A primeira vez em que assisti a Blade Runner eu ainda era adolescente. Achei o longa entediante e não entendi muito bem. Depois, já mais velho, vi novamente. Mais maduro, peguei as nuances e fiquei boquiaberto com aquele universo sujo, úmido e vivo. Adorava o longa porém detestava aquele final feliz. Me perguntava: se Los Angeles em 2019 se encontra naquelas condições como diabos Deckard foge para um lugar de natureza abundante!? Ainda bem que Ridley Scott corrigiu essa imposição idiota dos engravatados e ai sim transformou seu filme numa obra-prima, com um final em aberto cujas perguntas ainda vivem no imaginário dos cinéfilos.
Nesse final de semana, no aquecimento para a estréia do Blade Runner 2049, conferi o filme de 1982 em sua edição "Final Cut" e na sequência assisti a esse ótimo documentário sobre os bastidores da produção.
Bastante interessante, longo, e cheio de informações relevantes, Dias Perigosos narra desde a criação do primeiro esboço do roteiro, baseado no romance de Phillip K Dick, até o renascimento da obra como cult já nos anos noventa. Todos os percalços da produção são abordados, escolha de diretor, elenco, forma de abordagem e o melhor de todos: a concepção daquele universo ainda hoje tão fascinante e palpável. Blade Runner é talvez o filme de ficção cientifica mais bem construído nesse sentido, tanto que praticamente deu origem ao cyberpunk, gênero tão presente na cultura pop desde os anos 80. De defeito apenas destaco a falta de um maior aprofundamento no que diz respeito a trilha sonora de Vangelis (uma verdadeira obra-prima).
Martin Scorsese nos traz um panorama do mais espiritualizado dos Beatles nesse ótimo documentário. Da frustração de não ter mais de suas músicas incluídas nos àlbuns dos Fab Four por conta da ditatorial direção musical de Lennon e McCartney, do seu envolvimento com a filosofia espiritual oriental, seus amores, suas amizades a sua bem sucedida carreira solo, o filme, apesar de suas mais de três horas, é deliciosamente bem conduzido, cujo tempo passa voando.
George era um sujeito ímpar. Generoso, até mesmo hipotecou a casa para que o filme A Vida de Brian do Monty Python fosse realizado. Isso sem contar com seu envolvimento com os problemas sociais indianos e a "entrega" de sua primeira esposa, Pattie, ao seu amigo amigo Eric Clapton (Eric e Pattie se apaixonaram no começo dos anos 70). Além dessa faceta altruísta, Harrison mantinha uma relação bastante saudável com a espiritualidade. Ao contrário de muitos, o músico a usava em favor de um crescimento próprio, sem pregações forçadas e julgamentos morais tão comuns nas crenças que tomaram conta do ocidente. Pena que tenha morrido ainda jovem. Um ser humano como George Harrison - e seu talento - fazem muita falta nos tempos sombrios em que vivemos.
Adaptar os romances policiais que englobam o quarteto de Yorkshire do autor inglês David Peace não deve ter sido tarefa fácil. Tiveram que limar um dos livros - 1977 - simplificar a trama e descartar alguns personagens ou então diminuir suas participações. Entretanto o resultado final ficou satisfatório.
Nos três longas temos um norte da Inglaterra dos anos setenta e oitenta esteticamente retratado envolto em crimes e corrupção policial. Em seus livros Peace usou crimes verdadeiros que aconteceram na região como pano de fundo e os filmes usam do mesmo artifício, principalmente o segundo, sobre o Estripador de Yorkshire, onde temos inúmeras imagens reais de arquivo na abertura e no final do longa. Os três filmes foram dirigidos por cineastas diferentes, portanto eles apresentam ligeira diferença estética entre um e outro. Porém, felizmente, no geral, o clima de desesperança é o mesmo.
O grande trunfo dessas produção, sem dúvida é o ótimo elenco. Temos Sean Bean, Andrew Garfield, David Morrissey, Sean Harris - que fez o Michelleto no seriado The Borgias e aqui faz o policial asqueroso Bob Craven -, Paul Considine, entre outros nomes. A maioria dos rostos conhecidos principalmente por conta de seriados atuais. O roteiro, mesmo que simplificando a obra original, é bem resolvido, todavia, é preciso assistir os três filmes, de preferência com um espaço curto de tempo entre um e outro, para poder juntar todas as peças do quebra-cabeça.
O primeiro filme, com o horrível título nacional de Em Busca de Um Assassino, tem Garfield como o protagonista Ed Dunford. Subjetivo, todas as cenas são do ponto de vista do jornalista, portanto alguns trechos são confusos só fazendo sentido no terceiro longa. No segundo temos o policial Paul Hunter (Considine) como protagonista, onde nos deparamos com os horrendos crimes do Estripador. Também um filme subjetivo. Já no terceiro, temos três protagonistas: o michê BJ, o advogado Piggot e o policial do alto escalão Maurice Jobson, conhecido como coruja. Esse último capítulo fecha todas as pontas soltas dos anteriores de forma competente, embora o destino de alguns personagens fique em aberto.
Os três longas estão longe de serem perfeitos mas ainda assim dão um bom caldo e o melhor de tudo é ver a obra de Peace numa adaptação de respeito.
Corra é uma espécie de Adivinhe Quem Vem Para o Jantar encontra Black Mirror (inclusive o ator protagonista já participou do seriado britânico). A princípio, realmente, você pensa se tratar de um filme onde um casal inter-racial há de encarar o preconceito escancarado da sociedade por conta da relação e tal (como no filme sessentista), entretanto Corra envereda pelo caminho contrário, o do racismo velado, utilizando-se de uma trama distópica (como no seriado) para tratar do assunto.
Em alguns momentos do longa personagens utilizam típicas ladainhas de caucasianos (racistas enrustidos) para parecerem simpáticos a outra etnia. Até mesmo na explicação "cientifica" sobre o que está acontecendo, um dos personagens vem com esse tipo de papo para boi dormir.
Corra é um longa bem dirigido e instigante até o final do seu segundo ato. Pena que em seus derradeiros minutos ele caia na armadilha - típica de hollywood - da resolução com base na ação e perseguição e no Deus Ex Machina. Se o roteiro tivesse ido por um caminho menos óbvio e talvez até mesmo mais sombrio e pessimista, acredito que estaríamos diante de um grande filme. De todo modo, ainda assim, Corra é pertinente aos dias nada tolerantes em que vivemos.
Desde que assisti Hot Fuzz, fiquei de olho no diretor Edgar Wright. A comédia policial britânica era ótimo filme, principalmente em sua parte técnica. Depois veio Scott Pilgrim, cujo resultado me decepcionou. Mas aí era uma questão de roteiro. Não comprei a ideia do sujeitinho que enfrenta a "Liga do Mal dos Ex-Namorados" do seu interesse romântico. Todavia, o apuro técnico de Wright ainda estavam lá. Se ele tivesse, de fato, dirigido Homem Formiga para a Marvel, o resultado, certamente, teria sido mais positivo.
Em Baby Driver o diretor acerta. Tanto em roteiro quanto na direção. Baby é um ótimo personagem, até que de fácil identificação, já que eu mesmo, não raro, me isolo do mundo com fones de ouvido, seja para ouvir música, seja para assistir filmes. Enfim, isso aliado a perseguições de carro de tirar o folego e criminosos boca suja de comportamento exótico que não fariam feio num filme do Tarantino.
