Eu sou um cinéfilo que sempre busca dar chances para todos os gêneros, mesmo aqueles que não fazem muito meu gosto, como o romance por exemplo. Minha grande bronca com eles é que todos são terrivelmente iguais, tão iguais que se tornam totalmente previsíveis, me deixando desmotivado a assisti-los, mas uma vez a cada ano bissexto me deparo com um que é um pouquinho diferente dos outros, e após ter assistido setes comédias românticas que pareciam todas o mesmo filme, me surpreendi com essa produção italiana (claro que não seria americana) que milagrosamente fugiu da mesmice e conseguiu surpreender mesmo que um pouco.
A vida dos moradores de uma pequena e pacata cidade na Ilha da Sicília mudará com a chegada do diácono que fora designado para a igreja local, Nicola. O religioso logo cairá nas graças de todos do lugarejo, principalmente das garotas que passam a se derreter pela beleza do jovem. Nesse contexto ele irá se aproximar de duas amigas que estão trabalhando em uma colônia de férias, mas enquanto Valentina fará de tudo para chamar a atenção de Nicola, será da jovem Lucia que ele se aproximará de verdade e por quem começara a desenvolver sentimentos, tudo isso em meio a uma onda de calor histórica pelo qual a Itália está passando.
O que mais gostei é que o drama que separa o casal protagonista não é aquele clichê vagabundo de um mentir para o outro, desde o primeiro minuto ela sabe que ele será padre, ou uma terceira pessoa atrapalhando o romance, já que a amiga nunca representa uma ameaça, o que os separa os dois é algo muito mais forte: as perspectivas diferentes que cada um tem para o seu futuro. Nicola é certo de seu desejo de se ordenar padre, enquanto Lucia pretende se mudar para Roma dentre muito em breve, e os dois sabem que um relacionamento não terá futuro, mas ainda assim estão dispostos a tentar, e foi aí que o filme me surpreendeu.
Pensei que o roteiro se renderia ao lugar-comum e deixaria o casal protagonista junto ao final, mas Nicola e Lucia demonstram um amadurecimento incomum para os filmes desse gênero, eles percebem que muitas vezes o “juntos e felizes para sempre” NÃO ACONTECE. Nicola não quer abrir mão de seus serviços eclesiásticos, ele até faz uma proposta para Lucia ser sua amante, mas ela recusa, e eles logo percebem que o melhor é cada um seguir sua vida. Nos minutos finais o roteiro até me pregou uma peça com aquela passagem de tempo de 5 anos, pensei que o roteirista/diretor Matteo Pilati iria pôr tudo a perder juntando o casal central novamente, e eu já estava praguejando, mas ele mais uma vez subverte as especificativas ao mostrar que Nicola não só abandonou a batina, mas se casou e teve filhos com outra mulher, ou seja, ele mudou sua vida radicalmente por si mesmo, e não por Lucia, temos um filme onde os protagonistas tiveram que se separar para que suas vidas fossem adiante.
Mesmo gostando da forma como Pilati desenvolveu sua história, não posso negar que o resultado entregue é bem básico, não que isso seja algo ruim, às vezes apostar no seguro é a melhor opção. O elenco é carismático, o casal Gianmarco Saurino e Nicole Damiani tem química juntos, as paisagens sicilianas são deslumbrantes e a fotografia sabe bem como usá-las, isso sem falar que esse padre nos faz ter pensamento nada cristãos, que homem bonito e gostoso né minha gente?!
Reforçando uma impressão antiga que tenho, “L'Estate Più Calda” mostra mais uma vez que o cinema europeu é mais maduro que o americano, não se deixando prender tanto assim a tradição, e nesse caso isso foi excelente, pois fui assistir esperando mais do mesmo, e me surpreendi com os desdobramentos escolhidos pela direção que me entregaram um longa que funcionou como um refresco para um gênero tão gasto quanto o romance.
THREE THOUSAND YEARS OF LONGING Direção: George Miller Ano: 2022 Assistido: 08/10/2023
George Miller é dono de uma das filmografias mais diferentes da história do cinema mundial, esse talentoso australiano já fez um pouquinho de tudo na sua carreira, de futuros pós-apocalíticos a mulheres que disputam o amor de Satanás, mas também já fez filmes sobre porcos carismáticos e animações sobre pinguins dançarinos, enfim, podemos classificar seus trabalhos com N adjetivos, mas repetitivos não é um deles. Quando li que seu novo projeto seria sobre um “gênio da garrafa” imediatamente fiquei ansioso para ver qual seria a abordagem escolhida por esse querido diretor, já que tenho muito interesse pelos mitos da cultura árabe.
Durante uma viagem a Turquia, a narratologista Alithea acaba adquirindo uma misteriosa garrafa em uma loja no Grande Bazar de Istambul. O que a princípio aparentava ser apenas um objeto de adorno, acaba por se revelar como a prisão de um poderoso djinn. Como Alithea tem receio de realizar os três desejos que lhe são de direito, ela começa a conversar com o Djinn que lhe contara sobre os eventos milenares de sua longa vida.
Quando o filme começa de verdade (ou seja, quando o Djinn começa a contar suas histórias), duas coisas imediatamente me vieram a cabeça, a primeira foi “As Mil e uma Noites” e a segunda foi o filme “Interview with the Vampire” (1994), em ambos os casos temos um personagem contando histórias fabulosas para outrem. Como sou um devoto da História, fiquei maravilhado quando o Djinn começou a misturar seus relatos com a passagem bíblica do encontro do Rei Salomão e da Rainha de Sabá, e depois com personagens do lendário Império Otomano, como o sultão Suleiman I, seu filho o príncipe Mustafa e sua esposa Hürrem, assim como Muhad IV e seu irmão Ibrahim, o louco. Todas essas sequências são extremamente ricas, com um roteiro imersivo, cenários deslumbrantes e uma fotografia esplêndida, elas são tão bem conduzidas por Miller e pelo “narrador” que passam muito rápido deixando a sensação de quero mais.
Infelizmente o filme perde um pouco de ritmo a partir da história de Zefir, não sei se o fato de ser a única sem personagens reais, mas foi a que menos gostei, a partir daí vemos um terceiro ato que está longe se ser ruim, mas não tem o mesmo charme dos demais. É claro que existe todo uma armação por parte do roteiro para nos levar a questionar se o que ocorreu com Alithea era real ou não, mas honestamente?! Para mim isso é irrelevante, como disse lá em cima o filme me remeteu muito a história da Scheherazade, e se nas Mil e uma Noite, a narradora e o rei da Pérsia eram apenas a “porta de entrada” para uma série de lendas fantásticas, da mesma forma enxergo os dois protagonistas aqui: meros instrumentos para nos contar histórias fabulosas.
Nunca me decepcionei com nenhum trabalho do Miller, ele sempre entrega histórias muito bem contadas, e aqui não foi diferente, “Three Thousand Years of Longing” trás histórias dentro da narrativa principal, é foi impossível não ficar imerso, nem vi às quase duas horas passarem, para dizer a verdade eu queria mais, bem mais, obviamente estou me referindo as passagens históricas, sobre o lado “romântico” não faço muita questão não!
HEAVEN IN HELL Direção: Tomasz Mandes Ano: 2023 Assistido em: 07/10/2023
Nos anos 1990/2000 a rede Bandeirantes exibia nos seus finais de semana a sessão Cine Privê, em cartaz haviam filmes do gênero soft porn que fizeram parte da puberdade de uma geração de pessoas, inclusive a minha. Eram filmes como uma história rasa (ou inexistente), e com sequências eróticas que só serviam para adolescente mesmo. Nos dias atuais, esse tipo de “serviço” nem se faz mais necessário, já que com o advento da internet as pessoas têm acesso a programas muito mais “divertidos” e com uma facilidade absurda, portanto eu não entendo como que ainda produzem filmes "eróticos" tão sem graça e tão sem propósito quanto esse, cujo o único atrativo pode ser para senhoras da meia idade vivendo crises em seu casamento.
A juíza Olga é uma mulher bonita e bem sucedida com uma filha adulta, e com uma vida instável, mas tudo muda completamente quando ela conhece o jovem Maks, um homem 15 anos mais jovem e extremamente bonito. Só que ela nem pode imaginar que Maks já teve um relacionamento com sua filha, o que levará as duas a uma complicada situação de dividirem o mesmo homem.
Qualquer brasileiro que se preze já deve ter assistido alguma novela em que mãe e filha disputam o mesmo homem, Manoel Carlos fez o Brasil todo tomar partido com “Laços de Família” (2000-2001), a questão toda é que lá existia uma trama interessante, e aqui isso não acontece. O filme não tem história para contar, temos um bonitão que se envolve com a mulher mais velha, que descobriu que já deu uns pegas na filha dela, é essa menina insuportável que decide se intrometer no relacionamento da mãe e só. São duas horas de nada, algumas cenas de sexo que tentam ser um pouco mais picantes e animar o espectador, mas quem também não interessam muito, e acabam por nem agregar valor ao todo.
Sobre o elenco, o que tem de bonito tem de fraco, mas particularmente não podemos cobrar muito já que o roteiro é pífio e a direção pouquíssima inspirada, ou seja, mesmo que atores vencedores do Oscar estivessem à frente dos papéis centrais, dificilmente conseguiriam fazer alguma coisa decente. Para não dizer que absolutamente nada dá para salvar, para as mulheres e para os gays, pelo menos há cenas do gostoso do Simone Susinna sem roupa, é ao menos um alento para as duas horas de tédio que somos “obrigados” a enfrentar.
No geral “Heaven in Hell” esqueceu de nos dar a parte do heaven e só entregou o hell mesmo, um hell de filme, que começa do nada e termina em lugar nenhum. Se propoz a ser picante, mas não faz nem cosquinha, e só mais uma produção água com açúcar de drama erótico/romântico sem graça de serviços de streaming, coisa parece estar se popularizando bastante nos últimos anos.
THE ABYSS Direção: James Cameron Ano: 1989 Assistido em: 07/10/2023
Desde que conheci o trabalho do James Cameron lá no comecinho da década de 2000, fiquei encantado, ele é um diretor que trabalha drama e ação em medidas igualmente incríveis. E de lá para cá, já assisti praticamente todos os seus trabalhos, os únicos pendentes eram “Piranha II: The Spawning” (1982), que não faço a menor questão de assistir, e “The Abyss” que pude conferir agora, mas que já conhecia superficialmente sobre o que a história se tratava, e o que mais me deixou impressionado foi o fato de Cameron ter conseguindo reunir todos os seus amores em um único lugar: Oceano, Aliens e ficção científica.
Quando um navio nuclear sofre um acidente e desaparece nas profundezas do oceano, o governo norte-americano opta por pedir apoio a um grupo de petroleiros liderados por Bud Brigman, que está mais próximo do local. A esposa de Bud, Lindsay, decide ir junto no resgate mesmo que seu relacionamento com o marido não esteja dos melhores. Para complicar ainda mais a situação, um grupo de Navy SEALs liderados pelo Tenente Hiran Coffey se junta à expedição. Como se já não bastasse todos esses problemas, um furacão poderosíssimo está se formando na superfície bem acima do local onde a equipe de resgate está atuando, deixando a tensão já existente ainda mais latente.
Elogiar filmes do Cameron é chover no molhado, ele é um excelente roteirista e diretor, conduz seus atores brilhantemente, e é conhecido pelo seu extremo perfeccionismo em todos os aspectos da produção, e aqui não é diferente. Ed Harris, Mary Elizabeth Mastrantonio e Michael Biehn estão ótimos nos papéis principais, toda a parte técnica, os efeitos especiais, nem parecem que são de um filme do final da década de 1980, e o roteiro é excelente, com um progressão de eventos muito bacana, sem falar dos personagens muito marcantes, tal como tudo que Cameron faz.
Eu tive acesso a versão estendida do filme que tem 20 minutos a mais do que a versão original do cinema, e consegui entender uma declaração antiga do Cameron que certa vez disse que versões de diretor são apenas um adendo, que a versão final de um filme sempre é a do cinema. Os 40 minutos finais são focados totalmente na parte da ficção científica e dos alienígenas, isso não é algo ruim, mas particularmente eu achei esse o ponto menos relevante do filme, o que mais chamou minha atenção foi ver aquele grupo de pessoas no fundo do oceano numa situação complexa, tendo que lidar com personalidades totalmente distintas, tendo que lidar com um militar surtado que enxerga o “inimigo soviético” por todos os cantos, e que está colocando a vida de todo mundo em perigo. Se o filme fosse só isso para mim ele seria um 10 de 10, mas nós temos a parte da ficção científica e os aliens na mistura, não que eles a deixem a trama ruim, mas quando o conflito do Coffey se encerra e o filme se dedica exclusivamente ao sci-fi, muito do meu interesse acaba, sou muito mais apegado a relações, conflitos e dramas humanos do que qualquer coisa relacionada à mistérios cósmicos, por isso senti bastante os 40 minutos finais quando o foco passa ser integralmente a subtrama sobre os Aliens.
Meus filmes favoritos do Jim Cameron continuam sendo aqueles que eu conheci primeiro (os dois Exterminadores e Titanic), que eu conheci na minha infância, mas não nego que “The Abyss” é mais um de seus grandes trabalhos. Mas senti que o encerramento dos conflitos humanos foi muito precoce, queria muito mais desse vilão surtado do Biehn. Talvez na versão do cinema, com uma montagem diferente e com algumas cenas sendo eliminadas esse sentimento seria diferente, mas nem por isso eu condeno o resultado final, que repito: é de uma técnica incrível, muito bem conduzido, e que faz jus a grife Cameron de produções cinematográficas.
CULPA MIA Direção: Domingo González Ano: 2023 Assistido em: 01/10/2023
Continuando minha jornada através das comédias românticas, decidi dar uma oportunidade a essa produção espanhola do Prime Video. Fui com a mente aberta, mas com esperanças de encontrar algo diferente da mesmice que Hollywood sempre entrega com esse tipo de produção, afinal de contas é um produto europeu, e lá eles possuem um cinema muito menos engessado e preso a tradições, mas não poderia estar mais enganado, “Culpa Mia” pode não ter saído da terra do Tio Sam, mas se o elenco não falasse espanhol, ele indubitavelmente poderia se passar por uma produção de Los Angeles.
A vida de Noah muda radicalmente quando ela é obrigada a mudar de cidade, deixando todos os seus entes queridos e seu namorado para trás, após sua mãe se casar novamente com um ricaço. Na mansão ela conhece Nick, o filho de seu padrasto, chocando o total de zero pessoas os dois que no começo se estranham, acabam se apaixonando, mas uma série de problemas vão se impor entre o relacionamento dos dois.
Olha, sendo bastante honesto, eu não suporto filmes que inventam conflitos que não se sustentam. Dentro da história (e em alguns comentários aqui do Filmow) existem diversas pessoas condenando Nick e Noah por ele serem irmãos?! MAS O QUE ESSE POVO TEM NA CABEÇA?! VENTO?! Eles não tem o mesmo pai e nem a mesma mãe, não foram criados juntos, se conheceram há alguns dias, quando ela tinha 17 anos e ele já estava com 22, ou seja, ADULTOS, de onde tiraram essa baboseira de incesto?! Não sei se isso existe no livro no qual a história se baseia, creio que sim, mas pra mim é uma forma bem cretina dos roteiristas de criarem empecilhos pro casal protagonista, sendo esse extremamente fraco e sem vigor.
O casal protagonista é bonitinho, são fofinho juntos, tem química sexual, mas a história é muito boba, não há nada realmente que chame atenção, e não é por falta de tentativa, já que temos algumas sequencia de ação envolvendo rachas, algo não esperado nesse tipo de filme, mas é tudo tão superficial que nem prender minha atenção direito conseguiu, depois da primeira metade eu já estava pensando no que teria que pedir demissão no trabalho no dia seguinte, enfim, basicamente o filme seguiu a risca o molde do gênero ao qual pertence, sendo vazio e sem conteúdo.
Geralmente nunca espero nada de comédias românticas, mas como disse, eu tinha algumas expectativas com “Culpa Mia”, que infelizmente não foram atendidas, mas deixo claro que o erro não está no filme, obras desse gênero tem um público muito claro, a qual eu obviamente não pertenço ao nicho, mas quando me proponho a assistir qualquer coisa, sempre espero gostar do que vejo, e com esse aqui eu apenas fiquei indiferente, por isso a nota aplicada, não é bom e nem ruim o suficiente, ficou no meio termo, e será sumariamente esquecido.
PS: Não vou mentir que toda a polêmica envolvendo o Gabriel Guevara foi o principal motivo de eu escolher assistir esse filme, o fato dele ser um gostoso foi só um bônus bem-vindo.
THE INSPECTION Direção: Elegance Bratton Ano: 2022 Assistido em: 01/10/2023
Alguns filmes conversam com a gente de uma maneira bastante particular, mesmo não sendo negro e nem americano, “The Inspection” me fez relembrar uma parte muito importante do meu passado, afinal de contas também sou gay, e também fui militar pelo período de dois anos. É claro que não fiz um treinamento dos Navy SEALs e nem fui parar na guerra, mas mesmo sem ter vivido exatamente as mesmas experiências do Ellis, consigo entender e reconhecer um pouco do que ele passou.
Elis é um jovem que desde os 16 anos vive na rua, ele foi expulso de casa por sua mãe que não aceitava o fato dele ser homossexual. Após quase uma década vivendo como sem teto, ele decide abraçar a última oportunidade que a vida está lhe dado ao entrar para o exército e lutar na Guerra do Iraque. Entretanto, não vai ser nada fácil, haja vista que o ambiente militar não é dos mais fáceis, e tudo ainda é mais complicado para um homem gay nos Estados Unidos de George W. Bush.
O universo militar é bem difícil de ser explicado, o sentimento de coletivismo é muito forte, você é pressionado a fazer parte de um grupo, de uma forma que todos nos enxergamos como pequenas engrenagens que fazem parte de um todo, se alguma dessas engrenagens falha, ela compromete toda a estrutura, isso é uma lavagem cerebral que faz com que nós, os soldados, exercemos uma forte pressão sobre todos que não se enquadram no padrão exigido, e foi justamente por isso que eu saí do exército depois de dois anos. Percebi que aquilo estava me fazendo muito mal, e essa sensação foi muito bem retratada em tela, Ellis é um personagem tão desesperado, e tão sem perspectiva de um futuro, que ele se submete a permanecer nesse mundo extremamente tóxico, violento e até mesmo perigoso porque ele não tem alternativa.
A história se passa em 2005, eram outros tempos, quando entrei para as forças armadas já era 2011, a mentalidade das pessoas era um pouco diferente. Eu sempre fui muito discreto, e durante meus dois anos de serviço ninguém nunca descobriu que era gay, mas existiam outros militares que não eram tão discretos, e o preconceito que eles sofriam era absurdo, as piadas eram de mal gosto, tudo com muito deboche, inclusive com alguns superiores incitando esse comportamento, nunca tive conhecimento de agressões físicas, mas abusos psicológicos eram comuns e praticamente diários, e reforçando: isso foi em 2011/2012, 6 anos depois do período que a história retrata, ok, até pode parecer pouco tempo em linha gerais, mas a comunidade LGBT conseguiu muitos direitos nesse período, nem quero imaginar o que o Elegance Bratton deve ter passado na vida real, sem a higienização cinematográfica de Hollywood.
