Billy Wilder em uma de suas primeiras obras trouxe às telas um legítimo noir clássico. Usando o recurso dos flashbacks, a história é narrada detalhadamente por Walter Neff, personagem que é sabível desde o ínicio que carrega uma grande culpa. Este fator não compromete a plenitude do filme que é conduzida brilhantemente pelo talentosíssimo e versátil diretor. ''Double Indemnity'' é, indubitavelmente, um clássico do cinema que explora a malevolência humana e prova que, por mais um crime seja bem planejado, ele nunca será perfeito e a verdade sempre virá à tona.
A obra do diretor Raoul Walsh divide-se em duas partes: o drama de caminhoneiros pobres que lidam com o perigo noite à noite e o segundo momento no qual as mudanças, devido ao seu esforço, aparentemente mantêm sua vida serena e feliz. "They Drive By Night" mescla o drama com o suspense num belíssimo ambiente que só o noir proporciona. Estas duas partes também trazem protagonistas diferentes: os atores George Raft e Ida Luvino protagonizam brilhantemente a película. Numa história que envolve ambição, pobreza, perdas e assassinato, Raoul Walsh mostrou-se um diretor competente ao fazer com que a obra não perdesse o ritmo acelerado nem mesmo na transição de histórias. Um noir memorável!
A história de uma lenda do cinema contada por uma pessoa que o conhecia perfeitamente. ''Bacall on Bogart'' relata a trajetória de Humphrey DeForest Bogart, ou simplesmente Humphrey Bogart ou Bogie para os fãs, desde o dia de seu nascimento até a sua morte prematura. Um documentário riquíssimo ''cinematograficamente'' falando, trazendo extratos de cenas raríssimas da vasta filmografia de Bogie, desde a sua estreia no cinema em ''Up the River'', faroestes como ''Virginia City'' e até o improvável ''The Return of Doctor X''. Estes filmes traziam Humphrey Bogart em papéis menores, alguns irrelevantes, mas se não fosse por ''The Petrified Forest'', a carreira meteórica do ator não teria tomado o rumo que tomou. Foi com esta obra que Bogart criou a figura que o marcaria na história do cinema: o gângster inescrupuloso, carrancudo, cínico, mas no fundo com sentimentos. Sua carreira alavancou finalmente no ano de 1941, com a realização de dois clássicos do cinema: ''High Sierra'' e ''The Maltese Falcon'' do diretor e amigo John Huston, este último seria o primeiro e definitivo filme que nomeou o gênero. A fama de Bogart o levou para "Casablanca'', o maior clássico dos cinemas americanos, fazendo de Rick Blaine um mito do cinema. Com as grandes proporções tomadas pela Segunda Grande Guerra, Bogie atuou em filmes sobre o tema, como ''Sahara'' e ''Across the Pacific''. O ano de 1944 marcaria sua vida, pois Bogart conheceu a mulher que o amaria fielmente e também a mulher que conta esta história: Lauren Bacall. Foi com ''To Have and Have Not'' que a história do casal percorreu ótimos caminhos. O casal também protagonizou mais três filmes: ''The Big Sleep'', ''Dark Passage'' e ''Key Largo''. Algumas obras-primas do cinema. A partir de 1948, Bogart tornou-se um ator versátil, atuando em filmes dos mais diversos gêneros, como o clássico indiscutível ''The Treasure of the Sierra Madre'', a comédia-romântica "Sabrina'', ''The African Queen'', que lhe rendeu o único Oscar de ator e também em obras de sua própria produtora ''Santana'', como ''In a Lonely Place". O tempo passou rápido para Bogie em 1956 ele realizou o que viria a ser o seu último filme: o drama noir sobre esportes ''The Harder They Fall''. No ano seguinte, Humphrey DeForest Bogart faleceu no dia 14 de janeiro, com complicações devido à um câncer de esôfago, pois é sabível nos filmes que Bogie fumava e bebia excessivamente. ''Bacall on Bogart'' traz momentos cômicos e emocionantes da vida do ator contados por alguém que o conhecia e o amava verdadeiramente e é percebível graças à frase final de Lauren, dizendo que Bogie a ensinou a viver e ainda continua. 83 minutos bastaram para contar, de maneira sucinta, a carreira de um ator inigualável que em 26 anos de cinema conquistou e conquista fãs por todo o mundo, inclusive a mim.
"The Front" retrata um período obscuro da história americana: o Macartismo, no qual houve uma busca intensa do governo para liquidar os que eram contra a política do país, os comunistas, que na obra focado a área artística: atores, diretores, roteiristas de cinema, etc. Eram tratados às redeas curtas, e consequentemente perdiam seus empregos, essa ''caça às bruxas'' ou ''lista negra'' teve ilustres membros como o fabuloso Charles Chaplin. Esta obra é feita por pessoas que, literalmente, sentiram na pele esse lastimável período, pois diretor e roteiristas compunham a tenebrosa lista negra. A repressão e a censura eram extremas, o que pode ser claramente percebível no filme, e a persona de Woody Allen trouxe um equilíbrio entre drama e comédia, visto que a obra poderia cair num contundente drama sem fim, contudo Woody com sua veia humorística trouxe momentos cômicos, assim como parte do elenco coadjuvante. Woody Allen está brilhante em sua atuação, dando vida a um homem pobre de recursos e ainda por cima devedor, porém este nada tem a perder quando surge uma oportunidade valiosa e também perigosa: ser testa de ferro (assinar roteiros com seu nome feitos por roteiristas caçados pelo governo capitalista). A liberdade para com os americanos, sobretudo os artistas, era inexistente nesses tempos sórdidos, e nem mesmo uma vida regada ao luxo tira o livre-arbítrio do homem agir contra a inescrupulosa e dizer ''não'' às leis impostas, ou como Howard Prince disse: ''And furthermore, you can all go fuck yourselves". A obra de Martin Ritt transita entre o drama e o humor brilhantemente e feito de maneira competente, retratando o pesadelo real dos cidadãos e cidadãs americanos.
