Dava pra fazer um filme só do cara que sobreviveu, a descrição que ele dá sobre aquele momento definitivo da vida é extraordinariamente poética e tremendamente tendenciosa para os religiosos de plantão, todos afirmariam que foi Deus que o salvou, mas ainda assim ele destaca que crê em outro significado pra isso. Mas não somente do vivo, mas de todos aqueles que morreram. Tantas pessoas envolvidas em mortes que o mundo não deixaria de presenciar. Pensei durante todo o filme no motivo dos órgãos responsáveis pela ponte não criarem grades mais altas, túneis para as pessoas passarem, o que impossibilitasse aqueles de se atirarem contra o mar, mas pensei bem reflexivamente sobre o que a senhora falava sobre a decisão do Gene, tão conformada com a decisão que ele havia tomado. Pude perceber que uma hora ou outra, ele e todos aqueles outros que pularam arranjariam uma forma de cometer tal ato. Mas é triste ver as pessoas vazias desse jeito. Em alguns casos, a doença acontece por placebo reverso, quando a pessoa afirma tanto a posse de uma depressão, bipolaridade, esquizofrenia, que tudo passa a realmente se enraizar no corpo. Mas acho que ainda assim, se tivessem um auxílio, se o mundo não fosse tão desenfreado e canibal, todos conseguiríamos viver nossas vidas do começo ao fim sem precisarmos ultrapassar a ordem natural da vida.
Bem saudável, mesmo que no desenvolver ele trate da realidade, sempre suaviza com o humor sutil da personagem. Frances frente aos traumas da vida adulta costuma tratar de tudo isso como uma aventura, e nunca se dá por vencida. A visão que tive durante o filme é que se não conhecêssemos a personagem e ouvíssemos falar dela, provavelmente diríamos: "Por que não conversam com essa garota e dizem a ela que esse não é o seu ofício? Ser bailarina não é pra todo mundo" ou coisas do tipo "Amigas de verdade deveriam ficar felizes pelo seu progresso na vida". Mas como a Frances é carrega de músicas boas e bom humor, ela se torna uma personagem amável.
Não sei se por passar tanto tempo sem assistir algo do Hitchcock, mas a volta pra esses filmes incríveis que ele fazia me fez sentir como se estivesse depois de tanto tempo, assistindo algo incrível de novo. Claro, o filme todo surpreendeu pela trama envolvente, mesmo que em algumas partes ele poderia ter trabalhado bem mais em umas falhas que quase se dissipam com a qualidade do trabalho todo. Longe do melhor, mas também muito longe do pior filme do diretor.
Imaginamos comumente o grandioso amor de uma mãe, mas não o ódio. E essa obra prima, tanto em cartaz como em filme, releva a crueldade que mora no coração de uma mãe que perdeu o seu filho. Aos mais espertos, desculpe, eu fiquei confiante que ela era tão desequilibrada quanto o filho, mas não que ela era a mãe do garoto morto. Esse filme é recheado de mentes doentias e sanguinárias, mas acima de tudo, ele é repleto de obsessão, sendo ela aqui, a carência que qualquer um tem de um sentimento materno e acolhedor, e a quem não teve, a obsessão é tão mais atenuada. Um filme repleto de materialismo sentimental, que percorre em lágrimas que não deixam de cair, lágrimas tão explicáveis ao fim. A violência é praticada durante todo o filme, mas como não temos contato com a vida dos outros personagens, nada passa de tortura, mas o final do filme, quando vemos ela cair e ele chorar tempestuosamente é que sentimentos a primeira e única sensação de dor verdadeira.
Vocês falaram tanto do Monty Python em Busca do Cálice Sagrado que eu já nem consigo imaginar como deve ser esse filme. Se gostei tanto da Vida de Brian, imagine esse outro...
Gritei um "uhul" dentro da sala. O filme é tão bom que me emocionou. Me senti arrastado pela sala e chacolhado pelo demônio. A agonia grita e cospe na tua cara. As referências aos clássicos como o The Birds do Hitchcock, a maquiagem carregada um tanto Evil Dead, até mesmo naquela cena em que ele desce ao porão. Com toda certeza não podemos deixar de procurar essa trilha sonora fantástica que não deixa o filme tornar-se anacrônico. Como alguns já disseram, o marketing de "baseado em fatos reais" força um pouco a barra, e o final com música resplandescente de felicidade no ar foi o momento de enfiar goela um sentimento maniqueísta de: "... e o bem ganhou". Tirando isso, nem preciso citar o filme inteiro: Assistam! Porque até eu quero ver de novo.
