Encerrou ontem a primeira temporada de The Last Of Us, minha impressão é a série ser apenas um fan service, podemos falar sobre as qualidades da trama, sobre como eles ampliaram a narrativa, mas no geral, não existe uma grande justificativa para sua existência. O jogo é simplesmente maravilhoso por conseguir produzir uma obra de entretenimento que se aproxima de uma grande qualidade artística, mas no geral, qualquer cinéfilo, analisando friamente o game, não verá nada de mais, além de um roteiro bem construído. Os games atuais, devido a tecnologia, possibilitaram produções mais caras que filmes de Hollywood, também levaram para os consoles equipes cinematográficas. O grande mérito dos produtores foi sitentizar isso em um jogo, foi conseguir dar aos jogadores uma experiência de simulação e de cinema. A série transpos isso, mas não existe nenhuma inovação, teve todo um cuidado para não contradizer nenhum fato do game e colocar situações novas, sem atrapalhar a experiência de quem jogou. Ao fim, não acho que seja uma adaptação necessária, apenas um caça-níquel com muitas possibilidades.
Tenho um problema com a quantidade de falas em uma obra audiovisual. Diálogos excessivos, às vezes, demonstram a falta domínio do meio audiovisual. A fala faz parte da ação, não serve para segurar a narrativa, nem para descrever a ação mostrada e muito menos explicar o que está sendo visto. Assisti pouca novela e uma vez ou outra assisto algum episódio, algo que me incomoda é como não precisamos ver tudo para entender a trama. Basta sentar no sofá, ler, olhar o celular e ouvir a televisão. Basta ver alguma coisa que você consegue entender tudo - As séries da DC, os novelão adolescentes também não fogem desse padrão -. Dito isso, creio ser pedagógico assistir Primal, série animada criada e produzida por Genndy Tartakovsky, o mesmo criador de Samurai Jack e produtor de Star Wars: Guerras Clônicas. A primeira temporada não tem falas, mas existe som. Ouvimos muita coisa, mas nada que possa substituir a imagem em movimento. A história se baseia em um mundo onde os homens e dinossauros vivem juntos, onde também existem milhares de outras tribos e civilizações, como Vikings. Nesse mundo, um neandertal acaba fazendo amizade com uma espécie de T-Rex e os dois se unem para sobreviver. Tem muito sangue. É excessivamente violento. É interessante esse ponto, pois sempre pensamos na natureza como pacífica, a fantasia de Tartakovsky, mostra que não. A beleza da natureza existe, mas ela não está apenas em seus momentos de paz, mas na luta e na sobrevivência das espécies. O legal disso tudo é, os 10 primeiros episódios terem apenas uma palavra. É você entender os sentimentos e as relações dos personagens, sem ninguém precisar explicar. É tudo maravilhosamente explicado por meio das imagens em movimento. É uma série que precisa ser vista, sem celular na mão, sem pausas, apenas com olhos vidrados em todos os movimentos dos personagens.
Em uma entrevista, Neil Gaiman disse ter ameaçado se jogar na frente de um carro para impedir uma adapatação desastrosa de um de seus livros. Ele não só estava disposto a fazer isso, como iria contar o motivo para todos, antes de fazer. Pensei muito nisso, antes de assistir todos os episódio de Sandman, na Netflix. Pensei como alguém que nunca havia lido a obra iria receber Sandman. Apesar do personagem carregar todas as HQs em seu lastro. A obra televisiva tem prórpio caminho e por seus méritos, audiovisuais ou cinematográfios, deve provar sua relevância. Pensei muito nisso quando assisti cada cena. Não é a melhor coisa que assisti até agora, nem está próxima da melhor série do ano. Mas ver a Morte e o sonho conversando sentados em um banco da praça é uma das melhores coisas que assisti em muito tempo. Ver o senhor dos sonhos como o mais solitário dos perpetuos. Apesar do poder a imaginação e criação, sonhar é, por vezes, uma atividade solitária. Quem melhor para descobrir isso que sandman? Espero mais temporadas, espero mais episódios, quero ver o encontro com Shakespeare e a guerra entre o céu e o inferno.
Não conhecia o abolicionista James Brown até assistir a série, estrelada e produzida por Ethan Hawke, na Paramount-plus. Não me parece ter um paralelo com algum personagem histórico brasileiro. Brown era um Lampião que seguia bíblia e tinha um programa político: libertar todos os negros, não importa quem tivesse que matar para isso. Entre as décadas de 50 e 60 do século XIX, ele tentou fazer isso. Com os filhos e um grupo extremamente diverso, Brown atacou, atirou e decapitou diversos donos de escravos. A série o mostra como uma fanático religioso, alguém tomado por uma ideia fixa e sem qualquer senso de proporção, mas tem um motivo para isso. A escravidão dos negros era algo extremamente absurdo, sem justificativa. Não importa se você acreditava na bíblia ou na constituição. Para Brown, a escravidão era incompatível para um cidadão ou cristão. Diante da normalização de um absurdo, agir como Brown agia pode parecer loucura. Mas, talvez mais louco seja aceitar as coisas como estão e não fazer nada para mudar. A série transita entre um drama e uma comédia, com uma atuação excelente de Hawke e boas cenas de ação. Vale o tempo, vale cada minuto pela memória de Brown e de todos os abolicionistas.
Novamente li sobre o anticomunismo em Stranger Things e, novamente acho uma idiotice. Primeiro, não sei vocês, mas o terror stalinista da união soviética nunca foi aquilo que acreditamos como socialismo. Segundo que, a URSS e os Estados Unidos disputaram recursos, logo, em um mundo imaginário pq eles não disputariam uma saída para outro mundo? Mas a questão é mais complicada quando pensamos nos personagens principais, nenhum deles é uma pessoa de esquerda ou direita, primeiro que em sua grande maioria são crianças. Querem jogar D&D, não discutir política. Quando vemos os russos, eles fazem o mesmo que o governo americano, querem explorar o poder. É interessante notar que na última temporada fica claro as facções dentro do governo. Os cientistas contra os militares. Ou seja, não sei do lado de quem vocês ficariam, mas eu ficaria bem longe dos stalinistas, mais longe do governo americano, mesmo tendo aliados, no fim as crianças só contam com elas mesmas. Ao fim, Stranger Things faz da cidade pequena e das crianças uma luta por um bairrismo, eles precisam lutar, contra monstros, governo e os estrangeiros para proteger a cidade. Existe política? Sim, mas não é o anticomunismo.
Obi Wan kenobi estava com medo, apavorado. Não há dúvida que ele se culpa. Quando ficam cara a cara, olhando no olho um do outro, ele não vê o Lord sith, mas seus erros. Ele não conseguiu cumprir a promessa Qui Gon, de guiar o escolhido no caminho da força. Falhou não só em ensiná-lo, mas em torná-lo o maior inimigo dos Jedis. Isso explica a fuga, explica o receio em ligar o sabre, em usar a força. Os últimos 10 anos foram momentos de negação, momentos de dúvida e, principalmente, arrependimento. É claro, passo a passo, ele vai descobrindo a resistência e como nem tudo está perdido. Existe luz na escuridão, ele só precise se conectar novamente.
Ver o exílio de Obi Wan Kenobi não é algo muito animador. Todos sabemos como general kenobi, um dos mestres jedis mais importantes das guerras clônicas, termina. Foram anos amargos, o período como eremita. Kenobi olha o presente e o futuro de forma bem pessimista. Isso é compreensível. Quem não morreu, está escondido. O império venceu, a democracia não existe mais. Vigora agora uma ditadura que destrói a todos que fiquem em seu caminho. A dificuldade em usar a força ou a preferência pelas armas é um reflexo de seu estado de espírito. O exílio não apagou sua existência, mas adormeceu seus poderes e abalou sua fé. Isso explica a dificuldade em lutar com meros caçadores de recompensa. Precisa levar um soco para lembrar quem ele é. Mesmo assim, o jedi ainda acredita, bem no fundo existe Uma Nova Esperança. Ele observa todos os dias o jovem Skywalker e zela pelo seu sono. Espera um momento qual ele possa corrigir os erros cometidos com o pai do menino. Afinal, o grande drama de Obi wan é ter falhado enquanto mestre. Logo, é bem provável que ele se responsabilize pelo que aconteceu com Anakin e na ameaça que ele se tornou. Todos podemos odiar a prequel de Stars Wars, mas na verdade nunca refletimos direito sobre como a saga possui boas ideias, uma mitologia interessante, mas uma execução desastrosa. Mesmo assim, a nova série, caso trate de perseguir a construção do personagem e do maior vilão Stars Wars, pode conseguir construir a melhor obra de toda sequência de filmes e séries, depois de o Império Conta Ataca e Rogue One.