Uma obra excepcional de John Huston que tem como pano de fundo a Primeira Grande Guerra e tem no elenco dois dos melhores atores que o cinema já teve: Os magnânimos Humphrey Bogart e Katharine Hepburn. Já nos minutos iniciais somos apresentados à crueldade da guerra que assolava a população local , entretanto o longa não limita-se ao drama vivido na época, pois como o título já sugere, a história é uma esplêndida aventura na África. Ao desenrolar da história, são apresentados diversos momentos cômicos, românticos e até mesmo suspense. A excelência de John Huston mostra-se em um pequeno barco chamado ''African Queen'', e é nele que praticamente toda história ganha força e cativa o espectador graças aos excelentes protagonistas. Visto que é um filme de 1951, fica mais do que claro na montagem as cenas gravadas no estúdio e os efeitos especiais, que hoje são considerados limitados, mas há quase 60 anos Hollywood não era um estúdio limitado aos efeitos especiais demasiados, e sim ao talento de seus atores e diretores, que nesta obra-prima tem de sobra. John Huston mostrou-se novamente um diretor talentoso e inovador numa obra atípica de sua filmografia que encantou e ainda encanta os cinéfilos mundo afora. Imperdível.
Humphrey Bogart quando se une a Raoul Walsh é sinônimo de cinema de qualidade. Isso pode se dizer na realização deste belíssimo noir. Provavelmente o filme mais humano do gênero. Bogie quebra os paradigmas de um criminoso ao dar vida a um gângster à moda antiga que não se adapta à então nova década de 40 e os ''tipões'' da bandidagem que nela residiam. O protagonista é tido como bruto, experiente e único no crime, entretanto ele mostra o seu lado humano ao querer ajudar o próximo. Suas características o tornam querido/carismático pelas pessoas que o rodeia. O enredo do filme é basicamente o de todo noir: o planejamento de roubo de algo valioso, contudo a obra apresenta-se amarga com o seu fechamento. Tudo o que ele queria era ser livre, e conseguiu da maneira mais dolorosa possível.
O cineasta que explora com perfeição o mundo onírico e bizarro mostra extrema habilidade ao tratar de um tema de uma pureza sem tamanho. Sou fã do trabalho de Lynch, mas suas obras ''humanas'' indubitavelmente mexem comigo. Minha primeira experiência foi com ''O Homem Elefante'' e quase duas décadas mais tarde, o diretor traria para o cinema uma história real. É impossível não se emocionar com a odisseia de Alvin Straight em busca de apagar de sua memória os maus momentos. Alvin, no alto dos seus 73 anos, mostrou-se persistente, corajoso e perseverante, nem mesmo suas limitações o impediram de cumprir sua longa jornada. Esta obra é deveras profunda e nos mostra o que um homem é capaz de fazer para se redimir do passado e da culpa. Sensibilidade à flor da pele em uma história extremamente bela.
Esta obra praticamente revisita um clássico do screwball comedy dos anos 30: Levada da Breca, de Howard Hawks. Referências à parte, ''What's Up, Doc?'' é uma deliciosíssima comédia que não falha sequer em um momento. A obra como um todo é envolvente, desde a sua construção à atuação do fantástico elenco. Como já de se esperar, o roteiro é repleto de situações cômicas e muitíssimas confusões, protagonizadas pela ''perigosa'' figura feminina Judy e o azarado Howard (ou Steve), é esta é a grande sacada do screwball comedy: o sexo feminino testando e ou provocando de maneira inocente a sua sanidade. Voltando as referências, o título desta obra-prima faz uma menção à frase do personagem Pernalonga, traduzida para ''O que que há, velhinho?''. No mais, esta comédia é inesquecível, feita de uma forma sutil e completamente divertida.
Um trabalho excepcional de Ingmar Bergman que mostra a sua capacidade insuperável de conduzir uma obra extremamente dramática contendo um dos seus temas favoritos: o existencialismo. O ser feminino foi abordado de forma magistral, trazendo a vida de três mulheres e seus respectivos anseios quanto o que muitas fêmeas desejam: a gravidez. As três protagonistas - e suas ações viscerais- mostram diferentes visões sobre o que é ter um filho: a dor inconsolável da perda, a espera de um momento único e a reprovação total de conceber uma criança. Suas vontades trazem um aprofundamento em seus seres, o existencialismo, o medo e ou receio fazem parte das três mulheres, por mais felizes que estas estejam. Bergman traz uma obra que no final das contas tem um final não tão feliz, mas não tão trágico.
Esta obra de Archie Mayo é, indubitavelmente, um clássico do cinema americano, visto não só pela sua importância, mas também por ser o primeiro grande sucesso de Humphrey Bogart nas telonas. O fator elenco é extremamente positivo, pois Bette Davis, Leslie Howard, Humphrey Bogart e os coadjuvantes cumprem seus respectivos papéis com maestria. Entretudo, a história é rasa e mesmo a obra sendo curta mostra-se cansativa em certos momentos. O contexto mostrado na obra é um paralelo entre o desejo de viver e a morte, diria que há uma confrontação entre elas, mostrando de forma contundente o vazio e a profundeza em seus protagonistas. O desfecho da obra é deveras decepcionante, pois a espera de um grand finale foi substituída por um fechamento frívolo.
A vinda de Hitchcock para os Estados Unidos causou tanto furor, que em dois anos o diretor teve dois de seus filmes indicados ao Oscar de melhor filme e em outras categorias. As obras do mestre citadas são Rebecca e Suspeita, ambas tendo Joan Fontaine como protagonista. Em Suspeita, Hitchcock deleita o espectador com o melhor do seu humor negro/perverso nos minutos que iniciam a película. Entretanto, o decorrer da obra mostra-se maçante e pouco impressiona. A estória resume-se na dúvida de conviver com um suposto assassinado, e isso Hitchcock fazia perfeitamente, e para o mestre, nem tudo era aquilo que parecia ser. O suspense, elemento típico do diretor, é pouco apresentado e a obra mantém-se graças as excelentes atuações do casal protagonista: Cary Grant e Joan Fontaine. Enfim, esta obra menor -que segue o caminho inverso de outras do diretor por ganhar o tão importante Oscar- é discreta ao extremo.