Procrastinei, e depois de tanta prorrogação foi evidente o contentamento, mesmo que encarregado de algumas insatisfações comuns no roteiro do Dolan. Rever o diretor nesse filme é essencial para apreciarmos uma nova fase que se exibe tão presente, o amadurecimento. Dolan move suas peças ainda que em um mesmo tema, mas consegue desprender-se da "sexualidade teen" para encarregar energias consolidadas na vida de um homem que não se reconhece no corpo onde nasceu. É imperdoável vermos esse filme por ângulos sociais ou comportamentais, afinal, ele pisa fundo quando mergulha no psicológico de um ser que abdica de todo seu ciclo interpessoal em prol de um satisfação própria, que poderia o levar, ou não, a uma realização. É irrefutável do filme características únicas, sensíveis e inquietantes, tratando de uma assunto tão delicado quanto o aqui apresentado, sendo então um filme pioneiro nesse sentido. O pecado cometido por deslizes foi a previsão, que ora parecia tão distante de um filme tão inusitado, ora se mostrava tão presente como uma "novela". O que jamais caberia aos filmes do Dolan, por ser ele em suma um belo criador de obras que se chocam em uma mesma moldura. Agora adicionando toques que culminam em um conteúdo engrandecedor para a solidificação de uma carreira que passa a faiscar cada vez mais.
Nada mais que uma minuciosa viagem pelas absolutas certezas da juventude, que nada passam de momentos incrivelmente mágicos e efêmeros. E o tormento do amadurecimento (que o Bergman insiste em recitar em seus filmes) agindo sobre o corpo da bailarina, de uma mulher de espírito amargurado, fadado a trocar a dor da perda pelo exercício árduo sob as sapatilhas. A bailarina como alguém que eventualmente esbanja simpatia, sendo a figura mais triste e solitária por trás das coxias. E indo muito mais além nas profundezas da linha tênue que liga o amor mais voraz e a dor mais sofrida. Das cenas mais esporádicas às mais explicativas é improvável não identificar-se.
Bergman sempre me soou turvo e longínquo. Seus filmes tangiam minha vida em um ponto e o resto parecia poeira, solúvel e invisível. Com exceção de O Sétimo Selo, que já havia criado um carisma com o diretor. Embora, ainda assim sua tão comentada maestria ficasse razoavelmente nos comentários alheios. Agora posso fazer disso tudo passado a partir da manhã que resolvi assistir Morangos Silvestres. O meu primeiro contato se deu há tempos atrás, mas a nossa relação só obteve desenvolvimento ao assistir esse filme. Agora todos aqueles comentários, os quais queriam dizer tanto e não diziam nada que se equiparasse a qualidade dos filmes dele, agora todos eles fazem sentido.
O filme carrega uma análise tão profunda que é possível mergulhar nos sonhos de Isak e acordar embriagado deles no meio do filme. A condição de mortal que carregam todos os personagens parece inexistir na família de Isak. No momento que tornam-se todos frios e impenetráveis parecem abdicar de todas as dádivas que a vida nos oferece. A possibilidade de ser pai parece o fim da vida. A riqueza sem carinho é o fim da vida. E Isak percorre no meio da vida do filho (quem ele foi) e de sua mãe (quem ele será).
Seus sonhos têm o papel crucial de alertar a ele no que resultará sua solidez e rusticidade. Até que ao encontrar-se no meio de tantos jovens, e perceber que no meio deles a vida suspira fria e leve. Ele parece se sentir jovem pela primeira vez. Seu sorriso abre-se. É difícil dizer quem Isak se tornou depois dessa viagem, mas com toda certeza não será a pedra que costumou ser por tantos anos. Afinal, não é porque estejamos no fim da vida, que não há tempo para descumprirmos as regras, que não há tempo para mudarmos, que não há tempo de apreciarmos o fim dela como a parte mais doce do deleite, a sobremesa.