O grande destaque do longa, para variar, é a direção apurada de Wright. Agora, aliada a uma trilha sonora fantástica, que vai do soul ao rock e se encaixam perfeitamente em cada cena. Do espetacular plano sequência de Baby indo buscar café para os seus comparsas quanto nas perseguições de carro em si.
O bando de assaltantes comandados por um Kevin Spacey, ótimo como sempre, também são um grande atrativo. Desde a pequena participação de Jon Berthal no início do filme ao assaltante desbocado de Jamie Foxx. John Hamm também está bem com seu personagem de estilo mais classudo. A interação deles com Baby rende momentos de humor realmente muito bons. O contraste entre o moleque antissocial e a bandidagem barra pesada arranca boas risadas. Até mesmo a questão romântica do protagonistas (ponto fraco em diversos filmes do gênero) mostra-se acertada aqui e surge de forma orgânica, sem atrapalhar a ação do longa.
Para finalizar, Wright nos entrega um dos melhores filmes do ano e junta-se ao soberbo Mad Max Estrada da Fúria ao rol das melhores perseguições automobilísticas da década na sétima arte.
Erroneamente vendido pelo marketing como filme de horror, fiz bem em não ler ou tentar saber sobre nada dessa nova empreitada do diretor Darren Aronofsky. Mãe! é aquele típico filme onde não há meio termo: ou você vai gostar ou você vai odiar. No meu caso, gostei muito do vi. Foi uma experiência incomoda que me deixou uns dez minutos ainda atônito após sair do cinema para poder digeri-lo.
Depois do ótimo Noé, Aronofsky nos entrega um filme extremante corajoso para uma Hollywood que hoje se divide entre blockbusters e dramas convencionais feitos para paparem um punhado de estatuetas no Oscar. Ao longo da sessão, vi várias pessoas deixando o cinema ou incomodadas demais para aguentar a projeção ou debochando do que presenciaram na tela até então. E quando as luzes se acenderam, logo atrás de mim um sujeito falou: "quero meu dinheiro de volta". É como eu disse no começo ou ama ou odeia.
A "trama" de Mãe! é a seguinte: um casal, a mulher (de acordo com os créditos) é a Mãe, o homem o Criador, que vivem numa casa num local isolado. Ela é uma esposa dedicada e amorosa, que passa o tempo reformando o imóvel que, ao que parece, havia sido destruído por um incêndio. Ele é um poeta que no momento sofre de um bloqueio criativo. A vida do casal começa a mudar quando surge um visitante inesperado em sua porta, interpretado pelo Ed Harris - que nos créditos tem a alcunha de Homem. Até esse momento, eu interpretava o filme como algo literal, já que eu não tinha quase nenhuma informação do que se tratava. No entanto, após a chegada desse personagem, somos testemunhas de uma grande alegoria sobre o planeta, a Bíblia e o papel do ser humano e até mesmo da divindade (Aronofsky, ateu declarado, sempre quando pode, utiliza questões divinas para explicar questões mundanas). Falar mais sobre o que acontece é cair na armadilha dos spoilers.
Tecnicamente, Mãe é impecável. Sempre com a câmera atrás da Mãe (o filme é todo do ponto de vista da personagem), Aronofsky constrói um estado de tensão tão incomodo que em determinado momento você diz: "sim, captei seu mensagem, agora vamos parar por aqui?". Todavia, não contente, o diretor entrega um terceiro ato destruidor e extremamente cansativo no bom sentido da palavra. Ao final você vê que mais uma fez o cineasta teve colhões de mexer no vespeiro, já que, mesmo captada a mensagem, muita gente não vai gostar nenhum pouco de recebê-la. Seus atores estão ótimos e Lawrence prova, mais uma vez, porque é a jovem atriz estadunidense mais badalada da atualidade.
Mãe é, repito, uma obra corajosa e que ainda vai ser muito debatida. Você pode até ser um dos que vai odiar e soltar os cachorros por aí. E é justamente aí que percebe-se que o filme e Aronofsky cumpriram sua missão.
Ruim. Não se decide entre falar da gravação do novo album ou do problema de saúde da cantora. Superficial. É o típico produto que tenta vender a imagem de "pobre menina rica" e não convence.
Decepção é a palavra para descrever esse documentário/stand-up do Jerry Seinfeld. Esperava muito mais do cara que foi um dos criadores do melhor seriado de comédia de todos os tempos.
Até que começa bem com piadas sobre sua infância e os anos sessenta só que depois descamba para um sem número de tiradas já vistas na abertura do seriado. Não sei para que repetir tantas piadas se nos dias de hoje ele tem material de sobra para trabalhar seu humor. Redes Sociais. Eleição do Trump. Etc. Etc. Uma pena.
Bom longa portenho. Tecnicamente - fotografia e direção de arte principalmente - bem feito. Porém, um tanto lento em sua narrativa. Dárin ótimo como sempre. E a reviravolta no final foi bem intensa.
Não sou fã de John Wick. Acho superestimado e para mim não passa de uma colagem de boas cenas de ação. O personagem é apático e não consigo torcer por ele. Todavia, não nego o talento dos diretores do primeiro filme nos aspectos técnicos.
Um deles, David Leitch, comanda Atômica, longa de ação e espionagem estrelado pela Charlize Theron. Aliás, o melhor do filme é justamente ela. Ao contrário de Keanu Reeves, Charlize é ótima atriz e aqui mostra-se uma força da natureza descendo a mão, com veracidade, em uma horda de marmanjos.
A trama é o básico dos filmes de espionagem passados na Guerra Fria. Ou seja: uma confusão só. São agentes duplos, KGB, MI6, CIA, traições, queda do Muro de Berlim, etc. Não é ruim mas também não chega a empolgar. O que vale mesmo são as cenas de ação, o clima e a ótima trilha sonora, com o melhor do rock e tecno-pop europeu dos anos oitenta. E, claro, a cereja do bolo é o excelente plano sequência de mais de dez minutos onde Charlize dá um show. É nessa hora que percebemos que, quem sabe, com um ótimo roteiro em mãos, um dia David Leitch nos entregue um longa realmente acachapante.
O Mc Donald's representa há muitos anos uma espécie de bandeira colonizadora dos Estados Unidos. Os arcos dourados são um dos maiores símbolos do imperialismo yankee. O império da comida ruim e da exploração da mão de obra conquistou país após país como nenhum outro gigante - como Gengis Khan ou Napoleão - conseguiram.
Fome de Poder é um filme corajoso por optar em desmascarar o Ray Kroc. Todo seu esforço e trabalho vai, moralmente falando, por água abaixo quando é revelada a maneira como ele construiu seu império. Nessas horas que nós vemos o quanto o capitalismo é mordaz e injusto. E o pior é que já vimos essa história do "espertalhão visionário" que passa a perna em Deus e o mundo e tudo fica legal pois são os EUA, terra da oportunidade, onde o que mais importa é fazer dinheiro doa a quem doer.
Michael Keaton manda bem como Kroc, o lobo em pele de cordeiro que passa a perna nos verdadeiros fundadores do Mc Donald's. Sua atuação aos poucos revela Kroc em cores verdadeiras. Made Self Man do tipo mais asqueroso possível. Keaton até exagera na exposição de sua arcada dentária, mimetizando um animal, que a todo momento da um bote porém sem nunca saciar sua fome, nesse caso de pura ganancia.
