Como apontar o descompasso da sociedade em um filme? Através da leitura psicanalítica (visual) de seus maiores medos, pulsões e parafilias. Doentia é a mente de quem não acompanha suas críticas e contestações. Atemporal e um exercício de metalinguagem divertidíssimo.
Filme claustrofóbico que pouco combina com o dinamismo das situações em quê as emoções são a máxima extraída por seu diretor. Contrastando momentos de pura inocência da protagonista com uma Paris aparentemente vazia, Paris nos Pertence é talvez o exemplar mais soturno nascido na "Nova Onda" francesa. Muito bom!
Com atuações competentes dos atores mirins e um equilibrado elenco, The Other - no original - é um filme de suspense psicológico (ou uma fábula macabra) de grande qualidade: o clima diurno é um contraste forte, seu diferencial entre pérolas do gênero. A tensão entre o diálogo das crianças torna este filme extremamente soturno,mesmo com seus cenários suaves e de deslumbrante beleza. Estou até agora impactado com este filme. Muito bom!
Um mestre no delírio visual e no horror, com o pior do ser humano tratado com grande sofisticação. Bava merece todo reconhecimento, sua direção de fotografia é atualíssima, digna de ser estudada.
Os manequins nesse filme são de um assombro espetacular, o mesmo vale pro arrebatador "Seis mulheres para o assassino", com sua câmera sempre a espreita e seu uso de iluminação/fotografia contínua (quando uma luz se funde a outra) sempre excepcionais, um vanguardista do movimento visual que usava uma trama aparentemente simples, mas que era sempre tratada com a sofisticação comparada ao do Hitchcock.
Um primor em termos de estilo visual e técnica cinematográfica: os diretores italianos de suspense e terror possuem uma verve "fashionista" e estilizada na forma como a narrativa dos longas é descrita, isso é de arrepiar: pura atualidade e vanguardismo dentro de um gênero subjugado. A cenografia e a direção de arte deste filme são um primor isso sem contar com as sequências em tomadas amplas. Maravilhoso exemplar de baixo orçamento!
Impressiona, pois mesmo com a frieza ditatorial do governo, o mestre Zulawski foi persistente e achou uma solução criativa muito febril - como seus outros filmes - e visualmente avassaladora. Um dos mestres do cinema de invenção.
Cineastas como Mario Bava e Dario Argento apresentam o terror como uma grande invenção visual (um delírio) e de forte impacto psicológico, quase como uma grande fábula.
Este filme é uma pérola do cinema, muito bem dirigida e escrita pelo Del Toro: um primor. Conduzir atuações infantis da maneira que ele fez é trabalho de poucos, coisa de gente extremamente sensível e que sabe expressar na formação infantil a negligência que muitos adultos tratam o que um dia viveram. É emocionante.
A função do terror é antes de tudo questionar ao trazer elementos desfuncionais, aqui, isso funciona muito bem. Realismo fantástico de formação maravilhosa. E é perceptível o quanto existe do DNA do diretor com base na sua avó católica que o incentivou a estudar maquiagem e cinema.
Para alguns, o cinema de "invenção" (que se expressa também pelo visual, não exclusivamente pelo roteiro) não pode ser considerado arte, é subjugado. Sabidamente, este não é o caso do "A Espinha do Diabo".
Um dos aspectos que muita gente não nota nesse documentário, é que, ainda que tentem fazer um levantamento do que está em produção, os idealizadores possuem acesso apenas ao que é notório e que está dentro do limite da legalidade: a tecnologia 3D dessas impressoras é controversa e um mercado de altíssimo lucro à curto prazo, portanto, compreendo a ausência de detalhes mais sofisticados sobre seu desenvolvimento e sobre os empreendedores que aceitaram dar entrevistas.
Por outro lado é interessante notar as mudanças, percepções e o formato que este documentário explora, tão bem desenvolvido quanto o famoso "Indie Game": graças ao Netflix este tipo de acontecimento está se tornando mais e mais acessível.
