Baseado em um romance de Darcey Bell, tem muitas reviravoltas. Umas boas, outras forçadas e algumas deixadas de lado. Carregado nas cores e nos flashbacks, migalhas sombrias são espalhadas nessa investigação sobre o passado e o sumiço da Gossip Girl, que tem um desempenho à frente do restante do elenco. Mais leve e simpático, porém menos brilhante, Um Pequeno Favor pode ser comparado a Garota Exemplar, só que Paul Feig prefere jogar aqui com as camadas da personalidade não de uma, mas de duas (loucas) mulheres. E você fará um favor - a si próprio - se der uma chance a ele, ou melhor, a elas. @omelhordocinema
Dentro de uma estética documental, A CAMINHO DA FÉ (Come Sunday, 2018) é o retrato daqueles que ousam questionar os preceitos fechados de uma igreja. Sem julgar aqueles que apontam o dedo, e muito menos o apontado como herege, o diretor Joshua Marston suaviza a cinebiografia de Carlton Pearson, um líder religioso internacionalmente conhecido, que passa a ser execrado pelos conservadores evangélicos americanos ao negar o inferno e começar a pregar um Evangelho de inclusão, afirmando que todos, independentemente de suas crenças e comportamentos, serão aceitos por Deus. Ameniza tanto que A Caminho da Fé, mesmo com o esforço de Chiwetel Ejiofor, sem um arco dramático satisfatório, torna-se um sermão superficial, lento e insosso, e não fará diferença nenhuma assisti-lo. @omelhordocinema
Adaptação do famoso romance de Pierre Lemaitre, NOS VEMOS NO PARAÍSO (Au Revoir Là-Haut, 2017) também foi sucesso de público nos cinemas europeus e liderou a lista com 13 indicações ao César 2018, o Oscar francês, levando 5 prêmios para casa. Um conto sobre dois companheiros de trincheira que se aproximam depois que um deles tem o rosto desfigurado em combate, ao fim da Primeira Guerra. Agora, esse esconde, atrás de máscaras, não só a mutilação, como a sua história. Escrito, dirigido e estrelado por Albert Dupontel, Nos Vemos no Paraíso é uma fábula teatral lindamente fotografada. São 600 páginas condensadas em 2 horas de filme, que precisaria de pequenos reparos no roteiro para se tornar perfeito. Nada que comprometa esse exemplar da delicadeza do cinema francês. @omelhordocinema
Em grande parte, BEIRUTE (Beirut, 2018) acontece durante a Guerra Civil Libanesa, um conflito político-religioso pelo território da Palestina, entre árabes e israelenses, que destruiu o Líbano e deixou cerca de 120 mil mortos entre 1975 e 1990. Abrindo-se antes do caos ser instalado, o novo trabalho de Brad Anderson acompanha a vida de Mason, um diplomata americano que se vê obrigado a abandonar o Líbano e sua carreira, e depois a retornar à cidade-título e ao seu passado. Em meio a explosões de bombas, é Jon Hamm, mais um candidato a 007, que satisfatoriamente assume o papel do negociador, enquanto Rosamund Pike desaparece como uma coadjuvante agente da CIA. Também acerta na ambientação (mesmo sendo filmado no Marrocos) e quando opta, na medida do possível, por não escolher os mocinhos, afinal, ali na ficção, como na realidade, já sabemos que não existem santos. É um thriller de sobrevivência bom, porém vai perdendo o mistério e o fôlego até chegar a um desfecho rápido e confuso. Ainda assim, vale por sua contemporaneidade. Mesmo 40 anos depois, ainda não cansamos de ver o futuro repetindo o passado. @omelhordocinema
Como desperdiçar bons atores? Pergunte a GRINGO - VIVO OU MORTO (Gringo, 2018). Exagerado, sem graça e confuso, é uma narrativa que se arrasta por duas horas e liga nada a lugar nenhum. Tenta ser cômico ao caricaturizar o inocente imigrante nigeriano, que é enganado pelos ambiciosos chefes, e os cartéis mexicanos, mas erra, e erra feio. Gringo é uma péssima ideia para quem a teve e um tiro no pé para quem aceitou executá-la. @omelhordocinema
Já imaginou acordar cada dia em um corpo diferente? Você pode ser homem ou mulher, velho ou novo, alto ou baixo, gordo ou magro, branco, negro ou oriental. Pode ser também feliz ou depressivo, amar sua família ou ter todos os motivos para fugir dela. Mas aquela será sua "casa" por apenas um dia. E será assim todo santo dia. Baseado no aclamado best-seller de David Levithan, do The New York Times, TODO DIA (Every Day, 2018) não poderia ter outro nome. É sobre amar além da "casca" que nos envolve. Um água com açúcar, piegas e fofo. Mas isso nem sempre é defeito. Embalado por ótimas músicas (duvido você não dançar junto com o The The), Todo dia é um romance adolescente com toque de fantasia que tem tudo para agradar (principalmente os fãs de Nicholas Sparks) - desde que estejam dispostos a assisti-lo de mente aberta e enxergar a mensagem de empatia que pretende passar. @omelhordocinema
