Um retrato interessante dessa intelectual que marcou época e influenciou comportamentos, o documentário mostra que resumir o perfil de Simone de Beauvoir como "a feminista" é sem duvida uma visão limitada de uma figura muito mais ampla, na sua liberdade, no seu pensamento e na vida ativa e produtiva da qual fez a sua existência. O mundo de hoje precisaria sem duvida de mais figuras como Simone de Beauvoir, e claro, de mais figuras como Jean Paul Sartre. Vale a pena conferir! [NOTA 7.6]
Sempre fui da opinião de que um documentário deve durar no máximo cinquenta minutos, já que quando vai além disso se torna enfadonho, prendendo a atenção apenas dos aficionados pelo tema ou pelo biografado. Eis aqui um exemplo que desmonta a minha tese. ELENA é de uma beleza e de uma força que te prende a tela do inicio ao fim de seus oitenta e dois minutos de duração. Alternando imagens de arquivo pessoal, com imagens produzidas, num trabalho de fotografia de rara sensibilidade e uma trilha sonora cheia de docilidade, o filme vibra no limite entre a melancolia, o desespero e a esperança e é sem duvida o documentário mais lindo e emocionante que já assisti ate hoje. Bravo! Bravíssimo! [NOTA 9.7]
A ideia de uma estação espacial, que no ano de 2154, abrigue a parte bem sucedida da humanidade, separando dos demais habitantes, que vivem num planeta superpovoado e decadente, pode nos remeter a uma reflexão que nos levaria a perceber que já vemos em nossa sociedade, pequenos fragmentos do que seria essa realidade, quando nos deparamos com condomínios de luxo fechados, que oferecem proteção e vida mais confortável do que acontece com a media dos demais habitantes daquela cidade, não tornando assim a ideia do filme tão absurda quanto possa se mostrar aos olhares mais superficiais. Isto posto, o filme em si, que mostra efeitos especiais muito bem realizados, comete pecados visíveis na edição, que somados a um roteiro que poderia ter ido além, faz o resultado no todo ser apenas razoável. A única atuação a ser destacada é sem duvida a de Wagner Moura, que mesmo atuando num filme que de fato, pela sua própria natureza, não tem a proposta de dar espaço ao trabalho do ator, mostra o quanto o talento de um verdadeiro artista se sobressai, ate nas molduras menos favoráveis. [NOTA 6.2]
Não existe nenhum exagero em chamar esse filme de uma aula de fazer cinema do professor Allen. A fotografia lindíssima comove e cativa do inicio ao fim, a luz oscila de forma perfeita criando climas diferenciados para cada momento histórico a que a trama nos transporta. Já o roteiro é excelente e de fato não ganhou o Oscar por acaso. A ótima direção de Woody Allen, claramente consegue encobrir aquele que poderíamos citar como o ponto fraco no filme, que são as fracas atuações, mas que em nada tiram o brilho do resultado final. Uma bela experiência a se viver numa sala de cinema! [NOTA 8.6]
Uma bela ideia essa de retratar a luta inglória de quem tentou manter em funcionamento as salas de cinema no nordeste brasileiro dos anos setenta. O problema do filme é que o resultado realmente não foi dos melhores. A produção deixa a desejar, claramente por falta de recursos e também pelos fortes exageros que comete na visão forçadamente caricatural com a qual retrata o povo cearense. Basicamente pode-se dizer que o filme prometeu, mas infelizmente não cumpriu. Realmente uma pena. [NOTA 5.2]
É bom não confundir com o polemico (de gosto bem duvidoso) filme americano de 2006 que leva o mesmo nome. Esse filme chileno é um bom exemplo do quanto perdemos em não acompanhar mais de perto as produções latino americanas, que mostram um fazer cinema num tom diferente do que estamos acostumados e isso em si já torna, assistir ao filme, uma experiência enriquecedora. Bom roteiro e uma abordagem sobre relações humanas que nos remete a uma reflexão bem interessante sobre essa questão. Fotografia competente e atuações que, na medida certa, dão conta do recado. Recomendo! [NOTA 7.2]
Do início ao fim, o filme mostra algo dúbio, ficando a impressão que existiu na sua feitura um duelo de partes que puxavam a trabalho para lados diferentes. Tecnicamente isso percebe-se quando se observa uma fotografia interessante, constantemente atrapalhada por uma luz no mínimo, mal executada, para não dizer desastrosa. O bom texto também parece duelar com um roteiro que oscila momentos arrastados com outros mais aceitáveis. Um dos pontos positivos que podemos apontar no resultado final é o mergulho que a historia contada faz entre o real e o imaginário no universo carioca da época em que se passa a trama (anos 40), quem sabe aí o traço mais forte que podemos notar da direção de Arnaldo Jabor. Atuações apenas razoáveis de João Miguel e Dan Stulbach, muito bem vai a talentosa Mariana Lima (que delicia assistir a beleza doce dessa atriz na tela), mas a única coisa realmente suprema no filme (além do nome) é a espetacular atuação de Marco Nanini, notando-se com clareza que os momentos de brilho no todo estão diretamente ligados a sua presença na tela, realmente um show de atuação que salva o apenas razoável “A SUPREMA FELICIDADE”. [NOTA 6.9]
