E se o segundo era tão exagerado que fazia o primeiro parecer contido, essa pirulitância colorida, nonsense e com um roteiro sem pé nem cabeça faz a parte 2 parecer contida kkkkk. Desde seu ótimo início noir, até a trama em si, que não tem o menor sentido. Os caras estão tendo suas mentes controladas pelo jogo de realidade virtual (?), um jogo criado não se sabe como, por alguém que estava preso (??), as pessoas, sob o controle do jogo, tem suas mentes controladas (???) e com isso estão a dias jogando (????). Sério, qual o objetivo do toymaker? Escapar? Controle global das crianças para controlar o futuro, igual é mencionado no filme? E, como as pessoas estão a dias jogando, sem comer, ir ao banheiro, etc. Porque o governo não impede o lançamento do jogo, se já sabem que ele é perigoso? Enfim, a ideia de um jogo em realidade virtual é perfeita para o diretor finalmente chuchar chroma key à vontade sem precisar gastar/caprichar nos efeitos especiais, afinal, é tudo um jogo, ninguém se importa (na época) se os gráficos eram ultrarrealistas ou não. Assim, com esse pretexto, o diretor pode criar à vontade vários mundos e cenários. E, Robert Rodriguez adora ficar explorando palavras/expressões ao infinito. É toda hora "fim de jogo" e "o cara". Aliás, as duas únicas grandes sacadas do roteiro são essa questão do cara (que gera uma ponta hilária) e a questão do vô do Juni com o vilão. Falando no vilão, Robert Rodriguez deve ser o cara mais legal de Hollywood, que consegue enfiar grandes atores nos filmes ridículos dele. Até o Stallone! Fora o George Clooney ("vai ser o fim da minha carreira"), Bill Paxton, etc. Falando nessa galera, a conclusão do filme é um show de horrores.
Depois de liberto, o vilão simplesmente não faz nada. Começa a andar por aí, numa cidade estranhamente vazia, sem destruir um único prédio, com robôs que, por alguma razão obscura, só são visíveis usando os óculos. E, a cereja do bolo, o tal do "chamando todo mundo" cominado com o "todo mundo é sua família", frase de efeito que é usada na construção de toda cena final, mas que não tem o menor sentido, algo reconhecido até pelo próprio roteiro. Pelo menos deu para rever todos os atores que passaram pela franquia, que toparam fazer uma ponta para encerrar a trilogia (Robert Rodriguez realmente deve ser um cara legal).
Mas, no fim, o filme ainda consegue convencer pelas boas cenas de ação, que fazem bom uso daquele 3D dos óculos vermelhos e azuis. E era um diversão ver isso no cinema. Nota: 7.4. P.S.: Pobre Arnold. Família dele continuou pobre. Provavelmente ainda tomou uma surra do pai. P.S.2: Que atuação bizarra é essa do Daryl Sabara? É intencional, não é possível. Volta Alexa Vega como protagonista.
Curioso. Sempre tinha ouvido falar desse filme (a tradução do título é chamativa), mas nunca tinha ouvido falar de ser um found footage. Desse estilo achei que tínhamos tido apenas Bruxa de Blair na época que tinha ficado famoso. Embora, aqui, tenhamos uma ideia mais Big Brother do que as tradicionais câmeras chacoalhantes. Na época, talvez apenas a ideia tenha sido suficiente para sustentar o filme, mascarando algumas conveniências do roteiro. Nota: 7.1.
Spielberg não poupou despesas... Um bom filme é aquele que nos entrega aquilo que promete. Um ótimo filme é aquele que, além de fazer isso, é relevante para a época em que foi lançado, com críticas ou apontamentos sociais. Já um filme excelente é aquele que, além de tudo isso, funciona como um retrato metalinguístico do contexto em que foi lançado, como um espelho entre os personagens e situações do filme com a época e as pessoas que o assistem na vida real. Assim, a clássica cena do Braquiossauro não é só antológica pelo fato de ser uma das primeiras cenas que usa efeitos especiais digitais, e sim porque os personagens, encarando impressionados o dinossauro, refletem o próprio público do filme, que encarava maravilhado os efeitos especiais inovadores, se impressionando tal qual os personagens do filme (no caso, durante os anos 1980, os efeitos digitais eram sempre usados para objetos inanimados). E, é nesse paralelo de admiração que o filme se constrói, além de possuir personagens interessantes, diálogos inspirados, seja os divertidos, seja os que envolvem as críticas à exploração descuidada da engenharia genética. Mas, também temos a marca de Spielberg. Crianças e pré-adolescentes, escalas grandiosas e cenas de ação que marcam época, além da parceria sempre certeira com John Williams, que rendeu um dos temas mais famosos do cinema. A cena do tiranossauro marcou todos, desde sua entrada (com o copo d´água) e toda envolvendo o carro. Ou a clássica e tensa cena da cozinha. É um filme que conseguiu abarcar tanto o público adulto quanto o infantil, sem apelar demais para o terror ou soar infantil. E, mesmo tendo muita falação, os efeitos dos dinossauros, as cenas de ação bem feitas e toda a produção acurada geram um filme excelente e que, de forma surpreendente, mesmo com toda a pirotecnia atual, não envelheceu nadinha. Também, pudera, no final fica claro que Spielberg empregou muito bem todos os elementos, principalmente nos efeitos especiais que, surpreendentemente ainda funcionam. Fica claro que o diretor não poupou despesas. Nota: 9.4. P.S: Que raio de sistema computacional doido é aquele? Outros tempos.
O filme em si é até bom. A construção da tensão é boa, tem várias boas ideias nas cenas de susto, mas a trama é fraca, a pouca história que tem é quase toda remakizada das primeiras partes de franquia. E, apesar da boa construção da tensão, aquela bola de basquete não cumpre o objetivo. Acredito que tenha sido tentar criar, sei lá, uma espécie de estranheza nos sustos com um objeto que parece fora do lugar, mas a única coisa que ele causa é "quebrar" o clima. Mas, de resto, o filme até funciona em sua proposta. Nota: 7.2.
O principal problema do filme, a meu ver, é que todos nos acreditamos que ele seria, nessa fase da Marvel, o equivalente ao Guerra Civil. Apesar de, oficialmente, Guerra Civil ser o Capitão América 3, ele funcionava como uma espécie de Vingadores 2.5 (e, apesar de não gostar muito do filme, ele funcionava bem nessas duas propostas). E, era essa a expectativa em torno desse filme, que fosse funcionar como um primeiro passo para conectar tudo e abrir caminho para o próximo filme dos Vingadores (no caso, dos substitutos dos Vingadores originais). Entretanto, esse filme não faz isso. Na verdade, ele é simplesmente Dr. Estranho 2 e ponto. Agora, em se tratando da questão do multiverso, ele também é um pouco decepcionante, principalmente depois de todo o fanservice de NWH. Mas, esses problemas não seriam tão evidentes, ou não incomodariam se o filme fosse realmente bom. Confesso, talvez eu já esteja saturado da Marvel. Nas primeiras cenas de ação, eu simplesmente não estava sentindo nada, parecia que estava olhando para uma tela em branco. O que realmente salve essa produção é simplesmente o Sam Raimi. Se não fosse ele, seria o pior da franquia. O diretor dá um tom de terror muito bem colocado, que não extrapola a proposta de ser um filme da Marvel, mas é suficiente para colocar como um dos gêneros explorados. Temos jump scares, perseguições tensas (realmente ele deixa a Feiticeira Escarlate bem ameaçadora) e um gore que foi muito bem disfarçado para caber na proposta Marvel (puro Evil Dead na sequência final). Mas, não só por essa marca. Vemos o que um diretor diferenciado pode fazer na franquia, com algumas montagens interessantes. E, claro, uma referência ótima (e que várias pessoas não pegaram) envolvendo Bruce Campbell. Acredito, também, que poderíamos ter uma exploração maior dos outros universos (afinal, está no título), mas acredito que estejam deixando isso para outros filmes. E, apesar do Sam Raimi, a estrutura narrativa realmente é um pouco caótica. Nota: 7.3.
OBRA DE ARTE. Robert Rodriguez é um gênio incompreendido. Ou, a nostalgia bateu mesmo. Como falei, esse faz o insano primeiro filme parecer um filme contido. Aqui temos todo o arcabouço narrativo exagerado e descompromissado de Robert Rodriguez em seu estágio puro. Personagens com enredos e conflitos bobos, mas numa roupagem dramaticamente épica. Falas bizarras que dariam para fazer uma lista interminável (a cena da festa é um bombardeamento de frases nonsense, culminando numa batalha de porradaria entre crianças cheias de gadgets, homens imãs que ninguém sabe de onde vieram e um nepotismo às claras que não é questionado. Até gera aplausos kkkkk). Enfim, é um filme que possui uma trama bem feita em muitos momentos, e logo depois vem uma tosquice sem sentido. Toda a trama do transmooker não tem o menor sentido (três chaves que desligam o mundo todo e só voltar ao lugar e resolve? WTF?). Assim, temos a frase mais profunda de todos os filmes da minha infância, quiçá do cinema ("Acham que Deus fica no céu porque também sente medo do que criou na Terra). E, logo depois, temos a cena podre dos personagens afundando em cocô de camelo. Temos toda a crítica à "tecnologia faz um bom agente", que é bem feita, por exemplo, na questão da briga no final, e todo o filme constrói essa ideia da dependência de tecnologia muito bem, ainda mais por ser feito numa época em que isso ainda estava no início. Mas, ao mesmo tempo, somos bombardeados de coisas sem sentido (qual o motivo de inserir os esqueletos como espectadores de um estádio? Qual o sentido?). Por fim, os efeitos são meio fracos vistos hoje em dia, é verdade, mas acredito que até mesmo na época não eram grandes coisas. E, se o propósito era homenagear Ray Harryhausen, poderiam ter usado Chroma Key. Nota: 8.5. P.S.: Qual a necessidade desse título excessivamente dramático? Suco de Robert Rodriguez, pura e simplesmente.
