O Sr. Bagheri conseguiria salvar algumas pessoas com esse discurso? Muitos julgariam o seu monólogo clichê e batido. Mas, ele foi o único dos três breves passageiros que já vivenciou algo parecido. Mesmo que o personagem príncipal tenha sentido o gosto da beleza descrita pelo Sr. Bagheri ao contemplar o pôr do sol vermelho e amarelado e as crianças correndo na quadra da escola; mesmo ao sentir extrema simpatia pelas ações e palavras do senhorzinho, o personagem principal já estava destinado a dar um fim a sua agonia. Esta perspectiva é a contribuição principal do filme para mim e deixa uma aura educativa sobre o tema. A cena que mostra o crepúsculo abruptamente sendo tomado pela escuridão total, é visualmente linda, profética e aterradora Kiarostami consegue ser humanista sem ser piegas. Filmaço!
Noé escancara a linha tênue entre a sensatez ou estado "normal" no limite do aceitável pela sociedade e a degradação humana vindo a tona quase como um anseio para justificar a barbárie.
O contraste da primeira dança como forma de expressão artística e das entrevistas com o decorrer dos acontecimentos, é algo que já vale uma salva de palmas. Sem falar do plano sequência e da câmera brilhante.
Quando um filho negligenciado acaba com um clã inteiro. Ego e dualidade do homem foram assuntos muito abordados pelo Kuro e temos mais um exemplo de como temos o ego fragilizado. Ainda fica atrás de outro épico, Ran. Porem, a estética, as cores e a direção absurda estão presentes. Kurosawa é vida, Kurosawa é história.
Uma aula de metalinguagem para o ocidente. Sutilmente trazendo simbolismo e metáforas sem apelar para o mind-blowing exagerado e, além disso, abordando temas relevantes também de forma quase desapercebida; como a desigualdade social. Algo tão Kurosawa. Essa narrativa é tão fantástica e envolvente. Porra, somos privilegiados de poder assistir um filme assim.
É preciso destacar: A atuação do Steven Yeun e seu olhar vazio. Acompanhar a evolução do Jong-soo é um deleite. A cena na varanda do Ben. O final lindo. Fotografia linda. O gato. Vem Oscar 🔥 🔥
A sequência que os policiais perseguem o sequestrador é uma aula. Eu sempre crio bastante expectativa antes de ver um filme do Kurosawa e mesmo assim ainda consigo ser pego de surpresa.
Um dos melhores filmes já feitos. Sério, não tem como desaprovar. Isto aqui é perfeição. Fiquei aplaudindo aqui de casa mesmo. Eu não consigo nem escrever algo mais construtivo de tão em transe que estou. Fazendo um exercício de revisitar alguns filmes policias com essa temática de sequestro, é muito fácil perceber que Céu e Inferno é um dos filmes mais influentes já feitos. Além de ter uma direção impecável, o filme é agregador em abordar temas relevantes. Óbvio, Kuro não faria somente um filme policial bem dirigido.
É sempre bom destacar a versatilidade dessa dupla. Mifune e Kurosawa fazem obra-prima Samurai e Policial rindo. Parece fácil.
Se fosse para comparar Amores Perros com outro filme, ele estaria mais para Rashomon Mexicano do que Pulp Fiction. Mas é muita sacanagem e até uma deficiência interpretativa misturada com um pouquinho de safadeza, reduzir este filme a seja lá o que passar na cabeça limitada de quem faz isso.
É um filme absurdo de bem feito. Desde o roteiro impecável, ambientação, direção e analogia brilhante com os cachorros. É cinema sofrido sem apelação, é cinema diversificado com temas reais e pertinentes. Isto é Iñárritu
A naturalidade que o Iñárritu tem de abordar temas 'brutos' e conflituosos parece ainda atrair uma relação de amor e ódio para com o diretor. Todas as obras dele são contestadas de uma maneira quase patológica e infantil. O bom é que ele continuou se reinventando e renovando a fé de quem detesta mais do mesmo.