Desculpe o longo comentário, mas falo com a perspectiva de quem leu o livro.
No quesito produção, ele é acertado, as personagens são bem fiéis as descrições, mas seu roteiro é muito equivocado em relação ao material original: A Offred não faz o que é pedido por este ser um meio de sobreviver, ao contrário, ela se resigna de maneira silenciosa. As questões das vestimentas são pouco exploradas. O Conto da Aia como aqui foi traduzido (The Handmaid's Tale) é antes de tudo uma alegoria distópica de um futuro opressor, seu ritmo é de maneira "contraditória" muito elegante, Atwood escreve com maestria o que infelizmente é pouco absorvido pelo roteiro.
Outro ponto completamente mal explorado e ainda que seja uma adaptação é bem visível pela sua conduta, é a forma fria e pouco tensa com a qual o encontro das Aias é marcado: as ruas são repletas de pessoas, carros e informações, momentos cruciais simplesmente foram ignorados e um romance mal explorado pouco justifica o que de fato acontece. No livro os momentos de silêncio, as ruas vazias, o grande muro com os mortos que servem de exemplo, deixam as situações ainda mais opressoras, coisa que no filme é apenas "pontual".
A autora deu liberdade aos produtores para produzirem, mas, são muito claras as memórias, comentários e os pensamentos da querida Offred em relação ao fio condutor de seu pesadelo: ela precisa fugir, precisa acreditar que sua família ainda vive, no filme, tudo acontece "sem um motivo específico", no livro, com uma breve citação, isso é explicado.
Vejam esse filme, mas procurem o livro com a mente aberta e com disposição às surpresas. O final deste exemplar é completamente distinto em relação ao livro. E é praticamente inevitável não se revoltar com a ausência de respeito em relação ao original. Perderam uma grande chance de fazer deste um grande clássico também nas telas. Vale como passo inicial, mas é uma mera pincelada em tudo que o livro aborda.
a maneira "reducionista" que o roteiro entrega o "revolucionário" que transmite seu discurso ao caminho dos protagonistas: "ah, mas é hollywood".
Sim, é uma franquia com o objetivo de fazer dinheiro, mas o elenco é acertado, o clima é interessante, falta apenas um tom mais sujo, barato e artesanal ao filme - algo como Punishment Park - se o motivo ao produzi-lo não fosse tão óbvio, assim como seu discurso fosse mais político e menos de ação, creio que teríamos um baita clássico. Não quero dizer com isso que o filme seja ruim, ao contrário, a premissa continua muito bacana, entretanto, esse cenário distópico merecia um clima mais real e menos "espetacular" (a edição bem cuidada, a fotografia organizada), algo mais focado na atmosfera de fuga e de opressão. Continua, entretanto, como um filme bacana e os créditos finais são um show.
Não se pode avaliar Mario Bava como algo posterior a tudo que conhecemos hoje em termos de cinema gótico, suspense psicológico e horror, simplesmente, foi um pioneiro completamente marginalizado pelos grandes circuitos/estúdios em seu tempo, entretanto, deixou um legado e uma consistência na sua produção que influenciou praticamente tudo que conhecemos do Tim Burton ou até mesmo do Sam Raimi.
Em minha experiência com esse filme, a cena mais poderosa é a carruagem atravessando o bosque em slowmotion, um efeito completamente inovador se pensarmos no gênero como algo que é sempre visto como "carente" de qualidade e rigor técnico. Os efeitos visuais são um primor, a forma como a narrativa é apresentada continua super atual, e o diretor já tinha uma baita forma - fotográfica - durante esse clássico!
É de vibrar de alegria que finalmente seu nome esteja ganhando mais e mais reconhecimento, Bava faz pensar no cinema - autoral e de invenção - como algo que salva e mantem a criatividade e os poucos recursos como um dos pontos de execução mais bonitos do cinema. É perfeito em sua proposta e a atriz principal vai da inocência à lascívia em poucos momentos. Filmaço!