Aqui Wes Craven tenta mais uma vez emplacar uma renovação ao gênero terror, embora, ao contrário do que acontecia em A Hora do Pesadelo, Aniversário Macabro e Pânico, As Criaturas Atrás das Paredes não foi responsável por criar novas tendências. O problema foi exatamente que buscar a fuga dos clichês em um filme com o esqueleto narrativo típico dos clichês enfraquece a narrativa e o filme como um todo. Assim temos, por exemplo, a ideia de que famílias assassinas de caipiras morando isolados no meio do nada está clichê, mas, não o desse filme. O desse filme vai ser uma família de assassinos ricos em uma mansão. ou seja, não muda muito, mas muda um pouco, o suficiente para não cair na mesmice. E os protagonistas não serão adolescentes, mas um pré-adolescente. O motivo narrativo inicial não vai ser jovens indo para uma festa, mas um assalto, etc. Mudanças pontuais que não são suficientes (mas até poderiam ter sido) para renovar o gênero. No final, o filme vale a pena, mesmo não tendo cumprido seu propósito de inovar, o filme em si é bom, incluindo as críticas políticas bem colocadas (entre outras, também ganha pontos por ter um protagonista negro), sendo este, talvez, o ponto mais fora da curva do filme, que poderia (até deveria) ter criado uma tendência para filmes de terror mais políticos, embora, infelizmente, isso não tenha ocorrido. Nota: 8.2.
"I met him on a Monday and my heart stood still Da doo ron-ron-ron, Da doo ron-ron Somebody told me that his name was Jill Da doo ron-ron-ron, Da doo ron-ron". Adoro essa música kkkk. Mas, enfim, o filme tem essa proposta que vai além de Atividade Paranormal (em 2011 foi o estouro dos found footages), mas essa própria proposta não é tão bem explorada, por vezes até esquecemos que o filme está se utilizando desse recurso. No mais, segue um rumo por vezes até interessante, mas, no geral, é um filme meio batido. Nota: 6.6.
O clima do filme é perfeito. E, não só pela competência dos realizadores. Grande parte desse clima delicioso vem também do fato da época que o filme foi feito. Assistir um filme mais antigo, principalmente um de terror do final dos anos 1960/1970 tem um clima bem diferente visto hoje em dia, que, pelo menos para mim, compõe grande parte do charme desse filme. Mas, os outros elementos são fantásticos também. A ideia do internato sempre rende boas histórias de fantasmas. Nota: 8.3.
Um filme com castelos repletos de corredores impossíveis, inventos fantásticos, espionagem, crianças protagonistas, várias bugigangas, vilões que são dedos gigantes, crianças pilotando aviões e mochilas à jato. E esse é o filme mais comedido da franquia kkkkk. Sinceramente, Robert Rodriguez é um dos poucos diretores que captura a essência descompromissada, colorida e repleta de suspensões da crença que representa o cinema oitentista (mas, jamais incoerentes em si mesmos). Muito se homenageia o cinema da época, mas está sempre carregado do tom sombrio/realista do cinema atual, que não condiz muito com os filmes dos anos 1980. Pois bem, Pequenos Espiões 1 é bem inventivo, engraçado e dosa a ação com comédia infantil e um roteiro até interessante, repleto de bons momentos, mas de exageros também, que nem vão parecer tão exagerados assim se compararmos com as continuações, ou com as produções atuais do diretor, que, hoje em dia, com certeza perdeu a mão e está exagerando até mesmo no descompromisso com a coerência narrativa (Pequenos Grandes Heróis, por exemplo). Ponto positivo para o Floop, para a história dos espiões no início do filme e para o Machete, o Deus Ex-Machina inútil. Aliás, é engraçado como o conflito entre os dois irmãos é tão ridiculamente trabalhado e mesmo assim esse fato nem incomoda kkkk. Aliás, gera um dos melhores diálogos do filme. Nota: 8.3.
O cinema de David Fincher costuma ser bem parecido entre si. Mas, acho que se colocássemos seus filme em um espectro de comparação, talvez Benjamin Button e a Rede Social ficassem em extremos opostos. E o motivo para eu escrever isso é que os filmes possuem ritmos completamente diferentes. A Rede Social é fluída, contínua, constante, com um ritmo que utiliza uma montagem excepcional que gera um filme que, mesmo que seja lento em sua essência, é rápido na sua execução. Já Benjamin Button é um filme que se leva de forma muito vagarosa, bucólica, devagar, quase apática. Bom, me lembro do sucesso do filme na época, e isso se deve muito ao conceito bem interessante de alguém que nascesse velho e fosse ficando jovem. E é isso. O conceito é interessante, gera boas piadas no início e uma melancolia no fim (e, toda essa parte final é realmente boa). Mas, além do filme ter esse problema de ritmo, ele ainda tem um problema bem grande: o autoplágio cometido pelo roteirista Eric Roth, que aqui pega toda a trama de Forrest Gump e a realoca em Benjamin Button.
Um personagem, com uma condição especial, que tem sua história contada por ele mesmo, de forma linear, envolvendo uma garota que ele conheceu na infância, a qual, apesar do sentimento mútuo, ela, por ser meio liberal (refletindo o contexto de sua época/lugar), acaba por não fazer muito questão de um relacionamento, gerando os encontros e desencontros ao longo da vida do personagem. Assim, o pano de fundo para essa história de amor é alguma guerra, além de acontecimentos relevantes da história americana. Ah, e o protagonista irá conseguir uma fortuna. E velejar. E ter um mentor "linha-dura mas de bom coração". Enfim, também é triste que a melhor cena do filme, a que envolve o atropelamento, apesar de muito boa, não é tão coerente, pois dificilmente Forrest...quero dizer, Benjamin teria acesso
a todas aquelas informações. Mas, apesar dos pesares, é um filme que consegue ter alguns bons momentos e uma produção bonita no geral. Nota: 7.5.
Coloco Coringa dentro do meu Top 3 de melhores filmes da década passada, junto com Mad Max e Hereditário. E, isso é devido ao fato de ser um filme dúbio, complexo, e que estabelece um estudo de personagem que reflete na própria estrutura narrativa. E, alguns (como o crítico Pablo Vilaça) confundiram essa natureza dúbia com a falta de um profundidade temática, ou com uma confusão ideológica, ou a ausência de uma "posição" do filme em relação ao seus temas. Algo comum em filmes protagonizados por vilões, semelhante ao que acontece com Lolita, que não tenta pintar seus antagonistas com as cores de antagonistas, uma estratégia perigosa, que pode gerar (e gera) idolatria a personagens que claramente são vilões, mas não o são assim expostos pela narrativa. Assim, há tanto para se destrinchar sobre o filme que desde já peço desculpas pelo comentário longo. Nunca assisti o Rei da Comédia, mas pelo que li, Coringa é uma mistura desse filme com Taxi Driver. Em relação à Taxi Driver, temos a questão política envolvendo os poderosos, o vilão como protagonista e uma cidade degradada, corrupta e sem segurança (em alguns momentos, parece que estamos na Nova Iorque de Taxi Driver). Enfim, a clara inspiração está em Scorsese, mas isso não impede o filme (de uma forma que, confesso, não esperava), inserir os Wayne e alguns elementos da mitologia do Batman na narrativa. Os elementos técnicos também são impecáveis. Da fotografia/design de produção que inserem um mundo frio, escuro, dessaturado, à trilha sonora maravilhosa que já dá o tom desde a cena inicial. Tudo isso contribui para a construção da narrativa deprimida em que nosso protagonista está inserido. Sobre a atuação de Joaquin Phoenix, pouco a que se comentar que já não se tenha falado. A típica incorporação ilimitada a um personagem, repleta de improvisos e muita dedicação em construir e incorporar um protagonista complexo e do qual se tem extrema expectativa, afinal, é do Coringa que estamos falando, um dos vilões com mais apelo da história. E, aqui entra outro problema. Explicar a origem de um personagem como o Coringa, em que grande parte da graça está no fato de desconhecermos sua origem, o que cria um status quase de entidade do mal ao personagem, como se ele não fosse humano, fosse uma espécie de criatura. E, mesmo assim, temos um filme repleto de boas idéias em relação a ser um filme de origem. A questão da gargalhada característica do Coringa, por exemplo, ser fruto de uma doença e ele rir incontrolavelmente nas histórias do Batman na verdade ser realmente uma risada incontrolável faz bastante sentido. Ou, brincar com a idéia de que o Coringa e o Batman
sejam irmãos trás diversas implicações curiosas na relação entre o herói e seu arqui-inimigo. Embora, de certa forma, não há certeza se realmente Coringa seja folho de Thomas Wayne. Apesar da existência de provas, não seria difícil para alguém poderoso forjar toda aquela história. E, ainda sobre a questão de ser um filme de origem, ele faz o que praticamente todas as visões cinematográficas do Coringa fizeram e se inspira na clássica história de Alan Moore, A Piada Mortal. Assim, naquela história, temos a origem do Coringa sendo contada. Entretanto, ao final, para evitar minar o misticismo que envolve o personagem, o próprio Coringa afirma que, talvez, a sua origem não tenha sido realmente aquela. E, na cena final deste Coringa de 2019 temos algo parecido, mas feito de maneira bem oculta, de forma que eu (e muitas pessoas) não perceberam. A bem verdade, é uma teoria dos usuárias da internet, mas pode ter seu fundo de verdade. Vejamos: Afinal, qual seria a piada que Arthur se refere (uma piada no final, assim como a piada mortal na história de Alan Moore. Nada como terminar uma história com uma boa piada, não é mesmo?) quando está conversando com a psiquiatra? De primeira, a montagem do filme nos parece induzir a pensar que seja o fato de que o Coringa foi o responsável indireto pela morte dos Wayne e, consequentemente, acabou sendo também o responsável pela origem de seu arqui-inimigo. Então, ele mata a psiquiatra, e a tal piada (na mente dele) parece ser que ele estava prestes a mata-la. Entretanto, uma teoria que circula na internet parece afirmar que tudo não passou de um delírio, que toda aquela história foi contada naquela sala (o horário mostrado no relógio é o mesmo em outra cena que ele conversa com a psicóloga), sendo fruto da imaginação de Arthur. Reparem que vários momentos são delírios. Sua presença no programa no início do filme, seu relacionamento, etc. Tudo indica alguém com delírios de grandeza, que adoraria se imaginar como o estopim de uma avalanche social. E, não deixa de ser curioso que o personagem negue, afirmando que não queria isso, mas se glorifica e se exalta ao ser idolatrado. Mas, no final, não temos a certeza de que tudo que assistimos realmente aconteceu, a origem do Coringa continuaria um mistério (embora o filmes seja tão bom que poderia muito bem ser a origem do personagem sem fazê-lo perder seu apelo), e essa seria a tal piada.