Outro filme do chileno Sebastián Lelio que eu demoro para assistir e me arrependo. Não de assisti-lo, mas de ter demorado para ver outra obra sua impactante. O mesmo aconteceu com o romance transgênero Uma Mulher Fantástica, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro desse ano. DESOBEDIÊNCIA (Disobedience, 2017) marca o seu primeiro filme em inglês e ele não poderia ter em mãos "fantoches" melhores do que essa dupla de Rachels (sinônimo de entrega total e sem pudores). Sem falar do trabalho primoroso de Alessandro Nivola, que eu não conhecia. Lelio nunca põe panos quentes, ele gosta mesmo é de abordar temas delicados. Dessa vez, ele escancara a homossexualidade reprimida na comunidade judia ortodoxa. E consegue espremer daí uma história de libertação tão bela quanto devastadora e a cena de sexo mais convincente desde Azul é a Cor Mais Quente. Se ele gosta de chocar, eu não sei. Mas, é certo que ninguém passa incólume de um feito seu. E me desculpa Lelio, esse erro de deixar você para depois não acontecerá novamente. @omelhordocinema
A diversão está em primeiro lugar e posso dar o spoiler de que ficaremos longe das lágrimas. O start é dado onde terminou Guerra Civil, com o Formiga detido em casa e sendo monitorado através de uma tornozeleira eletrônica. Mas dias antes de terminar sua pena, ele é convocado por Dr. Hank e sua filha a ajudar resgatar sua mulher que está presa num emaranhado quântico. Daí em diante é uma corrida louca atrás da tecnologia que a trará de volta. E a perspectiva é só de bons efeitos especiais, palhaçada e romance. Se depois do sombrio Thanos, alguém estava receoso de levar a criançada para ver Homem-Formiga e a Vespa, pode relaxar que esse filme é para elas. Afinal, a Marvel sabe o trauma que nos causou anteriormente né? @omelhordocinema
No estilo de A Vingança de Jennifer (1978) e Doce Vingança (2010), a estreia da diretora Coralie Fargeat provavelmente agradará mais aos homens do que as mulheres em seus primeiros minutos. Alimentado por testosterona, somos apresentados a uma típica ninfeta, lambendo um pirulito, amante de um rico empresário, que vai passar o final de semana em sua casa no meio do nada. Lá, ela é violentada e abandonada à morte (aqui faço uma observação para a forma como foi retratada a sua negativa ao sexo – o tal do “não é não” nem sempre precisa ser verbal, ok?). Entretanto, ela sobrevive (lógico! se ela morresse, não haveria o filme). O problema é que os acontecimentos que vão sucedendo são assustadoramente improváveis e sua sobrevivência se torna um desrespeito à nossa inteligência e motivo de piada. Mas Vingança não está nem aí para isso (e eu também não). Com suas cores vibrantes, close-ups em câmera lenta, cenas sem corte e excesso de sangue, parece mais um gore saído dos anos 80 (até a trilha sonora ajuda nisso) e se concentra na violência gráfica e na vulnerabilidade do corpo humano para criar o clima de suspense. E foi nessa parte que eu também me concentrei para dizer que pendo mais para o “like” do que para “dislike”. Na verdade, Vingança é para ser curtido como um alucinógeno: uma viagem louca e tensa, de satisfação para alguns e de asco para outros, que não se preocupa com nada e que já sabemos bem onde e como termina. @omelhordocinema
Com base no mangá “Taiyo no Uta” de Kenji Bandou, a história de SOL DA MEIA-NOITE (Midnight Sun, 2018) se assemelha muito às tiradas adolescentes Um Amor para Recordar e A Culpa é das Estrelas. Prisioneira em sua própria casa de uma doença que a afasta dos raios solares, Katie é uma jovem bem-humorada que se apaixona pelo garoto que passa todo dia por sua janela. A partir daí, tudo se desenrola de maneira infantil e previsível, e o protagonista parece tão desconfortável no papel de galã, que o drama não convence. O que resta é um final de puro sentimentalismo que satisfará apenas os menos exigentes espectadores. @omelhordocinema
O Profissional é um filme perfeito.. no elenco, na direção, no roteiro, na edição, tudo se encaixa perfeitamente nas mãos de Luc. Natalie (se emocionando) e Reno (numa mistura de agressividade e passividade) estão incríveis, mas aquela transformação de Oldman depois que quebra o comprimidinho do capeta na boca é sensacional!