Me lembro muito bem. Em meados dos anos 80, Bozo era, de fato, o Rei das Manhãs. Um dos meus sonhos de infância era ir no seu programa. Infelizmente não consegui. No entanto, me sinto com sorte por ter vivido e me lembrar daquela época.
Bingo O Rei das Manhãs é um filme cheio de acertos. A começar pelo tema: a loucura que foram os anos oitenta. Daniel Rezende, o diretor, soube retratar muito bem o espírito daqueles anos, com ajuda da competente direção de arte, da ótima trilha sonora e na emulação dos programas de tevê e das pornochanchadas, o diretor nos coloca no meio do furacão oitentista.
A história do Bozo Arlindo Barreto, há anos, caiu no imaginário popular. Tava mais do que na hora do palhaço turbinado de coca, que interagia com crianças no palco, ganhar um filme para chamar de seu. Para começar, Bingo traz diversos momentos divertidos. O humor é negro e em nenhum momento o diretor perde a mão. As tiradas são ótimas - principalmente quando envolvem o estadunidense "dono do Bingo" - e Vladimir Brichta cumpre muito bem seu papel de protagonista.
Bingo também é um drama, e de momentos bem pesados, principalmente do meio para o final. Rezende soube conduzir esses dois aspectos do seu trabalho. Também há de se destacar a relação familiar do palhaço. Com sua mãe - uma ex-atriz que ainda sonha com as glórias do passado - e seu filho, o menino cujo pai brincava com todas as crianças menos com ele. Destaque também para a sempre ótima Leandra Leal, aqui como a produtora do programa do Bingo. Uma evangélica linha dura que obviamente vira alvo das investidas do palhaço malandro.
Pena que todo esse belo trabalho dê uma caída de qualidade no final. Os quinze últimos minutos do filme são velhos clichês batidos de redenção. Eu sei que a obra é baseada numa história real e tal - e que provavelmente Arlindo Barreto impôs o final como condição para liberação - e mesmo com o pequeno drible do roteiro para fugir um pouco do lugar comum, ainda assim fiquei com um pequeno gosto amargo ao sair da sessão.
Quando anunciaram Planeta dos Macacos - A Origem, não dei a mínima, a Fox vinha de uma série retumbante de filmes meia-boca que essa nova empreitada não chamou a atenção. Todavia, surpreendentemente, Planeta dos Macacos - A Origem, foi um ótimo filme, um recomeço digno à franquia, apagando da memória o razoável remake do Tim Burton. Agora, seus realizadores, queriam recontar a história de César, o tão aclamado líder do passado no Planeta original de 1968, ignorando, acertadamente, tudo que veio após o filme original. Em A Origem, por exemplo, há um pequeno easter-egg em que um noticiário televiso comenta sobre uma viagem tripulada a Marte que tinha acabado de acontecer. Ou seja, para bom entendedor...
Em seguida, veio a sequência, Planeta dos Macacos - O Confronto, ainda melhor, com direção segura e caprichada de Matt Reeves, que, felizmente, retornou à cadeira de diretor nesse capítulo final, Planeta dos Macacos - A Guerra.
No novo filme, vemos Cesar e seus companheiros sendo acossados pelo resquício humano na região estadunidense, liderados por um coronel inescrupuloso, interpretado por Woody Harrelson, ator já especialista nesse tipo personagem. O trabalho de captura de movimento dos símios continua impecável e Andy Serkis, mais uma vez, destrói na pele de Cesar.
O longa apresenta diversas influencias que vão do western aos filmes de fuga. Até mesmo o clássico Apocalypse Now entra na roda. Também somos brindados com diversas referências ao longa de 1968, seja nos nomes de personagens, seja em conceitos que não tinham explicação naquele filme. Depois do seu final, não há mais duvidas de que essa trilogia é de fato uma prequel do filme de 1968. Reeves deixa o palco pronto para a chegada de Charlton Heston e companhia nesse novo planeta, agora dominado pelos símios.
Tecnicamente Planeta dos Macacos - A Guerra beira a perfeição. Cenários, direção de arte, efeitos, edição, tudo funciona harmoniosamente. O roteiro traz novamente a dramaticidade trágica com relação ao protagonista, Cesar, aqui dividido entre a liderança dos seus e a vingança. Koba, o símio antagonista do filme anterior, o assombra nos seus sonhos, apontando o dedo onde Cesar costumeiramente erra: sua condescendência com os humanos. Condescendência essa talvez explicada pela forma como era a relação de Cesar com o personagem de James Franco em A Origem. Por mais que eu ache que Cesar, numa situação de guerra, deveria não ter a menor compaixão com os homo sapiens, entretanto, essa particularidade de sua personalidade alimenta um bom conflito interno, dando nuances ao personagem. Planeta dos Macacos - A Guerra só peca em alguns momentos dramáticos um tanto exagerados e no Deus Ex Machina do final. No entanto, são pequenos defeitos que não tiram o brilho dessa ótima trilogia.
Confesso, eu sou fã do Nolan. Desde Amnésia lá no longínquo ano de 2001, venho acompanhando sua carreira. Seu filme seguinte ao neo-noir foi outro policial, Insônia, longa que eu gosto bastante. Depois disso, a Warner chamou o cara para conduzir o retorno do Batman aos cinemas e o resto é história.
Nolan, na maioria das vezes, divide opiniões. Muitos o acham um embuste. Outros o acham gênio. Gosto muito do seu cinema, ele exibe momentos geniais aqui e ali e não como um todo (com exceção de O Cavaleiro das Trevas), portanto acho precipitado dar-lhe a alcunha de cineasta genial. No entanto, sem sombra de dúvidas, hoje, em Hollywood, ele é o único diretor autoral a conseguir dinheiro (seus filmes não custam menos de 100 milhas de verdinhas) e liberdade para fazer o que quiser. E isso, amigos, é coisa para poucos.
Sua nova incursão na sétima arte chama-se Dunkirk, drama de guerra que trata do resgate de soldados britânicos ilhados no lugar que da nome ao título do longa. É um filme tecnicamente impecável, porém sem o tipo de emoção normalmente impressa nesse tipo de história. E esse fator, pelo visto, vai incomodar muita gente. Eu sou malaco velho em filmes de guerra. Já vi de tudo. E gostei de Durkirk justamente por ele fugir do lugar comum. É um espetáculo visual. Ponto. Para os sentidos e não para o coração.
O filme apresenta três linhas narrativas bem distintas. Acompanhamos o piloto vivido por Tom Hardy. Os soldados na praia tentando fugir e sobreviver. E os civis encarregados de resgatá-los em barcos de pequeno porte. Dunkirk é basicamente isso. Não há arco de personagem, não há desenvolvimento, muito menos choro no campo de batalha. O que nós, expectadores, presenciamos, são cenas bem costuradas do ponto de vista dos personagens de cada narrativa onde a tensão e o medo são crescentes. É bomba caindo e tiros de ninguém sabe de onde vem. E a ótima trilha de Hans Zimmer faz o trabalho brilhante de dar as cenas um tom angustiante único. E aqui está o mérito de Dunkirk, te colocar no meio da guerra sem comprometimento emocional nenhum e ainda assim fazer-nos segurar com força no braço da poltrona do cinema. Sem falar que o filme não exibe nada, pelo menos foi o que eu percebi, de CGI. Se houve computação gráfica foi de maneira bem discreta.
