O que faz um filme inesquecível não necessariamente é um roteiro mirabolante, efeitos especiais realíssimos ou um elenco repleto de estrelas. Boyhood é grandioso em sua essência não apenas pelo roteiro e pela direção trabalhados por longos 12 anos. Isso bastaria, mas vai-se muito, muito além. Este é um filme que ao menos vai trazer uma identificação entre ficção e realidade, entre Mason e o espectador, entre vidas opostas - só eu me vi na tela em toda a projeção -. Não há reviravoltas, uma situação-chave que irá mudar o andamento do filme ou a revelação de um grande segredo, tampouco precisa daquela necessidade de mostrar o tempo para nos situar, o indicador do tempo ali são pequenas e relevantes coisas para uma criança: uma música, um livro, a fase meio emo. Boyhood marca uma parte importante e um tanto incômoda da vida que só quem passou sabe como é com tamanha linearidade e naturalidade que jamais incomoda, é um acerto de quase 12 anos e 165 minutos.
Martin Scorsese provavelmente enfrentaria a morte em seus filmes em um confronto de gangues rivais. Alfred Hitchcock colocaria a culpa em um homem que estava no lugar errado e na hora errada e faria de tudo para provar sua inocência Steven Spielberg traria seres de outro mundo à Terra e, assim, mostraria seu significado. Charlie Chaplin encontraria graça e leveza na morte. Já Woody Allen a encara de frente com a incerteza e finitude humana em diálogos primorosos e o seu típico humor ácido e é isso que faz de Magia ao Luar mais um grande filme em sua carreira.
Ela é um filme que ainda me faz pensar sobre mesmo depois de um mês de assistido no cinema. Spike Jonze entrega mais uma obra autêntica que só poderia ter saído de sua mente inventiva. O futuro retratado não é apocalíptico, não nos transporta os anos 2100 ou 3000, é algo próximo de nós, algo que já começamos a viver. O ser humano se mostra cada vez mais dependente da tecnologia, homens e mulheres não trocam mais olhares furtivos nas ruas. As relações humanas são frias. Theo é preciso nas palavras de amor para terceiros, mas fracassado no que é real. Samantha, o sistema operacional, dá "vida" a um novo amor. E quem diria que desse relacionamento não surgiria algo humano? Theo poderia namorar uma árvore, um poste, o espelho, o que quer que fosse, os sentimentos são humanos como qualquer namoro entre homem e mulher ou com seres do mesmo sexo. É como a vida iniciada a dois. Se a premissa soa um tanto insólita, Jonze dá o seu toque de sensibilidade para comprovar o quão verdadeira a relação entre Theo e Samantha é. Ah, Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson dispensam qualquer comentário...
Assisti à trilogia em sequência e só penso que tem que haver uma quarta parte sobre a vida aos cinquenta desse casal. Richard Linklater, Ethan Hawke e Julie Delpy são um trio de muito respeito!
Sofia segue o caminho oposto de Encontros e Desencontros e Em Algum Lugar ao fazer de Bling Ring não uma crítica ao vazio e o luxo das pessoas, e sim uma ficção documental de pessoas vazias perdidas nesse mundo vazio de luxo.
Nem a extrema fofura de Agnes e a graciosidade dos minions salvaram Meu Malvado Favorito 2 da mediocridade com clichês atirados a todos lados. Ademais, a nova personagem em pouco acrescentou com piadas insossas. Mas fica a esperança de um terceiro filme que supere o seu antecessor. E, por fim, as animações distribuídas no Brasil necessitam de mais cópias legendadas! Acredito que algumas das cenas tenham perdido força em decorrência disso.
Eis aqui o mais novo Almodóvar com ares oitentistas. Hilário, singular e com certeza vai incomodar os mais conservadores. Enquanto os créditos finais apareceram e eu ainda me recuperava das risadas, ouvi uma senhora dizer "que horror".
Assistir à estonteante Michelle Williams como Marilyn Monroe provavelmente será a experiência mais próxima que eu tive de estar perto da maior estrela que Hollywood já teve.
"Crash" é um filme tão impactante quanto a colisão de um carro a 200 km/h. Cronenberg realiza uma obra desconcertante, que traz uma erotização atípica e pode causar um certo estranhamento aos que não conhecem seu cinema. Tal apelo sexual é conduzido com sutilidade aliado à ótima trilha sonora agonizante. Há quem considere "Crash" pesado, mas é uma obra que permeia com maestria as milhares facetas do ser humano - nada mais recomendável do que o cineasta canadense para tal - e não apenas distribui imagens chocantes.
