uma coisa muito delicada de ser tratada, é preciso muito cuidado por parte do roteiro e da direção de um filme para não acabar causando um grande desserviço. Zoe é vendida na história como uma mulher doente, uma pessoa viciada em sexo, o problema é que o roteiro em momento algum transparece isso, a história nos mostra uma pessoa normal, que devido a uma fase morna no casamento, quando se viu diante da oportunidade de transar com um gostosão acabou decidindo por chifre no marido. O roteiro tenta nos dizer uma coisa, mas mostra outra, em momento algum você sente que a protagonista é doente, muito pelo contrário, a única impressão que fica é que ela é uma bela de uma vagabunda, que entediada com o casamento perfeito, decidiu botar um chifre no marido. Se ali existe um problema de saúde não pareceu.
O roteiro é tão mal escrito e tão deficiente em transmitir qualquer desenvolvimento de personagem, que as coisas não fluem com naturalidade, tudo acontece na história brotando do nada, Quinton era um homem compassivo, amante das artes, e do absoluto nada, vira um psicopata, assim como a própria Zoe, que também do nada se recorda de um estupro, que é usado como desculpa para as suas atitudes. Não que isso não seja possível na realidade, mas em um filme, isso não pode acontecer do nada, faltando 10 minutos pro fim da história. E outra, como esse marido é banana hein?! Perdoar a adúltera depois de ter levado chifre de não sei quantos, é muita falta de amor próprio.
Em linhas gerais "Addicted "é ruim em todos os sentidos, o roteiro parece ter sido escrito por um adolescente de 15 anos, a direção é capenga, uma protagonista que Deus que me livre, que atriz horrenda. Para não dizer que não tem nada que presta aqui, há bastante, homem gostoso pelado, aliás cheguei aqui por causa do William Levy, e ainda ganhei o Boris Kodjoe e o Tyson Beckford igualmente sem roupa, e pelo menos nesse sentido o filme se garante, mas de resto é daquele tipo de produção C, que na época das locadoras ficavam no fundo da prateleira, criando pó e teia de aranha, porque definitivamente não merecia sair de lá.
Hellboy II: O Exército Dourado
3.4 420 Assista AgoraHELLBOY II: THE GOLDEN ARMY
Direção: Guillermo del Toro
Ano: 2008
Assistido em: 29/10/2023
Como disse no comentário do primeiro filme, o universo do Hellboy não me conquistou, nem mesmo Guillermo del toro conseguiu me fazer embarcar nessa mitologia, e olha que eu tinha gostado de absolutamente todos os projetos dele que tinha visto até então, mas como li pela internet afora que o segundo título era melhor do que o primeiro, vim com algumas expectativas para que agora pudesse curtir esse universo, mas infelizmente “The Golden Army” só reforçou tudo aquilo que senti com o primeiro: um filme aquém da capacidade de seu talentoso diretor.
Quando Nuada, um príncipe do submundo, retorna após séculos com o objetivo de dominar a Terra, Hellboy, Liz e Abe terão que se esforçar para combater a ameaça. Entretanto, isso não será nada fácil, já que o príncipe tem o objetivo de trazer à tona um exército de máquinas super poderoso conhecido como exército dourado, que para Hellboy, era apenas uma fábula da sua infância, mas que agora se tornou uma perigosa ameaça na sua frente.
Esse segundo título funciona perfeitamente para quem curte o primeiro, afinal de contas ele tem exatamente os mesmos pontos fortes, os efeitos especiais são bons, a maquiagem é boa, os cenários, os atores são competentes, enfim, mas quem não gostou, como eu por exemplo, provavelmente também não vai gostar. Exatamente como no “Hellboy” (2004) original, meu problema com esse segundo é com a história que é muito fraca, sem vitalidade e sem nenhum atrativo. O vilão, meu Deus do céu, que coisa horrorosa, volto a repetir que não conheço o material base, mas se as histórias no papel forem como as apresentadas nos cinemas, jamais entenderei como isso conseguiu fazer sucesso.
Quando penso em Guillermo del Toro, sempre espero o melhor, ele é um diretor talentosíssimo, muito acima da média, e demonstra muita paixão em tudo que faz, mas honestamente, seus dois Hellboys ficam no fundo de sua filmografia, não tem nenhum outro filme que perca para esses dois. Com exceção de “Nightmare Alley” (2021) todos os outros trabalhos dele que assisti eram autorais, talvez seja por isso que eu tenha gostado mais. O estilo de direção dele funciona melhor nas suas próprias criações do que quando ele decide adaptar algo de outra pessoa, e olha que nunca assisti “Blade II” (2002).
Vejo que muita gente na internet pede por um Hellboy III, mas honestamente, não faço parte desse time, prefiro o diretor mais próximo da fantasia e bem longe desse negócio de adaptação de histórias em quadrinhos, porque honestamente para mim não funcionou nem um pouco. Se tratando desse personagem, não quero nem saber de qualquer outro filme, fico por aqui mesmo.
