"Bem fraco. O roteiro é óbvio, cheio de clichês. As músicas são até legais, mas não são isso tudo. Sinceramente, High School Musical melhorou para mim, é infinitamente superior. No final, ainda copiaram a pior parte de HSM, que é o arco de vilã sem sentido da Sharpay. Mas, pelo menos em HSM tínhamos a Ashley Tisdale. Aqui, temos até alguns personagens e atores que se salvam mas, no geral, são bem sem graça." Sim, o meu comentário para o primeiro filme é exatamente o mesmo para a parte 2. Só acrescentaria que achei o 2 um pouco melhor pelo fato de que não caiu no clichê do grupo rival sabotador ou por eu me importar um pouco mais com os personagens aqui do que na primeira parte. Nota: 6.6.
Uma das bases da nova onda de filmes de comédia romântica que dominaria os anos 1990 (depois da popularidade de Uma Linda Mulher) e iriam continuar em alta até o início dos anos 2000. E ele trás muitos dos elementos que dominariam o gênero, incluindo a maior liberdade de comentar temas relacionados ao sexo, ou a briga pré-clímax que separa o casal. Achei o filme com uma pegada muito Woody Allen, creio que pela forma como são feitos os diálogos, repleto de falas inusitadas ou que discutem temas quase filosoficamente. Ou talvez seja o fato de se passar em Nova Iorque. Mas, sinceramente, chega em um momento que o filme cansa um pouco, afinal, está claro
Quando comecei a gostar de terror esse foi um dos que eu tinha mais expectativa de assistir, considerando o tanto que era elogiado (e a capa que figura entre uma das melhores do terror) e foi uma tremenda decepção. Revendo agora (uns 11 anos depois, creio), melhorou levemente. Ainda acho que depois que
as criaturas aparecem, o filme desanda por completo. Não que a ideia de algo desse tipo denigra o filme, que vinha se apresentando como baseado na realidade. Querendo ou não eram necessários para trazer algo a mais na narrativa.
.O problema é que tudo vinha sido muito bem construído, as cenas estavam bem climáticas e claustrofóbicas, mas, a partir daí, as cenas de ação são muito confusas, com a câmera balançando de forma caótica. A produção é espetacular na parte técnica, incluindo os desafios de se passar quase que completamente em cavernas e, mesmo assim, não ser um filme excessivamente escuro. Aliás, o cuidado com que se constrói a noção dos espaços e a iluminação deles é excelente e o filme devia ter ganhado algum prêmio nesse sentido. O final também me incomoda
, confesso que a briga entre as duas últimas sobreviventes sempre foi confusa para mim. Uma estava pegando o marido da outra, certo? Mas então por qual motivo ela andava com um colar totalmente a mostra que denunciava isso?
Não li os livros nem conhecia a história. Mas, enfim, o filme é até eficiente de um modo geral, os atores se saem bem nos papéis e a avó é um dos personagens mais odiáveis de todos os tempos. O problema foi mesmo a sequência final, que parece ter sido feita às pressas e é fraca de modo geral. Nota: 7.0.
Não costumo gostar da ideia de ficar taxando qualquer filme de pretencioso, pois muitas vezes o filme realmente é inteligente e justifica se mostrar inteligente, e, na maioria das vezes, essa pretenciosidade nem fica tão explícita quanto costumam dizer. Mas, no caso de Neon Demon, fica difícil não chamar de pretencioso, pois ele pega uma trama que realmente é interessante e a usa como molde para ficar se mostrando como o supra-sumo da arte visual, com cores, ângulos, etc rebuscados e que praticamente possuem a função de se mostrar como visualmente belo. Talvez o filme tente funcionar como uma expansão de seus personagens, bonitas modelos, visualmente interessantes, mas nada excepcionais por dentro. De toda forma, o espetáculo visual vale a pena, e gosto por demais da cena final, na parte visual e na metáfora inclusive. Por fim, querendo ou não o filme é meio arrastado em alguns momentos. Nota: 7.0.
Ótimo filme no geral. A ambientação no edifício, a montagem que nos ajuda a se situar e compreender as situações dentro do prédio, as personalidades dos vilões, as boas cenas de ação, certa dose de violência gráfica e uma boa história (motivação dos vilões, questões da imprensa, as decisões erradas dos superiores, e os rumos gerais que o filme toma). Meu único incômodo fica pela caracterização bizarra que fizeram dos federais.
Não sou especialista em segurança pública estadounidense nos anos 1980, mas acho difícil dois agentes de alto escalão lidarem com uma situação com reféns da forma como lidaram, simplesmente pegando helicópteros armados e fazendo graça com a possibilidade de 25% das vidas serem perdidas, agindo como se estivessem em um simulador, e não em uma situação em que várias vidas estavam em jogos (incluindo as deles mesmos)
. A atuação do Bruce Willis é meio zoada em alguns momentos também. Nota: 8.5.
É bom, mas possui algumas coisas que me incomodaram. As atuações, em alguns momentos, são um pouco teatrais (algo meio comum na época), e tem muitos diálogos expositivos. No início era até aceitável, mas o marido repete uma mil vezes "minha saúde é debilitada, sou um péssimo marido". Mas, em todo o resto o filme funciona, o relacionamento dos personagens é bem construído e não desemboca em melodramas óbvios, ou em tentar apontar vilões ou condenar atitudes. Nota: 7.7.
É curioso. Ao contrário de muitos filmes, me lembro de detalhes de cada dia em que vi Harry Potter no cinema, mesmo o HP2, que assisti quando eu tinha só 8 anos. Então, como um bom potterhead, não pude deixar de ser pego pela nostalgia proporcionada por este especial, muito bem produzido, por sinal. Não só conseguiram reunir grande parte dos realizadores (algumas ausências foram sentidas, é verdade), como souberam muito bem usar dos elementos dos filmes (as cartas, as falas mais famosas) e de vários sentimentos, como a nostalgia (ou mesmo a tristeza, na parte In Memorian) de forma bem consciente para mexer com o público. Em alguns momentos, achei que ficou "making of" demais, ao invés de mostrar mais interação e conversas entre os atores. Também senti que poderiam ter abordado, mesmo que superficialmente, outros realizadores, como os compositores das trilhas, figurinistas ou os sempre competentes diretores de arte (HP2 é mais um dos injustiçados pelo Oscar). Nota: 8.1.
Faz muito com o pouco que tem, o que não quer dizer que é um ótimo filme, e sim que é um filme correto a maior parte do tempo. É eficiente em criar clima também, alguns jump scares ficaram bem feitos. Tem méritos também pelo fato de não apelar para o clichê, se mantendo
fiel à ideia do protagonista passar o tempo todo sozinho, mesmo que para isso tenhamos poucas falas e uma contagem menor de corpos. É comum nos filmes algum outro personagem aparecer (como a namorada) só para ser logo morto (a Autópsia de Jane Doe, por exemplo), o que,
acertadamente, não ocorre aqui. O grande problema mesmo foi o final, que tem uma reviravolta legal, mas o contexto dela é totalmente mal explicado. Nota: 7.0.
