Que vida assombrosa! A vida real do cara é mais impactante do que qualquer filme. Que homem apaixonante! Um gênio em todos - absolutamente todos - os aspectos da existência humana. Zerou a vida e se tornou maior do que ela. O resto é história.
Um Almodóvar ainda em formação. Aqui, as cores não são tão fortes e presentes como nos seus filmes posteriores (e, consequentemente, são menos simbólicas/representativas). Em compensação, o roteiro já era bem a cara do diretor espanhol no que tange às peculiaridades das relações sexuais e à quebra de paradigmas sociais. Almodóvar gosta de chocar, é verdade, mas da sua maneira: expondo fobias e traumas do passado no íntimo dos personagens.
Embora inverossímil em alguns momentos, o roteiro constrói uma tensão linear, um jogo de gato e rato. O filme suspende ao máximo a reação de Marina após cada ato de Ricky, e vice versa, nos levando a cogitar um final vingativo da moça (como acontece em "A pele que habito"). Infelizmente o último ato soa clichê, mais brando e "passivo" do que se poderia esperar, e isso finaliza a história com uma certa sensação de desapontamento. No geral, um bom filme.
Chama todo mundo pra assistir e sai coletando as lágrimas durante a sessão. Foi assim que resolveram a falta de água em São Paulo. Puta filme pra derrubar qualquer um!
Antes e depois de "Divertida mente". É assim que a animação será definida dentro de alguns anos. A história vai mostrar. Todos os oscars seriam insuficientes.
Que aula de cinema!!! Não se fazem mais comédias assim. Aliás, fica até injusto chamar "Se meu apartamento falasse" de comédia. É comédia, romance, drama e suspense. Aqui Billy Wilder fez cinema sem se preocupar com o gênero. Além de divertido, o filme traz ao seu final uma mensagem belíssima: jamais se deixe explorar; jamais seja ambicioso demais enquanto a vida passa. Quem muito se abaixa, o fundo aparece.
Toca, discretamente, na opressão voraz do sistema capitalista (que estava mais forte do que nunca após a segunda guerra), no machismo que tanto descarta mulheres maravilhosas na vida amorosa e as rebaixa na vida profissional, e na solidão que permeia os melhores homens, inaptos ao mundo moderno.
A fluidez é impressionante. Daqueles filmes que conseguem ser sensíveis e nos dar uma lição de moral sem soar piegas. Demais! Faz jus à alcunha de clássico.
Um dos maiores filmes de todos os tempos. Se formos parar pra pensar que esse foi um dos primeiros filmes de Kubrick, depois de refletirmos sobre a qualidade do roteiro e admirar a perfeição técnica, com certeza nos assustaremos com tamanho talento. Um monstro!
Trata-se de um filme visivelmente anti-guerra, uma trama que vai descamando os bastidores por trás de toda a "rigidez" do militarismo. Sob dogmas como patriotismo, disciplina e respeito às autoridades, o diretor vai nos apresentando a mesquinhez, a podridão, a inesgotável vaidade humana. Kubrick conta com uma atuação competente de Kirk Douglas para incorporar um herói honesto perdido entre a imunda elite militar. É curioso que, apesar de todas as chicotadas de realismo que o filme nos dá ao longo de quase 1 hora e meia, o desfecho é maravilhosamente esperançoso - diferente da maioria das obras do diretor. Angustiante, mas belíssimo. Consegue falar de glória após narrar várias derrotas.
O mais incrível na direção é ver que nenhuma cena ou diálogo é desperdiçado. Em apenas 1 hora e meia de filme Kubrick nos dá inúmeras informações, e posteriormente todas elas convergem para o ponto chave da narrativa, que é o (inescrupuloso) julgamento dos soldados. Ele constrói a personalidade dos personagens, mostra ideias e comportamentos de cada um, para futuramente retomar tais comportamentos como justificadores do que acontece no julgamento. É absolutamente sensacional! Passa de um filme de guerra (dentro, inclusive, das próprias trincheiras e entre bombardeios) para um filme de tribunal na maior naturalidade possível.