As temáticas do filme também são complexas e muitas vezes mal interpretadas. Na verdade, são um reflexo do seu protagonista, afinal, as coisas não são preto no branco. "Morte ao ricos" é claramente errado, mas na visão do filme, parece que realmente é algo que se está sendo defendido. Afinal, os ricos são os responsáveis e se aproveitam de toda aquela situação. Thomas Wayne, apesar de ser uma péssima pessoa, merecia a morte? Os caras no metrô são escória, mas são riquinhos, e dificilmente sofreriam alguma consequência por meio da justiça, mesmo agindo como completos babacas. A única solução seria a morte que Arthur lhes infringiu? Outra questão envolve a origem do Coringa, como fruto do meio. Não só isso, como alguém que perdeu os remédios por causa do corte nas verbas públicas. Parece quase uma defesa de políticas públicas, da social democracia e uma crítica ao anarcocapitalismo. Ao mesmo tempo, o filme parece propor uma solução anárquica aos problemas de Gotham. Enfim, acredito que essa visão do Coringa como fruto do meio também é simplista. Sim, ninguém apanha mais da vida que Arthur Fleck, mas, ele já tinha dentro de si uma psicopatia (afirma não sentir nada ao matar), além dos já comentados delírios de grandeza. Ao mesmo tempo, ele adora seu emprego como palhaço, seu sonho de ser alguém que trás alegria, algo que contribui para deixar o personagem mais complexo, como alguém que se esforçou para ser bom, mas seus demônios internos foram aflorados pelo meio que se originou. E, é aí que reside a diferença entre ele e seu suposto meio-irmão. Bruce Wayne, por mais que tenha apanhado da vida (morte dos pais), teve o dinheiro e a presença de Alfred para que fosse moldado para usar seus demônios internos para o bem. O homem nasce com propensão para o mal ou para o bem, o meio em que nasce o molda para uma dessas duas opções. Enfim, mesmo com esse comentário bem longo, ainda faltou falar sobre as categorias do Oscar que o filme concorreu, ou a polêmica cena do "Arthur, abre a Porta". Ou os vários memes que o filme gerou (a famosa cena da escada). Como um ponto que considero meio negativo,
está na questão da namorada do Arthur. Não precisava expor tanto, mostrando flashbacks, que o relacionamento era fruto de sua imaginação. Arrisco ainda a dizer que não precisava nem mesmo comentar isso, poderiam deixar subentendido, como quase tudo em relação a esse filme, que,
tirando esse momento, evitou ser expositivo e categórico ao máximo. Nota: 10.0.
Bem complicado de avaliar, mas é um filme beeeem estranho. Ele é um filme que parece se vender como de terror, mas a impressão que eu estava tendo enquanto assistia era que eu estava assistindo um coming of age. A parte mais de terror estava apenas acontecendo em sonhos, não era real. Enquanto isso, o foco estava na adolescente com características tidas como estranhas, vivendo um caótico ensino médio, enquanto realiza as descobertas e briga com os pais (passe o filme todo tentando reconhecer a Traci Lords, interpretando a mãe da protagonista). Por isso o final me incomodou um pouco, pois quebra muito a expectativa de ser um coming of age, e tenta transformar em terror um filme que parecia ser coming of age desde o início. Parte da responsabilidade disso é o tratamento dado ao fetiche por... sangue? Corpos? Necrofilia? da protagonista, que não é condenado nem glorificado. E, apesar desse fetiche, a protagonista poderia se passar por uma personagem de qualquer outro coming of age, focado na estranha da turma. E a atuação de Annalynne Mccord é excelente. Por um lado, nos deixa extremamente desconfortáveis por sua capacidade social inexistente. Gera uma vontade de mudar, moldar, encaixar a protagonista em um mundo social do qual ela parece não pertencer, pela simples aflição que causa vê-la interagindo com outras pessoas. O filme também é estranho em sua estrutura, talvez única. A narrativa possui uma repetição completamente rígida, Temos o sonho erótico da protagonista, ela vai para aula, jantar em família, cena da reza e assim fica repetindo de novo e de novo e de novo. Curioso como essa estrutura baseada na repetição não possui outros exemplares na história do cinema (pelo menos não que eu conheça). Enfim, ainda acho o final forte demais para a construção narrativa anterior, mas, talvez ele pudesse ter sido evitado se tivessem gasto dinheiro com um psicólogo para a protagonista. Ela CLARAMENTE estava precisando de ajuda de um profissional e é curioso como os pais alegam não possuir dinheiro para isso, mas gastam com várias outras coisas que para eles parecem não ser tão prioritárias quanto um psicólogo, mas que não deveriam ser. Nota: 8.4.
Não gosto do Rob Zombie. Na verdade, odeio, mas, os únicos "filmes" dele que eu tinha visto eram as atrocidades Halloween 1 e Halloween 2. E, bom, mesmo se desconsiderarmos o fato que ele destruía a essência da franquia Halloween, os filmes, em si, eram bem ruins. Mas, querendo ou não, estava curioso para ver se o estilo Zombie poderia funcionar em um filme que não fosse da franquia Halloween. E, aqui temos o estilo Zombie, só que um pouco mais comedido do que em Halloween em alguns pontos. Sim, temos os caipiras desbocados e as pessoas que parecem terem saído de um mundo distópico pelo vocabulário e a forma naturalmente agressiva que tratam umas as outras, além da montagem em estilo videoclipe, mas não temos a mesma violência que os dois Halloweens, ou a câmera chacoalhante que parece ser operado por um chimpanzé com um braço. Na verdade, o problema do filme não é o mesmo de Halloween. A grande questão aqui é que o filme é como qualquer outro do gênero terror, não havendo nada que justificasse o fato de ter se destacado ou ser lembrado ainda hoje, pois não tem nada que outros filmes de terror do subgênero (caipiras de estrada) já não trouxeram (Monster Mas, The Hills Have Eyes, Pânico na Floresta, etc). Aliás, esse daqui consegue ser até menos criativo do que esses (e outros) que eu citei. A trama é basicamente O Massacre da Serra Elétrica com mudanças pontuais para não ficar tão na cara a cópia, incluindo até mesmo uma versão flopada do Leatherface. A verdade é que esse filme seria muito mais beneficiado se tivesse um pouquinho mais de originalidade no roteiro e um pouco menos no estilo, com aqueles takes exagerados, mil tipos de câmeras usadas e aqueles exercícios estilísticos que ficam vazios de tanto serem usados, tendo, ainda assim, alguns momentos inspirados no que se refere à essa questão. Nota: 7.1.
A forma como somos jogados abruptamente no surrealismo, a mistura do moderno com o clássico, da fantasia com inserida em um filme que, a princípio, parecia um daqueles dramas realistas europeus, enfim, é um filme curioso que pode surpreender os que, assim como eu, estavam completamente alheios a sua sinopse. Apenas creio que devia ter sido mais fiel ao mito em alguns momentos. Nota: 8.2.
Já assisti o remake duas vezes, e já tinha assistido o original uma vez muito tempo atrás...ainda não entendi kkkk. Eu me lembrava que o terceiro ato era uma bagunça, então, de posse do final do remake estadounidense em mãos, acreditei que agora ia compreender o terceiro ato, mas fiquei na mesma. O filme original vem naquela onda de terror asiático que dominou o início do dos anos 2000, e por isso temos os tradicionais fantasmas japoneses, que se misturam na trama, em cenas até bem climáticas. Agora, qual seria a interpretação para o terceiro ato? Confesso que dá primeira vez que assisti eu confundia os personagens todos, e dessa segunda vez tentei diferenciar, mas deu na mesma.
Enfim, considerando o final do remake, achei que todo aquele terceiro ato estaria acontecendo no passado. Mas parece que não. A única parte mais compreensível é que a madrasta não foi em socorro de uma das irmãs, a que foi esmagada pelo armário. E que o pai traia a esposa com a madrasta. Agora, a mãe das irmãs se matou por esse motivo? Ou foi a madrasta que matou a mãe e fez parecer suicídio?
A segunda fase do Luccasverso tem se saído bem fraca. Apenas continuações bem pouco inspiradas. E, se pelo menos ele tinha evoluído tecnicamente (não acredito que escrevi isso de novo) nesses filmes da segunda fase, esse do Hotel lembra os da primeira fase em relação a essa parte técnica, a produção foi um pouco abaixo dos últimos lançamentos. Cenas longas, como sempre (meio hora gasta naquele banho de geleca, ou no luccasrato fazendo o trajeto) e sem propósito. O filme é sem graça e sem inspiração, sem aquela empolgação e improvisos hilários que os primeiros tinham, e, confesso, achei que o aguardado retorno do elfo Mizinho (facilmente o melhor vilão do UCLN) salvaria essa segunda fase, mas até ele foi desperdiçado aqui, mal atacando os protagonistas, se resumindo apenas a ficar trancado naquela sala dos ratos, planejando executar um plano que não tem o menor sentido. Espero que a conclusão dessa segunda fase, naquele filme dos vilões que foi lançado do nada, salve essa etapa do UCLN (Universo Cinematográfico Luccas Neto). Nota: 2.1 (de 10).
Tem um propósito e cumpre, mesmo que para isso evite ousar. Assim, a ideia é a irreverência descompromissada do primeiro, mas, evitando se arriscar, o filme nos insere de novo na estrutura do primeiro, gastando a primeira meia hora para "desevoluir" os personagens e a situação que eles encontram para que voltem ao status que estavam no primeiro filme, colocando eles novamente na estrutura de road movie. O humor dá para o gasto (a piada do uber foi a melhor dos últimos anos), assim como o que envolve a questão do subgênero apocalipse zumbi. Algumas boas ideias, como no primeiro, mas nada tão excepcional. Nota: 7.1.
No mesmo anos que tivemos Homens de Preto, tivemos também esse filme abordando a mesma lenda urbana, só que aqui numa visão "realista", séria, quase que para os fãs da ufologia, sobre o fenômeno. E, sinceramente, o filme é só isso mesmo, de resto ele é meio pobre e convencional, parece (não tenho certeza) aquelas produções televisivas dos anos 1990. No final, só recomendo mesmo se você estiver inserido num desses dois exemplos, ou é fã de ufologia, ou que goste desses filmes para a televisão dos anos 1990. Da série, "se eu não tivesse o VHS, jamais saberia da existência". Nota: 6.7.
Depois de um milhão de anos enrolando para assistir esse filme, finalmente o momento propício chegou e pude sentir o alívio de não mais ficar fugindo dos spoilers. Bom, o filme é uma obra curiosa, que mescla vários gêneros, estilos e brinca com expectativas, todos esses ingredientes misturado em um "tigela" nacional, nordestina. Assim, temos críticas ao imperialismo (a falas dos sulistas é boa também), metáforas cristãs, psicotrópicos naturais, valorização do povo
(destruição do estereótipo do morador rural bobo, inocente, idiotizado), caça no estilo de Zaroff, ou de Battle Royale
, tudo isso misturado com um estilo tarantinesco (mas de uma violência mais dura, mais visceral, do que a caricatural e exagerada do diretor) geram um filme que surpreende pelos seus rumos, estilos, críticas e várias metáforas. Claro, essa enorme salada, em alguns momentos, passa essa impressão de bagunça (de quem é o protagonismo do filme, afinal?), de que muita coisa junta acaba que faz várias outras ficarem mal explicadas e passíveis de interpretação. Mas, no final, considerando o quanto (e em vário momentos) esse filme poderia ter "saído dos trilhos", o resultado final foi ótimo. Uhm,,, uma bagunça aparente que parece que não vai funcionar mas no final funciona, se ajeita e agrada todo mundo... nada mais brasileiro, eu diria. Nota: 8.5.