Apesar de contar com a presença marcante de Ricardo Darín, que só precisa do olhar para se expressar, é o elenco mais novo que se destaca nesse brilhante estudo de identidade sexual. Se a puberdade significa uma fase de dúvidas e descobertas para qualquer um que seja “normal”, imagina para Alex, uma intersexual que ganhou dos pais a liberdade de escolher que gênero quer ser. Homem e mulher, selvagem e frágil, Inés Efron encarna a adolescente que luta contra a sua insegurança e o preconceito dos outros, cansada de ter que recomeçar a vida em outro lugar. Polêmico e corajoso, XXY é as duas coisas, não faz escolhas. É cinema e conhecimento. É outro golaço dos hermanos. (IG @omelhordocinema)
Estômago socado com sucesso. O documentário CITY OF JOY me fez sentir sendo nocauteada em um ringue, de mãos atadas, sem chance alguma de defesa. Ou você acha fácil ouvir a informação de que 48 mulheres são violentadas a cada hora no Congo? Ou que crianças e até bebês de meses (isso mesmo, MESES de idade) morrem após serem atacados sexualmente? Trata-se de um compêndio de relatos brutais das sobreviventes desse massacre feminino, que encontram na “Cidade da Alegria”, ONG aberta em 2011, a chance de se fortalecerem e não serem infelizes para sempre. Sob o comando de Christine, Eve e do ginecologista responsável por reconstruí-las e ameaçado de morte, City of Joy é uma conversa franca nada agradável, mas também é edificante e aquece a esperança de que o mundo ainda tem conserto. Para quem gosta de documentário, City of Joy é para você. Para quem não gosta, também. É um filme que merece a atenção de todos. Um grito de socorro que deve ser ouvido e ecoado a cada computador, celular, carro e joia que nós compramos. (IG @omelhordocinema)
Como não amar Wes Anderson? Será que estamos preparados para tanto talento e originalidade? Retornando ao mundo da animação (o último foi O Fantástico Sr. Raposo, de 2009) e se baseando de novo em um romance de Roald Dahl (o mesmo de A Fantástica Fábrica de Chocolate), Wes dá asas à imaginação e não se limita ao material de origem para apresentar sua ILHA DOS CACHORROS (Isle of Dogs, 2018). Estamos então em um Japão futuro e distópico, comandado por um ditador que resolve abolir todos os cães com a desculpa de uma epidemia de “febre do focinho”. Assim, os pobres animais, com ou sem pedigree, são encaminhados a uma ilha onde é despejada toda espécie de lixo. Lá, eles tentam sobreviver ao extermínio e a aventura começa. E o legal é que, embora tenha sido concebido em 2015, os principais temas da Ilha de Wes são espelhados exatamente naquilo que estamos vivendo hoje, como a divulgação de fake news e a tirania transvestida de governo. Visualmente incrível, é um stop motion diferente e criativo, mas ele não deixa de lado suas marcas registradas: a paleta de cores, a trilha sonora hipnótica, o roteiro direto e o ritmo acelerado. E o elenco estrelado de dubladores arremata, como se fosse um lindo laço, esse presente dado por Wes. (IG @omelhordocinema)
A produção francês-marroquina PRIMAVERA EM CASABLANCA (Razzia, 2017) é um filme de “quases”. Um filme que quase envolve, que quase aprofunda, que quase emociona e que eu quase me apaixonei. Na Casablanca dos dias de hoje, diferente daquela clássica de Ingrid Bergman e Humphrey Bogart, cinco histórias também são quase entrelaçadas. De temas polêmicos (ainda mais no Marrocos) e acobertadas pela intolerância, elas começam bem e seus titulares são fortes e cativantes, contudo o roteiro, num vai e volta, mais confunde do que conecta e o fio da meada vai sendo solto aos poucos até se perder totalmente. Dá para entender que a falta de liberdade e o fundamentalismo do presente é um reflexo do vivido no passado, e talvez, a breve narrativa de cada um deles pode ser uma opção do diretor (o mesmo que foi censurado em seu próprio país pelo ousado Much Loved, de 2015, que retratava o cotidiano de garotas de programa em Marrakesh), com o intuito de mostrar um panorama geral daquela sociedade, que tenta se equilibrar entre a modernidade e as tradições, mas isso afeta a qualidade de sua obra e prejudica a poesia e a reflexão que pretende passar. Primavera em Casablanca é quase excelente. Pena que adoça a nossa boca e acaba deixando o amargo gosto de querer mais. (IG @omelhordocinema)