The Umbrella Academy é bem legal. Uma série divertida, mas uma coisa me incomoda. O roteiro segue uma estrutura de videoclipe. A todo o momento um personagem posa com uma música de fundo, que em seguida toma conta de toda a cena. A trilha me agrada muito, mas às vezes cansa. É um círculo vicioso, o personagem age, encontra um conflito, depois tem uma música dele sozinho ou refletindo sobre algo. Flashbacks, por exemplos, não marquei todos, mas em grande medida são acompanhados de música. O problema da música é dar o tom, antes de vermos a cena. Uma música triste no início da série cria uma atmosfera de infelicidade, somos condicionados pela música a seguir um caminho sem surpresas. Outro problema com a música é o desparecimento do som diegético, ouvimos barulhos, passos, mas é muito pouco, o excesso de música e a estrutura do videoclipe torna o ruído inexistente ou imperceptível. No mais, a série vale muito para quem quer assistir algo de super-herói alternativa.
É estranho gostar de Succession da HBO-MAX, assistir todos os episódios e temporadas disponíveis e não conseguir sentir nenhuma empatia pelos personagens. Pensando um pouco sobre a série, concluímos ser impossível ter alguma identificação com os protagonistas. São super ricos, burgueses que não têm a dimensão do poder. Podem estar onde quiserem, sem se preocupar com nada. É um mundo de poucos, bem poucos. Os 1%, talvez. Estão distantes de todas as preocupações mortais. Cheios de narcisismo e com uma sede insaciável de poder. A família Roy, protagonista da série, parece viver no Olimpo. Ora, os filhos disputam o amor e atenção do pai, ora o pai cria intrigas pelo amor dos filhos. Não existe afeto sem troca, o sentimento sempre está acompanhado de barganha. Não existem preocupações mortais e apesar de terem tudo, todos parecem incrivelmente infelizes. Tendo milhares de dólares, carros do ano, um iate, jato particular e helicópteros, mas infelizes. Logo, fica difícil ter alguma empatia por seres que parecem não existir, mesmo sabendo que existem. Quando Kendall briga com o pai, ele não se preocupa com onde vai trabalhar, nem com dinheiro. Muito pelo contrário, ele esbanja como pode. Connor, vivendo em seu rancho, distante, pensa a política de uma forma mística e delirante. É lunático, tipo Napoleão de hospício. Roman possui uma sexualidade distorcida, não consegue se relacionar com ninguém e se comporta como um adolescente. Siobhan, a mais progressista dentre eles, a “burguesa esclarecida”, quem, talvez poderia ser um pouco humana, na verdade é tão vaidosa quanto Kendall. Diante das denúncias contra o pai, ela escolheu o lado que poderia lhe dar poder, não o correto. O que nos faz gostar de sucessão é exatamente isso, as intrigas, as brigas pelo poder e como a burguesia na realidade é tola, egocêntrica e intelectualmente rasa. As boas escolas e o acesso a toda a cultura da humanidade não transformam ninguém em boas pessoas. O homem é um produto do meio. É quem determina sua consciência. Em uma família onde a competição empresarial é transportada para as relações familiares, as pessoas não poderiam ser diferentes daquilo que vemos na tela.
Não vejo muitas pessoas comentarem sobre The Sinner, uma das melhores séries da Netflix.Protagonizada pelo PHD em artes cênicas, Bill Pullman, a série conta a história do detetive Harry Ambrose, um velho policial, cheio de problemas familiares e de saúde. Criada e produzida por Jessica Biel, que também atua na primeira temporada, cada capítulo tem 8 episódios e leva o nome do principal antagonista. A primeira fala de um surto psicótico, a segunda sobre uma seita religiosa, a terceira sobre a morte e a quarta ainda estou tentando descobrir, mas acredito ser suicídio.
O que gosto nas histórias é a forma como Ambrose trata os acusados, sua obsessão por solucionar casos, desvendar crimes não é tomada de ódio, paixão ou medo, mas curiosidade. É a forma tímida como ele olha, meio constrangida, parecendo enxergar como as pessoas e as narrativas não estão encaixando. Como na primeira temporada, quando não aceitava a confissão da acusada e tentava entender o motivo da personagem ser punida.
Empatia, talvez, seja o melhor sentimento para descrever Ambrose, talvez seja uma das qualidades mais importantes para um policial. Cada criminoso, mesmo Jamie, quem mais o colocou em risco, tinha um pouco do detetive dentro dele. A culpa, o desejo de ser punido, a pulsão de morte da primeira personagem; a criança estranha, sem amigo, responsável por um acidente; as dúvidas sobre o caminho escolhido, a impotência diante da idade e medo de morrer, na terceira. Todos os personagens refletem algo do protagonista e ele não se fecha em nenhum momento. Está aberto a ver as possibilidades e entender todos os lados.
Por isso, não cabe a crítica por ele perseguir um criminoso em uma festa, ou se deixar levar por um ritual místico. É uma loucura completa, qual Pullman e Biel nos convidam a participar, a entender e como Ambrose sempre somos colocados diante do precipício.
Eu realmente não sei o que as pessoas esperavam ao assistir Mestres do Universo: Salvando Eternia. He-Man foi criado para vender brinquedo, as animações eram toscas, repetidas, prestem atenção! Você via o mesmo quadro várias vezes. Mesmo assim, existe uma mitologia, boas ideias quais poderiam ser trabalhadas de forma mais adulta, sem perder a essência tola dos personagens. Uma lástima ter demorado 40 anos para o desenho encontrar Kevin Smith e ele conseguir transformar uma peça publicitária de moral infantil em algo realmente artístico. Se existe uma comparação valida da obra é com Stars Wars, quando soubemos do retorno Mark Hamill para o papel de Luke, todos ficaram eufórico. Todos queriam ver ele destruindo tudo com o sabre de luz. Uma pena isso não ter acontecido, uma pena toda a mitologia de Stars Wars ter sido desperdiçada na nova trilogia. Felizmente Mestres do Universo acerta onde Stars Wars erra. Primeiro, tem muita porrada, muita ação, sangue e guerra. As cenas de luta do He-man, em suas diversas formas, são bem legais. Se a primeira parte deixou os fãs apreensivos sobre isso, a segunda não deixou dúvidas sobre a força do herói. Além disso, mostrou os motivos do escolhido ser Adam, o menino franzino, nerd e atrapalhado não foi escolhido como campeão de maneira aleatória. Não basta segurar a espada para controlar o poder. Aqui, o clichê da bondade e o coração puro, incorruptível é trabalhado de forma sútil, lembra muito Super-Homem. O mesmo com pacato, uma das cenas mais emocionantes é quando o Gato guerreiro fica confuso ao ser chamado de covarde. Quem assistiu sabe, pode chamá-lo de tudo, mas covarde? É amizade entre Adam e Pacato o motivo do mundo ser salvo. A dupla não só encena excelentes cena de ação, como de amizade. Existe um lado humano explorado imensamente nos personagens, mas existe também a prova que o homem mais forte do universo não pode fazer tudo sozinho. A série encaixa bem cada personagem, não são adereços, mas heróis, como He-man, talvez você que nunca havia percebido. Haters sempre vão falar dos problemas, do foco na Tila e dos outros personagens, mas é preciso lembra a série não é sobre He-man. Apesar da arte trabalhar emoções, não é isso que essas pessoas veem. Diferente dos personagens da série, eles não conseguem crescer e não querem continuar, muito pelo contrário, querem voltar ao passado, a mentalidade infantil, que não os deixava enxergar os problemas na animação antiga. A série é sobre uma equipe, não um personagem. Outro ponto positivo são as referências. Não consigo lembrar quando um produto da cultura nerd trabalho de forma tão orgânica as referências as outras obras. Caso não repararam, o autor cita Rei Leão, Blade Runner, Senhor dos anéis e outros. Existem várias formas de uma adaptação, continuação ou releitura ser feita. O modo de Kevin Smith me parece o melhor para trabalhar obras assim, antigas. Discute clichês, tira os personagens do conforto, enfrenta novos dilemas e atualiza a narrativa. De todas as produções feitas pela Netflix esse ano, Mestre dos Universo Salvando Eternia é uma das melhores.
