Divertidíssimo e com uma história super legal, mas chega uma hora que ele gira tanto e as personagens ficam trocando de lado e de planos ao ponto em que tudo vira uma bagunça.
É um filme que berra o tempo inteiro "quero ser cult". Notei uma forte influência do estilo do Lanthimos, mas esse filme falha em perceber que apesar dos personagens do Lanthimos serem apáticos, o filme nunca é, somos constantemente tomados por diversas emoções durante a narrativa. Aqui, tudo é apático, ele começa e termina despertando zero emoções. Estilísticamente também se assemelha com Os Tempos do Lobo, do Haneke, que aborda um assunto semelhante, com frieza e uma apaticidade controlada e apropriada, mostrando um domínio que falta aos diretores deste filme.
Mas não é um filme ruim, o problema é que existem muitos filmes semelhantes e melhores (e até livros, na verdade, é um roteiro que poderia muito bem ter sido inspirado em alguma obra do Saramago, por exemplo)
Uma bela porcaria. Ninguém tem motivação, ninguém tem personalidade, tudo acontece do nada e o mais inaceitável de tudo: personagens que tem atitudes tão clichés e absurdas que até Hollywood tem vergonha de colocá-las em tela atualmente.
Forçado demais, a incompetente mixagem de som é o menor dos problemas aqui.
Vale no máximo duas estrelas pela boa intenção de retratar a verdadeira face do "homem de bem", mas a execução e o desenvolvimento porcos botam tudo a perder.
Julieta é uma mulher extremamente burguesa, que, ao perceber a realidade do seu casamento, passa a se confrontar com seus desejos e medos, sejam eles carnais ou de liberdade.
É uma obra que traz diversos temas da literatura para o cinema. Aos moldes realistas, questiona a vida pós-casamento, mostra a infelicidade vinda deste laço; ao mesmo tempo, retoma a ideia romântica de que nos aproximamos ao divino, à liberdade e ao real através da natureza. É admirável a escolha de representar a casa da vizinha como um ambiente tomado pelas plantas, pelas cores e pela vida selvagem, porque a essa natureza que Julieta deve retornar para se desligar da vida de mentiras burguesas que leva.
O filme também explora temas da psicanálise através de elementos surreais, quando a mente de Julieta, após confrontos, começa a trazer à tona na forma de fantasias desejos recalcados e medos/costumes enraizados em seu subconsciente através da figura do avô.
(como quando ela finalmente encara seus medos, liberta a menina das chamas, e liberta a si mesma, deixando a casa burguesa e indo em direção às árvores)
Em aspectos mais técnicos, nota-se que Fellini ainda estava habituado ao cinema preto e branco ao trazer ao colorido técnicas que aqui se tornam destoantes demais, como o feixe forte de luz incindindo sobre os olhos.
Além disso, algumas cenas se alongam demais e outras me pareceram desnecessárias, acho que o ritmo é um problema aqui.
No geral, é um ótimo filme, mas não consigo deixar de pensar que nas mãos de Buñuel seria uma obra prima elevada ao seu potencial máximo.
Em termos de roteiro, não tem nada de muito especial. O que é ao mesmo tempo esperado e inesperado, pois as histórias do Jarmusch são sempre muito simples, mas também extremamente poéticas e profundas (como em Paterson). O problema é que não há muita coisa de profundo aqui também. Ele traz algumas reflexões bobinhas sobre como os seres humanos destroem a terra e negam a ciência, fala da falta de esperança perante as ações humanas, o amor que supera isso tudo ainda que quase sucumbe, e meio que é só isso mesmo. Tem um constante tom pessimista que poderia levar a lugares incríveis mas fica no básico. O que recebe mais atenção é o declínio da cultura, mas ao passo em que traz belas composições sobre o tema, esquece que um vampiro milenar entenderia que a cultura é feita de revoluções e não existe algo como declínio da cultura.
O set design é o que mais me impressionou. Conseguiu trazer o gótico sem nunca ser brega (com exceção do cabelo pavoroso do Hiddleton).
Atuações maravilhosas e trilha idem.
PS. Filmes do Jarmusch são lentos mesmo, é um estilo que ou vc compra a ideia ou nem assiste.
Ótimo roteiro, ótima atuação da Dern. Daqueles que o filme passa e a gente nem percebe. Destaque também pra montagem, super criativa e que enriquece grandemente a história.
É um raro caso em que a trilha sonora é 100x melhor que o filme.