A trilha sonora compondo as cenas é lindo de se ver. Um lampejo de ternura e beleza foi o bastante para ocasionar uma fissão nuclear em uma vida de resignação e violência marcada pela relação de poder e servidão. O Sun-woo dos devaneios é uma persona completamente diferente da realidade. Passional e inconsequente ele projeta uma versão que se sacrificaria sem pensar duas vezes. É seu coração queimando como na sequência da fuga. Que direção é essa, meu amigo. Cinema Sul-Coreano é uma das melhores coisas que já aconteceu.
Sensação claustrofóbica da porra. Agora pegue a pobre coitada da Esti tendo que suportar um ambiente repressivo durante todo esse tempo. O filme peca na sua simplicidade vista a olho nu, ou não...
É o efeito dominó angustiante e não tão nauseante quanto em Irreversível, mas ainda assim bem humano e agregador. Eu pego qualquer filme do Inarritu, dou play e venho aqui correndo falar bem. Seu lindo!
Um burro que testemunha toda a degradação, dor, crueldade e melancolia inerentes ao curso da vida. O sofrimento (físico) sofrido pelo burro - um ser puro e santo, acaba quase que insignificante perto da tristeza e do vazio no olhar daqueles jovens, que o maltrataram, abandonaram, queimaram-lhe o rabo. Os closes nos olhos do pobre Balthazar são reveladores e mexem com qualquer espectador que tenha o mínimo de sensibilidade.
Koyaanisqatsi é extremamente grandioso. Pode se confundir como uma sucessão de imagens da natureza e da nossa sociedade alternando entre ritmo acelerado e slow motion - mostrando degradação, beleza, pessoas comuns... com uma sonoplastia absurda de boa e, mesmo assim, eu estou completamente mexido. E aquele filme que o professor bota pra rodar na sala, pede pros alunos fazerem uma redação e depois se diverte com a idiossincrasia.
A Árvore da Vida e Koyaanisqatsi são expressões artísticas plenas que me fazem sobreviver. Mesmo eu, tão pequeno e insignificante, tive a sorte de ser neste mundo. Se matar não significa nada, nada mesmo. Somos parte de um todo e a vida simplesmente continua.
ATENÇÃO: Se você gosta de roteiros simplórios, lineares, previsíveis e com recursos podres; se você não gosta de ser provocado, instigado e surpreendido quando vai assistir a um filme e, se você é um justiceiro social com visão unilateral das coisas - POR FAVOR, NÃO ASSISTA ELLE.
Contém Spoilers.
A categoria mais manjada do Oscar deste ano é a de Melhor Atriz. Atuação mais do que brilhante, sem ela o filme não funcionaria. Isabelle Huppert compõe a personagem de maneira com que muitos segredos do filme se escondam nas suas múltiplas facetas. É uma das melhores atrizes do mundo e merece todo o reconhecimento e reverência.
Aqui Paul Verhoeven não entrega nada gratuitamente, não levanta bandeiras e conta com a nossa capacidade de entrega e raciocínio. De forma leve, com uma pitada de humor ácido e provocativo o filme é conduzido com maestria nos instigando a todo momento. O fato de não ter sido indicado ao Oscar só ressalta a grandiosidade de Elle, um filme controverso, desconcertante e, é com pesar que afirmo, não é para todos. Basta um fio de desatenção ou predisposição ao julgamento instantâneo e Elle pode passar de feminista a misógino. Parece que incomoda uma mulher reagir a um estupro da forma que a Michèle reagiu. Parece que incomoda ela ter seguido com a vida e não ter se deixado abater, em uma demonstração de força que gera exagerada polêmica.