Na minha opinião é o filme que consolida Lourenço Mutarelli como um dos artista mais interessantes e completos da sua geração. Quadrinista, roteirista e escritor (o filme é baseado em um de seus livros) reconhecido, em Natimorto Mutarelli é protagonista numa atuação verdadeiramente notável. É preciso também dar mérito no resultado final ao diretor Paulo Machline, já que não é fácil prender a atenção do espectador num longa metragem que se da quase que praticamente todo num só cenário e que ainda assim consegue ser bem resolvido tecnicamente, com luz e som explorados de forma bastante competente. É justo também destacar a bela atuação de Simone Spoladore, que junto com Mutarelli consegue conduzir a trama, que claramente não tem como objetivo principal contar uma historia, mas retratar o flerte dos anseios e angustias humanas com o acaso, a sorte, a busca por proteção e variados devaneios que surgem durante este complexo processo que chamamos viver, pensar e sentir. Não é um filme para meninos. Definitivamente, trata-se de um filmes para homens! [NOTA 9.4]
Que o cinema brasileiro não consegue resultados satisfatórios quando tenta fazer comédias, isso é fato. Nesse caso, no entanto, o equivoco foi além. Ao tentar realizar uma comédia tipicamente americana, o diretor Hugo Carvana e os demais responsáveis pela produção se perderam como quem desce uma ladeira numa carroça sem freios, mas infelizmente acabando por não trazer para a tela a graça que almejavam. Com um roteiro que oscila bons e maus momentos e uma produção que igualmente mostra escorregões em vários momentos, o filme só vale a pena ser visto pela boa atuação de Gregório Duvivier e pela excelente performance de Tarcísio Meira, essa sim a boa surpresa, já que falamos de um ator que já não demonstrava o vigor que se vê nesse trabalho ha algum tempo. [NOTA 5.9]
Interessante a forma original como o filme aborda um tema sério (a sedução sofrida por adolescentes via internet por parte de homens mais velhos), que ate hoje foi bem pouco explorado no cinema. O roteiro é bem realizado e tecnicamente o filme também cumpre seu papel. O problema está nas atuações fracas do elenco. Com atores mais talentosos teríamos realmente um grande resultado final que, no entanto, pela mediocridade nesse quesito, consegue ser apenas razoável. No fim das contas fica a lição de que não adianta um bom roteiro e uma boa direção, se você não tem nas mãos bons atores. [NOTA 5.4]
O filme é focado em angustias e incertezas que cercam o humano, seja no universo profissional, familiar ou amoroso, conseguindo nisso um resultado muito certeiro. Hermila Guedes brilha forte mais uma vez, na sua beleza e talento que hipnotizam quem esta diante da tela. J W Solha também é destaque e João Miguel, assim como em CÉU DE SUELY, tem atuação apenas discreta. O roteiro não se mostra muito dinâmico e fica a impressão que a edição acaba sendo o pecado maior da obra, mas é fato que o filme faz o espectador mais atento refletir, pensar sobre ate que ponto esta disposto a viver naquilo que a sociedade que nos cerca tenta nos padronizar e só por isso já vale e muito a ida ao cinema. [NOTA 8,4]
Assistir a uma atuação de Gerard Depardieu sempre valera a pena, e não é diferente nesse caso, onde ele brilha com sua performance mais uma vez notável. O diretor mostra coragem ao adotar um aspecto envelhecido nas imagens, mas o resultado é bem interessante. O roteiro oscila momentos de mais dinamismo com outros mais lentos e reflexivos. A agonia e o auto-questionamento sobre a vida dão o tom mais pesado ao filme, mas sem perder a mão, a historia é conduzida de forma competente e agradara bastante, pelo menos aos olhos mais livres do veneno da mesmice. Boas atuações também de Yolande Moreau e Miss Ming, alem de uma maneira inusitada de explorar a beleza de Isabelle Adjani, mostra mais um lado criativo da produção. Recomendo demais! [NOTA 8,9]
Mesmo não obedecendo a uma ordem exatamente cronológica dos fatos, o documentário consegue fazer uma bela viagem musical pela historia da banda. Do desabrochar, no inicio dos anos oitenta, com apresentações em vários programas popularescos na TV, ate o definitivo amadurecimento da banda já no meio dos anos noventa, que se concretizou forçosamente quando da primeira baixa, a saída de Arnaldo Antunes. O fatos mais relevantes vão se mostrando misturados a imagens de bastidores, desde as mais caricatas e divertidas ate as mais pesadas, regadas a muito álcool e drogas, tudo isso muito bem alinhavado e dirigido em parte pelo próprio Branco Mello, que acompanhando a banda com sua câmera soube captar todas as variantes daquilo que se tornou a alma e a marca registrada dos Titãs. Muito bacana! Recomendo! [NOTA 8,2]