Só ver Woody Allen atuar novamente já vale o ingresso. É incrível a química que ele tem com o diretor de "Para Roma Com Amor". Brincadeira à parte, o longa-metragem é cativante, com humor bem dosado que em certos momentos remete às comédias setentistas de Woody. O longa traz situações ordinárias do cotidiano e as transformam hilariamente atípicas. Se a construção da obra deixa um pouco a desejar, todos os pontos citados acima valem a pena mais um ótimo trabalho desse incansável diretor.
O filme "Poder sem Limites" é para ser assistido sem grandes pretensões. O longa permeia caminhos já muito trilhados na história do cinema: falso documentário (vide o recente "Filha do Mal") e explora o contexto do jovem considerado introvertido e um fracasso social (o mesmo pode ser encontrado no longa Terri)e que sofre com a família desunida. O grande êxito é fantasiar a rotina maçante desse jovem, somar a dois garotos populares e fazer dessa mistura um filme surpreendente, que inclui movimentos telecinéticos provenientes de um objetivo misterioso. O que inicia como diversão transforma-se em destruição causada por um jovem cuja fraqueza o impede de usar os superpoderes com consciência. Dentro de sua proposta, "Poder sem Limites" é convincente e arrebatador.
Assistir “Filha do Mal” (The Devil Inside) é o que pode se chamar de frustração. O trailer de pouco mais de dois minutos apresenta o que há de relevante no longa-metragem. O filme, que foi um sucesso de bilheteria em sua semana de estreia, desbancando o blockbuster Missão Impossível: Protocolo Fantasma, mostrou-se um fracasso de crítica.
O longa-metragem apresenta tudo o que não deve ser apresentado em uma obra cinematográfica. O tema exorcismo é frequentemente abordado, porém muito escasso e os realizadores caem na mesmice de criar filmes que parecem sequências que nada de proveitoso têm a acrescentar. A abordagem do falso documentário foi apenas um dos inúmeros erros, torna a história maçante e o filme capenga em seu desenvolvimento. O roteiro em si não é convincente: Isabella Rossi (interpretada pela atriz brasileira Fernanda Andrade) viaja até a Itália para visitar sua mãe – que matou três pessoas no fim da década de 1980 durante uma sessão de exorcismo- que encontra-se internada há anos em uma instituição e decide fazer um filme dessa experiência. O objetivo “hierárquico” da trama perde-se ao longo da obra, pois a mãe que era uma personagem central acabou por ter sua participação reduzida a poucas cenas. A partir daí, o filme vira um quebra-cabeça cujas peças estão demasiadamente espalhadas e longe de serem montadas. Outro ponto negativo da obra é explorar a decisão do Vaticano de não apoiar/desprezar o exorcismo, pois isso é mais do que sabível e torna a obra ainda mais imatura.
Mas “The Devil Inside” tem lá seus momentos bons: as cenas de exorcismo e o tal batismo são muito bem feitas, mas não tornam o filme mais aceitável. O que causa maior reprovação é o desfecho da obra, pois dá a impressão de que os minutos finais foram feitos às pressas e com o orçamento estourado. Além de ser pueril, o encerramento da obra é nada convincente, o que rendeu a reprovação unânime de quem estava na sala de cinema.
Esse filme de exorcismo prova mais uma vez que criar expectativas em relação a um filme é errado e que o resultado de uma experiência nada agradável em “The Devil Inside” é digna de esquecer em poucos minutos o quão decepcionante é essa obra.
O longa-metragem francês intitulado “Tomboy” é um grande exercício que explora a simplicidade acerca de um tema que gera polêmica. O que a realização de Céline Sciamma tem de simplório, também tem de sensível e cativa pela sensibilidade com que a obra é desenvolvida.
Ao longo de 76 minutos de projeção, “Tomboy” explora a infância de uma criança com problemas de auto-aceitação. O que a protagonista Laure (Zoé Héran) vê em seu corpo de garota não a agrada. Junto com as constantes mudanças de habitação, também vem a mudança de identidade. De garota, Laure passa para Michaël, um garoto introvertido, de poucas palavras, que tenta aos poucos firmar-se no grupo de crianças do bairro. Se falta feminilidade em Laure, há de sobra sua pequena irmã Jeanne (interpretada brilhantemente pela doce Malonn Lévana). A saída encontrada para Laure tornar-se um garoto traz problemas tão grandes quando comparados com as situações em que ela tem de enfrentar.
