Kubrick foi eficiente demais ao fazer a denúncia acerca da separação dos meios de produção e dos trabalhadores. Podemos ver o macaco aprendendo a manejar a ferramenta como um grevista que cai em si e atenta contra as opressões por ele sofridas. Logo após, ocorre a elipse, a qual representa a Revolução Industrial, que destrói o proletário que pensou que havia adquirido alguma condição acima da que ostentava. Com a revolução, vemos pessoas frias, sem qualquer compaixão, trabalhando para a proliferação do capitalismo liberal predatório. Fica claro quando vemos que HAL 9000 tem mais sentimentos do que os ditos humanos. Para mim o monolito representa Luiz Inácio Lula da Silva, vindo de encontro aos autômatos de carne para lembrar sua condição humana. O bebê representa o ressurgimento dos ideais comunistas após a crise de 2008.
7 de Janeiro de 2015, acontece um ataque terrorista que atingiu um jornal satírico francês. A comoção foi enorme: As pessoas dizendo Je Suis Charlie e expressando suas opiniões, defendendo a liberdade de expressão acima de tudo sem claro, um embasamento e uma contextualização, que num evento tão grotesco como esse, eram necessárias em todo e qualquer debate.
Aqui no Brasil, temos a ideia de Ocidente e Oriente, que por sinal, destoa completamente da visão que países da União Europeia tem, ou ainda, até os Estados Unidos que tanto copiamos, nos espelhamos e babamos ovo(Rodrigo Constantino, Lobão e outras putas são exemplos.). Porém, esquecemo-nos de como somos diferentes tanto dos Estados Unidos, como da Inglaterra ou como da França retratada nesse filme. O tratamento que damos à imigrantes é diferente(mesmo que aqui no Brasil exista sim uma xenofobia por parte dos “cidadãos de bem”), os “guetos”, os subúrbios e regiões periféricas são super diferentes, além claro, da agenda política.
Dei essa volta toda, porque o longa de Mathieu Kassovitz nos apresenta uma França dividida, que mesmo com a escolha do preto-e-branco para a película, exibe contrastes claríssimos entre a França dos conjuntos habitacionais e a França do centro, tanto que, Said se impressiona como no centro os policiais são educados. Além disso, existem as tribos urbanas, sempre lideradas por jovens, e que sempre que possível, entram em conflito com a polícia.
Conflito esse, glamourizado pelos mesmos, já que, passam um tempo na televisão, esperando que fossem filmados, ou quando Vinz recupera a arma e quer porque quer matar um policial, para demonstrar uma força frente aos seus companheiros. Essa cultura do “mais forte, mais tudo”, é explorada de forma inteligente pelo roteiro de Kassovitz, já que, os 3 personagens principais sempre contam mentiras de determinados feitos, desde saber dirigir, até ter transado com uma garota.
A câmera de Kassovitz nos dá belos planos, e é interessante ver, como o protagonista Said, está sempre no meio de dois extremos(Vinz e Hubbert). Legal é ver também, a composição do cenário, alguns planos abertos nos deixam apreciar a cultura suburbana francesa, com belos grafittis, ao som sempre de um reggae ou um rap.
Assim, o excelente filme aborda vários outros temas como camarotização, acesso, preconceito e racismo, mas a mensagem principal talvez seja que precisamos de um pouco mais de empatia e embasamento. Os jovens aqui retratados são movidos pelo ódio, e não pelas ideias(como acontece nas discussões de bar/facebook/escola/qualquer lugar hoje), e como o inteligente Hubbert disse: “O ódio só gera ódio”.
Ainda que mais romanceada do que as melhores temporadas (2, 3 e 4), a primeira temporada de The Wire dá resquícios do que virá pela frente, enunciando sua filosofia cíclica e personificando órgãos e interesses de pessoas do tráfico, da polícia e da política.
Rever The Wire é um acerto. Terminei a série faz dois anos, e nesses dois anos, meu conhecimento sobre os temas abordados na série só aumentou, agregando assim, uma nova roupagem à série e a possibilidade de até discordar de algumas visões ali expostas.
Além das questões ideológicas, os detalhes de câmera e os wordplays no roteiro, imperceptíveis em primeira vista, ganharam destaque nessa segunda. "Se você não tiver sonhos, que porra você tem Bubbles?", diz o drogado Johnny para Bubbles; "Se você não tiver família, o que você tem?", diz a mãe de D'Angelo para o mesmo, após ter ouvido dele, o sonho de recomeçar uma vida nova.
Quando o filme foi se encaminhando para o final, me imaginei aqui elogiando o design, o som, as cores, a estética e a poesia da animação de Ari Folman, porém, os últimos 5 minutos de projeção me roubaram palavras e lágrimas. Me restou ficar sentado no puff refletindo, ainda depois do fim dos créditos da película.
O tema é clichêzão e batido, mas ainda sim, o filme consegue ser simbólico no que trata. O roteiro ajuda, com citações poéticas e filosóficas que só realçam a questão da consciência, tão debatida na humanidade. A direção também ajuda:
Ava e Caleb nas sessions sempre estão separados por uma linha, e por mais que ele acreditasse no amor dela, os dois não eram compatíveis.
A metáfora com o Google e com o mundo das informações que vivemos hoje em dia também foi sensacional. Há um pouco de 1984 nesse filme(câmeras, banco de informações ...). Também há um paralelo com a criação do mundo na visão do cristão, e a "programação" de valores como ser heterossexual: "Você fora programado a ser heterossexual, ou você acha que escolheu?" diz Nathan.
Ex Machina se firmou como um dos melhores sci-fis dos últimos 5 anos, deixando pra trás filmes superfaturados como o pretensioso e robótico Interestellar.
A engenhoca que os publicitários fazem para vender algo como se fosse felicidade, status, bem-estar, saudável é a mesma que os personagens de Mad Men fizeram no decorrer da série inteira para "se venderem". Ambiciosos, mentirosos e as vezes sem escrúpulos, os personagens escondiam sob sua capa de dinheiro, poder e sexo uma melancolia imensurável. Principalmente seu protagonista.