Pelo menos para mim o filme é mais deprimente do que comovente, o que aliás, não tira em nada o seu valor. Uma mostra em dose reforçada, com lentes aproximadas, daquilo que é a decadência de um envelhecimento senil, coisa, infelizmente, cada vez mais comum em nossos tempos. Mais do que o dilema sobre ate que ponto a continuidade de uma vida com um elevado grau de debilidade vale a pena, o enredo mostra detalhes cotidianos daquele que tem que manter e conviver com alguém em tal estado. Manter o espectador preso a historia, despertando nele diferentes sentimentos, dando-se esta, em quase que praticamente apenas um cenário é um bom ponto para mensurar qual foi o mérito no resultado final do trabalho. No entanto, o que torna, no fim das contas, o filme algo realmente acima da media é a bela atuação de Emmanuelle Riva e a extraordinária atuação de Jean Louis Trintignant, este sim, o ponto alto do filme. Recomendo! [NOTA 7,6]
A curiosidade por assistir meu primeiro Tarantino é o que me levou ao cinema. E não me arrependi. Tecnicamente impressiona como o filme se mostra certeiro. Fotografia, luz, som e a edição, que mesmo com cortes abruptos não erra na mão em nenhum momento, tudo isso alinhavado com uma trilha sonora que surpreende na originalidade e bom gosto dando um encaixe perfeito no resultado final. O tom provocativo que já é rotulo na carreira do diretor, nesse filme se da no tocante a um assunto historicamente delicado que é a escravidão dos negros, aqui focada num tom bem realista, mostrando o lado cruel de quem oprime e o sentimento de revanche e rancor instintivamente existente no lado dos oprimidos. As cenas fortes de violência, outra característica conhecida nos filmes do diretor pode ate desagradar alguns, mas ate nisso o filme não perde a mão e em vários momentos, ao invés de ser explícito, acaba também nesse aspecto acertando, quando no corte de algumas cenas, deixa para a mente de quem assiste o desfecho do horror, quem sabe aí mais um mérito de originalidade na obra. Leonardo Dicaprio, que com seu papel extenso teria tudo para brilhar, decepciona mais uma vez. Brilho que aparece em cores vivas na atuação de Samuel L Jackson, este sim ao meu ver deveria ter ganho o Oscar de ator coadjuvante e não Christoph Waltz, como acabou acontecendo. A aparição rápida de Tarantino também é digna de registro, pois da um peso maior ao filme, já que fica claro o talento amplo e plural do mesmo na arte de preencher a telona. O roteiro flerta, de forma irônica (ironia é mais uma característica de quem cria e dirige DJANGO LIVRE), com aquilo que poderia ser o obvio de um filme de faroeste, mas obviedade é uma palavra distante, provavelmente a ultima que lhe passara pela cabeça ao sair da sala de projeção. Vá ao cinema, que vale a pena! [NOTA 8,1]
A narrativa espetacular de Machado de Assis é sem duvida o que faz do filme algo tão inspirador e perturbador ao mesmo tempo. As deficiências técnicas mostradas perdem totalmente a importância quando se tem a possibilidade de saborear um texto tão magnífico. O retrato perfeito que Machado da a crueldade ferina das crianças, ao egoísmo interesseiro das mulheres e a tolice manipulável dos homens, quem sabe, da a sua obra a forma mais perfeita com que alguém já tenha, com palavras, conseguido traduzir aquilo que verdadeiramente somos. Show as atuações de Stepan Nercessian e Marcos Caruso, dão assim, ainda mais gosto a trama, que por si só já vale ser vista e revista. Para quem ainda não assistiu, faça um favor valioso a si mesmo, assista! Para quem, como eu, ainda não leu, faça um favor valioso a si mesmo, leia! [NOTA 8.9]
Esse é um daqueles filmes que me fazem pensar que a problemática daquela parcela das pessoas que dizem não ir ao cinema justificando: “não gosto de cinema nacional”, não está na qualidade dos filmes que fazemos, mas na pouca capacidade de discernimento do publico que somos. “O SOM AO REDOR” mostra com extrema competência o cotidiano, seja nos acontecimentos que de fato se concretizam ou naqueles que são alimentados pelos nossos medos e neuras alopradas, usando como principal ferramenta o som, que por tantas vezes nos assombram e que está diretamente ligado a maneira com a qual reagimos ao que nos cerca. O filme provoca, insinua, não se preocupa em concluir uma historia, mas em deixar a duvida solta no ar. Tecnicamente não se tem o que dizer, fotografia e som bem resolvidos. Irandhir Santos e Waldemar Jose Solha em atuações notáveis também é algo a destacar. Quem sabe não esteja nascendo nos filmes dos Pernambucanos Kleber Mendonça e Claudio Assis, aquilo que num futuro não muito distante será chamado de a nova escola do cinema Brasileiro. Filme extremamente inteligente, e porque não dizer, genial! [NOTA 9.3]
Não posso negar que dessa vez o que me seduziu para assistir ao filme foi o nome, visto estar vivendo algo que tem a ver com o titulo, que claro, não vem ao caso relatar nesse espaço. No entanto a grande sacada do filme não está no seu lado romântico, mas numa cara meio documentário, meio ficção, que definitivamente não seria para qualquer um realizar com tamanha competência. Muito original ele nos faz refletir que lidar com nossos cansaços e frustrações talvez seja uma boa ferramenta para termos contato com nossa essência, aquilo que verdadeiramente somos. Lindas imagens e uma evolução que nos faz mergulhar no filme como se fossemos nós a estar vivendo aquilo tudo. Se você gosta de uma historinha com começo, meio e fim, esse não é o filme. Se você busca algo que vá alem, mesmo sem maiores pretensões, esse é o filme! Muito bom! Recomendo! [NOTA 8.2]