A parte musical é excelente, a produção como um todo é ajeitadinha, mas a trama é toda errada kkkkk. O cara vai para o exército e recebe um monte de privilégios só por ser alguém famoso? Na trama eu não estava torcendo pelo protagonista de jeito nenhum. Aí, depois, ainda usa de contatos para tentar colocar no estrelato a irmã do sargento que o bajulava. Mas, fora isso, dá para assistir. Nota: 6.7.
Não sei, quando o filme terminou fiquei com a sensação de que faltou algo. Refletindo um pouco depois não consegui descobrir o que era. Mas, de toda forma, entregou aquilo que eu esperava que ia entregar, em relação à montagem, estética, trilha, todas um curioso exercício de estilo cinematográfico. Creio que apenas a trama deslindar para o tema de romance (um romance não convencional, é verdade, mas um romance mesmo assim) tenha sido um pouco decepcionante, poderia ter tido outra coisa funcionando como motor narrativo. O personagem de Raymond Dufayel também é um pouco clichê, aquela espécie de mentor que explicita os fatos da vida (com metáforas até interessantes, é verdade) da protagonista, mas isso não é um grande problema. O humor também funciona muito bem, algo que eu não esperava que o filme fosse possuir, mas é um ponto que ajuda a dar ritmo narrativo. Nota: 8.5.
A obra mais artística da história. Calma, explicarei. Considerando que se tinha passado apenas um ano do lançamento de REC, não existe motivo minimamente razoável para se realizar um remake. Refazer um filme muitos anos depois, mesmo que passo a passo, ainda tem alguma lógica. Refazer um filme de orçamento mais baixo, ampliando os potenciais do filme ao se ter mais recursos em sua produção, mesmo que poucos anos depois do lançamento do original, ainda tem alguma lógica. Mas refazer um found footage, no ano seguinte ao lançamento do original, refazendo passo a passo não tem o menor sentido. Found footages são, quase sempre, baixo orçamento por natureza, então, se fossem refazer, que utilizassem o orçamento hollywoodiano para expandir o filme. Fica até difícil avaliar o filme, pois é complicado pensar sob qual ótica analisar. Oscar Wilde disse certa vez que "podemos perdoar a um homem ter feito uma coisa útil enquanto ele não a admira mas, a única desculpa de ter feito uma coisa inútil, é admirá-la intensamente." Seu silogismo acaba, então, por concluir que toda arte é, em si, inútil. Ora, partindo do mesmo pressuposto, e considerando que Quarentena é, possivelmente, a produção mais inútil da toda a história, cabe, para nós, apenas uma única conclusão: Esse filme é pura arte. Nota: 5.6.
Uma das obras-primas de Hitchcock. Poucos anos depois de explorar um conceito em um filme (Rope), o diretor retorna novamente com a ideia de uma produção conceitual. Se em Rope a ideia era o mínimo de cortes possíveis, aqui explora-se o ambiente único, mas com um diferencial, a tal da janela. Assim, temos a ideia de um personagem que é, em muitos aspectos, é o próprio telespectador, em um paralelo metalinguístico genial. Assim, o personagem de James Stewart tem apenas informações fragmentadas, apenas as que são possíveis de ver de sua janela, assim como o telespectador, que apenas assiste o que está na tela, a mercê do que o diretor quer que o telespectador veja. Essa experiência faz com que o protagonista não possa ver o "todo", tentando descobrir as informações que não foram mostradas da mesma forma que o telespectador busca descobrir quando assiste um filme. Bom, todo o filme, sob essa perspectiva, é muito bem montado. A forma como trocamos dos cenários abertos para o apartamento do protagonista, os vários personagens da vizinhança, muito bem localizados e estabelecidos, além da trilha sonora orgânica do filme, visto que vem de um dos apartamentos (mais uma vez, a metalinguagem). Lembro que dá primeira vez que assisti não gostei tanto,
pois esperava uma mega reviravolta no final, uma expectativa que eu, erroneamente, costumava ter em todo filme do Hitchcock. Mas, revendo, não consigo enxergar necessidade de plot twist da forma como o filme vinha se desenhando, revelando e caminhando, aos poucos, para a sua única conclusão possível.
Excelente filme, seja no aspecto da inteligência da trama, seja nos aspectos cinematográficos, um tremendo feito em relação a este, aliás, se considerarmos o baixo orçamento. Creio que tenha sido a boa montagem consegue minar facilmente o fato do filme ter sido feito com poucos recursos, além das atuações não serem ruins. Creio que não estava tão difícil assim acompanhar, algumas informações acabam, sim, perdidas, mas assistindo com a expectativa de que se deve prestar atenção acaba atenuando isso um pouco. É só relevar as informações menores e científicas demais e focar no todo que ajuda. Creio que o momento que realmente comecei a me perder foi na parte que o Thomas Granger entra na história. Depois daí fica realmente incompreensível ao se assistir da primeira vez.
Só revendo que fui sacar que os dois protagonistas substituíram a si mesmos para poderem "realinhar" a linha do tempo, e agora existem dois de cada. Ou talvez sejam dois Abes e três Aarons. Ou seja, creio que os dois pontos gerais que realmente não entendi foram: por qual motivo e se realmente são três Aarons e qual foi a causa da linha temporal ter sido desalinhada por Thomas Granger
. Enfim, ótimo em matéria de roteiro e de técnica cinematográfica, embora, confesso, tenha sido pretencioso em alguns momentos, por exemplo, ao evitar usar o termo viagem no tempo, deixando até mesmo nossa compreensão do tema principal do filme confusa, fazendo com que o espectador tenha que sacar que é isso que eles estão fazendo, ao invés dos personagens simplesmente falarem "estamos viajando no tempo". Nota: 9.3.
Da série "filmes que se eu não tivesse a fita VHS jamais saberia da existência". Por enquanto, considero esse o pior giallo que já vi. A trama policial é até razoável. Nada de demais, mas é suficiente para manter o filme. O problema são dois: a ausência daquela estética maravilhosa dos filmes do subgênero (esperava mais de um filme que se passa em Veneza), sendo esse um problema menor. O que me incomoda é que é praticamente um filme pornô. A sensação que passa é que o diretor estava gravando dois filmes, um policial e um filme adulto e, devido à falta de orçamento, o diretor resolveu juntar as duas histórias. Reparem na ausência de interação entre os atores dos dois arcos, que gera uma estrutura enfadonha, repleta de flashback lento atrás de flashback lento, parando muito o ritmo narrativo para ficar mostrando longas cenas de sexo. No fim, o bom gore quase conseguiu que eu aumentasse meia estrela, mas nem isso foi suficiente. Nota: 6.4.
