"Uma Tailândia cinza, Bangkok como palco e uma Monarquia no poder que execra seu povo" não seria suficiente pra descrever esse filme. "Experiências homossexuais em Bangcock" também não. "Memórias fragmentadas sobre uma história familiar em frangalhos" igualmente insuficiente. Mas se juntar todas, talvez faça sentido.
Que direção de foto espetacular! As referências foram magistralmente bem aplicadas, assim como a sonoplastia está irreparável. A correlação entre umidade do ar representada por essa (re)pressão atmosférica hostil com um cenário sexual seco, árido, pouco lubrificado é incrível. O filme brinca muito bem com as sensações, criando uma ambientação de um imaginário gay muito característica em obras gays da década passada. Os fetiches criam asas e o uso do leather, de figuras icônicas como o lumber boy, o cowboy, etc, surgem para somar ao folclore desse imaginário. O roteiro não se desprende do cotidiano quando também precisa recorrer ao idílico dos sonhos, se tem presente um arco dramático que enseja arriscar-se para fora do real, mas logo em seguida a ele regressa. São nesses pequenos sobressaltos entre lá e cá que a narrativa em questão se costura e se torna tão significativa em pequenos detalhes da vida cotidiana.
Completamente apaixonado pela intimidade e assertividade que essa câmera consegue obter. Petite Fille é um filme cheio de de ensinamentos, desde a forma que a disforia de gênero se apresenta na infância, como a experiência vivida por essa criança e sua família. O filme nos permite acompanhar a trajetória da família de Sasha que se recusa a vê-la triste. Ao assistir às aulas de balé, sofria quando percebia o olhar de Sasha a vagar sobre os movimentos das colegas de classe, como se quisesse imitá-los. O filme dá pano pra manga pra muita discussão. É definitivamente um dos melhores filmes que assisti nos últimos tempos.
Uma das produções menos elaboradas da A24. Deixando a desejar em alguns pontos da trama. A história rompe a expectativa de que fantasmas são seres demoníacos que agem para o causar o mal. Aqui, o fantasma é praticamente humanizado e suas atitudes "sobrenaturais" são postas quase como uma consequência inevitável dos traumas que um fantasma tem que lidar ao vagar pela sua casa e ver a vida das pessoas amadas seguindo. Tudo sem poder se comunicar.
A mensagem pra mim que ficou foi: resolva seus apegos em vida para não virar um fantasma vagando eternamente por ai sem conseguir se desprender de sua vida antiga e passar seu tempo assombrando criancinhas por ai porque você é um espírito mal resolvido.
Os planos estáticos, sem corte algum, são incorporados como uma linguagem muito certeira nesse filme, um recurso que se assemelha com o da fotografia, proporcionando um maior tempo de exposição, de leitura e de apreensão dos símbolos de um quadro. Provavelmente isso vêm a gerar incômodo em alguns expectadores. Mas há de se compreender o propósito dessas cenas para a narrativa. Elas intensificam a potencialidade de simbolos meramente ilustrativos e pode, quando ao expectador disposto, acrescentar uma subjetividade poética à história e elevar ainda mais a carga de dramaturgia.
Feliz em descobrir que o affair da Amelie Poulain é um diretor de mão cheia, porque para além de construir um filme que esbanja criatividade em cada enquadramento, movimento de câmera e todo tipo de recurso estilístico utilizado, ainda junta isso à uma história cheia de provocações e continua atual ainda hoje.
O abandono da pequena. Logo parece ser um abandono que pode ser expandido para todos daquela família: um abandono social. O filme escancara uma circunstância brutal: o privilégio de poder permanecer e esperar o regresso da criança e não abandoná-la, o privilégio de poder enterrar um ente e no fim das contas: o privilégio de poder constituir uma família. Mas essa instituição "família" só pode existir respeitando uma série de requisitos. Enquanto que aos pobres, putas, ladrões e mal-tratados não lhes é concedido este direito. Trata-se de mais um privilégio. Filme excelente!