No longínquo ano de 2011, resolvi assistir o primeiro Jogos Mortais. E, depois de desistir na parte 5 (ou na 6, na me lembro) e, depois, tentar finalmente terminar essa franquia (tentativa iniciada uns 2 anos atrás), finalmente cheguei nessa última parte, não sem algum esforço. Os três primeiros foram ótimos, verdade, mas a partir daí fomos bombardeados com filmes medianos, repletos de atores mais ou menos, trama desnecessariamente confusa, e aquelas mesmas edições de múltiplos cortes, armadilhas e corredores enferrujados. Assim, chegamos nessa decepcionante nona parte, que, ao contrário do filme de 2017, resolveu homenagear a franquia pegando tudo que ela tinha de pior. E, talvez o maior motivo disso tenha sido trazerem de volta o diretor Darren Lynn Bousman (responsável pelas partes 2, 3 e 4), o cara que estabeleceu grande parte da mitologia da franquia, mas também foi responsável pelo início de seu declínio. E, assim, temos um filme extremamente mal filmado, como várias das continuações, com ângulos e câmera que parecem amadores, uma fotografia com saturação bizarra, além do roteiro, que tem boas ideias, mas falas incrivelmente ruins (o primeiro diálogo pai e filho é péssimo), até mesmo para o padrão das últimas continuações da franquia. A trama que serve de base é boa, a questão da corrupção na polícia e tal, mas compor os diálogos basicamente com gritaria, brigas e xingamento (não tem uma única cena em que o Chris Rock não está esgoelando com alguém) não foi uma boa ideia. Mas, o filme ainda poderia se salvar na sua reviravolta final, só que ela é ruim, talvez a pior da franquia (não me lembro de todas) e a mais óbvia delas. Se o filme anterior baseava sua reviravolta em algo que conseguia
fortalecer o filme e sua justificativa como uma continuação de Jogos Mortais, essa daqui só faz você pensar: "Ok, poderia ser o roteiro de qualquer filme de terror/suspense policial". Não tem nada que justifique ser um filme de Jogos Mortais, o assassino não tem relação com Jigsaw, não tem motivos para imita-lo. Na verdade, sequer podemos chama-lo de imitador, afinal, sua armadilhas pareciam mais querer matar os polícias do que outra coisa. E, por mais que ele se justifique que estava querendo limpar a polícia, não dá para negar que havia uma vingança pessoal envolvida, embora, em certa medida, Jigsaw também parecia fazer algo nesse sentido, às vezes. Mas, enfim, a reviravolta se torna óbvia por dois motivos: Um deles por não mostrarem o corpo. Qualquer um que sabe que terá uma reviravolta vai suspeitar na hora de um corpo cuja morte não vimos e cujo rosto não foi revelado. Curioso também que ninguém na polícia tentou fazer algum teste para ver se era o policial mesmo. Segundo, ele era o novato, então acaba sendo o suspeito mais forte.
No fim, pesando aqui agora, creio que esse foi o pior da franquia, ligeiramente pior que a parte 4, ainda mais se considerarmos que tivemos vários filmes ruins anteriormente, ou seja, eles já tinham uma base para pegar o que tinha tido de bom, e não os pontos ruins. Nota: 6.5. Meu ranknig (finalmente, senhor) da franquia: 1 - Jogos Mortais. Nota: 9. 2 - Jogos Mortais: Jigsaw. Nota: 9. 3 - Jogos Mortais 2. Nota: 9. 4 - Jogos Mortais 3. Nota: 7. 5 - Jogos Mortais: O Final. Nota: 7. 6 - Jogos Mortais 6. Nota: 7. 7 - Jogos Mortais 5. Nota: 7. 8 - Jogos Mortais 4: Nota: 7. 9 - Jogos Mortais: Espiral. Nota: 7.
O Oscar que de vez em quando resolve sair da mesmice de indicar cinebiografias, dramas e filmes do Spielberg e, na maioria das vezes, quando o faz, é para premiar filmes que nem são tão bons assim em seus gêneros. É tão raro vermos um thriller, ainda mais um de vingança concorrendo, e quando concorre é um que nem está entre os melhores do seu gênero, embora seja, sim, um bom filme. Continuo achando uma ótima ideia a de assistir filmes sabendo o mínimo possível, inclusive sem nem ler a sinopse, e esse é mais um exemplo. Ir descobrindo os pontos da trama ou sobre o que será o filme no primeiro ato foi interessante. E, no geral o roteiro é bem construído nesse sentido, incluindo vários bons diálogos, além da produção no geral ser boa. O problema é que peca em dois pontos, um até perdoável, que é o de possuir os clichês de seu subgênero, algo que no geral é necessário, afinal, é o esqueleto narrativo em comum que "cria" ou define um filme no subgênero que ele está inserido. Assim, vamos ter,
por exemplo, o personagem arrependido que vai ser "perdoado" (ou não) da vingança. Mas, o grande problema mesmo foi o vídeo, não só por ser um conveniente que enfraquece a narrativa, como parece acabar por esburaca-la. Quero dizer, se existia um vídeo, como ainda existia a dúvida? Não só isso, é dito que o vídeo foi compartilhado, e mesmo assim a amiga não acreditou, a reitora não acreditou, como assim? E, bom, ainda dá para perdoar (se esforçando) a mulher ter guardado todos os celulares dela e com isso ainda ter o vídeo, mas o resto ficou meio fraco na narrativa. Claro, era necessário para fazer a protagonista descobrir sobre o Ryan, e também ter o modo de divulgar tudo para a polícia se ela fosse morta (numa cena no estilo de Segundas Intenções), mas poderiam ter buscado um meio um pouco melhor, e que realmente justificasse a indicação ao Oscar.
Bom filme, por enquanto o que eu achei melhor entre os musicais brasileiros do período. Tem uma boa trama, boas músicas e boas piadas (algumas datadas, como seria de se esperar), além do ótimo time de atores, que funcionam muito bem para a comédia. Destaque para Renata Fronzi e sua ótima presença/personagem. Nota: 7.7.
"OH MY GOOOOOOOOOOOOOOOD!!!!!" Se o primeiro filme se levava a sério e tinha uma produção que tentava parecer a de um filme de verdade, esse segundo é trash no último, barato e mal feito. Ou seja, assistir o primeiro doía, assistir o segundo doí um pouco menos porque você ri do humor involuntário, embora no aspecto geral ele seja um filme pior. Comecemos com a profética frase do pôster, em que está escrito "Um não foi suficiente", se referindo ao fato de que o primeiro filme tinha só um troll, e aqui teremos vários, mas parecendo se referir ao fato de que termos sido maltratados psicologicamente pelo baixa qualidade do primeiro filme não foi suficiente, e o martírio iria se repetir nessa segunda parte. Agora, o mais curioso é que a tal segunda parte não tem NADA do primeiro filme. É daqueles filmes que eles lançam como continuação para surfar na onda do sucesso do filme anterior. E, aqui cabe comentar: "qual SUCESSO? Porque um produtor iria querer lançar seu filme como continuação fake de Troll 1? Vai saber, a não ser para nos obrigar a assistir duas porcarias seguidas sem motivo, afinal, o filme não tem os mesmos personagens, mesmos envolvidos, mesma trama, mesma ambientação, o filme não tem nem mesmo TROLLS, são Goblins os vilões do filme kkkk. Agora, analisemos os aspectos técnicos. São horríveis. Os do primeiro ainda tinham algum apuro, mas os Trolls... quero dizer, os Goblins desse daqui são horríveis de feios, parecem máscaras compradas na esquina, fora aquela geleia ridícula. Efeitos bizarros, trilha sem inspiração, etc. Temos também o PIOR TIME de atores da história humana, absolutamente todo mundo ali atua mal. E eu tenho certa propriedade para comentar isso, visto que assisto muito filme independente, trash, underground e por aí vai. E mesmo em filmes com zero orçamento para contratar atores (no geral, são amigos do diretor que atuam) temos atuações melhores do que a desse trolls 2. É surreal, acho que tem um ou dois ali que atuam, os outros parecem pessoa que nunca atuaram na vida, na verdade, nunca nem viram alguém atuando, é bizarro. E muito comentam da cena do OH MY GOD, mas nada é pior que a atuação da irmã, é, por enquanto, a pior atuação que eu já vi na minha vida, não sei como ela conseguiu ser tão ruim, bizarro. Agora, sobre o OH MY GOD, temos que pensar que muito do que faz a atuação ficar ruim vem do fato de que geralmente assistimos ela sem o contexto certo. O personagem, no momento, estava paralisado, então, como era uma cena de desespero e ele não podia se mover, colocar as mãos na cabeça, se esgoelar loucamente e tal, fica difícil atuar. O trabalho do cara (me recuso a chamar de ator) ainda foi prejudicado pelas falas horrorosas e montagem com aqueles cortes ridículos. Tudo isso, mais a falta de talento dele contribuíram para fazer dessa cena famosa como uma das piores atuações da história, mas todo o contexto dela, como eu disse, foi responsável por isso, e não só o "ator". Basta ver que a cena da pipoca, por exemplo, é ridícula num nível estratosférico, e vocês vão constatar que tudo nesse filme é ruim, atrapalhando o trabalho dos atores que já são péssimos. Falta ainda falar do "roteiro". Vamos lá, tem até uns pontos bem pensados, como a questão do avô. Bom, só no início, depois perde todo o sentido. Porque um fantasma saberia sobre os goblins? Informações privilegiadas obtidas no além? E como e porque um fantasma seguraria um MACHADO? A ideia de evitar a comida também é boa e poderia render um desenvolvimento de trama melhor do que uma crítica (se é que foi uma crítica) ao veganismo. E sobre a conclusão, cabe só comentar que se ainda tinha alguma esperança de fazer um balanço positivo do filme utilizando de muita boa vontade, eles entregam aquele final que não tem absolutamente SENTIDO nenhum, para que o público mais tolerante realmente sinta a ruindade do filme. Nossa, não achei que seria necessário um comentário tão longo para destrinchar essa bomba. Enfim, conclusão: Assistam, não é sempre que temos a chance de apreciar uma baixa qualidade em dose tão alta. Nota: 4.1.