O filme não promete absolutamente nada de especial em sua proposta, mas consegue em determinados pontos - a cena do garoto visitando a favela é um exemplo - trazer algo diferente para aspectos sociais que precisam ser - sim, ainda precisam - discutidos. Elabora com sutileza sua crítica sem aprofundar em teorias, simplesmente no puro cotidiano. Discordo de quem o chama de superficial, muito ao contrário, o diretor usa um meio muito limpo - visualmente falando - de falar de pequenas corrupções e da necessidade de poder vinda desta "dita elite" brasileira, completamente desumana e ignorante. Muito bacana por sua simplicidade, creio que podemos abordar propostas já realizadas, entretanto, sem a mesma necessidade de confronto que muita gente espera quando se fala em política ou em direitos humanos, só por isso, o filme já vale.
O filme se torna mais interessante pelo fato do Gilliam estar cada vez mais lúcido apesar da sua idade, eu julgo isso maravilhoso. Filme honesto, feito pra pensar e com uma montagem artística maravilhosa. E o mais bacana é ver como os traços do diretor na câmera são mantidos até hoje. Uma bela experiência.
No primeiro ato, o ritmo é vagaroso e o ambiente é propagado de maneira silenciosa. Aos poucos, a trilha de chegada de um dos zumbis marca a ruptura em seu tom e no ritmo.
Seu final é imprevisível e a crueza de detalhes nas cenas de mortes são sensacionais! A lentidão dos zumbis também é outro ponto angustiante, num filme de atmosfera bucólica, com trilha sonora muito marcada e pontualmente bem editada para causar aflição! Uma pérola que merece ser vista e revista!
Possui o sugestivo título - também - de "Não se deve profanar o sono dos mortos".
O que mais me surpreendeu é como o filme apresenta de maneira elegante e saudosista a relação entre pai e filha e a representação visual dos fenômenos astro-físicos são excepcionais. Me pareceu muito claramente - até pelo diretor ter confirmado a sua matriz inspiradora - um irmão visual do 2001 do Kubrick. É um filme para ser visto sem grandes expectativas e de coração aberto. Uma experiência elegante e visualmente impressionante.
Uma excelente atmosfera desconexa apresenta uma gang de canção contagiante, o que aos poucos ninguém espera, é a mudança muito bem conduzida - ainda que de ritmo lento - da abordagem desta pérola do horror sci-fi. A atuação das crianças e os diálogos também são muito coesos. Destaque por ser uma pérola "escondida" do Hammer Studios
Fassbinder foi um gênio por ser prolífico, contudente em suas críticas e magistralmente único em seu passeio por técnicas que se distanciam a cada filme. O Mundo Por Um Fio antecipa tanta coisa, internet, matrix, facebook, realidade virtual, a substituição do humano pelo digital, tudo isso em um visual incrível, com cenografias férreas e translúcidas, mas que ao longo do enredo tornam-se sintéticas ou com paisagens da natureza. Um dos momentos mais impactantes é um diálogo que o protagonista tem com o psicólogo, este diz :
Não é possível adicionar ou deletar pessoas nesta realidade produzida no Simulacron
Filmes como inception, a trilogia Matrix, Minority Report e até mesmo Blade Runner, beberam desta fonte, visualmente criativa e uma inegável Obra-prima!
Justiça seja feita ao mestre Alemão, pois este usou o texto para falar do futuro ao contrário do estardalhaço visual das produções do gênero dos últimos 30 anos.
Eu simplesmente ovaciono diretores que sabem o que estão fazendo, mas entregam uma grande tiração de sarro com excelência técnica, visual e muita sensualidade. Resumo esta pérola na seguinte frase: "Eu quero arroz".