A forma como a Michèle lida com as relações parentais, amorosas, sexuais e profissionais, falam muito sobre ela e sobre o filme. Ela está sempre no controle, ela dita as regas, ela provoca e gosta de ser provocada. Ela, ela, Elle. Não podemos ser facilmente enganados pelo atrativo e cômodo reducionismo e taxar que a Michèle é uma psicopata, sociopata ou qualquer pata. Ela teve os holofotes sobre si através de um caso trágico e precisou lidar com publicidade ruim desce cedo. Passou toda a sua vida precisando desconstruir a imagem da família e própria, tendo que lidar com hostilidade proveniente da cultura de justiçamento e todo o ônus possível de se ter um pai serial killer. Passar por tudo isso a fortaleceu, o que vemos é uma mulher extremamente forte, fria, calculista e resiliente. Será que uma pessoa assim deve ser taxada como psicopata? É tão absurdo assim? Quantos psicopatas temos no mundo à fora...
A parte mais difícil do filme é a relação com o agressor. Há uma linha tênue entre perversão representado pelo masoquismo de sentir prazer através da dor (A Professora de Piano) e uma vingança perfeitamente arquitetada. Eu fico com a segunda posição. De novo, a personalidade complexa da personagem faz com que não fique claro se é uma vingança ou apenas o modo natural dela de lidar com as coisas. Michèle acabou desenvolvendo desejo sexual pelo vizinho. Até a forma que ela lida com a mulher puritana do vizinho mostra que não é apenas seduzir, é provocar - manter não só a pessoa para quem ela sente atração, mas também sua esposa por perto. A festa de natal é um deleite para ela. Todos ali parecem estar na palma da sua mão. É extremamente prazeroso para Michèle brincar com aquelas marionetes. Que personagem!
Vincent o filho bananão, pode a princípio ser um personagem fraco, mas o modo dele lidar com as mulheres mostra que a Michèle manipulou o coitado a ponto de fazer com que ele fosse peça chave do seu plano. Em certo momento o rapaz demonstra agressividade e por pouco não agrediu a própria mãe na impagável sequência do descarte das cinzas. Ele é fraco emocionalmente, submisso ás escolhas da mulher e enxerga no filho a oportunidade de mostrar que ele não é um fracassado que não controla o próprio destino. Salvar a mãe do agressor seria perfeito para Vincent se redimir e ganhar respeito. Michèle usa a fragilidade do filho a seu favor, assim como o ex marido, o amante e por aí vai. A festa de lançamento do jogo é outro momento que mais uma vez mostra o seu total protagonismo e completo controle da situação. Ironicamente o maior jogo ali não era o que tinha Orcs, mas sim o que tinha personagens reais. Todos com papéis minuciosamente definidos e programados à vontade de Michèle.
Elle não é um filme sobre um estupro, assim como Irreversível de Gaspar Noé. Estão desperdiçando a chance de usufruir de um dos melhores filmes dos últimos anos devido a incontrolável e pentelha vontade de clamar por justiça o tempo todo. Amantes do senso comum NÃO PASSARÃO!
Um filme que poderia ser mais longo. Alguns acontecimentos se dão de forma abrupta. Esta é a minha única ressalva com Pardais. Ou simplesmente pode representar um verdadeiro banho de realidade na vida de um adolescente Islandês. Mesmo com a saturação do tema, o diretor consegue entregar um ótimo filme. Os cenários grandiosos ironicamente compõem o roteiro. É fácil se perder em solidão e melancolia em meio a sufocante beleza.
''Let's Fuuuuck! I'll fuck anything that moooves''!
"Heineken? Fuck that shit!"
Aquele vilão que é impossível não adorar.
Para quem achou o final meh, sessão da tarde. É só associar a fala sobre os Pintarroxos com o argumento principal do filme, "it's a strange world". Embaixo da esbelta grama verde de um quintal de uma família média americana, há imundice. O simbolismo da cena final com o Pintarroxo se alimentando de um besouro é revelador.
Ah! e a sequência da dança em cima do carro... Parece tão natural que chega a ser extasiante. Indescritível, isso é Lynch!
Um convite especial para quem gosta de se jogar de cabeça quando resolve assistir a um filme.