“The Inspection” é muito bem produzido, tem atuações excelentes, tem um ritmo muito bom, não se alonga, tem uma história bem contada, mas faltou emoção, o filme é frio e não explora toda a problemática envolvendo a mãe do protagonista. Gabrielle Union está perfeita no papel, poderia render momentos dramáticos absurdos, mas o diretor optou por deixar essa parte em segundo plano, no final vemos uma dedicatória, mas não senti que a produção justificou o porquê dele ter dedicado seu trabalho a ela, já que não foi mostrado como, e se, eles repararam a sua relação. Enfim foi um longa que optou por não explorar um lado mais humano dos personagens.
Assim como o diretor eu também abandonei a carreira militar e infelizmente sinto que esse ainda não é um ambiente salutar e adequado para um homem ou uma mulher homossexual, creio e espero que no futuro essa situação seja invertida, mas infelizmente percebi que essa não era uma luta que queria travar, e foi um dos motivos pelo qual acabei saindo fora. Gostaria que esse título chegasse a mais pessoas para que elas tivessem um pouquinho da noção do quão tóxico é o ambiente militar, honestamente a disciplina que você aprende ali dentro é excelente, mas certas coisas não valem a pena, senti que vender minha alma não valia a pena, e assistindo esse filme só pude ter certeza de que eu tomei a melhor decisão possível.
CATCH ME IF YOU CAN Direção: Steven Spielberg Ano: 2002 Assistido em: 30/09/2023
Tem histórias tão absurdas, mas tão absurdas que quando você vê em um filme logo imagina “isso só pode ser coisa da ficção”, o problema é quando nos créditos iniciais nos deparamos com aquela habitual mensagem "baseado em uma história real". Frank William Abagnale Jr. tem uma história tão inacreditável, que quem escuta, em um primeiro momento pensa que saiu da mente de algum roteirista de Hollywood e não de um caso real.
Após o divórcio de seus pais, o jovem Frank fica profundamente abalado e decide fugir de casa. Ele percebe que pode ganhar bastante dinheiro se fosse piloto de avião, o problema é que Frank não tem o menor interesse em aprender o ofício, a única coisa que lhe interessa é o dinheiro. Logo, o jovem elabora um esquema de fraude financeira e começa a ganhar uma verdadeira fortuna. O problema é que o Frank não para por aí, de piloto de avião ele passa a médico, depois advogado, e criando uma imensa rede de mentiras que vai colocá-lo diretamente na mira do FBI.
A equipe envolvida dispensa comentários, o mestre Spielberg dirige um elenco que é uma verdadeira constelação, além de Leonardo DiCaprio e Tom Hanks nos papéis principais, temos os grandiosos Christopher Walken, Martin Sheen e Amy Adams entre outros no apoio, todos muitíssimo bem escalados e excelentes em seus papéis, nos entregando uma história leve, divertida, mas ao mesmo tempo que nos deixa tensos para saber como será o seu desfecho. Como o gigante que o Spielberg é, ele nos entrega um filme que consegue ser engraçado ao mesmo tempo que tem traços de tensão e de um bom suspense.
Como qualquer pessoa que conhece minimamente as táticas de Hollywood, sei bem que essa adaptação deve mudar muitos fatos e não podemos confiar que a história foi 100% como retratada em tela, mas o que foi entregue foi excelente, algo tão surtado que você fica incrédulo durante todo o seu desenvolvimento, se perguntando como toda aquela encrenca vai se resolver, e o desfecho também é surpreendente, se na vida real foi exatamente assim, não sei, mas cinematograficamente falando foi algo bem sacado, um final improvável.
“Catch Me If You Can” acerta em praticamente tudo o que se propõe, funciona como comédia, funciona como suspense e funciona como drama, tem uma direção primorosa, uma trilha sonora divertidíssima, e um elenco espetacular escalado a dedo, um excelente produção que só reforça o talento de seus envolvidos, uma pena que Hollywood cada vez menos está nos entregando obras tão bem equilibradas. O único detalhe que me fez tirar alguns pontos foi o fato de ter sentido que ele se estende um pouco demais, 2h20min foi um tempo que infelizmente eu senti, talvez se esses 20 minutos aí tivessem sido podados, o filme ficaria ainda melhor, mesmo ele já sendo muito bom.
PS: Não consigo aceitar que ele enganou tantas pessoas com míseros 17 anos, sério que ninguém percebeu que era um adolescente?! Tipo, ninguém desconfiou que ele era muito novo para exercer as profissões que ele alegava seguir?! Oh povo sonso viu!
LAST SENTINEL Direção: Tanel Toom Ano: 2023 Assistido em: 30/09/2023
Nem todo filme precisa ser um super clássico do cinema, às vezes uma história simples, bem executada e sem pretensões de se tornar o vencedor do Oscar também se fazem necessários na vida de um cinéfilo, e por isso que vira e mexe eu assisto alguma coisa bem pouco conhecida. Às vezes funciona e me deparo com excelentes obras, mas nem sempre dá certo e me deparo com alguns desastres. “Last Sentinel” apareceu na minha frente com uma proposta interessante de uma ficção científica, mas acabou se revelando uma bela de uma bomba.
Num futuro próximo, o nível do mar subiu a ponto de que praticamente todos os continentes foram engolidos pelas águas, restando apenas dois que estão em guerra entre si. Acompanhamos um grupo de pessoas que estão num posto de vigilância isolado, e quando o tempo de serviço deles acaba, eles começam a esperar para que alguém venha ao seu encontro. Certo dia um barco misterioso se aproxima do posto de guarda, deixando os membros da tripulação inseguros sobre como deverão agir, isso levará todos a um extrema tensão psicológica causando perigosos conflitos.
Como a premissa dessas poderíamos ter tido um filmaço, uma ideia inclusive me lembrou bastante o clássico “Alien” (1979), temos um grupo pequeno de pessoas em um ambiente fechado, onde eles não têm escapatória e precisam aprender a lidar com um problema grande, só que enquanto no clássico espacial existia uma ameaça mortal, aqui não existe absolutamente nada, o filme não tem história para contar, o conflito entre a tripulação é bobo, não engata em momento algum, os personagens não tem carisma, não tem background não tem uma história base, só estão ali jogados esperando as duas horas de duração acabarem.
O valor de produção é bastante simples, temos pouco cenários, poucos personagens e poucos atrativos, o elenco tem nomes competentes como Kate Bosworth, Lucien Laviscount e Thomas Kretschmann, só que como já disse os personagens não são bons, a história é pobre, todas as atuações são apagadas e sem brilho, e a culpa não é do cast, mas sim do roteiro insípido que não tem nada para apresentar.
De modo geral “Last Sentinel” demonstra um pouco de potencial, mas nunca o atinge, é decepcionante, daqueles que são ruins não porque a direção tentou fazer algo bom e não conseguiu, mas sim porque os responsáveis nem mesmo tentaram. Não sei quem foi que deu aval para esse roteiro, mas pelo amor de Deus será que ninguém pediu para fazer um tratamento diferenciado?! Aplicar um drama mais intenso ou uma sequência de conflitos mais interessante a esse roteiro, enfim não adianta chorar pelo leite derramado, a única coisa que não posso reclamar foi de ver o gato do Lucien Laviscount em cena, de resto foi só ladeira abaixo.
THE DUFF Direção: Ari Sandel Ano: 2015 Assistido em: 24/09/2023
Uma vez a cada quinhentas voltas da Terra ao redor do sol, Hollywood traz uma comédia romântica interessante e que tem potencial, é algo tão incomum que chego a desconfiar quando vejo alguma que é elogiada. “The D.U.F.F.” está na minha lista de pendência há anos, mas só agora pude assistir, e fiquei extremamente surpreso, primeiro pelo fato de ser uma ideia acima da média como apontaram os críticos, e segundo com o fato de tanto potencial ter sido desperdiçado devido a covardia dos envolvidos.
Bianca é uma garota comum do colegial que leva sua vida da melhor maneira possível, entretanto seu mundo vem abaixo quando Wesley, o garoto mais popular da escola e seu vizinho, lhe revela que ela é a DUFF (Amiga Designada Feia e Gorda ) entre suas amigas. Chocada com a revelação, a jovem fará de tudo para sair dessa desagradável posição, para isso ela fará um acordo com Wesley, ela o ajudará em seus estudos, enquanto ele a fará deixar de ser a DUFF.
Olha quando eu disse que o filme desperdiça potencial, me refiro ao fato do seu incio ser muito bacana, mas que rapidamente os produtores e o diretor jogam tudo para os ares para apostar na mesmice de sempre. Não tenho problema algum com clichês, desde que os mesmos sejam bem executados, e aí que está o problema, Ari Sandel trabalha os tropos do gênero muito bem, e o filme de fato é bem engraçado, bem montado, dinâmico, mas tudo isso é sacrificado num segundo ato que põe tudo a perder ao cometer o maior crime possível: se tornar previsível.
Quantas vezes já vimos o filme do casal improvável que se junta por interesses diferentes, e mais tarde se apaixona?! Pois é, já vimos isso centenas de vezes, mas por um mísero minuto eu tinha esperanças que Bianca e Wesley não se tornariam um casal, que ela perceberia que estava se tornando outra pessoa, se apagando de uma maneira idiota, e que a química entre os protagonistas é ótima, MAS COM ELES NO PAPEL DE AMIGOS. Sandel conduz seu longa com tanto frescor que me enganou, me fez pensar que receberia algo diferente da mesmice, mas no final, voltamos ao lugar-comum de todos os filmes já feitos com essa temática nas terras do Tio Sam.
Lendo curiosidades no IMDb, descobri que o filme original era +18, mas que os produtores resolveram desistir dessa ideia, e modificaram tudo na sala de edição, fazendo com que o produto final fosse livre para todas as idades, não sei se nessa versão o final seria menos covarde e cheio de mesmice, mas o que ficou é muito decepcionante, “The D.U.F.F.” poderia nos mostrar que as pessoas não precisam mudar por causa de ninguém, que homens e mulheres podem ser amigos, entre algumas outras valiosas lições, mas nada disso acontece, uma pena, ver algo que poderia ser grande se contentar com o mediano.
Como disse em alguns comentários anteriores, estou numa vibe de assistir filmes mais leves, e como só assisto comédia romântica quando estou no espírito da coisa, estou dando oportunidades para alguns lançamentos recentes, e pra cada um na média, tem dois ou três lixosos. “Perfect Addiction” é o mais do mesmo feito da pior maneira possível, e com um agravante terrível: um casal protagonista sem um pingo de carisma e que não funciona por nada nesse mundo.
Sienna é uma garota apaixonada por luta livre, ela é treinadora e seu principal aluno é seu namorado Jax. Após Jax sofrer um acidente que poderia colocar sua carreira a perder, ela fica ao lado do rapaz lhe dando todo o suporte necessário para que ele possa se recuperar, entretanto o mundo de Sienna vem abaixo quando ele pega Jax transando com sua irmã mais nova, para piorar, os traíras começam a namorar sério. Nesse contexto ela acaba conhecendo Kayden, um lutador com potencial, mas que precisa de uma boa orientação, determinada, a jovem decide fazer de Kayden um grande lutador, e principalmente, o homem que derrotaria Jax.
Esse filme tem tantos problemas, mas tantos problemas, que quanto mais eu penso nele, pior ele fica. Os protagonistas são péssimos, os piores do gênero ron-con que vi nos últimos anos. Sienna é tão reprovável que é difícil torcer por ela. Quando namorava com Jax, colocava o cara em um pedestal, mas foi só levar um chifre que pronto, passou a enxergar o sujeito como um abusador, será que ela não percebia nada antes?! Porque segundo o que é mostrado em cena, ela só se dá conta que o cara não vale nada por causa do chifre. E outra, passar a mão na cabeça de uma cavalona de 18 anos não dá né! Quando um não quer dois não traem, a irmã é tão safada quanto o cara, mas foi vendida como vítima. Fechando o clube temos Kayden que é tão palerma que só foi perceber que estava sendo usado por Sienna quando jogam isso na cara dele.
O mínimo que uma comédia romântico deve fazer é apresentar um casal que funcione, mas aqui isso não ocorre, Kiana Madeira e Ross Butler são lindos, mas não tem um pingo de química, não desperta o interresse do espectador, nem as cenas de sexo ajudam a dupla a funcionar, a culpa não é dos atores, mas será que a direção não percebeu que não estava funcionado, Kiana funciona muito mais em cena com Matthew Noszka que faz o vilão Jax, em poucas cenas dos dois senti muito mais que era um casal do que a dupla central.
Recentemente assisti a um outro exemplar do gênero chamado “Beautiful Disaster” (2023), não sei quem copiou quem, mas as semelhanças são bem pertinentes, mas me diverti bem mais com o outro, pelo menos a veia comida de lá era mais forte. Aqui por outro lado temos um filme genérico, sem graça, repetitivo, previsível e sem nenhum atrativo além dos atores principais Ross Butler e Matthew Noszka sem camisa em diversas cenas, mas homem gostoso sem roupa eu vejo na internet sem precisar gastar 1h30min da minha vida, em filmes eu quero boas histórias, e não isso aqui que é simplesmente uma perda de tempo.
J. EDGAR Direção: Clint Eastwood Ano: 2011 Assistido em: 23/09/2023
Quem conhece um pouquinho de história sabe que John Edgar Hoover foi provavelmente uma das figuras mais controversas da história americana, um homem extremamente poderoso que determinava como as coisas deveriam acontecer dentro dos Estados Unidos. Ele não é um personagem fácil de levar para as telas, porque existe muita dualidade em tudo relacionado a ele, e é aí que entra Clint Eastwood, uma lenda do cinema que sabe muito bem o que está fazendo, e escolheu uma abordagem digamos que adequada para retratar essa figura tão polêmica.
Na década de 1960, um já idoso J. Edgar resolve escrever suas memórias, revelando sua perspectiva para episódios importantes da história Americana do século XX. Enquanto isso, nos anos 1910, nós vamos acompanhar um jovem Hoover, motivado pelo ódio ao comunismo, decidindo se tornar um agente da lei, e mais tarde fazendo parte da criação da maior força policial do mundo, o FBI. Mas nenhuma história de sucesso é criada sem que sujeiras façam parte do processo, e Hoover não vai ser, nem de longe, a exceção.
Pelo pouquíssimo que eu conhecia da história do primeiro diretor do FBI, sempre o enxerguei como um mal necessário, motivado pela sua obsessão anticonista, ele foi responsável por revolucionar para sempre a história da polícia norte-americana. As técnicas que ele implementou no FBI foram revolucionárias, e todas de extrema importância para todo o mundo, se pararmos para pesquisar como eram conduzidas investigações antes dele, perceberemos que as mudanças perpetradas em sua administração foram incomparáveis, e me pergunto se outra pessoa, com uma mão mais leve, seria forte o suficiente para impor as alterações necessárias.
Mas Hoover não deve ser tratado como herói, ele não era uma figura controversa à toa, aos poucos sua motivação anti comunista se tornou uma paranoia, que o levou a perseguir inúmeras pessoas apenas por serem desafetos pessoais, e não por serem de fato ameaças revolucionárias. O diretor do FBI simplesmente tinha poder de sobra para destruir quem cruzasse seu caminho, e ele fazia sem a menor cerimônia, provando mais uma de uma vez que ele também fora corrompido pelo poder, indo contra a um dos seus ideais quando iniciou o FBI, permitindo interferências políticas dentro da agência .
Clint Eastwood e Leonardo DiCaprio constroem um Hoover muito bem delimitado, ele não é o vilão de história em quadrinho, mas também não é vendido como um grande patriota americano, é um personagem cinza que você consegue entender em muitas ações, consegue perceber que algumas delas foram de fato necessárias, mas sabe que é uma pessoa repleta de defeitos, de falhas, um oportunista, uma pessoa que se importava demais com a imagem, resumindo ele era humano, e foi muito bem retratado no filme dessa forma.
Fiquei surpreso ao ver que esse é um dos trabalhos mais criticados do Eastwood, e honestamente apesar de perceber algumas falhas, o resultado geral me agradou bastante. De fato a fotografia é terrível, extremamente escura, tanto que em muitos momentos pensei que estava assistindo um trabalho dos “inimigos da cor” (David Yates e Zack Snyder), os primeiro minutos ficaram um pouco confusos na questão cronológica, mas rapidamente a desorientação passa, e você consegue entender perfeitamente em qual período histórico cada cena se aloca, e tem a máscara protética do Armie Hammer que está péssima, mas fora isso é um filme com um ritmo muito bacana, com uma história extremamente interessante, atuações excelentes, principalmente a do DiCaprio, e que no final me deixou com uma enorme sensação de quero mais.
Como Richard Nixon bem disse em seu pronunciamento sobre a morte do Hoover: foram quase 50 anos de serviço ao governo americano, entretanto o filme é um recorte, e precisa escolher qual o período vai ser retratado, Eastwood e o roteirista Dustin Lance Black se concentram nas décadas de 1910, 1930 e 1960, por isso, obviamente muita coisa ficou de fora, e eu gostaria muito de ver tudo isso, adoraria ter visto o Hoover e as suas ações durante a Segunda Guerra, gostaria de ter visto pelo menos uma citação a perseguição implacável que ele fez ao Charles Chaplin, enfim, sendo honesto eu assistiria mais duas ou três horas tranquilamente, porque é tudo extremamente interessante, o protagonista é um personagem histórico instigante. Enquanto muitas cinebiografias são maçantes em “J. Edgar" temos política, temos burocracia, temos história, e tudo da forma mais deliciosa de se acompanhar, um grande filme sem a menor sombra de dúvidas, a altura desse grande mito/filho da puta que era o Hoover.
PS: Em 2006 Diana Ossana, roteirista de “Brokeback Mountain” (2005) foi apresentada o Eastwood, e sugeriram a ela que era melhor não mencionar que ela foi a responsável pelo longa dos cowboys gay. Cinco anos depois, o próprio Clint fez seu filme protagonizado por dois homossexuais. Viva o progresso!!
WOLF HOUND Direção: Michael B. Chait Ano: 2023 Assistido em: 23/09/2023
A Segunda Guerra Mundial tem tantas histórias incríveis, que muitas são quase inacreditáveis. Hollywood que não é boba nem nada se vale dessas passagens heróicas para sustentar seus filmes, não importa quanto estudemos, não importa quanto pesquisemos, sempre vamos nos deparar com relatos impressionantes de sobreviventes da maior carnificina já ocorrida na Terra. "Wolf Hound" traz uma história pouco provável, mas que é inspirada em um evento pouco conhecido do conflito.
Na França de 1944 o capitão americano (e judeu), David Holden é piloto de caça, e está combatendo as forças nazistas pelos céus, entretanto ele é abatido e obrigado a lutar por terra. Holden terá que fazer de tudo para sobreviver à perseguição do exército Nazi, enquanto descobre um plano ardiloso do inimigo, que pretende utilizar aviões aliados que foram abatidos como "Cavalos de Tróia" contra Londres.
Olha eu fiquei muito surpreso, não vou mentir os motivos que me levaram a assistir essa obra não foram os mais nobres, o primeiro, e obviamente o principal, é que simplesmente quero assistir tudo relacionado a Segunda Guerra Mundial, e o segundo, são os protagonistas, James Maslow e Trevor Donovan, dois gatos, que valem a pena admirar, mas não serei leviano, admito que esperava que fosse aquelas produções bem de segunda categoria, inclusive imaginava que toda a ação se desenrolava no ar, apenas com batalhas aéreas para economizar com cenário, mas surpreendentemente o filme é bem bolado, e fiquei de queixo caído ao descobrir que todos os aviões usados aqui são verdadeiros, e da época do conflito, chega ser decepcionante saber que relíquias como essas foram liberadas para um projeto que quase não teve visibilidade.