Na parte técnica é interessante perceber a diferença brutal de claridade entre as cenas nas trincheiras, onde estão os peões (soldados) e as cenas nas residências das autoridades (coronéis, generais, etc). Nas primeiras, a escuridão das trevas; nas segundas, a iluminação digna de um paraíso. Existe um abismo entre quem dá as ordens e quem as executa. E o que dizer dos planos sequência em meio ao tiroteio sem a câmera tremer por um segundo que seja, apesar do caos? É o nosso herói e seus comandados - depois acusados de covardes - que seguiam sem tremer, assim como a imagem, para a própria morte numa batalha impossível. Formidável. Eu não queria que acabasse.
Pra fechar, Kubrick desmonta todo e qualquer império, todo e qualquer cargo, rasga toda as fardas. A cena da alemã cantando para aqueles soldados sedentos mostra a verdade, sobre que é "Glória feita de sangue": não temos nacionalidade; não temos idioma; não temos saída. Somos iguais: apenas peças no tabuleiro de xadrez.
Dois anos depois de "A grande beleza", Paolo Sorrentino me arranca lágrimas novamente. Que filme! De novo retomando a temática da velhice, do saudosismo, das memórias que formam cada um de nós. É disso que somos feitos: do legado que deixamos e que deixaram em nós. A amizade entre os dois personagens (que embora se pareçam em algumas coisas no passado, possuem perspectivas de futuro bem diferentes) é encantadora.
Mais uma vez o diretor aborda a futilidade que existe no meio das celebridades; como isso afeta a visão do grande público e também os próprios artistas, que costumeiramente são frustrados pela massificação de trabalhos comerciais em detrimento de obras mais autorais. Essa incapacidade de lidar com as marcas do passado (tanto as que permanecem contra nossa vontade como as que somem involuntariamente) conduzem à melancolia, à apatia e à enorme tristeza que inunda nossos olhos e aperta nossos corações durante 2 horas de projeção. Indiretamente, "Youth" é uma homenagem ao cinema clássico, um grito de sobrevivência
(e isso fica claro na cena onde a atriz consagrada prefere estrelar um seriado de TV à participar do filme do "velho" diretor).
A fotografia, claro, é absolutamente deslumbrante. Aliás, desde Fellini que o cinema italiano costuma utilizar fotografias lindas em contraponto a um enredo triste. Nossa visão agradece. Não tem guerra nas estrelas capaz de tomar o espaço de verdadeiras obras de arte no coração dos cinéfilos. Isso, meus amigos, é Cinema com C maiúsculo.
Só eu não consegui rir por um segundo que fosse durante o filme? Até nas cenas bizarras do ator americano eu sentia o desespero/sofrimento da diretora...
Que fotografia brutal! Envolve o cinéfilo completamente. Roteiro de certa forma até simples, sobre uma história de superação numa situação extrema pela sobrevivência. Mas que põe na tela uma história de tirar o fôlego devido a direção impecável de Iñarritu, conduzindo todas as cenas como se mergulhasse na angustia (e depois raiva) do personagem principal. O maior diretor da atualidade. Um dos melhores atores da atualidade. Obra-prima. Como esperar algo aquém disso?
Digno de gênios como, por exemplo, Sergio Leone. Uma certeza: o cinema jamais deixará de ser gigante.
"trabalhar com uma forma de arte não significa vadiar como uma solitária de barriga cheia, tampouco justifica grandeza ou ganância, nem sempre seriedade. mas acho que ela - a arte - chama os melhores em sua melhor fase. e quando eles morrem e algo mais não, presenciamos o milagre da imortalidade: homens vêm como homens, partem como deuses – deuses que nós sabíamos aqui, deuses que enfim nos fazem continuar quando tudo o mais dizia para parar."