Hellboy
3.3 392 Assista AgoraHELLBOY
Direção: Guillermo del Toro
Ano: 2004
Assistido em: 28/10/2023
Tirando as histórias da Marvel e da DC eu nunca fui muito chegado a histórias em quadrinhos desse lado do globo (Turma da Mônica é a exceção), sempre fui o cara dos mangás, então nunca conheci o Hellboy além do nome, e muito menos seu universo ou os demais personagens. Lembro que lá pelos idos de 2004, meus colegas de escola ficaram muito ansiosos com esse filme, mas não fui fisgado, e simplesmente deixei passar. Agora quase 20 anos, e sendo eu um grande admirador do trabalho do Guilhermo del Toro, resolvi dar uma oportunidade para esse filme, e honestamente foi uma grande decepção, sempre espero pelo melhor vindo da figura do del Toro, mas o que encontrei foi apenas mediocridade.
Hellboy é uma criatura demoníaca que foi encontrada pelas forças aliadas próximo ao fim da Segunda Guerra. 60 anos depois ele se tornou uma das principais armas do governo norte-americano contra forças ocultas. Quando um terrível inimigo há muito considerado morto retorna, caberá a Hellboy e seus aliados combaterem as forças do mal.
Guilherme del Toro demonstra bastante capricho em filmes, ele é extremamente detalhista, basta vermos como são ricas as mitologias que eles que ele cria para suas histórias, e aqui você sente muito desse cuidado dele com a maquiagem, com os figurinos, com os efeitos especiais, que quase 20 anos depois são melhores do que é produzido hoje em dia, enfim tecnicamente falando é um filme muito esmerado. Mas o roteiro é de uma simplicidade absurda, todos os trabalhos anteriores que já assisti do diretor possuíam muita personalidade, tinham muito o que dizer nas entrelinhas, mas isso aqui é vazio, é genérico como qualquer outro produzido naquela metade de década, e ao que é feito hoje, e que convenhamos, já saturou.
O elenco encabeçado por Ron Perlman é muito bom, entretanto com exceção do protagonista, os personagens não são. Hellboy tem bastante personalidade, ele é bastante sarcástico, é “descolado”, só que o roteiro não colabora, com uma historinha tão genérica e totalmente qualquer coisa, vilão horrível, e personagens de apoio desinteressantes, não tem protagonista bom que salve.
Ainda vou dar uma oportunidade para sequência, porque dizem que é melhor do que esse primeiro, mas honestamente, o universo de Hellboy não me convenceu, e se Guillermo del Toro não conseguiu me fazer imergir nesse universo, não vai ser reboot de 2019, não vai ser filme novo que está sendo gravado esse ano para lançar no ano que vem, que vão reverter essa situação. Comigo, esse diabão vermelho começou com os dois pés esquerdos.
Gunga Din
3.5 20 Assista AgoraGUNGA DIN
Direção: George Stevens
Ano: 1939
Assistido em: 22/10/2023
Não conhecia a existência desse filme até uns meses atrás, quando escutando um podcast sobre “Indiana Jones” citaram que “Gunga Din” foi uma das prováveis influências de Lucas e Spielberg na criação do arqueólogo mais famoso e amado do mundo, e lá fui eu buscar informações sobre o mesmo, e descobri que foi dirigido pelo grande George Stevens, e trazia no elenco nomes como Cary Grant, Douglas Fairbanks Jr. e Joan Fontaine. Não tinha como não gostar, importante recorte histórico, grande diretor e elenco, tudo caminhava para se tornar um dos meus títulos favoritos da década de 1930, mas é aquele ditado: a expectativa é a mãe de muitas das decepções.
Na Índia Britânica do século XIX, três soldados recebem uma missão de investigar o porque do contanto com um posto avançado ter sido interrompido durante o envio de uma mensagem. Os três serão auxiliados por Gunga Din, um bhisti que deseja se tornar membro do exército da Rainha Vitoria. Entretanto em seu caminho eles são atacados pelos Tugues, fanáticos religiosos que seguem a Deusa Kali, que são adeptos de rituais de sacrifícios e que todos acreditavam estar desaparecidos a quase meio século.
Li em todos os comentários que a produção é datada e traz uma visão extremamente preconceituosa e xenófoba sobre os povos indianos, mas não adianta chorar o leite derramado, não podemos voltar 150 anos no tempo o mudar a forma de tratamento que o Reino Unido deu a Índia, e muito menos condenar Hollywood por uma visão racista que era prática comum 84 anos atrás, infelizmente nos resta usar essas retratações erradas como ferramenta de estudo nos dias atuais, para vermos como não retratar uma nação e seu povo em uma tela de cinema, mas ir além disso é mera anacronismo.
Não tenho nada contra produções com um ritmo mais lento, algumas histórias têm uma cadência muito particular, mas o problema é quando um filme de duração padrão, parece durar uma eternidade, graças a monotonia do roteiro. “Gunga Din” do alto de suas comuns duas horas parece ter durado o dobro do tempo de “Giant” (1956), por exemplo, trabalho de três horas do mesmo diretor, e olha que aqui existem sequências de ação que deveria nos animar, mas que infelizmente não funcionam.
É bem notável o legado dessa obra, e que sim, ele influenciou o nosso querido Dr. Henry Jones Jr., a mistura de humor, com cenas de ação, o jeito irresponsável do personagem do Cary Grant, o total desrespeito com as populações locais, enfim, é tudo muito forte, mas infelizmente, nesse caso sou obrigado a dizer que Spielberg, Lucas e companhia melhoraram e muito as ideias apresentadas e conseguiram criar algo muito mais marcante, e memorável, não vou negar a importância de “Gunga Din”, mas também não vou negar que me deixou com um gosto amargo na boca, já que tecnicamente é um filme muito bem realizado, com um elenco absurdo, mas com uma história chocha e que não empolga, uma pena, pois detesto não gostar de clássicos do cinema.