É assombrosa a incompetência do diretor em criar sequer uma cena com um mínimo de tensão. Ao invés, todos os conflitos, que são os mais banais imagináveis, se resolvem em questão de minutos com as soluções mais bobas e sua criatividade se esgota quando o único artifício usado para criar tensão é a câmera lenta. Qualquer impacto que seja nas cenas de corrida é literalmente o mínimo que se espera de um filme sobre corrida, mas aqui, após a primeira, pode abandonar a esperança de qualquer elaboração artística nas repetitivas cenas de competição que virão a seguir.
Sem falar a unidimensionalidade dos personagens. Em duas horas de filme é possível delinear um como católico fervoroso e outro como judeu que não lida bem com a derrota (além de que esse conflito é magicamente deixado de lado, não tendo nenhum impacto no fim das contas).
O único adjetivo que o resume é tosco. Tão tosco quanto um filme poderia ser. É uma vergonha esse filme ter ganhado do grandioso Reds.
Da minha nota, uma estrela é pela trilha sonora e meia pela cena final da praia que pelo menos é bonita.
Quando o Coronel fala que o médico tem muito a aprender sobre o exército, David Lean fala com o espectador. São personagens que vivem valores e tomam atitudes que não fazem o menor sentido naquela situação extrema. Madness.
É um bom filme, não achei longo, Lean sempre sabe compassar muito bem o ritmo de seus filmes (sinto que nós que não estamos acostumados aos épicos da época).
Mas a maneira como o evento final acontece se desenrola de um jeito meio porco.
Esse filme conseguiu a proeza de fazer tudo que é possível de se fazer errado num roteiro. Diálogos expositivos? Claro. Frases de efeito clichê? Com certeza. Protagonista que tem "alucinações" que acabam sendo memórias apagadas? Tem sim.
Eu senti como se já tivesse visto esse filme umas 12 vezes, mas não, é que nada aqui é minimamente inspirado, é tudo reciclado de outros filmes. E isso não se limita ao roteiro, a própria direção de arte não poderia ser mais tosca e genérica (atenção para as armas que claramente foram feitas de espuma e pesam no máximo 10 gramas).
Vale uma estrela pelo plot-twist mais ou menos criativo, não chega a esbanjar criatividade, mas pelo menos não foi 100% previsível (só uns 40%, sendo generoso).
PS.: Lembrei que esse diretor também dirigiu Hounds of Love, o que faz total sentido, já que Hounds sofre do mesmíssimo problema de falta de inspiração e criatividade (só que pelo menos era bem fotografado e atuado, o que não se pode dizer deste).
O filme que começa (e termina) com o plano de toda a cidade anuncia que não é uma história sobre um homem, mas sobre muitos.
No ano em que também concorria por Melhor Filme com Mildred Pierce, prefiro a Mildred, mas acho justíssima a vitória de The Lost Weekend por sua carga social e visão crítica, apesar de exagerar no drama.
É um filme a que não se pode assistir esperando grandezas. Rodado quase que inteiramente dentro de um quarto, demora um pouco pra engatar, mas no último ato entrega um ótimo terror psicológico. Loucura total.
Quero acreditar que é necessário MUITO amor pela música (o que não é o meu caso) pra gostar desse filme, porque não vejo outra justificativa pra nota que ele tem. Enrolado, brega e forçado. Adolescentes vão amar.
O que foi aquilo dele beijar a menina que tava inconsciente, praticamente morrendo e ainda soltar a frase: "Agora vou fazer o que muitos caras já fizeram antes de mim" WTF???
Eu comecei a assistir, vi 2h10 e percebi que não tava entendendo muita coisa. Não havia me atido aos nomes, nem percebido todas as relações entre todos os personages e, o pior de tudo, não tava entendendo o que esse roteiro tinha de especial.
Até que eu voltei do começo e reassisti a tudo. Não é um filme pra se ver disperso.
É mais um filme daqueles que mostram a vida cotidiana. O cotidiano de pessoas simples em situações nada especiais. São 3 horas disso, mas há várias relações internas, ciclicidades e paralelos traçados pelo roteiro aqui que fazem com que esse filme se destaque dos váaarios outros filmes que abordam o mesmíssimo tema e de maneiras muito semelhantes.
Pra começar, são 3 pontos de vista, da criança, da irmã adolescente e do pai. A partir disso ele vai falar da vida do começo ao fim.