VOA, CINEMA BRASILEIRO! Que orgulho! Mais um roteiro atacando a classe média, vociferando contra os caprichos desnecessários da burguesia. Assim como "Casa grande", este filme toca num ponto delicado: a hipocrisia entre classes gerada pela discrepância financeira (e cultural). Faz de conta que você já é da casa. Faz de conta que damos amor aos nossos filhos. Faz de conta que educação é pagar um bom colégio. Nós, integrante da classe média-alta, sabemos fazer de conta que acreditamos nisso tudo.
Além de retratar criticamente o preconceito entre classes sociais e entre regiões diferentes de um país tão diversificado como o Brasil, o filme arranca risadas pela naturalidade da sua narrativa em consonância com a interpretação nada aquém de espetacular de Regina Casé. Detonou! Roubou a tela pra ela! Deixou a sala do cinema aos seus pés!
Legal notar também que um ângulo de filmagem foi repetido várias vezes: a câmera posicionada na cozinha, pegando só um pedaço - pela porta entreaberta - da mesa de refeições da família. É a visão mais constante de Val: ali da cozinha, excluída, observando parcialmente a "nobreza" se lambuzar em decorrência do seu trabalho.
Umas das mulheres mais lindas que já vi em filmes desde Claudia Cardinale, em "Era uma vez no Oeste". Catherine Deneuve está estupenda, hipnotizante, surreal como o próprio cinema de Luis Buñuel. Filme incrivelmente moderno inclusive pros dias atuais.
"Eu sento à janela e observo completamente em vão.
Por anos e anos eu estive sentado lá, e algo sempre me disse que enlouqueceria num instante.
Mas eu não enlouqueci num instante, e eu não tenho medo de enlouquecer, porque o medo da loucura poderia significar que teria de me apegar a algo. No entanto, não me apego a nada. Não me apego a nada, mas tudo se apega a mim.
Eles querem que eu os olhe. Para olhar para a desesperança das coisas; olhar para um vira-lata do lado de fora da minha janela, sob um céu de chumbo na chuva torrencial, que caminha até uma poça e toma sua água. Eles querem que eu olhe o esforço desprezível que todos fazem ao tentar falar, antes que caiam dentro da sepultura. Mas não há tempo, pois já estão caindo.
E eles querem que essa irreversibilidade das coisas me enlouqueça. Mas no próximo segundo eles já não querem que eu enlouqueça."
O quanto a aleatoriedade e o acaso influenciam em nossas vidas. Temos menos controle do que imaginamos. Até o crime perfeito pode ir por água abaixo sem que o agente do delito tenha cometido falhas; até um presente ganho num "dia de sorte" em uma brincadeira no parque pode se tornar o azar que sela sua morte. Em última análise o filme é sobre isso: não estamos no controle e existimos por um conjunto aleatório de fatores.
É impossível não sentir isso a cada segundo desse filme, do meio até o final. E depois continuar sentindo pra sempre. Faz um ano e meio que assisti... e a sensação permanece :(
Um filme de Scorsese bem diferente do que estamos acostumados. Nem por isso fica aquém na direção. Retrata o machismo da sociedade com uma naturalidade e fidelidade de entristecer. Mas mostra também o caminho de superação de Alice, e talvez seja este o motivo do título: ao final da história, vemos que aquela Alice do início - submissa e frágil - já não mora mais naquele corpo, já não existe mais. Ao contrário da maioria, gostei do personagem do filho (Tommy). Achei o menino extremamente inteligente e com personalidade pra idade dele, além de ter sido fundamental pro desenvolvimento de Alice.
Apesar de ser um drama, dei algumas risadas. Humor aplicado com extrema naturalidade e sem clichês. Este é um dos motivos que faz Scorsese destoar da maioria dos cineastas de Hollywood. A trilha sonora é de alto nível também, passando de Elton John à Hank Williams. Aprovado!