"Eu entendo a juventude transviada". Ótimo filme. Foi extremamente influente na concepção moderna do que é ser adolescente, mas também na forma como o tema juventude seria tratado na cultura pop. Vale lembrar que foi nos meados dos anos 1950 que surgiu o rock, e aquela ideia do adolescente subversivo, que busca chocar os bons costumes, passou a ser ostensivamente explorada pelos filmes, pela música, pelas revistas. Aqui temos o surgimento desse movimento, que passa a ver o público adolescente como um consumidor potencial desses artigos da cultura pop. O filme foi bem influente também no cinema adolescente de final dos anos 70 e dos anos 1980 (Grease pega muita coisa daqui). Claro, mas não só de repercussão vive o bom cinema. Juventude Transviada também é um ótimo filme em si. A condução narrativa, se passando durante pouco mais de 24 horas, não teme longas conversas em que se busca expor e construir seus personagens, e toda a condução das cenas é muito boa, exemplo a cena da discussão na escada, a disposição dos personagens nela e um dos planos holandeses mais memoráveis do cinema. Enfim, só não é excelente por causa da
personalidade da Judy. Quero dizer, o namorado dela morreu e ela mal sente. Choque, talvez. Na verdade, a morte do Buzz foi até bem tratada para servir de motor narrativo, mas a forma como os secundários reagem a ela faz parecer que o personagem apenas quebrou a perna.
Pelo menos o outro secundário, o Plato, foi bem tratado pelo roteiro. Outra ressalva é em relação a todo o terceiro ato (a partir da mansão), que considero um pouco longo. Por fim, não preciso explicitar muito sobre James Dean e sua performance, que é um dos pontos mais elogiados do filme, além dele ficar marcado para sempre como um dos primeiros ídolos teen (leia-se, um dos primeiros Colírios) da história. Nota: 9.2.
De toda a (imensa) franquia, esse foi o único que resolveu captar o que o original tinha de bom, sendo o único que parece que foi feito por alguém que efetivamente assistiu o filme de 1974, e olha que o segundo filme de 1986 foi dirigido pelo próprio Tobe Hooper, mas tinha um tom muito diferente. As partes 3 e 4, embora copiassem o esqueleto narrativo, teimavam em não ter o mesmo estilo do original. O mesmo ocorreu com os filmes posteriores, que não exploravam a ideia de "Texas", as estradas inóspitas, o clima árido. O maior charme do primeiro filme era justamente esse, aliado à ideia de se passar majoritariamente à luz do dia, gerando uma fotografia memorável. Essas produções mais atuais da franquia teimam em não trazer o ar de "Texas" (CHOVE no filme de 2003, e também de ser um filme visualmente "limpo" demais), além da cisma de se passarem na maior parte do tempo durante a noite. Assim, essa é a produção que, estilisticamente, mais se aproxima do primeiro filme, ao mesmo tempo que é uma das que mais se afasta narrativamente. Temos referências visuais maravilhosas que NENHUMA das outras 6 produções tinham tentado fazer. A cena do jantar, ausente no remake, o mesmo movimento de câmera em meia-lua em volta do rosto dos personagens quando vêm os móveis inusitados da família de canibais, ou o travelling baixo (não sei o nome técnico) sexista focando nas partes da triz enquanto ela caminha lentamente, além de ter muitas cenas à luz do dia, em espaços amplos (grande-angular, creio). Ou seja, o filme acerta muito em seus aspectos técnicos e como homenagem ao primeiro filme. Entretanto, o roteiro pavoroso estraga aquele que poderia ser o segundo melhor da franquia, da mesma forma que acontece no filme O Início, de 2006. Toma decisões inteligentes ao fugir do velho padrão de adolescentes na estrada, mas o roteiro é ridiculamente cheio de conveniências e personagens que tomam decisões sem sentido. Aqueles momentos em que a narrativa precisa que algo aconteça, então tudo fica forçado para que isso ocorra
(juntar todo mundo na fuga do hospício, por exemplo). Fora que tem muitas falhas. A mãe do leatherface, por exemplo, não foi indiciada? Ela invadiu o hospício, causou uma fuga em massa e a morte de muita gente e não ocorre nada com ela? Tem vários momentos que os personagens reféns poderiam ter facilmente fugido também. Na cena do restaurante, por exemplo, a coisa mais fácil do mundo era alertar as pessoas. Essa cena é pavorosa, aliás. O policial nem liga para os adolescentes bagunçando logo atrás dele, sendo que tinha ocorrido uma fuga de adolescente no hospício na noite anterior. Talvez tivesse sido um filme melhor se tivesse abdicado dessa trama dos policiais (que não funcionou no filme de 2013) e feito os adolescente chegarem antes na casa dos Sawyer. Aí a segunda metade do filme se passaria lá, retomando mais a narrativa padrão da franquia e mostrando mais a famosa motosserra
. Mas, enfim, apesar do roteiro, funciona como um filme de origem. Nota: 7.0.
Dá primeira vez que assisti há alguns anos atrás fiquei bem decepcionado. Revendo agora, continuo não achando que o filme seja isso tudo. Maldito Oscar, tanto filme bom no gênero e esse que eles escolhem exaltar. Enfim, considerava que muito da minha decepção vinha do fato de que, para falar que o Oscar valoriza o terror, acabam, muitas vezes, incluindo O Silêncio dos Inocentes como um dos filmes de terror premiados pela Academia. E essa expectativa de que seria um filme de terror pode ter estragado a experiência. Mas, revendo agora, continuo achando que o filme não possui nada de muito espetacular ou, talvez, tenha envelhecido. O mais curioso é que o filme é baseado no segundo livro do Hannibal, sendo, sob essa ótica, uma espécie de "continuação" do filme Dragão Vermelho, de 1986, filme bem menos badalado. Bom, os diálogos entre Hannibal e Clarice são o ponto alto do filme, seja pelas boas falas, pela escolha feliz de planos, ou seja pelas ótimas atuações de Jodie Foster e Anthony Hopkins, sendo que o ator também merece destaque pela ótima performance, que contribuiu para gerar mais uma das mais temidas figuras do cinema. No geral, o filme consegue entreter e se mantêm mesmo com a longa duração. Legal também as ideias progressistas (o filme parece ser a base para Zootopia) e pela forma como conduz a figura de Hannibal que,
encarcerado durante boa parte do filme, nos faz até sentir alguma simpatia por sua figura, mesmo que amedrontadora. Assim, quando ele consegue fugir, somos finalmente confrontados com sua psicopatia e crueldade, que, por esses motivos, acaba sendo potencializada
. Curiosas também as pontas de Roger Corman e George Romero. Por fim, cabe comentar a capa do filme que, quando eu era criança, na época das locadoras, me dava medo até mesmo de entrar na sessão de terror. Tenho dúvida em relação a qual nota dar, mas creio, então ficarei com um meio termo. Nota: 8.5.
