Deve ser a quarentena, pois jamais imaginei que um filme classificado como dramalhão fosse me atingir como um trem. Puta que pariu... Tem uma questão abordada no filme que é fundamental: por piores que sejamos, há um mínimo ético do qual não abrimos mão. E da necessidade de corrigir essa distorção intolerável na percepção da justiça, do que é certo e moral, somos tomados por uma força quase implacável que nos leva a agir em prol desse valor, mesmo que não diga respeito à nossa história individualmente considerada. Mas é como como um gesto simbólico de salvação de todos, ainda que só se esteja promovendo a justiça a um. É a síntese daquele adágio judaico que diz que "quem salva uma vida salva toda a humanidade". Grande filme.
Mais um filhote de Interestellar que não está à sua altura. Esse aqui tem uma nítida pegada "malickiana" já que invadimos a mente da personagem principal e podemos ouvir seu fluxo de pensamentos. É um filme com belas fotografia e trilha sonora, o enredo e o roteiro nem tanto.
Assisti porque gosto de Maeve Jinkings, mas achei o filme ruim. Ruim de enredo e de roteiro. Tudo o que tem de bom são Maeve Jinkings e Nash Laila, mas nem elas foram o bastante pra salvar o filme.
Fui seco esperando um filme à altura do artista que foi Tim Maia, algo como "Rocketman" sobre Elton John, mas me deparei com uma espécie de paródia: pouquíssima coisa sobre música e os processos que envolvem a sua concepção e muita, mas muita caricatura. Meu deus do céu, o que foram as interpretações de Cauã Reymond e do cara que fez Roberto Carlos? Juro que achei que estivesse vendo uma esquete de má qualidade no caso do último. A primeira metade do filme tem um ritmo modorrento, reduzindo Tim Maia a um porra-louca pidão. Nada apronfundado sobre suas influências musicais, uma lástima. Da metade em diante dá uma melhorada, mas nada a ponto de salvar a coisa toda. Ficou devendo bastante e acho que se não conseguiram fazer um filme decente sobre Tim Maia é porque a equipe não tinha condições de tocar o projeto.
A cada vez que revejo esse filme, melhor ele fica. Agora já é um de meus favoritos e, inclusive, como fã, "autorizo" Tarantino a se aposentar de longas como ele vem anunciando. Acho que Once Upon a Time in Hollywood é a despedida perfeita, a síntese de sua obra. Justamente porque em seu filme menos violento e espetacular ele demonstrou o diretor foda que é: enquadramentos, trilha sonora, direção, roteiro...tudo é impecável. E sua marca registrada de uns tempos pra cá, o gran finale, também está aí para nós arrebatar de vez. Tarantino é o melhor diretor de nossa geração, e me permito falar isso ainda impactado pelo filme que acabo de rever.
Filme meeiro de enredo bem trivial. Fotografia e e trilha sonora não me agradaram. Muitos diálogos murmurados, o que dificultou a compreensão deles. Foi um pouco melhor que um episódio de novela.
Ante Scriptum: esse filme é uma adaptação do livro "Sobre os ossos dos mortos" da recém-laureada com o Nobel de Literatura Olga Tokarczuk. É lugar-comum dizer que o livro é melhor que o filme. Claro, o livro, com duas centenas de páginas, tem muito mais cenas e enredo do que um filme encaixotado em duas horas. Mas, vejam só, este filme teve o enredo baseado no livro e acabou por elaborar uma história que deu muito certo. Não em profundidade, o que seria impossível, mas em ritmo o filme foi tão bom ou melhor do que o livro. As atuações são majoritariamente sofríveis, é verdade...mas as personagens da história também não são lá encantadores. Quem tiver lido o livro e quiser ver, veja! Por sua conta e risco...