Que suspense FO-DA! Infelizmente não dá pra confiar totalmente em nenhum ser humano. Mas até o mais cético e calculista dos homens já cometeu algum deslize nas suas relações pessoais. Genial o filme ser contado do ponto de vista do leiloeiro. Basta deixar se envolver, entrar na cabeça do protagonista, que garanto que será uma experiência fantástica.
Ao contrário da maioria, não achei o final previsível. Devastador!
Literalmente, um thriller! Aquele suspense mais agitado, com momentos de ação. O começo é bem corrido, dava pra ser melhor explorado (detalhar mais a personalidade da família e do próprio vilão), mas acho que a intenção era justamente dar uma "acelerada nos batimentos" e manter a atenção do espectador desde o início. Ainda assim, foi dirigido de uma maneira em que a história parecesse verossímil. Só o final que tem um ar de mais ação e um ou outro duelo improvável. De toda maneira, a forma como o - teoricamente - violão é encenado por Robert de Niro, quando confrontado com o perfil do - teoricamente - herói, na nossa sociedade, nos faz torcer a maior parte do tempo pelo bandido. As vezes nos questionamentos se as mensagens de Max Candy não poderiam realmente ter algum sentido e até servir de lição para aquela família (tão tradicional que chega a ser enjoada) mudar um pouco seu estilo de vida. Esse é, pra mim, o maior trunfo do roteiro: construir um anti-herói de alto nível.
Parece mais que o disco arranhou, mas a verdade é que estamos diante de MAIS UMA MAGNÍFICA ATUAÇÃO de Robert de Niro. Quiçá o maior ator da geração anterior (digo isso porque seu auge foi nas três décadas passadas). Ele e Scorsese sem dúvidas são imortais, ícones da mais alta estirpe do cinema mundial. E pra fechar: atire a primeira pedra quem não se sentiu atraído pela personagem de Juliette Lewis, mesmo tão jovem. Atingiu o nível Nathalie Portman de "ser sexy" hahahaha
Maravilhoso documentário sobre amadurecimento e liberdade. Colocando-se em total isolamento, Laura ainda adolescente conseguiu sentir o que poucas pessoas conseguem em toda a vida: a sensação de que somos apenas um grão de poeira num universo gigantesco guiado pela natureza. E, com isso, não devemos nos sentir tristes, mas apenas deixar de supervalorizar padrões de vida pré-estabelecidos, convenções culturais e bens materiais. Do meio pro final da jornada, Laura afirma que liberdade é não precisar de algo ou de alguém, é não se prender. Pouco depois ela tira a bandeira da Holanda do barco. Laura, encantadora como é, nos mostra que nacionalidade não deveria existir, que somos de onde sentimos ser; mas acima de tudo, somos todos e tudo uma coisa só.
Em certos momentos, olhava as imagens (sobretudo o pôr do sol num horizonte a perder de vista se misturando com o mar) e duvidava se Laura iria suportar tanta beleza, tanta imensidão, tanto impacto de vida. É de uma magnitude quase insuportável, quase violenta. Verti lágrimas por essa menina. Não lágrimas de tristeza; muito menos lágrimas de alegria. Laura nos arranca lágrimas de paixão! E dá um pouquinho de esperança na humanidade.
A Loucura Entre Nós
4.1 43Lágrimas negras...
Roman Polanski: A Vida em Filmes
3.9 29 Assista AgoraQue vida assombrosa! A vida real do cara é mais impactante do que qualquer filme. Que homem apaixonante! Um gênio em todos - absolutamente todos - os aspectos da existência humana. Zerou a vida e se tornou maior do que ela. O resto é história.
Ata-me!
3.7 549Um Almodóvar ainda em formação. Aqui, as cores não são tão fortes e presentes como nos seus filmes posteriores (e, consequentemente, são menos simbólicas/representativas). Em compensação, o roteiro já era bem a cara do diretor espanhol no que tange às peculiaridades das relações sexuais e à quebra de paradigmas sociais. Almodóvar gosta de chocar, é verdade, mas da sua maneira: expondo fobias e traumas do passado no íntimo dos personagens.