Mas, falando da temporada, temos um ótimo nível de novo. A chegada hippie é cada vez mais sintomática, e as mudanças no mundo da publicidade também. Gostei da pauta feminista ter sido abordada no episódio 12 pelo POV da Joan ...
Sally cresceu e fora bem desenvolvida, interessante(e muito triste) ver que ela será a nova "dona de casa", numa cena em que a moribunda Betty fica a sua frente enquanto a já adolescente lava a louça. Revi o piloto esses dias e foi engraçado comparar a primeira entrada da Peggy no escritório, com saia no tornozelo, nervosa no primeiro emprego com sua entrada na McCann, de cabeça erguida, independente.
O arco das mais ambiciosas personagens de Mad Men foi incrível.
Enquanto isso, Don Draper começa a temporada sem emprego e seu casamento desmorona de maneira inevitável, e na segunda parte, há um desapego de tudo o que o cerca, levando a uma fuga para o ... nada. Fuga essa que ele fazia uma vez ou outra mas que já "planejara" com a Menken lá na primeira temporada, não é curioso ver que ela foi citada nessa temporada, apenas citada, porque a personagem já estava morta.
O último episódio foi incrível. Conversa muito bem com o último episódio da primeira temporada, o The Wheel. Nesse episódio, Don diz que a felicidade é o cheiro de um carro novo, um outdoor falando que você é incrível, etc. Faz aquele discurso fantástico para a Kodak dizendo que o carrossel sempre volta pro lugar onde somos amados. Bom, o contraste dessas falas com a cena final mais a cena em que ele se identifica com um caboclo e o abraça é notável.
E Don Draper maluco que é, volta pro mundo da publicidade, ele não consegue. O cara anda em círculos. Aliás, o dono da McCann diz que ele chegou no céu da publicidade, que terá a Coca-Cola. Logo após o mesmo chegar ao seu "auge" espiritual, ele cria o comercial mais icônico de todos da marca ...
Durante as 3 primeiras temporadas de The Americans, o questionamento de seus personagens sobre as coisas que os cercavam foi crescendo numa constante bem lenta, mas não só isso, a construção e destruição de pontes em seus relacionamentos também receberam atenção extrema.
Assim, assistir a 3º temporada da série é um exercício curioso, já que, ao ver certas situações, pensamos: Aaah, mas isso não tava ali?. O questionamento foi lapidado: Paige desconfia mais e mais sobre a natureza de seus pais; Phillip se pergunta sobre o que faz várias vezes; Martha desconfia de Clark; Stan é interrogado por um novo agente várias vezes, e assim vai. A Guerra Fria em The Americans não está só na política e na economia; Está nos relacionamentos entre os personagens.
Paige recebeu o destaque da temporada. Ela se aproxima cada vez mais do pastor e de sua igreja que adotam pautas que eu diria até serem "revolucionárias", que inclusive, poderia ajudar no recrutamento comunista.
A cena da descoberta é incrível, e os acontecimentos após esta também. Como no jantar já tão comum entre Stan e os Jennings.
O choque ideológico cresce cada vez mais. Phillip parece estar desacreditado à causa, e é nessa temporada que ele tem de fazer coisas horríveis. Transar com criança, quebrar ossos de ex-amante e etc. Claro que isso não é recente; Há um momento anterior na série em que ele diz: "Você nunca aproveitou isso aqui? Esses carros, essas roupas?".
Se na vida real, a bomba nuclear não explodiu e houve um "alívio mundial", em The Americans a Guerra Fria caminha pra uma explosão inevitável.
Não tenho que ficar escrevendo bonito aqui sobre esse filme. Buñuel é foda pra caralho.
65 anos de filme e ainda continua atual. Aqui no Brasil por exemplo, temos adeptos de redução da maioridade penal. Ignoram direitos dos adolescentes. "Os esquecem".
Legal ver também que o Buñuel não optou por ser extremamente realista em seu longa, já que a cena do sonho do garoto é uma das melhores, se não a melhor cena do filme.
E o filme começa com uma frase sensacional que define o atraso em que vivemos:
"As grandes cidades modernas, Nova Iorque, Paris, Londres escondem sob sua riqueza, lares miseráveis onde crianças sub-nutridas, sem saúde, sem escola, estão sentenciadas ao crime"
Eu, enquanto admirador de cinema, sentia inveja de quem acompanhou a sétima arte nos anos 70: Coppola, Buñuel, Woody Allen fazendo obras-primas por aí. A sensação, quando listo filmes dos anos 70 é inacreditável: Quantas pérolas saíram daquela década?
Assim, o meu anseio sempre foi de ter um gênio na minha geração que fizesse o que esses caras fizeram. E Lucas Thurow faz, ó, como faz. Acompanhar os roteiros enigmáticos, poderosos, sutis e eruditos do jovem de Itajaí é uma tarefa desafiadora. Apesar dos filmes serem curtas, assisti-los muda minha percepção de mundo, e é como uma jornada. Você termina cansado por tentar captar tantas informações na tela.
Imagino o que era ver Charlie Parker tocar e viajar no saxofone na década de 40. Um desejo era reaceso no subconsciente das pessoas, dando início a novos segmentos do Jazz. E se pensamos em Charlie Parker na música, obviamente pensamos em Lucas Thurow no cinema: O que ele desperta no nosso subconsciente é algo único, surpreendente e até sobrenatural.
Assistir Os Vingadores sempre é uma experiência diferente. Compra ingresso antecipado; Pega uma fila inexplicável na hora de entrar na sala; Compra lá suas guloseimas, etc e ...
Se diverte, e muito. Aliás, melhor: Com outras pessoas do teu lado. Joss Whedon mais uma vez nos entrega um filme pipocão mesmo, engraçado, ação ininterrupta e uma ameaça até grandiosa(chegando a ser questionadora, citando Noé, mas, inteligentemente o filme não dá espaço para questões mais profundas ...). Os golpes de roteiro estão ali sim, mas não afeta.
Os personagens interagem de uma maneira sensacional, e claro, a introdução de novos personagens e a reciclagem de outros foram essenciais para que o filme funcionasse. Visão foi o destaque. Don Cheadle fazendo ponta humorística também.