Uma coisa que muita gente não entendeu, é que o filme parece uma fábula infantil, precisamente, do bicho papão. O que mais julgo bonito em Babadook é a simplicidade e o quanto o roteiro está focado nas personagens. Por se tratar de um filme que trabalha sua atmosfera e por ser artesanal dentro dos padrões do terror feito hoje, Babadook não vai agradar quem espera por violência e por uma edição agressiva. O que só corrobora com essa ideia fantástica é o livro pop up e a musiquinha tema que fica na cabeça. Babadook vale pela ideia e foi gentilmente comparado em suas perspectivas psicológicas aos clássicos A profecia, O Bebê de Rosemary e O Exorcista.
Esse filme abre um abismo colossal de qualidade junto aos Guardiões da Galáxia se comparado com tudo que foi feito pela Marvel até aqui. Nem Vingadores, que para os fãs é um sonho de infância, consegue ser tão bem conduzido como este. Um baita filme de espionagem travestido de Marvel.
Este com toda certeza está entre os maiores filmes já produzidos por Bergman. Dono de temas violentos e de valores controversos, não há como não ficar estarrecido com a violência vista. A ambientação pura e bela da natureza é fortemente contrastada por aspectos humanos sórdidos e malévolos. Uma grande obra, sem dúvidas.
Farsa Trágica
3.8 62Atuação e acidez em demasia! Elenco fantástico que consegue trazer profundidade a uma trama engraçada e satírica.
O Despertar da Besta
3.8 76 Assista AgoraComo apontar o descompasso da sociedade em um filme? Através da leitura psicanalítica (visual) de seus maiores medos, pulsões e parafilias. Doentia é a mente de quem não acompanha suas críticas e contestações. Atemporal e um exercício de metalinguagem divertidíssimo.
Paris nos Pertence
3.7 24Filme claustrofóbico que pouco combina com o dinamismo das situações em quê as emoções são a máxima extraída por seu diretor. Contrastando momentos de pura inocência da protagonista com uma Paris aparentemente vazia, Paris nos Pertence é talvez o exemplar mais soturno nascido na "Nova Onda" francesa. Muito bom!
A Inocente Face do Terror
3.6 101 Assista AgoraCom atuações competentes dos atores mirins e um equilibrado elenco, The Other - no original - é um filme de suspense psicológico (ou uma fábula macabra) de grande qualidade: o clima diurno é um contraste forte, seu diferencial entre pérolas do gênero. A tensão entre o diálogo das crianças torna este filme extremamente soturno,mesmo com seus cenários suaves e de deslumbrante beleza. Estou até agora impactado com este filme. Muito bom!
Seis Mulheres Para o Assassino
3.9 90Um mestre no delírio visual e no horror, com o pior do ser humano tratado com grande sofisticação. Bava merece todo reconhecimento, sua direção de fotografia é atualíssima, digna de ser estudada.
Lisa e o Diabo
3.8 46Os manequins nesse filme são de um assombro espetacular, o mesmo vale pro arrebatador "Seis mulheres para o assassino", com sua câmera sempre a espreita e seu uso de iluminação/fotografia contínua (quando uma luz se funde a outra) sempre excepcionais, um vanguardista do movimento visual que usava uma trama aparentemente simples, mas que era sempre tratada com a sofisticação comparada ao do Hitchcock.
Terror nas Trevas
3.6 133Um primor em termos de estilo visual e técnica cinematográfica: os diretores italianos de suspense e terror possuem uma verve "fashionista" e estilizada na forma como a narrativa dos longas é descrita, isso é de arrepiar: pura atualidade e vanguardismo dentro de um gênero subjugado. A cenografia e a direção de arte deste filme são um primor isso sem contar com as sequências em tomadas amplas. Maravilhoso exemplar de baixo orçamento!