Imagina poder ter uma experiência única e sensorial, exercitar o ato de pensar sobre as inúmeras metáforas e alegorias apresentadas e, em meio a tudo isso, projetar-se no tempo -, e na sua individualidade perceber que a realidade daquela família dos anos 50 não está nem um pouco distante da sua. Uma experiência tão intensa e enriquecedora em pouco mais de 2h. Brilhante é pouco.
Ressaltar a beleza das obras do Malick é chover no molhado. Porém, a sequência que ilustra a capa do filme é das mais belas que eu já vi.
Mesmo tentado a ser pedante, KMF conseguiu ser ponderado e o resultado é um filme bem melhor que O Som ao Redor. Aquarius é um embate entre a elite. As divergências entre a nova e velha classe média. Com uma personagem fantástica e brilhantemente interpretada pela Sônia Braga.
“Você faz o tipo Passivo-agressivo” Diálogo brilhante que sintetiza a proposta do diretor. Mesmo que passe um pouco desapercebido pelas falas "lacradoras" da Clara, a expressão da Empregada depois de ouvir o rapaz é algo revelador. O KMF mostrou que é possível expôr suas críticas e dar seu recado de forma sutil.
Gosto de Cereja
4.0 224 Assista AgoraO Sr. Bagheri conseguiria salvar algumas pessoas com esse discurso? Muitos julgariam o seu monólogo clichê e batido. Mas, ele foi o único dos três breves passageiros que já vivenciou algo parecido. Mesmo que o personagem príncipal tenha sentido o gosto da beleza descrita pelo Sr. Bagheri ao contemplar o pôr do sol vermelho e amarelado e as crianças correndo na quadra da escola; mesmo ao sentir extrema simpatia pelas ações e palavras do senhorzinho, o personagem principal já estava destinado a dar um fim a sua agonia. Esta perspectiva é a contribuição principal do filme para mim e deixa uma aura educativa sobre o tema. A cena que mostra o crepúsculo abruptamente sendo tomado pela escuridão total, é visualmente linda, profética e aterradora
Kiarostami consegue ser humanista sem ser piegas. Filmaço!
A Crônica Francesa
3.5 287 Assista AgoraNunca pensei que deixaria de gostar tanto de um filme do Wes. Canalha!
A Cidade Branca
4.0 12Que filmão! Bruno Ganz sem rumo conversando com portugueses aleatórios é fantástico.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraNoé escancara a linha tênue entre a sensatez ou estado "normal" no limite do aceitável pela sociedade e a degradação humana vindo a tona quase como um anseio para justificar a barbárie.
O contraste da primeira dança como forma de expressão artística e das entrevistas com o decorrer dos acontecimentos, é algo que já vale uma salva de palmas. Sem falar do plano sequência e da câmera brilhante.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraDon't cry in front of the Mexicans.
A Ilha
3.6 42 Assista AgoraDois cúmplices que se aproximam catarticamente através da dor, tentando expurgar os seus traumas da maneira mais suja e violenta possível.
That Day, on the Beach
4.2 9Absurdão
Contos da Lua Vaga
4.4 105 Assista AgoraA resignação da mulher e a ganância pueril dos homens. Porrada!
Kagemusha, a Sombra do Samurai
4.2 100 Assista AgoraQuando um filho negligenciado acaba com um clã inteiro. Ego e dualidade do homem foram assuntos muito abordados pelo Kuro e temos mais um exemplo de como temos o ego fragilizado. Ainda fica atrás de outro épico, Ran. Porem, a estética, as cores e a direção absurda estão presentes. Kurosawa é vida, Kurosawa é história.
Em Chamas
3.9 378 Assista AgoraUma aula de metalinguagem para o ocidente. Sutilmente trazendo simbolismo e metáforas sem apelar para o mind-blowing exagerado e, além disso, abordando temas relevantes também de forma quase desapercebida; como a desigualdade social. Algo tão Kurosawa. Essa narrativa é tão fantástica e envolvente. Porra, somos privilegiados de poder assistir um filme assim.