Ted Lasso é uma série sobre futebol sem futebol. Faz algum tempo percebo a dificuldade de encontrar uma Mise en Scène para as produções sobre futebol. É a mesma dificuldade com o MMA. A luta não produz boas cenas, não empolga na ação cinematográfica, diferente do boxe. Mesmo assim, Ted é um excelente entretenimento. Cheio de bom humor e otimismo, algo importante nos tempos de pandemia. Outra comparação é Orange Is the New Black. Uma série sobre uma prisão, que apesar dos problemas, lembra muito mais um acampamento ou escola. Muito colorido e limpinho, bem distante da realidade do cárcere. Ted Lasso lembra uma high school, mas para adultos. E diferente da série de presidiárias femininas, é maravilhosamente divertida. Um entretenimento de primeira.
See é uma série sobre um futuro despótico. A humanidade perdeu a capacidade de ver e no escuro regredride ao barbarismo. A visão é culpada por ter colapsado o mundo antigo. Quem enxerga é acusado de bruxaria e perseguido. No escuro, a violência, opressão e a loucura tomam conta dos homens. Todos guiados pelo fundamentalismo e superstição. Apesar de ser uma série de cegos, tem muita ação. As lutas são muito legais. Fiquei pensando na quantidade de imaginação dos produtores. Não devem ter faltado opiniões sobre o quanto algo assim seria impossível ou que ninguém levaria a sério. Estamos constantemente sendo questionados, indagados e provocados. Vivemos inundados de fake news. Logo, quanto assistimos uma ficção ficamos o tempo todo tentando provar o quanto o roteiro é irreal. Quando isso é pura besteira. A verossimilhança existe para o drama, dentro da narrativa. Um mundo de cegos violentos é tão possível quanto cachorros falarem ou aliens sobreviverem no espaço. O rigor crítico cobrado do drama não é o mesmo do jornalismo. Devemos entra no jogo ou acabaremos com nossa capacidade de imaginar e criar fantasias, sejam sonhos ou pesadelos.
Mestres do Universo Salvando Eternia é a segunda boa surpresa que tenho na Netflix. A primeira foi Cobra Kai, originalmente transmitida pelo YouTube. Haters sempre encontrarão defeitos, pois não conseguem superar antigas tramas, nem se desfazer de velhos clichês. Você não verá um comercial de brinquedos, lições de moral, nem animações mal feitas.
A série não é apenas sobre He-man, mas sobre todos os personagens que o acompanharam nas décadas de luta. É um ponto interessante para analisar, o homem mais forte do universo, quem é debitado todo logro de ter salvado milhares de vezes Eternia, nunca esteve só. Apesar de sua força e sua espada, seus amigos sempre o ampararam. Smith concede a oportunidade aos companheiros do príncipe Adam serem protagonistas da própria história. Teela se mostra uma grande líder. Roboto nos mostra o sacrifício, Pacato mostra o motivo de ser um gato guerreiro. Mas, talvez, Gorpo seja o personagem que mais transmita emoção, quando fala sobre suas memórias ou age em prol dos amigos. O pequeno mago mostra ser um grande mestre da magia.
Aqui, He-man e karatê kid estão próximos. As duas trabalham os sentimentos e ideias da série original, mas adaptam aos dias atuais. Os personagens ainda pensam como antes, mas são tirados da zona de conforto e colocados diante de situações mais exigentes. Sacrifícios são necessários e algumas batalhas precisam terminar.
É um reino de magia e de heroísmo, mas nada infantil. Tem monstros e perigos inimagináveis. Momentos de alívio cômico, sem cafonice do passado. Como seus espectadores a série está madura e mostra uma grande força.
Cobra Kai é uma novela adolescente, mas diferente de Malhação ou outras coisas do gênero, a série não patina no melodrama. Não fica a todo momento exagerando nas mesmas ações, mas cria desafios novos e situações novas para os mesmos problemas. Os personagens crescem, mudam, erram. Tem cafonice, a nostalgia e um vinculo com o público que cresceu vendo os filmes. Além disso, a produção, mesmo de baixo orçamento, consegue produzir excelentes cenas de ação. A luta em plano sequencia na terceira temporada foi uma coreografia digna de filmes de ação. O grande acerto da série me parece ser o ritmo e o tom. Os produtores sabem dar um espaço para cada personagem, sem isso diminuir os outros, sem tirar o foco dos protagonistas. Uma das coisas chatas em novelas é a quantidade de coadjuvante espremida em um tempo ínfimo. Nunca lembramos de todos e sempre desperdiçam atuações por duas falas de um personagem sem importância. O tom nostálgico surge nas cenas antigas dos filmes ou nas músicas dos anos 80. Quando surge um personagem antigo, temos uma musica, cenas de flashback e algo a contar. É legal como Daniel e Johnny tentam acertar as coisas com o passado e como ele ressurge pouco a pouco na série. Resumido: ansioso pela quarta temporada. 🙂
Space force poderia ser melhor, mas não é ruim. A série tem boas sacadas, além de seguir a estrutura narrativa. Tem trama, não é só piada. O grande problema me parece estar no tom. A série poderia desempenhar um papel um pouco mais sério, em alguns momentos, mas prefere tensionar todo a situação mais dramática em direção a comédia. Acho que a segunda temporada pode melhorar, mas a primeira é uma boa sátira do governo Trump e das loucuras dos negacionista científicos.
etter Call Saul é melhor que Breaking Bad? A resposta é não, nem pode, pois a primeira série não existiria sem a segunda. Agora, dificilmente teremos uma série melhor que Better Call Sau,l caso a temporada final não estrague tudo, temos tudo para ter uma grande série, digna do bom cinema. Saul é um personagem totalmente diferente de White, ele não tem nada que o empurre a um destino do "crime", ele apenas aprendeu a dar um jeitinho. Em Breaking Bad, o mundo impele o personagem a agir, em Better Call Saul é o contrário. Saul não consegue andar na linha, ele não é alguém ruim, nem de má índole, apenas não consegue se controlar diante das oportunidade. Sua consciência pesa, mas a natureza de malandro é mais forte. JJ abrams é o caralho. O Gênio aqui é Vince Gilligan, quem produziu e criou algo como Breaking Bad, Better Call Saul e El Camino sem errar a mão. Pena que só veremos o fim em 2021...
Não só o jornalismo sofre do mal do sensacionalismo. Os filmes, televisão livros e uma série de outros produtos culturais também adoecem dessa enfermidade. After life me parece nos tocar dessa forma, nos exagero do sentimentos. Até agora não entendi o motivo de ter visto as duas temporadas, talvez seja a depressão, não sei. A série não constrói uma poesia sobre a melancolia do personagem, ela o estica, o leva além dos limites, pois queremos sofrer junto com o personagem. Não sei como isso continuaria, caso esse sentimento terminasse. A entrega de Ricky Gervais é louvável, mas somente isso não é suficiente.
Jornada nas Estrelas: Picard (prime, 2020) – crítica – Clube de Cinema Outubro
Tudo que esperamos do retorno de um herói é vê-lo brilhar em uma nova aventura. Queremos reviver os motivos pelos quais nos apaixonamos pela história do personagem de sempre. Não o queremos como coadjuvante, nem no papel de mestre, mas como o protagonista que sempre foi. Desse modo, quando Patrick Stewart retorna ao papel de Almirante Jean Luc Picard, aos seus 79 anos, esperamos vê-lo salvando o universo, apenas isso. Esperamos vê-lo no comando da Enterprise, esperamos vê-lo com uma tripulação.