Prevejo muita treta na internet por conta de Dunkirk. Claro, há exageros por parte de muitos ao alça-lo como obra-prima instantânea. Passa longe disso. É um ótimo filme que, com certeza, estará entre o indicados ao Oscar ano que vem, todavia precisaria ter comido muito feijão com arroz para chegar ao patamar de um Amnésia ou um Cavaleiro das Trevas, esses sim, considerados por mim clássicos modernos do cinema estadunidense.
Em tempo: como é libertador assistir um filme de verão estadunidense sem ter que precisar dos óculos 3D!
Excelente longa policial espanhol que me pegou de surpresa pois não o conhecia até o final de semana passado. Em Que Dios Nos Perdone somos apresentados a um dupla de policiais no melhor estilo noir, aqui na tentativa de desvendar assassinatos em série de senhoras de idade cometidos em Madri as vésperas da visita do Papa Bento XVI em 2011.
Os crime são hediondos e o diretor não nos polpa de cenas fortes envolvendo as descobertas dos corpos e suas respectivas autópsias. A dupla de investigadores tem personalidades distintas e complexas. Um é um sujeito extremamente estourado, que não pensa duas vezes em descer a mão nos desafetos (mesmo que sejam da própria corporação). O outro é um sujeito introspectivo, que anda arrumadinho (de terno e gravata), e gago.
É mais ou menos uma parceria músculos e cérebro que apresenta boa química. Mesmo tendo que contar uma trama cujo foco principal é a investigação policial, o diretor reserva um tempo para desenvolver os protagonistas e mostrar um pouco de suas vidas fora da delegacia, com destaque ao policial gago, que acaba revelando uma faceta psico/sexual interessante.Eu adoro esse tipo de história policial, onde policias de personalidade atormentada são o principal mote. O assassino também apresenta traços de personalidade marcantes e sua motivação é pertinente e faz sentido dentro da trama.
Tecnicamente, o longa também manda muito bem. Vemos uma Barcelona mais suja, quente (pois está um verão de lascar) e perigosa. A força policial também é retratada com realismo, onde nem tudo funciona as mil maravilhas e o velho jogo de poder e conveniência bate de frente com a vontade dos policiais em resolver os crimes. A velha luta de Davi (detetives comuns) e Golias (sistema), tão recorrente nesse tipo de narrativa, seja no cinema, seja na literatura.
Mais um acerto do cinema coreano. Nos últimos anos - bota ai uns quinze - é o país que vem produzindo os thrillers policiais mais interessantes. E esse Hwayi: O Garoto Monstro não fica atrás.
Quase 24.000 pracinhas partiram de terras tupiniquins para o front italiano na Segunda Guerra. Uma história pouco lembrada a não ser por uma praça aqui e outra acolá. Por isso mesmo, esperava mais dessa incursão nacional no tema. Não que o filme seja ruim. É muito bem produzido e os atores não comprometem. Porém, acredito, era preciso uma melhor exploração do tema, não sendo tão minimalista. Também erra em ser deveras sentimental em alguns momentos. Não há como saber o que se passa na cabeça de um soldado no front, a não ser através do depoimento dos próprios, todavia, algumas ações da trupe brasuca beira o surreal.
Também é bom perceber, através da imagens reais exibidas nos créditos finais, que a grande maioria, dos que foram lutar na Itália eram mulatos, pardos ou negros. As buchas de canhão de sempre quando se trata de guerra. Mesmo não sabendo exatamente por que estavam ali, há de se exaltar a coragem desses cabras que arriscaram suas vidas lutando contra o fascismo e o nazismo tão longe de suas casas.
Faroeste tupiniquim baseado na obra de Guimarães Rosa com elenco de primeira. João Miguel, Irandhir Santos e os falecidos José Wilker e Chico Anysio, ambos excelentes em suas participações.
História de morte e redenção no sertão nordestino bem filmado e com boa história. Pena que o roteiro não tenha sido mais aprofundado. A saga de Augusto Matraga tinha tudo para dar mais pano para manga. Enfim, apesar da ressalva, A Hora e a Vez de Augusto Matraga não deixa de ser um exemplar acima da média do novo cinema nacional.
Filme burocrático mas muito bem executado. Boas atuações e excelente direção de arte. Também acerta ao humanizar Fawcett o retratando como um explorador que visava, acima de tudo, o conhecimento. Ao contrário dos muitos "exploradores" que adentraram nossas selvas para exterminar as tribos que ali habitavam.
Grata surpresa oriunda da terra da próxima Copa do Mundo. Em The Student somos apresentados a Venya, um jovem estudante e criacionista fanático que vive a citar trechos da Bíblia (durante o longa são, no mínimo, trinta citações) e atazanar, em sala de aula, a vida de sua professora de biologia.
O que a princípio pode parecer apenas um jovem fanático sem noção que não pode se levar a sério, transforma-se em algo perigoso quando o fundamentalismo atinge proporções insanas.
Além da ótima discussão sobre religião e o papel dos educadores para lidar com o assunto, o longa apresenta uma estética que muito me agradou. A grande maioria das cenas são planos sequência, o que dá bastante dinâmica e tensão ao longo da projeção.
Carlos Roberto S Santos 0 minutos atrás Depois dos desastres que foram os longas do Aranha do Marc Webb, a Sony, espertamente, se rendeu a Marvel Studios na produção desse reboot.
De Volta ao Lar traz frescor ao personagem alocando o Cabeça de Teia à geração millennials, com direito a um Aranha adolescente inquieto, youtuber, cdf e que sofre bullyng na escola. Também acerta com seu hilário melhor amigo. Pena que o restante dos coadjuvantes do núcleo escolar sejam desprovidos de carisma e mais desenvolvimento.
Nessa nova empreitada, Peter quer se tornar um herói reconhecido, porém ainda é inexperiente, tanto com relação aos seus poderes quanto ao seu comportamento. Com isso, a adição de Tony Stark como figura paterna e mentor é bem vinda (embora eu não tenha grande simpatia pelo Homem de Ferro). O primeiro ato do longa é divertidíssimo, com piadas na medida certa e um Tom Holland inspirado como o Amigão da Vizinhança.
Por incrível que pareça, o vilão de quinta dos quadrinhos, Abutre, aqui se mostra um dos mais bens construídos vilões do universo Marvel do cinema. Suas motivações fazem sentido e em alguns momentos, você acaba nutrindo certa simpatia pelo cara.
Todavia, apesar das qualidades, De Volta ao Lar não consegue se sustentar na mesma pegada do seu início. Ao longo dos minutos, o ritmo cai, sendo o terceiro ato o ponto mais fraco. Enfim, o novo filme do Homem Aranha é um bom recomeço para o personagem e é muito legal vê-lo interagindo num universo já composto de diversos outros heróis. Tomara que na próxima vez o personagem vá além do foi mostrado aqui.
Dias Perigosos: Realizando Blade Runner
4.3 11A primeira vez em que assisti a Blade Runner eu ainda era adolescente. Achei o longa entediante e não entendi muito bem. Depois, já mais velho, vi novamente. Mais maduro, peguei as nuances e fiquei boquiaberto com aquele universo sujo, úmido e vivo. Adorava o longa porém detestava aquele final feliz. Me perguntava: se Los Angeles em 2019 se encontra naquelas condições como diabos Deckard foge para um lugar de natureza abundante!? Ainda bem que Ridley Scott corrigiu essa imposição idiota dos engravatados e ai sim transformou seu filme numa obra-prima, com um final em aberto cujas perguntas ainda vivem no imaginário dos cinéfilos.