Incontestavelmente um clássico do cinema. Uma obra que retrata a revolução de forma crua e sangrenta, no qual os menos favorecidos são sempre massacrados por seus superiores. Por trás do contexto histórico, anos antes da revolução russa, há uma pérola do cinema, que graças a sua construção, montagem e roteiro brilhantes permanece atual mesmo após 85 anos de seu lançamento.
Este filme surpreende positivamente por mostrar o drama vivido pela protagonista de forma sutil e não recorre ao melodrama excessivo. A obra também é sutil por não retratar a nudez em uma obra no qual é retratada uma adolescente estudante que sobrevive graças ao seu corpo . A ''Garota Eslovena'' mostra-se desiludida e solitária quanto a vida e as pessoas que estão ao seu redor. Sua conduta não é alterada até mesmo quando tudo vem à tona e seus sonhos são destruídos. O desfecho da obra é brilhante, transformando um clássico cômico do mestre Frank Zappa ''Bobby Brown (Goes Down)'' em melancolia, canção esta que muito tem a ver com a trajetória da garota eslovena. Uma obra incrível e docemente amarga.
''A Tara Maldita'' é uma pérola perdida do cinema. A obra do diretor Mervyn LeRoy explora o drama e o suspense de maneira explêndida e também um marco na indústria cinematográfica por trazer a primeira vilã mirim nas telonas. O clássico americano retrata a malevolência de uma bela garota de 8 anos que nada teme para fazer o bem para si própria. Uma mente diabólica. Toda a crueldade que corrói seu interior cai num questionamento psiquiátrico no qual se discute a hereditariedade e a maldade que aflora no ser ao passar do tempo ou fruto do ambiente. Nem mesmo as ações bárbaras e pérfidas da garota fazem com que sua mãe aja de modo que possa entregar a filha assassina. Além de tudo, há a superproteção e o amor materno que ''cegam'' a verdadeira personalidade de uma criança anormal. A obra do diretor Mervyn LeRoy beira a perfeição, trazendo uma discussão permanente nos dias atuais com um enredo obscuro e empolgante. Clássico absoluto.
Hitchcock em uma obra brilhante em todos os sentidos. Nunca o sentimento da não culpa foi tão exposto no cinema como nesta belíssima obra do mestre do suspense. A obra difere por ter como protagonista um padre, o mesmo presencia uma confissão de assassinato e nada pode fazer, pois ele não pode romper com a fé e os dogmas da Igreja. Ao decorrer da história vão surgindo as suspeitas de que o padre é o único apontado como o mentor do crime. A partir daí Hitchcock mexe com o psicológico não só do padre como também o do espectador, pois a qualquer momento o pároco pode esbravejar e revelar quem é o verdadeiro culpado. O protagonista carrega a culpa como se estivesse carregando uma cruz, e este segue esse longo calvário sem nada dizer. Não obstante do presente do protagonista, há também o passado amoroso que é revelado antes do mesmo tornar-se sacerdote. O roteiro é genial e faz com que a obra ganhe ritmo e suspense gradativamente e tudo é habitado no clima noir da velha cidade canadense de Quebec, que é deveras retratada brilhamente por uma belíssima fotografia em preto e branco. Alfred Hitchcock conduziu uma obra inesquecível e primorosa no qual a culpa é carregada injustamente até o último minuto.
O jovem diretor Alfred Hitchcock em sua fase inglesa traz um filme de pouca expressão em sua extensa filmografia. A obra traz o tema corriqueiro do protagonista que é acusado injustamente de cometer um crime e decide partir em rumo da verdade para se safar do pior. Apesar dos poucos mais de 80 minutos, a obra torna-se maçante e repetitiva em certos momentos, contudo não há porque não creditar o longa por mesclar o humor e suspense de maneira explêndida. Por mais que a obra seja menor, é recomendável acompanhar Hitchcock nos primórdios de sua carreira.
E novamente Chaplin reúne lágrimas e risos em uma belíssima obra. Os tempos no cinema eram outros, os filmes no início da década de 30 já eram falados em sua grande maioria, entretanto Charlie manteu a tradição do cinema mudo com o personagem O Vagabundo que é consagrado ainda mesmo nos dias de hoje. Arrisco-me a dizer que se não existisse Chaplin, o cinema e não só o humor não seria o mesmo. Tudo em seu cinema é realizado perfeitamente e feito com uma leveza que só o mesmo conseguia fazer. E em ''Luzes da Cidade'' não é diferente, tanto o vagabundo quanto o elenco coadjuvante são ótimos em seus respectivos papéis. Por trás da comédia existe uma crítica, no caso a desigualdade social, no qual é visível a classe abastada e a classe que pouco tem para usufruir. Chaplin era genial e realizava o seu cinema com plenitude. A sequência final desta obra ficará marcada por muito tempo na minha memória, pois nunca um singelo olhar falou mais que palavras. Simplesmente cativante e empolgante.
Um drama contudente que consegue ser poético em meio ao tão conhecido caos paulistano. A base da história é o personagem o que parte em busca do perdão de sua amada, e ao longo de sua jornada ocorrem momentos de volta ao passado, possibilidade, que o fazem mergulhar numa interminável odisseia nostálgica. Extremamente poético e terno, a obra não cai na mesmice do drama exacerbado, e consegue manter o ritmo sem desgastar. O longa é a tradução de que a vida é feita de escolhas.