A minha nota é praticamente para a trilha sonora mesmo. Fourth Time Around, Vanilla Sky, Good Vibrations, Heaven e Wild Honey (que conheci por causa do filme e se tornou uma das minhas preferidas). Enfim, o filme é bom, mas possui duas questões que devo apontar. Uma, é o fato de ser um remake (se bem me lembro, bem copia e cola, embora tenha tempo que eu vi) de outra produção bem recente, algo que não justifica muito a existência do filme (mesmo que a trilha sonora da versão hollywoodiana seja superior). A outra questão são os primeiros 40 minutos, que são enfadonhos. O filme demora a engrenar, mas a construção (ou desconstrução) que é dado ao seu protagonista é bem interessante.
E a forma como as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas, culminando no bom plot twist (claro, vindo do filme original e de uma tendência de filmes do final dos anos 1990 que se passam em uma "Matrix") é muito bem feita. O último ato do filme, que se passa na mente do protagonista, é muito bem trabalhado. Os céus de baunilha, os personagens que eram, frutos do subconsciente e retratos de figuras importantes para David no mundo real, além, claro, de frases que eram repetidas várias vezes, originadas de falas que tinham sido ditas para David no mundo real, deixando várias pistas para o fato de tudo não passar de um sonho.
Enfim, um filme inteligente, mas um remake, que se salva por ser bem dirigido e pela ótima trilha sonora. Nota: 8.5.
Clássico absoluto, mas creio que, infelizmente, envelheceu um pouco. Quero dizer, o ponto do filme é causar medo. Para causar medo, temos que ter o elemento surpresa. E, o filme foi tão eficiente em sua proposta de assustar, que suas cenas se tornaram amplamente conhecidas. Ora, se as cenas são conhecidas, o elemento surpresa está morto. Assim, imagina o público que viu Regan girando a cabeça pela primeira vez. O susto é muito maior, pois é algo completamente impensável. Já para o público atual, que sabe que isso irá acontecer, o impacto acaba sendo muito menor. Aliás, creio que o filme ainda sofreu um envelhecimento maior do que o que tinha quando assisti pela primeira vez em 2013, visto que o terror moderno, balizado em Invocação do Mal, bebe muito da fonte de O Exorcista em termos de estrutura narrativa. Mas, diferente de alguns outros clássicos do terror que envelheceram muito (como A Noite dos Mortos Vivos), o filme continua causando impacto, mesmo que não seja o mesmo que causou no público dos anos 1970, ainda sendo eficiente na construção do terror. A primeira uma hora é morna, mas a segunda hora é cena clássica atrás de cena clássica, com vários momentos que seriam memoráveis e extensamente copiados. Quero dizer, foi um dos primeiros filmes da história a abordar a ideia de exorcismo (tanto que ela tem até que ser explicada), servindo de base para todo um subgênero. Vendo sob essa ótica, de que era um tema quase não abordado, podemos dizer que, se conseguirmos nos situar com a mesma visão de alguém que assistiu o filme na época do lançamento, fica claro que esse foi o filme mais assustador da história. Mas, é praticamente impossível conseguirmos ter a mesma mentalidade de que assistiu pela primeira vez, e, por isso, para nos que já nos acostumamos a ver exorcismos no cinema, o filme acaba por perder parte de seu impacto. Bom, pelo menos as cenas de mensagens subliminares são interessantes a ajudam a criar o clima de misticismo. A cena do sonho de Karras é bem assustadora também. Os efeitos especiais e de maquiagem, além da trilha sonora, são muito bem feitos
. Aliás, a cena da escada sempre apareceu para mim na internet como uma das cenas mais assustadoras já feitas. Lembro que, antes de assistir o filme, tinha a expectativa de que ela não me afetaria, pois já sabia que ela iria acontecer. Acontece que minha expectativa era de que fosse criada todo um clima para essa cena, mas sua execução foi tão abrupta que creio que me assustou quase tanto quanto foi exibida pela primeira vez.
Enfim, o filme é curioso na forma como constrói a tensão. Claro, grande parte das ideias vieram do livro (o filme é bem fiel ao material original), mas a forma curiosa como o filme corta bruscamente logo após cada cena de susto parece ter sido eficiente para impactar ainda mais o público. Ao invés de mostrar o que acontece após cada cena assustadora, o filme corta para outra cena em que pouca coisa está acontecendo, fazendo com que a cena impactante fique reverberando, sendo absorvida na mente do público e, talvez por isso, tenham sido tão memoráveis a ponto de todos nos as conhecermos. Por fim, eu sempre xingo o Oscar, mas aqui tivemos um raro momento de lucidez da Academia, que colocou o filme em nada mais nada menos que 10 categorias. Só ganhou uma, mas, enfim, pelo menos reconheceram um blockbuster de terror. Merecia maquiagem e efeitos especiais também (além de melhor filme), mas essas categorias não existiam. Merecia ter concorrido para melhor trilha também, mas perdoamos. O estranho é o motivo de, se O Exorcista é filme suficiente para concorrer em várias categorias, por qual motivo outros filmes de terror não são? Invocação do Mal, A Bruxa, Hereditário, etc. Nota: 10.0.
Esse aqui é um pouquinho mais bem feito que o anterior. Ou seja, continua uma bagunça completa. Passou um dia em relação à parte 1, mas, em outro momento, é falado que metade da população da Terra foi morta. Algo que não tem o menor sentido, pois tudo continua do mesmo jeito que estava antes. Poderiam tentar outras locações também, milhares de cenas no mato já tinham cansado no filme anterior, ficar tudo nisso de novo então não é uma boa ideia. No final, interessante mesmo é a crítica, agora mais clara, em relação ao imperialismo estadounidense, que causa mais estrago e mortes do que ajuda. Mas, a melhor parte é mesmo o ASTROGILDOOOO!!!!! Nota: 7.3. P.S.: Onde está a parte 3? Até hoje nada.
A trama, inicialmente, é intrigante e possui uma boa reviravolta. Só achei o filme um pouco mecânico em alguns momentos, a trama de romance, por exemplo, ou várias decisões estilísticas óbvias, sem inspiração, não muito diferentes do que já vinha sendo produzido nos anos 1940. É mais trama que filme, digamos assim. Em alguns momentos, as motivações do protagonista incomodam um pouco, o tipo de personagem xereta exagerado que, inevitavelmente, domina as produções focadas em investigação. Nota: 8.3.
Oren Peli decepciona muito aqui. Seu segundo (e último filme) não lembra em nada a genialidade que ele teve ao dirigir Atividade Paranormal. Se, em Atividade o diretor parecia saber muito bem o que estava fazendo, não só na construção da tensão, como também da narrativa e no conhecimento do estilo Found Footage. O principal problema é que se o simples funciona nos filmes do subgênero pré-2010, em 2015 já eram necessários mais rebuscamentos para que a produção sobreviva. Mas, não, temos 40 minutos de pouca coisa interessante até entrarem na Área 51. Poderiam ter mostrado mais informações sobre o local, ou qualquer outra coisa para manter o interesse. E, a segunda metade do filme também não funciona muito bem, fracassando em construir tensão, apesar de um ou outro bom momento. Nota: 6.5.