Demolidor é o meu super-herói favorito de quadrinhos. E ao ser notificado de que sua série seria uma realidade, eu fiquei dividido. Feliz pela existência de um novo material de um personagem que eu gosto, mas receoso e confuso quanto à forma que ele seria tratado. O receio foi esmagado por essa série fantástica.
Engraçado; Meses atrás, conversando com uma amiga minha, eu disse que o vermelho era uma cor curiosa, já que, seus significados as vezes eram opostos. A cor podia ser identificada como algo amoroso, ou algo raivoso, violento. E claro que, ao assistir ao episódio 8(Será que é o 8? Vi tudo tão rápido que tô super perdido), em que Vanessa descreve a Matt Murdock sua obra favorita(que também é uma rima clara com a cor do uniforme que será usado posteriormente por Matt Murdock), lembrei da conversa imediatamente, aumentando assim, meu carinho pela cena, pelo episódio e pela série em si.
Mas é gratificante saber que a série não tem só esse momento de brilhantismo. Eu poderia ficar aqui citando e citando várias coisas. Uma delas é a fotografia ... O Netflix consegue manter uma identidade visual marcante pras suas séries. Por exemplo, em House of Cards temos as constantes luminárias e o tom acinzentado, tons de branco e tudo mais. E aqui, temos a escuridão, luzes de neon e um amarelo que deixa tudo muito sujo, encardido, dando o tom não só de Hell's Kitchen, mas das organizações que a dominam. As lutas são bem coreografadas; os atores tem química; os personagens são bons; e a montagem(em alguns episódios, especialmente os que envolvem flashbacks) é primorosa e pontual. Demolidor sobra em quesitos técnicos.
Vincent D'Onófrio atuando como Rei do Crime muito parecido com Tony Soprano rouba a cena. Falando pausadamente quando precisa, aumentando o tom, mexendo os braços, acariciando o botão da camisa, e claro,
sendo explosivo arrancando a cabeça de outra pessoa apenas fechando a porta do carro na cabeça dela.
. Charlie Cox também, seja como Murdock ou como Demolidor.
Claro que nem tudo são flores. O episódio 7, que mostra Stick fica entre a irregularidade e a mediocridade, frases irônicas, jogar tampinha pra tabelar e cair no lixo, acho isso tudo uma bobagem sem tamanho, e não bastasse, o episódio soou como filler, já que, a sua soma à trama central foi mínima. Além disso umas piadas não funcionaram.
Bom, é isso. A série foi digna ao personagem, e preparou terreno para o que todo mundo espera, que é A Queda de Murdock, além claro, dos pontuais easter eggs que estão sempre presentes em qualquer produção da Marvel.
Ao Longo de 2 minutos, o jovem talentoso Lucas 2row nos apresenta um universo cheio de particularidades, que somadas à sua excelente direção, resultam num arco-íris em preto e branco com várias nuances por segundo.
Quando os cartazes, trailers, entrevistas sobre Vício Inerente começaram a rolar, eu fui assistindo tudo, acompanhando tudo de perto, comecei a ler o livro, culpa claro, da minha inevitável ansiedade para consumir mais um trabalho de um dos meus diretores favoritos, Paul Thomas Anderson.
Ouvir o mesmo falar sobre o filme no podcast com o Marc Maron, e ler o excelente livro de Thomas Pynchon, me deixou preparado pro que vinha a seguir.
E é um filmaço! Consegue entregar o nível de detalhes e referências de Pynchon de forma sutil, e pratica uma direção muito louca, as vezes com câmera parada, mas com uns movimentos não tão casuais assim(como na cena da polícia, ou na cena da troca, enfim), destaco também, o excelente plano sequência entre Shasta e Doc, um dos melhores que já vi na minha vida.
A trilha sonora do Greenwood(um dos gênios do Radiohead), é excelente, e conversa muito bem com as cenas, os atores, ótimos, carismáticos. Os momentos de humor tem um timing perfeito, e assim como a aparição de seus personagens, são rápidos e bem diretos.
É um filme diferente dos outros do diretor, PTA se mostra competente em trabalhar com outro material, carimbando assim, o posto de melhor diretor da atualidade.
Sempre ouvi falar bem desse filme, "nem parece brasileiro", me diziam. Não gosto de dizer que "não parece um filme brasileiro", já que, poucos filmes utilizam da montagem, e da narrativa abusando de flashbacks com efeitos especiais(apresentando personagens e tudo mais.).
Mas o filme é realmente muito bom. Bem humorado, rápido, e que, por pôr dúvidas na cabeça de quem assiste, prende fácil(mesmo que, inteligentemente, dê os flashbacks explicativos. Gostei muito também de como o filme conversa com a minha cidade, São Paulo, sempre se ambientando em ruas, avenidas e lugares clássicos da Terra da Garoa. Não bastasse tudo isso, Radiohead no final, é mole?
O tom, realçado pela fotografia escura é muito mais pesado do que os apresentados nos dois filmes anteriores. O foco também é outro, e é isso que faz esse filme ser melhor do que os outros. Não só o filme se preocupa em "engajar" os personagens sobre a revolução que estes estão fazendo, mas também em fazer diversas análises de discurso, seja vindo do presidente Snow, ou dos rebeldes liderados pelo Tordo.
É o filme mais maduro da franquia, claro que não escapa de algumas bobagens(é até natural, visto o tamanho da franquia e seu público), mas fez a função de trazer novas facetas pra personagem principal e finalmente encaminhar a franquia pro grande final que todos esperam. Ótimo
Todo mundo deveria ver esse curta pra quebrar mitos e falácias que são ditos por "pessoas de bem" por aí.
Não acho a animação muito boa, mas a proposta de direção é muito legal, com aquelas elipses maneiras, e o seu conteúdo é simplesmente fora de série. Excelente.
Filmes metalinguísticos geralmente partem de ideias criativas, que na mão de bons diretores e roteiristas, se transformam em declarações de amor ao cinema, crítica ao cinema, ou até homenagens ao cinema(E aí temos Truffaut, Woody Allen, Tarantino e outros para nos presentar com filmes do tipo). Assim, quando assisto O Segredo da Cabana, percebo em seu roteiro várias abordagens sobre o gênero terror. Aliás, a época em que o filme foi lançado é extremamente pontual, já que nos últimos 10 anos, o gênero terror nos apresentou vários filmes descartáveis e esquecíveis como "Atividade Paranormal" e outros lixos.