Com um roteiro previsível e fantasioso, brinca com o poder mágico de cura de uma tradicional família do interior canadense, que passa de geração em geração. E mesmo retratando valores louváveis, não chega a ser um filme religioso e flerta com o curandeirismo. Faltando explicações, o romance não dá certo, personagens de destaque são rasos e o maior arco dramático é tão relâmpago e frágil quanto à doença que retrata. Como boas intenções não garantem a qualidade de um trabalho, O Que de Verdade Importa é uma fábula leve de autoajuda que mais importa pelo lado social do que pelos predicados técnicos. (IG @omelhordocinema)
Ao iniciar SOB A PELE DO LOBO (Bajo la Piel de Lobo, 2018), tive uma sensação de déjà vu. A cena de abertura de um animal sendo abatido na neve não traz nenhuma novidade, e assim é todo o seu desenvolvimento. Praticamente sem diálogos, é Mario Casas despido de sua conhecida beleza para dar espaço a um ogro, um caçador que vive sozinho em uma nevada e isolada montanha. Mas ele tem sentimentos, escondidos, mas tem. E o filme tenta nos convencer disso o tempo todo. Consegue até certo ponto e por conta do desempenho de Houses, porém o arco dramático não se sustenta por muito tempo e Sob a Pele do Lobo fica enfadonho e restrito às deslumbrantes paisagens dos Pirineus. (IG @omelhordocinema)
Praticamente imóvel e com poucas falas, nada transmite mais temor e repulsa do que o jovem rosto maltratado de Julien, em enquadramentos de tirar o fôlego e causar calafrios, até aos mais insensíveis. A angústia e o pânico, entretanto, não estão restritos somente ao pobre garoto e o mais jovem ator em cena (Thomas Gioria, anote esse nome). Estendem-se a nós também. E para isso, Legrand abusa do talento do elenco e dessa aproximação lenta de sua câmera, até chegar a outro close, seja de outro rosto, de uma banheira ou de uma porta, e nos chocar de novo e de novo. Sem as habituais armadilhas dos dramas familiares, Custódia é dos mais urgentes e reais, e dois sentimentos são inevitáveis ao terminar de assisti-lo: 1) a indignação pela história relatada - ainda mais se tivermos consciência de que é o que é em qualquer canto do mundo; e 2) a satisfação por ter bem gastado o dinheiro com uma obra-prima - uma raridade, hoje em dia. (IG @omelhordocinema)
Ao transferir os adoráveis monstrinhos do hotel-título para um navio em alto mar, o terceiro filme da franquia mais causa bocejos do que empolga. Retornando à fórmula da comédia romântica e com um quê de Indiana Jones, o enredo foca em Drac lutando entre o novo amor e a família. As boas piadas podem ser contadas em uma única mão e nem os personagens, quase todos familiares, e a Macarena espantam o material sem graça de Hotel Transilvânia 3. (IG @omelhordocinema)
No início, ALFA (Alpha, 2018) parece ser um filme complicado e chato, mas não é. Em uma jornada de sobrevivência, o menino encontra um companheiro inusitado, um lobo, e juntos vão trocando ensinamentos de amizade, liderança e paciência. Paisagens épicas, poucos diálogos e muitos significados fazem Alfa nos conquistar aos poucos, e mesmo sendo batida e arrastada, a histórica simbiótica de homem e animal, de Keda e Alpha, ensina e emociona no final. (IG @omelhordocinema)
Eu não sei vocês, mas eu já não vou assistir a um filme com Dwayne Johnson com muita expectativa mesmo. Sem desmerecer seu carisma, o fato é que seus papéis de herói indestrutível se repetem tanto e em tal velocidade que fica difícil distinguir um do outro, e pouquíssimos são memoráveis. ARRANHA-CÉU: CORAGEM SEM LIMITE (Skyscraper, 2018) é mais um deles, em que The Rock precisa salvar sua família de um prédio altíssimo em chamas. Para isso, ele faz todas as acrobacias de um típico duro de matar e cai de vez quando, não contente em ser um simples filme de ação, tenta emplacar o drama e o suspense, e ficamos sem entender porque aquilo começou e terminou. Não dá certo e não há necessidade nenhuma de gastar o seu dinheiro com isso. (IG @omelhordocinema)
Um Pequeno Favor
3.3 695 Assista AgoraBaseado em um romance de Darcey Bell, tem muitas reviravoltas. Umas boas, outras forçadas e algumas deixadas de lado. Carregado nas cores e nos flashbacks, migalhas sombrias são espalhadas nessa investigação sobre o passado e o sumiço da Gossip Girl, que tem um desempenho à frente do restante do elenco. Mais leve e simpático, porém menos brilhante, Um Pequeno Favor pode ser comparado a Garota Exemplar, só que Paul Feig prefere jogar aqui com as camadas da personalidade não de uma, mas de duas (loucas) mulheres. E você fará um favor - a si próprio - se der uma chance a ele, ou melhor, a elas.