Bem fraco. O roteiro é óbvio, cheio de clichês. As músicas são até legais, mas não são isso tudo. Sinceramente, High School Musical melhorou para mim, é infinitamente superior. No final, ainda copiaram a pior parte de HSM, que é o arco de vilã sem sentido da Sharpay. Mas, pelo menos em HSM tínhamos a Ashley Tisdale. Aqui, temos até alguns personagens e atores que se salvam mas, no geral, são bem sem graça. Nota: 6.5.
Camp Rock 2: The Final Jam
2.8 322 Assista Agora"Bem fraco. O roteiro é óbvio, cheio de clichês. As músicas são até legais, mas não são isso tudo. Sinceramente, High School Musical melhorou para mim, é infinitamente superior. No final, ainda copiaram a pior parte de HSM, que é o arco de vilã sem sentido da Sharpay. Mas, pelo menos em HSM tínhamos a Ashley Tisdale. Aqui, temos até alguns personagens e atores que se salvam mas, no geral, são bem sem graça."
Sim, o meu comentário para o primeiro filme é exatamente o mesmo para a parte 2. Só acrescentaria que achei o 2 um pouco melhor pelo fato de que não caiu no clichê do grupo rival sabotador ou por eu me importar um pouco mais com os personagens aqui do que na primeira parte.
Nota: 6.6.
Harry & Sally: Feitos um Para o Outro
3.9 504 Assista AgoraUma das bases da nova onda de filmes de comédia romântica que dominaria os anos 1990 (depois da popularidade de Uma Linda Mulher) e iriam continuar em alta até o início dos anos 2000. E ele trás muitos dos elementos que dominariam o gênero, incluindo a maior liberdade de comentar temas relacionados ao sexo, ou a briga pré-clímax que separa o casal. Achei o filme com uma pegada muito Woody Allen, creio que pela forma como são feitos os diálogos, repleto de falas inusitadas ou que discutem temas quase filosoficamente. Ou talvez seja o fato de se passar em Nova Iorque. Mas, sinceramente, chega em um momento que o filme cansa um pouco, afinal, está claro
que os dois vão ficar juntos e querem ficar juntos, e toda a enrolação para isso acontecer me incomodou um pouco.
Nota: 8.1.
Abismo do Medo
3.2 884 Assista AgoraQuando comecei a gostar de terror esse foi um dos que eu tinha mais expectativa de assistir, considerando o tanto que era elogiado (e a capa que figura entre uma das melhores do terror) e foi uma tremenda decepção. Revendo agora (uns 11 anos depois, creio), melhorou levemente. Ainda acho que depois que
as criaturas aparecem, o filme desanda por completo. Não que a ideia de algo desse tipo denigra o filme, que vinha se apresentando como baseado na realidade. Querendo ou não eram necessários para trazer algo a mais na narrativa.
A produção é espetacular na parte técnica, incluindo os desafios de se passar quase que completamente em cavernas e, mesmo assim, não ser um filme excessivamente escuro. Aliás, o cuidado com que se constrói a noção dos espaços e a iluminação deles é excelente e o filme devia ter ganhado algum prêmio nesse sentido. O final também me incomoda
, confesso que a briga entre as duas últimas sobreviventes sempre foi confusa para mim. Uma estava pegando o marido da outra, certo? Mas então por qual motivo ela andava com um colar totalmente a mostra que denunciava isso?
Nota: 7.3.
O Jardim dos Esquecidos
3.5 89Não li os livros nem conhecia a história. Mas, enfim, o filme é até eficiente de um modo geral, os atores se saem bem nos papéis e a avó é um dos personagens mais odiáveis de todos os tempos. O problema foi mesmo a sequência final, que parece ter sido feita às pressas e é fraca de modo geral.
Nota: 7.0.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraNão costumo gostar da ideia de ficar taxando qualquer filme de pretencioso, pois muitas vezes o filme realmente é inteligente e justifica se mostrar inteligente, e, na maioria das vezes, essa pretenciosidade nem fica tão explícita quanto costumam dizer. Mas, no caso de Neon Demon, fica difícil não chamar de pretencioso, pois ele pega uma trama que realmente é interessante e a usa como molde para ficar se mostrando como o supra-sumo da arte visual, com cores, ângulos, etc rebuscados e que praticamente possuem a função de se mostrar como visualmente belo. Talvez o filme tente funcionar como uma expansão de seus personagens, bonitas modelos, visualmente interessantes, mas nada excepcionais por dentro. De toda forma, o espetáculo visual vale a pena, e gosto por demais da cena final, na parte visual e na metáfora inclusive. Por fim, querendo ou não o filme é meio arrastado em alguns momentos.
Nota: 7.0.
Duro de Matar
3.8 736Ótimo filme no geral. A ambientação no edifício, a montagem que nos ajuda a se situar e compreender as situações dentro do prédio, as personalidades dos vilões, as boas cenas de ação, certa dose de violência gráfica e uma boa história (motivação dos vilões, questões da imprensa, as decisões erradas dos superiores, e os rumos gerais que o filme toma). Meu único incômodo fica pela caracterização bizarra que fizeram dos federais.
Não sou especialista em segurança pública estadounidense nos anos 1980, mas acho difícil dois agentes de alto escalão lidarem com uma situação com reféns da forma como lidaram, simplesmente pegando helicópteros armados e fazendo graça com a possibilidade de 25% das vidas serem perdidas, agindo como se estivessem em um simulador, e não em uma situação em que várias vidas estavam em jogos (incluindo as deles mesmos)
Nota: 8.5.
Primavera Numa Pequena Cidade
3.7 8É bom, mas possui algumas coisas que me incomodaram. As atuações, em alguns momentos, são um pouco teatrais (algo meio comum na época), e tem muitos diálogos expositivos. No início era até aceitável, mas o marido repete uma mil vezes "minha saúde é debilitada, sou um péssimo marido". Mas, em todo o resto o filme funciona, o relacionamento dos personagens é bem construído e não desemboca em melodramas óbvios, ou em tentar apontar vilões ou condenar atitudes.
Nota: 7.7.
Comemoração de 20 Anos de Harry Potter: De Volta a …
4.3 364 Assista AgoraÉ curioso. Ao contrário de muitos filmes, me lembro de detalhes de cada dia em que vi Harry Potter no cinema, mesmo o HP2, que assisti quando eu tinha só 8 anos. Então, como um bom potterhead, não pude deixar de ser pego pela nostalgia proporcionada por este especial, muito bem produzido, por sinal. Não só conseguiram reunir grande parte dos realizadores (algumas ausências foram sentidas, é verdade), como souberam muito bem usar dos elementos dos filmes (as cartas, as falas mais famosas) e de vários sentimentos, como a nostalgia (ou mesmo a tristeza, na parte In Memorian) de forma bem consciente para mexer com o público. Em alguns momentos, achei que ficou "making of" demais, ao invés de mostrar mais interação e conversas entre os atores. Também senti que poderiam ter abordado, mesmo que superficialmente, outros realizadores, como os compositores das trilhas, figurinistas ou os sempre competentes diretores de arte (HP2 é mais um dos injustiçados pelo Oscar).