Embora inverossímil em alguns momentos, o roteiro constrói uma tensão linear, um jogo de gato e rato. O filme suspende ao máximo a reação de Marina após cada ato de Ricky, e vice versa, nos levando a cogitar um final vingativo da moça (como acontece em "A pele que habito"). Infelizmente o último ato soa clichê, mais brando e "passivo" do que se poderia esperar, e isso finaliza a história com uma certa sensação de desapontamento. No geral, um bom filme.
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraO gênero do filme NÃO é comédia como consta aí.
WALL·E
4.3 2,8K Assista AgoraA absurda e imensurável capacidade das IMAGENS do cinema.
“Se o filme for bom, o som pode sumir que o público ainda terá uma idéia
perfeitamente clara do que está acontecendo” Alfred Hitchcock
Truman
3.9 151 Assista AgoraChama todo mundo pra assistir e sai coletando as lágrimas durante a sessão. Foi assim que resolveram a falta de água em São Paulo. Puta filme pra derrubar qualquer um!
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraAntes e depois de "Divertida mente". É assim que a animação será definida dentro de alguns anos. A história vai mostrar. Todos os oscars seriam insuficientes.
Se Meu Apartamento Falasse
4.3 422 Assista AgoraQue aula de cinema!!! Não se fazem mais comédias assim. Aliás, fica até injusto chamar "Se meu apartamento falasse" de comédia. É comédia, romance, drama e suspense. Aqui Billy Wilder fez cinema sem se preocupar com o gênero. Além de divertido, o filme traz ao seu final uma mensagem belíssima: jamais se deixe explorar; jamais seja ambicioso demais enquanto a vida passa. Quem muito se abaixa, o fundo aparece.
Toca, discretamente, na opressão voraz do sistema capitalista (que estava mais forte do que nunca após a segunda guerra), no machismo que tanto descarta mulheres maravilhosas na vida amorosa e as rebaixa na vida profissional, e na solidão que permeia os melhores homens, inaptos ao mundo moderno.
A fluidez é impressionante. Daqueles filmes que conseguem ser sensíveis e nos dar uma lição de moral sem soar piegas. Demais! Faz jus à alcunha de clássico.
Glória Feita de Sangue
4.4 448 Assista AgoraUm dos maiores filmes de todos os tempos. Se formos parar pra pensar que esse foi um dos primeiros filmes de Kubrick, depois de refletirmos sobre a qualidade do roteiro e admirar a perfeição técnica, com certeza nos assustaremos com tamanho talento. Um monstro!
Trata-se de um filme visivelmente anti-guerra, uma trama que vai descamando os bastidores por trás de toda a "rigidez" do militarismo. Sob dogmas como patriotismo, disciplina e respeito às autoridades, o diretor vai nos apresentando a mesquinhez, a podridão, a inesgotável vaidade humana. Kubrick conta com uma atuação competente de Kirk Douglas para incorporar um herói honesto perdido entre a imunda elite militar. É curioso que, apesar de todas as chicotadas de realismo que o filme nos dá ao longo de quase 1 hora e meia, o desfecho é maravilhosamente esperançoso - diferente da maioria das obras do diretor. Angustiante, mas belíssimo. Consegue falar de glória após narrar várias derrotas.
O mais incrível na direção é ver que nenhuma cena ou diálogo é desperdiçado. Em apenas 1 hora e meia de filme Kubrick nos dá inúmeras informações, e posteriormente todas elas convergem para o ponto chave da narrativa, que é o (inescrupuloso) julgamento dos soldados. Ele constrói a personalidade dos personagens, mostra ideias e comportamentos de cada um, para futuramente retomar tais comportamentos como justificadores do que acontece no julgamento. É absolutamente sensacional! Passa de um filme de guerra (dentro, inclusive, das próprias trincheiras e entre bombardeios) para um filme de tribunal na maior naturalidade possível.