Colin era tão humano quanto nós, e mesmo com tamanha fantasia do filme não se perde a realidade que este pode transmitir metaforicamente. Chloe era a mulher dos seus sonhos, mas viver aquilo com ela não fazia parte do plano. O ocorrido transcende a ideia de traição, não como algo depreciativo ou humilhante, mesmo que tenha visto essa visão na expressão das pessoas no cinema. Chloe nunca o perdoaria por ter se relacionado com Alise, porque entendo ela como alguém que veria isso de forma diferente.
Atuar como na vida, ver a vida e ser. Sr, Oscar não deixa de ser quem é, mas também nunca deixa de ser quem não é. Dessa forma se constrói um dos personagens mais enigmáticos do cinema, que no tempo em que se mostra das formas mais extraordinárias, nunca atua sendo quem é. E quem ele é afinal?
Quando nossa expectativa é ver ele saindo ou chegando em sua verdadeira casa, percebemos que nenhuma é dele e que na verdade ele pertence a todas. Nos mostra que o ator deixa sua identidade para assumir o papel de forma tão profunda que deixa de ser uma pessoa pra se tornar alguém além da aparência.
Cenas que me marcaram profundamente: O diálogo com a filha no carro. O elfo (gnomo) com a modelo na caverna. As cenas do prédio com a outra atriz.
O poder do ator em cena nunca esteve tão evidente na história do cinema. É um dos filmes de fantasia mais espetaculares que já assisti.
O retrato é excepcionalmente composto de maldade, perversidade e vingança, todas usadas para bens pessoais ou familiares. Mantendo no mesmo ambiente uma corporação que extrapola os limites dos direitos destinados à ela, e contraponto uma companhia familiar repleta de desafeto e ciúmes. Um cenário ideal para expor a destruição do ser humano enquanto ser impassível de dar e receber o perdão. O que li aqui sobre as pessoas que ficaram inconformadas com a escassez de diálogo não foi pouco, e isso me fez lembrar da incapacidade das pessoas em conseguirem interagir com linguagens que não seja a verbal. Até porque a nossa sociedade é baseada predominantemente na linguagem oral, fomos criados assim e assim compreendemos melhor. Mas quem conseguiu captar o que os olhares, os gestos e os sentidos puderam transmitir conseguiram relacionar-se com esse filme da forma mais intensa possível. Afinal, esse filme não se expressa com palavras, o que o torna difícil de ser compreendido, mas não impossível. É preciso assisti-lo com entrega total, e disponibilidade de raciocínio. As semióticas são importantíssimas para manter o filme possível de ser debatido. E falar sobre as técnicas usadas nesse filme seria desnecessário, não vejo onde esse diretor errou, nem onde ele pôde ser corrigido. Talvez deixar o filme mais aberto para o público fosse uma escolha, mas se a opção foi fazer o filme para o agrado de poucos, que assim seja, de qualquer forma eu fiquei fascinado pelo filme. Poderia citar as cenas que mais me marcaram, mas estenderia esse cometário demais. Recomendo com apreço a todos os cinéfilos.
Não conhecia Eric Rohmer até hoje. Depois desse filme irei procurá-lo mais, com toda certeza. Esse filme foi minha primeira impressão. E quê "agradável" impressão. Porquê ao mesmo tempo em que me encantei com o filme, só consegui respirar no final, pouco depois do verde aparecer. Criei tanta expectativa pra que Delphine ficasse confinada nos seus arranjos morais, que achei estranho o fim dela ser tão positivo ao encontrar outra pessoa que não fosse Jean-Pierre. Meus olhos ficaram secos durante todo filme, mas meu coração pôde sentir as lágrimas presas da personagem.
A angústia de Delphine por não encontrar o homem ideal se transforma em uma frustração latente, que por diversas horas consegue atingir com o silêncio da personagem as pessoas que a rondam. As amigas dela sempre tentando contratar novos amores a todo custo, mesmo que eles nunca fossem amores. Elas na verdade, procurando sempre uma forma de prender Delphine a alguém que não amasse a ninguém. E ela nunca quis isso. Como ela própria disse no fim ao Edouard: "Prefiro minha solidão a amores falsos" (algo do tipo). Então fica claro que ela nunca procurou um homem, e sim alguém para estar presente, sem que tenha ela que se prostrar sob o telefone e implorar atenção. Um homem que sinta por ela amor, ao invés de tesão. E acho que Delphine achou, como merecido.