Pequenos Espiões 3D
2.3 238 Assista AgoraE se o segundo era tão exagerado que fazia o primeiro parecer contido, essa pirulitância colorida, nonsense e com um roteiro sem pé nem cabeça faz a parte 2 parecer contida kkkkk. Desde seu ótimo início noir, até a trama em si, que não tem o menor sentido. Os caras estão tendo suas mentes controladas pelo jogo de realidade virtual (?), um jogo criado não se sabe como, por alguém que estava preso (??), as pessoas, sob o controle do jogo, tem suas mentes controladas (???) e com isso estão a dias jogando (????). Sério, qual o objetivo do toymaker? Escapar? Controle global das crianças para controlar o futuro, igual é mencionado no filme? E, como as pessoas estão a dias jogando, sem comer, ir ao banheiro, etc. Porque o governo não impede o lançamento do jogo, se já sabem que ele é perigoso?
Enfim, a ideia de um jogo em realidade virtual é perfeita para o diretor finalmente chuchar chroma key à vontade sem precisar gastar/caprichar nos efeitos especiais, afinal, é tudo um jogo, ninguém se importa (na época) se os gráficos eram ultrarrealistas ou não. Assim, com esse pretexto, o diretor pode criar à vontade vários mundos e cenários. E, Robert Rodriguez adora ficar explorando palavras/expressões ao infinito. É toda hora "fim de jogo" e "o cara". Aliás, as duas únicas grandes sacadas do roteiro são essa questão do cara (que gera uma ponta hilária) e a questão do vô do Juni com o vilão. Falando no vilão, Robert Rodriguez deve ser o cara mais legal de Hollywood, que consegue enfiar grandes atores nos filmes ridículos dele. Até o Stallone! Fora o George Clooney ("vai ser o fim da minha carreira"), Bill Paxton, etc.
Falando nessa galera, a conclusão do filme é um show de horrores.
Depois de liberto, o vilão simplesmente não faz nada. Começa a andar por aí, numa cidade estranhamente vazia, sem destruir um único prédio, com robôs que, por alguma razão obscura, só são visíveis usando os óculos. E, a cereja do bolo, o tal do "chamando todo mundo" cominado com o "todo mundo é sua família", frase de efeito que é usada na construção de toda cena final, mas que não tem o menor sentido, algo reconhecido até pelo próprio roteiro. Pelo menos deu para rever todos os atores que passaram pela franquia, que toparam fazer uma ponta para encerrar a trilogia (Robert Rodriguez realmente deve ser um cara legal).
Nota: 7.4.
P.S.: Pobre Arnold. Família dele continuou pobre. Provavelmente ainda tomou uma surra do pai.
P.S.2: Que atuação bizarra é essa do Daryl Sabara? É intencional, não é possível. Volta Alexa Vega como protagonista.
O Olho Que Tudo Vê
2.0 115Curioso. Sempre tinha ouvido falar desse filme (a tradução do título é chamativa), mas nunca tinha ouvido falar de ser um found footage. Desse estilo achei que tínhamos tido apenas Bruxa de Blair na época que tinha ficado famoso. Embora, aqui, tenhamos uma ideia mais Big Brother do que as tradicionais câmeras chacoalhantes. Na época, talvez apenas a ideia tenha sido suficiente para sustentar o filme, mascarando algumas conveniências do roteiro.
Nota: 7.1.
Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros
3.9 1,7K Assista AgoraSpielberg não poupou despesas...
Um bom filme é aquele que nos entrega aquilo que promete. Um ótimo filme é aquele que, além de fazer isso, é relevante para a época em que foi lançado, com críticas ou apontamentos sociais. Já um filme excelente é aquele que, além de tudo isso, funciona como um retrato metalinguístico do contexto em que foi lançado, como um espelho entre os personagens e situações do filme com a época e as pessoas que o assistem na vida real. Assim, a clássica cena do Braquiossauro não é só antológica pelo fato de ser uma das primeiras cenas que usa efeitos especiais digitais, e sim porque os personagens, encarando impressionados o dinossauro, refletem o próprio público do filme, que encarava maravilhado os efeitos especiais inovadores, se impressionando tal qual os personagens do filme (no caso, durante os anos 1980, os efeitos digitais eram sempre usados para objetos inanimados). E, é nesse paralelo de admiração que o filme se constrói, além de possuir personagens interessantes, diálogos inspirados, seja os divertidos, seja os que envolvem as críticas à exploração descuidada da engenharia genética.
Mas, também temos a marca de Spielberg. Crianças e pré-adolescentes, escalas grandiosas e cenas de ação que marcam época, além da parceria sempre certeira com John Williams, que rendeu um dos temas mais famosos do cinema. A cena do tiranossauro marcou todos, desde sua entrada (com o copo d´água) e toda envolvendo o carro. Ou a clássica e tensa cena da cozinha. É um filme que conseguiu abarcar tanto o público adulto quanto o infantil, sem apelar demais para o terror ou soar infantil. E, mesmo tendo muita falação, os efeitos dos dinossauros, as cenas de ação bem feitas e toda a produção acurada geram um filme excelente e que, de forma surpreendente, mesmo com toda a pirotecnia atual, não envelheceu nadinha. Também, pudera, no final fica claro que Spielberg empregou muito bem todos os elementos, principalmente nos efeitos especiais que, surpreendentemente ainda funcionam. Fica claro que o diretor não poupou despesas.
Nota: 9.4.
P.S: Que raio de sistema computacional doido é aquele? Outros tempos.
The Grudge: Old Lady In White
3.1 21O filme em si é até bom. A construção da tensão é boa, tem várias boas ideias nas cenas de susto, mas a trama é fraca, a pouca história que tem é quase toda remakizada das primeiras partes de franquia. E, apesar da boa construção da tensão, aquela bola de basquete não cumpre o objetivo. Acredito que tenha sido tentar criar, sei lá, uma espécie de estranheza nos sustos com um objeto que parece fora do lugar, mas a única coisa que ele causa é "quebrar" o clima. Mas, de resto, o filme até funciona em sua proposta.
Nota: 7.2.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
3.5 1,2K Assista AgoraO principal problema do filme, a meu ver, é que todos nos acreditamos que ele seria, nessa fase da Marvel, o equivalente ao Guerra Civil. Apesar de, oficialmente, Guerra Civil ser o Capitão América 3, ele funcionava como uma espécie de Vingadores 2.5 (e, apesar de não gostar muito do filme, ele funcionava bem nessas duas propostas). E, era essa a expectativa em torno desse filme, que fosse funcionar como um primeiro passo para conectar tudo e abrir caminho para o próximo filme dos Vingadores (no caso, dos substitutos dos Vingadores originais). Entretanto, esse filme não faz isso. Na verdade, ele é simplesmente Dr. Estranho 2 e ponto.
Agora, em se tratando da questão do multiverso, ele também é um pouco decepcionante, principalmente depois de todo o fanservice de NWH. Mas, esses problemas não seriam tão evidentes, ou não incomodariam se o filme fosse realmente bom. Confesso, talvez eu já esteja saturado da Marvel. Nas primeiras cenas de ação, eu simplesmente não estava sentindo nada, parecia que estava olhando para uma tela em branco. O que realmente salve essa produção é simplesmente o Sam Raimi. Se não fosse ele, seria o pior da franquia. O diretor dá um tom de terror muito bem colocado, que não extrapola a proposta de ser um filme da Marvel, mas é suficiente para colocar como um dos gêneros explorados. Temos jump scares, perseguições tensas (realmente ele deixa a Feiticeira Escarlate bem ameaçadora) e um gore que foi muito bem disfarçado para caber na proposta Marvel (puro Evil Dead na sequência final). Mas, não só por essa marca. Vemos o que um diretor diferenciado pode fazer na franquia, com algumas montagens interessantes. E, claro, uma referência ótima (e que várias pessoas não pegaram) envolvendo Bruce Campbell. Acredito, também, que poderíamos ter uma exploração maior dos outros universos (afinal, está no título), mas acredito que estejam deixando isso para outros filmes. E, apesar do Sam Raimi, a estrutura narrativa realmente é um pouco caótica.
Nota: 7.3.
Pequenos Espiões 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos
2.5 134 Assista AgoraOBRA DE ARTE. Robert Rodriguez é um gênio incompreendido. Ou, a nostalgia bateu mesmo. Como falei, esse faz o insano primeiro filme parecer um filme contido. Aqui temos todo o arcabouço narrativo exagerado e descompromissado de Robert Rodriguez em seu estágio puro. Personagens com enredos e conflitos bobos, mas numa roupagem dramaticamente épica. Falas bizarras que dariam para fazer uma lista interminável (a cena da festa é um bombardeamento de frases nonsense, culminando numa batalha de porradaria entre crianças cheias de gadgets, homens imãs que ninguém sabe de onde vieram e um nepotismo às claras que não é questionado. Até gera aplausos kkkkk). Enfim, é um filme que possui uma trama bem feita em muitos momentos, e logo depois vem uma tosquice sem sentido. Toda a trama do transmooker não tem o menor sentido (três chaves que desligam o mundo todo e só voltar ao lugar e resolve? WTF?). Assim, temos a frase mais profunda de todos os filmes da minha infância, quiçá do cinema ("Acham que Deus fica no céu porque também sente medo do que criou na Terra). E, logo depois, temos a cena podre dos personagens afundando em cocô de camelo. Temos toda a crítica à "tecnologia faz um bom agente", que é bem feita, por exemplo, na questão da briga no final, e todo o filme constrói essa ideia da dependência de tecnologia muito bem, ainda mais por ser feito numa época em que isso ainda estava no início. Mas, ao mesmo tempo, somos bombardeados de coisas sem sentido (qual o motivo de inserir os esqueletos como espectadores de um estádio? Qual o sentido?). Por fim, os efeitos são meio fracos vistos hoje em dia, é verdade, mas acredito que até mesmo na época não eram grandes coisas. E, se o propósito era homenagear Ray Harryhausen, poderiam ter usado Chroma Key.
Nota: 8.5.
P.S.: Qual a necessidade desse título excessivamente dramático? Suco de Robert Rodriguez, pura e simplesmente.