Footloose: Ritmo Contagiante
3.2 776 Assista AgoraFOOTLOOSE
Direção: Craig Brewer
Ano: 2011
Assistido em: 22/10/2023
Fazendo uma breve confissão de culpa, preciso dizer que nunca assisti a “Footloose” (1984) completo, vi apenas algumas cenas ao longo dos anos, mas não posso negar que reconheço a importância do mesmo, e principalmente o impacto que a trilha sonora ICÔNICA teve para a cultura pop no geral, mas enfim, surgiu a oportunidade de assistir esse remake, particularmente eu mesmo julgo isso como um crime, mas foi a oportunidade que apareceu, e decidi ver assim mesmo, e não é que eu gostei do que assisti.
Ren McCormack é um adolescente de Boston, que após a morte de sua mãe vai morar com o tio no interior da Georgia. O problema é que a pequena cidade é extremamente provinciana, e liderada com rigidez pelo reverendo e vereador local, Shaw Moore, que após a morte de seu filho em um acidente de carro, decide criar uma lei que proíbe os jovens do lugar de participarem de festas, dançar e até mesmo impõe um toque de recolher. O problema é que Ren é um ginasta e dançarino apaixonado por dança, e fará de tudo para liberar a cidadezinha da tirania do religioso, e ainda por cima irá se encantar pela filha do mesmo.
Quando eu li a sinopse do filme original pela primeira vez, achei tão absurda que nem coloquei muita fé no mesmo, uma cidade inteira ser proibida de festejar porque um fanático religioso decidiu que essa era a melhor opção, soava muito surreal para mim, ainda mais para uma produção contemporânea. Corta para 2023 e estamos vivendo uma realidade onde políticos da bancada evangélica estão propondo as maiores sandices que até alguns anos seriam impensáveis. Resumindo o absurdo de “Footloose” está se tornando realidade, uma assustadora realidade.
Falando da produção em si, o roteiro é básico, mas muito funcional, é o romance impossível clássico, e a eterna briga de gerações entre adolescentes e adultos, enfim, é um feijão com arroz bem temperado, que não traz nada de novo, mas que funciona no final. Vi muita gente dizendo que esse remake é bem fiel ao original, e mesmo achando que o elenco não é lá muito carismático, gostei muito do protagonista, Kenny Wormald além de lindo, é ótimo, e o fato dele ser dançarino profissional faz com que suas cenas sejam excelentes, nos fazendo entrar na energia do filme.
Por mais que eu nunca passado incólume ao original, o mesmo não posso dizer de sua trilha sonora, que claramente é o maior legado dessa marca e que desde que me entendo por gente esteve presente nos CDs, MP3 e streamings daqui de casa, principalmente a música tema do Kenny Loggins, e a icônica “Holding Out for a Hero”, o maior hino da Bonnie Tyler, eu já esperava que elas receberiam novas versões nessa nova produção, e isso me broxou automaticamente, com clássicos não se mexe, preferia um milhão de vezes que usassem as versões originais aqui também.
Não sei se essa produção de 2011 é igualável ao clássico, mas comparando as cenas do original que conheço, esse aqui não deixou a desejar não, Craig Brewer fez um excelente trabalho, basta ver a apoteótica cena final, que tal qual na versão de 1984, nos faz querer levantar e sair dançando junto aos atores. O primeiro recebeu no Brasil o subtítulo de “Ritmo Louco”, esse aqui por sua vez foi batizado como “Ritmo Contagiante”, mas o que não dá para negar é que a vontade de dançar de fato é contagiante, e nesse sentido “Footloose” é certeiro.
PS: Todo e qualquer filme que tem fanático religioso quebrando a cara, automaticamente já ganha uma estrela a mais.
Jogo Justo
3.4 153 Assista AgoraFAIR PLAY
Direção: Chloe Domont
Ano: 2023
Assistido em: 21/10/2023
Admito sem nenhum tipo de problema que um dos meus maiores guilty pleasures na sétima arte são os thrillers eróticos, sempre amei ver esse gênero que chamo carinhosamente de “estilo Supercine”, aqueles com femme fatale, com o homem errado no lugar errado, com envolvimento romântico que vai terminar dando uma grande merda, enfim, aqueles que a Globo sempre exibia nos seus sábados a noite, e quando vi anunciando que esse filme tinha sido muito bem recebido no festival de Sundance, fui correndo assistir, e fiquei muito surpreso com o que eu encontrei, primeiramente porque não há quase nada de erótico aqui, e segundo é a importante discussão que a história levanta.
Emily e Luke são um casal apaixonado, que decide dar um passo adiante e ficarem noivos. Só que tem um pequeno probleminha no meio do caminho, eles trabalham no mesmo local, em uma empresa onde relacionamento entre funcionários é proibido. Quando um cargo de chefia fica disponível, Luke acredita que vai assumir, entretanto é Emily quem acaba sendo promovida, isso levará o relacionamento dos dois a um novo patamar, ocasionando consequências, que eles não serão capazes de lidar.