Na parte técnica é interessante perceber a diferença brutal de claridade entre as cenas nas trincheiras, onde estão os peões (soldados) e as cenas nas residências das autoridades (coronéis, generais, etc). Nas primeiras, a escuridão das trevas; nas segundas, a iluminação digna de um paraíso. Existe um abismo entre quem dá as ordens e quem as executa. E o que dizer dos planos sequência em meio ao tiroteio sem a câmera tremer por um segundo que seja, apesar do caos? É o nosso herói e seus comandados - depois acusados de covardes - que seguiam sem tremer, assim como a imagem, para a própria morte numa batalha impossível. Formidável. Eu não queria que acabasse.
Pra fechar, Kubrick desmonta todo e qualquer império, todo e qualquer cargo, rasga toda as fardas. A cena da alemã cantando para aqueles soldados sedentos mostra a verdade, sobre que é "Glória feita de sangue": não temos nacionalidade; não temos idioma; não temos saída. Somos iguais: apenas peças no tabuleiro de xadrez.
Trumbo: Lista Negra
3.9 374 Assista AgoraCranston absorveu todos os trejeitos de Dalton Trumbo. No final, com as imagens e falas do Trumbo real, dá pra perceber isso. Que ator foda! hahaha
A Juventude
4.0 342Dois anos depois de "A grande beleza", Paolo Sorrentino me arranca lágrimas novamente. Que filme! De novo retomando a temática da velhice, do saudosismo, das memórias que formam cada um de nós. É disso que somos feitos: do legado que deixamos e que deixaram em nós. A amizade entre os dois personagens (que embora se pareçam em algumas coisas no passado, possuem perspectivas de futuro bem diferentes) é encantadora.
Mais uma vez o diretor aborda a futilidade que existe no meio das celebridades; como isso afeta a visão do grande público e também os próprios artistas, que costumeiramente são frustrados pela massificação de trabalhos comerciais em detrimento de obras mais autorais. Essa incapacidade de lidar com as marcas do passado (tanto as que permanecem contra nossa vontade como as que somem involuntariamente) conduzem à melancolia, à apatia e à enorme tristeza que inunda nossos olhos e aperta nossos corações durante 2 horas de projeção. Indiretamente, "Youth" é uma homenagem ao cinema clássico, um grito de sobrevivência
(e isso fica claro na cena onde a atriz consagrada prefere estrelar um seriado de TV à participar do filme do "velho" diretor).
A fotografia, claro, é absolutamente deslumbrante. Aliás, desde Fellini que o cinema italiano costuma utilizar fotografias lindas em contraponto a um enredo triste. Nossa visão agradece. Não tem guerra nas estrelas capaz de tomar o espaço de verdadeiras obras de arte no coração dos cinéfilos. Isso, meus amigos, é Cinema com C maiúsculo.
Minha Mãe
3.7 61 Assista AgoraSó eu não consegui rir por um segundo que fosse durante o filme? Até nas cenas bizarras do ator americano eu sentia o desespero/sofrimento da diretora...
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraQue fotografia brutal! Envolve o cinéfilo completamente. Roteiro de certa forma até simples, sobre uma história de superação numa situação extrema pela sobrevivência. Mas que põe na tela uma história de tirar o fôlego devido a direção impecável de Iñarritu, conduzindo todas as cenas como se mergulhasse na angustia (e depois raiva) do personagem principal. O maior diretor da atualidade. Um dos melhores atores da atualidade. Obra-prima. Como esperar algo aquém disso?
Digno de gênios como, por exemplo, Sergio Leone. Uma certeza: o cinema jamais deixará de ser gigante.
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
4.1 1,1K Assista Agora[O milagre - Charles Bukowski]
"trabalhar com uma forma de arte
não significa
vadiar como uma solitária
de barriga cheia,
tampouco justifica grandeza
ou ganância, nem sempre
seriedade. mas acho
que ela - a arte - chama os melhores
em sua melhor fase.
e quando eles morrem
e algo mais não,
presenciamos o milagre da imortalidade:
homens vêm como homens,
partem como deuses –
deuses que nós sabíamos aqui,
deuses que enfim nos fazem continuar
quando tudo o mais dizia para parar."