Partindo de uma premissa que lembra "O Show de Truman", o filme começa despretensioso, apresentando seus personagens de forma bem humorada e até caricata(como é explicado no terceiro ato), e num leve movimento de câmera, percebemos tudo o que vai acontecer. E sim, o filme não se resume em seu inteligente roteiro, já que a direção de Drew Goddard oferece-nos várias visões interessantes;
Observem como após a morte de uma das personagens iniciais, há um corte que nos transporta para os "criadores" da história comemorando, ou a excelente escolha da tensão principal do filme ser pautada nos "criadores", e não nos personagens do tal reality show.
Um roteiro inteligente, uma direção eficaz, e uma variação na hora de fazer humor(inclusive investindo em fazer humor com violência gráfica), O Segredo da Cabana faz um panorama do que tem sido o cinema de terror nos últimos anos. Filmaço!
Tudo isso para que no fim de 2014, figuras vestidas das cores da bandeira e desfilando na Avenida Paulista, tenham a atitude completamente inaceitável e irresponsável de pedir a volta da ditadura.
A abordagem desse filme já foi melhor trabalhada em alguns outros, porém, não acho que isso é demérito, O filme é bom, apesar dos momentos fantasiosos nos flashbacks que só fazem realçar a tristeza, a melancolia do presente em que os personagens se encontram.
Geralmente personagens sem escrúpulos me fascinam, e os atores que o interpretam são MUITO exigidos. Em O Abutre, filme que parece mais um milk-shake de Sangue Negro + A Rede Social(por trazer a questão do individualismo) + Ação e suspense, Jake Gyllenhaal interpreta Lou Bloom, um personagem que pratica atos imorais, em uma profissão duvidosa(O jornalismo sensacionalista, o jornalismo-safado), e como interpreta, aquele olhar estático é a marca do personagem, assim como suas falas rápidas, quando ele tenta convencer algum personagem de alguma coisa. Em algumas cenas sonhador, em outras extremamente ameaçador. Atuação incrível.
Temporada montanha russa(ba dum tss), altos e baixos. Porém, com mais altos e baixos, ainda bem.
Destaco o plot da Paige que apesar de ainda ser raso e preguiçoso, evoluiu MUITO nos últimos 4 ou 5 episódios, relação Elizabeth e Phillip, Nina, Oleg, Stan perdendo tudo e tal
Agora o filho do casal lá e o Larrick foram os pontos fracos da temporada
Larrick é caricato, parece um vilão de quadrinhos, sua morte foi previsível, assim como a descoberta do verdadeiro assassino do casal também foi extremamente previsível e acelerado
O gancho deixado pra 3º temporada foi muito interessante ... Já que o tema ainda não foi abordado. Ansioso.
Como seria se alguém o impedisse de cumprir uma promessa sua, após suas desesperadas preces terem sido de alguma forma, atendidas?
Um filme completo. Dá a impressão de que cada cena pode render um assunto de horas, horas e horas sobre a situação em que os personagens do longa se encontram. "Zé do Burro", o protagonista, é um personagem admirável, de uma simplicidade, honestidade e perseverança tão bonitas, puras.
Incrível a cena em que ele diz para o padre que se "arriscou" no candomblé para salvar seu burro, já que não lhe restava mais o que fazer.
Assim, logo não demora pro "boca a boca" levar a história de Zé do Burro para a cidade, e nisso, surgem os aproveitadores, e seguidores que se mobilizaram com a história. "Todo mundo é amigo", lembra ele.
A imprensa, extremamente oportunista, culmina em um dos momentos chaves do filme, em que uma mulher com um bebê doente, um cadeirante vão pedir ajuda pra ele, e ele no chão, apenas lamenta dizendo não ter poder nenhum.(Reparem também na cena em que o jornalista faz as perguntas, e compare com a manchete publicada. De um sensacionalismo barato e nojento. Inacreditável.).
A cena em que o fundamentalista padre, sujeito à hierarquia da igreja, é obrigado a ver a situação por outro lado(um lado político), já que a imprensa e o povo estão do lado de Zé, é brilhante, não só por mostrar sua impotência frente ao povo(como na cena em que ele de forma impotente tenta silenciar a música, a dança da massa tocando desordenadamente os sinos da igreja), mas para pontuar que a situação não é mais religiosa, e que não é só uma promessa de um homem humilde do interior, mas que já tomou proporções gigantescas tomando um controle que ele acreditava possuir.
É um filme espetacular, figura entre os melhores de todos os tempos. Merece ser visto, revisto e passar de "boca a boca", assim como a história de Zé passou.
Primeiramente, a direção é muito boa, Jennifer Kent utiliza de bons cortes e agilidade para retratar a história. O primeiro ato é muito bom, apresentando seus personagens, a situação em que eles vivem, a premissa, tudo funciona. Agora, quando o filme resolve desperdiçar todo esse potencial em baboseiras sobrenaturais dignas de um filme de terror comum, desses que saem toda semana, me decepciona. Foi caiiindo, caindo.
Mas ainda sim, é um bom filme, dá pra se divertir, graças a sua curta duração.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraKubrick foi eficiente demais ao fazer a denúncia acerca da separação dos meios de produção e dos trabalhadores. Podemos ver o macaco aprendendo a manejar a ferramenta como um grevista que cai em si e atenta contra as opressões por ele sofridas. Logo após, ocorre a elipse, a qual representa a Revolução Industrial, que destrói o proletário que pensou que havia adquirido alguma condição acima da que ostentava. Com a revolução, vemos pessoas frias, sem qualquer compaixão, trabalhando para a proliferação do capitalismo liberal predatório. Fica claro quando vemos que HAL 9000 tem mais sentimentos do que os ditos humanos. Para mim o monolito representa Luiz Inácio Lula da Silva, vindo de encontro aos autômatos de carne para lembrar sua condição humana. O bebê representa o ressurgimento dos ideais comunistas após a crise de 2008.