A leveza com o que filme é retratado torna “Tomboy” gracioso e fácil para assistir, assim, permitindo um leque de interpretações quanto às atitudes de Laure. A diretora francesa fez bem em trabalhar de forma suave e não cair na exploração do preconceito de forma densa. A obra encerra como um recomeço, como uma segunda chance e deixa o espectador com vontade de repetir a dose, pois a doçura existente em “Tomboy” faz da obra uma experiência abordada de maneira adulta sobre a infância e os diversos problemas existentes nessa bela e nostálgica fase da vida.
O grande triunfo de “The Descendants” é não cair na mesmice melodramática de filmes hollywoodianos. O tema morte/aceitação é deveras explorado na sétima arte, mas nem sempre muito bem aproveitado. Senti alívio ao saber que o diretor da obra é Alexander Payne (tive a oportunidade de conferir seu trabalho em “About Schmidt”). Alívio que veio a ser reafirmado em seu mais novo filme. Payne suaviza e trata até com certa serenidade um assunto que é trivial e ao mesmo tempo assustador para muitas pessoas.
O roteiro apresenta um homem de negócios (George Clooney) que vive distante de sua família e o reencontro com suas filhas (as ótimas Shailene Woodley e Amara Miller) e parentes apenas faz-se possível com o acidente fatal de sua esposa que a deixa em coma. O que se vê no filme não é a representação de um homem em fúria com sede de vingança, e sim o semblante de um homem poderoso que sofre com sua situação atual e com a vida que perdeu. Família é sinônimo de união e de pessoas que se completam, mas isso torna-se apenas um conto de fadas para os poderosos “King”. O sofrimento maior que atinge o personagem principal da trama é ver que sua ausência como marido/pai transformou sua mulher em uma adúltera e suas filhas como crianças alopradas e mal-educadas. Afinal, o que pode machucar mais um chefe de família do que essas situações?
A obra traz um grande questionamento sobre a vida, o que fazemos, o que deixamos de fazer e que consequências podem trazer. A dor é um sentimento mais que presente na obra, entretanto Payne não permite que o “pieguismo” tome conta de seu filme, pois “The Descendants” é um retrato que apresenta leve comicidade acerca da perda e, consequentemente, da aceitação.
O humor abordado não faz da obra uma comédia em essência, pois o drama faz-se presente de forma sutil e comovente, sem beirar o apelativo. A última cena de “The Descendants” traz à tona o retrato de como os “King” deveriam ter sido: unidos. Quem aprovou o filme, é provável que tenha saído da sala de cinema com um sorriso estampado no rosto após ver uma família desmoronada reconstruir-se e sabendo que os pilares de pessoas tão essenciais estarão juntos para seguir em frente e dar um novo sentido à vida.
Se o mundo não estava preparado para conhecer o sexo no clássico hollywoodiano “A Primeira Noite de um Homem”, Bernardo Bertolucci causou espanto e torceu muitos narizes com Ultimo tango a Parigi . O diretor desconstrói a famigerada beleza de Paris para dar lugar à erotização em um filme extremamente sensual. Duas pessoas desconhecidas, Paul e Jeanne, encontram o desejo carnal na cidade que inspira o amor. O clima parisiense nada acrescenta aos encontros sexuais de um homem de meia-idade e de uma jovem que tem uma vida inteira pela frente. Duas pessoas que, além de serem “estranhas”, têm em comum o descontentamento com a vida. É no sexo que encontra-se a resposta para aliviar-se do que existe fora das paredes do quarto de apartamento que conta histórias concupiscentes. Bertolucci trouxe beleza e também venustidade ao sexo com cenas memoráveis em um filme que traz experiências inesquecíveis.
Em "Terri", é comum notar a simplicidade que carrega a obra. Tanto na produção do longa-metragem, quanto no assunto abordado, percebe-se que "Terri" explora a singeleza de um garoto (que leva o nome da película) e seus percalços em sua turbulenta vida. Terri é um adolescente visivelmente obeso, mas com um coração maior do que sua aparência exibe. Os problemas do jovem vão além do sofrimento causado pelo seu peso: não tem pais, seu tio tem problemas de saúde, sua autoestima inexiste. O que marca negativamente em Terri, faz com que o melancólico jovem, que encontra alívio em matar ratos em armadilhas, descubra uma luz no fim do túnel. Uma não, três: Mr. Fitzgerald, o diretor da escola, Chad, o garoto precoce que arranca seus fios de cabelo e Heather, uma adolescente malvista pela escola após constrangimento típico da libido de sua idade. O quarteto encabeçado por Terri apresenta similaridades: rejeição, fraqueza, medo. Contudo, fortelece-se com o ombro amigo dado um ao outro. E assim, é possível ver a satisfação estampada no rosto de cada um, sobretudo de Terri, que ao viver a vida, experimentar o novo, fazer parte de situações constrangedoras, enfim, encontra um motivo tão terno para sorrir e trilhar novamente o caminho para casa que não apresenta mais aquele sabor amargo.