A história é bastante simples do ponto de vista cinematográfico, temos o herói, que tem uma missão que precisa ser executada o mais rápido possível, o roteiro não enrola e a cadência de acontecimentos é bem desenvolvida, mas é claro que nada é perfeito, o desenvolvimento personagens, por exemplo, não existe, mas dentro do contexto estabelecido todo mundo funciona, você entende que os personagens estão no meio de uma guerra, são pessoas de ideologias completamente distintas, o que faz deles adversários naturais, isso simplifica as coisas, e dá uma amaciada no fato de não existir nenhum background para as figuras centrais.
Infelizmente a produção tem um terrível problema chamado direção, o trabalho de Michael B. Chait é simplesmente tenebroso, não conhecia esse sujeito, e honestamente espero não assistir mais nada dele, o longa não é nenhum desastre como eu imaginava que seria, mas não devido esse camarada, as composições de cena deles são péssimas, é cada enquadramento brega, zoom e câmera lenta excessivos e fora de hora, senti que estava assistindo um trabalho do Michael Bay, o exército em cena não era o exército americano da Segunda Guerra, era o exército visto nos filmes dos Transformers, daqueles que aparecem contra o sol, ou que com um tiro causam uma explosão e o inimigo sai voando pelos ares, tem algumas cenas de ação que mais me pareceram saídas de um filme de super-heróis do que de um sobre uma das guerras mundiais.
“Wolf Hound” reforça a teoria de que a expectativa é a nossa pior inimiga, como não esperava absolutamente nada, recebi o mínimo, e consegui me divertir, consegui me surpreender, no final estava até esperando que aconteceria algo diferente, mas não foi bem o que aconteceu, foi um finalzinho clássico, a la Hollywood. Jamais será uma referência do gênero, muito menos um filme que será lembrado nas principais indicações quando falamos da Grande Segunda Guerra Mundial, mas é uma boa distração e um bom entretenimento para quem quiser conhecer mais episódios interessantes e absurdos que aconteceram nesse período tão obscuro da história da raça humana.
RESIDENT EVIL: DEATH ISLAND Direção: Eiichiro Hasumi Ano: 2023 Assistido em: 17/09/2023
As produções animadas baseadas em Resident Evil, vem sendo o esteio dos fãs dessa franquia há muitos anos. Enquanto os live actions são estrume audiovisual de duas horas, as animações oferecem algum alento, com adaptações que embora não sejam perfeitas, são infinitamente melhores do que aquilo produzido em terras estadunidenses, dito isso, após quatro produções nipônicas, penso que já é hora dos executivos da Capcom/Sony reavaliarem os rumos dessa saga.
Enquanto Leon S. Kennedy embarca em uma missão para salvar o Dr. Taylor de seus sequestradores, Chris Redfield investiga um surto de zumbis em São Francisco, cuja causa da infecção não pode ser identificada. A única coisa que as vítimas têm em comum é que todas visitaram a Ilha de Alcatraz recentemente. Seguindo a trilha, Chris e sua equipe seguem para a ilha prisão, onde seu caso e o de Leon irão se misturar.
Seria um sonho poder assistir um live action com os quatro protagonistas da saga juntos, mas enquanto isso não acontece nos cinemas (em um filme bom pelo menos), podemos ter um gostinho através desse “Death Island”, mesmo que tenha demorado 15 anos, foi muito satisfatório ver Chris, Jill, Leon e Claire reunidos em uma animação, e eles ainda trazem a Rebecca a tiracolo, o que azedou a situação foi o roteiro bem pobrezinho e repetitivo, o quarteto de ouro merecia uma história melhor e mais elaborada, e um vilão mais interessante, deveriam ter trago o Wesker para bater de frente com o quarteto ao invés desse vilãozinho chinfrim.
Visualmente falando tudo ainda é muito bonito, as sequências de ação são bem desenhadas, mas é inegável que o olhar vazio, ou de “peixe morto” segue incomodando, em pleno 2023, já existem muitas técnicas de animação que poderiam resolver esse problema, cabe às empresas envolvidas abrirem um pouquinho a mão, e levando em consideração o peso da marca Resident Evil, dinheiro não é problema. Mas tirando o roteiro que faz desse o mais fraquinho dos quatro longas animados, “Death Island” não deixa nada a dever nos demais critérios.
Apesar das falhas, a animação segue sendo uma opção muito mais confortável para os fãs da saga do que qualquer live-action, ou para aqueles que não curtem muito, podemos dizer que é uma agressão menor. Enfim, eu ainda me sinto satisfeito com esse tipo de filme, são repetitivos? Sim, mas continuam infinitamente superiores a todo o chorume produzido pelo casal Anderson-Jovovich ou pelo igualmente criminoso Johannes Roberts.
WAIT WITH ME Direção: Colleen Davie Janes Ano: 2023 Assistido em: 17/09/2023
Mesmo não morrendo de amores por filmes românticos, sou obrigado a admitir que nos últimos meses eles estão se fazendo bastante presentes na tela da minha televisão, o motivo? Estou passando por algumas situações bem complicadas, e não estou com motivação para assistir nada muito complexo ou que me force a raciocinar demais, e aí que entra os romances e suas irmãs as comédias românticas, por serem leves, simples, que não exigem muito do expectador, e nem se faz necessário raciocinar, servem apenas de passatempo momentâneo, e foi com esse pensamento que fui assistir “Wait with Me”, e fui recompensando exatamente pelo que procurei, um filme que tem todos os clichês inerentes ao gênero, sabe disso e brica com o fato.
Katie é uma escritora de romances eróticos que está passando por um bloqueio, certo dia ao levar seu carro para um concerto, ela fica sentada na sala de espera da oficina e acaba recobrando sua inspiração. Katie passa a retornar ao local todos os dias para dar continuidade ao seu processo de escrita, ela acredita que ninguém percebeu sua rotina, mas isso muda quando é notada por Miles, um dos mecânicos do local. Ela decide pedir ajuda do rapaz para fazer pesquisa de seu próximo livro, mas aos poucos eles vão se envolvendo, o problema é que Miles está cheio de traumas devido a seu passado, e Katie não está sendo totalmente honesta com ele.
Olha pra um casal funcionar em tela, é preciso cumprir alguns critérios, o principal deles é existir química entre os interpretes, o público precisa acreditar que o que está vendo em tela é real, e esse foi o ponto forte do filme, os atores protagonistas além de lindos de morrer, funcionaram muito bem em cena, você torce por eles, mesmo que os entraves que os “separam” sejam os mais bobinhos possíveis.
O grande problema aqui está no roteiro, mesmo que o filme “caçoe” das “regras” estabelecidas ao gênero, ele não foge de nenhuma delas. Seguimos a risca o processo dos protagonistas que se conhecem, começam a se envolver, se apaixonam, se separam, e por aí vai. E natural do gênero, e não vai ser uma produção de um streaming chamado Passionflix que vai mudar isso. O maior chamariz aqui, talvez seja o fato do filme ter muitas cenas de sexo, e elas são bem-feitas, sem falar é claro do fato do diretor não ter medo de explorar o corpo do gostoso do Andrew Bienart, a cada cena dele sem camisa, era um suspiro diferente do lado de cá da tela da TV.
“Wait with Me” é um romance simples, que não reformula a regra, apenas a segue a risca, ao mesmo tempo que consegue entreter ao espectador. E preciso ter em mente que existem filmes e filmes e cada um tem o seu público específico, não podemos esperar nada nível Oscar para esse gênero, apenas um casal bonito, se pegando em cenas de sexo interessantes, e naquele delicioso processo de começo de romance. Ou seja, pra quem curti, o longa é ótimo, pra quem não curti o melhor é passar longe, e para quem como eu é indiferente ao estilo, serve ao propósito fundamental de um filme: entreter
FIRE ISLAND Direção: Andrew Ahn Ano: 2022 Assistido em: 16/09/2023
É difícil encontrar filmes verdadeiramente bons voltados para o público LGBT, quando não estão repletos de estereótipos que nos ofendem de mil maneiras diferentes, são extremamente pesados, e que deixam todo mundo para baixo. Com "Fire Island" eu tive a esperança de ver uma comédia romântica, sem muita expectativa, uma historinha bobinha que tivesse ao menos a função de passar tempo, mas o único sentimento que esse filme despertou em mim foi sono.
Quando um grupo de amigos se reúnem em Fire Island Pines para seu encontro anual, eles percebem que dessa vez as coisas não serão como antes. Devido às situações que fogem ao seu controle, eles sabem que a partir dali as coisas serão diferentes, e tudo começa a complicar quando conhecem um grupo de amigos bem diferente do deles, mas com a qual vão se envolver profunda e radicalmente.
Em 2016 quando “Spotlight” (2015) ganhou o Oscar de melhor filme, eu vi uma crítica muito boa que dizia basicamente o seguinte, que o longa de Tom McCarthy era uma ótima matéria jornalística para aquela situação que envolvia pedofilia dentro da igreja católica, mas que era um porre de filme, e enquanto assistia a “Fire Island” eu só conseguia me lembrar dessa crítica, já que foi exatamente essa a sensação que eu tive, que estava diante de um bom trabalho de representatividade, mas ao mesmo tempo de um longa terrivelmente chato.
O trunfo da obra é mostrar o quão nociva pode ser a comunidade gay, e como você pode ser discriminado entre os seus. Quem é gay sabe quão difícil é ser fora do padrão, o quão complicado é não ter uma barriga tanquinho, não ser jovem, ser afeminado, então quando vemos protagonistas que retratam pouco, mesmo que uma ou duas dessas condições, é uma vitória, foi isso que pude tirar de melhor do todo, porque como diversão cinematográfica, não me agrada em nada.
Nunca li Jane Austen, e até onde sei, só assisti uma adaptação das histórias dela, então se isso aqui é inspirado, ou baseado, se é adaptado da autora britânica para mim não faz a menor diferença, a única coisa que sei é que apesar das críticas válidas, é um filme chato, com personagens que não me interessaram e não me comoveram, em dramas que eu sou indiferente, e o romance que para mim não funcionou, em suma é uma história que não conversou comigo mesmo eu sendo um homem gay, talvez essa seja a prova que não é todo tipo de produção LGBT que vai agradar a todo tipo de membro da comunidade. Particularmente eu sou um homem discreto, não gosto de ser chamado por adjetivos femininos, não tenho o menor interesse em usar roupas minúsculas, e sair por aí gritando e festejando com a bandeira do arco-íris, mas também não julgo e nem condeno quem o faz, o mundo precisa de pessoas diferentes, que pensam de maneiras diferentes, mas honestamente, não me enxerguei em tela, e talvez isso seja o maior responsável por não ter gostado muito do que vi.
PS: Desde “How to Get Away With Murder” (2014-2020) que eu não consigo entender como tentam nos forçar esse Conrad Ricamora goela abaixo como galã, esse homem é muito feio.
INSIDIOUS: THE RED DOOR Direção: Patrick Wilson Ano: 2023 Assistido em: 16/09/2023
Apesar de gostar bastante do trabalho do James Wan, nunca havia assistido aos filmes da franquia "Insidious" até um, dois meses atrás. Fiz a maratona com a intenção de possivelmente assistir a esse quinto título nos cinemas, mas devido ao fato de não ter achado a franquia como um todo lá essas coisas, e o cinema da minha cidade não ter trazido, acabei desmotivando e sendo obrigado a esperar sair em algum streaming. E mesmo que esse novo episódio esteja acima dos dois últimos, afinal de contas traz a família Lambert de volta aos holofotes, ele é só mais um uma prova de que essa franquia já deu tudo que tinha para dar.
Nove anos após os eventos de "Insidious: Chapter 2" (2013), nos deparamos com uma família Lambert completamente desestruturada, Josh e Renai se separaram, e o pai se afastou bastante de seus filhos. O problema é que tanto Josh quanto Dalton não se lembram de absolutamente nada do que ocorreu com eles no passado, entretanto as forças do mal não se aquietam, e começam a rondar tanto pai quanto filho, ainda mais no momento delicado que Dalton está passando ao iniciar uma nova fase de sua vida ao entrar na faculdade. Caberá a pai e filho tentarem descobrir o que que aconteceu com eles, e que parte de suas memórias está faltando.
Patrick Wilson o protagonista original, retorna aqui também na função de diretor, em sua estreia neste cargo, o problema é que essa saga já está para lá de abalada, os filmes de número 3 e 4 foram muito inferiores aos primeiros e desgastaram demais a marca. Honestamente, não vi absolutamente nada aqui que já não tinha visto nos quatro projetos anteriores, não há novidade, muito pelo contrário, você espera por algo diferente, e não recebe nada em troca.
Repleto de jumpscares o filme não funciona como terror, extremamente escuro e com desenvolvimento de personagens arrastado, temos problemas demais para funcionar direito. A história até começa bem, com pai e filho afastados, e sem saber direito o porquê, sem entender como uma relação que era bacana anteriormente se deteriorou tanto, mas o filme não foca nisso, ele simplesmente repete o que vimos nos anteriores, você esperava por uma explicação melhor sobre o demônio do rosto vermelho, sobre a origem dele, mas pode esquecer, não tem nada disso, é apenas pai e filho sendo novamente perseguidos sem entender como vão resolver a situação.
Patrick Wilson até que faz um trabalho competente, mas infelizmente o roteiro é muito fraco para que ele possa demonstrar algum potencial, espero que ele continue nesse intuito, e continue na carreira, mas que assuma alguns projetos mais interessantes. Ty Simpkins é ator que vimos progredir bastante na carreira, e se souber fazer boas escolhas pode vir a ser um nome bem famoso no futuro. É muito interessante ver a dinâmica dos dois atores, haja vista que esse é o quarto projeto onde interpretam pai e filho.
De modo geral "Insidious: The Red Door" é apenas mais um terror de franquia sem fôlego e sem novidade, é o mais do mesmo, o básico, o feijão com arroz que não vai modificar nada, não vai acrescentar nada, é só mais um título que estúdio faz para ganhar dinheiro, um filme descartável, que não passa da linha da mesmice, nem para mais nem para menos, não consegue nem ser bom nem ser ruim.
BEAUTIFUL DISASTER Direção: Roger Kumble Ano: 2023 Assistido em: 10/09/2023
Mesmo não sendo o maior fã de comédias românticas, reconheço que as mesmas se fazem necessárias em certas ocasiões, não é todo dia que estamos na vibe de assistir uma coisa pesada, densa ou reflexiva, muitas vezes tudo que precisamos é desligar o cérebro, com uma historiazinha simples e muitas vezes até boba, daquelas que passados cinco minutos do término você irá esquecer, e nesse contexto “Beautiful Disaster” cumpre bem seu papel.
Abby é uma garota que está começando uma vida nova após se afastar de seu pai e entrar em uma faculdade, certo dia ela é convidada por uma amiga para ir a uma luta clandestina, e lá acaba conhecendo Travis o grande campeão local. Mesmo que ambos a princípio tenham uma certa antipatia mútua, não demora nada para acabarem se aproximando, e por mais que Abby faça de tudo para evitar se envolver emocionalmente com o conquistador Travis, aos poucos os dois vão se fazendo cada vez mais presentes na vida um do outro, levando a um anunciado envolvimento romântico quando uma aposta os força a conviverem debaixo do mesmo teto.
Quando vou assistir alguma rom-com, eu já sei exatamente o que encontrarei, logo eu nunca sou surpreendido, pois nunca espero nada demais delas, já sei que terá o casal que não se acerta de primeira, vai se encantando aos poucos, até que tem seu esperado final feliz, essa é a base do gênero, foi escrito assim na “bíblia” do cinema, e Hollywood segue esse ensinamento a risca, há décadas, portanto não há como ser surpreendido por esse tipo de produção, os personagens são iguais a quaisquer outros presentes em centenas ou milhares de filmes semelhantes, Abby é a mocinha certinha e Travis o bad boy, e eles vão se apaixonar, esperar por profundidade ou desenvolvimento de personagens para esses perfis é perda de tempo.
O elenco é composto por atores jovens, muitos até que desconhecidos pelo grande público, com exceção do Dylan Sprouse, que aliás está um espetáculo de macho, incrível como ele ficou gostoso, e bem melhor que seu gêmeo, mas convenhamos que não é nenhum pouco certo a característica mais marcante de um protagonista ser a o fato do intérprete ser uma delícia, Virginia Gardner vive bem o estereótipo da mocinha de romance, sua personagem até tem uma virada interessante da metade pro final, mas o roteiro não colabora muito para fazer disso uma grande acontecimento, é só algo a mais no meio da mesmice do gênero.
Roger Kumble marcou o final da década de 1990 com seu primeiro trabalho de direção, “Cruel Intentions” (1999), uma produção que trazia erotismo e intrigas a um modelo sem graça de filme adolescente, mas enquanto nos anos 90 ele conseguiu entregar algo realmente sensual, aqui ele parece ter perdido a mão e nos apresenta algo constrangedor na tentativa de parecer sexy, as sequencias de sexo são de um mal gosto tão grande que causam vergonha ao invés de excitar.
Vi que os fãs do livro desceram a lenha sem dó em “Beautiful Disaster”, mas repito que como eu não esperava nada em especial, e nem sabia que era baseado em algo, recebi o mais do mesmo que já estou acostumado, um filmezinho inofensivo, e que conseguiu cumprir a missão a qual lhe atribui: me distrair dos problemas da vida por míseras 1h30min, e logo em seguida sumir da minha cabeça, como confesso que já sumiu nos momentos que digito esse comentário.
SIMULANT Direção: April Mullen Ano: 2023 Assistido em: 10/09/2023
Ficção científica é um gênero que nos permite fantasiar com basicamente qualquer coisa, e já faz muito tempo que o ser humano imagina uma “criatura” robótica com praticamente todas as características de um homo sapiens, e enquanto não chegamos a esse ser hipotético (apesar de estar cada vez mais próximos graças a IA) nos resta “imaginar” através do cinema, como seria esse mundo onde a tecnologia está tão evoluída que poderemos ter réplicas de pessoas queridas andando por aí, igualzinha ao que eram quando vivos.
Após um grave acidente que resulta na morte de seu marido, Uma mulher decide transferir a consciência do falecido para uma versão robótica do mesmo. Quando ela percebe que o androide não é exatamente igual à versão humana, ela decide mandá-lo para um técnico que promete “corrigir” essa falha. O que eles não poderiam prever é que o tao técnico está sendo caçado pela polícia, por infringir as “leis da robótica”, ao dar libre arbítrio para androides.
Só de ler a sinopse, já é possível lembrar do maior clássico do cinema quando de trata de robôs, androides, replicantes e/ou vidas artificiais, um dos mais memoráveis trabalhos de Ridley Scott, “Blade Runner” (1982), filme esse que se tornou cult, e entrou para o imaginário popular, mas não podemos comparar ambos os títulos, “Simulant” é extremamente simplório, desde o roteiro fraco, direção anêmica, personagens rasos e um elenco que apesar da beleza é totalmente capenga.