É de espantar como alguém pode, na intenção de retratar uma historia de vida tão extraordinária quanto a de Lula, fazer um filme tão ruim. Só destacaria as ótimas atuações de Milhem Cortaz, Gloria Pires e a boa surpresa que é a performance de Rui Ricardo. No mais, quase tudo deixa a desejar, ficando a esperança de que futuramente, alguém tenha a iniciativa, e mais competência, para realizar uma biografia cinematográfica bem mais interessante dessa figura que já esta na historia do país. [NOTA 4.1]
Ver o cinema Frances fazendo comedia romântica americana já é um pouco decepcionante. Um roteiro de altos e baixos, previsível e sem graça. O que se salva é a presença de Woody Allen (como ele mesmo), para variar brilhante, já no final da historia. Entrei na sessão por um desencontro de horários, quem sabe aí a melhor maneira de definir esse filme, um desencontro! Não recomendo! [NOTA 3.9]
Ao contrario da maioria dos documentários, que levam aquele tom sublime e serio, “JORGE MAUTNER – O FILHO DO HOLOCAUSTO” conta a historia dessa figura tão intensa de uma maneira deliciosamente divertida, fazendo com que os noventa e três minutos de duração em nenhum momento se tornem cansativos. Uma viagem musical, como não poderia deixar de ser, acompanhada por depoimentos descontraídos, fazem mais leve ate o caráter mais dramático dessa trajetória de vida de características tão próprias. Destaco as presenças de Nelson Jacobina, visivelmente já debilitado pela doença que o levaria de nós pouco tempo depois, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Alexandre Kassin, Jose Roberto Aguilar e da filha de Mautner, Amora Mautner, que num depoimento sincero descreve como foi perturbadora e ao mesmo tempo rica a experiência de crescer ao lado de um pai tão complexo. A nota negativa fica por conta das intromissões absolutamente desnecessárias e claramente fruto da conhecida vaidade de Pedro Bial, que deveria ter a sensibilidade de entender que dirigir um documentário não implica em ser uma estrela no mesmo. Outra reflexão pessoal que ficou para mim ao final da sessão, foi o fato de olhar para os lados e verificar que comigo na sala de cinema, apenas mais quatro pessoas assistiam ao filme, evidencia do quanto o brasileiro não prestigia aqueles que com sua obra e pensamento melhor conseguem lhe traduzir, creio que em parte pela preguiça de pensar, em parte por uma certa vergonha de dar de cara com aquilo que veriam ao olhar de frente para um espelho. Independente do que se tenha a lamentar é preciso reconhecer que o resultado final é de fato excelente! Recomendo! [NOTA 8.7]
Show a atuação de Hermila Guedes! Sem duvida o ponto alto do filme, essa atriz que deveria, pelo talento que demonstra, ganhar mais espaço no cinema nacional. João Miguel, dessa vez, se mostra meio apagado, creio que pela pobreza do personagem que interpreta. Uma historia densa e sensível que nos remete aos momentos da vida em que desejamos fugir para o mais longe possível da realidade em que vivemos. O roteiro, no entanto, deixa um pouco a desejar, defeito amenizado pelas belas imagens e pelo encaixe perfeito da trilha sonora. [NOTA 7.2]
Não é de hoje que Michael Moore retrata em seus documentários as mazelas que oprimem a sociedade americana e em parte, por consequência, boa parte do mundo. Em Capitalismo – Uma historia de amor, Moore mostra e ataca o lado podre do mercado financeiro e político da sociedade americana, com seus conchavos e tramoias, seus mecanismos, em grande parte responsáveis pela grande crise econômica de 2008/2009 que afetou toda a economia mundial. Questiona, sobre tudo, os EUA e seu rotulo de terra das oportunidades, colocando foco no lado mais frágil dessa, que seria, na visão dele, uma grande ilusão. Bem construído, o trabalho no entanto peca no claro viés partidário a favor dos democratas, exaltando a vitória de Barack Obama, o que não deveria, pelo menos em tese, ser o papel de um documentarista, mais uma vez, em tese, independente. Ainda assim, vale a pena assistir, pela critica agressiva, mas inteligente e bem humorada dessa figura emblemática chamada Michael Moore. [NOTA 6.5]
Original na ideia, o filme tem o mérito de mostrar de maneira muito certeira o encontro de duas visões bem diferentes de mundo, o sertanejo que foge da miséria e o alemão que foge da guerra. João Miguel rouba a cena com mais uma bela atuação, Hermila Guedes também desfila talento, mesmo com o curto papel de sua personagem. O ponto fraco está no roteiro, que poderia ter ido alem e explorado o lastro de possibilidades latente na proposta inicial desta bela produção. [NOTA 7.4]
Simone de Beauvoir: Uma Mulher Atual
3.9 10Um retrato interessante dessa intelectual que marcou época e influenciou comportamentos, o documentário mostra que resumir o perfil de Simone de Beauvoir como "a feminista" é sem duvida uma visão limitada de uma figura muito mais ampla, na sua liberdade, no seu pensamento e na vida ativa e produtiva da qual fez a sua existência. O mundo de hoje precisaria sem duvida de mais figuras como Simone de Beauvoir, e claro, de mais figuras como Jean Paul Sartre. Vale a pena conferir! [NOTA 7.6]