É preciso destacar:
A atuação do Steven Yeun e seu olhar vazio.
Acompanhar a evolução do Jong-soo é um deleite.
A cena na varanda do Ben.
O final lindo.
Fotografia linda.
O gato.
Vem Oscar 🔥 🔥
Céu e Inferno
4.4 60A sequência que os policiais perseguem o sequestrador é uma aula.
Eu sempre crio bastante expectativa antes de ver um filme do Kurosawa e mesmo assim ainda consigo ser pego de surpresa.
Um dos melhores filmes já feitos. Sério, não tem como desaprovar. Isto aqui é perfeição. Fiquei aplaudindo aqui de casa mesmo. Eu não consigo nem escrever algo mais construtivo de tão em transe que estou.
Fazendo um exercício de revisitar alguns filmes policias com essa temática de sequestro, é muito fácil perceber que Céu e Inferno é um dos filmes mais influentes já feitos.
Além de ter uma direção impecável, o filme é agregador em abordar temas relevantes. Óbvio, Kuro não faria somente um filme policial bem dirigido.
É sempre bom destacar a versatilidade dessa dupla. Mifune e Kurosawa fazem obra-prima Samurai e Policial rindo. Parece fácil.
Não Amarás
4.2 297 Assista Agora"Então, já acabou? Gostou? Veja, isto é que é amor. Pode ir até o banheiro limpar-se com uma toalha." Quote que vale pelo filme inteiro.
Amores Brutos
4.2 818 Assista AgoraSe fosse para comparar Amores Perros com outro filme, ele estaria mais para Rashomon Mexicano do que Pulp Fiction. Mas é muita sacanagem e até uma deficiência interpretativa misturada com um pouquinho de safadeza, reduzir este filme a seja lá o que passar na cabeça limitada de quem faz isso.
É um filme absurdo de bem feito. Desde o roteiro impecável, ambientação, direção e analogia brilhante com os cachorros. É cinema sofrido sem apelação, é cinema diversificado com temas reais e pertinentes. Isto é Iñárritu
A naturalidade que o Iñárritu tem de abordar temas 'brutos' e conflituosos parece ainda atrair uma relação de amor e ódio para com o diretor. Todas as obras dele são contestadas de uma maneira quase patológica e infantil. O bom é que ele continuou se reinventando e renovando a fé de quem detesta mais do mesmo.
O Gosto da Vingança
3.9 188A trilha sonora compondo as cenas é lindo de se ver. Um lampejo de ternura e beleza foi o bastante para ocasionar uma fissão nuclear em uma vida de resignação e violência marcada pela relação de poder e servidão. O Sun-woo dos devaneios é uma persona completamente diferente da realidade. Passional e inconsequente ele projeta uma versão que se sacrificaria sem pensar duas vezes. É seu coração queimando como na sequência da fuga. Que direção é essa, meu amigo. Cinema Sul-Coreano é uma das melhores coisas que já aconteceu.
Amor à Flor da Pele
4.3 498 Assista AgoraTony Chiu Wai Leung é o cara que mais sofreu por amor no cinema.
Desobediência
3.7 720 Assista AgoraSensação claustrofóbica da porra. Agora pegue a pobre coitada da Esti tendo que suportar um ambiente repressivo durante todo esse tempo. O filme peca na sua simplicidade vista a olho nu, ou não...
Babel
3.9 996 Assista AgoraÉ o efeito dominó angustiante e não tão nauseante quanto em Irreversível, mas ainda assim bem humano e agregador. Eu pego qualquer filme do Inarritu, dou play e venho aqui correndo falar bem. Seu lindo!
A Grande Testemunha
4.0 94 Assista AgoraUm burro que testemunha toda a degradação, dor, crueldade e melancolia inerentes ao curso da vida. O sofrimento (físico) sofrido pelo burro - um ser puro e santo, acaba quase que insignificante perto da tristeza e do vazio no olhar daqueles jovens, que o maltrataram, abandonaram, queimaram-lhe o rabo. Os closes nos olhos do pobre Balthazar são reveladores e mexem com qualquer espectador que tenha o mínimo de sensibilidade.
Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio
4.4 236 Assista AgoraKoyaanisqatsi é extremamente grandioso. Pode se confundir como uma sucessão de imagens da natureza e da nossa sociedade alternando entre ritmo acelerado e slow motion - mostrando degradação, beleza, pessoas comuns... com uma sonoplastia absurda de boa e, mesmo assim, eu estou completamente mexido.
E aquele filme que o professor bota pra rodar na sala, pede pros alunos fazerem uma redação e depois se diverte com a idiossincrasia.
A Árvore da Vida e Koyaanisqatsi são expressões artísticas plenas que me fazem sobreviver. Mesmo eu, tão pequeno e insignificante, tive a sorte de ser neste mundo. Se matar não significa nada, nada mesmo. Somos parte de um todo e a vida simplesmente continua.
Elle
3.8 886ATENÇÃO: Se você gosta de roteiros simplórios, lineares, previsíveis e com recursos podres; se você não gosta de ser provocado, instigado e surpreendido quando vai assistir a um filme e, se você é um justiceiro social com visão unilateral das coisas - POR FAVOR, NÃO ASSISTA ELLE.
Contém Spoilers.
A categoria mais manjada do Oscar deste ano é a de Melhor Atriz. Atuação mais do que brilhante, sem ela o filme não funcionaria. Isabelle Huppert compõe a personagem de maneira com que muitos segredos do filme se escondam nas suas múltiplas facetas. É uma das melhores atrizes do mundo e merece todo o reconhecimento e reverência.
Aqui Paul Verhoeven não entrega nada gratuitamente, não levanta bandeiras e conta com a nossa capacidade de entrega e raciocínio. De forma leve, com uma pitada de humor ácido e provocativo o filme é conduzido com maestria nos instigando a todo momento. O fato de não ter sido indicado ao Oscar só ressalta a grandiosidade de Elle, um filme controverso, desconcertante e, é com pesar que afirmo, não é para todos. Basta um fio de desatenção ou predisposição ao julgamento instantâneo e Elle pode passar de feminista a misógino.
Parece que incomoda uma mulher reagir a um estupro da forma que a Michèle reagiu. Parece que incomoda ela ter seguido com a vida e não ter se deixado abater, em uma demonstração de força que gera exagerada polêmica.
A forma como a Michèle lida com as relações parentais, amorosas, sexuais e profissionais, falam muito sobre ela e sobre o filme. Ela está sempre no controle, ela dita as regas, ela provoca e gosta de ser provocada. Ela, ela, Elle.
Não podemos ser facilmente enganados pelo atrativo e cômodo reducionismo e taxar que a Michèle é uma psicopata, sociopata ou qualquer pata. Ela teve os holofotes sobre si através de um caso trágico e precisou lidar com publicidade ruim desce cedo. Passou toda a sua vida precisando desconstruir a imagem da família e própria, tendo que lidar com hostilidade proveniente da cultura de justiçamento e todo o ônus possível de se ter um pai serial killer. Passar por tudo isso a fortaleceu, o que vemos é uma mulher extremamente forte, fria, calculista e resiliente. Será que uma pessoa assim deve ser taxada como psicopata? É tão absurdo assim? Quantos psicopatas temos no mundo à fora...
A parte mais difícil do filme é a relação com o agressor. Há uma linha tênue entre perversão representado pelo masoquismo de sentir prazer através da dor (A Professora de Piano) e uma vingança perfeitamente arquitetada. Eu fico com a segunda posição. De novo, a personalidade complexa da personagem faz com que não fique claro se é uma vingança ou apenas o modo natural dela de lidar com as coisas.