E os irmãos Marx espalham seu humor anárquico novamente. De fato a história é simples, porém os quatro irmãos a transformam o ordinário numa verdadeira desordem, trazendo inúmeras gargalhadas. O roteiro também é simples e a fórmula da obra repetiu-se em outros longas dos talentosos irmãos: eles adentram clandestinamente e consequentemente são tidos como foragidos e acabam entrando numa confusão envolvendo vilão e mocinha. O mesmo pode-se dizer dos números musicais de piano e harpa, estrelados por Chico e Harpo, respectivamente. Entretudo, não há porque criticar de forma negativa o cinema dos Marx, pois a cada filme que eles faziam, os mesmos cumpriam o seu ''objetivo'' com êxito: o de fazer o espectador rir, e isso os saudosos irmãos Marx faziam com plenitude.
A visita da equipe de Walt Disney resultou em bons frutos para criar novas animações. A exploração do continente sul-americano foi feita através da cultura/costumes de quatro países: Bolívia, Chile, Argentina e Brasil, sendo que cada um teve sua respectiva homenagem, digamos. Além de entreter, o curta cumpre a promessa de informar e com conteúdo, fazendo um balanço entre humor e conhecimento. O Pato Donald é de longe o melhor personagem da Disney, o seu jeito ranzinza é transformado em humor de maneira sutil, e este conseguiu conduzir a obra mesmo nos momentos mais baixos (segmento da Bolívia), que traz as aventuras nos pontos mais altos do país latino-americano. O curta sobre Chile é belíssimo, deu vida a um personagem não humano e fez com que o espectador torcesse para ele. No segmento da Argentina, o personagem Pateta é apresentado é dá vida ao legítimo gaúcho e seu fiel companheiro. O ponto alto da história ocorre quando os dois unem-se numa típica aventura gaúcha. O curta segue para o seu desfecho, e claro, a homenagem ao Brasil. E que história lindíssima! Mesclando personagens reais e não reais, a animação mostra a boemia e as celebrações cariocas em meados dos anos 40. Zé Carioca aparece pela primeira vez nesta obra, e junto com Pato Donald fazem da história o clímax da animação. A beleza em demasia é de encher os olhos d'água. Assistir a esse documento histórico hoje em dia é um resgate da nossa cultura e antepassados.
Por trás das questões políticas existe uma ótima animação dos estúdios Walt Disney. Através de três segmentos, são mostrados a cultura de Brasil, México e inicialmente o histórico de aves raras. A história se desenvolve de modo cômico e não torna maçante, por mais que tenha certos momentos que não acrescentam à obra. Patriotismo à parte, o segmento do Brasil é o ponto alto da animação, trazendo uma química incrível entre personagens reais e irreais. Esta é a Disney na era de ouro, entretendo de forma esplendorosa.
Esta foi a primeira experiência que eu tive com o cinema de David Cronenberg, embora eu saiba que esta obra fuja dos padrões ''loucos'' e ''alucinados'', a obra recente do diretor teve um resultado mais que satisfatório. O início desenvolve-se vagarosamente até chegar em um dos clímax do longa. E é nos primeiros minutos que conhecemos a aparente família feliz da pacata Millbrook e os foras-da-lei que terão seus minutos de vida contados (já é sabido que os mesmos morrerão). É interessante presenciar que algo que hoje é normal no cotidiano transforma-se em um grande ''boom'' na mídia, fazendo com que o mentor de algo que gere uma notícia tenha seus 15 minutos de fama. A partir daí a história se desenvolve de maneira gradativa, trazendo um misto de suspense, perseguição, dúvida e mortes (deveras sanguinolentas). O que parecia ser inocente, teve uma máscara caída e culpa veio à tona. Por mais inescrupuloso que seja, a família do protagonista (sabendo de seus erros do passado) aparenta estar pronta para recebê-lo no conforto do lar. A obra de Cronenberg é seca, direta e violenta, fazendo desses elementos um ótimo filme.
Argento neste filme retona ao gênero que o fez ser reconhecido como um grande cineasta. Embora a sequência inicial seja eletrizante, o ritmo alucinante não percorre no decorrer da obra, trazendo em certos momentos cenas desnecessárias e flashbacks repetitivos. Indubitalvemente a história é muito bem criada e desenvolvida, fazendo com que um enorme quebra-cabeça seja criado para achar o verdadeiro assassino, um maníaco inescrupuloso e doentio. Vale também ressaltar que em ''Sleepless'' é marcado o retorno da banda Goblin na excelente trilha sonora; e a atuação do excelente ator Max Von Sydow. Argento regressou ao giallo de maneira modesta e apática.
''Giallo'' é o trabalho mais recente do diretor Dario Argento. Houve inúmeras críticas negativas sobre a obra, contudo eu não entendi o porquê de tamanho demérito. O filme tem suas limitações, porém os pontos positivos se obressaem aos negativos, pois Argento soube aproveitar da beleza de Roma para construir o suspense, a trilha sonora encaixa perfeitamente (o que não é novidade no caso do diretor) com os momentos de tensão protagonizados por Adrien Brody, Emmanuelle Seigner e Elsa Pataky. O trio de atores é competente, e as cenas, tanto as de investigações quanto as brutais são realizadas de modo competente. Até mesmo o serial killer de aparência cômica ''Yellow'' alusão a giallo (amarelo em italiano) cumpre bem o papel, com suas atitudes truculentas e imperdoáveis. O fechamento da obra foi sensacional, pois Argento quebrou o paradigma do óbvio e trouxe uma conclusão atípica e satisfatória. É lamentável saber que a obra atual do Dario Argento não vem sendo aprovada pela crítica e cinéfilo, mas para mim ''Giallo'' foi uma experiência ímpar.
Pacto de Sangue
4.3 247 Assista AgoraBilly Wilder em uma de suas primeiras obras trouxe às telas um legítimo noir clássico.
Usando o recurso dos flashbacks, a história é narrada detalhadamente por Walter Neff, personagem que é sabível desde o ínicio que carrega uma grande culpa. Este fator não compromete a plenitude do filme que é conduzida brilhantemente pelo talentosíssimo e versátil diretor.
''Double Indemnity'' é, indubitavelmente, um clássico do cinema que explora a malevolência humana e prova que, por mais um crime seja bem planejado, ele nunca será perfeito e a verdade sempre virá à tona.