As Criaturas Atrás das Paredes
3.3 197 Assista AgoraAqui Wes Craven tenta mais uma vez emplacar uma renovação ao gênero terror, embora, ao contrário do que acontecia em A Hora do Pesadelo, Aniversário Macabro e Pânico, As Criaturas Atrás das Paredes não foi responsável por criar novas tendências. O problema foi exatamente que buscar a fuga dos clichês em um filme com o esqueleto narrativo típico dos clichês enfraquece a narrativa e o filme como um todo. Assim temos, por exemplo, a ideia de que famílias assassinas de caipiras morando isolados no meio do nada está clichê, mas, não o desse filme. O desse filme vai ser uma família de assassinos ricos em uma mansão. ou seja, não muda muito, mas muda um pouco, o suficiente para não cair na mesmice. E os protagonistas não serão adolescentes, mas um pré-adolescente. O motivo narrativo inicial não vai ser jovens indo para uma festa, mas um assalto, etc. Mudanças pontuais que não são suficientes (mas até poderiam ter sido) para renovar o gênero. No final, o filme vale a pena, mesmo não tendo cumprido seu propósito de inovar, o filme em si é bom, incluindo as críticas políticas bem colocadas (entre outras, também ganha pontos por ter um protagonista negro), sendo este, talvez, o ponto mais fora da curva do filme, que poderia (até deveria) ter criado uma tendência para filmes de terror mais políticos, embora, infelizmente, isso não tenha ocorrido.
Nota: 8.2.
Avenida do Terror, 388
2.0 48"I met him on a Monday and my heart stood still
Da doo ron-ron-ron, Da doo ron-ron
Somebody told me that his name was Jill
Da doo ron-ron-ron, Da doo ron-ron".
Adoro essa música kkkk. Mas, enfim, o filme tem essa proposta que vai além de Atividade Paranormal (em 2011 foi o estouro dos found footages), mas essa própria proposta não é tão bem explorada, por vezes até esquecemos que o filme está se utilizando desse recurso. No mais, segue um rumo por vezes até interessante, mas, no geral, é um filme meio batido.
Nota: 6.6.
Até o Vento Tem Medo
3.7 26O clima do filme é perfeito. E, não só pela competência dos realizadores. Grande parte desse clima delicioso vem também do fato da época que o filme foi feito. Assistir um filme mais antigo, principalmente um de terror do final dos anos 1960/1970 tem um clima bem diferente visto hoje em dia, que, pelo menos para mim, compõe grande parte do charme desse filme. Mas, os outros elementos são fantásticos também. A ideia do internato sempre rende boas histórias de fantasmas.
Nota: 8.3.
Pequenos Espiões
2.4 274 Assista AgoraUm filme com castelos repletos de corredores impossíveis, inventos fantásticos, espionagem, crianças protagonistas, várias bugigangas, vilões que são dedos gigantes, crianças pilotando aviões e mochilas à jato. E esse é o filme mais comedido da franquia kkkkk. Sinceramente, Robert Rodriguez é um dos poucos diretores que captura a essência descompromissada, colorida e repleta de suspensões da crença que representa o cinema oitentista (mas, jamais incoerentes em si mesmos). Muito se homenageia o cinema da época, mas está sempre carregado do tom sombrio/realista do cinema atual, que não condiz muito com os filmes dos anos 1980. Pois bem, Pequenos Espiões 1 é bem inventivo, engraçado e dosa a ação com comédia infantil e um roteiro até interessante, repleto de bons momentos, mas de exageros também, que nem vão parecer tão exagerados assim se compararmos com as continuações, ou com as produções atuais do diretor, que, hoje em dia, com certeza perdeu a mão e está exagerando até mesmo no descompromisso com a coerência narrativa (Pequenos Grandes Heróis, por exemplo). Ponto positivo para o Floop, para a história dos espiões no início do filme e para o Machete, o Deus Ex-Machina inútil. Aliás, é engraçado como o conflito entre os dois irmãos é tão ridiculamente trabalhado e mesmo assim esse fato nem incomoda kkkk. Aliás, gera um dos melhores diálogos do filme.
Nota: 8.3.
O Curioso Caso de Benjamin Button
4.1 3,3K Assista AgoraO cinema de David Fincher costuma ser bem parecido entre si. Mas, acho que se colocássemos seus filme em um espectro de comparação, talvez Benjamin Button e a Rede Social ficassem em extremos opostos. E o motivo para eu escrever isso é que os filmes possuem ritmos completamente diferentes. A Rede Social é fluída, contínua, constante, com um ritmo que utiliza uma montagem excepcional que gera um filme que, mesmo que seja lento em sua essência, é rápido na sua execução. Já Benjamin Button é um filme que se leva de forma muito vagarosa, bucólica, devagar, quase apática.
Bom, me lembro do sucesso do filme na época, e isso se deve muito ao conceito bem interessante de alguém que nascesse velho e fosse ficando jovem. E é isso. O conceito é interessante, gera boas piadas no início e uma melancolia no fim (e, toda essa parte final é realmente boa). Mas, além do filme ter esse problema de ritmo, ele ainda tem um problema bem grande: o autoplágio cometido pelo roteirista Eric Roth, que aqui pega toda a trama de Forrest Gump e a realoca em Benjamin Button.
Um personagem, com uma condição especial, que tem sua história contada por ele mesmo, de forma linear, envolvendo uma garota que ele conheceu na infância, a qual, apesar do sentimento mútuo, ela, por ser meio liberal (refletindo o contexto de sua época/lugar), acaba por não fazer muito questão de um relacionamento, gerando os encontros e desencontros ao longo da vida do personagem. Assim, o pano de fundo para essa história de amor é alguma guerra, além de acontecimentos relevantes da história americana. Ah, e o protagonista irá conseguir uma fortuna. E velejar. E ter um mentor "linha-dura mas de bom coração". Enfim, também é triste que a melhor cena do filme, a que envolve o atropelamento, apesar de muito boa, não é tão coerente, pois dificilmente Forrest...quero dizer, Benjamin teria acesso
Nota: 7.5.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraColoco Coringa dentro do meu Top 3 de melhores filmes da década passada, junto com Mad Max e Hereditário. E, isso é devido ao fato de ser um filme dúbio, complexo, e que estabelece um estudo de personagem que reflete na própria estrutura narrativa. E, alguns (como o crítico Pablo Vilaça) confundiram essa natureza dúbia com a falta de um profundidade temática, ou com uma confusão ideológica, ou a ausência de uma "posição" do filme em relação ao seus temas. Algo comum em filmes protagonizados por vilões, semelhante ao que acontece com Lolita, que não tenta pintar seus antagonistas com as cores de antagonistas, uma estratégia perigosa, que pode gerar (e gera) idolatria a personagens que claramente são vilões, mas não o são assim expostos pela narrativa. Assim, há tanto para se destrinchar sobre o filme que desde já peço desculpas pelo comentário longo.
Nunca assisti o Rei da Comédia, mas pelo que li, Coringa é uma mistura desse filme com Taxi Driver. Em relação à Taxi Driver, temos a questão política envolvendo os poderosos, o vilão como protagonista e uma cidade degradada, corrupta e sem segurança (em alguns momentos, parece que estamos na Nova Iorque de Taxi Driver). Enfim, a clara inspiração está em Scorsese, mas isso não impede o filme (de uma forma que, confesso, não esperava), inserir os Wayne e alguns elementos da mitologia do Batman na narrativa.
Os elementos técnicos também são impecáveis. Da fotografia/design de produção que inserem um mundo frio, escuro, dessaturado, à trilha sonora maravilhosa que já dá o tom desde a cena inicial. Tudo isso contribui para a construção da narrativa deprimida em que nosso protagonista está inserido.
Sobre a atuação de Joaquin Phoenix, pouco a que se comentar que já não se tenha falado. A típica incorporação ilimitada a um personagem, repleta de improvisos e muita dedicação em construir e incorporar um protagonista complexo e do qual se tem extrema expectativa, afinal, é do Coringa que estamos falando, um dos vilões com mais apelo da história. E, aqui entra outro problema. Explicar a origem de um personagem como o Coringa, em que grande parte da graça está no fato de desconhecermos sua origem, o que cria um status quase de entidade do mal ao personagem, como se ele não fosse humano, fosse uma espécie de criatura. E, mesmo assim, temos um filme repleto de boas idéias em relação a ser um filme de origem. A questão da gargalhada característica do Coringa, por exemplo, ser fruto de uma doença e ele rir incontrolavelmente nas histórias do Batman na verdade ser realmente uma risada incontrolável faz bastante sentido. Ou, brincar com a idéia de que o Coringa e o Batman
sejam irmãos trás diversas implicações curiosas na relação entre o herói e seu arqui-inimigo. Embora, de certa forma, não há certeza se realmente Coringa seja folho de Thomas Wayne. Apesar da existência de provas, não seria difícil para alguém poderoso forjar toda aquela história. E, ainda sobre a questão de ser um filme de origem, ele faz o que praticamente todas as visões cinematográficas do Coringa fizeram e se inspira na clássica história de Alan Moore, A Piada Mortal. Assim, naquela história, temos a origem do Coringa sendo contada. Entretanto, ao final, para evitar minar o misticismo que envolve o personagem, o próprio Coringa afirma que, talvez, a sua origem não tenha sido realmente aquela. E, na cena final deste Coringa de 2019 temos algo parecido, mas feito de maneira bem oculta, de forma que eu (e muitas pessoas) não perceberam. A bem verdade, é uma teoria dos usuárias da internet, mas pode ter seu fundo de verdade. Vejamos:
Afinal, qual seria a piada que Arthur se refere (uma piada no final, assim como a piada mortal na história de Alan Moore. Nada como terminar uma história com uma boa piada, não é mesmo?) quando está conversando com a psiquiatra? De primeira, a montagem do filme nos parece induzir a pensar que seja o fato de que o Coringa foi o responsável indireto pela morte dos Wayne e, consequentemente, acabou sendo também o responsável pela origem de seu arqui-inimigo. Então, ele mata a psiquiatra, e a tal piada (na mente dele) parece ser que ele estava prestes a mata-la. Entretanto, uma teoria que circula na internet parece afirmar que tudo não passou de um delírio, que toda aquela história foi contada naquela sala (o horário mostrado no relógio é o mesmo em outra cena que ele conversa com a psicóloga), sendo fruto da imaginação de Arthur. Reparem que vários momentos são delírios. Sua presença no programa no início do filme, seu relacionamento, etc. Tudo indica alguém com delírios de grandeza, que adoraria se imaginar como o estopim de uma avalanche social. E, não deixa de ser curioso que o personagem negue, afirmando que não queria isso, mas se glorifica e se exalta ao ser idolatrado. Mas, no final, não temos a certeza de que tudo que assistimos realmente aconteceu, a origem do Coringa continuaria um mistério (embora o filmes seja tão bom que poderia muito bem ser a origem do personagem sem fazê-lo perder seu apelo), e essa seria a tal piada.