O que Naomi tá fazendo aqui? Me decepcionei com a atuação dela nesse filme. Sei que ela é bem mais do que isso. Mas entendo que é um filme bem comercial mesmo e que os atores as vezes acabam se vendendo pra esses trabalhos. Acho incrível como a justificativa pra tudo no filme é boba demais, o mistério todo desvendado em pouca coisa. É muito fácil contra argumentar o enredo do filme, o que nos faz perceber que mesmo com todos esses astros do cinema e esse mistério "surpreendente" o filme não tem base consolidada.
O debate após esse filme foi totalmente atual. Os personagens foram conseguindo nomes novos, o processo civilizatório democrático tão querido por todos no filme ainda é procurado por nós todos. A passividade do povo, o líder salvador da pátria, a desesperança de alguns e a esperteza de outros. Tudo em um filme de 1983, que mesmo passando seus 30 anos, conservamos muito bem na nossa sociedade contemporânea.
A necessidade é de conhecimente. É evidente que somos manipulados, eu mesmo que moro aqui na região não imaginava o que acontecia nessas fazendas. Esse documentário deveria ser muito mais explorado e conhecido, como realidade de brasileiro marginalizados, sem amparo da lei, mesmo que dentro do território nacional, mas não do Brasil de fato. As cenas são tão realistas que doem. Nomes como Lucio Flávio Pinto, Felicio Pontes demonstram a relevância dos dados. Pessoas que vivem o contexto agrário e nos dizem com convicção a crítica situação que os camponeses vivem no sul do Pará.
Tenho a leve impressão que a última cena foi projetada instantaneamente na cabeça de alguém, e esse alguém tentou traçar um caminho pra chegar na cena final, e a cena final realmente é boa, não com o percurso que ela tomou, mas sim com o que ela poderia ter tomado. Achei o filme super forçado, inusitado demais pra tanta falta do que fazer. Tentaram até colocar o ator francês como personagem atrativo, mas a atração desse filme não passou de mera ilusão.
Ser uma boa atriz é saber representar, ser a Naomi Watts é te fazer sofrer junto com ela. Esse filme todo é angustiante e cansativo, nos faz boiar sobre tantas dúvidas, se perder em meio ao lixo e nos encontrar rodeados de medo. É um filme histórico muito bem produzido, sem contar nos efeitos especiais super produzidos para abrigar gênios como Ewan McGregor e apresentar novos como o filho mais velho. Esse filme vai mostrar a futuras gerações o que aconteceu na Tailândia em 2004 e que mobilizou o mundo todo a fim de ser solidário.
Brasileiro não vai ao cinema contemplar conteúdo histórico nacional mesmo, lê somente revista de fofoca, passa longe das bibliotecas, mas o imposto está em dia, é nisso que dá, tanta história pra contar, tanta coisa pra saber, e poucas pessoas pra ouvir, pouca verba pra cultura enquanto tem tanta gente sendo enganada, venham conhecer a República meus cidadãos, venham saber onde ela começou e o que foi e sempre será a Guerra de Canudos!
Não é ruim, mas "você não é tudo isso meu bem". Vi muita glorificação pra um filme só, que mesmo não sendo previsível, perde muito nas atuações e na especificidade do gênero, sendo que quebrar as técnicas nem sempre são é o modo plausível de fazer cinema, e inovar não é puramente deixar de fazer o convencional, há uma linha que percorre o genialidade típica da geniliadade exótico, e pra mim, o filme se perdeu e tentou se achar, conseguiu chegar ao fim agradando, mas faltou desenvolvimento, que em particular acho realmente uma das partes mais difíceis pra não deixar o filme cair.
A Ponte
4.0 301 Assista AgoraDava pra fazer um filme só do cara que sobreviveu, a descrição que ele dá sobre aquele momento definitivo da vida é extraordinariamente poética e tremendamente tendenciosa para os religiosos de plantão, todos afirmariam que foi Deus que o salvou, mas ainda assim ele destaca que crê em outro significado pra isso. Mas não somente do vivo, mas de todos aqueles que morreram. Tantas pessoas envolvidas em mortes que o mundo não deixaria de presenciar. Pensei durante todo o filme no motivo dos órgãos responsáveis pela ponte não criarem grades mais altas, túneis para as pessoas passarem, o que impossibilitasse aqueles de se atirarem contra o mar, mas pensei bem reflexivamente sobre o que a senhora falava sobre a decisão do Gene, tão conformada com a decisão que ele havia tomado. Pude perceber que uma hora ou outra, ele e todos aqueles outros que pularam arranjariam uma forma de cometer tal ato. Mas é triste ver as pessoas vazias desse jeito. Em alguns casos, a doença acontece por placebo reverso, quando a pessoa afirma tanto a posse de uma depressão, bipolaridade, esquizofrenia, que tudo passa a realmente se enraizar no corpo. Mas acho que ainda assim, se tivessem um auxílio, se o mundo não fosse tão desenfreado e canibal, todos conseguiríamos viver nossas vidas do começo ao fim sem precisarmos ultrapassar a ordem natural da vida.