Assista "Capote" e tenha em mente que o protagonista da obra é Philip Seymour Hoffman, simplesmente o ator mais talentoso que surgiu nos últimos anos. O talento de Phil Hoffman abrilhanta a investigação jornalística nesse longa-metragem. O ritmo é lento? Claro. Assim como o filme "À Sangue Frio" (1967), obra baseada em seu livro, contudo Bennett Miller apresenta diálogos precisos, escancara o jornalismo e apresenta a personagem de um homem que pode ser visto tanto como herói tanto como vilão. "Capote" é sensacional.
Adrienne Shelly era uma atriz/diretora competente e talentosíssima. Em seu filme póstumo, "Garçonete", Adrienne encanta com histórias que são um misto de amor, solidão e tristeza. Seu humor peculiar acrescenta grandeza à obra, seus personagens são marcantes, seus filmes são inesquecíveis. Em suma, assistir "Garçonete" é uma experiência deliciosa na qual mostra que os infortúnios da vida podem gerar frutos tão gostosos como as tortas da protagonista Jenna.
Quando um filme vindo da Sérvia (um país sem muita tradição cinematográfica) traz mais discussões sobre a polêmica e a censura envolvidas do que pela qualidade da obra, é porque o homem por trás das câmeras procura chocar com uma obra barata e vazia, que ao meu ver, teve pouquíssimos momentos impressionantes. Pura violência gratuita.
Se o habitual de William Castle era mostrar o terror nos dias atuais, por que não criar uma bela história apavorante passada no século XIX? O diretor estadunidense sabia promover seus filmes e levar milhares de espectadores para as salas de cinema, o ato de conversar com quem estava do outro da tela esteve presente, até mesmo a decisão do desfecho da obra (embora não um diálogo plenamente real). “Mr. Sardonicus” é uma obra atípica, devido ao cenário escolhido, contudo o horror dos personagens está mais que presente e até mais contundente. Um simples bilhete de loteria é o ponto principal para o desenvolvimento da obra. A ambição somada a submissão de um pobre homem do campo, leva o futuro “Sardonicus” a abrir o caixão de seu pai para resgatar o prêmio, eis que a maldição ghoul (os seres que se alimentam dos detritos dos mortos) transforma-o em uma figura tão pavorosa quanto Gwynplaine, o homem que ri. A fortuna o leva à insanidade e também ao poderoso título de Barão de Gorslava. A importante “figura desfigurada” pratica o mal para com todos com o objetivo de realizar seu próprio bem. O que Sardonicus (nomeação designada aos espasmos musculares) esconde por trás da máscara não é tão ou mais impressionante que o próprio objeto. O inescrupuloso barão vê os seres humanos como cobaias e para isso tem seu súdito e fiel empregado, sua bela baronesa e o médico incumbido de curá-lo. O desfecho do filme é apoteótico, no qual o silêncio fala por si e apresenta uma mensagem semelhante à de uma fábula: Quem semeia o mal, colhe-o para si. William Castle novamente apresentou uma extraordinária obra que fez o mal tão real quanto na figura de Sardonicus, transformando-o em uma figura história real, comprovando que o terror esteve e está presente em todas as épocas.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraO que faz um filme inesquecível não necessariamente é um roteiro mirabolante, efeitos especiais realíssimos ou um elenco repleto de estrelas.
Boyhood é grandioso em sua essência não apenas pelo roteiro e pela direção trabalhados por longos 12 anos. Isso bastaria, mas vai-se muito, muito além. Este é um filme que ao menos vai trazer uma identificação entre ficção e realidade, entre Mason e o espectador, entre vidas opostas - só eu me vi na tela em toda a projeção -.