Nesse final de semana, no aquecimento para a estréia do Blade Runner 2049, conferi o filme de 1982 em sua edição "Final Cut" e na sequência assisti a esse ótimo documentário sobre os bastidores da produção.
Bastante interessante, longo, e cheio de informações relevantes, Dias Perigosos narra desde a criação do primeiro esboço do roteiro, baseado no romance de Phillip K Dick, até o renascimento da obra como cult já nos anos noventa. Todos os percalços da produção são abordados, escolha de diretor, elenco, forma de abordagem e o melhor de todos: a concepção daquele universo ainda hoje tão fascinante e palpável. Blade Runner é talvez o filme de ficção cientifica mais bem construído nesse sentido, tanto que praticamente deu origem ao cyberpunk, gênero tão presente na cultura pop desde os anos 80. De defeito apenas destaco a falta de um maior aprofundamento no que diz respeito a trilha sonora de Vangelis (uma verdadeira obra-prima).
George Harrison: Living in the Material World
4.6 193 Assista AgoraMartin Scorsese nos traz um panorama do mais espiritualizado dos Beatles nesse ótimo documentário. Da frustração de não ter mais de suas músicas incluídas nos àlbuns dos Fab Four por conta da ditatorial direção musical de Lennon e McCartney, do seu envolvimento com a filosofia espiritual oriental, seus amores, suas amizades a sua bem sucedida carreira solo, o filme, apesar de suas mais de três horas, é deliciosamente bem conduzido, cujo tempo passa voando.
George era um sujeito ímpar. Generoso, até mesmo hipotecou a casa para que o filme A Vida de Brian do Monty Python fosse realizado. Isso sem contar com seu envolvimento com os problemas sociais indianos e a "entrega" de sua primeira esposa, Pattie, ao seu amigo amigo Eric Clapton (Eric e Pattie se apaixonaram no começo dos anos 70). Além dessa faceta altruísta, Harrison mantinha uma relação bastante saudável com a espiritualidade. Ao contrário de muitos, o músico a usava em favor de um crescimento próprio, sem pregações forçadas e julgamentos morais tão comuns nas crenças que tomaram conta do ocidente. Pena que tenha morrido ainda jovem. Um ser humano como George Harrison - e seu talento - fazem muita falta nos tempos sombrios em que vivemos.
Em Busca de um Assassino
3.3 33Adaptar os romances policiais que englobam o quarteto de Yorkshire do autor inglês David Peace não deve ter sido tarefa fácil. Tiveram que limar um dos livros - 1977 - simplificar a trama e descartar alguns personagens ou então diminuir suas participações. Entretanto o resultado final ficou satisfatório.
Nos três longas temos um norte da Inglaterra dos anos setenta e oitenta esteticamente retratado envolto em crimes e corrupção policial. Em seus livros Peace usou crimes verdadeiros que aconteceram na região como pano de fundo e os filmes usam do mesmo artifício, principalmente o segundo, sobre o Estripador de Yorkshire, onde temos inúmeras imagens reais de arquivo na abertura e no final do longa.
Os três filmes foram dirigidos por cineastas diferentes, portanto eles apresentam ligeira diferença estética entre um e outro. Porém, felizmente, no geral, o clima de desesperança é o mesmo.
O grande trunfo dessas produção, sem dúvida é o ótimo elenco. Temos Sean Bean, Andrew Garfield, David Morrissey, Sean Harris - que fez o Michelleto no seriado The Borgias e aqui faz o policial asqueroso Bob Craven -, Paul Considine, entre outros nomes. A maioria dos rostos conhecidos principalmente por conta de seriados atuais. O roteiro, mesmo que simplificando a obra original, é bem resolvido, todavia, é preciso assistir os três filmes, de preferência com um espaço curto de tempo entre um e outro, para poder juntar todas as peças do quebra-cabeça.
O primeiro filme, com o horrível título nacional de Em Busca de Um Assassino, tem Garfield como o protagonista Ed Dunford. Subjetivo, todas as cenas são do ponto de vista do jornalista, portanto alguns trechos são confusos só fazendo sentido no terceiro longa. No segundo temos o policial Paul Hunter (Considine) como protagonista, onde nos deparamos com os horrendos crimes do Estripador. Também um filme subjetivo. Já no terceiro, temos três protagonistas: o michê BJ, o advogado Piggot e o policial do alto escalão Maurice Jobson, conhecido como coruja. Esse último capítulo fecha todas as pontas soltas dos anteriores de forma competente, embora o destino de alguns personagens fique em aberto.
Os três longas estão longe de serem perfeitos mas ainda assim dão um bom caldo e o melhor de tudo é ver a obra de Peace numa adaptação de respeito.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraCorra é uma espécie de Adivinhe Quem Vem Para o Jantar encontra Black Mirror (inclusive o ator protagonista já participou do seriado britânico). A princípio, realmente, você pensa se tratar de um filme onde um casal inter-racial há de encarar o preconceito escancarado da sociedade por conta da relação e tal (como no filme sessentista), entretanto Corra envereda pelo caminho contrário, o do racismo velado, utilizando-se de uma trama distópica (como no seriado) para tratar do assunto.
Em alguns momentos do longa personagens utilizam típicas ladainhas de caucasianos (racistas enrustidos) para parecerem simpáticos a outra etnia. Até mesmo na explicação "cientifica" sobre o que está acontecendo, um dos personagens vem com esse tipo de papo para boi dormir.
Corra é um longa bem dirigido e instigante até o final do seu segundo ato. Pena que em seus derradeiros minutos ele caia na armadilha - típica de hollywood - da resolução com base na ação e perseguição e no Deus Ex Machina. Se o roteiro tivesse ido por um caminho menos óbvio e talvez até mesmo mais sombrio e pessimista, acredito que estaríamos diante de um grande filme. De todo modo, ainda assim, Corra é pertinente aos dias nada tolerantes em que vivemos.
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraDesde que assisti Hot Fuzz, fiquei de olho no diretor Edgar Wright. A comédia policial britânica era ótimo filme, principalmente em sua parte técnica. Depois veio Scott Pilgrim, cujo resultado me decepcionou. Mas aí era uma questão de roteiro. Não comprei a ideia do sujeitinho que enfrenta a "Liga do Mal dos Ex-Namorados" do seu interesse romântico. Todavia, o apuro técnico de Wright ainda estavam lá. Se ele tivesse, de fato, dirigido Homem Formiga para a Marvel, o resultado, certamente, teria sido mais positivo.
Em Baby Driver o diretor acerta. Tanto em roteiro quanto na direção. Baby é um ótimo personagem, até que de fácil identificação, já que eu mesmo, não raro, me isolo do mundo com fones de ouvido, seja para ouvir música, seja para assistir filmes. Enfim, isso aliado a perseguições de carro de tirar o folego e criminosos boca suja de comportamento exótico que não fariam feio num filme do Tarantino.
O grande destaque do longa, para variar, é a direção apurada de Wright. Agora, aliada a uma trilha sonora fantástica, que vai do soul ao rock e se encaixam perfeitamente em cada cena. Do espetacular plano sequência de Baby indo buscar café para os seus comparsas quanto nas perseguições de carro em si.