A pujança vital desse filme tá desde as mais sutis às mais expressivas escolhas. Religiosos pregando na rua, o músico no metrô, o indigente do bairro, o grupo de dançarinos. Tudo agrega tanto a esse universo que vamos conhecer. A própria forma que a narrativa cinematográfica constrói a alegoria de um refugiado a partir da trama de sua vida, apresentando todas as complexidades dessa situação. No final, a realidade não pode mais ser negociada, o cinema quase parece se abster do seu papel de controle e deixa os sons diegéticos perturbarem nossos ouvidos. Tente fechar os olhos, mas também é preciso tampar os ouvidos. Uma preciosidade!
A diferença é que com um personagem fictício se você atinge um nível medíocre assim, você pode até ficar ali nele porque ele é da sua medida. Com um personagem real, a realidade um pouco esfrega na sua cara onde você poderia estar e você não chegou. Tem alguém acabado na sua frente. O outro é em processo. E outras vezes, fazendo ficção, fazendo um personagem que não existe, você atinge um grau de realidade, que aquela pessoa existe!
Esse filme é uma obra de arte: extremamente estupendo, cruelmente humano e urgentemente essencial.
A guerra aqui é retratada de forma muito distinta dos demais filmes do gênero. Vá e Veja reconstrói um cenário onde a ideologia do terror dizimou aldeias em grande parte da Bielorrússia. Ao mesmo tempo, o filme escancara questões morais ao espectador de altíssimo teor filósofico, como a cena em que explicitam que as ideais de um adulto insano que foram capazes de gerar toda a desgraça que vemos sobre a tela, mas que um dia já foi uma criança no colo de sua mãe. Matamos um bebê pelo julgo da deseja da humanidade. Para de coibir a propagação de suas ideias enquanto adulto. O direito de matar é uma questão chave nesse filme. Em todos os personagens a carga dramatúrgica rompe o senso comum. Cada expressão facial, cada enquadramento, cada movimento de câmera, close, tornam esse filme uma obra prima.
No final eu já não sabia quanto tempo tinha se passou, sentia apenas meu corpo todo arrepiado. Não fazia ideia de quando um filme tinha me feito sentir isso pela última vez.
O trailer apresenta um filme energizante. Fui ao cinema com grande expectativa, vi diversas situações propícias pro filme mergulhar na trama, engrenar um roteiro instigante. Mas o filme parece uma ideia interessante (apresentada no trailer) com um roteiro mal desenvolvido. Em tempos de tramas nacionais tão instigantes, o filme não tem chance. Mas continuo acreditando no potencial da diretora, quem sabe n'uma próxima...
Que atuações maravilhosas! A linguagem corporal nesse filme foi explorada de uma forma singular. Parece que até a pequena Anahí estava em completa sincronia com o filme. A mudança de todos os personagens é impressionante, mas em especial, a de Rúben é a mais surpreendente.
Fetichismo sanguinolento, escárnio e um toque de referências literárias surreais! Parece que anda em alta. Para os adoradores de Mother (2017), dir. Darren Aronofsky, um prato cheio. Para as demais pessoas provavelmente um filme perturbador e repulsivo.
Uma sensação de culpa elitista reprimida? Uma autoflagelação por meio de uma autoculpabilização? Uma questão ética radical?
Acima de tudo, o filme propõe um grande problema ético-filosófico para quem se interessa. Para outros, pode ser no mínimo uma ótima experiência imersiva em questões incômodas e mal resolvidas. Vahid Jalilvand fazendo seu nome.
Ficção e documentário compondo uma obra de arte! Atores estupendos, entregues, sinceros e muito carismáticos! Takes estupendos, cenas marcantes. Uma completa imersão!
Alan
4.5 1Cru, cruel e crucial
The Terrorists
3.5 14"Uma Tailândia cinza, Bangkok como palco e uma Monarquia no poder que execra seu povo" não seria suficiente pra descrever esse filme. "Experiências homossexuais em Bangcock" também não. "Memórias fragmentadas sobre uma história familiar em frangalhos" igualmente insuficiente. Mas se juntar todas, talvez faça sentido.