Eu gosto do Robbie Amell, mas por mais que ele seja carismático, ele não é muito bom ator, junte a isso a total inabilidade do roteiro e da diretora em transmitir emoções, ou o peso do drama do personagem, e pronto, temos um protagonista que ninguém dá a mínima. Mas se por um lado eu gosto do Amell, o mesmo não posso dizer de Sam Worthington, Simu Liu e Jordana Brewster, os três têm o charme de uma porta, uma parede, e um muro chapiscado, respectivamente, tornando impossível ligar para qualquer um desses personagens.
Quem esperava uma grande ficção científica focada no drama dos androides se descobrindo não humanos, pode tirar o cavalinho da chuva, “Simulant” é insosso, insípido, sem graça, mas, ao mesmo tempo, é inofensivo, não é daqueles que de tão ruins chegam a agredir o espectador, é apenas totalmente esquecível, daqueles que passados dois minutos do término você deletará de sua memória, tem até um final legalzinho, mas não são 30 segundos que vão invalidar 1h30min de marasmo e tédio.
SAS: RED NOTICE Direção: Magnus Martens Ano: 2021 Assistido em: 09/09/2023
Olha tem uns filmes que eu vou falar um negócio, nem sei porque diabos que eu ainda insisto. No caso desse aqui, vi o poster achei bonito, vi que o elenco estava cheio de homem gostoso, resolvi assistir, e que arrependimento viu! Quase duas horas revirando na cama na esperança dessa porcaria acabar e nunca que acabava, um filme verdadeiramente tenebroso.
Quando uma força paramilitar terrorista assume o controle da Eurostar, um agente que estava a caminho de Paris para pedir sua namorada em casamento, se vê obrigado a tentar salvar a si mesmo e a todos envolvidos nessa perigosa situação.
Com uma história pra lá de genérica, o filme é uma produção extremamente pobre que carece de todo e qualquer qualidade técnica, o roteiro que você já viu 500 mil vezes em outras produções, sejam elas americanas, brasileiras, britânicas ou seja lá de onde for. O desenvolvimento de personagens obviamente é inexistente, já que nesse tipo de situação os pseudo roteiristas não se preocupam em criar boas bases para seus heróis e/ou vilões genéricos, e a direção não extrai o real talento dos bons nomes que tem em mãos. Com uma ação entediante que não empolga ninguém, o máximo que consegui foi revirar os olhos e torcer desesperadamente para que tudo acabasse.
O que me deixou mais surpreso foi ver a quantidade de gente famosa nesse barco furado, Sam Heughan é um ator que admiro muito, sou fã do trabalho dele e sei que ele pode protagonizar grandes títulos, desde que tenha bons roteiros em suas mão e aqui infelizmente não é o caso. Andy Serkis é um monstro, aqui desperdiçado, Tom Hopper e Owain Yeoman são atores que com os papéis certos podem render, mas é certo que esses aqui não são esses papéis. Hannah John-Kamen teve a sorte de fezer um único filme bom em sua vida, “Ready Player One” (2018), mas de lá para cá foi só ladeira abaixo, e tem a sempre horrível Ruby Rose quem até hoje não consigo entender como conseguiu licença para atuar, mesmo sendo tão ruim.
A única estrela que dei foi devido ao elenco estar cheio de homem bonito e é sempre bom poder olhar para eles, mas fora isso, é claramente uma “produção D” daquelas que Hollywood na década de 80 e 90 fazia diretamente para VHS e DVD, um absurdo desperdiçar dinheiro com uma bomba dessas, quando esse poderia bancar algum outro projeto muito melhor.
MY SOUL TO TAKE Direção: Wes Craven Ano: 2010 Assistido em: 09/09/2023
Em suas quatro décadas de trabalho em Hollywood, Wes Craven se tornou um dos principais pilares do terror, ele produziu inúmeros sucessos do gênero e seus projetos sempre foram referenciais para toda uma série de profissionais que iniciaram carreira posteriormente. Entre as heranças que Craven nos deixou, estão as grandes franquias "A Nightmare on Elm Street" e "Scream", filmes de extrema relevância em suas respectivas décadas e que nos apresentaram a dois personagens icônicos, os lendários Freddy Krueger e o Ghostface. "My Soul To Take" é o penúltimo trabalho do diretor, lançado no já distante ano de 2010, quando ele já não estava mais no auge de sua carreira, e claramente vemos uma tentativa de repetir o sucesso dos anos 90 com uma história protagonizada por "adolescentes", mas dessa vez o sucesso não sorriu de volta.
A pequena cidade de Riverton foi aterrorizada há 16 anos por um serial killer, no dia que a polícia finalmente descobriu sua identidade, nasceram sete crianças, mas não houve tempo para comemoração dos nascimentos, haja vista que durante um acidente a polícia perde o serial killer, e fica sem saber se o criminoso morreu ou fugiu. No presente, Bug Hellerman é um dos adolescentes que nasceram no fatídico dia, e em seu décimo sexto aniversário, ele precisará lidar com os rituais que os adolescentes locais fazem nessa data, enquanto sofre de fortes dores de cabeça e alucinações.
O grande problema desse filme é que ele começa muito bem, mas não sabe para onde vai, a princípio, você acredita que é um terror sobrenatural, e ao longo do desenrolar da história vão acontecendo situações que reforçam essa teoria, entretanto se vocês espera por respostas, pode tirar o cavalinho da chuva, o protagonista tem visões/alucinações, e aparentemente o assassino consegue transportar sua alma para outros corpos, mas nada disso é explicado ou justificado, no final o que temos mesmo é um slasher comum, com um serial killer humano que o roteiro tenta nos fazer ficar interessado por sua identidade, mas a resposta é tão previsível, que qualquer um com dois neurônios rapidamente mata a charada antes mesmo do terceiro ato.
Craven se esforça para entregar algo interessante, ele cumpre bem o papel de entreter, não fiquei irritado, não fiquei doido para que acabasse depressa, mas infelizmente a história é muito simplória, como disse fiquei esperando por respostas que nunca vieram. Sou fã do Max Thieriot desde que eu vi pela primeira vez em "Bates Motel" (2013-2017) e sei que ele é muito talentoso, o problema é que seu personagem é muito fraquinho, ele até tem uma boa bagagem dramática, tem condições para poder ser um grande personagem, mas sabe se lá o porquê, não decola em momento algum, e se o personagem principal que tem tempo de tela não decola, pior ainda são os coadjuvantes que não tem muito desenvolvimento, até contam um detalhe ou outro do passado de um ou dois, mas nada que enriqueça a trama.
Apesar de não ser o desastre que muita gente pintou, é inegável que "My Soul To Take” é um filme fraco, honestamente já vi muita coisa pior por aí ser elogiada, mas em se tratando de Wes Craven é nítido que poderia e deveria ter sido algo melhor, pelo menos essa não foi a despedida do diretor que ainda conseguiria lançar mais um trabalho, e esse, é uma finalização mas aceitável para uma carreira tão marcante.
ŞIKLAR BAYRAMI Direção: Özcan Alper Ano: 2022 Assistido em: 03/09/2023
Continuando minha jornada em busca de filmes fora do eixo Britânico-Americano, resolvi dar uma chance para essa produção truca da Netflix. É sempre bom conhecer filmes de outros países, ser apresentado a novas culturas, e até mesmo a novas técnicas cinematográficas diferentes daquelas que são comuns na velha Hollywood. Com “O festival dos trovadores” temos uma história promissora, que infelizmente não rendeu tudo que poderia e deveria ter rendido.
Após longos 25 anos sem ver o seu pai, Yusuf tem a surpresa do homem simplesmente bater em sua porta certo dia, pedindo abrigo por uma noite. A princípio o jovem quer apenas sair daquela constrangedora situação, e deixar o velho músico seguir seu caminho, entretanto a necessidade de acertar os ponteiros fala mais alto e Yusuf decide que levaria Heves Ali até seu almejado destino de carro, enquanto aproveitaria da oportunidade para entender o porque de ter sido abandonado por tanto tempo.
Eu sou um confesso admirador de road movies, “Rain Man” (1988) e “Thelma & Louise” (1991) estão entre meus filmes favoritos da vida. Portanto quando li a sinopse desse aqui fiquei bastante empolgado, pai e filho há muito afastados de repente recebendo uma nova chance da vida, logo eu espera uma história com bastante carga emocional, e principalmente com grande momentos de conflito, espera ver o filho exorcizando toda a mágoa, todo o ressentimento de 25 anos, mas isso não ocorre, o roteiro é morno, até mesmo gelado em muitos momentos. Se você espera grandes sequencia de embate, ficará frustrado como eu fiquei, pois aqui não há nada disso.
A produção é salva pelo (beleza) talento de Kıvanç Tatlıtuğ e Settar Tanrıöğen ambos muito bem em seus personagens, com atuações bastante sensíveis que passam muito bem as dúvidas do filho e o remorço do pai, ambos dão muito mais profundidade a seus personagens do que o roteiro. Outro trunfo, são as belíssimas paisagens do interior da Turquia, um país não muito explorado na cultura ocidental, mas que é repleto de lugares inacreditáveis.
Em linhas gerais, “O Festival dos Trovadores” desperdiça a chance de entregar um grande drama de reconciliação entre pai e filho, a sensação que fica é que poderia ter rendido bem mais, caso o roteiro/direção deixasse seus protagonistas terem reações mais passionais diante de uma situação tão atípica, falta um pouco da paixão latina, mas provavelmente o erro seja meu, por que cobrar dos turcos um comportamento que talvez não seja inerente aquele povo.
LOVE AGAIN Direção: James C. Strouse Ano: 2023 Assistido em: 03/09/2023
Comédias românticas são “a mesma coisa” já fazem umas boas décadas, a estrutura é engessada e com raríssimas exceções eles nunca fogem ao molde. Particularmente não é um gênero pelo qual tenho muito apresso, mas quando vou assistir algum, geralmente não espero nada demais. Fiquei sabendo da existência dessa produção quando assisti o trailer do mesmo nos cinemas lá pelos idos de março, e apesar de a sinopse não ter absolutamente nenhum atrativo, “Love Again” vem com um diferencial: a presença de Celine Dion.
Dois anos após a morte de seu namorado, a autora de livros infantis Mira segue em luto sem conseguir seguir com sua vida, ela tem o hábito de mandar mensagens para o número de celular do falecido. Entretanto o número é novamente vendido para o crítico musical Rob, que a princípio estranha aquela situação peculiar, mas aos poucos vai se encantando pelas mensagens. Rob então decide encontrar a pessoa que está lhe enviando tais mensagens e para isso ele contará com uma ajuda para lá de especial, da grande Celine Dion.
Quem espera por novidade pode ir esquecendo, isso aqui é o mais do mesmo de sempre, casal se conhece de uma maneira improvável, se apaixona, surge o impeditivo, eles se resolvem e fim. O que salva aqui é o carisma da dupla Sam Heughan e Priyanka Chopra, dois atores lindíssimos e muito competentes em seu trabalho, eles tornam seus personagens ultra melosos e irreais em algo até que interessante. E quem me surpreendeu foi a rainha das power ballands, em sua primeira empreitada como atriz, Celine Dion foi bastante competente, não se mostrou uma atriz digna de Oscar, mas gostei da atuação dela, prova que a diva faz bem tudo que se propõe.
Se por um lado não o roteiro não tem nenhum atrativo, a trilha sonora é puro luxo, além de contar com alguns dos maiores sucessos de Dion, o filme ainda traz algumas canções inéditas, mas não posso deixar de notar sobre a triste coincidência entre ficção e realidade. Na história Celine está de volta após um período de 10 anos, porém em quanto no cinema tudo deu certo, na vida real não tivemos a mesma sorte, já que no começo desse ano a cantora foi diagnosticada com uma doença rara que a fez cancelar sua nova turnê e colocou em cheque a continuidade de sua carreira, de qualquer forma sigo torcendo para que ela se recupere e volte a nos encantar com sua poderosa voz.
Em uma época onde comédias românticas perderam quase que totalmente seu espaço nas salas de cinema e encontram-se praticamente restritas a serviços de streaming é até raro ver um filme como esse nos cinemas. Mas apesar de “Love Again” não ser nenhum mega clássico do gênero, ele “passa de ano”, é inofensivo, vai te distrair tranquilamente por 1h40min, e para quem é fã das músicas da Celine, poderá cantar também, resumindo: o mais do mesmo de sempre.
Como já disse em alguns comentários anteriores eu tenho uma queda por filme de suspense daqueles que chamo de estilo “Supercine”, alguns são eróticos, quase todos tem assassinatos, muita sedução, e diversos psicopatas. Desde que me conheço por gente assisto esse tipo de produção, e essa em especial me chamou bastante atenção por ser russa, queria saber como esse país abordaria um estilo já batido nos Estados Unidos, e honestamente foi uma enorme decepção.
Um jovem casal encontra-se passando férias em uma mansão afastada da cidade, porém seus planos de passarem um tempo sozinhos são interrompidos quando a irmã mais nova da moça chega ao local. Como se já não bastasse a relação tensa entre as irmãs, uma forte atração sexual começa a ocorrer entre o rapaz e sua cunhada, entretanto a namorada não vai aceitar essa situação tão bem. Quando as coisas vão escalonando para algo extremamente perigoso, uma quarta figura chega a aquela casa.
Como veterano nesse tipo de filme, já sou acostumado a não esperar grandes histórias, nem roteiros bem trabalhados, nem grandes interpretações, nada disso, só espero aquilo que eu gosto, personagens burros fazendo burrices, sofrendo nas mãos de alguns malucos obsessivo. Por isso eu não cobro grandes roteiros, mas pensava que uma produção da Rússia seria diferente de uma produção americana, e em certo ponto até chega a ser, mas é perceptível que muitos problemas são idênticos. Os personagens não possuem desenvolvimento, com um agravante deles não possuírem nem nome nessa história que é extremamente clichê, e para piorar nem trabalhar esses clichês direito a direção trabalha. É um filme que tem algumas cenas de sexo e nudez, mas ainda assim consegue ser frio, não empolgando em nenhum momento. Algumas pessoas podem achar o ritmo lento e isso não é problema, problema é você querer fazer uma apoteose no terceiro ato sendo que nos dois anteriores seus personagens não foram construídos de uma maneira interessante o suficiente para que você se importe com eles.
O elenco o que tem de bonito tem de canastra, não vou colocar na culpa totalmente neles já que o roteiro é capenga e a direção básica, talvez com uma outra equipe escrevendo e dirigindo, poderiam até ter rendido algo melhor, mas com essa mesma história infelizmente não dá.
“Sovri Mne Pravdu” não é muito diferente do que é produzido em Hollywood, é desinteressante, que ao invés de usar o sexo como um elemento adicional, se escora nele para tentar chamar atenção, enquanto tenta mascarar seu roteiro pobre e sem atrativos, e para piorar, ainda pensaram estar fazendo um grande desfecho, mas na realidade é apenas um finalzinho anti-climático, bem mixuruca e bem qualquer coisa. Não vou deixar de ver meus thrillers eróticos, como já disse é um vício que tenho, mas esse aqui não vai ser lembrado nem como nota de rodapé, talvez um dia até me recorde que assisti a uma produção russa desse estilo, mas essa é fraquíssima demais para ser lembrada por sua “história”.
THE BUTTERFLY EFFECT Direção: Eric Bress & J. Mackye Gruber Ano: 2004 Assistido em: 02/09/2023
Tem alguns filmes que a gente simplesmente deixa passar, perdemos a oportunidade quando é lançado, não entramos no hype, e talvez vamos assistir anos e anos depois. No já distante 2004, quando eu estava na minha sexta série do ensino fundamental, muitos colegas falavam sobre “Efeito Borboleta”, o filme incrível e que todos deveriam conferir, mas naquela época eu simplesmente deixei passar, e agora, quase 20 anos depois finalmente tive a oportunidade de conferi-lo, e a sensação que ficou foi de que não perdi muita coisa.
Quando quando Evan, um simples estudante universitário começa a sentir fortes dores de cabeça, ele acaba percebendo que conseguia voltar no tempo em momentos muito específicos de sua vida, geralmente onde algum trauma muito grande ocorreu. No desespero de tentar mudar os males do passado, Evan acaba alterando eventos, sem perceber que a cada pequena mudança que ele fazia seu futuro alterava completamente, colocando em situações muito perigosas quando ele retornava ao presente.
Nem toda ideia boa rende bons filmes, isso é um fato já comprovado, tudo pode ser posto a perder com uma execução mal planejada. Mesmo não tendo uma ideia muito original o longa poderia render, entretanto está acorrentado a problemas que se fazem presentes, o roteiro não consegue desenvolver o protagonista, e por mais que ele esteja em situações verdadeiramente complicadas, não existe sentido de urgência, em momento algum você consegue sentir que aquele personagem está em risco real, porque sabe que ele vai se safar com a viagem no tempo, seja para trás ou para frente. Essa inabilidade do texto de nos fazer sentir a ameaça que ronda protagonista também é fortificada por uma atuação apática de Ashton Kutcher que nunca foi um ator brilhante, mas que aqui consegue fazer um protagonista sem nenhum brilho, sem nenhum atrativo para o público, e quando o roteiro e personagem principal não funcionam, não há como o resultado final entreter o público.
Analisando a ficha técnica percebemos que os diretores são não são grandes nomes de Hollywood, inclusive eles desapareceram por completo depois desse trabalho, e honestamente não há nada aqui que nos faça querer ver mais do trabalho deles, que nos faça sentir ansiedade por um projeto vindouro, é uma produção comum, uma ficção científica sem muitos atrativos, cheguei a ver algumas pessoas dizendo que era complexo, mas não há nada de complexo nessa história, mesmo não seguindo uma montagem tradicional, tudo é facilmente compreensível.
“The Butterfly Effect” é muito divisivo, a crítica caiu de pau, e existem defensores ferrenhos na parte do público, particularmente, tendencio a apoiar o público, mas nesse caso em específico não consegui, e sou obrigado a dar o braço a torcer e dizer que os críticos estavam corretos, e tudo mal ajambrado, tem uma execução torta, poderia render em mãos mais competentes, com melhor roteiro e direção, assim como um ator mais talentoso no papel central. Produções como essa existem aos montes, sobre viagens no tempo, sobre personagens tentando corrigir problemas do passado, mas poucos são os que verdadeiramente se tornaram memoráveis, e esse exemplo não é um deles. A melhor lição deixada por essa história é que às vezes o melhor a se fazer é “deixar para lá”, deixar a vida seguir seu curso como deve ser, e não ficar tentando remexer no passado, infelizmente a própria Hollywood não aprendeu com essa lição, e mesmo diante uma recepção fria, resolveu fazer sequências para esse filme.
O verão mais quente
2.5 3 Assista AgoraL'ESTATE PIÙ CALDA
Direção: Matteo Pilati
Ano: 2023
Assistido em: 08/10/2023
Eu sou um cinéfilo que sempre busca dar chances para todos os gêneros, mesmo aqueles que não fazem muito meu gosto, como o romance por exemplo. Minha grande bronca com eles é que todos são terrivelmente iguais, tão iguais que se tornam totalmente previsíveis, me deixando desmotivado a assisti-los, mas uma vez a cada ano bissexto me deparo com um que é um pouquinho diferente dos outros, e após ter assistido setes comédias românticas que pareciam todas o mesmo filme, me surpreendi com essa produção italiana (claro que não seria americana) que milagrosamente fugiu da mesmice e conseguiu surpreender mesmo que um pouco.