O bando de assaltantes comandados por um Kevin Spacey, ótimo como sempre, também são um grande atrativo. Desde a pequena participação de Jon Berthal no início do filme ao assaltante desbocado de Jamie Foxx. John Hamm também está bem com seu personagem de estilo mais classudo. A interação deles com Baby rende momentos de humor realmente muito bons. O contraste entre o moleque antissocial e a bandidagem barra pesada arranca boas risadas. Até mesmo a questão romântica do protagonistas (ponto fraco em diversos filmes do gênero) mostra-se acertada aqui e surge de forma orgânica, sem atrapalhar a ação do longa.
Para finalizar, Wright nos entrega um dos melhores filmes do ano e junta-se ao soberbo Mad Max Estrada da Fúria ao rol das melhores perseguições automobilísticas da década na sétima arte.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraErroneamente vendido pelo marketing como filme de horror, fiz bem em não ler ou tentar saber sobre nada dessa nova empreitada do diretor Darren Aronofsky. Mãe! é aquele típico filme onde não há meio termo: ou você vai gostar ou você vai odiar. No meu caso, gostei muito do vi. Foi uma experiência incomoda que me deixou uns dez minutos ainda atônito após sair do cinema para poder digeri-lo.
Depois do ótimo Noé, Aronofsky nos entrega um filme extremante corajoso para uma Hollywood que hoje se divide entre blockbusters e dramas convencionais feitos para paparem um punhado de estatuetas no Oscar. Ao longo da sessão, vi várias pessoas deixando o cinema ou incomodadas demais para aguentar a projeção ou debochando do que presenciaram na tela até então. E quando as luzes se acenderam, logo atrás de mim um sujeito falou: "quero meu dinheiro de volta". É como eu disse no começo ou ama ou odeia.
A "trama" de Mãe! é a seguinte: um casal, a mulher (de acordo com os créditos) é a Mãe, o homem o Criador, que vivem numa casa num local isolado. Ela é uma esposa dedicada e amorosa, que passa o tempo reformando o imóvel que, ao que parece, havia sido destruído por um incêndio. Ele é um poeta que no momento sofre de um bloqueio criativo. A vida do casal começa a mudar quando surge um visitante inesperado em sua porta, interpretado pelo Ed Harris - que nos créditos tem a alcunha de Homem. Até esse momento, eu interpretava o filme como algo literal, já que eu não tinha quase nenhuma informação do que se tratava. No entanto, após a chegada desse personagem, somos testemunhas de uma grande alegoria sobre o planeta, a Bíblia e o papel do ser humano e até mesmo da divindade (Aronofsky, ateu declarado, sempre quando pode, utiliza questões divinas para explicar questões mundanas). Falar mais sobre o que acontece é cair na armadilha dos spoilers.
Tecnicamente, Mãe é impecável. Sempre com a câmera atrás da Mãe (o filme é todo do ponto de vista da personagem), Aronofsky constrói um estado de tensão tão incomodo que em determinado momento você diz: "sim, captei seu mensagem, agora vamos parar por aqui?". Todavia, não contente, o diretor entrega um terceiro ato destruidor e extremamente cansativo no bom sentido da palavra. Ao final você vê que mais uma fez o cineasta teve colhões de mexer no vespeiro, já que, mesmo captada a mensagem, muita gente não vai gostar nenhum pouco de recebê-la. Seus atores estão ótimos e Lawrence prova, mais uma vez, porque é a jovem atriz estadunidense mais badalada da atualidade.
Mãe é, repito, uma obra corajosa e que ainda vai ser muito debatida. Você pode até ser um dos que vai odiar e soltar os cachorros por aí. E é justamente aí que percebe-se que o filme e Aronofsky cumpriram sua missão.
Gaga: Five Foot Two
4.0 420Ruim. Não se decide entre falar da gravação do novo album ou do problema de saúde da cantora. Superficial. É o típico produto que tenta vender a imagem de "pobre menina rica" e não convence.
Jerry Before Seinfeld
3.7 21 Assista AgoraDecepção é a palavra para descrever esse documentário/stand-up do Jerry Seinfeld. Esperava muito mais do cara que foi um dos criadores do melhor seriado de comédia de todos os tempos.
Até que começa bem com piadas sobre sua infância e os anos sessenta só que depois descamba para um sem número de tiradas já vistas na abertura do seriado. Não sei para que repetir tantas piadas se nos dias de hoje ele tem material de sobra para trabalhar seu humor. Redes Sociais. Eleição do Trump. Etc. Etc. Uma pena.
Neve Negra
3.4 159Bom longa portenho. Tecnicamente - fotografia e direção de arte principalmente - bem feito. Porém, um tanto lento em sua narrativa. Dárin ótimo como sempre. E a reviravolta no final foi bem intensa.
Onde Está Segunda?
3.6 1,3K Assista AgoraUma ótima ideia desperdiçada. A primeira meia-hora é muito boa, depois é ladeira abaixo num roteiro furado daqueles.
Netflix deveria ser mais criteriosa na hora de aprovar seus filmes.
Atômica
3.6 1,1K Assista AgoraNão sou fã de John Wick. Acho superestimado e para mim não passa de uma colagem de boas cenas de ação. O personagem é apático e não consigo torcer por ele. Todavia, não nego o talento dos diretores do primeiro filme nos aspectos técnicos.
Um deles, David Leitch, comanda Atômica, longa de ação e espionagem estrelado pela Charlize Theron. Aliás, o melhor do filme é justamente ela. Ao contrário de Keanu Reeves, Charlize é ótima atriz e aqui mostra-se uma força da natureza descendo a mão, com veracidade, em uma horda de marmanjos.
A trama é o básico dos filmes de espionagem passados na Guerra Fria. Ou seja: uma confusão só. São agentes duplos, KGB, MI6, CIA, traições, queda do Muro de Berlim, etc. Não é ruim mas também não chega a empolgar. O que vale mesmo são as cenas de ação, o clima e a ótima trilha sonora, com o melhor do rock e tecno-pop europeu dos anos oitenta. E, claro, a cereja do bolo é o excelente plano sequência de mais de dez minutos onde Charlize dá um show. É nessa hora que percebemos que, quem sabe, com um ótimo roteiro em mãos, um dia David Leitch nos entregue um longa realmente acachapante.
Fome de Poder
3.6 830 Assista AgoraO Mc Donald's representa há muitos anos uma espécie de bandeira colonizadora dos Estados Unidos. Os arcos dourados são um dos maiores símbolos do imperialismo yankee. O império da comida ruim e da exploração da mão de obra conquistou país após país como nenhum outro gigante - como Gengis Khan ou Napoleão - conseguiram.
Fome de Poder é um filme corajoso por optar em desmascarar o Ray Kroc. Todo seu esforço e trabalho vai, moralmente falando, por água abaixo quando é revelada a maneira como ele construiu seu império. Nessas horas que nós vemos o quanto o capitalismo é mordaz e injusto. E o pior é que já vimos essa história do "espertalhão visionário" que passa a perna em Deus e o mundo e tudo fica legal pois são os EUA, terra da oportunidade, onde o que mais importa é fazer dinheiro doa a quem doer.
Michael Keaton manda bem como Kroc, o lobo em pele de cordeiro que passa a perna nos verdadeiros fundadores do Mc Donald's. Sua atuação aos poucos revela Kroc em cores verdadeiras. Made Self Man do tipo mais asqueroso possível. Keaton até exagera na exposição de sua arcada dentária, mimetizando um animal, que a todo momento da um bote porém sem nunca saciar sua fome, nesse caso de pura ganancia.