As temáticas do filme também são complexas e muitas vezes mal interpretadas. Na verdade, são um reflexo do seu protagonista, afinal, as coisas não são preto no branco. "Morte ao ricos" é claramente errado, mas na visão do filme, parece que realmente é algo que se está sendo defendido. Afinal, os ricos são os responsáveis e se aproveitam de toda aquela situação. Thomas Wayne, apesar de ser uma péssima pessoa, merecia a morte? Os caras no metrô são escória, mas são riquinhos, e dificilmente sofreriam alguma consequência por meio da justiça, mesmo agindo como completos babacas. A única solução seria a morte que Arthur lhes infringiu? Outra questão envolve a origem do Coringa, como fruto do meio. Não só isso, como alguém que perdeu os remédios por causa do corte nas verbas públicas. Parece quase uma defesa de políticas públicas, da social democracia e uma crítica ao anarcocapitalismo. Ao mesmo tempo, o filme parece propor uma solução anárquica aos problemas de Gotham. Enfim, acredito que essa visão do Coringa como fruto do meio também é simplista. Sim, ninguém apanha mais da vida que Arthur Fleck, mas, ele já tinha dentro de si uma psicopatia (afirma não sentir nada ao matar), além dos já comentados delírios de grandeza. Ao mesmo tempo, ele adora seu emprego como palhaço, seu sonho de ser alguém que trás alegria, algo que contribui para deixar o personagem mais complexo, como alguém que se esforçou para ser bom, mas seus demônios internos foram aflorados pelo meio que se originou. E, é aí que reside a diferença entre ele e seu suposto meio-irmão. Bruce Wayne, por mais que tenha apanhado da vida (morte dos pais), teve o dinheiro e a presença de Alfred para que fosse moldado para usar seus demônios internos para o bem. O homem nasce com propensão para o mal ou para o bem, o meio em que nasce o molda para uma dessas duas opções.
Enfim, mesmo com esse comentário bem longo, ainda faltou falar sobre as categorias do Oscar que o filme concorreu, ou a polêmica cena do "Arthur, abre a Porta". Ou os vários memes que o filme gerou (a famosa cena da escada). Como um ponto que considero meio negativo,
está na questão da namorada do Arthur. Não precisava expor tanto, mostrando flashbacks, que o relacionamento era fruto de sua imaginação. Arrisco ainda a dizer que não precisava nem mesmo comentar isso, poderiam deixar subentendido, como quase tudo em relação a esse filme, que,
Nota: 10.0.
Excision
3.3 246Bem complicado de avaliar, mas é um filme beeeem estranho. Ele é um filme que parece se vender como de terror, mas a impressão que eu estava tendo enquanto assistia era que eu estava assistindo um coming of age. A parte mais de terror estava apenas acontecendo em sonhos, não era real. Enquanto isso, o foco estava na adolescente com características tidas como estranhas, vivendo um caótico ensino médio, enquanto realiza as descobertas e briga com os pais (passe o filme todo tentando reconhecer a Traci Lords, interpretando a mãe da protagonista). Por isso o final me incomodou um pouco, pois quebra muito a expectativa de ser um coming of age, e tenta transformar em terror um filme que parecia ser coming of age desde o início. Parte da responsabilidade disso é o tratamento dado ao fetiche por... sangue? Corpos? Necrofilia? da protagonista, que não é condenado nem glorificado. E, apesar desse fetiche, a protagonista poderia se passar por uma personagem de qualquer outro coming of age, focado na estranha da turma. E a atuação de Annalynne Mccord é excelente. Por um lado, nos deixa extremamente desconfortáveis por sua capacidade social inexistente. Gera uma vontade de mudar, moldar, encaixar a protagonista em um mundo social do qual ela parece não pertencer, pela simples aflição que causa vê-la interagindo com outras pessoas.
O filme também é estranho em sua estrutura, talvez única. A narrativa possui uma repetição completamente rígida, Temos o sonho erótico da protagonista, ela vai para aula, jantar em família, cena da reza e assim fica repetindo de novo e de novo e de novo. Curioso como essa estrutura baseada na repetição não possui outros exemplares na história do cinema (pelo menos não que eu conheça). Enfim, ainda acho o final forte demais para a construção narrativa anterior, mas, talvez ele pudesse ter sido evitado se tivessem gasto dinheiro com um psicólogo para a protagonista. Ela CLARAMENTE estava precisando de ajuda de um profissional e é curioso como os pais alegam não possuir dinheiro para isso, mas gastam com várias outras coisas que para eles parecem não ser tão prioritárias quanto um psicólogo, mas que não deveriam ser.
Nota: 8.4.
A Casa dos 1000 Corpos
3.2 421 Assista AgoraNão gosto do Rob Zombie. Na verdade, odeio, mas, os únicos "filmes" dele que eu tinha visto eram as atrocidades Halloween 1 e Halloween 2. E, bom, mesmo se desconsiderarmos o fato que ele destruía a essência da franquia Halloween, os filmes, em si, eram bem ruins. Mas, querendo ou não, estava curioso para ver se o estilo Zombie poderia funcionar em um filme que não fosse da franquia Halloween. E, aqui temos o estilo Zombie, só que um pouco mais comedido do que em Halloween em alguns pontos. Sim, temos os caipiras desbocados e as pessoas que parecem terem saído de um mundo distópico pelo vocabulário e a forma naturalmente agressiva que tratam umas as outras, além da montagem em estilo videoclipe, mas não temos a mesma violência que os dois Halloweens, ou a câmera chacoalhante que parece ser operado por um chimpanzé com um braço. Na verdade, o problema do filme não é o mesmo de Halloween.
A grande questão aqui é que o filme é como qualquer outro do gênero terror, não havendo nada que justificasse o fato de ter se destacado ou ser lembrado ainda hoje, pois não tem nada que outros filmes de terror do subgênero (caipiras de estrada) já não trouxeram (Monster Mas, The Hills Have Eyes, Pânico na Floresta, etc). Aliás, esse daqui consegue ser até menos criativo do que esses (e outros) que eu citei. A trama é basicamente O Massacre da Serra Elétrica com mudanças pontuais para não ficar tão na cara a cópia, incluindo até mesmo uma versão flopada do Leatherface. A verdade é que esse filme seria muito mais beneficiado se tivesse um pouquinho mais de originalidade no roteiro e um pouco menos no estilo, com aqueles takes exagerados, mil tipos de câmeras usadas e aqueles exercícios estilísticos que ficam vazios de tanto serem usados, tendo, ainda assim, alguns momentos inspirados no que se refere à essa questão.
Nota: 7.1.
Orfeu
4.3 40 Assista AgoraA forma como somos jogados abruptamente no surrealismo, a mistura do moderno com o clássico, da fantasia com inserida em um filme que, a princípio, parecia um daqueles dramas realistas europeus, enfim, é um filme curioso que pode surpreender os que, assim como eu, estavam completamente alheios a sua sinopse. Apenas creio que devia ter sido mais fiel ao mito em alguns momentos.
Nota: 8.2.
Medo
3.5 422 Assista AgoraJá assisti o remake duas vezes, e já tinha assistido o original uma vez muito tempo atrás...ainda não entendi kkkk. Eu me lembrava que o terceiro ato era uma bagunça, então, de posse do final do remake estadounidense em mãos, acreditei que agora ia compreender o terceiro ato, mas fiquei na mesma. O filme original vem naquela onda de terror asiático que dominou o início do dos anos 2000, e por isso temos os tradicionais fantasmas japoneses, que se misturam na trama, em cenas até bem climáticas. Agora, qual seria a interpretação para o terceiro ato? Confesso que dá primeira vez que assisti eu confundia os personagens todos, e dessa segunda vez tentei diferenciar, mas deu na mesma.
Enfim, considerando o final do remake, achei que todo aquele terceiro ato estaria acontecendo no passado. Mas parece que não. A única parte mais compreensível é que a madrasta não foi em socorro de uma das irmãs, a que foi esmagada pelo armário. E que o pai traia a esposa com a madrasta. Agora, a mãe das irmãs se matou por esse motivo? Ou foi a madrasta que matou a mãe e fez parecer suicídio?
Nota: 8.6.
Luccas Neto em: O Hotel Mágico 2
2.0 2A segunda fase do Luccasverso tem se saído bem fraca. Apenas continuações bem pouco inspiradas. E, se pelo menos ele tinha evoluído tecnicamente (não acredito que escrevi isso de novo) nesses filmes da segunda fase, esse do Hotel lembra os da primeira fase em relação a essa parte técnica, a produção foi um pouco abaixo dos últimos lançamentos. Cenas longas, como sempre (meio hora gasta naquele banho de geleca, ou no luccasrato fazendo o trajeto) e sem propósito. O filme é sem graça e sem inspiração, sem aquela empolgação e improvisos hilários que os primeiros tinham, e, confesso, achei que o aguardado retorno do elfo Mizinho (facilmente o melhor vilão do UCLN) salvaria essa segunda fase, mas até ele foi desperdiçado aqui, mal atacando os protagonistas, se resumindo apenas a ficar trancado naquela sala dos ratos, planejando executar um plano que não tem o menor sentido. Espero que a conclusão dessa segunda fase, naquele filme dos vilões que foi lançado do nada, salve essa etapa do UCLN (Universo Cinematográfico Luccas Neto).
Nota: 2.1 (de 10).
Zumbilândia: Atire Duas Vezes
3.4 613 Assista AgoraTem um propósito e cumpre, mesmo que para isso evite ousar. Assim, a ideia é a irreverência descompromissada do primeiro, mas, evitando se arriscar, o filme nos insere de novo na estrutura do primeiro, gastando a primeira meia hora para "desevoluir" os personagens e a situação que eles encontram para que voltem ao status que estavam no primeiro filme, colocando eles novamente na estrutura de road movie. O humor dá para o gasto (a piada do uber foi a melhor dos últimos anos), assim como o que envolve a questão do subgênero apocalipse zumbi. Algumas boas ideias, como no primeiro, mas nada tão excepcional.
Nota: 7.1.
Agentes da Sombra
2.4 2No mesmo anos que tivemos Homens de Preto, tivemos também esse filme abordando a mesma lenda urbana, só que aqui numa visão "realista", séria, quase que para os fãs da ufologia, sobre o fenômeno. E, sinceramente, o filme é só isso mesmo, de resto ele é meio pobre e convencional, parece (não tenho certeza) aquelas produções televisivas dos anos 1990. No final, só recomendo mesmo se você estiver inserido num desses dois exemplos, ou é fã de ufologia, ou que goste desses filmes para a televisão dos anos 1990. Da série, "se eu não tivesse o VHS, jamais saberia da existência".
Nota: 6.7.