Elena
4.2 1,3K Assista AgoraSempre fui da opinião de que um documentário deve durar no máximo cinquenta minutos, já que quando vai além disso se torna enfadonho, prendendo a atenção apenas dos aficionados pelo tema ou pelo biografado. Eis aqui um exemplo que desmonta a minha tese. ELENA é de uma beleza e de uma força que te prende a tela do inicio ao fim de seus oitenta e dois minutos de duração. Alternando imagens de arquivo pessoal, com imagens produzidas, num trabalho de fotografia de rara sensibilidade e uma trilha sonora cheia de docilidade, o filme vibra no limite entre a melancolia, o desespero e a esperança e é sem duvida o documentário mais lindo e emocionante que já assisti ate hoje. Bravo! Bravíssimo! [NOTA 9.7]
Elysium
3.3 2,0K Assista AgoraA ideia de uma estação espacial, que no ano de 2154, abrigue a parte bem sucedida da humanidade, separando dos demais habitantes, que vivem num planeta superpovoado e decadente, pode nos remeter a uma reflexão que nos levaria a perceber que já vemos em nossa sociedade, pequenos fragmentos do que seria essa realidade, quando nos deparamos com condomínios de luxo fechados, que oferecem proteção e vida mais confortável do que acontece com a media dos demais habitantes daquela cidade, não tornando assim a ideia do filme tão absurda quanto possa se mostrar aos olhares mais superficiais. Isto posto, o filme em si, que mostra efeitos especiais muito bem realizados, comete pecados visíveis na edição, que somados a um roteiro que poderia ter ido além, faz o resultado no todo ser apenas razoável. A única atuação a ser destacada é sem duvida a de Wagner Moura, que mesmo atuando num filme que de fato, pela sua própria natureza, não tem a proposta de dar espaço ao trabalho do ator, mostra o quanto o talento de um verdadeiro artista se sobressai, ate nas molduras menos favoráveis. [NOTA 6.2]
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraNão existe nenhum exagero em chamar esse filme de uma aula de fazer cinema do professor Allen. A fotografia lindíssima comove e cativa do inicio ao fim, a luz oscila de forma perfeita criando climas diferenciados para cada momento histórico a que a trama nos transporta. Já o roteiro é excelente e de fato não ganhou o Oscar por acaso. A ótima direção de Woody Allen, claramente consegue encobrir aquele que poderíamos citar como o ponto fraco no filme, que são as fracas atuações, mas que em nada tiram o brilho do resultado final. Uma bela experiência a se viver numa sala de cinema! [NOTA 8.6]
Cine Holliúdy
3.5 609 Assista AgoraUma bela ideia essa de retratar a luta inglória de quem tentou manter em funcionamento as salas de cinema no nordeste brasileiro dos anos setenta. O problema do filme é que o resultado realmente não foi dos melhores. A produção deixa a desejar, claramente por falta de recursos e também pelos fortes exageros que comete na visão forçadamente caricatural com a qual retrata o povo cearense. Basicamente pode-se dizer que o filme prometeu, mas infelizmente não cumpriu. Realmente uma pena. [NOTA 5.2]
Turistas
1.7 37 Assista AgoraÉ bom não confundir com o polemico (de gosto bem duvidoso) filme americano de 2006 que leva o mesmo nome. Esse filme chileno é um bom exemplo do quanto perdemos em não acompanhar mais de perto as produções latino americanas, que mostram um fazer cinema num tom diferente do que estamos acostumados e isso em si já torna, assistir ao filme, uma experiência enriquecedora. Bom roteiro e uma abordagem sobre relações humanas que nos remete a uma reflexão bem interessante sobre essa questão. Fotografia competente e atuações que, na medida certa, dão conta do recado. Recomendo! [NOTA 7.2]
A Suprema Felicidade
2.8 212 Assista AgoraDo início ao fim, o filme mostra algo dúbio, ficando a impressão que existiu na sua feitura um duelo de partes que puxavam a trabalho para lados diferentes. Tecnicamente isso percebe-se quando se observa uma fotografia interessante, constantemente atrapalhada por uma luz no mínimo, mal executada, para não dizer desastrosa. O bom texto também parece duelar com um roteiro que oscila momentos arrastados com outros mais aceitáveis. Um dos pontos positivos que podemos apontar no resultado final é o mergulho que a historia contada faz entre o real e o imaginário no universo carioca da época em que se passa a trama (anos 40), quem sabe aí o traço mais forte que podemos notar da direção de Arnaldo Jabor. Atuações apenas razoáveis de João Miguel e Dan Stulbach, muito bem vai a talentosa Mariana Lima (que delicia assistir a beleza doce dessa atriz na tela), mas a única coisa realmente suprema no filme (além do nome) é a espetacular atuação de Marco Nanini, notando-se com clareza que os momentos de brilho no todo estão diretamente ligados a sua presença na tela, realmente um show de atuação que salva o apenas razoável “A SUPREMA FELICIDADE”. [NOTA 6.9]
Natimorto