Não há reviravoltas, uma situação-chave que irá mudar o andamento do filme ou a revelação de um grande segredo, tampouco precisa daquela necessidade de mostrar o tempo para nos situar, o indicador do tempo ali são pequenas e relevantes coisas para uma criança: uma música, um livro, a fase meio emo. Boyhood marca uma parte importante e um tanto incômoda da vida que só quem passou sabe como é com tamanha linearidade e naturalidade que jamais incomoda, é um acerto de quase 12 anos e 165 minutos.
Magia ao Luar
3.4 569 Assista AgoraMartin Scorsese provavelmente enfrentaria a morte em seus filmes em um confronto de gangues rivais. Alfred Hitchcock colocaria a culpa em um homem que estava no lugar errado e na hora errada e faria de tudo para provar sua inocência Steven Spielberg traria seres de outro mundo à Terra e, assim, mostraria seu significado. Charlie Chaplin encontraria graça e leveza na morte. Já Woody Allen a encara de frente com a incerteza e finitude humana em diálogos primorosos e o seu típico humor ácido e é isso que faz de Magia ao Luar mais um grande filme em sua carreira.
Não
4.2 472 Assista AgoraUma aula de publicidade, história e cinema!
Bonequinha de Luxo
4.1 1,7K Assista Agora"Eu acho que estou gostando do açougueiro". Essa fala já vale o filme.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraEla é um filme que ainda me faz pensar sobre mesmo depois de um mês de assistido no cinema. Spike Jonze entrega mais uma obra autêntica que só poderia ter saído de sua mente inventiva. O futuro retratado não é apocalíptico, não nos transporta os anos 2100 ou 3000, é algo próximo de nós, algo que já começamos a viver. O ser humano se mostra cada vez mais dependente da tecnologia, homens e mulheres não trocam mais olhares furtivos nas ruas. As relações humanas são frias. Theo é preciso nas palavras de amor para terceiros, mas fracassado no que é real. Samantha, o sistema operacional, dá "vida" a um novo amor. E quem diria que desse relacionamento não surgiria algo humano? Theo poderia namorar uma árvore, um poste, o espelho, o que quer que fosse, os sentimentos são humanos como qualquer namoro entre homem e mulher ou com seres do mesmo sexo. É como a vida iniciada a dois. Se a premissa soa um tanto insólita, Jonze dá o seu toque de sensibilidade para comprovar o quão verdadeira a relação entre Theo e Samantha é. Ah, Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson dispensam qualquer comentário...
Antes da Meia-Noite
4.2 1,5K Assista AgoraAssisti à trilogia em sequência e só penso que tem que haver uma quarta parte sobre a vida aos cinquenta desse casal. Richard Linklater, Ethan Hawke e Julie Delpy são um trio de muito respeito!
E.T.: O Extraterrestre
3.9 1,4K Assista AgoraE.T.erno.
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraSofia segue o caminho oposto de Encontros e Desencontros e Em Algum Lugar ao fazer de Bling Ring não uma crítica ao vazio e o luxo das pessoas, e sim uma ficção documental de pessoas vazias perdidas nesse mundo vazio de luxo.
Meu Malvado Favorito 2
3.9 1,8K Assista AgoraNem a extrema fofura de Agnes e a graciosidade dos minions salvaram Meu Malvado Favorito 2 da mediocridade com clichês atirados a todos lados. Ademais, a nova personagem em pouco acrescentou com piadas insossas. Mas fica a esperança de um terceiro filme que supere o seu antecessor. E, por fim, as animações distribuídas no Brasil necessitam de mais cópias legendadas! Acredito que algumas das cenas tenham perdido força em decorrência disso.
Os Amantes Passageiros
3.1 648 Assista AgoraEis aqui o mais novo Almodóvar com ares oitentistas. Hilário, singular e com certeza vai incomodar os mais conservadores. Enquanto os créditos finais apareceram e eu ainda me recuperava das risadas, ouvi uma senhora dizer "que horror".
Elena
4.2 1,3K Assista AgoraAssistir a "Elena" com os olhos marejados é só uma amostra do que esse filme causou em mim. Lindamente trágico.
Sete Dias com Marilyn
3.7 1,7K Assista AgoraAssistir à estonteante Michelle Williams como Marilyn Monroe provavelmente será a experiência mais próxima que eu tive de estar perto da maior estrela que Hollywood já teve.
Crash: Estranhos Prazeres
3.6 328 Assista Agora"Crash" é um filme tão impactante quanto a colisão de um carro a 200 km/h. Cronenberg realiza uma obra desconcertante, que traz uma erotização atípica e pode causar um certo estranhamento aos que não conhecem seu cinema. Tal apelo sexual é conduzido com sutilidade aliado à ótima trilha sonora agonizante.