Realmente, kubrick mto à frente de seu tempo.
O Ódio
4.2 314 Assista AgoraLe Monde Est À (N)Vous
7 de Janeiro de 2015, acontece um ataque terrorista que atingiu um jornal satírico francês. A comoção foi enorme: As pessoas dizendo Je Suis Charlie e expressando suas opiniões, defendendo a liberdade de expressão acima de tudo sem claro, um embasamento e uma contextualização, que num evento tão grotesco como esse, eram necessárias em todo e qualquer debate.
Aqui no Brasil, temos a ideia de Ocidente e Oriente, que por sinal, destoa completamente da visão que países da União Europeia tem, ou ainda, até os Estados Unidos que tanto copiamos, nos espelhamos e babamos ovo(Rodrigo Constantino, Lobão e outras putas são exemplos.). Porém, esquecemo-nos de como somos diferentes tanto dos Estados Unidos, como da Inglaterra ou como da França retratada nesse filme. O tratamento que damos à imigrantes é diferente(mesmo que aqui no Brasil exista sim uma xenofobia por parte dos “cidadãos de bem”), os “guetos”, os subúrbios e regiões periféricas são super diferentes, além claro, da agenda política.
Dei essa volta toda, porque o longa de Mathieu Kassovitz nos apresenta uma França dividida, que mesmo com a escolha do preto-e-branco para a película, exibe contrastes claríssimos entre a França dos conjuntos habitacionais e a França do centro, tanto que, Said se impressiona como no centro os policiais são educados. Além disso, existem as tribos urbanas, sempre lideradas por jovens, e que sempre que possível, entram em conflito com a polícia.
Conflito esse, glamourizado pelos mesmos, já que, passam um tempo na televisão, esperando que fossem filmados, ou quando Vinz recupera a arma e quer porque quer matar um policial, para demonstrar uma força frente aos seus companheiros. Essa cultura do “mais forte, mais tudo”, é explorada de forma inteligente pelo roteiro de Kassovitz, já que, os 3 personagens principais sempre contam mentiras de determinados feitos, desde saber dirigir, até ter transado com uma garota.
A câmera de Kassovitz nos dá belos planos, e é interessante ver, como o protagonista Said, está sempre no meio de dois extremos(Vinz e Hubbert). Legal é ver também, a composição do cenário, alguns planos abertos nos deixam apreciar a cultura suburbana francesa, com belos grafittis, ao som sempre de um reggae ou um rap.
Assim, o excelente filme aborda vários outros temas como camarotização, acesso, preconceito e racismo, mas a mensagem principal talvez seja que precisamos de um pouco mais de empatia e embasamento. Os jovens aqui retratados são movidos pelo ódio, e não pelas ideias(como acontece nas discussões de bar/facebook/escola/qualquer lugar hoje), e como o inteligente Hubbert disse: “O ódio só gera ódio”.
The Wire (1ª Temporada)
4.6 170 Assista AgoraAinda que mais romanceada do que as melhores temporadas (2, 3 e 4), a primeira temporada de The Wire dá resquícios do que virá pela frente, enunciando sua filosofia cíclica e personificando órgãos e interesses de pessoas do tráfico, da polícia e da política.
Rever The Wire é um acerto. Terminei a série faz dois anos, e nesses dois anos, meu conhecimento sobre os temas abordados na série só aumentou, agregando assim, uma nova roupagem à série e a possibilidade de até discordar de algumas visões ali expostas.
Além das questões ideológicas, os detalhes de câmera e os wordplays no roteiro, imperceptíveis em primeira vista, ganharam destaque nessa segunda.
"Se você não tiver sonhos, que porra você tem Bubbles?", diz o drogado Johnny para Bubbles; "Se você não tiver família, o que você tem?", diz a mãe de D'Angelo para o mesmo, após ter ouvido dele, o sonho de recomeçar uma vida nova.
The Wire é coisa linda.
Valsa com Bashir
4.2 305 Assista AgoraQuando o filme foi se encaminhando para o final, me imaginei aqui elogiando o design, o som, as cores, a estética e a poesia da animação de Ari Folman, porém, os últimos 5 minutos de projeção me roubaram palavras e lágrimas. Me restou ficar sentado no puff refletindo, ainda depois do fim dos créditos da película.
Que filme, puta que pariu.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista AgoraO tema é clichêzão e batido, mas ainda sim, o filme consegue ser simbólico no que trata. O roteiro ajuda, com citações poéticas e filosóficas que só realçam a questão da consciência, tão debatida na humanidade. A direção também ajuda:
Ava e Caleb nas sessions sempre estão separados por uma linha, e por mais que ele acreditasse no amor dela, os dois não eram compatíveis.
A metáfora com o Google e com o mundo das informações que vivemos hoje em dia também foi sensacional. Há um pouco de 1984 nesse filme(câmeras, banco de informações ...). Também há um paralelo com a criação do mundo na visão do cristão, e a "programação" de valores como ser heterossexual: "Você fora programado a ser heterossexual, ou você acha que escolheu?" diz Nathan.
Ex Machina se firmou como um dos melhores sci-fis dos últimos 5 anos, deixando pra trás filmes superfaturados como o pretensioso e robótico Interestellar.
Excelente.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista Agora-Qual sua cor favorita?
-Vermelho.
E se fodeu.
Mad Men (7ª Temporada)
4.6 387 Assista AgoraA engenhoca que os publicitários fazem para vender algo como se fosse felicidade, status, bem-estar, saudável é a mesma que os personagens de Mad Men fizeram no decorrer da série inteira para "se venderem". Ambiciosos, mentirosos e as vezes sem escrúpulos, os personagens escondiam sob sua capa de dinheiro, poder e sexo uma melancolia imensurável. Principalmente seu protagonista.
Mas, falando da temporada, temos um ótimo nível de novo. A chegada hippie é cada vez mais sintomática, e as mudanças no mundo da publicidade também. Gostei da pauta feminista ter sido abordada no episódio 12 pelo POV da Joan ...