Dentro da Noite
3.8 9A obra do diretor Raoul Walsh divide-se em duas partes: o drama de caminhoneiros pobres que lidam com o perigo noite à noite e o segundo momento no qual as mudanças, devido ao seu esforço, aparentemente mantêm sua vida serena e feliz.
"They Drive By Night" mescla o drama com o suspense num belíssimo ambiente que só o noir proporciona. Estas duas partes também trazem protagonistas diferentes: os atores George Raft e Ida Luvino protagonizam brilhantemente a película. Numa história que envolve ambição, pobreza, perdas e assassinato, Raoul Walsh mostrou-se um diretor competente ao fazer com que a obra não perdesse o ritmo acelerado nem mesmo na transição de histórias. Um noir memorável!
Bacall on Bogart
4.1 6A história de uma lenda do cinema contada por uma pessoa que o conhecia perfeitamente.
''Bacall on Bogart'' relata a trajetória de Humphrey DeForest Bogart, ou simplesmente Humphrey Bogart ou Bogie para os fãs, desde o dia de seu nascimento até a sua morte prematura. Um documentário riquíssimo ''cinematograficamente'' falando, trazendo extratos de cenas raríssimas da vasta filmografia de Bogie, desde a sua estreia no cinema em ''Up the River'', faroestes como ''Virginia City'' e até o improvável ''The Return of Doctor X''. Estes filmes traziam Humphrey Bogart em papéis menores, alguns irrelevantes, mas se não fosse por ''The Petrified Forest'', a carreira meteórica do ator não teria tomado o rumo que tomou. Foi com esta obra que Bogart criou a figura que o marcaria na história do cinema: o gângster inescrupuloso, carrancudo, cínico, mas no fundo com sentimentos.
Sua carreira alavancou finalmente no ano de 1941, com a realização de dois clássicos do cinema: ''High Sierra'' e ''The Maltese Falcon'' do diretor e amigo John Huston, este último seria o primeiro e definitivo filme que nomeou o gênero. A fama de Bogart o levou para "Casablanca'', o maior clássico dos cinemas americanos, fazendo de Rick Blaine um mito do cinema. Com as grandes proporções tomadas pela Segunda Grande Guerra, Bogie atuou em filmes sobre o tema, como ''Sahara'' e ''Across the Pacific''. O ano de 1944 marcaria sua vida, pois Bogart conheceu a mulher que o amaria fielmente e também a mulher que conta esta história: Lauren Bacall. Foi com ''To Have and Have Not'' que a história do casal percorreu ótimos caminhos. O casal também protagonizou mais três filmes: ''The Big Sleep'', ''Dark Passage'' e ''Key Largo''. Algumas obras-primas do cinema. A partir de 1948, Bogart tornou-se um ator versátil, atuando em filmes dos mais diversos gêneros, como o clássico indiscutível ''The Treasure of the Sierra Madre'', a comédia-romântica "Sabrina'', ''The African Queen'', que lhe rendeu o único Oscar de ator e também em obras de sua própria produtora ''Santana'', como ''In a Lonely Place". O tempo passou rápido para Bogie em 1956 ele realizou o que viria a ser o seu último filme: o drama noir sobre esportes ''The Harder They Fall''. No ano seguinte, Humphrey DeForest Bogart faleceu no dia 14 de janeiro, com complicações devido à um câncer de esôfago, pois é sabível nos filmes que Bogie fumava e bebia excessivamente.
''Bacall on Bogart'' traz momentos cômicos e emocionantes da vida do ator contados por alguém que o conhecia e o amava verdadeiramente e é percebível graças à frase final de Lauren, dizendo que Bogie a ensinou a viver e ainda continua. 83 minutos bastaram para contar, de maneira sucinta, a carreira de um ator inigualável que em 26 anos de cinema conquistou e conquista fãs por todo o mundo, inclusive a mim.
Testa de Ferro Por Acaso
3.7 38"The Front" retrata um período obscuro da história americana: o Macartismo, no qual houve uma busca intensa do governo para liquidar os que eram contra a política do país, os comunistas, que na obra focado a área artística: atores, diretores, roteiristas de cinema, etc. Eram tratados às redeas curtas, e consequentemente perdiam seus empregos, essa ''caça às bruxas'' ou ''lista negra'' teve ilustres membros como o fabuloso Charles Chaplin.
Esta obra é feita por pessoas que, literalmente, sentiram na pele esse lastimável período, pois diretor e roteiristas compunham a tenebrosa lista negra.
A repressão e a censura eram extremas, o que pode ser claramente percebível no filme, e a persona de Woody Allen trouxe um equilíbrio entre drama e comédia, visto que a obra poderia cair num contundente drama sem fim, contudo Woody com sua veia humorística trouxe momentos cômicos, assim como parte do elenco coadjuvante. Woody Allen está brilhante em sua atuação, dando vida a um homem pobre de recursos e ainda por cima devedor, porém este nada tem a perder quando surge uma oportunidade valiosa e também perigosa: ser testa de ferro (assinar roteiros com seu nome feitos por roteiristas caçados pelo governo capitalista). A liberdade para com os americanos, sobretudo os artistas, era inexistente nesses tempos sórdidos, e nem mesmo uma vida regada ao luxo tira o livre-arbítrio do homem agir contra a inescrupulosa e dizer ''não'' às leis impostas, ou como Howard Prince disse: ''And furthermore, you can all go fuck yourselves".
A obra de Martin Ritt transita entre o drama e o humor brilhantemente e feito de maneira competente, retratando o pesadelo real dos cidadãos e cidadãs americanos.
Uma Aventura na África
3.7 99Uma obra excepcional de John Huston que tem como pano de fundo a Primeira Grande Guerra e tem no elenco dois dos melhores atores que o cinema já teve: Os magnânimos Humphrey Bogart e Katharine Hepburn.