Há quem considere "Crash" pesado, mas é uma obra que permeia com maestria as milhares facetas do ser humano - nada mais recomendável do que o cineasta canadense para tal - e não apenas distribui imagens chocantes.
Para Roma Com Amor
3.4 1,3K Assista AgoraSó ver Woody Allen atuar novamente já vale o ingresso. É incrível a química que ele tem com o diretor de "Para Roma Com Amor". Brincadeira à parte, o longa-metragem é cativante, com humor bem dosado que em certos momentos remete às comédias setentistas de Woody. O longa traz situações ordinárias do cotidiano e as transformam hilariamente atípicas. Se a construção da obra deixa um pouco a desejar, todos os pontos citados acima valem a pena mais um ótimo trabalho desse incansável diretor.
Poder Sem Limites
3.4 1,7K Assista AgoraO filme "Poder sem Limites" é para ser assistido sem grandes pretensões. O longa permeia caminhos já muito trilhados na história do cinema: falso documentário (vide o recente "Filha do Mal") e explora o contexto do jovem considerado introvertido e um fracasso social (o mesmo pode ser encontrado no longa Terri)e que sofre com a família desunida. O grande êxito é fantasiar a rotina maçante desse jovem, somar a dois garotos populares e fazer dessa mistura um filme surpreendente, que inclui movimentos telecinéticos provenientes de um objetivo misterioso. O que inicia como diversão transforma-se em destruição causada por um jovem cuja fraqueza o impede de usar os superpoderes com consciência. Dentro de sua proposta, "Poder sem Limites" é convincente e arrebatador.
Filha do Mal
1.9 1,9K Assista AgoraAssistir “Filha do Mal” (The Devil Inside) é o que pode se chamar de frustração. O trailer de pouco mais de dois minutos apresenta o que há de relevante no longa-metragem. O filme, que foi um sucesso de bilheteria em sua semana de estreia, desbancando o blockbuster Missão Impossível: Protocolo Fantasma, mostrou-se um fracasso de crítica.
O longa-metragem apresenta tudo o que não deve ser apresentado em uma obra cinematográfica. O tema exorcismo é frequentemente abordado, porém muito escasso e os realizadores caem na mesmice de criar filmes que parecem sequências que nada de proveitoso têm a acrescentar. A abordagem do falso documentário foi apenas um dos inúmeros erros, torna a história maçante e o filme capenga em seu desenvolvimento. O roteiro em si não é convincente: Isabella Rossi (interpretada pela atriz brasileira Fernanda Andrade) viaja até a Itália para visitar sua mãe – que matou três pessoas no fim da década de 1980 durante uma sessão de exorcismo- que encontra-se internada há anos em uma instituição e decide fazer um filme dessa experiência. O objetivo “hierárquico” da trama perde-se ao longo da obra, pois a mãe que era uma personagem central acabou por ter sua participação reduzida a poucas cenas. A partir daí, o filme vira um quebra-cabeça cujas peças estão demasiadamente espalhadas e longe de serem montadas. Outro ponto negativo da obra é explorar a decisão do Vaticano de não apoiar/desprezar o exorcismo, pois isso é mais do que sabível e torna a obra ainda mais imatura.
Mas “The Devil Inside” tem lá seus momentos bons: as cenas de exorcismo e o tal batismo são muito bem feitas, mas não tornam o filme mais aceitável. O que causa maior reprovação é o desfecho da obra, pois dá a impressão de que os minutos finais foram feitos às pressas e com o orçamento estourado. Além de ser pueril, o encerramento da obra é nada convincente, o que rendeu a reprovação unânime de quem estava na sala de cinema.
Esse filme de exorcismo prova mais uma vez que criar expectativas em relação a um filme é errado e que o resultado de uma experiência nada agradável em “The Devil Inside” é digna de esquecer em poucos minutos o quão decepcionante é essa obra.
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraO longa-metragem francês intitulado “Tomboy” é um grande exercício que explora a simplicidade acerca de um tema que gera polêmica. O que a realização de Céline Sciamma tem de simplório, também tem de sensível e cativa pela sensibilidade com que a obra é desenvolvida.