Começando por um casamento em que a noiva espera um bebê e terminando num funeral. No meio disso, além de retratar os problemas comuns de cada fase da vida, o roteiro cria relações para reforçar que toda vida é igual. O pai já foi o filho que observa a menina de que gostava na escola, e a Sherry, amor adolescente do pai, já foi sua filha que é deixada no quarto de hotel quando seu namorado foge pelo dilema que é estar num triangulo amoroso. Triangulo amoroso este que, inclusive, é uma situação análoga a que o pai vive atualmente.
Preciso destacar também o arco envolvendo as fotos do menino que se conclui com as fotos da nuca das pessoas, poesia pura. E, claro, o monólogo final, também do menino.
O título também só vem a comprovar o cuidado e a poesia da visão do Yang. Segundo a wikipedia, Yi Yi é pode significar "one after another". Os ideogramas que formam Yi Yi também pode significar "um um" ou "dois". Um jogo de palavras que resume toda a ideia do roteiro com seus temas e a ciclicidade das vidas.
Enfim, não vou dizer que entrou pra um dos meus filmes favoritos, não mudou a minha vida nem nada, mas é um filme excepcional, muito acima da média, extremamente sensível, cuidadosamente trabalhado e que compensa cada um dos seus quase 180 minutos.
É um filme divertido e cativante, mas o pessoal precisa perceber que tá na hora do bio-pic oferecer algo a mais do que simplesmente contar a história de uma pessoa. Tome como exemplo o I, Tonya, que brinca o tempo todo com a linguagem cinematográfica, é assim que um bio-pic deve ser. Precisa ser inventivos.
O que torna esse filme relevante é sua mensagem de igualdade, se não fosse por isso seria dispensável. Mas é um bom filme, bem eficiente e divertido.
"Estamos preparando as saias pra sua iniciação", como se a menina não soubesse disso!! "Foi ele que fez nossa colheita fracassar", como se o outro cara que foi até lá com ele não soubesse exatamente disso!
A edição também é beeem ruim. O editor não deixou espaço algum pra cena fluir, as cenas não respiram, sempre são cortadas antes da hora, parecem documentário do Globo Reporter. Culpa disso também é da fotografia, que usa lentes super erradas de grande campo focal pra filmar a cara dos atores, fica estranhíssimo.
Quanto ao roteiro, STOP "ROMEU E JULIETA EM X CONTEXTO EXÓTICO 2K17"!!! Gente, ninguém aguenta mais o povo colocando romeu e julieta em todo lugar possível!
Agora nem tudo é horrível, esses problemas são mais intensos até o segundo ato, no terceiro ele melhora bem. A cena em que a menina
é ES-PE-TA-CU-LAR. Uma das cenas mais visualmente lindas que vi nesse último ano.
A trilha sonora é bem boa, profunda, tribal. Não força, mas sim contribui com a tensão da cena.
O último ato é a salvação do filme, é nele que o filme se mostra relevante e bonito não só visualmente, mas textualmente também. Pena que ele acaba apressado e consequentemente inverossímil.
Vale mais por ser um registro visual de um povo que resistiu ao cristianismo e ao dinheiro para se manter apegado à sua cultura, de resto é bem mal feito.
Eu nem me importaria muito se o único problema fosse que esse filme nada mais é que uma peça filmada, e se os elementos que de fato diferem um filme de uma peça, como fotografia e edição, fossem bem trabalhados. Mas aqui praticamente não há nada disso também!!! Ele se contenta em simplesmente filmar a cara dos atores falando e cortar aleatoriamente. Sério, é o trabalho mais básico e méh de fotografia que vi esse ano num favorito a qualquer Oscar.
E o problema nem para por aí, o roteiro deveria no MÍNIMO ser perfeito, mas não é. Tem cenas que super dão certo no teatro, mas aqui não tem utilidade alguma e se prolongam por uma vida inteira!!! 2h20 que poderiam (e deveriam) ser no máximo 1h40.
Enfim, uma história típica que se contenta com o básico de qualquer história sobre negros e usa as atuações maravilhosas como muleta.
Esse trabalho de câmera é TUDO que o James Wan queria ter feito e não conseguiu em Invoação do Mal 2. Tem cenas que fiquei de boca aberta com os movimentos. Geniais. Simplesmente geniais. Praticamente 80% do horror do filme está na movimentação. Nunca vi algo tão bem feito no gênero.
Acho que é um filme para muitas interpretações. Pra mim, eu vejo como uma metáfora para uma mãe que quer resistir ao conservadorismo e moralismo religioso e este está a todo momento tentando entrar naquela casa. "Ela disse que ela sabe cuidar de mim e você não".