Sally cresceu e fora bem desenvolvida, interessante(e muito triste) ver que ela será a nova "dona de casa", numa cena em que a moribunda Betty fica a sua frente enquanto a já adolescente lava a louça. Revi o piloto esses dias e foi engraçado comparar a primeira entrada da Peggy no escritório, com saia no tornozelo, nervosa no primeiro emprego com sua entrada na McCann, de cabeça erguida, independente.
Enquanto isso, Don Draper começa a temporada sem emprego e seu casamento desmorona de maneira inevitável, e na segunda parte, há um desapego de tudo o que o cerca, levando a uma fuga para o ... nada. Fuga essa que ele fazia uma vez ou outra mas que já "planejara" com a Menken lá na primeira temporada, não é curioso ver que ela foi citada nessa temporada, apenas citada, porque a personagem já estava morta.
O último episódio foi incrível. Conversa muito bem com o último episódio da primeira temporada, o The Wheel. Nesse episódio, Don diz que a felicidade é o cheiro de um carro novo, um outdoor falando que você é incrível, etc. Faz aquele discurso fantástico para a Kodak dizendo que o carrossel sempre volta pro lugar onde somos amados. Bom, o contraste dessas falas com a cena final mais a cena em que ele se identifica com um caboclo e o abraça é notável.
E Don Draper maluco que é, volta pro mundo da publicidade, ele não consegue. O cara anda em círculos. Aliás, o dono da McCann diz que ele chegou no céu da publicidade, que terá a Coca-Cola. Logo após o mesmo chegar ao seu "auge" espiritual, ele cria o comercial mais icônico de todos da marca ...
Mad Men, você vai fazer falta. Ah vai;
The Americans (3ª Temporada)
4.4 65 Assista AgoraDurante as 3 primeiras temporadas de The Americans, o questionamento de seus personagens sobre as coisas que os cercavam foi crescendo numa constante bem lenta, mas não só isso, a construção e destruição de pontes em seus relacionamentos também receberam atenção extrema.
Assim, assistir a 3º temporada da série é um exercício curioso, já que, ao ver certas situações, pensamos: Aaah, mas isso não tava ali?. O questionamento foi lapidado: Paige desconfia mais e mais sobre a natureza de seus pais; Phillip se pergunta sobre o que faz várias vezes; Martha desconfia de Clark; Stan é interrogado por um novo agente várias vezes, e assim vai. A Guerra Fria em The Americans não está só na política e na economia; Está nos relacionamentos entre os personagens.
Paige recebeu o destaque da temporada. Ela se aproxima cada vez mais do pastor e de sua igreja que adotam pautas que eu diria até serem "revolucionárias", que inclusive, poderia ajudar no recrutamento comunista.
A cena da descoberta é incrível, e os acontecimentos após esta também. Como no jantar já tão comum entre Stan e os Jennings.
O choque ideológico cresce cada vez mais. Phillip parece estar desacreditado à causa, e é nessa temporada que ele tem de fazer coisas horríveis. Transar com criança, quebrar ossos de ex-amante e etc. Claro que isso não é recente; Há um momento anterior na série em que ele diz: "Você nunca aproveitou isso aqui? Esses carros, essas roupas?".
Se na vida real, a bomba nuclear não explodiu e houve um "alívio mundial", em The Americans a Guerra Fria caminha pra uma explosão inevitável.
Os Esquecidos
4.3 109Não tenho que ficar escrevendo bonito aqui sobre esse filme. Buñuel é foda pra caralho.
65 anos de filme e ainda continua atual. Aqui no Brasil por exemplo, temos adeptos de redução da maioridade penal. Ignoram direitos dos adolescentes. "Os esquecem".
Legal ver também que o Buñuel não optou por ser extremamente realista em seu longa, já que a cena do sonho do garoto é uma das melhores, se não a melhor cena do filme.
E o filme começa com uma frase sensacional que define o atraso em que vivemos:
"As grandes cidades modernas, Nova Iorque, Paris, Londres escondem sob sua riqueza, lares miseráveis onde crianças sub-nutridas, sem saúde, sem escola, estão sentenciadas ao crime"
Palavras Induzidas
4.4 12Eu, enquanto admirador de cinema, sentia inveja de quem acompanhou a sétima arte nos anos 70: Coppola, Buñuel, Woody Allen fazendo obras-primas por aí. A sensação, quando listo filmes dos anos 70 é inacreditável: Quantas pérolas saíram daquela década?
Assim, o meu anseio sempre foi de ter um gênio na minha geração que fizesse o que esses caras fizeram. E Lucas Thurow faz, ó, como faz. Acompanhar os roteiros enigmáticos, poderosos, sutis e eruditos do jovem de Itajaí é uma tarefa desafiadora. Apesar dos filmes serem curtas, assisti-los muda minha percepção de mundo, e é como uma jornada. Você termina cansado por tentar captar tantas informações na tela.
Imagino o que era ver Charlie Parker tocar e viajar no saxofone na década de 40. Um desejo era reaceso no subconsciente das pessoas, dando início a novos segmentos do Jazz. E se pensamos em Charlie Parker na música, obviamente pensamos em Lucas Thurow no cinema: O que ele desperta no nosso subconsciente é algo único, surpreendente e até sobrenatural.
O Deus.
Vingadores: Era de Ultron
3.7 3,0K Assista AgoraAssistir Os Vingadores sempre é uma experiência diferente. Compra ingresso antecipado; Pega uma fila inexplicável na hora de entrar na sala; Compra lá suas guloseimas, etc e ...
Se diverte, e muito. Aliás, melhor: Com outras pessoas do teu lado. Joss Whedon mais uma vez nos entrega um filme pipocão mesmo, engraçado, ação ininterrupta e uma ameaça até grandiosa(chegando a ser questionadora, citando Noé, mas, inteligentemente o filme não dá espaço para questões mais profundas ...). Os golpes de roteiro estão ali sim, mas não afeta.
Os personagens interagem de uma maneira sensacional, e claro, a introdução de novos personagens e a reciclagem de outros foram essenciais para que o filme funcionasse. Visão foi o destaque. Don Cheadle fazendo ponta humorística também.
Excelente.