Vento Seco
3.2 88Que direção de foto espetacular! As referências foram magistralmente bem aplicadas, assim como a sonoplastia está irreparável. A correlação entre umidade do ar representada por essa (re)pressão atmosférica hostil com um cenário sexual seco, árido, pouco lubrificado é incrível. O filme brinca muito bem com as sensações, criando uma ambientação de um imaginário gay muito característica em obras gays da década passada. Os fetiches criam asas e o uso do leather, de figuras icônicas como o lumber boy, o cowboy, etc, surgem para somar ao folclore desse imaginário. O roteiro não se desprende do cotidiano quando também precisa recorrer ao idílico dos sonhos, se tem presente um arco dramático que enseja arriscar-se para fora do real, mas logo em seguida a ele regressa. São nesses pequenos sobressaltos entre lá e cá que a narrativa em questão se costura e se torna tão significativa em pequenos detalhes da vida cotidiana.
Pequena Garota
4.2 9 Assista AgoraCompletamente apaixonado pela intimidade e assertividade que essa câmera consegue obter. Petite Fille é um filme cheio de de ensinamentos, desde a forma que a disforia de gênero se apresenta na infância, como a experiência vivida por essa criança e sua família. O filme nos permite acompanhar a trajetória da família de Sasha que se recusa a vê-la triste. Ao assistir às aulas de balé, sofria quando percebia o olhar de Sasha a vagar sobre os movimentos das colegas de classe, como se quisesse imitá-los. O filme dá pano pra manga pra muita discussão. É definitivamente um dos melhores filmes que assisti nos últimos tempos.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraUma das produções menos elaboradas da A24. Deixando a desejar em alguns pontos da trama. A história rompe a expectativa de que fantasmas são seres demoníacos que agem para o causar o mal. Aqui, o fantasma é praticamente humanizado e suas atitudes "sobrenaturais" são postas quase como uma consequência inevitável dos traumas que um fantasma tem que lidar ao vagar pela sua casa e ver a vida das pessoas amadas seguindo. Tudo sem poder se comunicar.
A mensagem pra mim que ficou foi: resolva seus apegos em vida para não virar um fantasma vagando eternamente por ai sem conseguir se desprender de sua vida antiga e passar seu tempo assombrando criancinhas por ai porque você é um espírito mal resolvido.
Os planos estáticos, sem corte algum, são incorporados como uma linguagem muito certeira nesse filme, um recurso que se assemelha com o da fotografia, proporcionando um maior tempo de exposição, de leitura e de apreensão dos símbolos de um quadro. Provavelmente isso vêm a gerar incômodo em alguns expectadores. Mas há de se compreender o propósito dessas cenas para a narrativa. Elas intensificam a potencialidade de simbolos meramente ilustrativos e pode, quando ao expectador disposto, acrescentar uma subjetividade poética à história e elevar ainda mais a carga de dramaturgia.
O Ódio
4.2 314 Assista AgoraFeliz em descobrir que o affair da Amelie Poulain é um diretor de mão cheia, porque para além de construir um filme que esbanja criatividade em cada enquadramento, movimento de câmera e todo tipo de recurso estilístico utilizado, ainda junta isso à uma história cheia de provocações e continua atual ainda hoje.
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 896 Assista AgoraEstou completamente extasiado. Não consegui organizar em palavras a profundidade e beleza desse filme.
O Mundo é Seu
2.9 18T.U.D.O
Assunto de Família
4.2 400 Assista AgoraLendo os comentários aqui fiquei pensando naquela questão do abandono que me parece central ao filme.
O abandono da pequena. Logo parece ser um abandono que pode ser expandido para todos daquela família: um abandono social. O filme escancara uma circunstância brutal: o privilégio de poder permanecer e esperar o regresso da criança e não abandoná-la, o privilégio de poder enterrar um ente e no fim das contas: o privilégio de poder constituir uma família. Mas essa instituição "família" só pode existir respeitando uma série de requisitos. Enquanto que aos pobres, putas, ladrões e mal-tratados não lhes é concedido este direito. Trata-se de mais um privilégio. Filme excelente!
Não Estou mais Aqui
4.0 75 Assista AgoraA pujança vital desse filme tá desde as mais sutis às mais expressivas escolhas. Religiosos pregando na rua, o músico no metrô, o indigente do bairro, o grupo de dançarinos. Tudo agrega tanto a esse universo que vamos conhecer. A própria forma que a narrativa cinematográfica constrói a alegoria de um refugiado a partir da trama de sua vida, apresentando todas as complexidades dessa situação. No final, a realidade não pode mais ser negociada, o cinema quase parece se abster do seu papel de controle e deixa os sons diegéticos perturbarem nossos ouvidos. Tente fechar os olhos, mas também é preciso tampar os ouvidos. Uma preciosidade!