Este moralismo é a primeira coisa mostrada no filme e construída durante todo o primeiro ato (que é excessivamente lento justamente para isso mesmo), e é um moralismo que veio junto com as bombas e age da mesma maneira como as bombas agem: entra na casa daquelas pessoas à força e some com qualquer diversão (as fitas VHS, a boneca), tentando manipular e oprimir todos que estão ali.
Durante o tempo inteiro temos referências a essas novas condutas morais que chegavam ao país naquela época, todo primeiro ato, ela na prisão, a própria figura do monstro (que é pano, representando o hijab), e o próprio alvo do monstro, que é justamente as mulheres.
Um filme riquíssimo em simbolismos.
Mas também não é perfeito. Ele tem um jump scare que é tão lixo, mas tão lixo, que eu teria vergonha de ter feito aquilo.
Assim como alguém apaixonado, esse filme é sobre pessoas que se abdicam de para o outro apesar de todas as contradições e paradoxos envolvidos no processo, pessoas que põem seu bem estar em questão para o outro ainda que não deveriam. Uma garota que se abdica da liberdade e do bem-estar por causa de um namorado ciumento ao mesmo tempo que é uma garota de programa. Um senhor que abdica dos seus deveres profissionais e do seu sono por uma garota mesmo ela não tendo nenhum vínculo com ele, mesmo ele a tendo conhecido há algumas horas. E como alguém apaixonado, é sobre estes dois personagens se dedicando à pessoas que não estão dispostas a retribuir essa dedicação da mesma forma.
O senhor, alguém que desde "o que aconteceu" provavelmente não viu sua filha e sua neta, tem estado extremamente sozinho no meio de tantos livros, o que explica inteiramente o que o levou a procurar a garota e se afeiçoar a ela. Tudo isso definido por um diálogo casual, corriqueiro e aparentemente sem importância. E ela, claro, sozinha desde muito nova numa cidade diferente da que cresceu onde busca apoio num relacionamento abusivo.
Tudo isso pode soar muito casual, muito pouco criativo e banal. E de fato seria se fosse executado como qualquer outro filme, mas não é o caso aqui. A execução lenta e nada dramática torna essa história tão real que ela passa, então, a bastar. Esse filme se torna justamente o que os outros filmes não são, já que ele vai contra toda teoria literária.
Muitos dizem que esse filme não tem roteiro, mas ele tem sim, e muito. Mas o roteiro dele não quer ser convencional, ele quer ser real, quer ser tão real que acaba sendo entediante como as coisas são (Boyhood tem muito disso também). E isso seria um problema muito grande se, entretanto, ele fosse vazio. Mas felizmente esse não é o caso.
Não sei se repararam, mas como a vizinha mesmo disse, no final o velho olhou pra vizinha, algo que ele não fazia, e não só isso, quando ele volta ele estaciona um pouco mais pra trás como a vizinha havia pedido. Provavelmente nem o próprio velho notou que naquele dia ele passou por uma transformação, mas de maneira extremamente sutil o Kiarostami consegue nos mostrar isso.
As cenas da guerra são um espetáculo visual. Não tem efeitos especiais absurdamente criativos, mas conseguiu dar um show de explosões, o que não é nada tão admirável assim quando se tem investimento.
Tirando isso o filme é um lixo. Pura propaganda pró-guerra, onde se você se alistar, na guerra vai ter muita diversão no quartel, você vai encontrar o grande amor da sua vida e fazer grandes amizades.
Uma história de amor lixo, com um final lixo.
Consegue ser ainda pior que Asas que pelo menos tem planos geniais.
Um Pequeno Favor
3.3 688 Assista AgoraDivertidíssimo e com uma história super legal, mas chega uma hora que ele gira tanto e as personagens ficam trocando de lado e de planos ao ponto em que tudo vira uma bagunça.
Venom
3.1 1,4K Assista AgoraTinha hora que parecia um episódio de Power Ranger. Deplorável.
A Quinta Estação
3.8 16É um filme que berra o tempo inteiro "quero ser cult". Notei uma forte influência do estilo do Lanthimos, mas esse filme falha em perceber que apesar dos personagens do Lanthimos serem apáticos, o filme nunca é, somos constantemente tomados por diversas emoções durante a narrativa. Aqui, tudo é apático, ele começa e termina despertando zero emoções. Estilísticamente também se assemelha com Os Tempos do Lobo, do Haneke, que aborda um assunto semelhante, com frieza e uma apaticidade controlada e apropriada, mostrando um domínio que falta aos diretores deste filme.