Nota: 8.1.
Necrotério
2.7 39 Assista AgoraFaz muito com o pouco que tem, o que não quer dizer que é um ótimo filme, e sim que é um filme correto a maior parte do tempo. É eficiente em criar clima também, alguns jump scares ficaram bem feitos. Tem méritos também pelo fato de não apelar para o clichê, se mantendo
fiel à ideia do protagonista passar o tempo todo sozinho, mesmo que para isso tenhamos poucas falas e uma contagem menor de corpos. É comum nos filmes algum outro personagem aparecer (como a namorada) só para ser logo morto (a Autópsia de Jane Doe, por exemplo), o que,
Nota: 7.0.
Tu És Minha Paixão
2.3 2A parte musical é excelente, a produção como um todo é ajeitadinha, mas a trama é toda errada kkkkk. O cara vai para o exército e recebe um monte de privilégios só por ser alguém famoso? Na trama eu não estava torcendo pelo protagonista de jeito nenhum. Aí, depois, ainda usa de contatos para tentar colocar no estrelato a irmã do sargento que o bajulava. Mas, fora isso, dá para assistir.
Nota: 6.7.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
4.3 5,0K Assista AgoraNão sei, quando o filme terminou fiquei com a sensação de que faltou algo. Refletindo um pouco depois não consegui descobrir o que era. Mas, de toda forma, entregou aquilo que eu esperava que ia entregar, em relação à montagem, estética, trilha, todas um curioso exercício de estilo cinematográfico. Creio que apenas a trama deslindar para o tema de romance (um romance não convencional, é verdade, mas um romance mesmo assim) tenha sido um pouco decepcionante, poderia ter tido outra coisa funcionando como motor narrativo. O personagem de Raymond Dufayel também é um pouco clichê, aquela espécie de mentor que explicita os fatos da vida (com metáforas até interessantes, é verdade) da protagonista, mas isso não é um grande problema. O humor também funciona muito bem, algo que eu não esperava que o filme fosse possuir, mas é um ponto que ajuda a dar ritmo narrativo.
Nota: 8.5.
Quarentena
2.7 837 Assista AgoraA obra mais artística da história. Calma, explicarei. Considerando que se tinha passado apenas um ano do lançamento de REC, não existe motivo minimamente razoável para se realizar um remake. Refazer um filme muitos anos depois, mesmo que passo a passo, ainda tem alguma lógica. Refazer um filme de orçamento mais baixo, ampliando os potenciais do filme ao se ter mais recursos em sua produção, mesmo que poucos anos depois do lançamento do original, ainda tem alguma lógica. Mas refazer um found footage, no ano seguinte ao lançamento do original, refazendo passo a passo não tem o menor sentido. Found footages são, quase sempre, baixo orçamento por natureza, então, se fossem refazer, que utilizassem o orçamento hollywoodiano para expandir o filme. Fica até difícil avaliar o filme, pois é complicado pensar sob qual ótica analisar.
Oscar Wilde disse certa vez que "podemos perdoar a um homem ter feito uma coisa útil enquanto ele não a admira mas, a única desculpa de ter feito uma coisa inútil, é admirá-la intensamente." Seu silogismo acaba, então, por concluir que toda arte é, em si, inútil. Ora, partindo do mesmo pressuposto, e considerando que Quarentena é, possivelmente, a produção mais inútil da toda a história, cabe, para nós, apenas uma única conclusão: Esse filme é pura arte.
Nota: 5.6.
Janela Indiscreta
4.3 1,2K Assista AgoraUma das obras-primas de Hitchcock. Poucos anos depois de explorar um conceito em um filme (Rope), o diretor retorna novamente com a ideia de uma produção conceitual. Se em Rope a ideia era o mínimo de cortes possíveis, aqui explora-se o ambiente único, mas com um diferencial, a tal da janela. Assim, temos a ideia de um personagem que é, em muitos aspectos, é o próprio telespectador, em um paralelo metalinguístico genial. Assim, o personagem de James Stewart tem apenas informações fragmentadas, apenas as que são possíveis de ver de sua janela, assim como o telespectador, que apenas assiste o que está na tela, a mercê do que o diretor quer que o telespectador veja. Essa experiência faz com que o protagonista não possa ver o "todo", tentando descobrir as informações que não foram mostradas da mesma forma que o telespectador busca descobrir quando assiste um filme.
Bom, todo o filme, sob essa perspectiva, é muito bem montado. A forma como trocamos dos cenários abertos para o apartamento do protagonista, os vários personagens da vizinhança, muito bem localizados e estabelecidos, além da trilha sonora orgânica do filme, visto que vem de um dos apartamentos (mais uma vez, a metalinguagem). Lembro que dá primeira vez que assisti não gostei tanto,
pois esperava uma mega reviravolta no final, uma expectativa que eu, erroneamente, costumava ter em todo filme do Hitchcock. Mas, revendo, não consigo enxergar necessidade de plot twist da forma como o filme vinha se desenhando, revelando e caminhando, aos poucos, para a sua única conclusão possível.
Nota: 9.1.
Primer
3.5 491 Assista AgoraExcelente filme, seja no aspecto da inteligência da trama, seja nos aspectos cinematográficos, um tremendo feito em relação a este, aliás, se considerarmos o baixo orçamento. Creio que tenha sido a boa montagem consegue minar facilmente o fato do filme ter sido feito com poucos recursos, além das atuações não serem ruins. Creio que não estava tão difícil assim acompanhar, algumas informações acabam, sim, perdidas, mas assistindo com a expectativa de que se deve prestar atenção acaba atenuando isso um pouco. É só relevar as informações menores e científicas demais e focar no todo que ajuda. Creio que o momento que realmente comecei a me perder foi na parte que o Thomas Granger entra na história. Depois daí fica realmente incompreensível ao se assistir da primeira vez.
Só revendo que fui sacar que os dois protagonistas substituíram a si mesmos para poderem "realinhar" a linha do tempo, e agora existem dois de cada. Ou talvez sejam dois Abes e três Aarons. Ou seja, creio que os dois pontos gerais que realmente não entendi foram: por qual motivo e se realmente são três Aarons e qual foi a causa da linha temporal ter sido desalinhada por Thomas Granger
Nota: 9.3.
Pesadelo em Veneza
3.1 5Da série "filmes que se eu não tivesse a fita VHS jamais saberia da existência". Por enquanto, considero esse o pior giallo que já vi. A trama policial é até razoável. Nada de demais, mas é suficiente para manter o filme. O problema são dois: a ausência daquela estética maravilhosa dos filmes do subgênero (esperava mais de um filme que se passa em Veneza), sendo esse um problema menor. O que me incomoda é que é praticamente um filme pornô. A sensação que passa é que o diretor estava gravando dois filmes, um policial e um filme adulto e, devido à falta de orçamento, o diretor resolveu juntar as duas histórias. Reparem na ausência de interação entre os atores dos dois arcos, que gera uma estrutura enfadonha, repleta de flashback lento atrás de flashback lento, parando muito o ritmo narrativo para ficar mostrando longas cenas de sexo. No fim, o bom gore quase conseguiu que eu aumentasse meia estrela, mas nem isso foi suficiente.