3.6 141Na minha opinião é o filme que consolida Lourenço Mutarelli como um dos artista mais interessantes e completos da sua geração. Quadrinista, roteirista e escritor (o filme é baseado em um de seus livros) reconhecido, em Natimorto Mutarelli é protagonista numa atuação verdadeiramente notável. É preciso também dar mérito no resultado final ao diretor Paulo Machline, já que não é fácil prender a atenção do espectador num longa metragem que se da quase que praticamente todo num só cenário e que ainda assim consegue ser bem resolvido tecnicamente, com luz e som explorados de forma bastante competente. É justo também destacar a bela atuação de Simone Spoladore, que junto com Mutarelli consegue conduzir a trama, que claramente não tem como objetivo principal contar uma historia, mas retratar o flerte dos anseios e angustias humanas com o acaso, a sorte, a busca por proteção e variados devaneios que surgem durante este complexo processo que chamamos viver, pensar e sentir. Não é um filme para meninos. Definitivamente, trata-se de um filmes para homens! [NOTA 9.4]
Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo
2.5 202Que o cinema brasileiro não consegue resultados satisfatórios quando tenta fazer comédias, isso é fato. Nesse caso, no entanto, o equivoco foi além. Ao tentar realizar uma comédia tipicamente americana, o diretor Hugo Carvana e os demais responsáveis pela produção se perderam como quem desce uma ladeira numa carroça sem freios, mas infelizmente acabando por não trazer para a tela a graça que almejavam. Com um roteiro que oscila bons e maus momentos e uma produção que igualmente mostra escorregões em vários momentos, o filme só vale a pena ser visto pela boa atuação de Gregório Duvivier e pela excelente performance de Tarcísio Meira, essa sim a boa surpresa, já que falamos de um ator que já não demonstrava o vigor que se vê nesse trabalho ha algum tempo. [NOTA 5.9]
Confiar
3.4 1,8K Assista grátisInteressante a forma original como o filme aborda um tema sério (a sedução sofrida por adolescentes via internet por parte de homens mais velhos), que ate hoje foi bem pouco explorado no cinema. O roteiro é bem realizado e tecnicamente o filme também cumpre seu papel. O problema está nas atuações fracas do elenco. Com atores mais talentosos teríamos realmente um grande resultado final que, no entanto, pela mediocridade nesse quesito, consegue ser apenas razoável. No fim das contas fica a lição de que não adianta um bom roteiro e uma boa direção, se você não tem nas mãos bons atores. [NOTA 5.4]
Era Uma Vez Eu, Verônica
3.5 198O filme é focado em angustias e incertezas que cercam o humano, seja no universo profissional, familiar ou amoroso, conseguindo nisso um resultado muito certeiro. Hermila Guedes brilha forte mais uma vez, na sua beleza e talento que hipnotizam quem esta diante da tela. J W Solha também é destaque e João Miguel, assim como em CÉU DE SUELY, tem atuação apenas discreta. O roteiro não se mostra muito dinâmico e fica a impressão que a edição acaba sendo o pecado maior da obra, mas é fato que o filme faz o espectador mais atento refletir, pensar sobre ate que ponto esta disposto a viver naquilo que a sociedade que nos cerca tenta nos padronizar e só por isso já vale e muito a ida ao cinema. [NOTA 8,4]
Mamute
3.2 67Assistir a uma atuação de Gerard Depardieu sempre valera a pena, e não é diferente nesse caso, onde ele brilha com sua performance mais uma vez notável. O diretor mostra coragem ao adotar um aspecto envelhecido nas imagens, mas o resultado é bem interessante. O roteiro oscila momentos de mais dinamismo com outros mais lentos e reflexivos. A agonia e o auto-questionamento sobre a vida dão o tom mais pesado ao filme, mas sem perder a mão, a historia é conduzida de forma competente e agradara bastante, pelo menos aos olhos mais livres do veneno da mesmice. Boas atuações também de Yolande Moreau e Miss Ming, alem de uma maneira inusitada de explorar a beleza de Isabelle Adjani, mostra mais um lado criativo da produção. Recomendo demais! [NOTA 8,9]
Titãs - A Vida Até Parece uma Festa
3.9 86Mesmo não obedecendo a uma ordem exatamente cronológica dos fatos, o documentário consegue fazer uma bela viagem musical pela historia da banda. Do desabrochar, no inicio dos anos oitenta, com apresentações em vários programas popularescos na TV, ate o definitivo amadurecimento da banda já no meio dos anos noventa, que se concretizou forçosamente quando da primeira baixa, a saída de Arnaldo Antunes. O fatos mais relevantes vão se mostrando misturados a imagens de bastidores, desde as mais caricatas e divertidas ate as mais pesadas, regadas a muito álcool e drogas, tudo isso muito bem alinhavado e dirigido em parte pelo próprio Branco Mello, que acompanhando a banda com sua câmera soube captar todas as variantes daquilo que se tornou a alma e a marca registrada dos Titãs. Muito bacana! Recomendo! [NOTA 8,2]