O precursor de "Cidade de Deus" e "Carandiru". Esse filme é melhor ainda quando revisto, o que fiz hoje, parcialmente, cerca de cinco anos depois. Babenco fez um trabalho filho da puta nesse filme. Simplesmente genial. Interessante notar que muitos atores consagrados fazem apenas uma ponta no filmes (pontas icônicas, é bem verdade). A exceção é Marília Pêra, sublime. Esse filme é indispensável para se entender de Brasil, sob a perspectiva dos "menores" em plena ditadura militar e numa época em que não existia Estatuto da Criança e do Adolescente. Imperdível. Infelizmente, como aconteceu com Cidade de Deus, os atores principais, então desconhecidos, não tiveram carreiras promissoras depois do filme. Uma pena.
Filme coreano que pareceu retratar o sistema de justiça brasileiro. Se entendermos o sistema de justiça como uma corrente, podemos ter clareza de que ele só será eficiente se todos os elos o forem. Noutras palavras, não adianta ter juízes e promotores cultos e bem remunerados se os policiais, o primeiro elo da corrente, forem uns brucutus mal treinados e mal remunerados. O resultado dessa equação sempre será a soma de impunidade com a punição das pessoas erradas, por paradoxal que soe. Criminosos são gente como a gente, não monstros caricatos. Por isso é preciso levar a técnica investigativa a sério, sem "xamanismo". A grande cena do filme foi a virada moral (sempre ela!) no final, quando
Há bastantes cinéfilos meio de saco cheio de filmes muito carregados de metáforas. E aí vem "O poço" que é uma metáfora em si...pois bem. Não acho que dê pra reclamar de que o enredo possui furos já que, como já disse, o filme é uma metáfora em si: então não faz sentido questionar o porquê de o poço existir ou o porquê de as pessoas irem pra lá, senão aceitar que "há as que estão em cima, as que estão embaixo e as que caem". Independentemente da pluralidade de sentidos que se possa atribuir, subjacentes para uns ou evidentes para outros, eu gostei do filme tendo em conta a metáfora mais evidente, que é a do comportamento das classes sociais (evidenciadas pelos andares do poço) no contexto de uma sociedade capitalista "laissez faire". Sempre haverá idealistas e pragmatistas mesmo em meio ao estado de natureza mais hobbesiano possível, e o fato de que tanto uns quanto outros terão, cedo ou tarde, o mesmo fim, nos dá o alívio (ou a agonia?) de que podemos viver de acordo com nossas crenças. Ter algo pelo qual estejamos dispostos a dar nossa vida vale a pena.
Um filme muito comovente. Henry Barthes tem um problema: é demasiadamente amável e afetuoso de modo quase indiscriminado. Além disso tem uma sensibilidade aguda para perceber as pessoas mais carentes de afeto. Ocorre que nossa nada sadia sociedade não vê com bons olhos demonstrações de afetuosidade que fogem do "script". A cena que traduz esse sintoma social é aquela em que
a colega dele, também professora, e que já havia demonstrado interesse por ele o acusou de estar "tocando" na aluna (numa conotação sexual), quando, em verdade, ele a abraçava com ternura e desconcerto.
O ressentimento costuma ser combustível para os atos mais abjetos praticados por nós. Acho que a principal crítica do filme é essa padronização dos afetos, é dizer, há um nível socialmente tolerado e esperado de amabilidade, com destinatários certos; em havendo desvio do padrão, poderá haver reação social, linchamento moral e justiçamentos, movidos pelos mais vis sentimentos. Estamos todos morrendo por falta de afeto mas insistimos em pôr sob regras pouco flexíveis o seu exercício. Como chegamos a este paradoxo insensato?
Rapaz, que achado esse filme! Direção e atuações soberbas. E a abordagem de nossa estupidez e alienação, seja ante a arte ou ante o caos, foi simplesmente na veia! Estou cada dia mais convencido de que atingimos algum ponto de saturação intelectual: agora é ladeira a baixo.
Loach é o cara que melhor consegue transportar pra telona as preocupações que assolam a classe trabalhadora, mesmo que parte dela não tenha clareza total quanto a isso. Ele limpa o para-brisa embaçado pela alienação. As narrativas contemporâneas pra justificar o desmantelamento de direitos sociais são muito eficazes e apelam a valores que muitos de nós compartilhamos, notadamente daqueles que têm um certo liberalismo (muitas vezes capenga) como pilar. O dilema suscitado, a meu ver, é o seguinte: devemos nos adaptar ao "laissez faire" que está mutilando vidas sob o pretexto de que tais mudanças são inevitáveis ou devemos resistir em prol da dignidade humana e em detrimento de uma suposta "evolução"? Acho que Loach tem a resposta.