Michèle acabou desenvolvendo desejo sexual pelo vizinho. Até a forma que ela lida com a mulher puritana do vizinho mostra que não é apenas seduzir, é provocar - manter não só a pessoa para quem ela sente atração, mas também sua esposa por perto. A festa de natal é um deleite para ela. Todos ali parecem estar na palma da sua mão. É extremamente prazeroso para Michèle brincar com aquelas marionetes. Que personagem!
Vincent o filho bananão, pode a princípio ser um personagem fraco, mas o modo dele lidar com as mulheres mostra que a Michèle manipulou o coitado a ponto de fazer com que ele fosse peça chave do seu plano. Em certo momento o rapaz demonstra agressividade e por pouco não agrediu a própria mãe na impagável sequência do descarte das cinzas. Ele é fraco emocionalmente, submisso ás escolhas da mulher e enxerga no filho a oportunidade de mostrar que ele não é um fracassado que não controla o próprio destino. Salvar a mãe do agressor seria perfeito para Vincent se redimir e ganhar respeito. Michèle usa a fragilidade do filho a seu favor, assim como o ex marido, o amante e por aí vai.
A festa de lançamento do jogo é outro momento que mais uma vez mostra o seu total protagonismo e completo controle da situação. Ironicamente o maior jogo ali não era o que tinha Orcs, mas sim o que tinha personagens reais. Todos com papéis minuciosamente definidos e programados à vontade de Michèle.
Elle não é um filme sobre um estupro, assim como Irreversível de Gaspar Noé.
Estão desperdiçando a chance de usufruir de um dos melhores filmes dos últimos anos devido a incontrolável e pentelha vontade de clamar por justiça o tempo todo. Amantes do senso comum NÃO PASSARÃO!
Pardais
3.7 31Um filme que poderia ser mais longo. Alguns acontecimentos se dão de forma abrupta. Esta é a minha única ressalva com Pardais. Ou simplesmente pode representar um verdadeiro banho de realidade na vida de um adolescente Islandês. Mesmo com a saturação do tema, o diretor consegue entregar um ótimo filme. Os cenários grandiosos ironicamente compõem o roteiro. É fácil se perder em solidão e melancolia em meio a sufocante beleza.
Veludo Azul
3.9 776 Assista Agora''Let's Fuuuuck!
I'll fuck anything that moooves''!
"Heineken? Fuck that shit!"
Aquele vilão que é impossível não adorar.
Para quem achou o final meh, sessão da tarde. É só associar a fala sobre os Pintarroxos com o argumento principal do filme, "it's a strange world". Embaixo da esbelta grama verde de um quintal de uma família média americana, há imundice. O simbolismo da cena final com o Pintarroxo se alimentando de um besouro é revelador.
Ah! e a sequência da dança em cima do carro... Parece tão natural que chega a ser extasiante. Indescritível, isso é Lynch!
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraUm convite especial para quem gosta de se jogar de cabeça quando resolve assistir a um filme.
Imagina poder ter uma experiência única e sensorial, exercitar o ato de pensar sobre as inúmeras metáforas e alegorias apresentadas e, em meio a tudo isso, projetar-se no tempo -, e na sua individualidade perceber que a realidade daquela família dos anos 50 não está nem um pouco distante da sua.
Uma experiência tão intensa e enriquecedora em pouco mais de 2h.
Brilhante é pouco.
Ressaltar a beleza das obras do Malick é chover no molhado. Porém, a sequência que ilustra a capa do filme é das mais belas que eu já vi.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraMesmo tentado a ser pedante, KMF conseguiu ser ponderado e o resultado é um filme bem melhor que O Som ao Redor.
Aquarius é um embate entre a elite. As divergências entre a nova e velha classe média. Com uma personagem fantástica e brilhantemente interpretada pela Sônia Braga.
“Você faz o tipo Passivo-agressivo” Diálogo brilhante que sintetiza a proposta do diretor.
Mesmo que passe um pouco desapercebido pelas falas "lacradoras" da Clara, a expressão da Empregada depois de ouvir o rapaz é algo revelador.
O KMF mostrou que é possível expôr suas críticas e dar seu recado de forma sutil.