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraDepois de um milhão de anos enrolando para assistir esse filme, finalmente o momento propício chegou e pude sentir o alívio de não mais ficar fugindo dos spoilers. Bom, o filme é uma obra curiosa, que mescla vários gêneros, estilos e brinca com expectativas, todos esses ingredientes misturado em um "tigela" nacional, nordestina. Assim, temos críticas ao imperialismo (a falas dos sulistas é boa também), metáforas cristãs, psicotrópicos naturais, valorização do povo
(destruição do estereótipo do morador rural bobo, inocente, idiotizado), caça no estilo de Zaroff, ou de Battle Royale
Nota: 8.5.
Espiral: O Legado de Jogos Mortais
2.2 528 Assista AgoraNo longínquo ano de 2011, resolvi assistir o primeiro Jogos Mortais. E, depois de desistir na parte 5 (ou na 6, na me lembro) e, depois, tentar finalmente terminar essa franquia (tentativa iniciada uns 2 anos atrás), finalmente cheguei nessa última parte, não sem algum esforço. Os três primeiros foram ótimos, verdade, mas a partir daí fomos bombardeados com filmes medianos, repletos de atores mais ou menos, trama desnecessariamente confusa, e aquelas mesmas edições de múltiplos cortes, armadilhas e corredores enferrujados. Assim, chegamos nessa decepcionante nona parte, que, ao contrário do filme de 2017, resolveu homenagear a franquia pegando tudo que ela tinha de pior. E, talvez o maior motivo disso tenha sido trazerem de volta o diretor Darren Lynn Bousman (responsável pelas partes 2, 3 e 4), o cara que estabeleceu grande parte da mitologia da franquia, mas também foi responsável pelo início de seu declínio.
E, assim, temos um filme extremamente mal filmado, como várias das continuações, com ângulos e câmera que parecem amadores, uma fotografia com saturação bizarra, além do roteiro, que tem boas ideias, mas falas incrivelmente ruins (o primeiro diálogo pai e filho é péssimo), até mesmo para o padrão das últimas continuações da franquia. A trama que serve de base é boa, a questão da corrupção na polícia e tal, mas compor os diálogos basicamente com gritaria, brigas e xingamento (não tem uma única cena em que o Chris Rock não está esgoelando com alguém) não foi uma boa ideia.
Mas, o filme ainda poderia se salvar na sua reviravolta final, só que ela é ruim, talvez a pior da franquia (não me lembro de todas) e a mais óbvia delas. Se o filme anterior baseava sua reviravolta em algo que conseguia
fortalecer o filme e sua justificativa como uma continuação de Jogos Mortais, essa daqui só faz você pensar: "Ok, poderia ser o roteiro de qualquer filme de terror/suspense policial". Não tem nada que justifique ser um filme de Jogos Mortais, o assassino não tem relação com Jigsaw, não tem motivos para imita-lo. Na verdade, sequer podemos chama-lo de imitador, afinal, sua armadilhas pareciam mais querer matar os polícias do que outra coisa. E, por mais que ele se justifique que estava querendo limpar a polícia, não dá para negar que havia uma vingança pessoal envolvida, embora, em certa medida, Jigsaw também parecia fazer algo nesse sentido, às vezes. Mas, enfim, a reviravolta se torna óbvia por dois motivos: Um deles por não mostrarem o corpo. Qualquer um que sabe que terá uma reviravolta vai suspeitar na hora de um corpo cuja morte não vimos e cujo rosto não foi revelado. Curioso também que ninguém na polícia tentou fazer algum teste para ver se era o policial mesmo. Segundo, ele era o novato, então acaba sendo o suspeito mais forte.
Nota: 6.5.
Meu ranknig (finalmente, senhor) da franquia:
1 - Jogos Mortais. Nota: 9.
2 - Jogos Mortais: Jigsaw. Nota: 9.
3 - Jogos Mortais 2. Nota: 9.
4 - Jogos Mortais 3. Nota: 7.
5 - Jogos Mortais: O Final. Nota: 7.
6 - Jogos Mortais 6. Nota: 7.
7 - Jogos Mortais 5. Nota: 7.
8 - Jogos Mortais 4: Nota: 7.
9 - Jogos Mortais: Espiral. Nota: 7.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraO Oscar que de vez em quando resolve sair da mesmice de indicar cinebiografias, dramas e filmes do Spielberg e, na maioria das vezes, quando o faz, é para premiar filmes que nem são tão bons assim em seus gêneros. É tão raro vermos um thriller, ainda mais um de vingança concorrendo, e quando concorre é um que nem está entre os melhores do seu gênero, embora seja, sim, um bom filme.
Continuo achando uma ótima ideia a de assistir filmes sabendo o mínimo possível, inclusive sem nem ler a sinopse, e esse é mais um exemplo. Ir descobrindo os pontos da trama ou sobre o que será o filme no primeiro ato foi interessante. E, no geral o roteiro é bem construído nesse sentido, incluindo vários bons diálogos, além da produção no geral ser boa. O problema é que peca em dois pontos, um até perdoável, que é o de possuir os clichês de seu subgênero, algo que no geral é necessário, afinal, é o esqueleto narrativo em comum que "cria" ou define um filme no subgênero que ele está inserido. Assim, vamos ter,
por exemplo, o personagem arrependido que vai ser "perdoado" (ou não) da vingança. Mas, o grande problema mesmo foi o vídeo, não só por ser um conveniente que enfraquece a narrativa, como parece acabar por esburaca-la. Quero dizer, se existia um vídeo, como ainda existia a dúvida? Não só isso, é dito que o vídeo foi compartilhado, e mesmo assim a amiga não acreditou, a reitora não acreditou, como assim? E, bom, ainda dá para perdoar (se esforçando) a mulher ter guardado todos os celulares dela e com isso ainda ter o vídeo, mas o resto ficou meio fraco na narrativa. Claro, era necessário para fazer a protagonista descobrir sobre o Ryan, e também ter o modo de divulgar tudo para a polícia se ela fosse morta (numa cena no estilo de Segundas Intenções), mas poderiam ter buscado um meio um pouco melhor, e que realmente justificasse a indicação ao Oscar.
Nota: 7.6.
Garotas e samba
3.7 2Bom filme, por enquanto o que eu achei melhor entre os musicais brasileiros do período. Tem uma boa trama, boas músicas e boas piadas (algumas datadas, como seria de se esperar), além do ótimo time de atores, que funcionam muito bem para a comédia. Destaque para Renata Fronzi e sua ótima presença/personagem.
Nota: 7.7.
Troll 2
2.7 69 Assista Agora"OH MY GOOOOOOOOOOOOOOOD!!!!!"
Se o primeiro filme se levava a sério e tinha uma produção que tentava parecer a de um filme de verdade, esse segundo é trash no último, barato e mal feito. Ou seja, assistir o primeiro doía, assistir o segundo doí um pouco menos porque você ri do humor involuntário, embora no aspecto geral ele seja um filme pior.
Comecemos com a profética frase do pôster, em que está escrito "Um não foi suficiente", se referindo ao fato de que o primeiro filme tinha só um troll, e aqui teremos vários, mas parecendo se referir ao fato de que termos sido maltratados psicologicamente pelo baixa qualidade do primeiro filme não foi suficiente, e o martírio iria se repetir nessa segunda parte. Agora, o mais curioso é que a tal segunda parte não tem NADA do primeiro filme. É daqueles filmes que eles lançam como continuação para surfar na onda do sucesso do filme anterior. E, aqui cabe comentar: "qual SUCESSO? Porque um produtor iria querer lançar seu filme como continuação fake de Troll 1? Vai saber, a não ser para nos obrigar a assistir duas porcarias seguidas sem motivo, afinal, o filme não tem os mesmos personagens, mesmos envolvidos, mesma trama, mesma ambientação, o filme não tem nem mesmo TROLLS, são Goblins os vilões do filme kkkk.
Agora, analisemos os aspectos técnicos. São horríveis. Os do primeiro ainda tinham algum apuro, mas os Trolls... quero dizer, os Goblins desse daqui são horríveis de feios, parecem máscaras compradas na esquina, fora aquela geleia ridícula. Efeitos bizarros, trilha sem inspiração, etc.
Temos também o PIOR TIME de atores da história humana, absolutamente todo mundo ali atua mal. E eu tenho certa propriedade para comentar isso, visto que assisto muito filme independente, trash, underground e por aí vai. E mesmo em filmes com zero orçamento para contratar atores (no geral, são amigos do diretor que atuam) temos atuações melhores do que a desse trolls 2. É surreal, acho que tem um ou dois ali que atuam, os outros parecem pessoa que nunca atuaram na vida, na verdade, nunca nem viram alguém atuando, é bizarro. E muito comentam da cena do OH MY GOD, mas nada é pior que a atuação da irmã, é, por enquanto, a pior atuação que eu já vi na minha vida, não sei como ela conseguiu ser tão ruim, bizarro. Agora, sobre o OH MY GOD, temos que pensar que muito do que faz a atuação ficar ruim vem do fato de que geralmente assistimos ela sem o contexto certo. O personagem, no momento, estava paralisado, então, como era uma cena de desespero e ele não podia se mover, colocar as mãos na cabeça, se esgoelar loucamente e tal, fica difícil atuar. O trabalho do cara (me recuso a chamar de ator) ainda foi prejudicado pelas falas horrorosas e montagem com aqueles cortes ridículos. Tudo isso, mais a falta de talento dele contribuíram para fazer dessa cena famosa como uma das piores atuações da história, mas todo o contexto dela, como eu disse, foi responsável por isso, e não só o "ator". Basta ver que a cena da pipoca, por exemplo, é ridícula num nível estratosférico, e vocês vão constatar que tudo nesse filme é ruim, atrapalhando o trabalho dos atores que já são péssimos.
Falta ainda falar do "roteiro". Vamos lá, tem até uns pontos bem pensados, como a questão do avô. Bom, só no início, depois perde todo o sentido. Porque um fantasma saberia sobre os goblins? Informações privilegiadas obtidas no além? E como e porque um fantasma seguraria um MACHADO? A ideia de evitar a comida também é boa e poderia render um desenvolvimento de trama melhor do que uma crítica (se é que foi uma crítica) ao veganismo. E sobre a conclusão, cabe só comentar que se ainda tinha alguma esperança de fazer um balanço positivo do filme utilizando de muita boa vontade, eles entregam aquele final que não tem absolutamente SENTIDO nenhum, para que o público mais tolerante realmente sinta a ruindade do filme.
Nossa, não achei que seria necessário um comentário tão longo para destrinchar essa bomba. Enfim, conclusão: Assistam, não é sempre que temos a chance de apreciar uma baixa qualidade em dose tão alta.
Nota: 4.1.