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraBem saudável, mesmo que no desenvolver ele trate da realidade, sempre suaviza com o humor sutil da personagem. Frances frente aos traumas da vida adulta costuma tratar de tudo isso como uma aventura, e nunca se dá por vencida. A visão que tive durante o filme é que se não conhecêssemos a personagem e ouvíssemos falar dela, provavelmente diríamos: "Por que não conversam com essa garota e dizem a ela que esse não é o seu ofício? Ser bailarina não é pra todo mundo" ou coisas do tipo "Amigas de verdade deveriam ficar felizes pelo seu progresso na vida". Mas como a Frances é carrega de músicas boas e bom humor, ela se torna uma personagem amável.
Pacto Sinistro
4.1 292 Assista AgoraNão sei se por passar tanto tempo sem assistir algo do Hitchcock, mas a volta pra esses filmes incríveis que ele fazia me fez sentir como se estivesse depois de tanto tempo, assistindo algo incrível de novo. Claro, o filme todo surpreendeu pela trama envolvente, mesmo que em algumas partes ele poderia ter trabalhado bem mais em umas falhas que quase se dissipam com a qualidade do trabalho todo. Longe do melhor, mas também muito longe do pior filme do diretor.
O Desprezo
4.0 266Godard com Brigitte Bardot, roteiro filmado com a melhor estética. Ângulos mágicos de um filme sensacional. Ai, como resistir?
Pietá
3.8 199 Assista AgoraImaginamos comumente o grandioso amor de uma mãe, mas não o ódio. E essa obra prima, tanto em cartaz como em filme, releva a crueldade que mora no coração de uma mãe que perdeu o seu filho. Aos mais espertos, desculpe, eu fiquei confiante que ela era tão desequilibrada quanto o filho, mas não que ela era a mãe do garoto morto. Esse filme é recheado de mentes doentias e sanguinárias, mas acima de tudo, ele é repleto de obsessão, sendo ela aqui, a carência que qualquer um tem de um sentimento materno e acolhedor, e a quem não teve, a obsessão é tão mais atenuada. Um filme repleto de materialismo sentimental, que percorre em lágrimas que não deixam de cair, lágrimas tão explicáveis ao fim. A violência é praticada durante todo o filme, mas como não temos contato com a vida dos outros personagens, nada passa de tortura, mas o final do filme, quando vemos ela cair e ele chorar tempestuosamente é que sentimentos a primeira e única sensação de dor verdadeira.
A Vida de Brian
4.2 560 Assista AgoraVocês falaram tanto do Monty Python em Busca do Cálice Sagrado que eu já nem consigo imaginar como deve ser esse filme. Se gostei tanto da Vida de Brian, imagine esse outro...
Invocação do Mal
3.8 3,9K Assista AgoraGritei um "uhul" dentro da sala. O filme é tão bom que me emocionou. Me senti arrastado pela sala e chacolhado pelo demônio. A agonia grita e cospe na tua cara. As referências aos clássicos como o The Birds do Hitchcock, a maquiagem carregada um tanto Evil Dead, até mesmo naquela cena em que ele desce ao porão. Com toda certeza não podemos deixar de procurar essa trilha sonora fantástica que não deixa o filme tornar-se anacrônico. Como alguns já disseram, o marketing de "baseado em fatos reais" força um pouco a barra, e o final com música resplandescente de felicidade no ar foi o momento de enfiar goela um sentimento maniqueísta de: "... e o bem ganhou". Tirando isso, nem preciso citar o filme inteiro: Assistam! Porque até eu quero ver de novo.