Ao longo de 76 minutos de projeção, “Tomboy” explora a infância de uma criança com problemas de auto-aceitação. O que a protagonista Laure (Zoé Héran) vê em seu corpo de garota não a agrada. Junto com as constantes mudanças de habitação, também vem a mudança de identidade. De garota, Laure passa para Michaël, um garoto introvertido, de poucas palavras, que tenta aos poucos firmar-se no grupo de crianças do bairro. Se falta feminilidade em Laure, há de sobra sua pequena irmã Jeanne (interpretada brilhantemente pela doce Malonn Lévana). A saída encontrada para Laure tornar-se um garoto traz problemas tão grandes quando comparados com as situações em que ela tem de enfrentar.
A leveza com o que filme é retratado torna “Tomboy” gracioso e fácil para assistir, assim, permitindo um leque de interpretações quanto às atitudes de Laure. A diretora francesa fez bem em trabalhar de forma suave e não cair na exploração do preconceito de forma densa. A obra encerra como um recomeço, como uma segunda chance e deixa o espectador com vontade de repetir a dose, pois a doçura existente em “Tomboy” faz da obra uma experiência abordada de maneira adulta sobre a infância e os diversos problemas existentes nessa bela e nostálgica fase da vida.
Os Descendentes
3.5 1,3K Assista AgoraO grande triunfo de “The Descendants” é não cair na mesmice melodramática de filmes hollywoodianos. O tema morte/aceitação é deveras explorado na sétima arte, mas nem sempre muito bem aproveitado. Senti alívio ao saber que o diretor da obra é Alexander Payne (tive a oportunidade de conferir seu trabalho em “About Schmidt”). Alívio que veio a ser reafirmado em seu mais novo filme. Payne suaviza e trata até com certa serenidade um assunto que é trivial e ao mesmo tempo assustador para muitas pessoas.
O roteiro apresenta um homem de negócios (George Clooney) que vive distante de sua família e o reencontro com suas filhas (as ótimas Shailene Woodley e Amara Miller) e parentes apenas faz-se possível com o acidente fatal de sua esposa que a deixa em coma. O que se vê no filme não é a representação de um homem em fúria com sede de vingança, e sim o semblante de um homem poderoso que sofre com sua situação atual e com a vida que perdeu. Família é sinônimo de união e de pessoas que se completam, mas isso torna-se apenas um conto de fadas para os poderosos “King”. O sofrimento maior que atinge o personagem principal da trama é ver que sua ausência como marido/pai transformou sua mulher em uma adúltera e suas filhas como crianças alopradas e mal-educadas. Afinal, o que pode machucar mais um chefe de família do que essas situações?
A obra traz um grande questionamento sobre a vida, o que fazemos, o que deixamos de fazer e que consequências podem trazer. A dor é um sentimento mais que presente na obra, entretanto Payne não permite que o “pieguismo” tome conta de seu filme, pois “The Descendants” é um retrato que apresenta leve comicidade acerca da perda e, consequentemente, da aceitação.
O humor abordado não faz da obra uma comédia em essência, pois o drama faz-se presente de forma sutil e comovente, sem beirar o apelativo. A última cena de “The Descendants” traz à tona o retrato de como os “King” deveriam ter sido: unidos. Quem aprovou o filme, é provável que tenha saído da sala de cinema com um sorriso estampado no rosto após ver uma família desmoronada reconstruir-se e sabendo que os pilares de pessoas tão essenciais estarão juntos para seguir em frente e dar um novo sentido à vida.
Último Tango em Paris
3.5 569Se o mundo não estava preparado para conhecer o sexo no clássico hollywoodiano “A Primeira Noite de um Homem”, Bernardo Bertolucci causou espanto e torceu muitos narizes com Ultimo tango a Parigi . O diretor desconstrói a famigerada beleza de Paris para dar lugar à erotização em um filme extremamente sensual. Duas pessoas desconhecidas, Paul e Jeanne, encontram o desejo carnal na cidade que inspira o amor. O clima parisiense nada acrescenta aos encontros sexuais de um homem de meia-idade e de uma jovem que tem uma vida inteira pela frente. Duas pessoas que, além de serem “estranhas”, têm em comum o descontentamento com a vida. É no sexo que encontra-se a resposta para aliviar-se do que existe fora das paredes do quarto de apartamento que conta histórias concupiscentes. Bertolucci trouxe beleza e também venustidade ao sexo com cenas memoráveis em um filme que traz experiências inesquecíveis.