Como disse lá em cima, quase não temos nada de thiller erótico por aqui, mas temos algo muito mais importante para ser discutido, o grande tema apresentado é o machismo estrutural. Não sou nem um pouco adepto dessas bandeiras que a turminha chata do politicamente correto gosta de erguer, mas claramente vemos uma mulher sendo promovida por seu mérito, e um homem que não consegue aceitar essa situação, não consegue assumir que ela é melhor do que ele, e para se sentir melhor, necessita desmerecê-la de todas as formas possíveis, duvidando de sua integridade, acreditando que para conseguir a promoção ela provavelmente teve um caso com seu chefe, que ela está se prostituindo, enfim, tudo passa pela cabeça dele, menos que ela conseguiu por mérito próprio, e por que é melhor do que ele.
A partir do momento que Luke não consegue superar o sentimento de inferioridade, Emily se torna sua inimiga, e é aí que o então casal apaixonado entra em uma espiral de decadência e destruição, que acaba se tornando muito perigoso. Não há nada pior do que uma pessoa com orgulho ferido, ela é capaz de coisas absurdas e é justamente isso que vemos acontecer com os protagonistas, na cabeça de Luke ele foi roubado, foi trapaceado, ele não consegue enxergar como sua responsabilidade o fato de não ter sido promovido, ele se humilha diante de seu chefe (em uma cena extremamente constrangedora), mas não consegue perceber o quão mesquinho está sendo com a mulher que tinha acabado de pedir em casamento.
Desde muito cedo na minha vida profissional, descobri que no trabalho não temos amigos, no trabalho temos colegas, ou melhor, temos conhecidos, pessoas que não vão deixar de passar a oportunidade de te apunhalar pelas costas, de usar informações para te trair e coisinhas afins. Existe um ditado muito antigo que diz “onde se ganha o pão, não se come a carne”, e vi isso acontecer inúmeras vezes na minha frente ao longo dos anos de trabalho, portanto “Fair Play” só reforça uma linha de raciocínio que tinha há muitos anos: o trabalho serve para garantir o nosso sustento e acabou, o melhor é deixar aquelas pessoas ali isoladas do restante de nossas vida.
Chloe Domont faz um belo trabalho de estreia, mesmo a história sendo um pouco mais devagar ela não é daquele tipo que de tão lenta causa tédio, a progressão de acontecimentos é interessante, você observar a construção dos personagens, você consegue antever que uma merda muito grande vai acontecer muito em breve e fica assistindo de camarote. Quando a história entra na sua segunda metade, o filme deslancha. A Interpretação da dupla Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich é muito boa, ambos estão afiados e a direção também é segura, entretanto a fotografia é muito carregada, o que acaba incomodando, assim como o fato de que não há quase nada de muito interessante do lado erótico, até temos uma cena ou outra de sexo, mas é tudo muito comportado, nada que vai fazer corar uma pessoa acostumada com os filmes do mesmo gênero produzidos nos anos 90. A Netflix adiciona tantas bombas em seu catálogo, que nem vale a pena recomendar, mas esse não é o caso de “Fair Play” que traz uma discussão muito válida, sobre algo que acontece todos os dias em diversos partes do mundo, e uma última observação: adorei o título, traz uma ironia muito interessante sobre como as coisas se desenvolvem na história.
PS: Luke é um filho da puta desequilibrado, mas estava certíssimo sobre o fato da Emily não se impor, basta ver como ela é tratada pelo chefe, e nem se mexe para mudar isso.
Awareness: A Realidade É Uma Ilusão
2.5 13 Assista AgoraAWARENESS
Direção: Daniel Benmayor
Ano: 2023
Assistido em: 21/10/2023
Sei que é bastante injusto comparar o cinema hollywoodiano com produções do restante do mundo, filmes nos Estados Unidos representam uma indústria gigantesca que move bilhões e bilhões de dólares anualmente, e que representa uma boa parcela do PIB do estado da Califórnia, portanto é até covardia esperar que outros países, onde o investimento não é tão grande, produzam algo do mesmo nível. Mas gosto muito de ver como o cinema de outras partes do mundo trabalha gêneros que em Hollywood são totalmente batidos e gastos, muitas vezes me surpreendo bastante, mas aqui não foi o caso. “Awareness” traz uma tentativa de ficção científica/suspense vinda diretamente da Espanha, só quem infelizmente tal qual acontece frequentemente na terra do Tio Sam, eles esqueceram do principal: um bom roteiro.
Ian é um jovem de 18 anos que vive na marginalidade junto do seu pai, ele tem misteriosos poderes e utiliza-os de uma forma completamente errada, aplicando pequenos golpes e realizando alguns furtos. Entretanto certo dia quando Ian utiliza suas habilidades de uma maneira irresponsável, ele acaba entrando na mira de uma perigosa organização. Só que o que ele não poderia imaginar é que as pessoas que o estão perseguindo saberiam sobre segredos ocultos de seu passado, desconhecidos por ele.
Olha, a ideia inicial é bem batida, não há nada aqui que já não tenha sido produzido zilhões de vezes em diferentes partes do mundo, entretanto ainda assim fiquei curioso para ver se a abordagem europeia seria diferente da americana, porém, o maior problema aqui é o roteiro extremamente apático, a história é sem graça demais, um filme pode ser ruim, não tem problema nisso, pois ele vai despertar sensações negativas em seus espectadores, mas ainda assim mexerá com os nossos sentimentos, o problema de histórias apáticas é que elas não nos despertam nada, e isso é muito pior, porque a impressão que fica é que apenas desperdiçamos tempo.