Nesse sentido, Jornada nas Estrelas: Picard é uma grande série. Entrega aquilo que promete, sem deixar a desejar. Mostra o Almirante Picard em uma nova aventura e concede aos fãs momentos de nostalgia. Durante a série, Picard revê amigos, inimigos, visita fantasmas do passado e não perde um instante em mostrar o motivo de ser uma lenda da Federação e da Frota Estelar.
A idade de Patrick Stewart poderia limitar a ação da série, mas dentro da proposta apresentada, isso apenas serviu para ressaltar as grandes qualidades do personagem. Picard é, acima de tudo, um diplomata, um humanista, alguém disposto a entregar a vida pela humanidade. Não foram os músculos que o tornaram um herói, mas sua inteligência e capacidade de decisão. Ele não precisa entrar em uma briga para mostrar o motivo de ser um herói, basta liderar.
Jornada nas Estrelas Ninguém fica perdido por não conhecer as séries ou filmes antigos. Borgs, Romulanos, Thau Shiar tudo é explicado durante os 10 episódios. Esse é um dos grandes méritos da série. Conseguir justificar toda a mitologia e personagens no roteiro. Picard começa a aventura sendo acusado de ter errado no passado, quando salvou Romulanos, considerados inimigos da Federação. Ele é acusado, pois enquanto deslocava naves para salvar os “inimigos”, sintéticos atacaram marte, matando todos.
Ao responder as acusações, Picard diz não ter salvado inimigos, apenas vidas e que faria novamente. A partir daí a trama se desenvolve com personagens novos e antigos. O mais interessante no roteiro é a pauta em termos atuais, temos uma minoria oprimida, um povo odiado por decisões equivocadas de seus líderes e uma organização interestelar corrompida. Picard não é um líder revolucionário, mas um reformista, alguém disposto a provar para todos a necessidade das instituições existentes.
Os longos diálogos dão um tom político a série e possibilita Patrick Stewart brilhar como o grande ator de teatro que sempre foi. Não fossem as naves, a maquiagem exacerbada e os grandes planos do espaço e de planetas, a série poderia facilmente se encaixar em um palco, pois o centro da série são os atores e diálogos. Os plots e reviravoltas não se dão em meio a lutas das naves ou nas batalhas com armas laser, mas em falas.
Stars Wars X Jornada nas Estrelas Ao fim, a comparação é inevitável no mundo do entretenimento. A Marvel e a DC, é nosso maior exemplo. Os fãs travam a maior batalha na internet, enquanto as duas editoras ficam milionárias pela publicidade gratuita. Stars Wars (crítica sobre Stars Wars Despertar da Força) e Jornada nas Estrelas protagonizaram rivalidade semelhante, hoje “meio” adormecida. Mesmo sendo séries parecidas, as propostas são bem diferentes. E antes de sair em defesa de uma ou outra, acho interessante analisar em que Picard acertou e onde Stars Wars errou.
Quando o primeiro filme da nova trilogia foi lançado esperávamos o retorno dos antigos personagens para ação, não que eles servissem de catapulta para uma nova franquia. A nova saga, não colocou Luke Skywalker à frente, o relegou ao um personagem coadjuvante, não desmerecendo estes. Diferente disso, podemos não ter tido Picard fazendo tudo o que esperávamos, mas ele foi o protagonista e salvou o universo.
Kingdom, série Coreana sobre Zumbis é um bom entretenimento. Zumbis estão saturados no mercado e novas leituras são desafiadoras. Achei interessante a primeira temporada ter apenas um diretor e a segunda dois, séries americanas tem vários e os produtores cuidam para manter o tom. A série é divertida pela cenas de ação, sempre bem executadas, mas também o roteiro não deixa a desejar. Uma planta é usada para trazer os mortos a vida, o que se torna uma praga, pois infecta a população do país. Você tem a corrupção do estado, uma família rica tentando controlar o reinado e o povo passando fome. Os personagens femininos tem força, sem precisar mostrar isso como se fosse uma cota, vilãs e mocinhas, todas cumprem destaque no roteiro. Agora, não procure arte onde não há, se gosta de zumbi e filmes de ação orientais, assista! Pois não se arrependerá.
Gosto de como a personagem principal cresce durante as três temporadas de Anne With An, de como ela aprende juntos com os personagens. Rachel, Marília e Mathew não são os mesmos da primeira temporada. Eles mudam e ela os fez mudar. É emocionante com o Mathew sempre tão sensível aos desejos e impulsos de Anne age quando percebe que ela vai ficar longe. Anne With An é uma boa série, mesmo nos exageros dos personagens. Afinal, Anne deve ter enchido um mar de lágrimas, mas quando lembramos de tudo que ela passou, talvez esse mar seja apenas um lago. Quando seus amigos precisam, quando é preciso fazer aquilo que é certo, ela não reluta. Anne acolhe o mundo, como foi acolhida. É interessante notar como a a série possui um tom paternalista, os conflitos são sempre resolvidos por meio da comoção. Tudo com muita imaginação que, talvez seja a parte mais bonita da série. A forma como ela imprime a poesia ao mundo que ela vive. A forma como os problemas do racismo e das mulheres é tratado de maneira natural na dramaturgia. Os discursos e as defesa das ideias e a luta por mudança é carregada com muita contradição, como é na vida.
Triste Anne não continuar, mas mesmo assim, Anne mostra todo o potencial de um melodrama adolescente. Algo que outras série, como titãs ou Sabrina parecem não perceber.
A terceira temporada do Mundo Sombrio de Sabrina me pareceu perder o encanto da descoberta. O legal na série era o fato de ela ficar dividida, enfrentar o mundo novo e tentar descobrir o mundo. Gosto de como trata a violência de forma adulta, mas como titãs Sabrina parece tratar apenas a violência de forma adulta, no restante a série continua um novelão. Personagens em excesso e tempo de mais perdido em assuntos fúteis. Pena, pois é mais uma série que talvez eu não acompanhe, mas que eu tinha grande expectativa.
A nova série sobre a mitologia Nórdica é legal, mas apenas 6 episódios desanima. A série parece não ter pressa em explicar todas as ideias expostas, pois ficaram muitas pelo caminho. Outro problema é que tudo caminha para uma luta de antigos deuses em mundo moderno. É um Deuses americanos, sem filosofia, Neil Gaimam de showrunner e em uma escola de ensino médio. Tem tudo para ser mais um novelao adolescente.
Não gosto das séries da DC, pois elas são um novelão adolescente. Titãs parecia diferente, mas a segunda temporada parece seguir a regra. O centro da trama são as relações familiares e a crise de identidade. Não acho essa motivação ruim, mas a forma como ela é tratada, sempre no privado em longos diálogos, justificando culpa ou pedindo perdão. As coreografias das lutas também são extremamente ruins, devido ao uso excessivo de dublês. A série poderia ser melhor, Mutano e Dicky, Robin/Asa Noturna, são personagens deverás interessantes, mas com texto muito melodramáticos. Bruce Wayne também é bem legal, mas ele aparece excessivamente, o ator é excelente e consegue fazer jus ao papel de um pai/mentor, mas fica muito chato as longas aparições. Sinceramente não sei se verei a terceira temporada, mas é uma pena, a série tinha tudo para ser uma produção mais madura.
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraEncerrou ontem a primeira temporada de The Last Of Us, minha impressão é a série ser apenas um fan service, podemos falar sobre as qualidades da trama, sobre como eles ampliaram a narrativa, mas no geral, não existe uma grande justificativa para sua existência. O jogo é simplesmente maravilhoso por conseguir produzir uma obra de entretenimento que se aproxima de uma grande qualidade artística, mas no geral, qualquer cinéfilo, analisando friamente o game, não verá nada de mais, além de um roteiro bem construído. Os games atuais, devido a tecnologia, possibilitaram produções mais caras que filmes de Hollywood, também levaram para os consoles equipes cinematográficas. O grande mérito dos produtores foi sitentizar isso em um jogo, foi conseguir dar aos jogadores uma experiência de simulação e de cinema. A série transpos isso, mas não existe nenhuma inovação, teve todo um cuidado para não contradizer nenhum fato do game e colocar situações novas, sem atrapalhar a experiência de quem jogou. Ao fim, não acho que seja uma adaptação necessária, apenas um caça-níquel com muitas possibilidades.