Mas não é um filme ruim, o problema é que existem muitos filmes semelhantes e melhores (e até livros, na verdade, é um roteiro que poderia muito bem ter sido inspirado em alguma obra do Saramago, por exemplo)
O Animal Cordial
3.4 617 Assista AgoraUma bela porcaria. Ninguém tem motivação, ninguém tem personalidade, tudo acontece do nada e o mais inaceitável de tudo: personagens que tem atitudes tão clichés e absurdas que até Hollywood tem vergonha de colocá-las em tela atualmente.
Forçado demais, a incompetente mixagem de som é o menor dos problemas aqui.
Vale no máximo duas estrelas pela boa intenção de retratar a verdadeira face do "homem de bem", mas a execução e o desenvolvimento porcos botam tudo a perder.
Julieta dos Espíritos
4.0 130 Assista AgoraJulieta é uma mulher extremamente burguesa, que, ao perceber a realidade do seu casamento, passa a se confrontar com seus desejos e medos, sejam eles carnais ou de liberdade.
É uma obra que traz diversos temas da literatura para o cinema. Aos moldes realistas, questiona a vida pós-casamento, mostra a infelicidade vinda deste laço; ao mesmo tempo, retoma a ideia romântica de que nos aproximamos ao divino, à liberdade e ao real através da natureza. É admirável a escolha de representar a casa da vizinha como um ambiente tomado pelas plantas, pelas cores e pela vida selvagem, porque a essa natureza que Julieta deve retornar para se desligar da vida de mentiras burguesas que leva.
O filme também explora temas da psicanálise através de elementos surreais, quando a mente de Julieta, após confrontos, começa a trazer à tona na forma de fantasias desejos recalcados e medos/costumes enraizados em seu subconsciente através da figura do avô.
(como quando ela finalmente encara seus medos, liberta a menina das chamas, e liberta a si mesma, deixando a casa burguesa e indo em direção às árvores)
Em aspectos mais técnicos, nota-se que Fellini ainda estava habituado ao cinema preto e branco ao trazer ao colorido técnicas que aqui se tornam destoantes demais, como o feixe forte de luz incindindo sobre os olhos.
Além disso, algumas cenas se alongam demais e outras me pareceram desnecessárias, acho que o ritmo é um problema aqui.
No geral, é um ótimo filme, mas não consigo deixar de pensar que nas mãos de Buñuel seria uma obra prima elevada ao seu potencial máximo.
Amantes Eternos
3.8 782 Assista AgoraEm termos de roteiro, não tem nada de muito especial. O que é ao mesmo tempo esperado e inesperado, pois as histórias do Jarmusch são sempre muito simples, mas também extremamente poéticas e profundas (como em Paterson). O problema é que não há muita coisa de profundo aqui também. Ele traz algumas reflexões bobinhas sobre como os seres humanos destroem a terra e negam a ciência, fala da falta de esperança perante as ações humanas, o amor que supera isso tudo ainda que quase sucumbe, e meio que é só isso mesmo. Tem um constante tom pessimista que poderia levar a lugares incríveis mas fica no básico. O que recebe mais atenção é o declínio da cultura, mas ao passo em que traz belas composições sobre o tema, esquece que um vampiro milenar entenderia que a cultura é feita de revoluções e não existe algo como declínio da cultura.
O set design é o que mais me impressionou. Conseguiu trazer o gótico sem nunca ser brega (com exceção do cabelo pavoroso do Hiddleton).
Atuações maravilhosas e trilha idem.
PS. Filmes do Jarmusch são lentos mesmo, é um estilo que ou vc compra a ideia ou nem assiste.
O Conto
4.1 339 Assista AgoraÓtimo roteiro, ótima atuação da Dern. Daqueles que o filme passa e a gente nem percebe. Destaque também pra montagem, super criativa e que enriquece grandemente a história.
O problema maior é a fotografia, péssima.
Operação França
3.9 253 Assista AgoraÉ um filme de ação como vários outros. Algumas cenas de perseguição se destacam.
Vale mais por ser um exemplar da Nova Hollywood.
Carruagens de Fogo
3.5 159É um raro caso em que a trilha sonora é 100x melhor que o filme.
É assombrosa a incompetência do diretor em criar sequer uma cena com um mínimo de tensão. Ao invés, todos os conflitos, que são os mais banais imagináveis, se resolvem em questão de minutos com as soluções mais bobas e sua criatividade se esgota quando o único artifício usado para criar tensão é a câmera lenta. Qualquer impacto que seja nas cenas de corrida é literalmente o mínimo que se espera de um filme sobre corrida, mas aqui, após a primeira, pode abandonar a esperança de qualquer elaboração artística nas repetitivas cenas de competição que virão a seguir.