Laurence Anyways
4.1 551 Assista AgoraProcrastinei, e depois de tanta prorrogação foi evidente o contentamento, mesmo que encarregado de algumas insatisfações comuns no roteiro do Dolan. Rever o diretor nesse filme é essencial para apreciarmos uma nova fase que se exibe tão presente, o amadurecimento. Dolan move suas peças ainda que em um mesmo tema, mas consegue desprender-se da "sexualidade teen" para encarregar energias consolidadas na vida de um homem que não se reconhece no corpo onde nasceu.
É imperdoável vermos esse filme por ângulos sociais ou comportamentais, afinal, ele pisa fundo quando mergulha no psicológico de um ser que abdica de todo seu ciclo interpessoal em prol de um satisfação própria, que poderia o levar, ou não, a uma realização.
É irrefutável do filme características únicas, sensíveis e inquietantes, tratando de uma assunto tão delicado quanto o aqui apresentado, sendo então um filme pioneiro nesse sentido.
O pecado cometido por deslizes foi a previsão, que ora parecia tão distante de um filme tão inusitado, ora se mostrava tão presente como uma "novela". O que jamais caberia aos filmes do Dolan, por ser ele em suma um belo criador de obras que se chocam em uma mesma moldura. Agora adicionando toques que culminam em um conteúdo engrandecedor para a solidificação de uma carreira que passa a faiscar cada vez mais.
Juventude
4.2 82 Assista AgoraNada mais que uma minuciosa viagem pelas absolutas certezas da juventude, que nada passam de momentos incrivelmente mágicos e efêmeros. E o tormento do amadurecimento (que o Bergman insiste em recitar em seus filmes) agindo sobre o corpo da bailarina, de uma mulher de espírito amargurado, fadado a trocar a dor da perda pelo exercício árduo sob as sapatilhas. A bailarina como alguém que eventualmente esbanja simpatia, sendo a figura mais triste e solitária por trás das coxias. E indo muito mais além nas profundezas da linha tênue que liga o amor mais voraz e a dor mais sofrida. Das cenas mais esporádicas às mais explicativas é improvável não identificar-se.
Morangos Silvestres
4.4 656Bergman sempre me soou turvo e longínquo. Seus filmes tangiam minha vida em um ponto e o resto parecia poeira, solúvel e invisível. Com exceção de O Sétimo Selo, que já havia criado um carisma com o diretor. Embora, ainda assim sua tão comentada maestria ficasse razoavelmente nos comentários alheios. Agora posso fazer disso tudo passado a partir da manhã que resolvi assistir Morangos Silvestres. O meu primeiro contato se deu há tempos atrás, mas a nossa relação só obteve desenvolvimento ao assistir esse filme. Agora todos aqueles comentários, os quais queriam dizer tanto e não diziam nada que se equiparasse a qualidade dos filmes dele, agora todos eles fazem sentido.
O filme carrega uma análise tão profunda que é possível mergulhar nos sonhos de Isak e acordar embriagado deles no meio do filme. A condição de mortal que carregam todos os personagens parece inexistir na família de Isak. No momento que tornam-se todos frios e impenetráveis parecem abdicar de todas as dádivas que a vida nos oferece. A possibilidade de ser pai parece o fim da vida. A riqueza sem carinho é o fim da vida. E Isak percorre no meio da vida do filho (quem ele foi) e de sua mãe (quem ele será).
Seus sonhos têm o papel crucial de alertar a ele no que resultará sua solidez e rusticidade. Até que ao encontrar-se no meio de tantos jovens, e perceber que no meio deles a vida suspira fria e leve. Ele parece se sentir jovem pela primeira vez. Seu sorriso abre-se. É difícil dizer quem Isak se tornou depois dessa viagem, mas com toda certeza não será a pedra que costumou ser por tantos anos. Afinal, não é porque estejamos no fim da vida, que não há tempo para descumprirmos as regras, que não há tempo para mudarmos, que não há tempo de apreciarmos o fim dela como a parte mais doce do deleite, a sobremesa.
A Espuma dos Dias
3.7 479 Assista AgoraSó pra constar como observação que não vi nos comentários abaixo:
Colin era tão humano quanto nós, e mesmo com tamanha fantasia do filme não se perde a realidade que este pode transmitir metaforicamente. Chloe era a mulher dos seus sonhos, mas viver aquilo com ela não fazia parte do plano. O ocorrido transcende a ideia de traição, não como algo depreciativo ou humilhante, mesmo que tenha visto essa visão na expressão das pessoas no cinema. Chloe nunca o perdoaria por ter se relacionado com Alise, porque entendo ela como alguém que veria isso de forma diferente.