O roteiro tem seus mistérios tem suas intrigas que vão aos poucos sendo reveladas, mas honestamente tanto faz tanto fez, as personagens são todas sem carisma, sem vitalidade, eu não estou nem aí se os vilões vão conseguir capturar o mocinho, porque eu também estou pouco me lixando para ele e para seu pai, isso porque a apresentação deles é péssima, querem que a gente se importe com o passado de um jovem que nós mal conhecemos, que pouco sabemos além do nome e que ele tem poderes especiais, não é assim que você se conecta com personagens, e com conexões tão pobres é impossível você dar a mínima para o restante do filme.
Decidi assistir “Awareness” porque acreditei que poderia estar diante de uma ficção científica/thriller interessante, mas foi uma baita de uma decepção. Tirando o fato do Carlos Scholz ser lindinho e um verdadeiro agrado para os olhos, são duas horas de nada que prenda a atenção, mais ou menos ali por volta de uma hora eu já tinha desistido, e só tava torcendo para chegar no final o mais depressa possível, mas era como se esse final nunca chegasse.
Mass
4.0 70 Assista AgoraMASS
Direção: Fran Kranz
Ano: 2021
Assistido em: 15/10/2023
Não sei onde, mas certa vez li uma frase muito emblemática sobre cinema que nunca me saiu da cabeça: “para se fazer um bom filme, só é preciso uma câmera e uma boa ideia”, e aqui temos uma prova dessa afirmação. “Mass” é um filme simples, mas não simplório, muito pelo contrário, é denso e sombrio, a começar pelo próprio título que traz uma “brincadeira”, mas que já entrega o pesado e difícil tema que será abordado, já que a palavra mass além de missa, pode ser uma abreviação para: massacre.
Dois casais decidem se encontrar em uma igreja, mas isso está bem longe de ser um simples encontro de cordialidade, já que um fatídico acontecimento destruiu as duas famílias para sempre, entretanto ambos os casais estão dispostos a recomeçar, mas para isso se faz necessário um acerto de contas.
Eu me formei no ensino médio em 2009, e mesmo que 14 anos não possam parecer muito tempo, sinto que o ambiente escolar que eu conheci e vivi já nem deve existir mais, e tenho certeza que uma coisa infelizmente ainda não mudou: a violência dentro do espaço escolar. Crianças e adolescentes sabem como ser cruéis quando querem, e isso cria agressores e vítimas em um ambiente que sem supervisão, se torna um enorme barril de pólvora. Não vamos nos iludir, ataques perpetrados em escolas não são novidades, não começaram ontem, mas nos tempos recentes, eles parecem estar se repetindo em uma velocidade alucinante, logo, toda e qualquer forma de discussão desse mal deve ser utilizado, precisamos ficar alertas, e esse filme funciona perfeitamente nesse sentido.
Repetindo o que escrevi no primeiro parágrafo, o filme é simples, mas não simplório, o cenário é um só, o figurino não muda, a trilha sonora é praticamente inaudível, enfim, esses elementos praticamente passam desapercebidos, pois o foco da produção está inteiramente em seu roteiro, direção e atuação, principalmente nesse último quesito, Reed Birney, Ann Dowd, Jason Isaacs, e Martha Plimpton estão simplesmente impecáveis, você sente toda a miríade de sentimentos que esses quatro transmitem para seus personagens, foi impossível não se emocionar com o olhar de Down, ela estava soberba, e transmitia todo o peso de uma mulher na situação inimaginável que a personagem vivia, era um alto e sonoro grito silencioso de dor, transmitido pelos olhos.
Como já disse em comentários de, pelo menos, uns três filmes, o Massacre de Columbine foi algo que me marcou DEMAIS, mesmo eu sendo uma criança, a cobertura daquele caso nunca saiu da minha cabeça, e ao longo dos anos busquei saber mais detalhes, lendo muitos livros e matérias, assistindo reportagens e filmes, e etc. E um dos livros mais importantes sobre essa história é “O Acerto de Contas de uma Mãe” (2016) escrito por Sue Klebold, a mãe de Dylan Klebold, um dos dois assassinos, e qual foi a minha surpresa ao ver passagem IDÊNTICAS ao caso de Columbine no filme, sério, não é um ou outro detalhe, são descrições precisas, alguns fatos como, a alegação de bullying, a prisão antes do ocorrido, as consultas com o psicólogo, o local das mortes, o suicídio, enfim, não posso dizer que somente Columbine serviu de inspiração pro filme, mas são passagens muito peculiares da tragédia ocorrida em 1999, que aqui “ocorreram igual”, inclusive o pós massacre, como as atitudes dos pais, o luto dos mesmos, e por aí vai, a própria Sue e seu marido Tom também se encontraram com alguns pais das vítimas de seu filho. Em momento algum Columbine é citado como sendo base para o roteiro, mas como li em uma crítica do Los Angeles Times, há muitos paralelos entre a ficção criado por Kranz e o mais famoso atentado escolar da história, paralelos demais para que serem encarados como simples coincidência.