Sem falar a unidimensionalidade dos personagens. Em duas horas de filme é possível delinear um como católico fervoroso e outro como judeu que não lida bem com a derrota (além de que esse conflito é magicamente deixado de lado, não tendo nenhum impacto no fim das contas).
O único adjetivo que o resume é tosco. Tão tosco quanto um filme poderia ser. É uma vergonha esse filme ter ganhado do grandioso Reds.
Da minha nota, uma estrela é pela trilha sonora e meia pela cena final da praia que pelo menos é bonita.
A Ponte do Rio Kwai
4.1 198 Assista AgoraQuando o Coronel fala que o médico tem muito a aprender sobre o exército, David Lean fala com o espectador. São personagens que vivem valores e tomam atitudes que não fazem o menor sentido naquela situação extrema. Madness.
É um bom filme, não achei longo, Lean sempre sabe compassar muito bem o ritmo de seus filmes (sinto que nós que não estamos acostumados aos épicos da época).
Mas a maneira como o evento final acontece se desenrola de um jeito meio porco.
Extinção
2.9 433 Assista AgoraEsse filme conseguiu a proeza de fazer tudo que é possível de se fazer errado num roteiro. Diálogos expositivos? Claro. Frases de efeito clichê? Com certeza. Protagonista que tem "alucinações" que acabam sendo memórias apagadas? Tem sim.
Eu senti como se já tivesse visto esse filme umas 12 vezes, mas não, é que nada aqui é minimamente inspirado, é tudo reciclado de outros filmes. E isso não se limita ao roteiro, a própria direção de arte não poderia ser mais tosca e genérica (atenção para as armas que claramente foram feitas de espuma e pesam no máximo 10 gramas).
Vale uma estrela pelo plot-twist mais ou menos criativo, não chega a esbanjar criatividade, mas pelo menos não foi 100% previsível (só uns 40%, sendo generoso).
PS.: Lembrei que esse diretor também dirigiu Hounds of Love, o que faz total sentido, já que Hounds sofre do mesmíssimo problema de falta de inspiração e criatividade (só que pelo menos era bem fotografado e atuado, o que não se pode dizer deste).
Farrapo Humano
4.2 225 Assista AgoraO filme que começa (e termina) com o plano de toda a cidade anuncia que não é uma história sobre um homem, mas sobre muitos.
No ano em que também concorria por Melhor Filme com Mildred Pierce, prefiro a Mildred, mas acho justíssima a vitória de The Lost Weekend por sua carga social e visão crítica, apesar de exagerar no drama.
Possuídos
3.0 220É um filme a que não se pode assistir esperando grandezas. Rodado quase que inteiramente dentro de um quarto, demora um pouco pra engatar, mas no último ato entrega um ótimo terror psicológico. Loucura total.
Quase Famosos
4.1 1,4K Assista AgoraQuero acreditar que é necessário MUITO amor pela música (o que não é o meu caso) pra gostar desse filme, porque não vejo outra justificativa pra nota que ele tem. Enrolado, brega e forçado. Adolescentes vão amar.
O que foi aquilo dele beijar a menina que tava inconsciente, praticamente morrendo e ainda soltar a frase: "Agora vou fazer o que muitos caras já fizeram antes de mim" WTF???
As Coisas Simples da Vida
4.3 119Eu comecei a assistir, vi 2h10 e percebi que não tava entendendo muita coisa. Não havia me atido aos nomes, nem percebido todas as relações entre todos os personages e, o pior de tudo, não tava entendendo o que esse roteiro tinha de especial.
Até que eu voltei do começo e reassisti a tudo. Não é um filme pra se ver disperso.
É mais um filme daqueles que mostram a vida cotidiana. O cotidiano de pessoas simples em situações nada especiais. São 3 horas disso, mas há várias relações internas, ciclicidades e paralelos traçados pelo roteiro aqui que fazem com que esse filme se destaque dos váaarios outros filmes que abordam o mesmíssimo tema e de maneiras muito semelhantes.
Pra começar, são 3 pontos de vista, da criança, da irmã adolescente e do pai. A partir disso ele vai falar da vida do começo ao fim.