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraMe lembro muito bem. Em meados dos anos 80, Bozo era, de fato, o Rei das Manhãs. Um dos meus sonhos de infância era ir no seu programa. Infelizmente não consegui. No entanto, me sinto com sorte por ter vivido e me lembrar daquela época.
Bingo O Rei das Manhãs é um filme cheio de acertos. A começar pelo tema: a loucura que foram os anos oitenta. Daniel Rezende, o diretor, soube retratar muito bem o espírito daqueles anos, com ajuda da competente direção de arte, da ótima trilha sonora e na emulação dos programas de tevê e das pornochanchadas, o diretor nos coloca no meio do furacão oitentista.
A história do Bozo Arlindo Barreto, há anos, caiu no imaginário popular. Tava mais do que na hora do palhaço turbinado de coca, que interagia com crianças no palco, ganhar um filme para chamar de seu. Para começar, Bingo traz diversos momentos divertidos. O humor é negro e em nenhum momento o diretor perde a mão. As tiradas são ótimas - principalmente quando envolvem o estadunidense "dono do Bingo" - e Vladimir Brichta cumpre muito bem seu papel de protagonista.
Bingo também é um drama, e de momentos bem pesados, principalmente do meio para o final. Rezende soube conduzir esses dois aspectos do seu trabalho. Também há de se destacar a relação familiar do palhaço. Com sua mãe - uma ex-atriz que ainda sonha com as glórias do passado - e seu filho, o menino cujo pai brincava com todas as crianças menos com ele. Destaque também para a sempre ótima Leandra Leal, aqui como a produtora do programa do Bingo. Uma evangélica linha dura que obviamente vira alvo das investidas do palhaço malandro.
Pena que todo esse belo trabalho dê uma caída de qualidade no final. Os quinze últimos minutos do filme são velhos clichês batidos de redenção. Eu sei que a obra é baseada numa história real e tal - e que provavelmente Arlindo Barreto impôs o final como condição para liberação - e mesmo com o pequeno drible do roteiro para fugir um pouco do lugar comum, ainda assim fiquei com um pequeno gosto amargo ao sair da sessão.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 964 Assista AgoraO PALCO ESTÁ PRONTO PARA A CHEGADA DE TAYLOR
Quando anunciaram Planeta dos Macacos - A Origem, não dei a mínima, a Fox vinha de uma série retumbante de filmes meia-boca que essa nova empreitada não chamou a atenção. Todavia, surpreendentemente, Planeta dos Macacos - A Origem, foi um ótimo filme, um recomeço digno à franquia, apagando da memória o razoável remake do Tim Burton. Agora, seus realizadores, queriam recontar a história de César, o tão aclamado líder do passado no Planeta original de 1968, ignorando, acertadamente, tudo que veio após o filme original. Em A Origem, por exemplo, há um pequeno easter-egg em que um noticiário televiso comenta sobre uma viagem tripulada a Marte que tinha acabado de acontecer. Ou seja, para bom entendedor...
Em seguida, veio a sequência, Planeta dos Macacos - O Confronto, ainda melhor, com direção segura e caprichada de Matt Reeves, que, felizmente, retornou à cadeira de diretor nesse capítulo final, Planeta dos Macacos - A Guerra.
No novo filme, vemos Cesar e seus companheiros sendo acossados pelo resquício humano na região estadunidense, liderados por um coronel inescrupuloso, interpretado por Woody Harrelson, ator já especialista nesse tipo personagem. O trabalho de captura de movimento dos símios continua impecável e Andy Serkis, mais uma vez, destrói na pele de Cesar.
O longa apresenta diversas influencias que vão do western aos filmes de fuga. Até mesmo o clássico Apocalypse Now entra na roda. Também somos brindados com diversas referências ao longa de 1968, seja nos nomes de personagens, seja em conceitos que não tinham explicação naquele filme. Depois do seu final, não há mais duvidas de que essa trilogia é de fato uma prequel do filme de 1968. Reeves deixa o palco pronto para a chegada de Charlton Heston e companhia nesse novo planeta, agora dominado pelos símios.
Tecnicamente Planeta dos Macacos - A Guerra beira a perfeição. Cenários, direção de arte, efeitos, edição, tudo funciona harmoniosamente. O roteiro traz novamente a dramaticidade trágica com relação ao protagonista, Cesar, aqui dividido entre a liderança dos seus e a vingança. Koba, o símio antagonista do filme anterior, o assombra nos seus sonhos, apontando o dedo onde Cesar costumeiramente erra: sua condescendência com os humanos. Condescendência essa talvez explicada pela forma como era a relação de Cesar com o personagem de James Franco em A Origem. Por mais que eu ache que Cesar, numa situação de guerra, deveria não ter a menor compaixão com os homo sapiens, entretanto, essa particularidade de sua personalidade alimenta um bom conflito interno, dando nuances ao personagem. Planeta dos Macacos - A Guerra só peca em alguns momentos dramáticos um tanto exagerados e no Deus Ex Machina do final. No entanto, são pequenos defeitos que não tiram o brilho dessa ótima trilogia.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraConfesso, eu sou fã do Nolan. Desde Amnésia lá no longínquo ano de 2001, venho acompanhando sua carreira. Seu filme seguinte ao neo-noir foi outro policial, Insônia, longa que eu gosto bastante. Depois disso, a Warner chamou o cara para conduzir o retorno do Batman aos cinemas e o resto é história.
Nolan, na maioria das vezes, divide opiniões. Muitos o acham um embuste. Outros o acham gênio. Gosto muito do seu cinema, ele exibe momentos geniais aqui e ali e não como um todo (com exceção de O Cavaleiro das Trevas), portanto acho precipitado dar-lhe a alcunha de cineasta genial. No entanto, sem sombra de dúvidas, hoje, em Hollywood, ele é o único diretor autoral a conseguir dinheiro (seus filmes não custam menos de 100 milhas de verdinhas) e liberdade para fazer o que quiser. E isso, amigos, é coisa para poucos.
Sua nova incursão na sétima arte chama-se Dunkirk, drama de guerra que trata do resgate de soldados britânicos ilhados no lugar que da nome ao título do longa. É um filme tecnicamente impecável, porém sem o tipo de emoção normalmente impressa nesse tipo de história. E esse fator, pelo visto, vai incomodar muita gente. Eu sou malaco velho em filmes de guerra. Já vi de tudo. E gostei de Durkirk justamente por ele fugir do lugar comum. É um espetáculo visual. Ponto. Para os sentidos e não para o coração.
O filme apresenta três linhas narrativas bem distintas. Acompanhamos o piloto vivido por Tom Hardy. Os soldados na praia tentando fugir e sobreviver. E os civis encarregados de resgatá-los em barcos de pequeno porte. Dunkirk é basicamente isso. Não há arco de personagem, não há desenvolvimento, muito menos choro no campo de batalha. O que nós, expectadores, presenciamos, são cenas bem costuradas do ponto de vista dos personagens de cada narrativa onde a tensão e o medo são crescentes. É bomba caindo e tiros de ninguém sabe de onde vem. E a ótima trilha de Hans Zimmer faz o trabalho brilhante de dar as cenas um tom angustiante único. E aqui está o mérito de Dunkirk, te colocar no meio da guerra sem comprometimento emocional nenhum e ainda assim fazer-nos segurar com força no braço da poltrona do cinema. Sem falar que o filme não exibe nada, pelo menos foi o que eu percebi, de CGI. Se houve computação gráfica foi de maneira bem discreta.