O Globo de Prata
4.1 59Impressiona, pois mesmo com a frieza ditatorial do governo, o mestre Zulawski foi persistente e achou uma solução criativa muito febril - como seus outros filmes - e visualmente avassaladora. Um dos mestres do cinema de invenção.
A Espinha do Diabo
3.8 350 Assista AgoraCineastas como Mario Bava e Dario Argento apresentam o terror como uma grande invenção visual (um delírio) e de forte impacto psicológico, quase como uma grande fábula.
Este filme é uma pérola do cinema, muito bem dirigida e escrita pelo Del Toro: um primor. Conduzir atuações infantis da maneira que ele fez é trabalho de poucos, coisa de gente extremamente sensível e que sabe expressar na formação infantil a negligência que muitos adultos tratam o que um dia viveram. É emocionante.
A função do terror é antes de tudo questionar ao trazer elementos desfuncionais, aqui, isso funciona muito bem. Realismo fantástico de formação maravilhosa. E é perceptível o quanto existe do DNA do diretor com base na sua avó católica que o incentivou a estudar maquiagem e cinema.
Para alguns, o cinema de "invenção" (que se expressa também pelo visual, não exclusivamente pelo roteiro) não pode ser considerado arte, é subjugado. Sabidamente, este não é o caso do "A Espinha do Diabo".
Print the Legend
3.7 12 Assista AgoraUm dos aspectos que muita gente não nota nesse documentário, é que, ainda que tentem fazer um levantamento do que está em produção, os idealizadores possuem acesso apenas ao que é notório e que está dentro do limite da legalidade: a tecnologia 3D dessas impressoras é controversa e um mercado de altíssimo lucro à curto prazo, portanto, compreendo a ausência de detalhes mais sofisticados sobre seu desenvolvimento e sobre os empreendedores que aceitaram dar entrevistas.
Por outro lado é interessante notar as mudanças, percepções e o formato que este documentário explora, tão bem desenvolvido quanto o famoso "Indie Game": graças ao Netflix este tipo de acontecimento está se tornando mais e mais acessível.
A Decadência de uma Espécie
2.9 55Desculpe o longo comentário, mas falo com a perspectiva de quem leu o livro.
No quesito produção, ele é acertado, as personagens são bem fiéis as descrições, mas seu roteiro é muito equivocado em relação ao material original: A Offred não faz o que é pedido por este ser um meio de sobreviver, ao contrário, ela se resigna de maneira silenciosa. As questões das vestimentas são pouco exploradas. O Conto da Aia como aqui foi traduzido (The Handmaid's Tale) é antes de tudo uma alegoria distópica de um futuro opressor, seu ritmo é de maneira "contraditória" muito elegante, Atwood escreve com maestria o que infelizmente é pouco absorvido pelo roteiro.
Outro ponto completamente mal explorado e ainda que seja uma adaptação é bem visível pela sua conduta, é a forma fria e pouco tensa com a qual o encontro das Aias é marcado: as ruas são repletas de pessoas, carros e informações, momentos cruciais simplesmente foram ignorados e um romance mal explorado pouco justifica o que de fato acontece. No livro os momentos de silêncio, as ruas vazias, o grande muro com os mortos que servem de exemplo, deixam as situações ainda mais opressoras, coisa que no filme é apenas "pontual".
A autora deu liberdade aos produtores para produzirem, mas, são muito claras as memórias, comentários e os pensamentos da querida Offred em relação ao fio condutor de seu pesadelo: ela precisa fugir, precisa acreditar que sua família ainda vive, no filme, tudo acontece "sem um motivo específico", no livro, com uma breve citação, isso é explicado.
Vejam esse filme, mas procurem o livro com a mente aberta e com disposição às surpresas. O final deste exemplar é completamente distinto em relação ao livro. E é praticamente inevitável não se revoltar com a ausência de respeito em relação ao original. Perderam uma grande chance de fazer deste um grande clássico também nas telas. Vale como passo inicial, mas é uma mera pincelada em tudo que o livro aborda.