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraPelo menos para mim o filme é mais deprimente do que comovente, o que aliás, não tira em nada o seu valor. Uma mostra em dose reforçada, com lentes aproximadas, daquilo que é a decadência de um envelhecimento senil, coisa, infelizmente, cada vez mais comum em nossos tempos. Mais do que o dilema sobre ate que ponto a continuidade de uma vida com um elevado grau de debilidade vale a pena, o enredo mostra detalhes cotidianos daquele que tem que manter e conviver com alguém em tal estado. Manter o espectador preso a historia, despertando nele diferentes sentimentos, dando-se esta, em quase que praticamente apenas um cenário é um bom ponto para mensurar qual foi o mérito no resultado final do trabalho. No entanto, o que torna, no fim das contas, o filme algo realmente acima da media é a bela atuação de Emmanuelle Riva e a extraordinária atuação de Jean Louis Trintignant, este sim, o ponto alto do filme. Recomendo! [NOTA 7,6]
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraA curiosidade por assistir meu primeiro Tarantino é o que me levou ao cinema. E não me arrependi. Tecnicamente impressiona como o filme se mostra certeiro. Fotografia, luz, som e a edição, que mesmo com cortes abruptos não erra na mão em nenhum momento, tudo isso alinhavado com uma trilha sonora que surpreende na originalidade e bom gosto dando um encaixe perfeito no resultado final. O tom provocativo que já é rotulo na carreira do diretor, nesse filme se da no tocante a um assunto historicamente delicado que é a escravidão dos negros, aqui focada num tom bem realista, mostrando o lado cruel de quem oprime e o sentimento de revanche e rancor instintivamente existente no lado dos oprimidos. As cenas fortes de violência, outra característica conhecida nos filmes do diretor pode ate desagradar alguns, mas ate nisso o filme não perde a mão e em vários momentos, ao invés de ser explícito, acaba também nesse aspecto acertando, quando no corte de algumas cenas, deixa para a mente de quem assiste o desfecho do horror, quem sabe aí mais um mérito de originalidade na obra. Leonardo Dicaprio, que com seu papel extenso teria tudo para brilhar, decepciona mais uma vez. Brilho que aparece em cores vivas na atuação de Samuel L Jackson, este sim ao meu ver deveria ter ganho o Oscar de ator coadjuvante e não Christoph Waltz, como acabou acontecendo. A aparição rápida de Tarantino também é digna de registro, pois da um peso maior ao filme, já que fica claro o talento amplo e plural do mesmo na arte de preencher a telona. O roteiro flerta, de forma irônica (ironia é mais uma característica de quem cria e dirige DJANGO LIVRE), com aquilo que poderia ser o obvio de um filme de faroeste, mas obviedade é uma palavra distante, provavelmente a ultima que lhe passara pela cabeça ao sair da sala de projeção. Vá ao cinema, que vale a pena! [NOTA 8,1]
Memórias Póstumas
3.5 309 Assista AgoraA narrativa espetacular de Machado de Assis é sem duvida o que faz do filme algo tão inspirador e perturbador ao mesmo tempo. As deficiências técnicas mostradas perdem totalmente a importância quando se tem a possibilidade de saborear um texto tão magnífico. O retrato perfeito que Machado da a crueldade ferina das crianças, ao egoísmo interesseiro das mulheres e a tolice manipulável dos homens, quem sabe, da a sua obra a forma mais perfeita com que alguém já tenha, com palavras, conseguido traduzir aquilo que verdadeiramente somos. Show as atuações de Stepan Nercessian e Marcos Caruso, dão assim, ainda mais gosto a trama, que por si só já vale ser vista e revista. Para quem ainda não assistiu, faça um favor valioso a si mesmo, assista! Para quem, como eu, ainda não leu, faça um favor valioso a si mesmo, leia! [NOTA 8.9]
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraEsse é um daqueles filmes que me fazem pensar que a problemática daquela parcela das pessoas que dizem não ir ao cinema justificando: “não gosto de cinema nacional”, não está na qualidade dos filmes que fazemos, mas na pouca capacidade de discernimento do publico que somos. “O SOM AO REDOR” mostra com extrema competência o cotidiano, seja nos acontecimentos que de fato se concretizam ou naqueles que são alimentados pelos nossos medos e neuras alopradas, usando como principal ferramenta o som, que por tantas vezes nos assombram e que está diretamente ligado a maneira com a qual reagimos ao que nos cerca. O filme provoca, insinua, não se preocupa em concluir uma historia, mas em deixar a duvida solta no ar. Tecnicamente não se tem o que dizer, fotografia e som bem resolvidos. Irandhir Santos e Waldemar Jose Solha em atuações notáveis também é algo a destacar. Quem sabe não esteja nascendo nos filmes dos Pernambucanos Kleber Mendonça e Claudio Assis, aquilo que num futuro não muito distante será chamado de a nova escola do cinema Brasileiro. Filme extremamente inteligente, e porque não dizer, genial! [NOTA 9.3]
Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo
3.9 502 Assista AgoraNão posso negar que dessa vez o que me seduziu para assistir ao filme foi o nome, visto estar vivendo algo que tem a ver com o titulo, que claro, não vem ao caso relatar nesse espaço. No entanto a grande sacada do filme não está no seu lado romântico, mas numa cara meio documentário, meio ficção, que definitivamente não seria para qualquer um realizar com tamanha competência. Muito original ele nos faz refletir que lidar com nossos cansaços e frustrações talvez seja uma boa ferramenta para termos contato com nossa essência, aquilo que verdadeiramente somos. Lindas imagens e uma evolução que nos faz mergulhar no filme como se fossemos nós a estar vivendo aquilo tudo. Se você gosta de uma historinha com começo, meio e fim, esse não é o filme. Se você busca algo que vá alem, mesmo sem maiores pretensões, esse é o filme! Muito bom! Recomendo! [NOTA 8.2]