Terri
3.4 18 Assista AgoraEm "Terri", é comum notar a simplicidade que carrega a obra. Tanto na produção do longa-metragem, quanto no assunto abordado, percebe-se que "Terri" explora a singeleza de um garoto (que leva o nome da película) e seus percalços em sua turbulenta vida. Terri é um adolescente visivelmente obeso, mas com um coração maior do que sua aparência exibe. Os problemas do jovem vão além do sofrimento causado pelo seu peso: não tem pais, seu tio tem problemas de saúde, sua autoestima inexiste. O que marca negativamente em Terri, faz com que o melancólico jovem, que encontra alívio em matar ratos em armadilhas, descubra uma luz no fim do túnel. Uma não, três: Mr. Fitzgerald, o diretor da escola, Chad, o garoto precoce que arranca seus fios de cabelo e Heather, uma adolescente malvista pela escola após constrangimento típico da libido de sua idade.
O quarteto encabeçado por Terri apresenta similaridades: rejeição, fraqueza, medo. Contudo, fortelece-se com o ombro amigo dado um ao outro. E assim, é possível ver a satisfação estampada no rosto de cada um, sobretudo de Terri, que ao viver a vida, experimentar o novo, fazer parte de situações constrangedoras, enfim, encontra um motivo tão terno para sorrir e trilhar novamente o caminho para casa que não apresenta mais aquele sabor amargo.
Capote
3.8 373 Assista AgoraAssista "Capote" e tenha em mente que o protagonista da obra é Philip Seymour Hoffman, simplesmente o ator mais talentoso que surgiu nos últimos anos. O talento de Phil Hoffman abrilhanta a investigação jornalística nesse longa-metragem. O ritmo é lento? Claro. Assim como o filme "À Sangue Frio" (1967), obra baseada em seu livro, contudo Bennett Miller apresenta diálogos precisos, escancara o jornalismo e apresenta a personagem de um homem que pode ser visto tanto como herói tanto como vilão. "Capote" é sensacional.
Garçonete
3.5 217Adrienne Shelly era uma atriz/diretora competente e talentosíssima. Em seu filme póstumo, "Garçonete", Adrienne encanta com histórias que são um misto de amor, solidão e tristeza. Seu humor peculiar acrescenta grandeza à obra, seus personagens são marcantes, seus filmes são inesquecíveis. Em suma, assistir "Garçonete" é uma experiência deliciosa na qual mostra que os infortúnios da vida podem gerar frutos tão gostosos como as tortas da protagonista Jenna.
A Serbian Film: Terror Sem Limites
2.5 2,0KQuando um filme vindo da Sérvia (um país sem muita tradição cinematográfica) traz mais discussões sobre a polêmica e a censura envolvidas do que pela qualidade da obra, é porque o homem por trás das câmeras procura chocar com uma obra barata e vazia, que ao meu ver, teve pouquíssimos momentos impressionantes. Pura violência gratuita.
A Máscara do Horror
3.8 21 Assista AgoraSe o habitual de William Castle era mostrar o terror nos dias atuais, por que não criar uma bela história apavorante passada no século XIX?
O diretor estadunidense sabia promover seus filmes e levar milhares de espectadores para as salas de cinema, o ato de conversar com quem estava do outro da tela esteve presente, até mesmo a decisão do desfecho da obra (embora não um diálogo plenamente real). “Mr. Sardonicus” é uma obra atípica, devido ao cenário escolhido, contudo o horror dos personagens está mais que presente e até mais contundente.
Um simples bilhete de loteria é o ponto principal para o desenvolvimento da obra. A ambição somada a submissão de um pobre homem do campo, leva o futuro “Sardonicus” a abrir o caixão de seu pai para resgatar o prêmio, eis que a maldição ghoul (os seres que se alimentam dos detritos dos mortos) transforma-o em uma figura tão pavorosa quanto Gwynplaine, o homem que ri. A fortuna o leva à insanidade e também ao poderoso título de Barão de Gorslava. A importante “figura desfigurada” pratica o mal para com todos com o objetivo de realizar seu próprio bem. O que Sardonicus (nomeação designada aos espasmos musculares) esconde por trás da máscara não é tão ou mais impressionante que o próprio objeto. O inescrupuloso barão vê os seres humanos como cobaias e para isso tem seu súdito e fiel empregado, sua bela baronesa e o médico incumbido de curá-lo.
O desfecho do filme é apoteótico, no qual o silêncio fala por si e apresenta uma mensagem semelhante à de uma fábula: Quem semeia o mal, colhe-o para si.
William Castle novamente apresentou uma extraordinária obra que fez o mal tão real quanto na figura de Sardonicus, transformando-o em uma figura história real, comprovando que o terror esteve e está presente em todas as épocas.