Uma Noite de Crime: Anarquia
3.5 1,2K Assista AgoraMeu único problema com o filme é
a maneira "reducionista" que o roteiro entrega o "revolucionário" que transmite seu discurso ao caminho dos protagonistas: "ah, mas é hollywood".
Sim, é uma franquia com o objetivo de fazer dinheiro, mas o elenco é acertado, o clima é interessante, falta apenas um tom mais sujo, barato e artesanal ao filme - algo como Punishment Park - se o motivo ao produzi-lo não fosse tão óbvio, assim como seu discurso fosse mais político e menos de ação, creio que teríamos um baita clássico. Não quero dizer com isso que o filme seja ruim, ao contrário, a premissa continua muito bacana, entretanto, esse cenário distópico merecia um clima mais real e menos "espetacular" (a edição bem cuidada, a fotografia organizada), algo mais focado na atmosfera de fuga e de opressão. Continua, entretanto, como um filme bacana e os créditos finais são um show.
A Máscara de Satã
3.9 90Não se pode avaliar Mario Bava como algo posterior a tudo que conhecemos hoje em termos de cinema gótico, suspense psicológico e horror, simplesmente, foi um pioneiro completamente marginalizado pelos grandes circuitos/estúdios em seu tempo, entretanto, deixou um legado e uma consistência na sua produção que influenciou praticamente tudo que conhecemos do Tim Burton ou até mesmo do Sam Raimi.
Em minha experiência com esse filme, a cena mais poderosa é a carruagem atravessando o bosque em slowmotion, um efeito completamente inovador se pensarmos no gênero como algo que é sempre visto como "carente" de qualidade e rigor técnico. Os efeitos visuais são um primor, a forma como a narrativa é apresentada continua super atual, e o diretor já tinha uma baita forma - fotográfica - durante esse clássico!
É de vibrar de alegria que finalmente seu nome esteja ganhando mais e mais reconhecimento, Bava faz pensar no cinema - autoral e de invenção - como algo que salva e mantem a criatividade e os poucos recursos como um dos pontos de execução mais bonitos do cinema. É perfeito em sua proposta e a atriz principal vai da inocência à lascívia em poucos momentos. Filmaço!
Casa Grande
3.5 576 Assista AgoraO filme não promete absolutamente nada de especial em sua proposta, mas consegue em determinados pontos - a cena do garoto visitando a favela é um exemplo - trazer algo diferente para aspectos sociais que precisam ser - sim, ainda precisam - discutidos. Elabora com sutileza sua crítica sem aprofundar em teorias, simplesmente no puro cotidiano. Discordo de quem o chama de superficial, muito ao contrário, o diretor usa um meio muito limpo - visualmente falando - de falar de pequenas corrupções e da necessidade de poder vinda desta "dita elite" brasileira, completamente desumana e ignorante. Muito bacana por sua simplicidade, creio que podemos abordar propostas já realizadas, entretanto, sem a mesma necessidade de confronto que muita gente espera quando se fala em política ou em direitos humanos, só por isso, o filme já vale.
O Teorema Zero
3.1 224 Assista AgoraO filme se torna mais interessante pelo fato do Gilliam estar cada vez mais lúcido apesar da sua idade, eu julgo isso maravilhoso. Filme honesto, feito pra pensar e com uma montagem artística maravilhosa. E o mais bacana é ver como os traços do diretor na câmera são mantidos até hoje. Uma bela experiência.
Não se Deve Profanar o Sono dos Mortos
3.6 49No primeiro ato, o ritmo é vagaroso e o ambiente é propagado de maneira silenciosa. Aos poucos, a trilha de chegada de um dos zumbis marca a ruptura em seu tom e no ritmo.