Começando por um casamento em que a noiva espera um bebê e terminando num funeral. No meio disso, além de retratar os problemas comuns de cada fase da vida, o roteiro cria relações para reforçar que toda vida é igual. O pai já foi o filho que observa a menina de que gostava na escola, e a Sherry, amor adolescente do pai, já foi sua filha que é deixada no quarto de hotel quando seu namorado foge pelo dilema que é estar num triangulo amoroso. Triangulo amoroso este que, inclusive, é uma situação análoga a que o pai vive atualmente.
Preciso destacar também o arco envolvendo as fotos do menino que se conclui com as fotos da nuca das pessoas, poesia pura. E, claro, o monólogo final, também do menino.
O título também só vem a comprovar o cuidado e a poesia da visão do Yang. Segundo a wikipedia, Yi Yi é pode significar "one after another". Os ideogramas que formam Yi Yi também pode significar "um um" ou "dois". Um jogo de palavras que resume toda a ideia do roteiro com seus temas e a ciclicidade das vidas.
Enfim, não vou dizer que entrou pra um dos meus filmes favoritos, não mudou a minha vida nem nada, mas é um filme excepcional, muito acima da média, extremamente sensível, cuidadosamente trabalhado e que compensa cada um dos seus quase 180 minutos.
Alta Tensão
3.5 570Tem mais furo de roteiro que roteiro em si.
Porque o plot twist de Clube da Luta não é suficiente, precisa forçar mais uma vez.
A Guerra dos Sexos
3.7 316 Assista AgoraÉ um filme divertido e cativante, mas o pessoal precisa perceber que tá na hora do bio-pic oferecer algo a mais do que simplesmente contar a história de uma pessoa. Tome como exemplo o I, Tonya, que brinca o tempo todo com a linguagem cinematográfica, é assim que um bio-pic deve ser. Precisa ser inventivos.
O que torna esse filme relevante é sua mensagem de igualdade, se não fosse por isso seria dispensável. Mas é um bom filme, bem eficiente e divertido.
Intriga Internacional
4.1 347 Assista AgoraSeguindo a mesma fórmula de sempre, do cara errado na hora errada, com direito a um final resolvido às pressas por um deus ex machina.
To bem decepcionado.
Tanna
3.3 73Diálogos expositivos que doem:
"Estamos preparando as saias pra sua iniciação", como se a menina não soubesse disso!! "Foi ele que fez nossa colheita fracassar", como se o outro cara que foi até lá com ele não soubesse exatamente disso!
A edição também é beeem ruim. O editor não deixou espaço algum pra cena fluir, as cenas não respiram, sempre são cortadas antes da hora, parecem documentário do Globo Reporter. Culpa disso também é da fotografia, que usa lentes super erradas de grande campo focal pra filmar a cara dos atores, fica estranhíssimo.
Quanto ao roteiro, STOP "ROMEU E JULIETA EM X CONTEXTO EXÓTICO 2K17"!!! Gente, ninguém aguenta mais o povo colocando romeu e julieta em todo lugar possível!
Agora nem tudo é horrível, esses problemas são mais intensos até o segundo ato, no terceiro ele melhora bem. A cena em que a menina
vai encontrar o amor proibido dela no vulcão
A trilha sonora é bem boa, profunda, tribal. Não força, mas sim contribui com a tensão da cena.
O último ato é a salvação do filme, é nele que o filme se mostra relevante e bonito não só visualmente, mas textualmente também. Pena que ele acaba apressado e consequentemente inverossímil.
Vale mais por ser um registro visual de um povo que resistiu ao cristianismo e ao dinheiro para se manter apegado à sua cultura, de resto é bem mal feito.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista AgoraEu nem me importaria muito se o único problema fosse que esse filme nada mais é que uma peça filmada, e se os elementos que de fato diferem um filme de uma peça, como fotografia e edição, fossem bem trabalhados. Mas aqui praticamente não há nada disso também!!! Ele se contenta em simplesmente filmar a cara dos atores falando e cortar aleatoriamente. Sério, é o trabalho mais básico e méh de fotografia que vi esse ano num favorito a qualquer Oscar.
E o problema nem para por aí, o roteiro deveria no MÍNIMO ser perfeito, mas não é. Tem cenas que super dão certo no teatro, mas aqui não tem utilidade alguma e se prolongam por uma vida inteira!!! 2h20 que poderiam (e deveriam) ser no máximo 1h40.
Enfim, uma história típica que se contenta com o básico de qualquer história sobre negros e usa as atuações maravilhosas como muleta.