A vida dos moradores de uma pequena e pacata cidade na Ilha da Sicília mudará com a chegada do diácono que fora designado para a igreja local, Nicola. O religioso logo cairá nas graças de todos do lugarejo, principalmente das garotas que passam a se derreter pela beleza do jovem. Nesse contexto ele irá se aproximar de duas amigas que estão trabalhando em uma colônia de férias, mas enquanto Valentina fará de tudo para chamar a atenção de Nicola, será da jovem Lucia que ele se aproximará de verdade e por quem começara a desenvolver sentimentos, tudo isso em meio a uma onda de calor histórica pelo qual a Itália está passando.
O que mais gostei é que o drama que separa o casal protagonista não é aquele clichê vagabundo de um mentir para o outro, desde o primeiro minuto ela sabe que ele será padre, ou uma terceira pessoa atrapalhando o romance, já que a amiga nunca representa uma ameaça, o que os separa os dois é algo muito mais forte: as perspectivas diferentes que cada um tem para o seu futuro. Nicola é certo de seu desejo de se ordenar padre, enquanto Lucia pretende se mudar para Roma dentre muito em breve, e os dois sabem que um relacionamento não terá futuro, mas ainda assim estão dispostos a tentar, e foi aí que o filme me surpreendeu.
Pensei que o roteiro se renderia ao lugar-comum e deixaria o casal protagonista junto ao final, mas Nicola e Lucia demonstram um amadurecimento incomum para os filmes desse gênero, eles percebem que muitas vezes o “juntos e felizes para sempre” NÃO ACONTECE. Nicola não quer abrir mão de seus serviços eclesiásticos, ele até faz uma proposta para Lucia ser sua amante, mas ela recusa, e eles logo percebem que o melhor é cada um seguir sua vida. Nos minutos finais o roteiro até me pregou uma peça com aquela passagem de tempo de 5 anos, pensei que o roteirista/diretor Matteo Pilati iria pôr tudo a perder juntando o casal central novamente, e eu já estava praguejando, mas ele mais uma vez subverte as especificativas ao mostrar que Nicola não só abandonou a batina, mas se casou e teve filhos com outra mulher, ou seja, ele mudou sua vida radicalmente por si mesmo, e não por Lucia, temos um filme onde os protagonistas tiveram que se separar para que suas vidas fossem adiante.
Mesmo gostando da forma como Pilati desenvolveu sua história, não posso negar que o resultado entregue é bem básico, não que isso seja algo ruim, às vezes apostar no seguro é a melhor opção. O elenco é carismático, o casal Gianmarco Saurino e Nicole Damiani tem química juntos, as paisagens sicilianas são deslumbrantes e a fotografia sabe bem como usá-las, isso sem falar que esse padre nos faz ter pensamento nada cristãos, que homem bonito e gostoso né minha gente?!
Reforçando uma impressão antiga que tenho, “L'Estate Più Calda” mostra mais uma vez que o cinema europeu é mais maduro que o americano, não se deixando prender tanto assim a tradição, e nesse caso isso foi excelente, pois fui assistir esperando mais do mesmo, e me surpreendi com os desdobramentos escolhidos pela direção que me entregaram um longa que funcionou como um refresco para um gênero tão gasto quanto o romance.
Era Uma Vez um Gênio
3.5 159 Assista AgoraTHREE THOUSAND YEARS OF LONGING
Direção: George Miller
Ano: 2022
Assistido: 08/10/2023
George Miller é dono de uma das filmografias mais diferentes da história do cinema mundial, esse talentoso australiano já fez um pouquinho de tudo na sua carreira, de futuros pós-apocalíticos a mulheres que disputam o amor de Satanás, mas também já fez filmes sobre porcos carismáticos e animações sobre pinguins dançarinos, enfim, podemos classificar seus trabalhos com N adjetivos, mas repetitivos não é um deles. Quando li que seu novo projeto seria sobre um “gênio da garrafa” imediatamente fiquei ansioso para ver qual seria a abordagem escolhida por esse querido diretor, já que tenho muito interesse pelos mitos da cultura árabe.
Durante uma viagem a Turquia, a narratologista Alithea acaba adquirindo uma misteriosa garrafa em uma loja no Grande Bazar de Istambul. O que a princípio aparentava ser apenas um objeto de adorno, acaba por se revelar como a prisão de um poderoso djinn. Como Alithea tem receio de realizar os três desejos que lhe são de direito, ela começa a conversar com o Djinn que lhe contara sobre os eventos milenares de sua longa vida.
Quando o filme começa de verdade (ou seja, quando o Djinn começa a contar suas histórias), duas coisas imediatamente me vieram a cabeça, a primeira foi “As Mil e uma Noites” e a segunda foi o filme “Interview with the Vampire” (1994), em ambos os casos temos um personagem contando histórias fabulosas para outrem. Como sou um devoto da História, fiquei maravilhado quando o Djinn começou a misturar seus relatos com a passagem bíblica do encontro do Rei Salomão e da Rainha de Sabá, e depois com personagens do lendário Império Otomano, como o sultão Suleiman I, seu filho o príncipe Mustafa e sua esposa Hürrem, assim como Muhad IV e seu irmão Ibrahim, o louco. Todas essas sequências são extremamente ricas, com um roteiro imersivo, cenários deslumbrantes e uma fotografia esplêndida, elas são tão bem conduzidas por Miller e pelo “narrador” que passam muito rápido deixando a sensação de quero mais.
Infelizmente o filme perde um pouco de ritmo a partir da história de Zefir, não sei se o fato de ser a única sem personagens reais, mas foi a que menos gostei, a partir daí vemos um terceiro ato que está longe se ser ruim, mas não tem o mesmo charme dos demais. É claro que existe todo uma armação por parte do roteiro para nos levar a questionar se o que ocorreu com Alithea era real ou não, mas honestamente?! Para mim isso é irrelevante, como disse lá em cima o filme me remeteu muito a história da Scheherazade, e se nas Mil e uma Noite, a narradora e o rei da Pérsia eram apenas a “porta de entrada” para uma série de lendas fantásticas, da mesma forma enxergo os dois protagonistas aqui: meros instrumentos para nos contar histórias fabulosas.
Nunca me decepcionei com nenhum trabalho do Miller, ele sempre entrega histórias muito bem contadas, e aqui não foi diferente, “Three Thousand Years of Longing” trás histórias dentro da narrativa principal, é foi impossível não ficar imerso, nem vi às quase duas horas passarem, para dizer a verdade eu queria mais, bem mais, obviamente estou me referindo as passagens históricas, sobre o lado “romântico” não faço muita questão não!
Desejo Proibido
1.8 34 Assista AgoraHEAVEN IN HELL
Direção: Tomasz Mandes
Ano: 2023
Assistido em: 07/10/2023
Nos anos 1990/2000 a rede Bandeirantes exibia nos seus finais de semana a sessão Cine Privê, em cartaz haviam filmes do gênero soft porn que fizeram parte da puberdade de uma geração de pessoas, inclusive a minha. Eram filmes como uma história rasa (ou inexistente), e com sequências eróticas que só serviam para adolescente mesmo. Nos dias atuais, esse tipo de “serviço” nem se faz mais necessário, já que com o advento da internet as pessoas têm acesso a programas muito mais “divertidos” e com uma facilidade absurda, portanto eu não entendo como que ainda produzem filmes "eróticos" tão sem graça e tão sem propósito quanto esse, cujo o único atrativo pode ser para senhoras da meia idade vivendo crises em seu casamento.
A juíza Olga é uma mulher bonita e bem sucedida com uma filha adulta, e com uma vida instável, mas tudo muda completamente quando ela conhece o jovem Maks, um homem 15 anos mais jovem e extremamente bonito. Só que ela nem pode imaginar que Maks já teve um relacionamento com sua filha, o que levará as duas a uma complicada situação de dividirem o mesmo homem.
Qualquer brasileiro que se preze já deve ter assistido alguma novela em que mãe e filha disputam o mesmo homem, Manoel Carlos fez o Brasil todo tomar partido com “Laços de Família” (2000-2001), a questão toda é que lá existia uma trama interessante, e aqui isso não acontece. O filme não tem história para contar, temos um bonitão que se envolve com a mulher mais velha, que descobriu que já deu uns pegas na filha dela, é essa menina insuportável que decide se intrometer no relacionamento da mãe e só. São duas horas de nada, algumas cenas de sexo que tentam ser um pouco mais picantes e animar o espectador, mas quem também não interessam muito, e acabam por nem agregar valor ao todo.
Sobre o elenco, o que tem de bonito tem de fraco, mas particularmente não podemos cobrar muito já que o roteiro é pífio e a direção pouquíssima inspirada, ou seja, mesmo que atores vencedores do Oscar estivessem à frente dos papéis centrais, dificilmente conseguiriam fazer alguma coisa decente. Para não dizer que absolutamente nada dá para salvar, para as mulheres e para os gays, pelo menos há cenas do gostoso do Simone Susinna sem roupa, é ao menos um alento para as duas horas de tédio que somos “obrigados” a enfrentar.
No geral “Heaven in Hell” esqueceu de nos dar a parte do heaven e só entregou o hell mesmo, um hell de filme, que começa do nada e termina em lugar nenhum. Se propoz a ser picante, mas não faz nem cosquinha, e só mais uma produção água com açúcar de drama erótico/romântico sem graça de serviços de streaming, coisa parece estar se popularizando bastante nos últimos anos.
O Segredo do Abismo
3.7 252THE ABYSS
Direção: James Cameron
Ano: 1989
Assistido em: 07/10/2023
Desde que conheci o trabalho do James Cameron lá no comecinho da década de 2000, fiquei encantado, ele é um diretor que trabalha drama e ação em medidas igualmente incríveis. E de lá para cá, já assisti praticamente todos os seus trabalhos, os únicos pendentes eram “Piranha II: The Spawning” (1982), que não faço a menor questão de assistir, e “The Abyss” que pude conferir agora, mas que já conhecia superficialmente sobre o que a história se tratava, e o que mais me deixou impressionado foi o fato de Cameron ter conseguindo reunir todos os seus amores em um único lugar: Oceano, Aliens e ficção científica.
Quando um navio nuclear sofre um acidente e desaparece nas profundezas do oceano, o governo norte-americano opta por pedir apoio a um grupo de petroleiros liderados por Bud Brigman, que está mais próximo do local. A esposa de Bud, Lindsay, decide ir junto no resgate mesmo que seu relacionamento com o marido não esteja dos melhores. Para complicar ainda mais a situação, um grupo de Navy SEALs liderados pelo Tenente Hiran Coffey se junta à expedição. Como se já não bastasse todos esses problemas, um furacão poderosíssimo está se formando na superfície bem acima do local onde a equipe de resgate está atuando, deixando a tensão já existente ainda mais latente.
Elogiar filmes do Cameron é chover no molhado, ele é um excelente roteirista e diretor, conduz seus atores brilhantemente, e é conhecido pelo seu extremo perfeccionismo em todos os aspectos da produção, e aqui não é diferente. Ed Harris, Mary Elizabeth Mastrantonio e Michael Biehn estão ótimos nos papéis principais, toda a parte técnica, os efeitos especiais, nem parecem que são de um filme do final da década de 1980, e o roteiro é excelente, com um progressão de eventos muito bacana, sem falar dos personagens muito marcantes, tal como tudo que Cameron faz.
Eu tive acesso a versão estendida do filme que tem 20 minutos a mais do que a versão original do cinema, e consegui entender uma declaração antiga do Cameron que certa vez disse que versões de diretor são apenas um adendo, que a versão final de um filme sempre é a do cinema. Os 40 minutos finais são focados totalmente na parte da ficção científica e dos alienígenas, isso não é algo ruim, mas particularmente eu achei esse o ponto menos relevante do filme, o que mais chamou minha atenção foi ver aquele grupo de pessoas no fundo do oceano numa situação complexa, tendo que lidar com personalidades totalmente distintas, tendo que lidar com um militar surtado que enxerga o “inimigo soviético” por todos os cantos, e que está colocando a vida de todo mundo em perigo. Se o filme fosse só isso para mim ele seria um 10 de 10, mas nós temos a parte da ficção científica e os aliens na mistura, não que eles a deixem a trama ruim, mas quando o conflito do Coffey se encerra e o filme se dedica exclusivamente ao sci-fi, muito do meu interesse acaba, sou muito mais apegado a relações, conflitos e dramas humanos do que qualquer coisa relacionada à mistérios cósmicos, por isso senti bastante os 40 minutos finais quando o foco passa ser integralmente a subtrama sobre os Aliens.
Meus filmes favoritos do Jim Cameron continuam sendo aqueles que eu conheci primeiro (os dois Exterminadores e Titanic), que eu conheci na minha infância, mas não nego que “The Abyss” é mais um de seus grandes trabalhos. Mas senti que o encerramento dos conflitos humanos foi muito precoce, queria muito mais desse vilão surtado do Biehn. Talvez na versão do cinema, com uma montagem diferente e com algumas cenas sendo eliminadas esse sentimento seria diferente, mas nem por isso eu condeno o resultado final, que repito: é de uma técnica incrível, muito bem conduzido, e que faz jus a grife Cameron de produções cinematográficas.
Minha Culpa
2.6 73 Assista AgoraCULPA MIA
Direção: Domingo González
Ano: 2023
Assistido em: 01/10/2023
Continuando minha jornada através das comédias românticas, decidi dar uma oportunidade a essa produção espanhola do Prime Video. Fui com a mente aberta, mas com esperanças de encontrar algo diferente da mesmice que Hollywood sempre entrega com esse tipo de produção, afinal de contas é um produto europeu, e lá eles possuem um cinema muito menos engessado e preso a tradições, mas não poderia estar mais enganado, “Culpa Mia” pode não ter saído da terra do Tio Sam, mas se o elenco não falasse espanhol, ele indubitavelmente poderia se passar por uma produção de Los Angeles.
A vida de Noah muda radicalmente quando ela é obrigada a mudar de cidade, deixando todos os seus entes queridos e seu namorado para trás, após sua mãe se casar novamente com um ricaço. Na mansão ela conhece Nick, o filho de seu padrasto, chocando o total de zero pessoas os dois que no começo se estranham, acabam se apaixonando, mas uma série de problemas vão se impor entre o relacionamento dos dois.
Olha, sendo bastante honesto, eu não suporto filmes que inventam conflitos que não se sustentam. Dentro da história (e em alguns comentários aqui do Filmow) existem diversas pessoas condenando Nick e Noah por ele serem irmãos?! MAS O QUE ESSE POVO TEM NA CABEÇA?! VENTO?! Eles não tem o mesmo pai e nem a mesma mãe, não foram criados juntos, se conheceram há alguns dias, quando ela tinha 17 anos e ele já estava com 22, ou seja, ADULTOS, de onde tiraram essa baboseira de incesto?! Não sei se isso existe no livro no qual a história se baseia, creio que sim, mas pra mim é uma forma bem cretina dos roteiristas de criarem empecilhos pro casal protagonista, sendo esse extremamente fraco e sem vigor.
O casal protagonista é bonitinho, são fofinho juntos, tem química sexual, mas a história é muito boba, não há nada realmente que chame atenção, e não é por falta de tentativa, já que temos algumas sequencia de ação envolvendo rachas, algo não esperado nesse tipo de filme, mas é tudo tão superficial que nem prender minha atenção direito conseguiu, depois da primeira metade eu já estava pensando no que teria que pedir demissão no trabalho no dia seguinte, enfim, basicamente o filme seguiu a risca o molde do gênero ao qual pertence, sendo vazio e sem conteúdo.
Geralmente nunca espero nada de comédias românticas, mas como disse, eu tinha algumas expectativas com “Culpa Mia”, que infelizmente não foram atendidas, mas deixo claro que o erro não está no filme, obras desse gênero tem um público muito claro, a qual eu obviamente não pertenço ao nicho, mas quando me proponho a assistir qualquer coisa, sempre espero gostar do que vejo, e com esse aqui eu apenas fiquei indiferente, por isso a nota aplicada, não é bom e nem ruim o suficiente, ficou no meio termo, e será sumariamente esquecido.
PS: Não vou mentir que toda a polêmica envolvendo o Gabriel Guevara foi o principal motivo de eu escolher assistir esse filme, o fato dele ser um gostoso foi só um bônus bem-vindo.
A Inspeção
3.3 16THE INSPECTION
Direção: Elegance Bratton
Ano: 2022
Assistido em: 01/10/2023
Alguns filmes conversam com a gente de uma maneira bastante particular, mesmo não sendo negro e nem americano, “The Inspection” me fez relembrar uma parte muito importante do meu passado, afinal de contas também sou gay, e também fui militar pelo período de dois anos. É claro que não fiz um treinamento dos Navy SEALs e nem fui parar na guerra, mas mesmo sem ter vivido exatamente as mesmas experiências do Ellis, consigo entender e reconhecer um pouco do que ele passou.
Elis é um jovem que desde os 16 anos vive na rua, ele foi expulso de casa por sua mãe que não aceitava o fato dele ser homossexual. Após quase uma década vivendo como sem teto, ele decide abraçar a última oportunidade que a vida está lhe dado ao entrar para o exército e lutar na Guerra do Iraque. Entretanto, não vai ser nada fácil, haja vista que o ambiente militar não é dos mais fáceis, e tudo ainda é mais complicado para um homem gay nos Estados Unidos de George W. Bush.
O universo militar é bem difícil de ser explicado, o sentimento de coletivismo é muito forte, você é pressionado a fazer parte de um grupo, de uma forma que todos nos enxergamos como pequenas engrenagens que fazem parte de um todo, se alguma dessas engrenagens falha, ela compromete toda a estrutura, isso é uma lavagem cerebral que faz com que nós, os soldados, exercemos uma forte pressão sobre todos que não se enquadram no padrão exigido, e foi justamente por isso que eu saí do exército depois de dois anos. Percebi que aquilo estava me fazendo muito mal, e essa sensação foi muito bem retratada em tela, Ellis é um personagem tão desesperado, e tão sem perspectiva de um futuro, que ele se submete a permanecer nesse mundo extremamente tóxico, violento e até mesmo perigoso porque ele não tem alternativa.
A história se passa em 2005, eram outros tempos, quando entrei para as forças armadas já era 2011, a mentalidade das pessoas era um pouco diferente. Eu sempre fui muito discreto, e durante meus dois anos de serviço ninguém nunca descobriu que era gay, mas existiam outros militares que não eram tão discretos, e o preconceito que eles sofriam era absurdo, as piadas eram de mal gosto, tudo com muito deboche, inclusive com alguns superiores incitando esse comportamento, nunca tive conhecimento de agressões físicas, mas abusos psicológicos eram comuns e praticamente diários, e reforçando: isso foi em 2011/2012, 6 anos depois do período que a história retrata, ok, até pode parecer pouco tempo em linha gerais, mas a comunidade LGBT conseguiu muitos direitos nesse período, nem quero imaginar o que o Elegance Bratton deve ter passado na vida real, sem a higienização cinematográfica de Hollywood.
“The Inspection” é muito bem produzido, tem atuações excelentes, tem um ritmo muito bom, não se alonga, tem uma história bem contada, mas faltou emoção, o filme é frio e não explora toda a problemática envolvendo a mãe do protagonista. Gabrielle Union está perfeita no papel, poderia render momentos dramáticos absurdos, mas o diretor optou por deixar essa parte em segundo plano, no final vemos uma dedicatória, mas não senti que a produção justificou o porquê dele ter dedicado seu trabalho a ela, já que não foi mostrado como, e se, eles repararam a sua relação. Enfim foi um longa que optou por não explorar um lado mais humano dos personagens.