“Mass” é um filme cruel, pesado, que não dá refresco para o espectador, e nem poderia fazer isso, é um filme difícil de ser assistido, pois nos coloca em uma situação extremamente desconfortável o tempo todo. Por retratar um ato de extrema violência, o roteiro deve mostrar o impacto do mesmo na vida dos envolvidos, de ambos os lados, mas como disse, durante anos eu li e pesquisei por Columbine, e curiosamente em fevereiro desse ano reli o livro da Sue Klebold, logo a história estava super fresca na minha cabeça, do ponto de eu conseguir antever as revelações do roteiro, isso não é demérito, mas infelizmente, pra mim, a história contada soou como requentada, mas repito, as qualidades das atuações, dos diálogos e da direção são inquestionáveis, assim como a relevância dessa obra alcançar o maior número de pessoas possível.
Continência ao Amor
3.2 322 Assista AgoraPURPLE HEARTS
Direção: Elizabeth Allen Rosenbaum
Ano: 2022
Assistido em: 15/10/2023
Surpreendendo muita gente, entre os maiores sucessos do ano passado na Netflix, estava esse romance, na época ouvi muita gente ao meu redor recomendando, mas como não sou de seguir recomendações e nem de ir correndo atrás de sucessos dos momentos, só agora decidi dar uma chance para essa produção que foi castigada aqui nas terras tupiniquins com um dos títulos mais ridículos das últimas décadas, e honestamente, não encontrei nada imperdível, ou que justificasse tamanho frenesi por parte do público.
Cassie é uma garota batalhadora, mas que é pobre por parte de pai e de mãe, ela se ver atolada em dívidas quando descobre ser portadora de diabetes tipo 1, e como nos States não existe SUS, ela não tem de onde tirar suas insulinas. Do outro lado da história temos Luke, um viciado que está sóbrio há dois anos, mas que deve horrores a seu fornecedor, sem perspectiva, ele decide se juntar aos marines e ir para guerra do Iraque (?). Luke e Cassie se conhecem, e não se dão muito bem de primeira, mas isso muda quando um vê no outro a solução para seus problemas financeiros, bastando para isso cometer fraude fiscal e fingir um casamento.
Clichêzão com C maiúsculo, “Purple Hearts” não traz absolutamente nada de inovador, é a velha história do casal que se estranha, que são forçados a se unir, e por tabela acabam se apaixonando, ou seja, é o romance padrão. Mas eu nunca fui contra clichês, desde que bem feitos, e no caso dos romances, é primordial que o casal principal funcione, e justamente isso que salva o filme, Sofia Carson e Nicholas Galitzine são lindos (principalmente ele, que é um espetáculo) e tem química juntos, o problema é que o romance da dupla é sabotado pelo próprio roteiro.
Logo nos primeiros minutos eu percebi que o longa tinha um enorme problema de tempo, em todos os sentidos. A história se passa em 2021, e Luke está indo para o Iraque, só que os Estados Unidos retiraram suas tropas do lugar em 2011! Outro detalhe, Cassie e Luke se conhecem a noite, e no outro dia pela manhã já estão planejando o casamento de mentira?! Se passou algum tempo durante esses dois acontecimentos não deu pra perceber. E indo além, o casal se apaixona rápido demais, sem que haja cenas que mostrem isso acontecendo, existe mais preocupação da direção de mostrar cantoria chata do que desenvolver o relacionamento do casal principal de maneira natural.
“Purple Hearts” não tem a pretensão de revolucionar o gênero romântico ou o cinema, é só o mais do mesmo de sempre, feito de uma forma gostosinha de acompanhar, obviamente funciona melhor com os fãs desse tipo de produção, mas também serve para o espectador médio que quer apenas passar o tempo e se desligar da realidade em um dia qualquer. Pra quem não espera por nada além do trivial, o filme é uma boa pedida.
PS: O “Coração Púrpura” é uma condecoração belíssima, mas com um nome bem cafona, mas ainda assim é bem melhor que essa desgraça de “Continência ao Amor”
Um Lugar Bem Longe Daqui
3.7 336 Assista AgoraWHERE THE CRAWDADS SING
Direção: Olivia Newman
Ano: 2022
Assistido em: 14/10/2023
Na maioria das vezes que decido assistir um filme sem buscar informações sobre do que se trata acabo me deparando com grandes bombas, mas uma vez ou outra dou de cara com algo surpreendente. Quando vi o elenco de “Where the Crawdads Sing” fiquei interessado em assistir, a única informação prévia que tinha é que a protagonista seria acusada de um crime, mas fiquei bastante surpreso, primeiro porque não é um filme clássico de romance, a trama é muito mais puxada pro drama, e segundo porque mesmo que em doses ínfimas, a história ainda tem um pé no tribunal, gênero que amo de paixão e que sempre estou buscando consumir a maior quantidade possível de títulos.
Kya é uma garota que teve uma infância extremamente sofrida, ela nasceu e cresceu nos pântanos da Carolina do Norte, com um pai extremamente violento com todos da família, o que leva a mãe e os irmãos de Kya a abandoná-la no lugar um a um, deixando-a sozinha. Após a morte de seu pai ela precisa aprender a lidar com as coisas por conta própria, e seu mundo irá virar de cabeça para baixo quando for acusada de assassinato.