Nota: 6.4.
Juventude Transviada
3.9 546 Assista Agora"Eu entendo a juventude transviada".
Ótimo filme. Foi extremamente influente na concepção moderna do que é ser adolescente, mas também na forma como o tema juventude seria tratado na cultura pop. Vale lembrar que foi nos meados dos anos 1950 que surgiu o rock, e aquela ideia do adolescente subversivo, que busca chocar os bons costumes, passou a ser ostensivamente explorada pelos filmes, pela música, pelas revistas. Aqui temos o surgimento desse movimento, que passa a ver o público adolescente como um consumidor potencial desses artigos da cultura pop. O filme foi bem influente também no cinema adolescente de final dos anos 70 e dos anos 1980 (Grease pega muita coisa daqui). Claro, mas não só de repercussão vive o bom cinema. Juventude Transviada também é um ótimo filme em si. A condução narrativa, se passando durante pouco mais de 24 horas, não teme longas conversas em que se busca expor e construir seus personagens, e toda a condução das cenas é muito boa, exemplo a cena da discussão na escada, a disposição dos personagens nela e um dos planos holandeses mais memoráveis do cinema. Enfim, só não é excelente por causa da
personalidade da Judy. Quero dizer, o namorado dela morreu e ela mal sente. Choque, talvez. Na verdade, a morte do Buzz foi até bem tratada para servir de motor narrativo, mas a forma como os secundários reagem a ela faz parecer que o personagem apenas quebrou a perna.
Nota: 9.2.
Massacre no Texas
2.4 432 Assista AgoraDe toda a (imensa) franquia, esse foi o único que resolveu captar o que o original tinha de bom, sendo o único que parece que foi feito por alguém que efetivamente assistiu o filme de 1974, e olha que o segundo filme de 1986 foi dirigido pelo próprio Tobe Hooper, mas tinha um tom muito diferente. As partes 3 e 4, embora copiassem o esqueleto narrativo, teimavam em não ter o mesmo estilo do original. O mesmo ocorreu com os filmes posteriores, que não exploravam a ideia de "Texas", as estradas inóspitas, o clima árido. O maior charme do primeiro filme era justamente esse, aliado à ideia de se passar majoritariamente à luz do dia, gerando uma fotografia memorável. Essas produções mais atuais da franquia teimam em não trazer o ar de "Texas" (CHOVE no filme de 2003, e também de ser um filme visualmente "limpo" demais), além da cisma de se passarem na maior parte do tempo durante a noite.
Assim, essa é a produção que, estilisticamente, mais se aproxima do primeiro filme, ao mesmo tempo que é uma das que mais se afasta narrativamente. Temos referências visuais maravilhosas que NENHUMA das outras 6 produções tinham tentado fazer. A cena do jantar, ausente no remake, o mesmo movimento de câmera em meia-lua em volta do rosto dos personagens quando vêm os móveis inusitados da família de canibais, ou o travelling baixo (não sei o nome técnico) sexista focando nas partes da triz enquanto ela caminha lentamente, além de ter muitas cenas à luz do dia, em espaços amplos (grande-angular, creio). Ou seja, o filme acerta muito em seus aspectos técnicos e como homenagem ao primeiro filme.
Entretanto, o roteiro pavoroso estraga aquele que poderia ser o segundo melhor da franquia, da mesma forma que acontece no filme O Início, de 2006. Toma decisões inteligentes ao fugir do velho padrão de adolescentes na estrada, mas o roteiro é ridiculamente cheio de conveniências e personagens que tomam decisões sem sentido. Aqueles momentos em que a narrativa precisa que algo aconteça, então tudo fica forçado para que isso ocorra
(juntar todo mundo na fuga do hospício, por exemplo). Fora que tem muitas falhas. A mãe do leatherface, por exemplo, não foi indiciada? Ela invadiu o hospício, causou uma fuga em massa e a morte de muita gente e não ocorre nada com ela? Tem vários momentos que os personagens reféns poderiam ter facilmente fugido também. Na cena do restaurante, por exemplo, a coisa mais fácil do mundo era alertar as pessoas. Essa cena é pavorosa, aliás. O policial nem liga para os adolescentes bagunçando logo atrás dele, sendo que tinha ocorrido uma fuga de adolescente no hospício na noite anterior. Talvez tivesse sido um filme melhor se tivesse abdicado dessa trama dos policiais (que não funcionou no filme de 2013) e feito os adolescente chegarem antes na casa dos Sawyer. Aí a segunda metade do filme se passaria lá, retomando mais a narrativa padrão da franquia e mostrando mais a famosa motosserra
Nota: 7.0.
O Silêncio dos Inocentes
4.4 2,8K Assista AgoraDá primeira vez que assisti há alguns anos atrás fiquei bem decepcionado. Revendo agora, continuo não achando que o filme seja isso tudo. Maldito Oscar, tanto filme bom no gênero e esse que eles escolhem exaltar. Enfim, considerava que muito da minha decepção vinha do fato de que, para falar que o Oscar valoriza o terror, acabam, muitas vezes, incluindo O Silêncio dos Inocentes como um dos filmes de terror premiados pela Academia. E essa expectativa de que seria um filme de terror pode ter estragado a experiência. Mas, revendo agora, continuo achando que o filme não possui nada de muito espetacular ou, talvez, tenha envelhecido. O mais curioso é que o filme é baseado no segundo livro do Hannibal, sendo, sob essa ótica, uma espécie de "continuação" do filme Dragão Vermelho, de 1986, filme bem menos badalado.
Bom, os diálogos entre Hannibal e Clarice são o ponto alto do filme, seja pelas boas falas, pela escolha feliz de planos, ou seja pelas ótimas atuações de Jodie Foster e Anthony Hopkins, sendo que o ator também merece destaque pela ótima performance, que contribuiu para gerar mais uma das mais temidas figuras do cinema. No geral, o filme consegue entreter e se mantêm mesmo com a longa duração. Legal também as ideias progressistas (o filme parece ser a base para Zootopia) e pela forma como conduz a figura de Hannibal que,
encarcerado durante boa parte do filme, nos faz até sentir alguma simpatia por sua figura, mesmo que amedrontadora. Assim, quando ele consegue fugir, somos finalmente confrontados com sua psicopatia e crueldade, que, por esses motivos, acaba sendo potencializada
Nota: 8.5.