Assim como o diretor eu também abandonei a carreira militar e infelizmente sinto que esse ainda não é um ambiente salutar e adequado para um homem ou uma mulher homossexual, creio e espero que no futuro essa situação seja invertida, mas infelizmente percebi que essa não era uma luta que queria travar, e foi um dos motivos pelo qual acabei saindo fora. Gostaria que esse título chegasse a mais pessoas para que elas tivessem um pouquinho da noção do quão tóxico é o ambiente militar, honestamente a disciplina que você aprende ali dentro é excelente, mas certas coisas não valem a pena, senti que vender minha alma não valia a pena, e assistindo esse filme só pude ter certeza de que eu tomei a melhor decisão possível.
PS: Olha, não sei é muita coragem ou burrice se envolver com alguém do exército, o Ellis também não se ajudou.
Prenda-me Se For Capaz
4.2 1,6K Assista AgoraCATCH ME IF YOU CAN
Direção: Steven Spielberg
Ano: 2002
Assistido em: 30/09/2023
Tem histórias tão absurdas, mas tão absurdas que quando você vê em um filme logo imagina “isso só pode ser coisa da ficção”, o problema é quando nos créditos iniciais nos deparamos com aquela habitual mensagem "baseado em uma história real". Frank William Abagnale Jr. tem uma história tão inacreditável, que quem escuta, em um primeiro momento pensa que saiu da mente de algum roteirista de Hollywood e não de um caso real.
Após o divórcio de seus pais, o jovem Frank fica profundamente abalado e decide fugir de casa. Ele percebe que pode ganhar bastante dinheiro se fosse piloto de avião, o problema é que Frank não tem o menor interesse em aprender o ofício, a única coisa que lhe interessa é o dinheiro. Logo, o jovem elabora um esquema de fraude financeira e começa a ganhar uma verdadeira fortuna. O problema é que o Frank não para por aí, de piloto de avião ele passa a médico, depois advogado, e criando uma imensa rede de mentiras que vai colocá-lo diretamente na mira do FBI.
A equipe envolvida dispensa comentários, o mestre Spielberg dirige um elenco que é uma verdadeira constelação, além de Leonardo DiCaprio e Tom Hanks nos papéis principais, temos os grandiosos Christopher Walken, Martin Sheen e Amy Adams entre outros no apoio, todos muitíssimo bem escalados e excelentes em seus papéis, nos entregando uma história leve, divertida, mas ao mesmo tempo que nos deixa tensos para saber como será o seu desfecho. Como o gigante que o Spielberg é, ele nos entrega um filme que consegue ser engraçado ao mesmo tempo que tem traços de tensão e de um bom suspense.
Como qualquer pessoa que conhece minimamente as táticas de Hollywood, sei bem que essa adaptação deve mudar muitos fatos e não podemos confiar que a história foi 100% como retratada em tela, mas o que foi entregue foi excelente, algo tão surtado que você fica incrédulo durante todo o seu desenvolvimento, se perguntando como toda aquela encrenca vai se resolver, e o desfecho também é surpreendente, se na vida real foi exatamente assim, não sei, mas cinematograficamente falando foi algo bem sacado, um final improvável.
“Catch Me If You Can” acerta em praticamente tudo o que se propõe, funciona como comédia, funciona como suspense e funciona como drama, tem uma direção primorosa, uma trilha sonora divertidíssima, e um elenco espetacular escalado a dedo, um excelente produção que só reforça o talento de seus envolvidos, uma pena que Hollywood cada vez menos está nos entregando obras tão bem equilibradas. O único detalhe que me fez tirar alguns pontos foi o fato de ter sentido que ele se estende um pouco demais, 2h20min foi um tempo que infelizmente eu senti, talvez se esses 20 minutos aí tivessem sido podados, o filme ficaria ainda melhor, mesmo ele já sendo muito bom.
PS: Não consigo aceitar que ele enganou tantas pessoas com míseros 17 anos, sério que ninguém percebeu que era um adolescente?! Tipo, ninguém desconfiou que ele era muito novo para exercer as profissões que ele alegava seguir?! Oh povo sonso viu!
Last Sentinel
2.2 19LAST SENTINEL
Direção: Tanel Toom
Ano: 2023
Assistido em: 30/09/2023
Nem todo filme precisa ser um super clássico do cinema, às vezes uma história simples, bem executada e sem pretensões de se tornar o vencedor do Oscar também se fazem necessários na vida de um cinéfilo, e por isso que vira e mexe eu assisto alguma coisa bem pouco conhecida. Às vezes funciona e me deparo com excelentes obras, mas nem sempre dá certo e me deparo com alguns desastres. “Last Sentinel” apareceu na minha frente com uma proposta interessante de uma ficção científica, mas acabou se revelando uma bela de uma bomba.
Num futuro próximo, o nível do mar subiu a ponto de que praticamente todos os continentes foram engolidos pelas águas, restando apenas dois que estão em guerra entre si. Acompanhamos um grupo de pessoas que estão num posto de vigilância isolado, e quando o tempo de serviço deles acaba, eles começam a esperar para que alguém venha ao seu encontro. Certo dia um barco misterioso se aproxima do posto de guarda, deixando os membros da tripulação inseguros sobre como deverão agir, isso levará todos a um extrema tensão psicológica causando perigosos conflitos.
Como a premissa dessas poderíamos ter tido um filmaço, uma ideia inclusive me lembrou bastante o clássico “Alien” (1979), temos um grupo pequeno de pessoas em um ambiente fechado, onde eles não têm escapatória e precisam aprender a lidar com um problema grande, só que enquanto no clássico espacial existia uma ameaça mortal, aqui não existe absolutamente nada, o filme não tem história para contar, o conflito entre a tripulação é bobo, não engata em momento algum, os personagens não tem carisma, não tem background não tem uma história base, só estão ali jogados esperando as duas horas de duração acabarem.
O valor de produção é bastante simples, temos pouco cenários, poucos personagens e poucos atrativos, o elenco tem nomes competentes como Kate Bosworth, Lucien Laviscount e Thomas Kretschmann, só que como já disse os personagens não são bons, a história é pobre, todas as atuações são apagadas e sem brilho, e a culpa não é do cast, mas sim do roteiro insípido que não tem nada para apresentar.
De modo geral “Last Sentinel” demonstra um pouco de potencial, mas nunca o atinge, é decepcionante, daqueles que são ruins não porque a direção tentou fazer algo bom e não conseguiu, mas sim porque os responsáveis nem mesmo tentaram. Não sei quem foi que deu aval para esse roteiro, mas pelo amor de Deus será que ninguém pediu para fazer um tratamento diferenciado?! Aplicar um drama mais intenso ou uma sequência de conflitos mais interessante a esse roteiro, enfim não adianta chorar pelo leite derramado, a única coisa que não posso reclamar foi de ver o gato do Lucien Laviscount em cena, de resto foi só ladeira abaixo.
D.U.F.F. - Você Conhece, Tem ou É
3.3 578 Assista AgoraTHE DUFF
Direção: Ari Sandel
Ano: 2015
Assistido em: 24/09/2023
Uma vez a cada quinhentas voltas da Terra ao redor do sol, Hollywood traz uma comédia romântica interessante e que tem potencial, é algo tão incomum que chego a desconfiar quando vejo alguma que é elogiada. “The D.U.F.F.” está na minha lista de pendência há anos, mas só agora pude assistir, e fiquei extremamente surpreso, primeiro pelo fato de ser uma ideia acima da média como apontaram os críticos, e segundo com o fato de tanto potencial ter sido desperdiçado devido a covardia dos envolvidos.
Bianca é uma garota comum do colegial que leva sua vida da melhor maneira possível, entretanto seu mundo vem abaixo quando Wesley, o garoto mais popular da escola e seu vizinho, lhe revela que ela é a DUFF (Amiga Designada Feia e Gorda ) entre suas amigas. Chocada com a revelação, a jovem fará de tudo para sair dessa desagradável posição, para isso ela fará um acordo com Wesley, ela o ajudará em seus estudos, enquanto ele a fará deixar de ser a DUFF.
Olha quando eu disse que o filme desperdiça potencial, me refiro ao fato do seu incio ser muito bacana, mas que rapidamente os produtores e o diretor jogam tudo para os ares para apostar na mesmice de sempre. Não tenho problema algum com clichês, desde que os mesmos sejam bem executados, e aí que está o problema, Ari Sandel trabalha os tropos do gênero muito bem, e o filme de fato é bem engraçado, bem montado, dinâmico, mas tudo isso é sacrificado num segundo ato que põe tudo a perder ao cometer o maior crime possível: se tornar previsível.
Quantas vezes já vimos o filme do casal improvável que se junta por interesses diferentes, e mais tarde se apaixona?! Pois é, já vimos isso centenas de vezes, mas por um mísero minuto eu tinha esperanças que Bianca e Wesley não se tornariam um casal, que ela perceberia que estava se tornando outra pessoa, se apagando de uma maneira idiota, e que a química entre os protagonistas é ótima, MAS COM ELES NO PAPEL DE AMIGOS. Sandel conduz seu longa com tanto frescor que me enganou, me fez pensar que receberia algo diferente da mesmice, mas no final, voltamos ao lugar-comum de todos os filmes já feitos com essa temática nas terras do Tio Sam.
Lendo curiosidades no IMDb, descobri que o filme original era +18, mas que os produtores resolveram desistir dessa ideia, e modificaram tudo na sala de edição, fazendo com que o produto final fosse livre para todas as idades, não sei se nessa versão o final seria menos covarde e cheio de mesmice, mas o que ficou é muito decepcionante, “The D.U.F.F.” poderia nos mostrar que as pessoas não precisam mudar por causa de ninguém, que homens e mulheres podem ser amigos, entre algumas outras valiosas lições, mas nada disso acontece, uma pena, ver algo que poderia ser grande se contentar com o mediano.
Vício Perfeito
2.5 25 Assista AgoraPERFECT ADDICTION
Direção: Castille Landon
Ano: 2023
Assistido em: 24/09/2023
Como disse em alguns comentários anteriores, estou numa vibe de assistir filmes mais leves, e como só assisto comédia romântica quando estou no espírito da coisa, estou dando oportunidades para alguns lançamentos recentes, e pra cada um na média, tem dois ou três lixosos. “Perfect Addiction” é o mais do mesmo feito da pior maneira possível, e com um agravante terrível: um casal protagonista sem um pingo de carisma e que não funciona por nada nesse mundo.
Sienna é uma garota apaixonada por luta livre, ela é treinadora e seu principal aluno é seu namorado Jax. Após Jax sofrer um acidente que poderia colocar sua carreira a perder, ela fica ao lado do rapaz lhe dando todo o suporte necessário para que ele possa se recuperar, entretanto o mundo de Sienna vem abaixo quando ele pega Jax transando com sua irmã mais nova, para piorar, os traíras começam a namorar sério. Nesse contexto ela acaba conhecendo Kayden, um lutador com potencial, mas que precisa de uma boa orientação, determinada, a jovem decide fazer de Kayden um grande lutador, e principalmente, o homem que derrotaria Jax.
Esse filme tem tantos problemas, mas tantos problemas, que quanto mais eu penso nele, pior ele fica. Os protagonistas são péssimos, os piores do gênero ron-con que vi nos últimos anos. Sienna é tão reprovável que é difícil torcer por ela. Quando namorava com Jax, colocava o cara em um pedestal, mas foi só levar um chifre que pronto, passou a enxergar o sujeito como um abusador, será que ela não percebia nada antes?! Porque segundo o que é mostrado em cena, ela só se dá conta que o cara não vale nada por causa do chifre. E outra, passar a mão na cabeça de uma cavalona de 18 anos não dá né! Quando um não quer dois não traem, a irmã é tão safada quanto o cara, mas foi vendida como vítima. Fechando o clube temos Kayden que é tão palerma que só foi perceber que estava sendo usado por Sienna quando jogam isso na cara dele.
O mínimo que uma comédia romântico deve fazer é apresentar um casal que funcione, mas aqui isso não ocorre, Kiana Madeira e Ross Butler são lindos, mas não tem um pingo de química, não desperta o interresse do espectador, nem as cenas de sexo ajudam a dupla a funcionar, a culpa não é dos atores, mas será que a direção não percebeu que não estava funcionado, Kiana funciona muito mais em cena com Matthew Noszka que faz o vilão Jax, em poucas cenas dos dois senti muito mais que era um casal do que a dupla central.
Recentemente assisti a um outro exemplar do gênero chamado “Beautiful Disaster” (2023), não sei quem copiou quem, mas as semelhanças são bem pertinentes, mas me diverti bem mais com o outro, pelo menos a veia comida de lá era mais forte. Aqui por outro lado temos um filme genérico, sem graça, repetitivo, previsível e sem nenhum atrativo além dos atores principais Ross Butler e Matthew Noszka sem camisa em diversas cenas, mas homem gostoso sem roupa eu vejo na internet sem precisar gastar 1h30min da minha vida, em filmes eu quero boas histórias, e não isso aqui que é simplesmente uma perda de tempo.
J. Edgar
3.5 646 Assista AgoraJ. EDGAR
Direção: Clint Eastwood
Ano: 2011
Assistido em: 23/09/2023
Quem conhece um pouquinho de história sabe que John Edgar Hoover foi provavelmente uma das figuras mais controversas da história americana, um homem extremamente poderoso que determinava como as coisas deveriam acontecer dentro dos Estados Unidos. Ele não é um personagem fácil de levar para as telas, porque existe muita dualidade em tudo relacionado a ele, e é aí que entra Clint Eastwood, uma lenda do cinema que sabe muito bem o que está fazendo, e escolheu uma abordagem digamos que adequada para retratar essa figura tão polêmica.
Na década de 1960, um já idoso J. Edgar resolve escrever suas memórias, revelando sua perspectiva para episódios importantes da história Americana do século XX. Enquanto isso, nos anos 1910, nós vamos acompanhar um jovem Hoover, motivado pelo ódio ao comunismo, decidindo se tornar um agente da lei, e mais tarde fazendo parte da criação da maior força policial do mundo, o FBI. Mas nenhuma história de sucesso é criada sem que sujeiras façam parte do processo, e Hoover não vai ser, nem de longe, a exceção.
Pelo pouquíssimo que eu conhecia da história do primeiro diretor do FBI, sempre o enxerguei como um mal necessário, motivado pela sua obsessão anticonista, ele foi responsável por revolucionar para sempre a história da polícia norte-americana. As técnicas que ele implementou no FBI foram revolucionárias, e todas de extrema importância para todo o mundo, se pararmos para pesquisar como eram conduzidas investigações antes dele, perceberemos que as mudanças perpetradas em sua administração foram incomparáveis, e me pergunto se outra pessoa, com uma mão mais leve, seria forte o suficiente para impor as alterações necessárias.
Mas Hoover não deve ser tratado como herói, ele não era uma figura controversa à toa, aos poucos sua motivação anti comunista se tornou uma paranoia, que o levou a perseguir inúmeras pessoas apenas por serem desafetos pessoais, e não por serem de fato ameaças revolucionárias. O diretor do FBI simplesmente tinha poder de sobra para destruir quem cruzasse seu caminho, e ele fazia sem a menor cerimônia, provando mais uma de uma vez que ele também fora corrompido pelo poder, indo contra a um dos seus ideais quando iniciou o FBI, permitindo interferências políticas dentro da agência .
Clint Eastwood e Leonardo DiCaprio constroem um Hoover muito bem delimitado, ele não é o vilão de história em quadrinho, mas também não é vendido como um grande patriota americano, é um personagem cinza que você consegue entender em muitas ações, consegue perceber que algumas delas foram de fato necessárias, mas sabe que é uma pessoa repleta de defeitos, de falhas, um oportunista, uma pessoa que se importava demais com a imagem, resumindo ele era humano, e foi muito bem retratado no filme dessa forma.
Fiquei surpreso ao ver que esse é um dos trabalhos mais criticados do Eastwood, e honestamente apesar de perceber algumas falhas, o resultado geral me agradou bastante. De fato a fotografia é terrível, extremamente escura, tanto que em muitos momentos pensei que estava assistindo um trabalho dos “inimigos da cor” (David Yates e Zack Snyder), os primeiro minutos ficaram um pouco confusos na questão cronológica, mas rapidamente a desorientação passa, e você consegue entender perfeitamente em qual período histórico cada cena se aloca, e tem a máscara protética do Armie Hammer que está péssima, mas fora isso é um filme com um ritmo muito bacana, com uma história extremamente interessante, atuações excelentes, principalmente a do DiCaprio, e que no final me deixou com uma enorme sensação de quero mais.
Como Richard Nixon bem disse em seu pronunciamento sobre a morte do Hoover: foram quase 50 anos de serviço ao governo americano, entretanto o filme é um recorte, e precisa escolher qual o período vai ser retratado, Eastwood e o roteirista Dustin Lance Black se concentram nas décadas de 1910, 1930 e 1960, por isso, obviamente muita coisa ficou de fora, e eu gostaria muito de ver tudo isso, adoraria ter visto o Hoover e as suas ações durante a Segunda Guerra, gostaria de ter visto pelo menos uma citação a perseguição implacável que ele fez ao Charles Chaplin, enfim, sendo honesto eu assistiria mais duas ou três horas tranquilamente, porque é tudo extremamente interessante, o protagonista é um personagem histórico instigante. Enquanto muitas cinebiografias são maçantes em “J. Edgar" temos política, temos burocracia, temos história, e tudo da forma mais deliciosa de se acompanhar, um grande filme sem a menor sombra de dúvidas, a altura desse grande mito/filho da puta que era o Hoover.
PS: Em 2006 Diana Ossana, roteirista de “Brokeback Mountain” (2005) foi apresentada o Eastwood, e sugeriram a ela que era melhor não mencionar que ela foi a responsável pelo longa dos cowboys gay. Cinco anos depois, o próprio Clint fez seu filme protagonizado por dois homossexuais. Viva o progresso!!
Wolf Hound
2.6 2WOLF HOUND
Direção: Michael B. Chait
Ano: 2023
Assistido em: 23/09/2023
A Segunda Guerra Mundial tem tantas histórias incríveis, que muitas são quase inacreditáveis. Hollywood que não é boba nem nada se vale dessas passagens heróicas para sustentar seus filmes, não importa quanto estudemos, não importa quanto pesquisemos, sempre vamos nos deparar com relatos impressionantes de sobreviventes da maior carnificina já ocorrida na Terra. "Wolf Hound" traz uma história pouco provável, mas que é inspirada em um evento pouco conhecido do conflito.
Na França de 1944 o capitão americano (e judeu), David Holden é piloto de caça, e está combatendo as forças nazistas pelos céus, entretanto ele é abatido e obrigado a lutar por terra. Holden terá que fazer de tudo para sobreviver à perseguição do exército Nazi, enquanto descobre um plano ardiloso do inimigo, que pretende utilizar aviões aliados que foram abatidos como "Cavalos de Tróia" contra Londres.
Olha eu fiquei muito surpreso, não vou mentir os motivos que me levaram a assistir essa obra não foram os mais nobres, o primeiro, e obviamente o principal, é que simplesmente quero assistir tudo relacionado a Segunda Guerra Mundial, e o segundo, são os protagonistas, James Maslow e Trevor Donovan, dois gatos, que valem a pena admirar, mas não serei leviano, admito que esperava que fosse aquelas produções bem de segunda categoria, inclusive imaginava que toda a ação se desenrolava no ar, apenas com batalhas aéreas para economizar com cenário, mas surpreendentemente o filme é bem bolado, e fiquei de queixo caído ao descobrir que todos os aviões usados aqui são verdadeiros, e da época do conflito, chega ser decepcionante saber que relíquias como essas foram liberadas para um projeto que quase não teve visibilidade.