Primal (1ª Temporada)
4.5 51Tenho um problema com a quantidade de falas em uma obra audiovisual. Diálogos excessivos, às vezes, demonstram a falta domínio do meio audiovisual. A fala faz parte da ação, não serve para segurar a narrativa, nem para descrever a ação mostrada e muito menos explicar o que está sendo visto. Assisti pouca novela e uma vez ou outra assisto algum episódio, algo que me incomoda é como não precisamos ver tudo para entender a trama. Basta sentar no sofá, ler, olhar o celular e ouvir a televisão. Basta ver alguma coisa que você consegue entender tudo - As séries da DC, os novelão adolescentes também não fogem desse padrão -. Dito isso, creio ser pedagógico assistir Primal, série animada criada e produzida por Genndy Tartakovsky, o mesmo criador de Samurai Jack e produtor de Star Wars: Guerras Clônicas. A primeira temporada não tem falas, mas existe som. Ouvimos muita coisa, mas nada que possa substituir a imagem em movimento. A história se baseia em um mundo onde os homens e dinossauros vivem juntos, onde também existem milhares de outras tribos e civilizações, como Vikings. Nesse mundo, um neandertal acaba fazendo amizade com uma espécie de T-Rex e os dois se unem para sobreviver. Tem muito sangue. É excessivamente violento. É interessante esse ponto, pois sempre pensamos na natureza como pacífica, a fantasia de Tartakovsky, mostra que não. A beleza da natureza existe, mas ela não está apenas em seus momentos de paz, mas na luta e na sobrevivência das espécies. O legal disso tudo é, os 10 primeiros episódios terem apenas uma palavra. É você entender os sentimentos e as relações dos personagens, sem ninguém precisar explicar. É tudo maravilhosamente explicado por meio das imagens em movimento. É uma série que precisa ser vista, sem celular na mão, sem pausas, apenas com olhos vidrados em todos os movimentos dos personagens.
Sandman (1ª Temporada)
4.1 590 Assista AgoraEm uma entrevista, Neil Gaiman disse ter ameaçado se jogar na frente de um carro para impedir uma adapatação desastrosa de um de seus livros. Ele não só estava disposto a fazer isso, como iria contar o motivo para todos, antes de fazer. Pensei muito nisso, antes de assistir todos os episódio de Sandman, na Netflix. Pensei como alguém que nunca havia lido a obra iria receber Sandman. Apesar do personagem carregar todas as HQs em seu lastro. A obra televisiva tem prórpio caminho e por seus méritos, audiovisuais ou cinematográfios, deve provar sua relevância. Pensei muito nisso quando assisti cada cena. Não é a melhor coisa que assisti até agora, nem está próxima da melhor série do ano. Mas ver a Morte e o sonho conversando sentados em um banco da praça é uma das melhores coisas que assisti em muito tempo. Ver o senhor dos sonhos como o mais solitário dos perpetuos. Apesar do poder a imaginação e criação, sonhar é, por vezes, uma atividade solitária. Quem melhor para descobrir isso que sandman? Espero mais temporadas, espero mais episódios, quero ver o encontro com Shakespeare e a guerra entre o céu e o inferno.
The Good Lord Bird
4.2 20Não conhecia o abolicionista James Brown até assistir a série, estrelada e produzida por Ethan Hawke, na Paramount-plus. Não me parece ter um paralelo com algum personagem histórico brasileiro. Brown era um Lampião que seguia bíblia e tinha um programa político: libertar todos os negros, não importa quem tivesse que matar para isso. Entre as décadas de 50 e 60 do século XIX, ele tentou fazer isso. Com os filhos e um grupo extremamente diverso, Brown atacou, atirou e decapitou diversos donos de escravos. A série o mostra como uma fanático religioso, alguém tomado por uma ideia fixa e sem qualquer senso de proporção, mas tem um motivo para isso. A escravidão dos negros era algo extremamente absurdo, sem justificativa. Não importa se você acreditava na bíblia ou na constituição. Para Brown, a escravidão era incompatível para um cidadão ou cristão. Diante da normalização de um absurdo, agir como Brown agia pode parecer loucura. Mas, talvez mais louco seja aceitar as coisas como estão e não fazer nada para mudar. A série transita entre um drama e uma comédia, com uma atuação excelente de Hawke e boas cenas de ação. Vale o tempo, vale cada minuto pela memória de Brown e de todos os abolicionistas.
Stranger Things (4ª Temporada)
4.2 1,0K Assista AgoraNovamente li sobre o anticomunismo em Stranger Things e, novamente acho uma idiotice. Primeiro, não sei vocês, mas o terror stalinista da união soviética nunca foi aquilo que acreditamos como socialismo. Segundo que, a URSS e os Estados Unidos disputaram recursos, logo, em um mundo imaginário pq eles não disputariam uma saída para outro mundo? Mas a questão é mais complicada quando pensamos nos personagens principais, nenhum deles é uma pessoa de esquerda ou direita, primeiro que em sua grande maioria são crianças. Querem jogar D&D, não discutir política. Quando vemos os russos, eles fazem o mesmo que o governo americano, querem explorar o poder. É interessante notar que na última temporada fica claro as facções dentro do governo. Os cientistas contra os militares. Ou seja, não sei do lado de quem vocês ficariam, mas eu ficaria bem longe dos stalinistas, mais longe do governo americano, mesmo tendo aliados, no fim as crianças só contam com elas mesmas. Ao fim, Stranger Things faz da cidade pequena e das crianças uma luta por um bairrismo, eles precisam lutar, contra monstros, governo e os estrangeiros para proteger a cidade. Existe política? Sim, mas não é o anticomunismo.
Obi-Wan Kenobi
3.4 311 Assista AgoraObi Wan kenobi estava com medo, apavorado. Não há dúvida que ele se culpa. Quando ficam cara a cara, olhando no olho um do outro, ele não vê o Lord sith, mas seus erros. Ele não conseguiu cumprir a promessa Qui Gon, de guiar o escolhido no caminho da força. Falhou não só em ensiná-lo, mas em torná-lo o maior inimigo dos Jedis. Isso explica a fuga, explica o receio em ligar o sabre, em usar a força. Os últimos 10 anos foram momentos de negação, momentos de dúvida e, principalmente, arrependimento. É claro, passo a passo, ele vai descobrindo a resistência e como nem tudo está perdido. Existe luz na escuridão, ele só precise se conectar novamente.
Obi-Wan Kenobi
3.4 311 Assista AgoraVer o exílio de Obi Wan Kenobi não é algo muito animador. Todos sabemos como general kenobi, um dos mestres jedis mais importantes das guerras clônicas, termina. Foram anos amargos, o período como eremita. Kenobi olha o presente e o futuro de forma bem pessimista. Isso é compreensível. Quem não morreu, está escondido. O império venceu, a democracia não existe mais. Vigora agora uma ditadura que destrói a todos que fiquem em seu caminho. A dificuldade em usar a força ou a preferência pelas armas é um reflexo de seu estado de espírito. O exílio não apagou sua existência, mas adormeceu seus poderes e abalou sua fé. Isso explica a dificuldade em lutar com meros caçadores de recompensa. Precisa levar um soco para lembrar quem ele é. Mesmo assim, o jedi ainda acredita, bem no fundo existe Uma Nova Esperança. Ele observa todos os dias o jovem Skywalker e zela pelo seu sono. Espera um momento qual ele possa corrigir os erros cometidos com o pai do menino. Afinal, o grande drama de Obi wan é ter falhado enquanto mestre. Logo, é bem provável que ele se responsabilize pelo que aconteceu com Anakin e na ameaça que ele se tornou. Todos podemos odiar a prequel de Stars Wars, mas na verdade nunca refletimos direito sobre como a saga possui boas ideias, uma mitologia interessante, mas uma execução desastrosa. Mesmo assim, a nova série, caso trate de perseguir a construção do personagem e do maior vilão Stars Wars, pode conseguir construir a melhor obra de toda sequência de filmes e séries, depois de o Império Conta Ataca e Rogue One.