Holy Motors
3.9 652 Assista AgoraAtuar como na vida, ver a vida e ser. Sr, Oscar não deixa de ser quem é, mas também nunca deixa de ser quem não é. Dessa forma se constrói um dos personagens mais enigmáticos do cinema, que no tempo em que se mostra das formas mais extraordinárias, nunca atua sendo quem é. E quem ele é afinal?
Quando nossa expectativa é ver ele saindo ou chegando em sua verdadeira casa, percebemos que nenhuma é dele e que na verdade ele pertence a todas. Nos mostra que o ator deixa sua identidade para assumir o papel de forma tão profunda que deixa de ser uma pessoa pra se tornar alguém além da aparência.
Cenas que me marcaram profundamente: O diálogo com a filha no carro. O elfo (gnomo) com a modelo na caverna. As cenas do prédio com a outra atriz.
O poder do ator em cena nunca esteve tão evidente na história do cinema. É um dos filmes de fantasia mais espetaculares que já assisti.
Apenas Deus Perdoa
3.0 630 Assista AgoraO retrato é excepcionalmente composto de maldade, perversidade e vingança, todas usadas para bens pessoais ou familiares. Mantendo no mesmo ambiente uma corporação que extrapola os limites dos direitos destinados à ela, e contraponto uma companhia familiar repleta de desafeto e ciúmes. Um cenário ideal para expor a destruição do ser humano enquanto ser impassível de dar e receber o perdão.
O que li aqui sobre as pessoas que ficaram inconformadas com a escassez de diálogo não foi pouco, e isso me fez lembrar da incapacidade das pessoas em conseguirem interagir com linguagens que não seja a verbal. Até porque a nossa sociedade é baseada predominantemente na linguagem oral, fomos criados assim e assim compreendemos melhor. Mas quem conseguiu captar o que os olhares, os gestos e os sentidos puderam transmitir conseguiram relacionar-se com esse filme da forma mais intensa possível. Afinal, esse filme não se expressa com palavras, o que o torna difícil de ser compreendido, mas não impossível. É preciso assisti-lo com entrega total, e disponibilidade de raciocínio. As semióticas são importantíssimas para manter o filme possível de ser debatido.
E falar sobre as técnicas usadas nesse filme seria desnecessário, não vejo onde esse diretor errou, nem onde ele pôde ser corrigido. Talvez deixar o filme mais aberto para o público fosse uma escolha, mas se a opção foi fazer o filme para o agrado de poucos, que assim seja, de qualquer forma eu fiquei fascinado pelo filme. Poderia citar as cenas que mais me marcaram, mas estenderia esse cometário demais. Recomendo com apreço a todos os cinéfilos.
Em Busca da Vida
3.9 34Eternamente intrigado com as mil e uma interpretações daquelas cenas fantásticas. Filme estupendo!
O Raio Verde
4.1 87Não conhecia Eric Rohmer até hoje. Depois desse filme irei procurá-lo mais, com toda certeza. Esse filme foi minha primeira impressão. E quê "agradável" impressão. Porquê ao mesmo tempo em que me encantei com o filme, só consegui respirar no final, pouco depois do verde aparecer. Criei tanta expectativa pra que Delphine ficasse confinada nos seus arranjos morais, que achei estranho o fim dela ser tão positivo ao encontrar outra pessoa que não fosse Jean-Pierre. Meus olhos ficaram secos durante todo filme, mas meu coração pôde sentir as lágrimas presas da personagem.
A angústia de Delphine por não encontrar o homem ideal se transforma em uma frustração latente, que por diversas horas consegue atingir com o silêncio da personagem as pessoas que a rondam. As amigas dela sempre tentando contratar novos amores a todo custo, mesmo que eles nunca fossem amores. Elas na verdade, procurando sempre uma forma de prender Delphine a alguém que não amasse a ninguém. E ela nunca quis isso. Como ela própria disse no fim ao Edouard: "Prefiro minha solidão a amores falsos" (algo do tipo). Então fica claro que ela nunca procurou um homem, e sim alguém para estar presente, sem que tenha ela que se prostrar sob o telefone e implorar atenção. Um homem que sinta por ela amor, ao invés de tesão. E acho que Delphine achou, como merecido.