Meu milagre de todos os dias... muito obrigado!
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraVOA, CINEMA BRASILEIRO! Que orgulho! Mais um roteiro atacando a classe média, vociferando contra os caprichos desnecessários da burguesia. Assim como "Casa grande", este filme toca num ponto delicado: a hipocrisia entre classes gerada pela discrepância financeira (e cultural). Faz de conta que você já é da casa. Faz de conta que damos amor aos nossos filhos. Faz de conta que educação é pagar um bom colégio. Nós, integrante da classe média-alta, sabemos fazer de conta que acreditamos nisso tudo.
Além de retratar criticamente o preconceito entre classes sociais e entre regiões diferentes de um país tão diversificado como o Brasil, o filme arranca risadas pela naturalidade da sua narrativa em consonância com a interpretação nada aquém de espetacular de Regina Casé. Detonou! Roubou a tela pra ela! Deixou a sala do cinema aos seus pés!
Legal notar também que um ângulo de filmagem foi repetido várias vezes: a câmera posicionada na cozinha, pegando só um pedaço - pela porta entreaberta - da mesa de refeições da família. É a visão mais constante de Val: ali da cozinha, excluída, observando parcialmente a "nobreza" se lambuzar em decorrência do seu trabalho.
A Bela da Tarde
4.1 340 Assista AgoraUmas das mulheres mais lindas que já vi em filmes desde Claudia Cardinale, em "Era uma vez no Oeste". Catherine Deneuve está estupenda, hipnotizante, surreal como o próprio cinema de Luis Buñuel. Filme incrivelmente moderno inclusive pros dias atuais.
Danação
4.1 51"Eu sento à janela e observo completamente em vão.
Por anos e anos eu estive sentado lá, e algo sempre me disse que enlouqueceria num instante.
Mas eu não enlouqueci num instante, e eu não tenho medo de enlouquecer, porque o medo da loucura poderia significar que teria de me apegar a algo. No entanto, não me apego a nada. Não me apego a nada, mas tudo se apega a mim.
Eles querem que eu os olhe. Para olhar para a desesperança das coisas; olhar para um vira-lata do lado de fora da minha janela, sob um céu de chumbo na chuva torrencial, que caminha até uma poça e toma sua água. Eles querem que eu olhe o esforço desprezível que todos fazem ao tentar falar, antes que caiam dentro da sepultura. Mas não há tempo, pois já estão caindo.
E eles querem que essa irreversibilidade das coisas me enlouqueça. Mas no próximo segundo eles já não querem que eu enlouqueça."
O Homem Irracional
3.5 551 Assista AgoraO quanto a aleatoriedade e o acaso influenciam em nossas vidas. Temos menos controle do que imaginamos. Até o crime perfeito pode ir por água abaixo sem que o agente do delito tenha cometido falhas; até um presente ganho num "dia de sorte" em uma brincadeira no parque pode se tornar o azar que sela sua morte. Em última análise o filme é sobre isso: não estamos no controle e existimos por um conjunto aleatório de fatores.
Flores do Oriente
4.2 773 Assista AgoraAntes de assistir, se preparem pra desidratar: VAI CHORAR ATÉ AGONIZAR :(
Prova de Redenção
4.2 363"Me envergonho de pertencer à raça humana."
É impossível não sentir isso a cada segundo desse filme, do meio até o final. E depois continuar sentindo pra sempre. Faz um ano e meio que assisti... e a sensação permanece :(
Alice Não Mora Mais Aqui
3.8 167 Assista AgoraUm filme de Scorsese bem diferente do que estamos acostumados. Nem por isso fica aquém na direção. Retrata o machismo da sociedade com uma naturalidade e fidelidade de entristecer. Mas mostra também o caminho de superação de Alice, e talvez seja este o motivo do título: ao final da história, vemos que aquela Alice do início - submissa e frágil - já não mora mais naquele corpo, já não existe mais. Ao contrário da maioria, gostei do personagem do filho (Tommy). Achei o menino extremamente inteligente e com personalidade pra idade dele, além de ter sido fundamental pro desenvolvimento de Alice.