Já nos minutos iniciais somos apresentados à crueldade da guerra que assolava a população local , entretanto o longa não limita-se ao drama vivido na época, pois como o título já sugere, a história é uma esplêndida aventura na África. Ao desenrolar da história, são apresentados diversos momentos cômicos, românticos e até mesmo suspense. A excelência de John Huston mostra-se em um pequeno barco chamado ''African Queen'', e é nele que praticamente toda história ganha força e cativa o espectador graças aos excelentes protagonistas. Visto que é um filme de 1951, fica mais do que claro na montagem as cenas gravadas no estúdio e os efeitos especiais, que hoje são considerados limitados, mas há quase 60 anos Hollywood não era um estúdio limitado aos efeitos especiais demasiados, e sim ao talento de seus atores e diretores, que nesta obra-prima tem de sobra.
John Huston mostrou-se novamente um diretor talentoso e inovador numa obra atípica de sua filmografia que encantou e ainda encanta os cinéfilos mundo afora. Imperdível.
Seu Último Refúgio
3.8 30 Assista AgoraHumphrey Bogart quando se une a Raoul Walsh é sinônimo de cinema de qualidade. Isso pode se dizer na realização deste belíssimo noir. Provavelmente o filme mais humano do gênero. Bogie quebra os paradigmas de um criminoso ao dar vida a um gângster à moda antiga que não se adapta à então nova década de 40 e os ''tipões'' da bandidagem que nela residiam. O protagonista é tido como bruto, experiente e único no crime, entretanto ele mostra o seu lado humano ao querer ajudar o próximo. Suas características o tornam querido/carismático pelas pessoas que o rodeia. O enredo do filme é basicamente o de todo noir: o planejamento de roubo de algo valioso, contudo a obra apresenta-se amarga com o seu fechamento. Tudo o que ele queria era ser livre, e conseguiu da maneira mais dolorosa possível.
Uma História Real
4.2 298O cineasta que explora com perfeição o mundo onírico e bizarro mostra extrema habilidade ao tratar de um tema de uma pureza sem tamanho.
Sou fã do trabalho de Lynch, mas suas obras ''humanas'' indubitavelmente mexem comigo. Minha primeira experiência foi com ''O Homem Elefante'' e quase duas décadas mais tarde, o diretor traria para o cinema uma história real. É impossível não se emocionar com a odisseia de Alvin Straight em busca de apagar de sua memória os maus momentos. Alvin, no alto dos seus 73 anos, mostrou-se persistente, corajoso e perseverante, nem mesmo suas limitações o impediram de cumprir sua longa jornada. Esta obra é deveras profunda e nos mostra o que um homem é capaz de fazer para se redimir do passado e da culpa. Sensibilidade à flor da pele em uma história extremamente bela.
Essa Pequena é uma Parada
4.0 66 Assista AgoraEsta obra praticamente revisita um clássico do screwball comedy dos anos 30: Levada da Breca, de Howard Hawks. Referências à parte, ''What's Up, Doc?'' é uma deliciosíssima comédia que não falha sequer em um momento.
A obra como um todo é envolvente, desde a sua construção à atuação do fantástico elenco. Como já de se esperar, o roteiro é repleto de situações cômicas e muitíssimas confusões, protagonizadas pela ''perigosa'' figura feminina Judy e o azarado Howard (ou Steve), é esta é a grande sacada do screwball comedy: o sexo feminino testando e ou provocando de maneira inocente a sua sanidade. Voltando as referências, o título desta obra-prima faz uma menção à frase do personagem Pernalonga, traduzida para ''O que que há, velhinho?''.
No mais, esta comédia é inesquecível, feita de uma forma sutil e completamente divertida.
No Limiar Da Vida
4.1 42 Assista AgoraUm trabalho excepcional de Ingmar Bergman que mostra a sua capacidade insuperável de conduzir uma obra extremamente dramática contendo um dos seus temas favoritos: o existencialismo.
O ser feminino foi abordado de forma magistral, trazendo a vida de três mulheres e seus respectivos anseios quanto o que muitas fêmeas desejam: a gravidez. As três protagonistas - e suas ações viscerais- mostram diferentes visões sobre o que é ter um filho: a dor inconsolável da perda, a espera de um momento único e a reprovação total de conceber uma criança. Suas vontades trazem um aprofundamento em seus seres, o existencialismo, o medo e ou receio fazem parte das três mulheres, por mais felizes que estas estejam.
Bergman traz uma obra que no final das contas tem um final não tão feliz, mas não tão trágico.
A Floresta Petrificada
3.7 31 Assista AgoraEsta obra de Archie Mayo é, indubitavelmente, um clássico do cinema americano, visto não só pela sua importância, mas também por ser o primeiro grande sucesso de Humphrey Bogart nas telonas. O fator elenco é extremamente positivo, pois Bette Davis, Leslie Howard, Humphrey Bogart e os coadjuvantes cumprem seus respectivos papéis com maestria. Entretudo, a história é rasa e mesmo a obra sendo curta mostra-se cansativa em certos momentos. O contexto mostrado na obra é um paralelo entre o desejo de viver e a morte, diria que há uma confrontação entre elas, mostrando de forma contundente o vazio e a profundeza em seus protagonistas. O desfecho da obra é deveras decepcionante, pois a espera de um grand finale foi substituída por um fechamento frívolo.
Suspeita
3.7 110 Assista AgoraA vinda de Hitchcock para os Estados Unidos causou tanto furor, que em dois anos o diretor teve dois de seus filmes indicados ao Oscar de melhor filme e em outras categorias. As obras do mestre citadas são Rebecca e Suspeita, ambas tendo Joan Fontaine como protagonista. Em Suspeita, Hitchcock deleita o espectador com o melhor do seu humor negro/perverso nos minutos que iniciam a película. Entretanto, o decorrer da obra mostra-se maçante e pouco impressiona. A estória resume-se na dúvida de conviver com um suposto assassinado, e isso Hitchcock fazia perfeitamente, e para o mestre, nem tudo era aquilo que parecia ser. O suspense, elemento típico do diretor, é pouco apresentado e a obra mantém-se graças as excelentes atuações do casal protagonista: Cary Grant e Joan Fontaine. Enfim, esta obra menor -que segue o caminho inverso de outras do diretor por ganhar o tão importante Oscar- é discreta ao extremo.