Lula, o Filho do Brasil
2.7 1,1K Assista AgoraÉ de espantar como alguém pode, na intenção de retratar uma historia de vida tão extraordinária quanto a de Lula, fazer um filme tão ruim. Só destacaria as ótimas atuações de Milhem Cortaz, Gloria Pires e a boa surpresa que é a performance de Rui Ricardo. No mais, quase tudo deixa a desejar, ficando a esperança de que futuramente, alguém tenha a iniciativa, e mais competência, para realizar uma biografia cinematográfica bem mais interessante dessa figura que já esta na historia do país. [NOTA 4.1]
Paris-Manhattan
3.4 391 Assista AgoraVer o cinema Frances fazendo comedia romântica americana já é um pouco decepcionante. Um roteiro de altos e baixos, previsível e sem graça. O que se salva é a presença de Woody Allen (como ele mesmo), para variar brilhante, já no final da historia. Entrei na sessão por um desencontro de horários, quem sabe aí a melhor maneira de definir esse filme, um desencontro! Não recomendo! [NOTA 3.9]
Jorge Mautner - O Filho do Holocausto
3.7 24Ao contrario da maioria dos documentários, que levam aquele tom sublime e serio, “JORGE MAUTNER – O FILHO DO HOLOCAUSTO” conta a historia dessa figura tão intensa de uma maneira deliciosamente divertida, fazendo com que os noventa e três minutos de duração em nenhum momento se tornem cansativos. Uma viagem musical, como não poderia deixar de ser, acompanhada por depoimentos descontraídos, fazem mais leve ate o caráter mais dramático dessa trajetória de vida de características tão próprias. Destaco as presenças de Nelson Jacobina, visivelmente já debilitado pela doença que o levaria de nós pouco tempo depois, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Alexandre Kassin, Jose Roberto Aguilar e da filha de Mautner, Amora Mautner, que num depoimento sincero descreve como foi perturbadora e ao mesmo tempo rica a experiência de crescer ao lado de um pai tão complexo. A nota negativa fica por conta das intromissões absolutamente desnecessárias e claramente fruto da conhecida vaidade de Pedro Bial, que deveria ter a sensibilidade de entender que dirigir um documentário não implica em ser uma estrela no mesmo. Outra reflexão pessoal que ficou para mim ao final da sessão, foi o fato de olhar para os lados e verificar que comigo na sala de cinema, apenas mais quatro pessoas assistiam ao filme, evidencia do quanto o brasileiro não prestigia aqueles que com sua obra e pensamento melhor conseguem lhe traduzir, creio que em parte pela preguiça de pensar, em parte por uma certa vergonha de dar de cara com aquilo que veriam ao olhar de frente para um espelho. Independente do que se tenha a lamentar é preciso reconhecer que o resultado final é de fato excelente! Recomendo! [NOTA 8.7]
O Céu de Suely
3.9 464 Assista AgoraShow a atuação de Hermila Guedes! Sem duvida o ponto alto do filme, essa atriz que deveria, pelo talento que demonstra, ganhar mais espaço no cinema nacional. João Miguel, dessa vez, se mostra meio apagado, creio que pela pobreza do personagem que interpreta. Uma historia densa e sensível que nos remete aos momentos da vida em que desejamos fugir para o mais longe possível da realidade em que vivemos. O roteiro, no entanto, deixa um pouco a desejar, defeito amenizado pelas belas imagens e pelo encaixe perfeito da trilha sonora. [NOTA 7.2]
Capitalismo: Uma História de Amor
4.0 221Não é de hoje que Michael Moore retrata em seus documentários as mazelas que oprimem a sociedade americana e em parte, por consequência, boa parte do mundo. Em Capitalismo – Uma historia de amor, Moore mostra e ataca o lado podre do mercado financeiro e político da sociedade americana, com seus conchavos e tramoias, seus mecanismos, em grande parte responsáveis pela grande crise econômica de 2008/2009 que afetou toda a economia mundial. Questiona, sobre tudo, os EUA e seu rotulo de terra das oportunidades, colocando foco no lado mais frágil dessa, que seria, na visão dele, uma grande ilusão. Bem construído, o trabalho no entanto peca no claro viés partidário a favor dos democratas, exaltando a vitória de Barack Obama, o que não deveria, pelo menos em tese, ser o papel de um documentarista, mais uma vez, em tese, independente. Ainda assim, vale a pena assistir, pela critica agressiva, mas inteligente e bem humorada dessa figura emblemática chamada Michael Moore. [NOTA 6.5]
Cinema, Aspirinas e Urubus
3.9 364 Assista AgoraOriginal na ideia, o filme tem o mérito de mostrar de maneira muito certeira o encontro de duas visões bem diferentes de mundo, o sertanejo que foge da miséria e o alemão que foge da guerra. João Miguel rouba a cena com mais uma bela atuação, Hermila Guedes também desfila talento, mesmo com o curto papel de sua personagem. O ponto fraco está no roteiro, que poderia ter ido alem e explorado o lastro de possibilidades latente na proposta inicial desta bela produção. [NOTA 7.4]