Entorno da Beleza
3.8 3Onde consigo assistir?
Papillon
4.2 324 Assista AgoraRobert Deman, sonharei com você
7 Caixas
3.9 1895 estrelas é pouco! Que obra prima!
Contra Corrente
4.0 408Caio Braz, corre aqui!
A Arrancada
3.5 3A simbologia dessa cena final me arrepiou!
Jogo de Cena
4.4 336 Assista AgoraA diferença é que com um personagem fictício se você atinge um nível medíocre assim, você pode até ficar ali nele porque ele é da sua medida. Com um personagem real, a realidade um pouco esfrega na sua cara onde você poderia estar e você não chegou. Tem alguém acabado na sua frente. O outro é em processo. E outras vezes, fazendo ficção, fazendo um personagem que não existe, você atinge um grau de realidade, que aquela pessoa existe!
Vá e Veja
4.5 754 Assista Agora5 estrelas é insuficiente.
Esse filme é uma obra de arte: extremamente estupendo, cruelmente humano e urgentemente essencial.
A guerra aqui é retratada de forma muito distinta dos demais filmes do gênero. Vá e Veja reconstrói um cenário onde a ideologia do terror dizimou aldeias em grande parte da Bielorrússia. Ao mesmo tempo, o filme escancara questões morais ao espectador de altíssimo teor filósofico, como a cena em que explicitam que as ideais de um adulto insano que foram capazes de gerar toda a desgraça que vemos sobre a tela, mas que um dia já foi uma criança no colo de sua mãe. Matamos um bebê pelo julgo da deseja da humanidade. Para de coibir a propagação de suas ideias enquanto adulto. O direito de matar é uma questão chave nesse filme. Em todos os personagens a carga dramatúrgica rompe o senso comum. Cada expressão facial, cada enquadramento, cada movimento de câmera, close, tornam esse filme uma obra prima.
No final eu já não sabia quanto tempo tinha se passou, sentia apenas meu corpo todo arrepiado. Não fazia ideia de quando um filme tinha me feito sentir isso pela última vez.
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraO mórbido cinema grego ataca novamente! Repulsivo na melhor qualidade.
Os Jovens Baumann
2.5 27O trailer apresenta um filme energizante. Fui ao cinema com grande expectativa, vi diversas situações propícias pro filme mergulhar na trama, engrenar um roteiro instigante. Mas o filme parece uma ideia interessante (apresentada no trailer) com um roteiro mal desenvolvido. Em tempos de tramas nacionais tão instigantes, o filme não tem chance. Mas continuo acreditando no potencial da diretora, quem sabe n'uma próxima...
As Acácias
3.8 67Que atuações maravilhosas! A linguagem corporal nesse filme foi explorada de uma forma singular. Parece que até a pequena Anahí estava em completa sincronia com o filme. A mudança de todos os personagens é impressionante, mas em especial, a de Rúben é a mais surpreendente.
Chorei muito com o presente que ele dá pra Anahí no final
A Casa Que Jack Construiu
3.5 785 Assista AgoraFetichismo sanguinolento, escárnio e um toque de referências literárias surreais! Parece que anda em alta. Para os adoradores de Mother (2017), dir. Darren Aronofsky, um prato cheio. Para as demais pessoas provavelmente um filme perturbador e repulsivo.
Sem Data, Sem Assinatura
3.9 38 Assista AgoraO médico é A figura mais instigante. O filme termina e fica pairando no ar o que se passa com Kaveh:
Uma sensação de culpa elitista reprimida? Uma autoflagelação por meio de uma autoculpabilização? Uma questão ética radical?
Acima de tudo, o filme propõe um grande problema ético-filosófico para quem se interessa. Para outros, pode ser no mínimo uma ótima experiência imersiva em questões incômodas e mal resolvidas. Vahid Jalilvand fazendo seu nome.
Casas Para o Povo
4.0 1Filme completo legendado em inglês:
https://vimeo.com/174001019
Baronesa
4.2 58 Assista AgoraFicção e documentário compondo uma obra de arte! Atores estupendos, entregues, sinceros e muito carismáticos! Takes estupendos, cenas marcantes. Uma completa imersão!