The Umbrella Academy (1ª Temporada)
3.9 566The Umbrella Academy é bem legal. Uma série divertida, mas uma coisa me incomoda. O roteiro segue uma estrutura de videoclipe. A todo o momento um personagem posa com uma música de fundo, que em seguida toma conta de toda a cena. A trilha me agrada muito, mas às vezes cansa. É um círculo vicioso, o personagem age, encontra um conflito, depois tem uma música dele sozinho ou refletindo sobre algo. Flashbacks, por exemplos, não marquei todos, mas em grande medida são acompanhados de música. O problema da música é dar o tom, antes de vermos a cena. Uma música triste no início da série cria uma atmosfera de infelicidade, somos condicionados pela música a seguir um caminho sem surpresas. Outro problema com a música é o desparecimento do som diegético, ouvimos barulhos, passos, mas é muito pouco, o excesso de música e a estrutura do videoclipe torna o ruído inexistente ou imperceptível. No mais, a série vale muito para quem quer assistir algo de super-herói alternativa.
Succession (3ª Temporada)
4.4 188É estranho gostar de Succession da HBO-MAX, assistir todos os episódios e temporadas disponíveis e não conseguir sentir nenhuma empatia pelos personagens. Pensando um pouco sobre a série, concluímos ser impossível ter alguma identificação com os protagonistas. São super ricos, burgueses que não têm a dimensão do poder. Podem estar onde quiserem, sem se preocupar com nada. É um mundo de poucos, bem poucos. Os 1%, talvez.
Estão distantes de todas as preocupações mortais. Cheios de narcisismo e com uma sede insaciável de poder. A família Roy, protagonista da série, parece viver no Olimpo. Ora, os filhos disputam o amor e atenção do pai, ora o pai cria intrigas pelo amor dos filhos. Não existe afeto sem troca, o sentimento sempre está acompanhado de barganha. Não existem preocupações mortais e apesar de terem tudo, todos parecem incrivelmente infelizes. Tendo milhares de dólares, carros do ano, um iate, jato particular e helicópteros, mas infelizes. Logo, fica difícil ter alguma empatia por seres que parecem não existir, mesmo sabendo que existem.
Quando Kendall briga com o pai, ele não se preocupa com onde vai trabalhar, nem com dinheiro. Muito pelo contrário, ele esbanja como pode. Connor, vivendo em seu rancho, distante, pensa a política de uma forma mística e delirante. É lunático, tipo Napoleão de hospício. Roman possui uma sexualidade distorcida, não consegue se relacionar com ninguém e se comporta como um adolescente. Siobhan, a mais progressista dentre eles, a “burguesa esclarecida”, quem, talvez poderia ser um pouco humana, na verdade é tão vaidosa quanto Kendall. Diante das denúncias contra o pai, ela escolheu o lado que poderia lhe dar poder, não o correto.
O que nos faz gostar de sucessão é exatamente isso, as intrigas, as brigas pelo poder e como a burguesia na realidade é tola, egocêntrica e intelectualmente rasa. As boas escolas e o acesso a toda a cultura da humanidade não transformam ninguém em boas pessoas. O homem é um produto do meio. É quem determina sua consciência. Em uma família onde a competição empresarial é transportada para as relações familiares, as pessoas não poderiam ser diferentes daquilo que vemos na tela.
The Sinner (4ª Temporada)
3.4 116Não vejo muitas pessoas comentarem sobre The Sinner, uma das melhores séries da Netflix.Protagonizada pelo PHD em artes cênicas, Bill Pullman, a série conta a história do detetive Harry Ambrose, um velho policial, cheio de problemas familiares e de saúde. Criada e produzida por Jessica Biel, que também atua na primeira temporada, cada capítulo tem 8 episódios e leva o nome do principal antagonista. A primeira fala de um surto psicótico, a segunda sobre uma seita religiosa, a terceira sobre a morte e a quarta ainda estou tentando descobrir, mas acredito ser suicídio.
O que gosto nas histórias é a forma como Ambrose trata os acusados, sua obsessão por solucionar casos, desvendar crimes não é tomada de ódio, paixão ou medo, mas curiosidade. É a forma tímida como ele olha, meio constrangida, parecendo enxergar como as pessoas e as narrativas não estão encaixando. Como na primeira temporada, quando não aceitava a confissão da acusada e tentava entender o motivo da personagem ser punida.
Empatia, talvez, seja o melhor sentimento para descrever Ambrose, talvez seja uma das qualidades mais importantes para um policial. Cada criminoso, mesmo Jamie, quem mais o colocou em risco, tinha um pouco do detetive dentro dele. A culpa, o desejo de ser punido, a pulsão de morte da primeira personagem; a criança estranha, sem amigo, responsável por um acidente; as dúvidas sobre o caminho escolhido, a impotência diante da idade e medo de morrer, na terceira. Todos os personagens refletem algo do protagonista e ele não se fecha em nenhum momento. Está aberto a ver as possibilidades e entender todos os lados.
Por isso, não cabe a crítica por ele perseguir um criminoso em uma festa, ou se deixar levar por um ritual místico. É uma loucura completa, qual Pullman e Biel nos convidam a participar, a entender e como Ambrose sempre somos colocados diante do precipício.
Mestres do Universo (1ª Temporada - Salvando Eternia: Parte 2)
3.5 45 Assista AgoraEu realmente não sei o que as pessoas esperavam ao assistir Mestres do Universo: Salvando Eternia. He-Man foi criado para vender brinquedo, as animações eram toscas, repetidas, prestem atenção! Você via o mesmo quadro várias vezes. Mesmo assim, existe uma mitologia, boas ideias quais poderiam ser trabalhadas de forma mais adulta, sem perder a essência tola dos personagens.
Uma lástima ter demorado 40 anos para o desenho encontrar Kevin Smith e ele conseguir transformar uma peça publicitária de moral infantil em algo realmente artístico. Se existe uma comparação valida da obra é com Stars Wars, quando soubemos do retorno Mark Hamill para o papel de Luke, todos ficaram eufórico. Todos queriam ver ele destruindo tudo com o sabre de luz. Uma pena isso não ter acontecido, uma pena toda a mitologia de Stars Wars ter sido desperdiçada na nova trilogia. Felizmente Mestres do Universo acerta onde Stars Wars erra.
Primeiro, tem muita porrada, muita ação, sangue e guerra. As cenas de luta do He-man, em suas diversas formas, são bem legais. Se a primeira parte deixou os fãs apreensivos sobre isso, a segunda não deixou dúvidas sobre a força do herói. Além disso, mostrou os motivos do escolhido ser Adam, o menino franzino, nerd e atrapalhado não foi escolhido como campeão de maneira aleatória. Não basta segurar a espada para controlar o poder. Aqui, o clichê da bondade e o coração puro, incorruptível é trabalhado de forma sútil, lembra muito Super-Homem. O mesmo com pacato, uma das cenas mais emocionantes é quando o Gato guerreiro fica confuso ao ser chamado de covarde. Quem assistiu sabe, pode chamá-lo de tudo, mas covarde? É amizade entre Adam e Pacato o motivo do mundo ser salvo. A dupla não só encena excelentes cena de ação, como de amizade.
Existe um lado humano explorado imensamente nos personagens, mas existe também a prova que o homem mais forte do universo não pode fazer tudo sozinho. A série encaixa bem cada personagem, não são adereços, mas heróis, como He-man, talvez você que nunca havia percebido.
Haters sempre vão falar dos problemas, do foco na Tila e dos outros personagens, mas é preciso lembra a série não é sobre He-man. Apesar da arte trabalhar emoções, não é isso que essas pessoas veem. Diferente dos personagens da série, eles não conseguem crescer e não querem continuar, muito pelo contrário, querem voltar ao passado, a mentalidade infantil, que não os deixava enxergar os problemas na animação antiga. A série é sobre uma equipe, não um personagem.
Outro ponto positivo são as referências. Não consigo lembrar quando um produto da cultura nerd trabalho de forma tão orgânica as referências as outras obras. Caso não repararam, o autor cita Rei Leão, Blade Runner, Senhor dos anéis e outros.