Apesar da história simples, o roteiro tem uma vantagem, ele manipula bem as emoções do público. Kya nos é apresentada ainda criança, e sua vida não é simples, e é aí que está o grande trunfo da direção, que soube escolher uma atriz mirim muito talentosa e expressiva, que consegue transmitir apenas com o olhar toda a bagagem que carrega, tanto que tive muito mais empatia por Kya criança do que pela versão adulta, aliás o crescimento da personagem é excelente, primeiro com o auxílio de Tate, e depois por conta própria, ela consegue sair daquele seu mundinho, sem abandonar fisicamente os pântanos, nos passando uma bela mensagem de que é sim possível expandir os seus horizontes, bater as suas asas, sem abandonar as suas raízes.
O filme têm atores muito competentes e bem escalados para seus papéis principalmente Daisy Edgar-Jones, como a forte protagonista, Harris Dickinson como um vilão nojento e David Strathairn no papel de advogado, e também temos o Taylor John Smith que é um ator que gosto, mas que infelizmente tem o personagem mais ingrato de todos, e ingrato em todos os sentidos, já que além de ser um banana, é covarde e sem palavra, não merecia de forma alguma ser o par romântico da protagonista, fiquei indignado com as atitudes desse pamonha, e torci muito para que sumisse em definitivo, Kya merecia coisa melhor.
Apesar de eu ter gostado bastante da forma como a montagem nos contou a história, misturando presente com o passado, tenho que admitir que um ponto me desagradou e incomodou, a direção, mesmo que Olívia Newman saiba conduzir seus atores, ela não soube construir uma atmosfera adequada para a trama, que por ser pesada, pedia que a diretora fosse mais incisiva, ela deveria ter explorado melhor as dificuldades da protagonista, o roteiro dava sustentação suficiente para isso, mas senti que Newman preferiu ficar no raso, quando poderia ter mergulhado em águas mais profundas, mas nem por isso condeno o resultado final, só acho que ele poderia ser ainda melhor.
Não conhecia o trabalho da diretora e nem da autora do livro, mas gostei do que vi, até fiquei curioso pela obra original, mas não vou dizer que fiquei surpreso com o twist do final, porque se você prestar atenção, o roteiro foi dando pistas ao longo da história de como seria o final, e quando a confirmação veio, fiquei bastante feliz por ter conseguido acertar, particularmente não gosto muito de prever finais, mas tenho uma predileção por aqueles em que a protagonista não é um cordeirinho indefeso, e nem uma sofredora infinita que não toma nenhuma atitude, e nesse ponto a Kya conseguiu arrebatar a minha torcida, portanto fico bastante contente com desfecho escolhido para a história.
Música, Amigos e Festa
3.3 256 Assista AgoraWE ARE YOUR FRIENDS
Direção: Max Joseph
Ano: 2015
Assistido em: 14/10/2023
Certa vez vi uma entrevista do George Clooney onde ele soltou uma frase excelente que vejo sendo aplicada em muitas produções dia após dia, ele disse o seguinte: "você pode fazer um filme ruim de um bom roteiro, mas não pode fazer um filme bom de um roteiro ruim", e assistindo "We Are Your Friends" eu me lembrei muito dessa fala, não que esse aqui seja um desastre como “Batman & Robin” (1997) para qual o Clooney disparou essa frase, mas fico imaginando que muitas vezes um aspirante a diretor fica tão empolgado para fazer o seu primeiro trabalho que acaba pegando o primeiro tratamento de roteiro e decide filmar, e tenho a forte sensação de que deve ter sido isso que aconteceu aqui, porque mesmo tendo uma curta duração, claramente não havia muita história para contar.
Cole é um jovem de 23 anos que tem a pretensão de se tornar um DJ, às noites ele curte as baladas de Los Angeles sempre acompanhado de seus inseparáveis três amigos, enquanto trabalham em um emprego extremamente burocrático durante o dia. Sua vida muda quando ele conhece James, um DJ bem sucedido que decide dar uma oportunidade ao jovem, e quem sabe torná-lo um nome proeminente, o problema é que Cole acaba por se envolver com a namorada de James.
O ponto forte aqui está obviamente na sua trilha sonora, afinal de contas é um filme sobre música, a fotografia que cria imagens muito bonitas da vida noturna da cidade de Los Angeles, e no elenco masculino que esbanja beleza, mas nada disso compensa um roteiro fraco, vemos um grupo de quatro jovens adultos que levam uma vida completamente desregradas, na base da farra e das drogas, e é como se o longa do romantiza-se essa situação, Cole é um personagem raso como um pires, sem falar que é um tremendo de um filho da puta que não consegue segurar a rola dentro das calças e acaba se envolvendo com a namorada da pessoa que lhe estendeu a mão, quando o protagonista é um canalha, como é que você torce por ele?! Meio difícil.
Zac Efron está sendo ele mesmo pela milionésima vez, ele até já demonstrou um certo potencial, mas precisa obrigatoriamente de um bom roteiro e uma boa direção para funcionar, Wes Bentley é um ator do qual gosto bastante, mas aqui ele não tem nenhuma condição de entregar uma grande performance, enfim é um filme pobre com uma história extremamente banal, que começa do nada vai para no lugar nenhum, até tem uma tentativa forçada de drama do meio pro final com uma morte, mas é um personagem tão sem importância, que você não dá a mínima.
Em linhas gerais "We Are Your Friends" é apático, não é daqueles execráveis, que irritam o espectador a ponto de você não querer nem lembrar que assistiu alguma vez na sua vida, mas é insípido, até tem uma embalagem bonitinha, mas que é tudo tão fraquinho e esquecível, que em poucos minutos depois do fim dos créditos, você nem vai se lembrar do que se tratava propriamente a trama.