Demolidor (1ª Temporada)
4.4 1,5K Assista AgoraDemolidor é o meu super-herói favorito de quadrinhos. E ao ser notificado de que sua série seria uma realidade, eu fiquei dividido. Feliz pela existência de um novo material de um personagem que eu gosto, mas receoso e confuso quanto à forma que ele seria tratado. O receio foi esmagado por essa série fantástica.
Engraçado; Meses atrás, conversando com uma amiga minha, eu disse que o vermelho era uma cor curiosa, já que, seus significados as vezes eram opostos. A cor podia ser identificada como algo amoroso, ou algo raivoso, violento. E claro que, ao assistir ao episódio 8(Será que é o 8? Vi tudo tão rápido que tô super perdido), em que Vanessa descreve a Matt Murdock sua obra favorita(que também é uma rima clara com a cor do uniforme que será usado posteriormente por Matt Murdock), lembrei da conversa imediatamente, aumentando assim, meu carinho pela cena, pelo episódio e pela série em si.
Mas é gratificante saber que a série não tem só esse momento de brilhantismo. Eu poderia ficar aqui citando e citando várias coisas. Uma delas é a fotografia ... O Netflix consegue manter uma identidade visual marcante pras suas séries. Por exemplo, em House of Cards temos as constantes luminárias e o tom acinzentado, tons de branco e tudo mais. E aqui, temos a escuridão, luzes de neon e um amarelo que deixa tudo muito sujo, encardido, dando o tom não só de Hell's Kitchen, mas das organizações que a dominam. As lutas são bem coreografadas; os atores tem química; os personagens são bons; e a montagem(em alguns episódios, especialmente os que envolvem flashbacks) é primorosa e pontual. Demolidor sobra em quesitos técnicos.
Vincent D'Onófrio atuando como Rei do Crime muito parecido com Tony Soprano rouba a cena. Falando pausadamente quando precisa, aumentando o tom, mexendo os braços, acariciando o botão da camisa, e claro,
sendo explosivo arrancando a cabeça de outra pessoa apenas fechando a porta do carro na cabeça dela.
Claro que nem tudo são flores. O episódio 7, que mostra Stick fica entre a irregularidade e a mediocridade, frases irônicas, jogar tampinha pra tabelar e cair no lixo, acho isso tudo uma bobagem sem tamanho, e não bastasse, o episódio soou como filler, já que, a sua soma à trama central foi mínima. Além disso umas piadas não funcionaram.
Bom, é isso. A série foi digna ao personagem, e preparou terreno para o que todo mundo espera, que é A Queda de Murdock, além claro, dos pontuais easter eggs que estão sempre presentes em qualquer produção da Marvel.
Excelente.
Metalinguagem - A Discrepada Prodigalidade da Direção
4.1 21Ao Longo de 2 minutos, o jovem talentoso Lucas 2row nos apresenta um universo cheio de particularidades, que somadas à sua excelente direção, resultam num arco-íris em preto e branco com várias nuances por segundo.
Espero mais trabalho do melhor diretor da década.
Vício Inerente
3.5 554 Assista AgoraQuando os cartazes, trailers, entrevistas sobre Vício Inerente começaram a rolar, eu fui assistindo tudo, acompanhando tudo de perto, comecei a ler o livro, culpa claro, da minha inevitável ansiedade para consumir mais um trabalho de um dos meus diretores favoritos, Paul Thomas Anderson.
Ouvir o mesmo falar sobre o filme no podcast com o Marc Maron, e ler o excelente livro de Thomas Pynchon, me deixou preparado pro que vinha a seguir.
E é um filmaço! Consegue entregar o nível de detalhes e referências de Pynchon de forma sutil, e pratica uma direção muito louca, as vezes com câmera parada, mas com uns movimentos não tão casuais assim(como na cena da polícia, ou na cena da troca, enfim), destaco também, o excelente plano sequência entre Shasta e Doc, um dos melhores que já vi na minha vida.
A trilha sonora do Greenwood(um dos gênios do Radiohead), é excelente, e conversa muito bem com as cenas, os atores, ótimos, carismáticos. Os momentos de humor tem um timing perfeito, e assim como a aparição de seus personagens, são rápidos e bem diretos.
É um filme diferente dos outros do diretor, PTA se mostra competente em trabalhar com outro material, carimbando assim, o posto de melhor diretor da atualidade.
De todos os tempos na verdade.
2 Coelhos
4.0 2,7K Assista AgoraSempre ouvi falar bem desse filme, "nem parece brasileiro", me diziam. Não gosto de dizer que "não parece um filme brasileiro", já que, poucos filmes utilizam da montagem, e da narrativa abusando de flashbacks com efeitos especiais(apresentando personagens e tudo mais.).
Mas o filme é realmente muito bom. Bem humorado, rápido, e que, por pôr dúvidas na cabeça de quem assiste, prende fácil(mesmo que, inteligentemente, dê os flashbacks explicativos. Gostei muito também de como o filme conversa com a minha cidade, São Paulo, sempre se ambientando em ruas, avenidas e lugares clássicos da Terra da Garoa. Não bastasse tudo isso, Radiohead no final, é mole?
Excelente.
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
3.8 2,4K Assista AgoraO tom, realçado pela fotografia escura é muito mais pesado do que os apresentados nos dois filmes anteriores. O foco também é outro, e é isso que faz esse filme ser melhor do que os outros. Não só o filme se preocupa em "engajar" os personagens sobre a revolução que estes estão fazendo, mas também em fazer diversas análises de discurso, seja vindo do presidente Snow, ou dos rebeldes liderados pelo Tordo.
É o filme mais maduro da franquia, claro que não escapa de algumas bobagens(é até natural, visto o tamanho da franquia e seu público), mas fez a função de trazer novas facetas pra personagem principal e finalmente encaminhar a franquia pro grande final que todos esperam. Ótimo
Vida Maria
4.3 133Todo mundo deveria ver esse curta pra quebrar mitos e falácias que são ditos por "pessoas de bem" por aí.
Não acho a animação muito boa, mas a proposta de direção é muito legal, com aquelas elipses maneiras, e o seu conteúdo é simplesmente fora de série. Excelente.
