Filme bastante interessante, embora um tanto tímido. Muitíssimo sincero (como já disseram, tal qual Chaplin "falando através do personagem" em Grande Ditador, Ferrara despeja sua alma através da voz de Dafoe).
A forma brilhante como Ferrara filma às strippers, toda a dinâmica que ele coloca no entrelaçamento daquelas histórias. Muitas lembranças de "Morte de um Bookmaker Chinês" (essa coisa da paixão pelo "show bussines", tão caro à América) e até mesmo, Altman (lembra bastante "A ùltima Noite").
Meu problema não foi com filosofias niilistas sobre a maldade do mundo, mas sim, primeiramente da forma como as mesmas (como o inverso também) são mostradas, MANIPULANDO DA FORMA MAIS BANAL E RASTEIRA a fãs sedentos de um dito "cinema real". Nesse sentido, os truques de câmera e edição, além da narrativa boçal de Gaspar Noé soam como brincadeira de uma criança revoltadinha contra o sistema.
Para além disso, o cinema de Noé é frágil, não tem força suficiente, acaba apelando (palavra forte, confesso) pra os já citados truques narrativos, o famoso "choque com a (dita) realidade". Dizer que "o caos reina" no mundo, não tem nada de genial, nem muito menos de novo, contanto que elabore um cinema decente pra transmitir essa idéia.
Aí pensam, o homem tem coragem de mostrar um pai explodindo a cabeça da filha, um pai comendo a própria filha, um homem com preconceito etc. Acredito que coragem não seja isso. Isso é uma forma de buscar o tipo de identificação mais medíocre possível com algum coitado do outro lado da tela. O lado pior do ser humano já foi retratado de forma soberba por gente como Buñuel, Resnais, Welles, Glauber Rocha etc. Cinema de adolescente com delírios de grandeza e com uma suposta "soberania mental sobre o resto da merda da sociedade" é algo que sempre me enojou.
Filme que nos dá uma sensação de amor e ódio equivalentes. A Nota se justifica pela execução, enquanto o fato de eu favoritar se deva mais à proposta, ao ideal que o filme passa. Toda essa liberdade, esse amor pelo material filmado. Toda a escolha acertadíssima do elenco.
Um filme divertido, afinal Eva Mendes, Jéssica Alba e Lindsay Lohan peladinhas; um chicano matando um monte de gente de foiçadas; Steven Seagal; De Niro etc. tudo em um filme, e da forma como ele se propõe é algo interessante e divertido.
Filme sobre a condição mais básica: a de se manter vivo. Skolimovski usa um pretexto inicial que aproxima seu filme dos recentes confrontos políticos e bélicos entre EUA e Iraque só pra em seguida o colocar como algo inferior ao sentido da vida.
O personagem de Vincent Gallo, um muçulmano que é jogado no meio de uma floresta gelada no Leste Europeu, tem apenas uma condição: lutar por sobrevivência, o conflito político terminou aí, agora é ele é a natureza (um binômio corrente nos filmes de Herzog).
Me lembra bastante "72 Horas", embora o filme do Dany Boyle seja infinitamente inferior, especialmente pela sua infantilizadora tentativa de fazer do drama de seu personagem uma presepada de efeitos de edição clipescos sem fim.
Lindo filme sobre o homem contra algo mais forte do que ele mesmo. Experiência física em estado direto.
Tá pra o filme de gângsters assim como "Meu ódio será sua herança" está para os westerns. Ambos são filmes da "despedida" de um gênero. De Palma é um dos melhores diretores da história, e tal qual Tarantino, é injustiçado por ser "excessivamente referencial" ou "ser extremamente técnico e vazio de significado". Uma melhor análise de sua obra mostra o contrário.
Aqui, há evidentes referências à Crepúsculo dos Deuses em seu "anúncio de um gênero, de um tipo de cinema que morre", especialmente na forma do roteiro. Para além disso, Carlito Brilante é um dos mais fantásticos personagens da década de 70. Essa coisa de ele tá descrevendo sua trajetória como parte de um show lembra bastante "Morte de um Bookmacker Chinês", do Cassavetes, mas vejo que a coisa fica só a título de personagem mesmo. Porque, em termos de mundo e a forma como De Palma filma, lembra o universo de Sam Fuller.