O Exorcista: O Devoto
2.1 392 Assista AgoraTHE EXORCIST: BELIEVER
Direção: David Gordon Green
Ano: 2023
Assistido em: 13/10/2023
Eu acho até irônico um agnóstico dizer que seu terror favorito da vida é sobre um exorcismo, mas o que posso fazer se essa história criada por William Peter Blatty e tão brilhantemente transposta para os cinemas por William Friedkin, entrou na minha mente de uma forma tão avassaladora que nada que vi antes ou depois sequer chegou próximo de me encantar da mesma forma?! E conhecendo a “maldição" que existe em volta dessa franquia, eu já sabia que ao invés de fazerem um filme de terror, fariam um terror de filme, mas quis pagar pra ver, literalmente, e lá estava eu dentro da sala do cinema espumando de raiva.
Quando duas adolescentes de 13 anos desaparecem misteriosamente, seus pais começam uma desesperada busca, entretanto elas apareceram três dias depois, sem se lembrar de nada que aconteceu, e com comportamentos completamente diferentes de antes. Caberá aos pais das garotas tentarem descobrir o que está acontecendo com suas filhas, o que os levará a um perigoso caminho sem volta.
Que a criatividade de Hollywood jaz morta e enterrada todo mundo já sabe, faz no mínimo uns 10 anos que vivemos na base dos remakes, reboots, retcoms ou qualquer outra porcaria começada com r, nada mais que os estúdios “criam” hoje em dia faz sucesso, então ele se vêem obrigados a olhar para trás, e a buscar entre os clássicos, sucessos do passado para tentar ressuscitar. Às vezes dá certo, “Mad Max: Fury Road” (2015) e ”Top Gun: Maverick” (2022) estão aí para provar, mas para cada sucesso, devem existir uns trezentos fracassos. O grande problema é que “O Exorcista” nunca deu certo como franquia, sempre foi um livro excelente, e uma adaptação perfeita lançada em 1973, e de lá para cá já tentaram fazer de tudo com esse IP, e seguem falhando miseravelmente, mas parece que não aprendem.
Sei que muita gente odeia o David Gordon Green, eu até defendo a visão dele para a franquia “Halloween”, concordo que três produções foram desnecessárias, mas eu gostei das ideias dele para o segundo e até para o terceiro filme, a execução foi meio torta, mas eu curti a intenção, mas por mais que goste muito do “Halloween” (1978) do Carpenter, eu não tenho por ele um décimo do fascínio que tenho por “O Exorcista”, e ver o desrespeito com que esse filho da puta tratou o universo do Blatty me fez arrepiar de ódio dentro do cinema, o fudido me traz Chris McNeil de volta e trata personagem como um lixo, cospe em cima do legado dela, é algo tão porco, que a própria Ellen Burstyn assumiu que só aceitou pelo dinheiro, uma idosa de 90 anos, atriz extremamente talentosa, vencedora do Oscar, cheia de papéis incríveis, se submeter a uma situação dessas só pode ser por conta de dinheiro mesmo.
Personagens patéticos, ritmo inexistente, lento demais no começo, apressado demais no final, uma maquiagem vergonhosa, uns jumpscare vagabundos, tudo aqui toma um pau da produção original que foi lançada 50 anos atrás, e eu não vou nem entrar no mérito do talento, Linda Blair tem uma performance absurda no original, as duas atrizes que colocaram no lugar são fraquinhas, não vale nem a pena perder tempo mencionando elas, mas gostaria de entender como passou pela cabeça desses projetos de roteiristas que colocar duas crianças possuídas era uma forma de aumentar a ameaça do primeiro filme, e alguém por gentileza me explique, o porquê deste título, sendo que não temos nem exorcismo, nem exorcista, e nem o protagonista é um crente, nada nessa merda faz sentido, me aparecem com uma ex noviça, um pastor protestante, uma mulher de religião de matriz africana, e sei lá mais o que diabos e todos se unem tão facilmente, um bando de amadores fazendo besteira, não que eu esperasse por cenas emblemáticas como as do exorcismo de Regan, mas ao menos esperava profissionais, que fizessem jus ao trabalho dos padres Karras e Merrin.
É inacreditável o que a Universal e a Blumhouse fizeram nesse “The Exorcist: Believer”, e eles ainda têm a coragem de dizer que tem mais dois projetos a caminho. Dentro da sala de cinema, eu bocejei, fiquei com sono, fiquei entediado, fiquei me mexendo inquieto, fiquei com raiva, fiquei com ódio quando lembrei que gastei R$ 24.00 para assistir essa desgraça, mesmo após ter ouvido inúmeras pessoas dizendo que era ruim, eu tive tudo, menos prazer com que estava assistindo. David Gordon Green deveria ser preso e condenado a prisão perpétua, não vou dizer que merece pena de morte, porque esse maldito tem que sofrer pelo sacrilégio que cometeu. Nunca pensei que eu diria isso, mas felizmente o Friedkin morreu em agosto, e não pode ver mais uma carniça que fizeram dizendo ser inspirado na obra-prima dele.
PS: Quem tiver a coragem de dizer que isso aqui é uma sequência direta do original, provavelmente assistiu o filme de 1973 com o olho do cu.