Seu final é imprevisível e a crueza de detalhes nas cenas de mortes são sensacionais! A lentidão dos zumbis também é outro ponto angustiante, num filme de atmosfera bucólica, com trilha sonora muito marcada e pontualmente bem editada para causar aflição! Uma pérola que merece ser vista e revista!
Possui o sugestivo título - também - de "Não se deve profanar o sono dos mortos".
Sensacional!
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraO que mais me surpreendeu é como o filme apresenta de maneira elegante e saudosista a relação entre pai e filha e a representação visual dos fenômenos astro-físicos são excepcionais. Me pareceu muito claramente - até pelo diretor ter confirmado a sua matriz inspiradora - um irmão visual do 2001 do Kubrick. É um filme para ser visto sem grandes expectativas e de coração aberto. Uma experiência elegante e visualmente impressionante.
Malditos
3.3 25Uma excelente atmosfera desconexa apresenta uma gang de canção contagiante, o que aos poucos ninguém espera, é a mudança muito bem conduzida - ainda que de ritmo lento - da abordagem desta pérola do horror sci-fi. A atuação das crianças e os diálogos também são muito coesos. Destaque por ser uma pérola "escondida" do Hammer Studios
Interessantíssimo.
O Mundo Por Um Fio
4.2 35Fassbinder foi um gênio por ser prolífico, contudente em suas críticas e magistralmente único em seu passeio por técnicas que se distanciam a cada filme. O Mundo Por Um Fio antecipa tanta coisa, internet, matrix, facebook, realidade virtual, a substituição do humano pelo digital, tudo isso em um visual incrível, com cenografias férreas e translúcidas, mas que ao longo do enredo tornam-se sintéticas ou com paisagens da natureza. Um dos momentos mais impactantes é um diálogo que o protagonista tem com o psicólogo, este diz :
Não é possível adicionar ou deletar pessoas nesta realidade produzida no Simulacron
Filmes como inception, a trilogia Matrix, Minority Report e até mesmo Blade Runner, beberam desta fonte, visualmente criativa e uma inegável Obra-prima!
Justiça seja feita ao mestre Alemão, pois este usou o texto para falar do futuro ao contrário do estardalhaço visual das produções do gênero dos últimos 30 anos.
A Marca do Assassino
4.0 19Eu simplesmente ovaciono diretores que sabem o que estão fazendo, mas entregam uma grande tiração de sarro com excelência técnica, visual e muita sensualidade. Resumo esta pérola na seguinte frase: "Eu quero arroz".
O Babadook
3.5 2,0KUma coisa que muita gente não entendeu, é que o filme parece uma fábula infantil, precisamente, do bicho papão. O que mais julgo bonito em Babadook é a simplicidade e o quanto o roteiro está focado nas personagens. Por se tratar de um filme que trabalha sua atmosfera e por ser artesanal dentro dos padrões do terror feito hoje, Babadook não vai agradar quem espera por violência e por uma edição agressiva. O que só corrobora com essa ideia fantástica é o livro pop up e a musiquinha tema que fica na cabeça. Babadook vale pela ideia e foi gentilmente comparado em suas perspectivas psicológicas aos clássicos A profecia, O Bebê de Rosemary e O Exorcista.
Infectado
3.0 245 Assista AgoraConsegue adicionar uma perspectiva - literalmente - nova aos filmes de vampiros
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraEsse filme abre um abismo colossal de qualidade junto aos Guardiões da Galáxia se comparado com tudo que foi feito pela Marvel até aqui. Nem Vingadores, que para os fãs é um sonho de infância, consegue ser tão bem conduzido como este. Um baita filme de espionagem travestido de Marvel.
A Fonte da Donzela
4.3 219 Assista AgoraEste com toda certeza está entre os maiores filmes já produzidos por Bergman. Dono de temas violentos e de valores controversos, não há como não ficar estarrecido com a violência vista. A ambientação pura e bela da natureza é fortemente contrastada por aspectos humanos sórdidos e malévolos. Uma grande obra, sem dúvidas.