É, acima de tudo, um filme sobre valores, sobre sentimentos. De um homem para com uma mulher. De um homem para com seu melhor amigo. De um homem para com sua honra. A impossibilidade de "ficar limpo" revela que o destino de Carlito já está traçado, serão caminhos tortuosos a percorrer, embora só o irá levar a um lugar...
Filme-ensaio, nos moldes de Chris Marker. Um painel da vida berlinense em tempos de reconstituição. É um filme sobre busca de identidade (não à toa, é extremamente estudado pelos pós-modernistas). Os anjos tentam passar o conforto àquelas pessoas, ao mesmo tempo que parecem perdoar cada particularidade do "defeito" de ser humano.
Enquanto cinema o filme é fantástico. Muitas vezes não quer ser filme. Quer-se poesia. Nesse caso o texto de Wenders é fantástico, poético-profético.
O uso da trilha sonora - algo que o Wenders sempre destacou - é fantástico. Especialmente a aparição dos malditos do Nick Cave e Bad Seeds, banda pra poucos e que teve grande divulgação com o filme.
Ademais, ritmo maravilhoso. Excelente uso da fotografia - a metáfora entre cores e o amor é uma lindeza. Belíssimo uso do romance no final - Wenders é dos diretores que referenciam aos outros de maneira mais discreta, se em "Paris, Texas" a cena de Kinski no espelho lembrava Antonioni, aqui, a cena de Ganz e da trapezista é uma lindíssima homenagem à Douglas Sirk, daí porque toda a encenação novelesca, fantástico!
Filme espetacular, daqueles que faz um bem enorme assistir. De se guardar para sempre. Filme que transforma.
Esquizofrênico em excesso. Tudo parece uma intensa correria, embora os primeiros 30 minutos sejam muito climáticos. Trilha sonora inovadora, mas os excesso de cortes, personagens e temas abordados fazem desse filme algo sem coesão.
É uma abordagem interessante, moderna e urbana sobre o vampirismo. Ambígua também, pois embora a todo tempo tente desmistificar que aquilo ali se trate de um "simples filme de vampiro" acaba que Martin é um filme de vampiro, por excelência, visto que o vício do jovem parece incontrolável, temos o caçador de vampiro, a sedução de mulheres em busca de alívio sexual que seus maridos não dão etc. Falta um pouco de ritmo, embora reconheça que a insinuação de psicose feita através dos flashbacks em P&B seja um recurso deveras interessante. Esperava mais.
obra-prima, incrível filme sobre milhões de temas. Uma primeira coisa a apontar, é a influência do mesmo e, por consequência, de todo o cinema de Herzog nos filmes de Mallick. Não apenas a música desse Nosferatu, mas também a relação homem-poder da natureza trazem uma análogia clara. Para além disso, atuação doentia de Kinski e Adjani em um filme que preza pela sugestão sexual de uma esposa que parece não ter no marido a satisfação que espera. Nesse sentido, o amargurado e solitário Vampiro caminha pelos mares em busca dessa mulher. Seus gozos finais, também será sua morte. Ambos saciam-se em termos sexuais enquanto seus corpos cedem a sua natureza. Lindeza demais isso. Ambos morrem pelo instinto (a clássica cena do Drácula a mordendo e ela meio que gemendo orgasmicamente é das mais belas de todos os filmes de horror. O verdadeiro casal do filme é esse.
Para além disso, aquele que seria o nosso protagonista, Jonathan, é um aventureiro caro aos filmes de Herzog. O espírito (em alemão tem um nome bem característico e que serve bem pros filmes tanto de Herzog, quanto de Wenders) de aventura é o que guia aquele homem até o castelo de Drácula.
E, o que será aquela cena do baile na cidade destruída pela peste? !!!!
sobre o comentário do Victor Tavares: interessante esse teu comentário sobre o novo do Allen. "Filme cabeça", "filme de arte", "cult", são termos que se não servem de todo pra definir o diretor, ao menos serve como definição do que os fãs do mesmo esperam do cinema. Não vi o filme ainda, mas sei que os fãs do diretor em sua maioria pensam o cinema dessa forma. Cinema como lugar de pessoas inteligentes, citando escritores, jazzistas etc. São o mesmo tipo de gente que detesta qualquer coisa de gente como Romero,Carpenter, Mann, Whoo etc. Mas, enfim, é apenas um ponto de vista sobre o fãs, já que a obra de Woody me agrada.
p.s. : Caetano Veloso acha Allen um diretor de filmes pequenos e afetados. Poisé...