Na moral: a melhor coisa do filme foi essa sinopse do Filmow. Filme mais fraco de Gaspar Noé, dos cinco que vi. Pra quem não conhece o diretor, começar por esse filme seria um desastre: não faça isso! Vim de uma crescente de "Seul contre tous", "Love" e "Enter the Void", todos muito bons. Agora de "Clímax" não dá nem pra falar nem pra salvar quase nada. O filme é muito ruim mesmo, uma balbúrdia nonsense e ruidosa. PS: Se quiserem um filme bom de suspense com mitologia e coreografias ainda melhores vejam "Suspiria".
Receita do filme: corte fatias finas de Império dos Sentidos e ponha uma porção generosa de Azul é a Cor mais Quente. Tomates Verdes Fritos à gosto. Por fim, tempere com pitadas de plot twist. Voilà!
Filmes excelentes não abrem mão de alguns elementos: eles têm doses precisas de humor, suspense, violência e erotismo. Esse filme tem todos esses elementos além daquele que "não pode" faltar nestes tempos: uma “puta crítica social foda”. Foi bizarro ver como a desenvolvida Coreia do Sul se parece com o “subdesenvolvido” Brasil no quesito desigualdade social, conforme retratado no filme. Seria esse fosso abissal entre ricos e pobres uma condição inerente do sistema econômico vigente? Para mim o fato mais chocante do filme, num sentido positivo, foi a pequena “revolução moral” que ocorreu quando
o pai Kim matou Mr. Park: fê-lo pela honra da família e pela própria, aceitando, inclusive, a autoclausura no bunker da mansão.
Que cena incrível a daquele olhar de hesitação sobre o que fazer! Às vezes esse valor ambíguo denominado “honra” é o elemento transformador da vida e da sociedade - assim falou Kwame Anthony Appiah.
Esse foi o último bom filme de guerra a que assisti (não vi nem Dunkirk nem 1917) mas a pieguice das personagens me incomodou muito. É como se o diretor tivesse parado a uma linha de cruzar a baliza "malickiana" (diretor conhecido por focar na introspecção das personagens, suas reflexões e devaneios). As cenas de confronto são realmente muito boas, mas esses aspecto romantizado pelo paternalismo bobo de Wardaddy e Norman, por exemplo, depreciaram um pouco a obra. Ainda assim, trata-se de um filme de guerra imperdível.
Não há duvida de que os hits ajudaram, mas que baita interpretação de Taron Egerton também! Além disso, não conhecia a história pesada por trás do ícone Elton John. E não é que ele continua de pé?
O filme é bonito, engraçado, tem trilha sonora excelente e lembra Moonrise Kingdom, esteticamente. É leve. Não é aprofundado com relação aos horrores da guerra, pois senão não seria uma sátira.
Aka "O ocaso do sonho americano". Tamo fudido e né pouco não. Mas ainda temos de comemorar o fato de termos alguma autonomia intelectual para refutar mitos destrutivos como o de que o trabalho é um fim em si mesmo. E isso não está restrito aos chineses. O formato de produção e de distribuição da riqueza já deu ruim faz tempo.
Milagre na Cela 7
4.1 1,2K Assista AgoraDeve ser a quarentena, pois jamais imaginei que um filme classificado como dramalhão fosse me atingir como um trem.
Puta que pariu...
Tem uma questão abordada no filme que é fundamental: por piores que sejamos, há um mínimo ético do qual não abrimos mão. E da necessidade de corrigir essa distorção intolerável na percepção da justiça, do que é certo e moral, somos tomados por uma força quase implacável que nos leva a agir em prol desse valor, mesmo que não diga respeito à nossa história individualmente considerada. Mas é como como um gesto simbólico de salvação de todos, ainda que só se esteja promovendo a justiça a um. É a síntese daquele adágio judaico que diz que "quem salva uma vida salva toda a humanidade".