Apesar de ser um drama, dei algumas risadas. Humor aplicado com extrema naturalidade e sem clichês. Este é um dos motivos que faz Scorsese destoar da maioria dos cineastas de Hollywood. A trilha sonora é de alto nível também, passando de Elton John à Hank Williams. Aprovado!
O Melhor Lance
4.1 366 Assista AgoraQue suspense FO-DA! Infelizmente não dá pra confiar totalmente em nenhum ser humano. Mas até o mais cético e calculista dos homens já cometeu algum deslize nas suas relações pessoais. Genial o filme ser contado do ponto de vista do leiloeiro. Basta deixar se envolver, entrar na cabeça do protagonista, que garanto que será uma experiência fantástica.
Ao contrário da maioria, não achei o final previsível. Devastador!
Cabo do Medo
3.8 907 Assista AgoraLiteralmente, um thriller! Aquele suspense mais agitado, com momentos de ação. O começo é bem corrido, dava pra ser melhor explorado (detalhar mais a personalidade da família e do próprio vilão), mas acho que a intenção era justamente dar uma "acelerada nos batimentos" e manter a atenção do espectador desde o início. Ainda assim, foi dirigido de uma maneira em que a história parecesse verossímil. Só o final que tem um ar de mais ação e um ou outro duelo improvável. De toda maneira, a forma como o - teoricamente - violão é encenado por Robert de Niro, quando confrontado com o perfil do - teoricamente - herói, na nossa sociedade, nos faz torcer a maior parte do tempo pelo bandido. As vezes nos questionamentos se as mensagens de Max Candy não poderiam realmente ter algum sentido e até servir de lição para aquela família (tão tradicional que chega a ser enjoada) mudar um pouco seu estilo de vida. Esse é, pra mim, o maior trunfo do roteiro: construir um anti-herói de alto nível.
Parece mais que o disco arranhou, mas a verdade é que estamos diante de MAIS UMA MAGNÍFICA ATUAÇÃO de Robert de Niro. Quiçá o maior ator da geração anterior (digo isso porque seu auge foi nas três décadas passadas). Ele e Scorsese sem dúvidas são imortais, ícones da mais alta estirpe do cinema mundial. E pra fechar: atire a primeira pedra quem não se sentiu atraído pela personagem de Juliette Lewis, mesmo tão jovem. Atingiu o nível Nathalie Portman de "ser sexy" hahahaha
Maidentrip
4.3 52Maravilhoso documentário sobre amadurecimento e liberdade. Colocando-se em total isolamento, Laura ainda adolescente conseguiu sentir o que poucas pessoas conseguem em toda a vida: a sensação de que somos apenas um grão de poeira num universo gigantesco guiado pela natureza. E, com isso, não devemos nos sentir tristes, mas apenas deixar de supervalorizar padrões de vida pré-estabelecidos, convenções culturais e bens materiais. Do meio pro final da jornada, Laura afirma que liberdade é não precisar de algo ou de alguém, é não se prender. Pouco depois ela tira a bandeira da Holanda do barco. Laura, encantadora como é, nos mostra que nacionalidade não deveria existir, que somos de onde sentimos ser; mas acima de tudo, somos todos e tudo uma coisa só.
Em certos momentos, olhava as imagens (sobretudo o pôr do sol num horizonte a perder de vista se misturando com o mar) e duvidava se Laura iria suportar tanta beleza, tanta imensidão, tanto impacto de vida. É de uma magnitude quase insuportável, quase violenta. Verti lágrimas por essa menina. Não lágrimas de tristeza; muito menos lágrimas de alegria. Laura nos arranca lágrimas de paixão! E dá um pouquinho de esperança na humanidade.