Um filme que arrebenta qualquer possibilidade de amparo familiar. Em uma linguagem indie-cinema alternativo americano Gallo constrói um filme interessante, com um bom ritmo de tempo, e com personagens construídos de maneira sensata. Belo filme e interessante estilo de final.
A volta de Carpenter nesse filme com ar camp não é de toda interessante. Eu até compreendo as semelhanças com "À Beira da Loucura", os joguetes com a identidade da protagonista. Mas, é tudo artificioso demais, truques baratos, bobos. Faltou um maior apuro no desenvolvimento da trama, especialmente no que diz respeito a "ambientar" as cenas.
Os primeiros 30 minutos, são puro terror psicológico, hitchockiano eu diria ( é só pensar nos pássaros). Mas, para além de qualquer blá-blá-blá social ou psicológico, o grande interesse de Buñuel está em fazer de seu filme um processo onde o limite entre o real e o sonho simplesmente não existe (lembrem-se do último Lynch), o que parece aproximá-lo em partes de Julieta dos Espíritos, que era centrado nessa questão da figura feminina e seus pesadelos.
E, DEUS COMO EU AMO A FRIEZA SINGELA DE DENEUVE !!!
Ninguém, digo, ninguém, filma interiores como Cassavetes. Nesse filme ele entra na intimidade da classe média americana e reforça o debate entre gerações,entre gêneros tão importantes no caldeirão de transformações que era aquela época.
Um filme imbecil e mau feito, do início ao fim. O Diretor coloca TODOS (até as crianças que lá aparecem, sentem um clamor por vingança) com uma sede de vingança. Cinema é investigação, quando o processo extrapola esse limite, vira cinema-burro, como uma parte pequena da filmografia de Haneke (o péssimo "A Fita Branca"), ou os "filmes" de Von Trier (nesse caso, especialmente Dogville).
Não bastasse isso, a estilização pop que tenta beirar o absurdo se faz nas mãos de um artífice fora do estado de graça. Também detesto esse feminismo idiota (onde pra mostrar suas "mulheres fortes" os autores as brutalizam tal qual um personagem do Charles Bronsson).
Há também um melodrama ridículo que muito me faz lembrar um monte de porcaria sem graça que o Amoldóvar faz, mas enfim, algo do tipo, envolvendo "crueza, sangue e violência" eu devo encontrar em "A Pele que Habito", é me preparar, o lado ruim do cinema atual é forte e atuante.
é fácil perceber no filme um tom de crítica à paranóia macarthista. Há um conteúdo social interessante. Construção de atmosfera genial, já que o pico de tensão fica durante todo o filme.
Grande filme, não fosse alguns deslizes do final, seria facilmente um top 3 do Hitchcock.
Filme ipnose, do artífice, da criação de um mundo falsete, de um "auteur", dos planos-sequência radicais, do descontinuismo dos planos, de um enredo que prende o espectador ao joguete visual da fotografia, de um minimalismo absurdo (muito, muito absurdo) em termos de travellings e de sons (meu deus o que é aquela cena do suicídio da criança!!!).
É, sim, um filme muito imersivo. E ao contrário do que dizem, "a cena das vacas" não é uma cena, meus caros, mas o conjunto como um todo, incluindo "o plano das vacas" serve para compor o quadro "econômico" de abandono daquela região rural.
Abandono econômico que parece contaminar à alma daqueles camponeses. É um ritmo de fala, de movimento, tão absurdo que me lembra demais "Coração de Cristal", de Werner Herzog.
Enfim, muito já sabem, a carreira de Van Sant conseguiu a proeza de se inspirar nesse cinema, basta ver o espetáculo que é a "trilogia da juventude" (Last Days, Elephant e Paranoid Park). Pra mim, o ponto de contato entre os dois se dá à uma hora do final, quando Irimiás diz "Eu não sou um salvador, eu sou apenas um investigador que gosta de investigar porque tudo anda tão mal". Esse "tudo anda tão mal" (nunca exatamente explicado porque, afinal o que levaria a garota a se matar? apenas o "tanto de satan"?) é o mais belo ensinamento em termos de cinema recente que eu pareço conhecer.
se daqui a uns 30 anos perguntarem o que foi o cinema da primeira década do ano 2000, pode se economizar um monte de divagações mandando a pessoa assistir esse filme. É inumano, é covarde de tão grande. Não à toa, vários diretores já citaram o filme de Mallick como o melhor dos anos 2000.