A história é bastante simples do ponto de vista cinematográfico, temos o herói, que tem uma missão que precisa ser executada o mais rápido possível, o roteiro não enrola e a cadência de acontecimentos é bem desenvolvida, mas é claro que nada é perfeito, o desenvolvimento personagens, por exemplo, não existe, mas dentro do contexto estabelecido todo mundo funciona, você entende que os personagens estão no meio de uma guerra, são pessoas de ideologias completamente distintas, o que faz deles adversários naturais, isso simplifica as coisas, e dá uma amaciada no fato de não existir nenhum background para as figuras centrais.
Infelizmente a produção tem um terrível problema chamado direção, o trabalho de Michael B. Chait é simplesmente tenebroso, não conhecia esse sujeito, e honestamente espero não assistir mais nada dele, o longa não é nenhum desastre como eu imaginava que seria, mas não devido esse camarada, as composições de cena deles são péssimas, é cada enquadramento brega, zoom e câmera lenta excessivos e fora de hora, senti que estava assistindo um trabalho do Michael Bay, o exército em cena não era o exército americano da Segunda Guerra, era o exército visto nos filmes dos Transformers, daqueles que aparecem contra o sol, ou que com um tiro causam uma explosão e o inimigo sai voando pelos ares, tem algumas cenas de ação que mais me pareceram saídas de um filme de super-heróis do que de um sobre uma das guerras mundiais.
“Wolf Hound” reforça a teoria de que a expectativa é a nossa pior inimiga, como não esperava absolutamente nada, recebi o mínimo, e consegui me divertir, consegui me surpreender, no final estava até esperando que aconteceria algo diferente, mas não foi bem o que aconteceu, foi um finalzinho clássico, a la Hollywood. Jamais será uma referência do gênero, muito menos um filme que será lembrado nas principais indicações quando falamos da Grande Segunda Guerra Mundial, mas é uma boa distração e um bom entretenimento para quem quiser conhecer mais episódios interessantes e absurdos que aconteceram nesse período tão obscuro da história da raça humana.
Resident Evil: A Ilha da Morte
2.9 74 Assista AgoraRESIDENT EVIL: DEATH ISLAND
Direção: Eiichiro Hasumi
Ano: 2023
Assistido em: 17/09/2023
As produções animadas baseadas em Resident Evil, vem sendo o esteio dos fãs dessa franquia há muitos anos. Enquanto os live actions são estrume audiovisual de duas horas, as animações oferecem algum alento, com adaptações que embora não sejam perfeitas, são infinitamente melhores do que aquilo produzido em terras estadunidenses, dito isso, após quatro produções nipônicas, penso que já é hora dos executivos da Capcom/Sony reavaliarem os rumos dessa saga.
Enquanto Leon S. Kennedy embarca em uma missão para salvar o Dr. Taylor de seus sequestradores, Chris Redfield investiga um surto de zumbis em São Francisco, cuja causa da infecção não pode ser identificada. A única coisa que as vítimas têm em comum é que todas visitaram a Ilha de Alcatraz recentemente. Seguindo a trilha, Chris e sua equipe seguem para a ilha prisão, onde seu caso e o de Leon irão se misturar.
Seria um sonho poder assistir um live action com os quatro protagonistas da saga juntos, mas enquanto isso não acontece nos cinemas (em um filme bom pelo menos), podemos ter um gostinho através desse “Death Island”, mesmo que tenha demorado 15 anos, foi muito satisfatório ver Chris, Jill, Leon e Claire reunidos em uma animação, e eles ainda trazem a Rebecca a tiracolo, o que azedou a situação foi o roteiro bem pobrezinho e repetitivo, o quarteto de ouro merecia uma história melhor e mais elaborada, e um vilão mais interessante, deveriam ter trago o Wesker para bater de frente com o quarteto ao invés desse vilãozinho chinfrim.
Visualmente falando tudo ainda é muito bonito, as sequências de ação são bem desenhadas, mas é inegável que o olhar vazio, ou de “peixe morto” segue incomodando, em pleno 2023, já existem muitas técnicas de animação que poderiam resolver esse problema, cabe às empresas envolvidas abrirem um pouquinho a mão, e levando em consideração o peso da marca Resident Evil, dinheiro não é problema. Mas tirando o roteiro que faz desse o mais fraquinho dos quatro longas animados, “Death Island” não deixa nada a dever nos demais critérios.
Apesar das falhas, a animação segue sendo uma opção muito mais confortável para os fãs da saga do que qualquer live-action, ou para aqueles que não curtem muito, podemos dizer que é uma agressão menor. Enfim, eu ainda me sinto satisfeito com esse tipo de filme, são repetitivos? Sim, mas continuam infinitamente superiores a todo o chorume produzido pelo casal Anderson-Jovovich ou pelo igualmente criminoso Johannes Roberts.
Wait with Me
3.2 3WAIT WITH ME
Direção: Colleen Davie Janes
Ano: 2023
Assistido em: 17/09/2023
Mesmo não morrendo de amores por filmes românticos, sou obrigado a admitir que nos últimos meses eles estão se fazendo bastante presentes na tela da minha televisão, o motivo? Estou passando por algumas situações bem complicadas, e não estou com motivação para assistir nada muito complexo ou que me force a raciocinar demais, e aí que entra os romances e suas irmãs as comédias românticas, por serem leves, simples, que não exigem muito do expectador, e nem se faz necessário raciocinar, servem apenas de passatempo momentâneo, e foi com esse pensamento que fui assistir “Wait with Me”, e fui recompensando exatamente pelo que procurei, um filme que tem todos os clichês inerentes ao gênero, sabe disso e brica com o fato.
Katie é uma escritora de romances eróticos que está passando por um bloqueio, certo dia ao levar seu carro para um concerto, ela fica sentada na sala de espera da oficina e acaba recobrando sua inspiração. Katie passa a retornar ao local todos os dias para dar continuidade ao seu processo de escrita, ela acredita que ninguém percebeu sua rotina, mas isso muda quando é notada por Miles, um dos mecânicos do local. Ela decide pedir ajuda do rapaz para fazer pesquisa de seu próximo livro, mas aos poucos eles vão se envolvendo, o problema é que Miles está cheio de traumas devido a seu passado, e Katie não está sendo totalmente honesta com ele.
Olha pra um casal funcionar em tela, é preciso cumprir alguns critérios, o principal deles é existir química entre os interpretes, o público precisa acreditar que o que está vendo em tela é real, e esse foi o ponto forte do filme, os atores protagonistas além de lindos de morrer, funcionaram muito bem em cena, você torce por eles, mesmo que os entraves que os “separam” sejam os mais bobinhos possíveis.
O grande problema aqui está no roteiro, mesmo que o filme “caçoe” das “regras” estabelecidas ao gênero, ele não foge de nenhuma delas. Seguimos a risca o processo dos protagonistas que se conhecem, começam a se envolver, se apaixonam, se separam, e por aí vai. E natural do gênero, e não vai ser uma produção de um streaming chamado Passionflix que vai mudar isso. O maior chamariz aqui, talvez seja o fato do filme ter muitas cenas de sexo, e elas são bem-feitas, sem falar é claro do fato do diretor não ter medo de explorar o corpo do gostoso do Andrew Bienart, a cada cena dele sem camisa, era um suspiro diferente do lado de cá da tela da TV.
“Wait with Me” é um romance simples, que não reformula a regra, apenas a segue a risca, ao mesmo tempo que consegue entreter ao espectador. E preciso ter em mente que existem filmes e filmes e cada um tem o seu público específico, não podemos esperar nada nível Oscar para esse gênero, apenas um casal bonito, se pegando em cenas de sexo interessantes, e naquele delicioso processo de começo de romance. Ou seja, pra quem curti, o longa é ótimo, pra quem não curti o melhor é passar longe, e para quem como eu é indiferente ao estilo, serve ao propósito fundamental de um filme: entreter
Fire Island: Orgulho & Sedução
3.4 87 Assista AgoraFIRE ISLAND
Direção: Andrew Ahn
Ano: 2022
Assistido em: 16/09/2023
É difícil encontrar filmes verdadeiramente bons voltados para o público LGBT, quando não estão repletos de estereótipos que nos ofendem de mil maneiras diferentes, são extremamente pesados, e que deixam todo mundo para baixo. Com "Fire Island" eu tive a esperança de ver uma comédia romântica, sem muita expectativa, uma historinha bobinha que tivesse ao menos a função de passar tempo, mas o único sentimento que esse filme despertou em mim foi sono.
Quando um grupo de amigos se reúnem em Fire Island Pines para seu encontro anual, eles percebem que dessa vez as coisas não serão como antes. Devido às situações que fogem ao seu controle, eles sabem que a partir dali as coisas serão diferentes, e tudo começa a complicar quando conhecem um grupo de amigos bem diferente do deles, mas com a qual vão se envolver profunda e radicalmente.
Em 2016 quando “Spotlight” (2015) ganhou o Oscar de melhor filme, eu vi uma crítica muito boa que dizia basicamente o seguinte, que o longa de Tom McCarthy era uma ótima matéria jornalística para aquela situação que envolvia pedofilia dentro da igreja católica, mas que era um porre de filme, e enquanto assistia a “Fire Island” eu só conseguia me lembrar dessa crítica, já que foi exatamente essa a sensação que eu tive, que estava diante de um bom trabalho de representatividade, mas ao mesmo tempo de um longa terrivelmente chato.
O trunfo da obra é mostrar o quão nociva pode ser a comunidade gay, e como você pode ser discriminado entre os seus. Quem é gay sabe quão difícil é ser fora do padrão, o quão complicado é não ter uma barriga tanquinho, não ser jovem, ser afeminado, então quando vemos protagonistas que retratam pouco, mesmo que uma ou duas dessas condições, é uma vitória, foi isso que pude tirar de melhor do todo, porque como diversão cinematográfica, não me agrada em nada.
Nunca li Jane Austen, e até onde sei, só assisti uma adaptação das histórias dela, então se isso aqui é inspirado, ou baseado, se é adaptado da autora britânica para mim não faz a menor diferença, a única coisa que sei é que apesar das críticas válidas, é um filme chato, com personagens que não me interessaram e não me comoveram, em dramas que eu sou indiferente, e o romance que para mim não funcionou, em suma é uma história que não conversou comigo mesmo eu sendo um homem gay, talvez essa seja a prova que não é todo tipo de produção LGBT que vai agradar a todo tipo de membro da comunidade. Particularmente eu sou um homem discreto, não gosto de ser chamado por adjetivos femininos, não tenho o menor interesse em usar roupas minúsculas, e sair por aí gritando e festejando com a bandeira do arco-íris, mas também não julgo e nem condeno quem o faz, o mundo precisa de pessoas diferentes, que pensam de maneiras diferentes, mas honestamente, não me enxerguei em tela, e talvez isso seja o maior responsável por não ter gostado muito do que vi.
PS: Desde “How to Get Away With Murder” (2014-2020) que eu não consigo entender como tentam nos forçar esse Conrad Ricamora goela abaixo como galã, esse homem é muito feio.
Sobrenatural: A Porta Vermelha
2.6 311 Assista AgoraINSIDIOUS: THE RED DOOR
Direção: Patrick Wilson
Ano: 2023
Assistido em: 16/09/2023
Apesar de gostar bastante do trabalho do James Wan, nunca havia assistido aos filmes da franquia "Insidious" até um, dois meses atrás. Fiz a maratona com a intenção de possivelmente assistir a esse quinto título nos cinemas, mas devido ao fato de não ter achado a franquia como um todo lá essas coisas, e o cinema da minha cidade não ter trazido, acabei desmotivando e sendo obrigado a esperar sair em algum streaming. E mesmo que esse novo episódio esteja acima dos dois últimos, afinal de contas traz a família Lambert de volta aos holofotes, ele é só mais um uma prova de que essa franquia já deu tudo que tinha para dar.
Nove anos após os eventos de "Insidious: Chapter 2" (2013), nos deparamos com uma família Lambert completamente desestruturada, Josh e Renai se separaram, e o pai se afastou bastante de seus filhos. O problema é que tanto Josh quanto Dalton não se lembram de absolutamente nada do que ocorreu com eles no passado, entretanto as forças do mal não se aquietam, e começam a rondar tanto pai quanto filho, ainda mais no momento delicado que Dalton está passando ao iniciar uma nova fase de sua vida ao entrar na faculdade. Caberá a pai e filho tentarem descobrir o que que aconteceu com eles, e que parte de suas memórias está faltando.
Patrick Wilson o protagonista original, retorna aqui também na função de diretor, em sua estreia neste cargo, o problema é que essa saga já está para lá de abalada, os filmes de número 3 e 4 foram muito inferiores aos primeiros e desgastaram demais a marca. Honestamente, não vi absolutamente nada aqui que já não tinha visto nos quatro projetos anteriores, não há novidade, muito pelo contrário, você espera por algo diferente, e não recebe nada em troca.
Repleto de jumpscares o filme não funciona como terror, extremamente escuro e com desenvolvimento de personagens arrastado, temos problemas demais para funcionar direito. A história até começa bem, com pai e filho afastados, e sem saber direito o porquê, sem entender como uma relação que era bacana anteriormente se deteriorou tanto, mas o filme não foca nisso, ele simplesmente repete o que vimos nos anteriores, você esperava por uma explicação melhor sobre o demônio do rosto vermelho, sobre a origem dele, mas pode esquecer, não tem nada disso, é apenas pai e filho sendo novamente perseguidos sem entender como vão resolver a situação.
Patrick Wilson até que faz um trabalho competente, mas infelizmente o roteiro é muito fraco para que ele possa demonstrar algum potencial, espero que ele continue nesse intuito, e continue na carreira, mas que assuma alguns projetos mais interessantes. Ty Simpkins é ator que vimos progredir bastante na carreira, e se souber fazer boas escolhas pode vir a ser um nome bem famoso no futuro. É muito interessante ver a dinâmica dos dois atores, haja vista que esse é o quarto projeto onde interpretam pai e filho.
De modo geral "Insidious: The Red Door" é apenas mais um terror de franquia sem fôlego e sem novidade, é o mais do mesmo, o básico, o feijão com arroz que não vai modificar nada, não vai acrescentar nada, é só mais um título que estúdio faz para ganhar dinheiro, um filme descartável, que não passa da linha da mesmice, nem para mais nem para menos, não consegue nem ser bom nem ser ruim.
Belo Desastre
2.3 116 Assista AgoraBEAUTIFUL DISASTER
Direção: Roger Kumble
Ano: 2023
Assistido em: 10/09/2023
Mesmo não sendo o maior fã de comédias românticas, reconheço que as mesmas se fazem necessárias em certas ocasiões, não é todo dia que estamos na vibe de assistir uma coisa pesada, densa ou reflexiva, muitas vezes tudo que precisamos é desligar o cérebro, com uma historiazinha simples e muitas vezes até boba, daquelas que passados cinco minutos do término você irá esquecer, e nesse contexto “Beautiful Disaster” cumpre bem seu papel.
Abby é uma garota que está começando uma vida nova após se afastar de seu pai e entrar em uma faculdade, certo dia ela é convidada por uma amiga para ir a uma luta clandestina, e lá acaba conhecendo Travis o grande campeão local. Mesmo que ambos a princípio tenham uma certa antipatia mútua, não demora nada para acabarem se aproximando, e por mais que Abby faça de tudo para evitar se envolver emocionalmente com o conquistador Travis, aos poucos os dois vão se fazendo cada vez mais presentes na vida um do outro, levando a um anunciado envolvimento romântico quando uma aposta os força a conviverem debaixo do mesmo teto.
Quando vou assistir alguma rom-com, eu já sei exatamente o que encontrarei, logo eu nunca sou surpreendido, pois nunca espero nada demais delas, já sei que terá o casal que não se acerta de primeira, vai se encantando aos poucos, até que tem seu esperado final feliz, essa é a base do gênero, foi escrito assim na “bíblia” do cinema, e Hollywood segue esse ensinamento a risca, há décadas, portanto não há como ser surpreendido por esse tipo de produção, os personagens são iguais a quaisquer outros presentes em centenas ou milhares de filmes semelhantes, Abby é a mocinha certinha e Travis o bad boy, e eles vão se apaixonar, esperar por profundidade ou desenvolvimento de personagens para esses perfis é perda de tempo.
O elenco é composto por atores jovens, muitos até que desconhecidos pelo grande público, com exceção do Dylan Sprouse, que aliás está um espetáculo de macho, incrível como ele ficou gostoso, e bem melhor que seu gêmeo, mas convenhamos que não é nenhum pouco certo a característica mais marcante de um protagonista ser a o fato do intérprete ser uma delícia, Virginia Gardner vive bem o estereótipo da mocinha de romance, sua personagem até tem uma virada interessante da metade pro final, mas o roteiro não colabora muito para fazer disso uma grande acontecimento, é só algo a mais no meio da mesmice do gênero.
Roger Kumble marcou o final da década de 1990 com seu primeiro trabalho de direção, “Cruel Intentions” (1999), uma produção que trazia erotismo e intrigas a um modelo sem graça de filme adolescente, mas enquanto nos anos 90 ele conseguiu entregar algo realmente sensual, aqui ele parece ter perdido a mão e nos apresenta algo constrangedor na tentativa de parecer sexy, as sequencias de sexo são de um mal gosto tão grande que causam vergonha ao invés de excitar.
Vi que os fãs do livro desceram a lenha sem dó em “Beautiful Disaster”, mas repito que como eu não esperava nada em especial, e nem sabia que era baseado em algo, recebi o mais do mesmo que já estou acostumado, um filmezinho inofensivo, e que conseguiu cumprir a missão a qual lhe atribui: me distrair dos problemas da vida por míseras 1h30min, e logo em seguida sumir da minha cabeça, como confesso que já sumiu nos momentos que digito esse comentário.
Substitutos
2.4 19 Assista AgoraSIMULANT
Direção: April Mullen
Ano: 2023
Assistido em: 10/09/2023
Ficção científica é um gênero que nos permite fantasiar com basicamente qualquer coisa, e já faz muito tempo que o ser humano imagina uma “criatura” robótica com praticamente todas as características de um homo sapiens, e enquanto não chegamos a esse ser hipotético (apesar de estar cada vez mais próximos graças a IA) nos resta “imaginar” através do cinema, como seria esse mundo onde a tecnologia está tão evoluída que poderemos ter réplicas de pessoas queridas andando por aí, igualzinha ao que eram quando vivos.
Após um grave acidente que resulta na morte de seu marido, Uma mulher decide transferir a consciência do falecido para uma versão robótica do mesmo. Quando ela percebe que o androide não é exatamente igual à versão humana, ela decide mandá-lo para um técnico que promete “corrigir” essa falha. O que eles não poderiam prever é que o tao técnico está sendo caçado pela polícia, por infringir as “leis da robótica”, ao dar libre arbítrio para androides.