Existem várias formas de uma adaptação, continuação ou releitura ser feita. O modo de Kevin Smith me parece o melhor para trabalhar obras assim, antigas. Discute clichês, tira os personagens do conforto, enfrenta novos dilemas e atualiza a narrativa. De todas as produções feitas pela Netflix esse ano, Mestre dos Universo Salvando Eternia é uma das melhores.
Ted Lasso (1ª Temporada)
4.4 244 Assista AgoraTed Lasso é uma série sobre futebol sem futebol. Faz algum tempo percebo a dificuldade de encontrar uma Mise en Scène para as produções sobre futebol. É a mesma dificuldade com o MMA. A luta não produz boas cenas, não empolga na ação cinematográfica, diferente do boxe. Mesmo assim, Ted é um excelente entretenimento. Cheio de bom humor e otimismo, algo importante nos tempos de pandemia. Outra comparação é Orange Is the New Black. Uma série sobre uma prisão, que apesar dos problemas, lembra muito mais um acampamento ou escola. Muito colorido e limpinho, bem distante da realidade do cárcere. Ted Lasso lembra uma high school, mas para adultos. E diferente da série de presidiárias femininas, é maravilhosamente divertida. Um entretenimento de primeira.
See (1ª Temporada)
3.6 126 Assista AgoraSee é uma série sobre um futuro despótico. A humanidade perdeu a capacidade de ver e no escuro regredride ao barbarismo. A visão é culpada por ter colapsado o mundo antigo. Quem enxerga é acusado de bruxaria e perseguido. No escuro, a violência, opressão e a loucura tomam conta dos homens. Todos guiados pelo fundamentalismo e superstição. Apesar de ser uma série de cegos, tem muita ação. As lutas são muito legais. Fiquei pensando na quantidade de imaginação dos produtores. Não devem ter faltado opiniões sobre o quanto algo assim seria impossível ou que ninguém levaria a sério. Estamos constantemente sendo questionados, indagados e provocados. Vivemos inundados de fake news. Logo, quanto assistimos uma ficção ficamos o tempo todo tentando provar o quanto o roteiro é irreal. Quando isso é pura besteira. A verossimilhança existe para o drama, dentro da narrativa. Um mundo de cegos violentos é tão possível quanto cachorros falarem ou aliens sobreviverem no espaço. O rigor crítico cobrado do drama não é o mesmo do jornalismo. Devemos entra no jogo ou acabaremos com nossa capacidade de imaginar e criar fantasias, sejam sonhos ou pesadelos.
Mestres do Universo (1ª Temporada - Salvando Eternia: Parte 1)
3.3 143 Assista AgoraMestres do Universo Salvando Eternia é a segunda boa surpresa que tenho na Netflix. A primeira foi Cobra Kai, originalmente transmitida pelo YouTube. Haters sempre encontrarão defeitos, pois não conseguem superar antigas tramas, nem se desfazer de velhos clichês. Você não verá um comercial de brinquedos, lições de moral, nem animações mal feitas.
A série não é apenas sobre He-man, mas sobre todos os personagens que o acompanharam nas décadas de luta. É um ponto interessante para analisar, o homem mais forte do universo, quem é debitado todo logro de ter salvado milhares de vezes Eternia, nunca esteve só. Apesar de sua força e sua espada, seus amigos sempre o ampararam. Smith concede a oportunidade aos companheiros do príncipe Adam serem protagonistas da própria história. Teela se mostra uma grande líder. Roboto nos mostra o sacrifício, Pacato mostra o motivo de ser um gato guerreiro. Mas, talvez, Gorpo seja o personagem que mais transmita emoção, quando fala sobre suas memórias ou age em prol dos amigos. O pequeno mago mostra ser um grande mestre da magia.
Aqui, He-man e karatê kid estão próximos. As duas trabalham os sentimentos e ideias da série original, mas adaptam aos dias atuais. Os personagens ainda pensam como antes, mas são tirados da zona de conforto e colocados diante de situações mais exigentes. Sacrifícios são necessários e algumas batalhas precisam terminar.
É um reino de magia e de heroísmo, mas nada infantil. Tem monstros e perigos inimagináveis. Momentos de alívio cômico, sem cafonice do passado. Como seus espectadores a série está madura e mostra uma grande força.
Cobra Kai (3ª Temporada)
4.1 296 Assista AgoraCobra Kai é uma novela adolescente, mas diferente de Malhação ou outras coisas do gênero, a série não patina no melodrama. Não fica a todo momento exagerando nas mesmas ações, mas cria desafios novos e situações novas para os mesmos problemas. Os personagens crescem, mudam, erram. Tem cafonice, a nostalgia e um vinculo com o público que cresceu vendo os filmes. Além disso, a produção, mesmo de baixo orçamento, consegue produzir excelentes cenas de ação. A luta em plano sequencia na terceira temporada foi uma coreografia digna de filmes de ação. O grande acerto da série me parece ser o ritmo e o tom. Os produtores sabem dar um espaço para cada personagem, sem isso diminuir os outros, sem tirar o foco dos protagonistas. Uma das coisas chatas em novelas é a quantidade de coadjuvante espremida em um tempo ínfimo. Nunca lembramos de todos e sempre desperdiçam atuações por duas falas de um personagem sem importância. O tom nostálgico surge nas cenas antigas dos filmes ou nas músicas dos anos 80. Quando surge um personagem antigo, temos uma musica, cenas de flashback e algo a contar. É legal como Daniel e Johnny tentam acertar as coisas com o passado e como ele ressurge pouco a pouco na série.
Resumido: ansioso pela quarta temporada. 🙂
Space Force (1ª Temporada)
3.2 124 Assista AgoraSpace force poderia ser melhor, mas não é ruim. A série tem boas sacadas, além de seguir a estrutura narrativa. Tem trama, não é só piada. O grande problema me parece estar no tom. A série poderia desempenhar um papel um pouco mais sério, em alguns momentos, mas prefere tensionar todo a situação mais dramática em direção a comédia. Acho que a segunda temporada pode melhorar, mas a primeira é uma boa sátira do governo Trump e das loucuras dos negacionista científicos.
Better Call Saul (5ª Temporada)
4.6 327etter Call Saul é melhor que Breaking Bad? A resposta é não, nem pode, pois a primeira série não existiria sem a segunda. Agora, dificilmente teremos uma série melhor que Better Call Sau,l caso a temporada final não estrague tudo, temos tudo para ter uma grande série, digna do bom cinema.
Saul é um personagem totalmente diferente de White, ele não tem nada que o empurre a um destino do "crime", ele apenas aprendeu a dar um jeitinho. Em Breaking Bad, o mundo impele o personagem a agir, em Better Call Saul é o contrário. Saul não consegue andar na linha, ele não é alguém ruim, nem de má índole, apenas não consegue se controlar diante das oportunidade. Sua consciência pesa, mas a natureza de malandro é mais forte.
JJ abrams é o caralho. O Gênio aqui é Vince Gilligan, quem produziu e criou algo como Breaking Bad, Better Call Saul e El Camino sem errar a mão. Pena que só veremos o fim em 2021...
After Life: Vocês Vão Ter de Me Engolir (2ª Temporada)
4.2 94Não só o jornalismo sofre do mal do sensacionalismo. Os filmes, televisão livros e uma série de outros produtos culturais também adoecem dessa enfermidade. After life me parece nos tocar dessa forma, nos exagero do sentimentos. Até agora não entendi o motivo de ter visto as duas temporadas, talvez seja a depressão, não sei. A série não constrói uma poesia sobre a melancolia do personagem, ela o estica, o leva além dos limites, pois queremos sofrer junto com o personagem. Não sei como isso continuaria, caso esse sentimento terminasse. A entrega de Ricky Gervais é louvável, mas somente isso não é suficiente.