Prevejo muita treta na internet por conta de Dunkirk. Claro, há exageros por parte de muitos ao alça-lo como obra-prima instantânea. Passa longe disso. É um ótimo filme que, com certeza, estará entre o indicados ao Oscar ano que vem, todavia precisaria ter comido muito feijão com arroz para chegar ao patamar de um Amnésia ou um Cavaleiro das Trevas, esses sim, considerados por mim clássicos modernos do cinema estadunidense.
Em tempo: como é libertador assistir um filme de verão estadunidense sem ter que precisar dos óculos 3D!
Que Dios nos perdone
3.6 31Excelente longa policial espanhol que me pegou de surpresa pois não o conhecia até o final de semana passado. Em Que Dios Nos Perdone somos apresentados a um dupla de policiais no melhor estilo noir, aqui na tentativa de desvendar assassinatos em série de senhoras de idade cometidos em Madri as vésperas da visita do Papa Bento XVI em 2011.
Os crime são hediondos e o diretor não nos polpa de cenas fortes envolvendo as descobertas dos corpos e suas respectivas autópsias. A dupla de investigadores tem personalidades distintas e complexas. Um é um sujeito extremamente estourado, que não pensa duas vezes em descer a mão nos desafetos (mesmo que sejam da própria corporação). O outro é um sujeito introspectivo, que anda arrumadinho (de terno e gravata), e gago.
É mais ou menos uma parceria músculos e cérebro que apresenta boa química. Mesmo tendo que contar uma trama cujo foco principal é a investigação policial, o diretor reserva um tempo para desenvolver os protagonistas e mostrar um pouco de suas vidas fora da delegacia, com destaque ao policial gago, que acaba revelando uma faceta psico/sexual interessante.Eu adoro esse tipo de história policial, onde policias de personalidade atormentada são o principal mote. O assassino também apresenta traços de personalidade marcantes e sua motivação é pertinente e faz sentido dentro da trama.
Tecnicamente, o longa também manda muito bem. Vemos uma Barcelona mais suja, quente (pois está um verão de lascar) e perigosa. A força policial também é retratada com realismo, onde nem tudo funciona as mil maravilhas e o velho jogo de poder e conveniência bate de frente com a vontade dos policiais em resolver os crimes. A velha luta de Davi (detetives comuns) e Golias (sistema), tão recorrente nesse tipo de narrativa, seja no cinema, seja na literatura.
Hwayi: O Garoto Monstro
4.0 36Mais um acerto do cinema coreano. Nos últimos anos - bota ai uns quinze - é o país que vem produzindo os thrillers policiais mais interessantes. E esse Hwayi: O Garoto Monstro não fica atrás.
A Estrada 47
3.3 157 Assista AgoraQuase 24.000 pracinhas partiram de terras tupiniquins para o front italiano na Segunda Guerra. Uma história pouco lembrada a não ser por uma praça aqui e outra acolá. Por isso mesmo, esperava mais dessa incursão nacional no tema. Não que o filme seja ruim. É muito bem produzido e os atores não comprometem. Porém, acredito, era preciso uma melhor exploração do tema, não sendo tão minimalista. Também erra em ser deveras sentimental em alguns momentos. Não há como saber o que se passa na cabeça de um soldado no front, a não ser através do depoimento dos próprios, todavia, algumas ações da trupe brasuca beira o surreal.
Também é bom perceber, através da imagens reais exibidas nos créditos finais, que a grande maioria, dos que foram lutar na Itália eram mulatos, pardos ou negros. As buchas de canhão de sempre quando se trata de guerra. Mesmo não sabendo exatamente por que estavam ali, há de se exaltar a coragem desses cabras que arriscaram suas vidas lutando contra o fascismo e o nazismo tão longe de suas casas.
A Hora e a Vez de Augusto Matraga
3.7 66Faroeste tupiniquim baseado na obra de Guimarães Rosa com elenco de primeira. João Miguel, Irandhir Santos e os falecidos José Wilker e Chico Anysio, ambos excelentes em suas participações.
História de morte e redenção no sertão nordestino bem filmado e com boa história. Pena que o roteiro não tenha sido mais aprofundado. A saga de Augusto Matraga tinha tudo para dar mais pano para manga. Enfim, apesar da ressalva, A Hora e a Vez de Augusto Matraga não deixa de ser um exemplar acima da média do novo cinema nacional.
III: The Ritual
2.4 25Só vale mesmo pelo visual. A trama é fraquinha fraquinha e não prende a atenção em nenhum momento.
Z: A Cidade Perdida
3.4 320 Assista AgoraFilme burocrático mas muito bem executado. Boas atuações e excelente direção de arte. Também acerta ao humanizar Fawcett o retratando como um explorador que visava, acima de tudo, o conhecimento. Ao contrário dos muitos "exploradores" que adentraram nossas selvas para exterminar as tribos que ali habitavam.
O Estudante
3.5 51Grata surpresa oriunda da terra da próxima Copa do Mundo. Em The Student somos apresentados a Venya, um jovem estudante e criacionista fanático que vive a citar trechos da Bíblia (durante o longa são, no mínimo, trinta citações) e atazanar, em sala de aula, a vida de sua professora de biologia.
O que a princípio pode parecer apenas um jovem fanático sem noção que não pode se levar a sério, transforma-se em algo perigoso quando o fundamentalismo atinge proporções insanas.
Além da ótima discussão sobre religião e o papel dos educadores para lidar com o assunto, o longa apresenta uma estética que muito me agradou. A grande maioria das cenas são planos sequência, o que dá bastante dinâmica e tensão ao longo da projeção.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
3.8 1,9K Assista AgoraCarlos Roberto S Santos 0 minutos atrás
Depois dos desastres que foram os longas do Aranha do Marc Webb, a Sony, espertamente, se rendeu a Marvel Studios na produção desse reboot.
De Volta ao Lar traz frescor ao personagem alocando o Cabeça de Teia à geração millennials, com direito a um Aranha adolescente inquieto, youtuber, cdf e que sofre bullyng na escola. Também acerta com seu hilário melhor amigo. Pena que o restante dos coadjuvantes do núcleo escolar sejam desprovidos de carisma e mais desenvolvimento.
Nessa nova empreitada, Peter quer se tornar um herói reconhecido, porém ainda é inexperiente, tanto com relação aos seus poderes quanto ao seu comportamento. Com isso, a adição de Tony Stark como figura paterna e mentor é bem vinda (embora eu não tenha grande simpatia pelo Homem de Ferro). O primeiro ato do longa é divertidíssimo, com piadas na medida certa e um Tom Holland inspirado como o Amigão da Vizinhança.
Por incrível que pareça, o vilão de quinta dos quadrinhos, Abutre, aqui se mostra um dos mais bens construídos vilões do universo Marvel do cinema. Suas motivações fazem sentido e em alguns momentos, você acaba nutrindo certa simpatia pelo cara.
Todavia, apesar das qualidades, De Volta ao Lar não consegue se sustentar na mesma pegada do seu início. Ao longo dos minutos, o ritmo cai, sendo o terceiro ato o ponto mais fraco. Enfim, o novo filme do Homem Aranha é um bom recomeço para o personagem e é muito legal vê-lo interagindo num universo já composto de diversos outros heróis. Tomara que na próxima vez o personagem vá além do foi mostrado aqui.
Invasão Zumbi
4.0 2,0K Assista AgoraDesde Madrugada dos Mortos não vejo um filme de zumbi tão bom.