O Segredo da Cabana
3.0 3,2KFilmes metalinguísticos geralmente partem de ideias criativas, que na mão de bons diretores e roteiristas, se transformam em declarações de amor ao cinema, crítica ao cinema, ou até homenagens ao cinema(E aí temos Truffaut, Woody Allen, Tarantino e outros para nos presentar com filmes do tipo). Assim, quando assisto O Segredo da Cabana, percebo em seu roteiro várias abordagens sobre o gênero terror. Aliás, a época em que o filme foi lançado é extremamente pontual, já que nos últimos 10 anos, o gênero terror nos apresentou vários filmes descartáveis e esquecíveis como "Atividade Paranormal" e outros lixos.
Partindo de uma premissa que lembra "O Show de Truman", o filme começa despretensioso, apresentando seus personagens de forma bem humorada e até caricata(como é explicado no terceiro ato), e num leve movimento de câmera, percebemos tudo o que vai acontecer. E sim, o filme não se resume em seu inteligente roteiro, já que a direção de Drew Goddard oferece-nos várias visões interessantes;
Observem como após a morte de uma das personagens iniciais, há um corte que nos transporta para os "criadores" da história comemorando, ou a excelente escolha da tensão principal do filme ser pautada nos "criadores", e não nos personagens do tal reality show.
Um roteiro inteligente, uma direção eficaz, e uma variação na hora de fazer humor(inclusive investindo em fazer humor com violência gráfica), O Segredo da Cabana faz um panorama do que tem sido o cinema de terror nos últimos anos. Filmaço!
Dossiê Jango
4.4 72Tudo isso para que no fim de 2014, figuras vestidas das cores da bandeira e desfilando na Avenida Paulista, tenham a atitude completamente inaceitável e irresponsável de pedir a volta da ditadura.
Namorados para Sempre
3.6 2,5K Assista AgoraA abordagem desse filme já foi melhor trabalhada em alguns outros, porém, não acho que isso é demérito, O filme é bom, apesar dos momentos fantasiosos nos flashbacks que só fazem realçar a tristeza, a melancolia do presente em que os personagens se encontram.
Kind of Blue ;)
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraGeralmente personagens sem escrúpulos me fascinam, e os atores que o interpretam são MUITO exigidos. Em O Abutre, filme que parece mais um milk-shake de Sangue Negro + A Rede Social(por trazer a questão do individualismo) + Ação e suspense, Jake Gyllenhaal interpreta Lou Bloom, um personagem que pratica atos imorais, em uma profissão duvidosa(O jornalismo sensacionalista, o jornalismo-safado), e como interpreta, aquele olhar estático é a marca do personagem, assim como suas falas rápidas, quando ele tenta convencer algum personagem de alguma coisa. Em algumas cenas sonhador, em outras extremamente ameaçador. Atuação incrível.
Puta filme e um dos melhores de 2014.
The Americans (2ª Temporada)
4.3 50 Assista AgoraTemporada montanha russa(ba dum tss), altos e baixos. Porém, com mais altos e baixos, ainda bem.
Destaco o plot da Paige que apesar de ainda ser raso e preguiçoso, evoluiu MUITO nos últimos 4 ou 5 episódios, relação Elizabeth e Phillip, Nina, Oleg, Stan perdendo tudo e tal
Agora o filho do casal lá e o Larrick foram os pontos fracos da temporada
Larrick é caricato, parece um vilão de quadrinhos, sua morte foi previsível, assim como a descoberta do verdadeiro assassino do casal também foi extremamente previsível e acelerado
O gancho deixado pra 3º temporada foi muito interessante ... Já que o tema ainda não foi abordado. Ansioso.
O Pagador de Promessas
4.3 363 Assista AgoraComo seria se alguém o impedisse de cumprir uma promessa sua, após suas desesperadas preces terem sido de alguma forma, atendidas?
Um filme completo. Dá a impressão de que cada cena pode render um assunto de horas, horas e horas sobre a situação em que os personagens do longa se encontram. "Zé do Burro", o protagonista, é um personagem admirável, de uma simplicidade, honestidade e perseverança tão bonitas, puras.
Incrível a cena em que ele diz para o padre que se "arriscou" no candomblé para salvar seu burro, já que não lhe restava mais o que fazer.
Assim, logo não demora pro "boca a boca" levar a história de Zé do Burro para a cidade, e nisso, surgem os aproveitadores, e seguidores que se mobilizaram com a história. "Todo mundo é amigo", lembra ele.
A imprensa, extremamente oportunista, culmina em um dos momentos chaves do filme, em que uma mulher com um bebê doente, um cadeirante vão pedir ajuda pra ele, e ele no chão, apenas lamenta dizendo não ter poder nenhum.(Reparem também na cena em que o jornalista faz as perguntas, e compare com a manchete publicada. De um sensacionalismo barato e nojento. Inacreditável.).
A cena em que o fundamentalista padre, sujeito à hierarquia da igreja, é obrigado a ver a situação por outro lado(um lado político), já que a imprensa e o povo estão do lado de Zé, é brilhante, não só por mostrar sua impotência frente ao povo(como na cena em que ele de forma impotente tenta silenciar a música, a dança da massa tocando desordenadamente os sinos da igreja), mas para pontuar que a situação não é mais religiosa, e que não é só uma promessa de um homem humilde do interior, mas que já tomou proporções gigantescas tomando um controle que ele acreditava possuir.
É um filme espetacular, figura entre os melhores de todos os tempos. Merece ser visto, revisto e passar de "boca a boca", assim como a história de Zé passou.
O Babadook
3.5 2,0KPrimeiramente, a direção é muito boa, Jennifer Kent utiliza de bons cortes e agilidade para retratar a história. O primeiro ato é muito bom, apresentando seus personagens, a situação em que eles vivem, a premissa, tudo funciona. Agora, quando o filme resolve desperdiçar todo esse potencial em baboseiras sobrenaturais dignas de um filme de terror comum, desses que saem toda semana, me decepciona. Foi caiiindo, caindo.
Mas ainda sim, é um bom filme, dá pra se divertir, graças a sua curta duração.