@omelhordocinema
A Caminho da Fé
3.0 38 Assista AgoraDentro de uma estética documental, A CAMINHO DA FÉ (Come Sunday, 2018) é o retrato daqueles que ousam questionar os preceitos fechados de uma igreja. Sem julgar aqueles que apontam o dedo, e muito menos o apontado como herege, o diretor Joshua Marston suaviza a cinebiografia de Carlton Pearson, um líder religioso internacionalmente conhecido, que passa a ser execrado pelos conservadores evangélicos americanos ao negar o inferno e começar a pregar um Evangelho de inclusão, afirmando que todos, independentemente de suas crenças e comportamentos, serão aceitos por Deus. Ameniza tanto que A Caminho da Fé, mesmo com o esforço de Chiwetel Ejiofor, sem um arco dramático satisfatório, torna-se um sermão superficial, lento e insosso, e não fará diferença nenhuma assisti-lo.
@omelhordocinema
Nos Vemos no Paraíso
4.0 52 Assista AgoraAdaptação do famoso romance de Pierre Lemaitre, NOS VEMOS NO PARAÍSO (Au Revoir Là-Haut, 2017) também foi sucesso de público nos cinemas europeus e liderou a lista com 13 indicações ao César 2018, o Oscar francês, levando 5 prêmios para casa. Um conto sobre dois companheiros de trincheira que se aproximam depois que um deles tem o rosto desfigurado em combate, ao fim da Primeira Guerra. Agora, esse esconde, atrás de máscaras, não só a mutilação, como a sua história. Escrito, dirigido e estrelado por Albert Dupontel, Nos Vemos no Paraíso é uma fábula teatral lindamente fotografada. São 600 páginas condensadas em 2 horas de filme, que precisaria de pequenos reparos no roteiro para se tornar perfeito. Nada que comprometa esse exemplar da delicadeza do cinema francês.
@omelhordocinema
Beirute
3.2 46 Assista AgoraEm grande parte, BEIRUTE (Beirut, 2018) acontece durante a Guerra Civil Libanesa, um conflito político-religioso pelo território da Palestina, entre árabes e israelenses, que destruiu o Líbano e deixou cerca de 120 mil mortos entre 1975 e 1990. Abrindo-se antes do caos ser instalado, o novo trabalho de Brad Anderson acompanha a vida de Mason, um diplomata americano que se vê obrigado a abandonar o Líbano e sua carreira, e depois a retornar à cidade-título e ao seu passado. Em meio a explosões de bombas, é Jon Hamm, mais um candidato a 007, que satisfatoriamente assume o papel do negociador, enquanto Rosamund Pike desaparece como uma coadjuvante agente da CIA. Também acerta na ambientação (mesmo sendo filmado no Marrocos) e quando opta, na medida do possível, por não escolher os mocinhos, afinal, ali na ficção, como na realidade, já sabemos que não existem santos. É um thriller de sobrevivência bom, porém vai perdendo o mistério e o fôlego até chegar a um desfecho rápido e confuso. Ainda assim, vale por sua contemporaneidade. Mesmo 40 anos depois, ainda não cansamos de ver o futuro repetindo o passado.
@omelhordocinema
Gringo: Vivo ou Morto
2.7 65 Assista AgoraComo desperdiçar bons atores? Pergunte a GRINGO - VIVO OU MORTO (Gringo, 2018). Exagerado, sem graça e confuso, é uma narrativa que se arrasta por duas horas e liga nada a lugar nenhum. Tenta ser cômico ao caricaturizar o inocente imigrante nigeriano, que é enganado pelos ambiciosos chefes, e os cartéis mexicanos, mas erra, e erra feio. Gringo é uma péssima ideia para quem a teve e um tiro no pé para quem aceitou executá-la.
@omelhordocinema
Todo Dia
3.4 426 Assista AgoraJá imaginou acordar cada dia em um corpo diferente? Você pode ser homem ou mulher, velho ou novo, alto ou baixo, gordo ou magro, branco, negro ou oriental. Pode ser também feliz ou depressivo, amar sua família ou ter todos os motivos para fugir dela. Mas aquela será sua "casa" por apenas um dia. E será assim todo santo dia. Baseado no aclamado best-seller de David Levithan, do The New York Times, TODO DIA (Every Day, 2018) não poderia ter outro nome. É sobre amar além da "casca" que nos envolve. Um água com açúcar, piegas e fofo. Mas isso nem sempre é defeito. Embalado por ótimas músicas (duvido você não dançar junto com o The The), Todo dia é um romance adolescente com toque de fantasia que tem tudo para agradar (principalmente os fãs de Nicholas Sparks) - desde que estejam dispostos a assisti-lo de mente aberta e enxergar a mensagem de empatia que pretende passar.