Grande filme.
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 854 Assista AgoraMais um filhote de Interestellar que não está à sua altura.
Esse aqui tem uma nítida pegada "malickiana" já que invadimos a mente da personagem principal e podemos ouvir seu fluxo de pensamentos.
É um filme com belas fotografia e trilha sonora, o enredo e o roteiro nem tanto.
Amor, Plástico e Barulho
3.5 75Assisti porque gosto de Maeve Jinkings, mas achei o filme ruim. Ruim de enredo e de roteiro. Tudo o que tem de bom são Maeve Jinkings e Nash Laila, mas nem elas foram o bastante pra salvar o filme.
Tim Maia - Não Há Nada Igual
3.6 593 Assista AgoraFui seco esperando um filme à altura do artista que foi Tim Maia, algo como "Rocketman" sobre Elton John, mas me deparei com uma espécie de paródia: pouquíssima coisa sobre música e os processos que envolvem a sua concepção e muita, mas muita caricatura. Meu deus do céu, o que foram as interpretações de Cauã Reymond e do cara que fez Roberto Carlos? Juro que achei que estivesse vendo uma esquete de má qualidade no caso do último.
A primeira metade do filme tem um ritmo modorrento, reduzindo Tim Maia a um porra-louca pidão. Nada apronfundado sobre suas influências musicais, uma lástima.
Da metade em diante dá uma melhorada, mas nada a ponto de salvar a coisa toda.
Ficou devendo bastante e acho que se não conseguiram fazer um filme decente sobre Tim Maia é porque a equipe não tinha condições de tocar o projeto.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraA cada vez que revejo esse filme, melhor ele fica. Agora já é um de meus favoritos e, inclusive, como fã, "autorizo" Tarantino a se aposentar de longas como ele vem anunciando. Acho que Once Upon a Time in Hollywood é a despedida perfeita, a síntese de sua obra.
Justamente porque em seu filme menos violento e espetacular ele demonstrou o diretor foda que é: enquadramentos, trilha sonora, direção, roteiro...tudo é impecável. E sua marca registrada de uns tempos pra cá, o gran finale, também está aí para nós arrebatar de vez.
Tarantino é o melhor diretor de nossa geração, e me permito falar isso ainda impactado pelo filme que acabo de rever.
No Coração do Mundo
3.9 62 Assista AgoraFilme meeiro de enredo bem trivial. Fotografia e e trilha sonora não me agradaram. Muitos diálogos murmurados, o que dificultou a compreensão deles.
Foi um pouco melhor que um episódio de novela.
Rastros
3.2 46Ante Scriptum: esse filme é uma adaptação do livro "Sobre os ossos dos mortos" da recém-laureada com o Nobel de Literatura Olga Tokarczuk.
É lugar-comum dizer que o livro é melhor que o filme. Claro, o livro, com duas centenas de páginas, tem muito mais cenas e enredo do que um filme encaixotado em duas horas. Mas, vejam só, este filme teve o enredo baseado no livro e acabou por elaborar uma história que deu muito certo. Não em profundidade, o que seria impossível, mas em ritmo o filme foi tão bom ou melhor do que o livro.
As atuações são majoritariamente sofríveis, é verdade...mas as personagens da história também não são lá encantadores.
Quem tiver lido o livro e quiser ver, veja! Por sua conta e risco...
Pixote: A Lei do Mais Fraco
4.0 450O precursor de "Cidade de Deus" e "Carandiru".
Esse filme é melhor ainda quando revisto, o que fiz hoje, parcialmente, cerca de cinco anos depois.
Babenco fez um trabalho filho da puta nesse filme. Simplesmente genial.
Interessante notar que muitos atores consagrados fazem apenas uma ponta no filmes (pontas icônicas, é bem verdade). A exceção é Marília Pêra, sublime.
Esse filme é indispensável para se entender de Brasil, sob a perspectiva dos "menores" em plena ditadura militar e numa época em que não existia Estatuto da Criança e do Adolescente.
Imperdível.