A poderosa história de amor que se entrelaça por uma abordagem metafísica da existência entre homem e natureza. Vê as cenas da descoberta do Novo Mundo e da descoverta do amor entre Pocahontas e o capitão Smith é um prêmio em termos de cinema.
Um absurdo. Ainda tem a linda trilha sonora, o trato visceral com o fato histórico.
Go Go Tales
3.5 11Filme bastante interessante, embora um tanto tímido. Muitíssimo sincero (como já disseram, tal qual Chaplin "falando através do personagem" em Grande Ditador, Ferrara despeja sua alma através da voz de Dafoe).
A forma brilhante como Ferrara filma às strippers, toda a dinâmica que ele coloca no entrelaçamento daquelas histórias. Muitas lembranças de "Morte de um Bookmaker Chinês" (essa coisa da paixão pelo "show bussines", tão caro à América) e até mesmo, Altman (lembra bastante "A ùltima Noite").
Sozinho Contra Todos
4.0 313Meu problema não foi com filosofias niilistas sobre a maldade do mundo, mas sim, primeiramente da forma como as mesmas (como o inverso também) são mostradas, MANIPULANDO DA FORMA MAIS BANAL E RASTEIRA a fãs sedentos de um dito "cinema real". Nesse sentido, os truques de câmera e edição, além da narrativa boçal de Gaspar Noé soam como brincadeira de uma criança revoltadinha contra o sistema.
Para além disso, o cinema de Noé é frágil, não tem força suficiente, acaba apelando (palavra forte, confesso) pra os já citados truques narrativos, o famoso "choque com a (dita) realidade". Dizer que "o caos reina" no mundo, não tem nada de genial, nem muito menos de novo, contanto que elabore um cinema decente pra transmitir essa idéia.
Aí pensam, o homem tem coragem de mostrar um pai explodindo a cabeça da filha, um pai comendo a própria filha, um homem com preconceito etc. Acredito que coragem não seja isso. Isso é uma forma de buscar o tipo de identificação mais medíocre possível com algum coitado do outro lado da tela. O lado pior do ser humano já foi retratado de forma soberba por gente como Buñuel, Resnais, Welles, Glauber Rocha etc. Cinema de adolescente com delírios de grandeza e com uma suposta "soberania mental sobre o resto da merda da sociedade" é algo que sempre me enojou.
Machete
3.6 1,5K Assista AgoraFilme que nos dá uma sensação de amor e ódio equivalentes. A Nota se justifica pela execução, enquanto o fato de eu favoritar se deva mais à proposta, ao ideal que o filme passa. Toda essa liberdade, esse amor pelo material filmado. Toda a escolha acertadíssima do elenco.
Um filme divertido, afinal Eva Mendes, Jéssica Alba e Lindsay Lohan peladinhas; um chicano matando um monte de gente de foiçadas; Steven Seagal; De Niro etc. tudo em um filme, e da forma como ele se propõe é algo interessante e divertido.
Matança Necessária
3.5 31Filme sobre a condição mais básica: a de se manter vivo. Skolimovski usa um pretexto inicial que aproxima seu filme dos recentes confrontos políticos e bélicos entre EUA e Iraque só pra em seguida o colocar como algo inferior ao sentido da vida.
O personagem de Vincent Gallo, um muçulmano que é jogado no meio de uma floresta gelada no Leste Europeu, tem apenas uma condição: lutar por sobrevivência, o conflito político terminou aí, agora é ele é a natureza (um binômio corrente nos filmes de Herzog).
Me lembra bastante "72 Horas", embora o filme do Dany Boyle seja infinitamente inferior, especialmente pela sua infantilizadora tentativa de fazer do drama de seu personagem uma presepada de efeitos de edição clipescos sem fim.
Lindo filme sobre o homem contra algo mais forte do que ele mesmo. Experiência física em estado direto.