@omelhordocinema
Desobediência
3.7 722 Assista AgoraOutro filme do chileno Sebastián Lelio que eu demoro para assistir e me arrependo. Não de assisti-lo, mas de ter demorado para ver outra obra sua impactante. O mesmo aconteceu com o romance transgênero Uma Mulher Fantástica, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro desse ano. DESOBEDIÊNCIA (Disobedience, 2017) marca o seu primeiro filme em inglês e ele não poderia ter em mãos "fantoches" melhores do que essa dupla de Rachels (sinônimo de entrega total e sem pudores). Sem falar do trabalho primoroso de Alessandro Nivola, que eu não conhecia. Lelio nunca põe panos quentes, ele gosta mesmo é de abordar temas delicados. Dessa vez, ele escancara a homossexualidade reprimida na comunidade judia ortodoxa. E consegue espremer daí uma história de libertação tão bela quanto devastadora e a cena de sexo mais convincente desde Azul é a Cor Mais Quente. Se ele gosta de chocar, eu não sei. Mas, é certo que ninguém passa incólume de um feito seu. E me desculpa Lelio, esse erro de deixar você para depois não acontecerá novamente.
@omelhordocinema
Homem-Formiga e a Vespa
3.6 990 Assista AgoraA diversão está em primeiro lugar e posso dar o spoiler de que ficaremos longe das lágrimas. O start é dado onde terminou Guerra Civil, com o Formiga detido em casa e sendo monitorado através de uma tornozeleira eletrônica. Mas dias antes de terminar sua pena, ele é convocado por Dr. Hank e sua filha a ajudar resgatar sua mulher que está presa num emaranhado quântico. Daí em diante é uma corrida louca atrás da tecnologia que a trará de volta. E a perspectiva é só de bons efeitos especiais, palhaçada e romance. Se depois do sombrio Thanos, alguém estava receoso de levar a criançada para ver Homem-Formiga e a Vespa, pode relaxar que esse filme é para elas. Afinal, a Marvel sabe o trauma que nos causou anteriormente né?
@omelhordocinema
Vingança
3.2 582 Assista AgoraNo estilo de A Vingança de Jennifer (1978) e Doce Vingança (2010), a estreia da diretora Coralie Fargeat provavelmente agradará mais aos homens do que as mulheres em seus primeiros minutos. Alimentado por testosterona, somos apresentados a uma típica ninfeta, lambendo um pirulito, amante de um rico empresário, que vai passar o final de semana em sua casa no meio do nada. Lá, ela é violentada e abandonada à morte (aqui faço uma observação para a forma como foi retratada a sua negativa ao sexo – o tal do “não é não” nem sempre precisa ser verbal, ok?). Entretanto, ela sobrevive (lógico! se ela morresse, não haveria o filme). O problema é que os acontecimentos que vão sucedendo são assustadoramente improváveis e sua sobrevivência se torna um desrespeito à nossa inteligência e motivo de piada. Mas Vingança não está nem aí para isso (e eu também não). Com suas cores vibrantes, close-ups em câmera lenta, cenas sem corte e excesso de sangue, parece mais um gore saído dos anos 80 (até a trilha sonora ajuda nisso) e se concentra na violência gráfica e na vulnerabilidade do corpo humano para criar o clima de suspense. E foi nessa parte que eu também me concentrei para dizer que pendo mais para o “like” do que para “dislike”. Na verdade, Vingança é para ser curtido como um alucinógeno: uma viagem louca e tensa, de satisfação para alguns e de asco para outros, que não se preocupa com nada e que já sabemos bem onde e como termina.
@omelhordocinema
Sol da Meia Noite
3.3 261 Assista AgoraCom base no mangá “Taiyo no Uta” de Kenji Bandou, a história de SOL DA MEIA-NOITE (Midnight Sun, 2018) se assemelha muito às tiradas adolescentes Um Amor para Recordar e A Culpa é das Estrelas. Prisioneira em sua própria casa de uma doença que a afasta dos raios solares, Katie é uma jovem bem-humorada que se apaixona pelo garoto que passa todo dia por sua janela. A partir daí, tudo se desenrola de maneira infantil e previsível, e o protagonista parece tão desconfortável no papel de galã, que o drama não convence. O que resta é um final de puro sentimentalismo que satisfará apenas os menos exigentes espectadores.
@omelhordocinema
O Profissional
4.3 2,2K Assista AgoraO Profissional é um filme perfeito.. no elenco, na direção, no roteiro, na edição, tudo se encaixa perfeitamente nas mãos de Luc. Natalie (se emocionando) e Reno (numa mistura de agressividade e passividade) estão incríveis, mas aquela transformação de Oldman depois que quebra o comprimidinho do capeta na boca é sensacional!