Vanilla Sky
3.8 2,0K Assista AgoraA minha nota é praticamente para a trilha sonora mesmo. Fourth Time Around, Vanilla Sky, Good Vibrations, Heaven e Wild Honey (que conheci por causa do filme e se tornou uma das minhas preferidas). Enfim, o filme é bom, mas possui duas questões que devo apontar. Uma, é o fato de ser um remake (se bem me lembro, bem copia e cola, embora tenha tempo que eu vi) de outra produção bem recente, algo que não justifica muito a existência do filme (mesmo que a trilha sonora da versão hollywoodiana seja superior). A outra questão são os primeiros 40 minutos, que são enfadonhos. O filme demora a engrenar, mas a construção (ou desconstrução) que é dado ao seu protagonista é bem interessante.
E a forma como as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas, culminando no bom plot twist (claro, vindo do filme original e de uma tendência de filmes do final dos anos 1990 que se passam em uma "Matrix") é muito bem feita. O último ato do filme, que se passa na mente do protagonista, é muito bem trabalhado. Os céus de baunilha, os personagens que eram, frutos do subconsciente e retratos de figuras importantes para David no mundo real, além, claro, de frases que eram repetidas várias vezes, originadas de falas que tinham sido ditas para David no mundo real, deixando várias pistas para o fato de tudo não passar de um sonho.
Nota: 8.5.
O Exorcista
4.1 2,3K Assista AgoraClássico absoluto, mas creio que, infelizmente, envelheceu um pouco. Quero dizer, o ponto do filme é causar medo. Para causar medo, temos que ter o elemento surpresa. E, o filme foi tão eficiente em sua proposta de assustar, que suas cenas se tornaram amplamente conhecidas. Ora, se as cenas são conhecidas, o elemento surpresa está morto. Assim, imagina o público que viu Regan girando a cabeça pela primeira vez. O susto é muito maior, pois é algo completamente impensável. Já para o público atual, que sabe que isso irá acontecer, o impacto acaba sendo muito menor. Aliás, creio que o filme ainda sofreu um envelhecimento maior do que o que tinha quando assisti pela primeira vez em 2013, visto que o terror moderno, balizado em Invocação do Mal, bebe muito da fonte de O Exorcista em termos de estrutura narrativa.
Mas, diferente de alguns outros clássicos do terror que envelheceram muito (como A Noite dos Mortos Vivos), o filme continua causando impacto, mesmo que não seja o mesmo que causou no público dos anos 1970, ainda sendo eficiente na construção do terror. A primeira uma hora é morna, mas a segunda hora é cena clássica atrás de cena clássica, com vários momentos que seriam memoráveis e extensamente copiados. Quero dizer, foi um dos primeiros filmes da história a abordar a ideia de exorcismo (tanto que ela tem até que ser explicada), servindo de base para todo um subgênero. Vendo sob essa ótica, de que era um tema quase não abordado, podemos dizer que, se conseguirmos nos situar com a mesma visão de alguém que assistiu o filme na época do lançamento, fica claro que esse foi o filme mais assustador da história. Mas, é praticamente impossível conseguirmos ter a mesma mentalidade de que assistiu pela primeira vez, e, por isso, para nos que já nos acostumamos a ver exorcismos no cinema, o filme acaba por perder parte de seu impacto.
Bom, pelo menos as cenas de mensagens subliminares são interessantes a ajudam a criar o clima de misticismo. A cena do sonho de Karras é bem assustadora também. Os efeitos especiais e de maquiagem, além da trilha sonora, são muito bem feitos
. Aliás, a cena da escada sempre apareceu para mim na internet como uma das cenas mais assustadoras já feitas. Lembro que, antes de assistir o filme, tinha a expectativa de que ela não me afetaria, pois já sabia que ela iria acontecer. Acontece que minha expectativa era de que fosse criada todo um clima para essa cena, mas sua execução foi tão abrupta que creio que me assustou quase tanto quanto foi exibida pela primeira vez.
Por fim, eu sempre xingo o Oscar, mas aqui tivemos um raro momento de lucidez da Academia, que colocou o filme em nada mais nada menos que 10 categorias. Só ganhou uma, mas, enfim, pelo menos reconheceram um blockbuster de terror. Merecia maquiagem e efeitos especiais também (além de melhor filme), mas essas categorias não existiam. Merecia ter concorrido para melhor trilha também, mas perdoamos. O estranho é o motivo de, se O Exorcista é filme suficiente para concorrer em várias categorias, por qual motivo outros filmes de terror não são? Invocação do Mal, A Bruxa, Hereditário, etc.
Nota: 10.0.
Criaturas Hediondas 2
2.6 1Esse aqui é um pouquinho mais bem feito que o anterior. Ou seja, continua uma bagunça completa. Passou um dia em relação à parte 1, mas, em outro momento, é falado que metade da população da Terra foi morta. Algo que não tem o menor sentido, pois tudo continua do mesmo jeito que estava antes. Poderiam tentar outras locações também, milhares de cenas no mato já tinham cansado no filme anterior, ficar tudo nisso de novo então não é uma boa ideia. No final, interessante mesmo é a crítica, agora mais clara, em relação ao imperialismo estadounidense, que causa mais estrago e mortes do que ajuda. Mas, a melhor parte é mesmo o ASTROGILDOOOO!!!!!
Nota: 7.3.
P.S.: Onde está a parte 3? Até hoje nada.
O Terceiro Homem
4.2 176 Assista AgoraA trama, inicialmente, é intrigante e possui uma boa reviravolta. Só achei o filme um pouco mecânico em alguns momentos, a trama de romance, por exemplo, ou várias decisões estilísticas óbvias, sem inspiração, não muito diferentes do que já vinha sendo produzido nos anos 1940. É mais trama que filme, digamos assim. Em alguns momentos, as motivações do protagonista incomodam um pouco, o tipo de personagem xereta exagerado que, inevitavelmente, domina as produções focadas em investigação.
Nota: 8.3.
Área 51
2.0 250 Assista AgoraOren Peli decepciona muito aqui. Seu segundo (e último filme) não lembra em nada a genialidade que ele teve ao dirigir Atividade Paranormal. Se, em Atividade o diretor parecia saber muito bem o que estava fazendo, não só na construção da tensão, como também da narrativa e no conhecimento do estilo Found Footage. O principal problema é que se o simples funciona nos filmes do subgênero pré-2010, em 2015 já eram necessários mais rebuscamentos para que a produção sobreviva. Mas, não, temos 40 minutos de pouca coisa interessante até entrarem na Área 51. Poderiam ter mostrado mais informações sobre o local, ou qualquer outra coisa para manter o interesse. E, a segunda metade do filme também não funciona muito bem, fracassando em construir tensão, apesar de um ou outro bom momento.
Nota: 6.5.
Camp Rock
2.6 533 Assista AgoraBem fraco. O roteiro é óbvio, cheio de clichês. As músicas são até legais, mas não são isso tudo. Sinceramente, High School Musical melhorou para mim, é infinitamente superior. No final, ainda copiaram a pior parte de HSM, que é o arco de vilã sem sentido da Sharpay. Mas, pelo menos em HSM tínhamos a Ashley Tisdale. Aqui, temos até alguns personagens e atores que se salvam mas, no geral, são bem sem graça.
Nota: 6.5.