Star Trek: Picard (1ª Temporada)
3.8 53 Assista AgoraJornada nas Estrelas: Picard (prime, 2020) – crítica – Clube de Cinema Outubro
Tudo que esperamos do retorno de um herói é vê-lo brilhar em uma nova aventura. Queremos reviver os motivos pelos quais nos apaixonamos pela história do personagem de sempre. Não o queremos como coadjuvante, nem no papel de mestre, mas como o protagonista que sempre foi. Desse modo, quando Patrick Stewart retorna ao papel de Almirante Jean Luc Picard, aos seus 79 anos, esperamos vê-lo salvando o universo, apenas isso. Esperamos vê-lo no comando da Enterprise, esperamos vê-lo com uma tripulação.
Nesse sentido, Jornada nas Estrelas: Picard é uma grande série. Entrega aquilo que promete, sem deixar a desejar. Mostra o Almirante Picard em uma nova aventura e concede aos fãs momentos de nostalgia. Durante a série, Picard revê amigos, inimigos, visita fantasmas do passado e não perde um instante em mostrar o motivo de ser uma lenda da Federação e da Frota Estelar.
A idade de Patrick Stewart poderia limitar a ação da série, mas dentro da proposta apresentada, isso apenas serviu para ressaltar as grandes qualidades do personagem. Picard é, acima de tudo, um diplomata, um humanista, alguém disposto a entregar a vida pela humanidade. Não foram os músculos que o tornaram um herói, mas sua inteligência e capacidade de decisão. Ele não precisa entrar em uma briga para mostrar o motivo de ser um herói, basta liderar.
Jornada nas Estrelas
Ninguém fica perdido por não conhecer as séries ou filmes antigos. Borgs, Romulanos, Thau Shiar tudo é explicado durante os 10 episódios. Esse é um dos grandes méritos da série. Conseguir justificar toda a mitologia e personagens no roteiro. Picard começa a aventura sendo acusado de ter errado no passado, quando salvou Romulanos, considerados inimigos da Federação. Ele é acusado, pois enquanto deslocava naves para salvar os “inimigos”, sintéticos atacaram marte, matando todos.
Ao responder as acusações, Picard diz não ter salvado inimigos, apenas vidas e que faria novamente. A partir daí a trama se desenvolve com personagens novos e antigos. O mais interessante no roteiro é a pauta em termos atuais, temos uma minoria oprimida, um povo odiado por decisões equivocadas de seus líderes e uma organização interestelar corrompida. Picard não é um líder revolucionário, mas um reformista, alguém disposto a provar para todos a necessidade das instituições existentes.
Os longos diálogos dão um tom político a série e possibilita Patrick Stewart brilhar como o grande ator de teatro que sempre foi. Não fossem as naves, a maquiagem exacerbada e os grandes planos do espaço e de planetas, a série poderia facilmente se encaixar em um palco, pois o centro da série são os atores e diálogos. Os plots e reviravoltas não se dão em meio a lutas das naves ou nas batalhas com armas laser, mas em falas.
Stars Wars X Jornada nas Estrelas
Ao fim, a comparação é inevitável no mundo do entretenimento. A Marvel e a DC, é nosso maior exemplo. Os fãs travam a maior batalha na internet, enquanto as duas editoras ficam milionárias pela publicidade gratuita. Stars Wars (crítica sobre Stars Wars Despertar da Força) e Jornada nas Estrelas protagonizaram rivalidade semelhante, hoje “meio” adormecida. Mesmo sendo séries parecidas, as propostas são bem diferentes. E antes de sair em defesa de uma ou outra, acho interessante analisar em que Picard acertou e onde Stars Wars errou.
Quando o primeiro filme da nova trilogia foi lançado esperávamos o retorno dos antigos personagens para ação, não que eles servissem de catapulta para uma nova franquia. A nova saga, não colocou Luke Skywalker à frente, o relegou ao um personagem coadjuvante, não desmerecendo estes. Diferente disso, podemos não ter tido Picard fazendo tudo o que esperávamos, mas ele foi o protagonista e salvou o universo.
Texto pública na Folha Norte de SC
Kingdom (2ª Temporada)
4.3 146Kingdom, série Coreana sobre Zumbis é um bom entretenimento. Zumbis estão saturados no mercado e novas leituras são desafiadoras. Achei interessante a primeira temporada ter apenas um diretor e a segunda dois, séries americanas tem vários e os produtores cuidam para manter o tom. A série é divertida pela cenas de ação, sempre bem executadas, mas também o roteiro não deixa a desejar. Uma planta é usada para trazer os mortos a vida, o que se torna uma praga, pois infecta a população do país. Você tem a corrupção do estado, uma família rica tentando controlar o reinado e o povo passando fome. Os personagens femininos tem força, sem precisar mostrar isso como se fosse uma cota, vilãs e mocinhas, todas cumprem destaque no roteiro. Agora, não procure arte onde não há, se gosta de zumbi e filmes de ação orientais, assista! Pois não se arrependerá.
Anne com um E (3ª Temporada)
4.6 571 Assista AgoraGosto de como a personagem principal cresce durante as três temporadas de Anne With An, de como ela aprende juntos com os personagens. Rachel, Marília e Mathew não são os mesmos da primeira temporada. Eles mudam e ela os fez mudar. É emocionante com o Mathew sempre tão sensível aos desejos e impulsos de Anne age quando percebe que ela vai ficar longe. Anne With An é uma boa série, mesmo nos exageros dos personagens. Afinal, Anne deve ter enchido um mar de lágrimas, mas quando lembramos de tudo que ela passou, talvez esse mar seja apenas um lago. Quando seus amigos precisam, quando é preciso fazer aquilo que é certo, ela não reluta. Anne acolhe o mundo, como foi acolhida. É interessante notar como a a série possui um tom paternalista, os conflitos são sempre resolvidos por meio da comoção. Tudo com muita imaginação que, talvez seja a parte mais bonita da série. A forma como ela imprime a poesia ao mundo que ela vive. A forma como os problemas do racismo e das mulheres é tratado de maneira natural na dramaturgia. Os discursos e as defesa das ideias e a luta por mudança é carregada com muita contradição, como é na vida.
Triste Anne não continuar, mas mesmo assim, Anne mostra todo o potencial de um melodrama adolescente. Algo que outras série, como titãs ou Sabrina parecem não perceber.
O Mundo Sombrio de Sabrina (Parte 3)
3.4 277 Assista AgoraA terceira temporada do Mundo Sombrio de Sabrina me pareceu perder o encanto da descoberta. O legal na série era o fato de ela ficar dividida, enfrentar o mundo novo e tentar descobrir o mundo. Gosto de como trata a violência de forma adulta, mas como titãs Sabrina parece tratar apenas a violência de forma adulta, no restante a série continua um novelão. Personagens em excesso e tempo de mais perdido em assuntos fúteis. Pena, pois é mais uma série que talvez eu não acompanhe, mas que eu tinha grande expectativa.
Ragnarok (1ª Temporada)
3.4 177 Assista AgoraA nova série sobre a mitologia Nórdica é legal, mas apenas 6 episódios desanima. A série parece não ter pressa em explicar todas as ideias expostas, pois ficaram muitas pelo caminho. Outro problema é que tudo caminha para uma luta de antigos deuses em mundo moderno. É um Deuses americanos, sem filosofia, Neil Gaimam de showrunner e em uma escola de ensino médio. Tem tudo para ser mais um novelao adolescente.
Titãs (2ª Temporada)
3.3 214 Assista AgoraNão gosto das séries da DC, pois elas são um novelão adolescente. Titãs parecia diferente, mas a segunda temporada parece seguir a regra. O centro da trama são as relações familiares e a crise de identidade. Não acho essa motivação ruim, mas a forma como ela é tratada, sempre no privado em longos diálogos, justificando culpa ou pedindo perdão. As coreografias das lutas também são extremamente ruins, devido ao uso excessivo de dublês. A série poderia ser melhor, Mutano e Dicky, Robin/Asa Noturna, são personagens deverás interessantes, mas com texto muito melodramáticos. Bruce Wayne também é bem legal, mas ele aparece excessivamente, o ator é excelente e consegue fazer jus ao papel de um pai/mentor, mas fica muito chato as longas aparições. Sinceramente não sei se verei a terceira temporada, mas é uma pena, a série tinha tudo para ser uma produção mais madura.