XXY
3.8 507 Assista AgoraApesar de contar com a presença marcante de Ricardo Darín, que só precisa do olhar para se expressar, é o elenco mais novo que se destaca nesse brilhante estudo de identidade sexual. Se a puberdade significa uma fase de dúvidas e descobertas para qualquer um que seja “normal”, imagina para Alex, uma intersexual que ganhou dos pais a liberdade de escolher que gênero quer ser. Homem e mulher, selvagem e frágil, Inés Efron encarna a adolescente que luta contra a sua insegurança e o preconceito dos outros, cansada de ter que recomeçar a vida em outro lugar. Polêmico e corajoso, XXY é as duas coisas, não faz escolhas. É cinema e conhecimento. É outro golaço dos hermanos.
(IG @omelhordocinema)
City of Joy - Onde Vive a Esperança
4.4 14 Assista AgoraEstômago socado com sucesso. O documentário CITY OF JOY me fez sentir sendo nocauteada em um ringue, de mãos atadas, sem chance alguma de defesa. Ou você acha fácil ouvir a informação de que 48 mulheres são violentadas a cada hora no Congo? Ou que crianças e até bebês de meses (isso mesmo, MESES de idade) morrem após serem atacados sexualmente? Trata-se de um compêndio de relatos brutais das sobreviventes desse massacre feminino, que encontram na “Cidade da Alegria”, ONG aberta em 2011, a chance de se fortalecerem e não serem infelizes para sempre. Sob o comando de Christine, Eve e do ginecologista responsável por reconstruí-las e ameaçado de morte, City of Joy é uma conversa franca nada agradável, mas também é edificante e aquece a esperança de que o mundo ainda tem conserto. Para quem gosta de documentário, City of Joy é para você. Para quem não gosta, também. É um filme que merece a atenção de todos. Um grito de socorro que deve ser ouvido e ecoado a cada computador, celular, carro e joia que nós compramos.
(IG @omelhordocinema)
O Escafandro e a Borboleta
4.2 1,2KOnde conheci Mathieu Amalric e nunca mais me desapaixonei.
Casa Comigo?
3.6 1,5K Assista AgoraUma das com-rom que mais gosto... leve e divertida
Túmulo dos Vagalumes
4.6 2,2KVi esse filme uma vez na vida e nunca mais tive coragem de assisti-lo de novo... meu coração não aguentaria.
Ilha dos Cachorros
4.2 655 Assista AgoraComo não amar Wes Anderson? Será que estamos preparados para tanto talento e originalidade? Retornando ao mundo da animação (o último foi O Fantástico Sr. Raposo, de 2009) e se baseando de novo em um romance de Roald Dahl (o mesmo de A Fantástica Fábrica de Chocolate), Wes dá asas à imaginação e não se limita ao material de origem para apresentar sua ILHA DOS CACHORROS (Isle of Dogs, 2018). Estamos então em um Japão futuro e distópico, comandado por um ditador que resolve abolir todos os cães com a desculpa de uma epidemia de “febre do focinho”. Assim, os pobres animais, com ou sem pedigree, são encaminhados a uma ilha onde é despejada toda espécie de lixo. Lá, eles tentam sobreviver ao extermínio e a aventura começa. E o legal é que, embora tenha sido concebido em 2015, os principais temas da Ilha de Wes são espelhados exatamente naquilo que estamos vivendo hoje, como a divulgação de fake news e a tirania transvestida de governo. Visualmente incrível, é um stop motion diferente e criativo, mas ele não deixa de lado suas marcas registradas: a paleta de cores, a trilha sonora hipnótica, o roteiro direto e o ritmo acelerado. E o elenco estrelado de dubladores arremata, como se fosse um lindo laço, esse presente dado por Wes.
(IG @omelhordocinema)
Primavera em Casablanca
4.0 16A produção francês-marroquina PRIMAVERA EM CASABLANCA (Razzia, 2017) é um filme de “quases”. Um filme que quase envolve, que quase aprofunda, que quase emociona e que eu quase me apaixonei. Na Casablanca dos dias de hoje, diferente daquela clássica de Ingrid Bergman e Humphrey Bogart, cinco histórias também são quase entrelaçadas. De temas polêmicos (ainda mais no Marrocos) e acobertadas pela intolerância, elas começam bem e seus titulares são fortes e cativantes, contudo o roteiro, num vai e volta, mais confunde do que conecta e o fio da meada vai sendo solto aos poucos até se perder totalmente. Dá para entender que a falta de liberdade e o fundamentalismo do presente é um reflexo do vivido no passado, e talvez, a breve narrativa de cada um deles pode ser uma opção do diretor (o mesmo que foi censurado em seu próprio país pelo ousado Much Loved, de 2015, que retratava o cotidiano de garotas de programa em Marrakesh), com o intuito de mostrar um panorama geral daquela sociedade, que tenta se equilibrar entre a modernidade e as tradições, mas isso afeta a qualidade de sua obra e prejudica a poesia e a reflexão que pretende passar. Primavera em Casablanca é quase excelente. Pena que adoça a nossa boca e acaba deixando o amargo gosto de querer mais.