Infelizmente, como aconteceu com Cidade de Deus, os atores principais, então desconhecidos, não tiveram carreiras promissoras depois do filme. Uma pena.
O Que Ela Disse: As Críticas de Pauline Kael
3.6 2 Assista AgoraO que me chamou atenção foi a capa, que parece o Bolsonaro travestido.
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista AgoraFilme coreano que pareceu retratar o sistema de justiça brasileiro.
Se entendermos o sistema de justiça como uma corrente, podemos ter clareza de que ele só será eficiente se todos os elos o forem. Noutras palavras, não adianta ter juízes e promotores cultos e bem remunerados se os policiais, o primeiro elo da corrente, forem uns brucutus mal treinados e mal remunerados. O resultado dessa equação sempre será a soma de impunidade com a punição das pessoas erradas, por paradoxal que soe.
Criminosos são gente como a gente, não monstros caricatos. Por isso é preciso levar a técnica investigativa a sério, sem "xamanismo".
A grande cena do filme foi a virada moral (sempre ela!) no final, quando
o detetive Park inverte de papel com o detetive Seo e impede a arbitrariedade do, até ali, bom policial.
PS: como já dito, a tradução correta é "Memórias de um assassinato".
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraHá bastantes cinéfilos meio de saco cheio de filmes muito carregados de metáforas. E aí vem "O poço" que é uma metáfora em si...pois bem.
Não acho que dê pra reclamar de que o enredo possui furos já que, como já disse, o filme é uma metáfora em si: então não faz sentido questionar o porquê de o poço existir ou o porquê de as pessoas irem pra lá, senão aceitar que "há as que estão em cima, as que estão embaixo e as que caem".
Independentemente da pluralidade de sentidos que se possa atribuir, subjacentes para uns ou evidentes para outros, eu gostei do filme tendo em conta a metáfora mais evidente, que é a do comportamento das classes sociais (evidenciadas pelos andares do poço) no contexto de uma sociedade capitalista "laissez faire".
Sempre haverá idealistas e pragmatistas mesmo em meio ao estado de natureza mais hobbesiano possível, e o fato de que tanto uns quanto outros terão, cedo ou tarde, o mesmo fim, nos dá o alívio (ou a agonia?) de que podemos viver de acordo com nossas crenças.
Ter algo pelo qual estejamos dispostos a dar nossa vida vale a pena.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraUm filme muito comovente.
Henry Barthes tem um problema: é demasiadamente amável e afetuoso de modo quase indiscriminado. Além disso tem uma sensibilidade aguda para perceber as pessoas mais carentes de afeto. Ocorre que nossa nada sadia sociedade não vê com bons olhos demonstrações de afetuosidade que fogem do "script". A cena que traduz esse sintoma social é aquela em que
a colega dele, também professora, e que já havia demonstrado interesse por ele o acusou de estar "tocando" na aluna (numa conotação sexual), quando, em verdade, ele a abraçava com ternura e desconcerto.
O ressentimento costuma ser combustível para os atos mais abjetos praticados por nós.
Acho que a principal crítica do filme é essa padronização dos afetos, é dizer, há um nível socialmente tolerado e esperado de amabilidade, com destinatários certos; em havendo desvio do padrão, poderá haver reação social, linchamento moral e justiçamentos, movidos pelos mais vis sentimentos.
Estamos todos morrendo por falta de afeto mas insistimos em pôr sob regras pouco flexíveis o seu exercício. Como chegamos a este paradoxo insensato?
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista AgoraRapaz, que achado esse filme!
Direção e atuações soberbas. E a abordagem de nossa estupidez e alienação, seja ante a arte ou ante o caos, foi simplesmente na veia!
Estou cada dia mais convencido de que atingimos algum ponto de saturação intelectual: agora é ladeira a baixo.
Contágio
3.2 1,8K Assista AgoraAcho que deveríamos parar de comer bichos, apesar de serem gostosos.
Três Verões
3.2 78Desde que interpretou Val em "Que horas ela volta?" Regina Casé nunca mais saiu da personagem...?