Fraco demais,
Sob a Sombra
3.4 338 Assista AgoraEsse trabalho de câmera é TUDO que o James Wan queria ter feito e não conseguiu em Invoação do Mal 2. Tem cenas que fiquei de boca aberta com os movimentos. Geniais. Simplesmente geniais. Praticamente 80% do horror do filme está na movimentação. Nunca vi algo tão bem feito no gênero.
Acho que é um filme para muitas interpretações. Pra mim, eu vejo como uma metáfora para uma mãe que quer resistir ao conservadorismo e moralismo religioso e este está a todo momento tentando entrar naquela casa. "Ela disse que ela sabe cuidar de mim e você não".
Este moralismo é a primeira coisa mostrada no filme e construída durante todo o primeiro ato (que é excessivamente lento justamente para isso mesmo), e é um moralismo que veio junto com as bombas e age da mesma maneira como as bombas agem: entra na casa daquelas pessoas à força e some com qualquer diversão (as fitas VHS, a boneca), tentando manipular e oprimir todos que estão ali.
Durante o tempo inteiro temos referências a essas novas condutas morais que chegavam ao país naquela época, todo primeiro ato, ela na prisão, a própria figura do monstro (que é pano, representando o hijab), e o próprio alvo do monstro, que é justamente as mulheres.
Mas também não é perfeito. Ele tem um jump scare que é tão lixo, mas tão lixo, que eu teria vergonha de ter feito aquilo.
Um Alguém Apaixonado
3.6 117 Assista AgoraAssim como alguém apaixonado, esse filme é sobre pessoas que se abdicam de para o outro apesar de todas as contradições e paradoxos envolvidos no processo, pessoas que põem seu bem estar em questão para o outro ainda que não deveriam. Uma garota que se abdica da liberdade e do bem-estar por causa de um namorado ciumento ao mesmo tempo que é uma garota de programa. Um senhor que abdica dos seus deveres profissionais e do seu sono por uma garota mesmo ela não tendo nenhum vínculo com ele, mesmo ele a tendo conhecido há algumas horas. E como alguém apaixonado, é sobre estes dois personagens se dedicando à pessoas que não estão dispostas a retribuir essa dedicação da mesma forma.
O senhor, alguém que desde "o que aconteceu" provavelmente não viu sua filha e sua neta, tem estado extremamente sozinho no meio de tantos livros, o que explica inteiramente o que o levou a procurar a garota e se afeiçoar a ela. Tudo isso definido por um diálogo casual, corriqueiro e aparentemente sem importância. E ela, claro, sozinha desde muito nova numa cidade diferente da que cresceu onde busca apoio num relacionamento abusivo.
Tudo isso pode soar muito casual, muito pouco criativo e banal. E de fato seria se fosse executado como qualquer outro filme, mas não é o caso aqui. A execução lenta e nada dramática torna essa história tão real que ela passa, então, a bastar. Esse filme se torna justamente o que os outros filmes não são, já que ele vai contra toda teoria literária.
Muitos dizem que esse filme não tem roteiro, mas ele tem sim, e muito. Mas o roteiro dele não quer ser convencional, ele quer ser real, quer ser tão real que acaba sendo entediante como as coisas são (Boyhood tem muito disso também). E isso seria um problema muito grande se, entretanto, ele fosse vazio. Mas felizmente esse não é o caso.
Não sei se repararam, mas como a vizinha mesmo disse, no final o velho olhou pra vizinha, algo que ele não fazia, e não só isso, quando ele volta ele estaciona um pouco mais pra trás como a vizinha havia pedido. Provavelmente nem o próprio velho notou que naquele dia ele passou por uma transformação, mas de maneira extremamente sutil o Kiarostami consegue nos mostrar isso.
O Grande Desfile
3.9 24 Assista AgoraNota: 3/10
As cenas da guerra são um espetáculo visual. Não tem efeitos especiais absurdamente criativos, mas conseguiu dar um show de explosões, o que não é nada tão admirável assim quando se tem investimento.
Tirando isso o filme é um lixo. Pura propaganda pró-guerra, onde se você se alistar, na guerra vai ter muita diversão no quartel, você vai encontrar o grande amor da sua vida e fazer grandes amizades.
Uma história de amor lixo, com um final lixo.
Consegue ser ainda pior que Asas que pelo menos tem planos geniais.
Hurricane Bianca
2.9 206É ruim demais. Mas não é o caso de "é tão ruim que fica bom", é ruim mesmo!
Não tem um pingo de criatividade, não tem nenhuma piada minimamente engraçada, não tem absolutamente nada que se salve.
Esperava BEM mais. A Bianca é bem melhor que isso. Decepção total.