O Encouraçado Potemkin
4.2 342 Assista AgoraIncontestavelmente um clássico do cinema. Uma obra que retrata a revolução de forma crua e sangrenta, no qual os menos favorecidos são sempre massacrados por seus superiores. Por trás do contexto histórico, anos antes da revolução russa, há uma pérola do cinema, que graças a sua construção, montagem e roteiro brilhantes permanece atual mesmo após 85 anos de seu lançamento.
A Garota Eslovena
3.1 73 Assista AgoraEste filme surpreende positivamente por mostrar o drama vivido pela protagonista de forma sutil e não recorre ao melodrama excessivo. A obra também é sutil por não retratar a nudez em uma obra no qual é retratada uma adolescente estudante que sobrevive graças ao seu corpo . A ''Garota Eslovena'' mostra-se desiludida e solitária quanto a vida e as pessoas que estão ao seu redor. Sua conduta não é alterada até mesmo quando tudo vem à tona e seus sonhos são destruídos. O desfecho da obra é brilhante, transformando um clássico cômico do mestre Frank Zappa ''Bobby Brown (Goes Down)'' em melancolia, canção esta que muito tem a ver com a trajetória da garota eslovena. Uma obra incrível e docemente amarga.
Tara Maldita
4.0 224''A Tara Maldita'' é uma pérola perdida do cinema. A obra do diretor Mervyn LeRoy explora o drama e o suspense de maneira explêndida e também um marco na indústria cinematográfica por trazer a primeira vilã mirim nas telonas. O clássico americano retrata a malevolência de uma bela garota de 8 anos que nada teme para fazer o bem para si própria. Uma mente diabólica. Toda a crueldade que corrói seu interior cai num questionamento psiquiátrico no qual se discute a hereditariedade e a maldade que aflora no ser ao passar do tempo ou fruto do ambiente. Nem mesmo as ações bárbaras e pérfidas da garota fazem com que sua mãe aja de modo que possa entregar a filha assassina. Além de tudo, há a superproteção e o amor materno que ''cegam'' a verdadeira personalidade de uma criança anormal.
A obra do diretor Mervyn LeRoy beira a perfeição, trazendo uma discussão permanente nos dias atuais com um enredo obscuro e empolgante. Clássico absoluto.
A Tortura do Silêncio
3.9 140 Assista AgoraHitchcock em uma obra brilhante em todos os sentidos. Nunca o sentimento da não culpa foi tão exposto no cinema como nesta belíssima obra do mestre do suspense. A obra difere por ter como protagonista um padre, o mesmo presencia uma confissão de assassinato e nada pode fazer, pois ele não pode romper com a fé e os dogmas da Igreja. Ao decorrer da história vão surgindo as suspeitas de que o padre é o único apontado como o mentor do crime. A partir daí Hitchcock mexe com o psicológico não só do padre como também o do espectador, pois a qualquer momento o pároco pode esbravejar e revelar quem é o verdadeiro culpado. O protagonista carrega a culpa como se estivesse carregando uma cruz, e este segue esse longo calvário sem nada dizer. Não obstante do presente do protagonista, há também o passado amoroso que é revelado antes do mesmo tornar-se sacerdote. O roteiro é genial e faz com que a obra ganhe ritmo e suspense gradativamente e tudo é habitado no clima noir da velha cidade canadense de Quebec, que é deveras retratada brilhamente por uma belíssima fotografia em preto e branco. Alfred Hitchcock conduziu uma obra inesquecível e primorosa no qual a culpa é carregada injustamente até o último minuto.
Jovem e Inocente
3.6 48 Assista AgoraO jovem diretor Alfred Hitchcock em sua fase inglesa traz um filme de pouca expressão em sua extensa filmografia. A obra traz o tema corriqueiro do protagonista que é acusado injustamente de cometer um crime e decide partir em rumo da verdade para se safar do pior. Apesar dos poucos mais de 80 minutos, a obra torna-se maçante e repetitiva em certos momentos, contudo não há porque não creditar o longa por mesclar o humor e suspense de maneira explêndida. Por mais que a obra seja menor, é recomendável acompanhar Hitchcock nos primórdios de sua carreira.
Luzes da Cidade
4.6 623 Assista AgoraE novamente Chaplin reúne lágrimas e risos em uma belíssima obra. Os tempos no cinema eram outros, os filmes no início da década de 30 já eram falados em sua grande maioria, entretanto Charlie manteu a tradição do cinema mudo com o personagem O Vagabundo que é consagrado ainda mesmo nos dias de hoje. Arrisco-me a dizer que se não existisse Chaplin, o cinema e não só o humor não seria o mesmo. Tudo em seu cinema é realizado perfeitamente e feito com uma leveza que só o mesmo conseguia fazer. E em ''Luzes da Cidade'' não é diferente, tanto o vagabundo quanto o elenco coadjuvante são ótimos em seus respectivos papéis. Por trás da comédia existe uma crítica, no caso a desigualdade social, no qual é visível a classe abastada e a classe que pouco tem para usufruir. Chaplin era genial e realizava o seu cinema com plenitude. A sequência final desta obra ficará marcada por muito tempo na minha memória, pois nunca um singelo olhar falou mais que palavras. Simplesmente cativante e empolgante.
A Via Láctea
3.5 66 Assista AgoraUm drama contudente que consegue ser poético em meio ao tão conhecido caos paulistano. A base da história é o personagem o que parte em busca do perdão de sua amada, e ao longo de sua jornada ocorrem momentos de volta ao passado, possibilidade, que o fazem mergulhar numa interminável odisseia nostálgica. Extremamente poético e terno, a obra não cai na mesmice do drama exacerbado, e consegue manter o ritmo sem desgastar. O longa é a tradução de que a vida é feita de escolhas.