Você Não Estava Aqui
4.1 244 Assista AgoraLoach é o cara que melhor consegue transportar pra telona as preocupações que assolam a classe trabalhadora, mesmo que parte dela não tenha clareza total quanto a isso. Ele limpa o para-brisa embaçado pela alienação.
As narrativas contemporâneas pra justificar o desmantelamento de direitos sociais são muito eficazes e apelam a valores que muitos de nós compartilhamos, notadamente daqueles que têm um certo liberalismo (muitas vezes capenga) como pilar.
O dilema suscitado, a meu ver, é o seguinte: devemos nos adaptar ao "laissez faire" que está mutilando vidas sob o pretexto de que tais mudanças são inevitáveis ou devemos resistir em prol da dignidade humana e em detrimento de uma suposta "evolução"?
Acho que Loach tem a resposta.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraNa moral: a melhor coisa do filme foi essa sinopse do Filmow.
Filme mais fraco de Gaspar Noé, dos cinco que vi. Pra quem não conhece o diretor, começar por esse filme seria um desastre: não faça isso!
Vim de uma crescente de "Seul contre tous", "Love" e "Enter the Void", todos muito bons. Agora de "Clímax" não dá nem pra falar nem pra salvar quase nada. O filme é muito ruim mesmo, uma balbúrdia nonsense e ruidosa.
PS: Se quiserem um filme bom de suspense com mitologia e coreografias ainda melhores vejam "Suspiria".
A Criada
4.4 1,3K Assista AgoraReceita do filme: corte fatias finas de Império dos Sentidos e ponha uma porção generosa de Azul é a Cor mais Quente. Tomates Verdes Fritos à gosto. Por fim, tempere com pitadas de plot twist.
Voilà!
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraFilmes excelentes não abrem mão de alguns elementos: eles têm doses precisas de humor, suspense, violência e erotismo. Esse filme tem todos esses elementos além daquele que "não pode" faltar nestes tempos: uma “puta crítica social foda”.
Foi bizarro ver como a desenvolvida Coreia do Sul se parece com o “subdesenvolvido” Brasil no quesito desigualdade social, conforme retratado no filme. Seria esse fosso abissal entre ricos e pobres uma condição inerente do sistema econômico vigente?
Para mim o fato mais chocante do filme, num sentido positivo, foi a pequena “revolução moral” que ocorreu quando
o pai Kim matou Mr. Park: fê-lo pela honra da família e pela própria, aceitando, inclusive, a autoclausura no bunker da mansão.
Que cena incrível a daquele olhar de hesitação sobre o que fazer!
Às vezes esse valor ambíguo denominado “honra” é o elemento transformador da vida e da sociedade - assim falou Kwame Anthony Appiah.
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista AgoraEsse foi o último bom filme de guerra a que assisti (não vi nem Dunkirk nem 1917) mas a pieguice das personagens me incomodou muito. É como se o diretor tivesse parado a uma linha de cruzar a baliza "malickiana" (diretor conhecido por focar na introspecção das personagens, suas reflexões e devaneios).
As cenas de confronto são realmente muito boas, mas esses aspecto romantizado pelo paternalismo bobo de Wardaddy e Norman, por exemplo, depreciaram um pouco a obra.
Ainda assim, trata-se de um filme de guerra imperdível.
Rocketman
4.0 921 Assista AgoraNão há duvida de que os hits ajudaram, mas que baita interpretação de Taron Egerton também!
Além disso, não conhecia a história pesada por trás do ícone Elton John. E não é que ele continua de pé?
Fratura
3.3 922Bom Super Cine. Realmente gostei.
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista AgoraO filme é bonito, engraçado, tem trilha sonora excelente e lembra Moonrise Kingdom, esteticamente.
É leve. Não é aprofundado com relação aos horrores da guerra, pois senão não seria uma sátira.
Indústria Americana
3.6 169Aka "O ocaso do sonho americano".
Tamo fudido e né pouco não. Mas ainda temos de comemorar o fato de termos alguma autonomia intelectual para refutar mitos destrutivos como o de que o trabalho é um fim em si mesmo. E isso não está restrito aos chineses. O formato de produção e de distribuição da riqueza já deu ruim faz tempo.