(IG @omelhordocinema)
O Que de Verdade Importa
3.2 98 Assista AgoraCom um roteiro previsível e fantasioso, brinca com o poder mágico de cura de uma tradicional família do interior canadense, que passa de geração em geração. E mesmo retratando valores louváveis, não chega a ser um filme religioso e flerta com o curandeirismo. Faltando explicações, o romance não dá certo, personagens de destaque são rasos e o maior arco dramático é tão relâmpago e frágil quanto à doença que retrata. Como boas intenções não garantem a qualidade de um trabalho, O Que de Verdade Importa é uma fábula leve de autoajuda que mais importa pelo lado social do que pelos predicados técnicos.
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Sob a Pele do Lobo
3.0 117 Assista AgoraAo iniciar SOB A PELE DO LOBO (Bajo la Piel de Lobo, 2018), tive uma sensação de déjà vu. A cena de abertura de um animal sendo abatido na neve não traz nenhuma novidade, e assim é todo o seu desenvolvimento. Praticamente sem diálogos, é Mario Casas despido de sua conhecida beleza para dar espaço a um ogro, um caçador que vive sozinho em uma nevada e isolada montanha. Mas ele tem sentimentos, escondidos, mas tem. E o filme tenta nos convencer disso o tempo todo. Consegue até certo ponto e por conta do desempenho de Houses, porém o arco dramático não se sustenta por muito tempo e Sob a Pele do Lobo fica enfadonho e restrito às deslumbrantes paisagens dos Pirineus.
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Custódia
4.2 157Praticamente imóvel e com poucas falas, nada transmite mais temor e repulsa do que o jovem rosto maltratado de Julien, em enquadramentos de tirar o fôlego e causar calafrios, até aos mais insensíveis. A angústia e o pânico, entretanto, não estão restritos somente ao pobre garoto e o mais jovem ator em cena (Thomas Gioria, anote esse nome). Estendem-se a nós também. E para isso, Legrand abusa do talento do elenco e dessa aproximação lenta de sua câmera, até chegar a outro close, seja de outro rosto, de uma banheira ou de uma porta, e nos chocar de novo e de novo. Sem as habituais armadilhas dos dramas familiares, Custódia é dos mais urgentes e reais, e dois sentimentos são inevitáveis ao terminar de assisti-lo: 1) a indignação pela história relatada - ainda mais se tivermos consciência de que é o que é em qualquer canto do mundo; e 2) a satisfação por ter bem gastado o dinheiro com uma obra-prima - uma raridade, hoje em dia.
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Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas
3.4 297 Assista AgoraAo transferir os adoráveis monstrinhos do hotel-título para um navio em alto mar, o terceiro filme da franquia mais causa bocejos do que empolga. Retornando à fórmula da comédia romântica e com um quê de Indiana Jones, o enredo foca em Drac lutando entre o novo amor e a família. As boas piadas podem ser contadas em uma única mão e nem os personagens, quase todos familiares, e a Macarena espantam o material sem graça de Hotel Transilvânia 3.
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Alfa
3.4 296 Assista AgoraNo início, ALFA (Alpha, 2018) parece ser um filme complicado e chato, mas não é. Em uma jornada de sobrevivência, o menino encontra um companheiro inusitado, um lobo, e juntos vão trocando ensinamentos de amizade, liderança e paciência. Paisagens épicas, poucos diálogos e muitos significados fazem Alfa nos conquistar aos poucos, e mesmo sendo batida e arrastada, a histórica simbiótica de homem e animal, de Keda e Alpha, ensina e emociona no final.
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Arranha-Céu: Coragem Sem Limite
3.1 461 Assista AgoraEu não sei vocês, mas eu já não vou assistir a um filme com Dwayne Johnson com muita expectativa mesmo. Sem desmerecer seu carisma, o fato é que seus papéis de herói indestrutível se repetem tanto e em tal velocidade que fica difícil distinguir um do outro, e pouquíssimos são memoráveis. ARRANHA-CÉU: CORAGEM SEM LIMITE (Skyscraper, 2018) é mais um deles, em que The Rock precisa salvar sua família de um prédio altíssimo em chamas. Para isso, ele faz todas as acrobacias de um típico duro de matar e cai de vez quando, não contente em ser um simples filme de ação, tenta emplacar o drama e o suspense, e ficamos sem entender porque aquilo começou e terminou. Não dá certo e não há necessidade nenhuma de gastar o seu dinheiro com isso.
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