A Casa dos Sonhos
3.2 1,4K Assista AgoraO que Naomi tá fazendo aqui? Me decepcionei com a atuação dela nesse filme. Sei que ela é bem mais do que isso. Mas entendo que é um filme bem comercial mesmo e que os atores as vezes acabam se vendendo pra esses trabalhos. Acho incrível como a justificativa pra tudo no filme é boba demais, o mistério todo desvendado em pouca coisa. É muito fácil contra argumentar o enredo do filme, o que nos faz perceber que mesmo com todos esses astros do cinema e esse mistério "surpreendente" o filme não tem base consolidada.
Danton: O Processo da Revolução
3.8 72O debate após esse filme foi totalmente atual. Os personagens foram conseguindo nomes novos, o processo civilizatório democrático tão querido por todos no filme ainda é procurado por nós todos. A passividade do povo, o líder salvador da pátria, a desesperança de alguns e a esperteza de outros. Tudo em um filme de 1983, que mesmo passando seus 30 anos, conservamos muito bem na nossa sociedade contemporânea.
Depois de Lúcia
3.8 1,1K Assista AgoraViolência por violência, passividade, omissão, abuso, menoridade penal, ingenuidade e realidade. A violência nossa de cada dia.
Nas Terras do Bem-Virá
4.6 12A necessidade é de conhecimente. É evidente que somos manipulados, eu mesmo que moro aqui na região não imaginava o que acontecia nessas fazendas. Esse documentário deveria ser muito mais explorado e conhecido, como realidade de brasileiro marginalizados, sem amparo da lei, mesmo que dentro do território nacional, mas não do Brasil de fato. As cenas são tão realistas que doem. Nomes como Lucio Flávio Pinto, Felicio Pontes demonstram a relevância dos dados. Pessoas que vivem o contexto agrário e nos dizem com convicção a crítica situação que os camponeses vivem no sul do Pará.
Minha Mãe
2.8 243Tenho a leve impressão que a última cena foi projetada instantaneamente na cabeça de alguém, e esse alguém tentou traçar um caminho pra chegar na cena final, e a cena final realmente é boa, não com o percurso que ela tomou, mas sim com o que ela poderia ter tomado. Achei o filme super forçado, inusitado demais pra tanta falta do que fazer. Tentaram até colocar o ator francês como personagem atrativo, mas a atração desse filme não passou de mera ilusão.
O Impossível
4.1 3,1K Assista AgoraSer uma boa atriz é saber representar, ser a Naomi Watts é te fazer sofrer junto com ela. Esse filme todo é angustiante e cansativo, nos faz boiar sobre tantas dúvidas, se perder em meio ao lixo e nos encontrar rodeados de medo. É um filme histórico muito bem produzido, sem contar nos efeitos especiais super produzidos para abrigar gênios como Ewan McGregor e apresentar novos como o filho mais velho. Esse filme vai mostrar a futuras gerações o que aconteceu na Tailândia em 2004 e que mobilizou o mundo todo a fim de ser solidário.
Guerra de Canudos
3.2 164Brasileiro não vai ao cinema contemplar conteúdo histórico nacional mesmo, lê somente revista de fofoca, passa longe das bibliotecas, mas o imposto está em dia, é nisso que dá, tanta história pra contar, tanta coisa pra saber, e poucas pessoas pra ouvir, pouca verba pra cultura enquanto tem tanta gente sendo enganada, venham conhecer a República meus cidadãos, venham saber onde ela começou e o que foi e sempre será a Guerra de Canudos!
Cara a Cara
3.6 12Que sinopse safada!
Medo
3.6 158Não é ruim, mas "você não é tudo isso meu bem". Vi muita glorificação pra um filme só, que mesmo não sendo previsível, perde muito nas atuações e na especificidade do gênero, sendo que quebrar as técnicas nem sempre são é o modo plausível de fazer cinema, e inovar não é puramente deixar de fazer o convencional, há uma linha que percorre o genialidade típica da geniliadade exótico, e pra mim, o filme se perdeu e tentou se achar, conseguiu chegar ao fim agradando, mas faltou desenvolvimento, que em particular acho realmente uma das partes mais difíceis pra não deixar o filme cair.