Só de ler a sinopse, já é possível lembrar do maior clássico do cinema quando de trata de robôs, androides, replicantes e/ou vidas artificiais, um dos mais memoráveis trabalhos de Ridley Scott, “Blade Runner” (1982), filme esse que se tornou cult, e entrou para o imaginário popular, mas não podemos comparar ambos os títulos, “Simulant” é extremamente simplório, desde o roteiro fraco, direção anêmica, personagens rasos e um elenco que apesar da beleza é totalmente capenga.
Eu gosto do Robbie Amell, mas por mais que ele seja carismático, ele não é muito bom ator, junte a isso a total inabilidade do roteiro e da diretora em transmitir emoções, ou o peso do drama do personagem, e pronto, temos um protagonista que ninguém dá a mínima. Mas se por um lado eu gosto do Amell, o mesmo não posso dizer de Sam Worthington, Simu Liu e Jordana Brewster, os três têm o charme de uma porta, uma parede, e um muro chapiscado, respectivamente, tornando impossível ligar para qualquer um desses personagens.
Quem esperava uma grande ficção científica focada no drama dos androides se descobrindo não humanos, pode tirar o cavalinho da chuva, “Simulant” é insosso, insípido, sem graça, mas, ao mesmo tempo, é inofensivo, não é daqueles que de tão ruins chegam a agredir o espectador, é apenas totalmente esquecível, daqueles que passados dois minutos do término você deletará de sua memória, tem até um final legalzinho, mas não são 30 segundos que vão invalidar 1h30min de marasmo e tédio.
Ascensão do Cisne Negro
2.6 94 Assista AgoraSAS: RED NOTICE
Direção: Magnus Martens
Ano: 2021
Assistido em: 09/09/2023
Olha tem uns filmes que eu vou falar um negócio, nem sei porque diabos que eu ainda insisto. No caso desse aqui, vi o poster achei bonito, vi que o elenco estava cheio de homem gostoso, resolvi assistir, e que arrependimento viu! Quase duas horas revirando na cama na esperança dessa porcaria acabar e nunca que acabava, um filme verdadeiramente tenebroso.
Quando uma força paramilitar terrorista assume o controle da Eurostar, um agente que estava a caminho de Paris para pedir sua namorada em casamento, se vê obrigado a tentar salvar a si mesmo e a todos envolvidos nessa perigosa situação.
Com uma história pra lá de genérica, o filme é uma produção extremamente pobre que carece de todo e qualquer qualidade técnica, o roteiro que você já viu 500 mil vezes em outras produções, sejam elas americanas, brasileiras, britânicas ou seja lá de onde for. O desenvolvimento de personagens obviamente é inexistente, já que nesse tipo de situação os pseudo roteiristas não se preocupam em criar boas bases para seus heróis e/ou vilões genéricos, e a direção não extrai o real talento dos bons nomes que tem em mãos. Com uma ação entediante que não empolga ninguém, o máximo que consegui foi revirar os olhos e torcer desesperadamente para que tudo acabasse.
O que me deixou mais surpreso foi ver a quantidade de gente famosa nesse barco furado, Sam Heughan é um ator que admiro muito, sou fã do trabalho dele e sei que ele pode protagonizar grandes títulos, desde que tenha bons roteiros em suas mão e aqui infelizmente não é o caso. Andy Serkis é um monstro, aqui desperdiçado, Tom Hopper e Owain Yeoman são atores que com os papéis certos podem render, mas é certo que esses aqui não são esses papéis. Hannah John-Kamen teve a sorte de fezer um único filme bom em sua vida, “Ready Player One” (2018), mas de lá para cá foi só ladeira abaixo, e tem a sempre horrível Ruby Rose quem até hoje não consigo entender como conseguiu licença para atuar, mesmo sendo tão ruim.
A única estrela que dei foi devido ao elenco estar cheio de homem bonito e é sempre bom poder olhar para eles, mas fora isso, é claramente uma “produção D” daquelas que Hollywood na década de 80 e 90 fazia diretamente para VHS e DVD, um absurdo desperdiçar dinheiro com uma bomba dessas, quando esse poderia bancar algum outro projeto muito melhor.
A Sétima Alma
2.5 618MY SOUL TO TAKE
Direção: Wes Craven
Ano: 2010
Assistido em: 09/09/2023
Em suas quatro décadas de trabalho em Hollywood, Wes Craven se tornou um dos principais pilares do terror, ele produziu inúmeros sucessos do gênero e seus projetos sempre foram referenciais para toda uma série de profissionais que iniciaram carreira posteriormente. Entre as heranças que Craven nos deixou, estão as grandes franquias "A Nightmare on Elm Street" e "Scream", filmes de extrema relevância em suas respectivas décadas e que nos apresentaram a dois personagens icônicos, os lendários Freddy Krueger e o Ghostface. "My Soul To Take" é o penúltimo trabalho do diretor, lançado no já distante ano de 2010, quando ele já não estava mais no auge de sua carreira, e claramente vemos uma tentativa de repetir o sucesso dos anos 90 com uma história protagonizada por "adolescentes", mas dessa vez o sucesso não sorriu de volta.
A pequena cidade de Riverton foi aterrorizada há 16 anos por um serial killer, no dia que a polícia finalmente descobriu sua identidade, nasceram sete crianças, mas não houve tempo para comemoração dos nascimentos, haja vista que durante um acidente a polícia perde o serial killer, e fica sem saber se o criminoso morreu ou fugiu. No presente, Bug Hellerman é um dos adolescentes que nasceram no fatídico dia, e em seu décimo sexto aniversário, ele precisará lidar com os rituais que os adolescentes locais fazem nessa data, enquanto sofre de fortes dores de cabeça e alucinações.
O grande problema desse filme é que ele começa muito bem, mas não sabe para onde vai, a princípio, você acredita que é um terror sobrenatural, e ao longo do desenrolar da história vão acontecendo situações que reforçam essa teoria, entretanto se vocês espera por respostas, pode tirar o cavalinho da chuva, o protagonista tem visões/alucinações, e aparentemente o assassino consegue transportar sua alma para outros corpos, mas nada disso é explicado ou justificado, no final o que temos mesmo é um slasher comum, com um serial killer humano que o roteiro tenta nos fazer ficar interessado por sua identidade, mas a resposta é tão previsível, que qualquer um com dois neurônios rapidamente mata a charada antes mesmo do terceiro ato.
Craven se esforça para entregar algo interessante, ele cumpre bem o papel de entreter, não fiquei irritado, não fiquei doido para que acabasse depressa, mas infelizmente a história é muito simplória, como disse fiquei esperando por respostas que nunca vieram. Sou fã do Max Thieriot desde que eu vi pela primeira vez em "Bates Motel" (2013-2017) e sei que ele é muito talentoso, o problema é que seu personagem é muito fraquinho, ele até tem uma boa bagagem dramática, tem condições para poder ser um grande personagem, mas sabe se lá o porquê, não decola em momento algum, e se o personagem principal que tem tempo de tela não decola, pior ainda são os coadjuvantes que não tem muito desenvolvimento, até contam um detalhe ou outro do passado de um ou dois, mas nada que enriqueça a trama.
Apesar de não ser o desastre que muita gente pintou, é inegável que "My Soul To Take” é um filme fraco, honestamente já vi muita coisa pior por aí ser elogiada, mas em se tratando de Wes Craven é nítido que poderia e deveria ter sido algo melhor, pelo menos essa não foi a despedida do diretor que ainda conseguiria lançar mais um trabalho, e esse, é uma finalização mas aceitável para uma carreira tão marcante.
O Festival dos Trovadores
3.4 3ŞIKLAR BAYRAMI
Direção: Özcan Alper
Ano: 2022
Assistido em: 03/09/2023
Continuando minha jornada em busca de filmes fora do eixo Britânico-Americano, resolvi dar uma chance para essa produção truca da Netflix. É sempre bom conhecer filmes de outros países, ser apresentado a novas culturas, e até mesmo a novas técnicas cinematográficas diferentes daquelas que são comuns na velha Hollywood. Com “O festival dos trovadores” temos uma história promissora, que infelizmente não rendeu tudo que poderia e deveria ter rendido.
Após longos 25 anos sem ver o seu pai, Yusuf tem a surpresa do homem simplesmente bater em sua porta certo dia, pedindo abrigo por uma noite. A princípio o jovem quer apenas sair daquela constrangedora situação, e deixar o velho músico seguir seu caminho, entretanto a necessidade de acertar os ponteiros fala mais alto e Yusuf decide que levaria Heves Ali até seu almejado destino de carro, enquanto aproveitaria da oportunidade para entender o porque de ter sido abandonado por tanto tempo.
Eu sou um confesso admirador de road movies, “Rain Man” (1988) e “Thelma & Louise” (1991) estão entre meus filmes favoritos da vida. Portanto quando li a sinopse desse aqui fiquei bastante empolgado, pai e filho há muito afastados de repente recebendo uma nova chance da vida, logo eu espera uma história com bastante carga emocional, e principalmente com grande momentos de conflito, espera ver o filho exorcizando toda a mágoa, todo o ressentimento de 25 anos, mas isso não ocorre, o roteiro é morno, até mesmo gelado em muitos momentos. Se você espera grandes sequencia de embate, ficará frustrado como eu fiquei, pois aqui não há nada disso.
A produção é salva pelo (beleza) talento de Kıvanç Tatlıtuğ e Settar Tanrıöğen ambos muito bem em seus personagens, com atuações bastante sensíveis que passam muito bem as dúvidas do filho e o remorço do pai, ambos dão muito mais profundidade a seus personagens do que o roteiro. Outro trunfo, são as belíssimas paisagens do interior da Turquia, um país não muito explorado na cultura ocidental, mas que é repleto de lugares inacreditáveis.
Em linhas gerais, “O Festival dos Trovadores” desperdiça a chance de entregar um grande drama de reconciliação entre pai e filho, a sensação que fica é que poderia ter rendido bem mais, caso o roteiro/direção deixasse seus protagonistas terem reações mais passionais diante de uma situação tão atípica, falta um pouco da paixão latina, mas provavelmente o erro seja meu, por que cobrar dos turcos um comportamento que talvez não seja inerente aquele povo.
O Amor Mandou Mensagem
3.1 70 Assista AgoraLOVE AGAIN
Direção: James C. Strouse
Ano: 2023
Assistido em: 03/09/2023
Comédias românticas são “a mesma coisa” já fazem umas boas décadas, a estrutura é engessada e com raríssimas exceções eles nunca fogem ao molde. Particularmente não é um gênero pelo qual tenho muito apresso, mas quando vou assistir algum, geralmente não espero nada demais. Fiquei sabendo da existência dessa produção quando assisti o trailer do mesmo nos cinemas lá pelos idos de março, e apesar de a sinopse não ter absolutamente nenhum atrativo, “Love Again” vem com um diferencial: a presença de Celine Dion.
Dois anos após a morte de seu namorado, a autora de livros infantis Mira segue em luto sem conseguir seguir com sua vida, ela tem o hábito de mandar mensagens para o número de celular do falecido. Entretanto o número é novamente vendido para o crítico musical Rob, que a princípio estranha aquela situação peculiar, mas aos poucos vai se encantando pelas mensagens. Rob então decide encontrar a pessoa que está lhe enviando tais mensagens e para isso ele contará com uma ajuda para lá de especial, da grande Celine Dion.
Quem espera por novidade pode ir esquecendo, isso aqui é o mais do mesmo de sempre, casal se conhece de uma maneira improvável, se apaixona, surge o impeditivo, eles se resolvem e fim. O que salva aqui é o carisma da dupla Sam Heughan e Priyanka Chopra, dois atores lindíssimos e muito competentes em seu trabalho, eles tornam seus personagens ultra melosos e irreais em algo até que interessante. E quem me surpreendeu foi a rainha das power ballands, em sua primeira empreitada como atriz, Celine Dion foi bastante competente, não se mostrou uma atriz digna de Oscar, mas gostei da atuação dela, prova que a diva faz bem tudo que se propõe.
Se por um lado não o roteiro não tem nenhum atrativo, a trilha sonora é puro luxo, além de contar com alguns dos maiores sucessos de Dion, o filme ainda traz algumas canções inéditas, mas não posso deixar de notar sobre a triste coincidência entre ficção e realidade. Na história Celine está de volta após um período de 10 anos, porém em quanto no cinema tudo deu certo, na vida real não tivemos a mesma sorte, já que no começo desse ano a cantora foi diagnosticada com uma doença rara que a fez cancelar sua nova turnê e colocou em cheque a continuidade de sua carreira, de qualquer forma sigo torcendo para que ela se recupere e volte a nos encantar com sua poderosa voz.
Em uma época onde comédias românticas perderam quase que totalmente seu espaço nas salas de cinema e encontram-se praticamente restritas a serviços de streaming é até raro ver um filme como esse nos cinemas. Mas apesar de “Love Again” não ser nenhum mega clássico do gênero, ele “passa de ano”, é inofensivo, vai te distrair tranquilamente por 1h40min, e para quem é fã das músicas da Celine, poderá cantar também, resumindo: o mais do mesmo de sempre.
Jogos Psicológicos
2.4 24 Assista AgoraSOVRI MNE PRAVDU
Direção: Olga Akatieva
Ano: 2021
Assistido em: 02/09/2023
Como já disse em alguns comentários anteriores eu tenho uma queda por filme de suspense daqueles que chamo de estilo “Supercine”, alguns são eróticos, quase todos tem assassinatos, muita sedução, e diversos psicopatas. Desde que me conheço por gente assisto esse tipo de produção, e essa em especial me chamou bastante atenção por ser russa, queria saber como esse país abordaria um estilo já batido nos Estados Unidos, e honestamente foi uma enorme decepção.
Um jovem casal encontra-se passando férias em uma mansão afastada da cidade, porém seus planos de passarem um tempo sozinhos são interrompidos quando a irmã mais nova da moça chega ao local. Como se já não bastasse a relação tensa entre as irmãs, uma forte atração sexual começa a ocorrer entre o rapaz e sua cunhada, entretanto a namorada não vai aceitar essa situação tão bem. Quando as coisas vão escalonando para algo extremamente perigoso, uma quarta figura chega a aquela casa.
Como veterano nesse tipo de filme, já sou acostumado a não esperar grandes histórias, nem roteiros bem trabalhados, nem grandes interpretações, nada disso, só espero aquilo que eu gosto, personagens burros fazendo burrices, sofrendo nas mãos de alguns malucos obsessivo. Por isso eu não cobro grandes roteiros, mas pensava que uma produção da Rússia seria diferente de uma produção americana, e em certo ponto até chega a ser, mas é perceptível que muitos problemas são idênticos. Os personagens não possuem desenvolvimento, com um agravante deles não possuírem nem nome nessa história que é extremamente clichê, e para piorar nem trabalhar esses clichês direito a direção trabalha. É um filme que tem algumas cenas de sexo e nudez, mas ainda assim consegue ser frio, não empolgando em nenhum momento. Algumas pessoas podem achar o ritmo lento e isso não é problema, problema é você querer fazer uma apoteose no terceiro ato sendo que nos dois anteriores seus personagens não foram construídos de uma maneira interessante o suficiente para que você se importe com eles.
O elenco o que tem de bonito tem de canastra, não vou colocar na culpa totalmente neles já que o roteiro é capenga e a direção básica, talvez com uma outra equipe escrevendo e dirigindo, poderiam até ter rendido algo melhor, mas com essa mesma história infelizmente não dá.
“Sovri Mne Pravdu” não é muito diferente do que é produzido em Hollywood, é desinteressante, que ao invés de usar o sexo como um elemento adicional, se escora nele para tentar chamar atenção, enquanto tenta mascarar seu roteiro pobre e sem atrativos, e para piorar, ainda pensaram estar fazendo um grande desfecho, mas na realidade é apenas um finalzinho anti-climático, bem mixuruca e bem qualquer coisa. Não vou deixar de ver meus thrillers eróticos, como já disse é um vício que tenho, mas esse aqui não vai ser lembrado nem como nota de rodapé, talvez um dia até me recorde que assisti a uma produção russa desse estilo, mas essa é fraquíssima demais para ser lembrada por sua “história”.
Efeito Borboleta
4.0 2,9K Assista AgoraTHE BUTTERFLY EFFECT
Direção: Eric Bress & J. Mackye Gruber
Ano: 2004
Assistido em: 02/09/2023
Tem alguns filmes que a gente simplesmente deixa passar, perdemos a oportunidade quando é lançado, não entramos no hype, e talvez vamos assistir anos e anos depois. No já distante 2004, quando eu estava na minha sexta série do ensino fundamental, muitos colegas falavam sobre “Efeito Borboleta”, o filme incrível e que todos deveriam conferir, mas naquela época eu simplesmente deixei passar, e agora, quase 20 anos depois finalmente tive a oportunidade de conferi-lo, e a sensação que ficou foi de que não perdi muita coisa.
Quando quando Evan, um simples estudante universitário começa a sentir fortes dores de cabeça, ele acaba percebendo que conseguia voltar no tempo em momentos muito específicos de sua vida, geralmente onde algum trauma muito grande ocorreu. No desespero de tentar mudar os males do passado, Evan acaba alterando eventos, sem perceber que a cada pequena mudança que ele fazia seu futuro alterava completamente, colocando em situações muito perigosas quando ele retornava ao presente.
Nem toda ideia boa rende bons filmes, isso é um fato já comprovado, tudo pode ser posto a perder com uma execução mal planejada. Mesmo não tendo uma ideia muito original o longa poderia render, entretanto está acorrentado a problemas que se fazem presentes, o roteiro não consegue desenvolver o protagonista, e por mais que ele esteja em situações verdadeiramente complicadas, não existe sentido de urgência, em momento algum você consegue sentir que aquele personagem está em risco real, porque sabe que ele vai se safar com a viagem no tempo, seja para trás ou para frente. Essa inabilidade do texto de nos fazer sentir a ameaça que ronda protagonista também é fortificada por uma atuação apática de Ashton Kutcher que nunca foi um ator brilhante, mas que aqui consegue fazer um protagonista sem nenhum brilho, sem nenhum atrativo para o público, e quando o roteiro e personagem principal não funcionam, não há como o resultado final entreter o público.
Analisando a ficha técnica percebemos que os diretores são não são grandes nomes de Hollywood, inclusive eles desapareceram por completo depois desse trabalho, e honestamente não há nada aqui que nos faça querer ver mais do trabalho deles, que nos faça sentir ansiedade por um projeto vindouro, é uma produção comum, uma ficção científica sem muitos atrativos, cheguei a ver algumas pessoas dizendo que era complexo, mas não há nada de complexo nessa história, mesmo não seguindo uma montagem tradicional, tudo é facilmente compreensível.
“The Butterfly Effect” é muito divisivo, a crítica caiu de pau, e existem defensores ferrenhos na parte do público, particularmente, tendencio a apoiar o público, mas nesse caso em específico não consegui, e sou obrigado a dar o braço a torcer e dizer que os críticos estavam corretos, e tudo mal ajambrado, tem uma execução torta, poderia render em mãos mais competentes, com melhor roteiro e direção, assim como um ator mais talentoso no papel central. Produções como essa existem aos montes, sobre viagens no tempo, sobre personagens tentando corrigir problemas do passado, mas poucos são os que verdadeiramente se tornaram memoráveis, e esse exemplo não é um deles. A melhor lição deixada por essa história é que às vezes o melhor a se fazer é “deixar para lá”, deixar a vida seguir seu curso como deve ser, e não ficar tentando remexer no passado, infelizmente a própria Hollywood não aprendeu com essa lição, e mesmo diante uma recepção fria, resolveu fazer sequências para esse filme.