Os Quatro Batutas
3.6 14 Assista AgoraE os irmãos Marx espalham seu humor anárquico novamente. De fato a história é simples, porém os quatro irmãos a transformam o ordinário numa verdadeira desordem, trazendo inúmeras gargalhadas. O roteiro também é simples e a fórmula da obra repetiu-se em outros longas dos talentosos irmãos: eles adentram clandestinamente e consequentemente são tidos como foragidos e acabam entrando numa confusão envolvendo vilão e mocinha. O mesmo pode-se dizer dos números musicais de piano e harpa, estrelados por Chico e Harpo, respectivamente. Entretudo, não há porque criticar de forma negativa o cinema dos Marx, pois a cada filme que eles faziam, os mesmos cumpriam o seu ''objetivo'' com êxito: o de fazer o espectador rir, e isso os saudosos irmãos Marx faziam com plenitude.
Alô Amigos
3.5 79 Assista AgoraA visita da equipe de Walt Disney resultou em bons frutos para criar novas animações. A exploração do continente sul-americano foi feita através da cultura/costumes de quatro países: Bolívia, Chile, Argentina e Brasil, sendo que cada um teve sua respectiva homenagem, digamos. Além de entreter, o curta cumpre a promessa de informar e com conteúdo, fazendo um balanço entre humor e conhecimento. O Pato Donald é de longe o melhor personagem da Disney, o seu jeito ranzinza é transformado em humor de maneira sutil, e este conseguiu conduzir a obra mesmo nos momentos mais baixos (segmento da Bolívia), que traz as aventuras nos pontos mais altos do país latino-americano. O curta sobre Chile é belíssimo, deu vida a um personagem não humano e fez com que o espectador torcesse para ele. No segmento da Argentina, o personagem Pateta é apresentado é dá vida ao legítimo gaúcho e seu fiel companheiro. O ponto alto da história ocorre quando os dois unem-se numa típica aventura gaúcha. O curta segue para o seu desfecho, e claro, a homenagem ao Brasil. E que história lindíssima! Mesclando personagens reais e não reais, a animação mostra a boemia e as celebrações cariocas em meados dos anos 40. Zé Carioca aparece pela primeira vez nesta obra, e junto com Pato Donald fazem da história o clímax da animação. A beleza em demasia é de encher os olhos d'água. Assistir a esse documento histórico hoje em dia é um resgate da nossa cultura e antepassados.
Você Já Foi à Bahia?
3.4 175 Assista AgoraPor trás das questões políticas existe uma ótima animação dos estúdios Walt Disney. Através de três segmentos, são mostrados a cultura de Brasil, México e inicialmente o histórico de aves raras. A história se desenvolve de modo cômico e não torna maçante, por mais que tenha certos momentos que não acrescentam à obra. Patriotismo à parte, o segmento do Brasil é o ponto alto da animação, trazendo uma química incrível entre personagens reais e irreais. Esta é a Disney na era de ouro, entretendo de forma esplendorosa.
Marcas da Violência
3.8 400 Assista AgoraEsta foi a primeira experiência que eu tive com o cinema de David Cronenberg, embora eu saiba que esta obra fuja dos padrões ''loucos'' e ''alucinados'', a obra recente do diretor teve um resultado mais que satisfatório.
O início desenvolve-se vagarosamente até chegar em um dos clímax do longa. E é nos primeiros minutos que conhecemos a aparente família feliz da pacata Millbrook e os foras-da-lei que terão seus minutos de vida contados (já é sabido que os mesmos morrerão). É interessante presenciar que algo que hoje é normal no cotidiano transforma-se em um grande ''boom'' na mídia, fazendo com que o mentor de algo que gere uma notícia tenha seus 15 minutos de fama. A partir daí a história se desenvolve de maneira gradativa, trazendo um misto de suspense, perseguição, dúvida e mortes (deveras sanguinolentas). O que parecia ser inocente, teve uma máscara caída e culpa veio à tona. Por mais inescrupuloso que seja, a família do protagonista (sabendo de seus erros do passado) aparenta estar pronta para recebê-lo no conforto do lar. A obra de Cronenberg é seca, direta e violenta, fazendo desses elementos um ótimo filme.
Insônia
3.4 35Argento neste filme retona ao gênero que o fez ser reconhecido como um grande cineasta. Embora a sequência inicial seja eletrizante, o ritmo alucinante não percorre no decorrer da obra, trazendo em certos momentos cenas desnecessárias e flashbacks repetitivos. Indubitalvemente a história é muito bem criada e desenvolvida, fazendo com que um enorme quebra-cabeça seja criado para achar o verdadeiro assassino, um maníaco inescrupuloso e doentio. Vale também ressaltar que em ''Sleepless'' é marcado o retorno da banda Goblin na excelente trilha sonora; e a atuação do excelente ator Max Von Sydow. Argento regressou ao giallo de maneira modesta e apática.
Giallo - Reféns do Medo
2.5 86 Assista Agora''Giallo'' é o trabalho mais recente do diretor Dario Argento. Houve inúmeras críticas negativas sobre a obra, contudo eu não entendi o porquê de tamanho demérito. O filme tem suas limitações, porém os pontos positivos se obressaem aos negativos, pois Argento soube aproveitar da beleza de Roma para construir o suspense, a trilha sonora encaixa perfeitamente (o que não é novidade no caso do diretor) com os momentos de tensão protagonizados por Adrien Brody, Emmanuelle Seigner e Elsa Pataky.
O trio de atores é competente, e as cenas, tanto as de investigações quanto as brutais são realizadas de modo competente. Até mesmo o serial killer de aparência cômica ''Yellow'' alusão a giallo (amarelo em italiano) cumpre bem o papel, com suas atitudes truculentas e imperdoáveis. O fechamento da obra foi sensacional, pois Argento quebrou o paradigma do óbvio e trouxe uma conclusão atípica e satisfatória. É lamentável saber que a obra atual do Dario Argento não vem sendo aprovada pela crítica e cinéfilo, mas para mim ''Giallo'' foi uma experiência ímpar.