O Pagamento Final
4.2 375 Assista AgoraTá pra o filme de gângsters assim como "Meu ódio será sua herança" está para os westerns. Ambos são filmes da "despedida" de um gênero. De Palma é um dos melhores diretores da história, e tal qual Tarantino, é injustiçado por ser "excessivamente referencial" ou "ser extremamente técnico e vazio de significado". Uma melhor análise de sua obra mostra o contrário.
Aqui, há evidentes referências à Crepúsculo dos Deuses em seu "anúncio de um gênero, de um tipo de cinema que morre", especialmente na forma do roteiro. Para além disso, Carlito Brilante é um dos mais fantásticos personagens da década de 70. Essa coisa de ele tá descrevendo sua trajetória como parte de um show lembra bastante "Morte de um Bookmacker Chinês", do Cassavetes, mas vejo que a coisa fica só a título de personagem mesmo. Porque, em termos de mundo e a forma como De Palma filma, lembra o universo de Sam Fuller.
É, acima de tudo, um filme sobre valores, sobre sentimentos. De um homem para com uma mulher. De um homem para com seu melhor amigo. De um homem para com sua honra. A impossibilidade de "ficar limpo" revela que o destino de Carlito já está traçado, serão caminhos tortuosos a percorrer, embora só o irá levar a um lugar...
O Desprezo
4.0 266esses caras são uma onda. Engraçado é que o Bergman sempre gostou de um tumulto...
Asas do Desejo
4.3 493 Assista AgoraFilme-ensaio, nos moldes de Chris Marker. Um painel da vida berlinense em tempos de reconstituição. É um filme sobre busca de identidade (não à toa, é extremamente estudado pelos pós-modernistas). Os anjos tentam passar o conforto àquelas pessoas, ao mesmo tempo que parecem perdoar cada particularidade do "defeito" de ser humano.
Enquanto cinema o filme é fantástico. Muitas vezes não quer ser filme. Quer-se poesia. Nesse caso o texto de Wenders é fantástico, poético-profético.
O uso da trilha sonora - algo que o Wenders sempre destacou - é fantástico. Especialmente a aparição dos malditos do Nick Cave e Bad Seeds, banda pra poucos e que teve grande divulgação com o filme.
Ademais, ritmo maravilhoso. Excelente uso da fotografia - a metáfora entre cores e o amor é uma lindeza. Belíssimo uso do romance no final - Wenders é dos diretores que referenciam aos outros de maneira mais discreta, se em "Paris, Texas" a cena de Kinski no espelho lembrava Antonioni, aqui, a cena de Ganz e da trapezista é uma lindíssima homenagem à Douglas Sirk, daí porque toda a encenação novelesca, fantástico!
Filme espetacular, daqueles que faz um bem enorme assistir. De se guardar para sempre. Filme que transforma.
A Terça Parte da Noite
3.8 35Esquizofrênico em excesso. Tudo parece uma intensa correria, embora os primeiros 30 minutos sejam muito climáticos. Trilha sonora inovadora, mas os excesso de cortes, personagens e temas abordados fazem desse filme algo sem coesão.
Martin
3.8 102É uma abordagem interessante, moderna e urbana sobre o vampirismo. Ambígua também, pois embora a todo tempo tente desmistificar que aquilo ali se trate de um "simples filme de vampiro" acaba que Martin é um filme de vampiro, por excelência, visto que o vício do jovem parece incontrolável, temos o caçador de vampiro, a sedução de mulheres em busca de alívio sexual que seus maridos não dão etc. Falta um pouco de ritmo, embora reconheça que a insinuação de psicose feita através dos flashbacks em P&B seja um recurso deveras interessante. Esperava mais.
Nosferatu: O Vampiro da Noite
4.0 248obra-prima, incrível filme sobre milhões de temas.
Uma primeira coisa a apontar, é a influência do mesmo e, por consequência, de todo o cinema de Herzog nos filmes de Mallick. Não apenas a música desse Nosferatu, mas também a relação homem-poder da natureza trazem uma análogia clara.
Para além disso, atuação doentia de Kinski e Adjani em um filme que preza pela sugestão sexual de uma esposa que parece não ter no marido a satisfação que espera. Nesse sentido, o amargurado e solitário Vampiro caminha pelos mares em busca dessa mulher. Seus gozos finais, também será sua morte. Ambos saciam-se em termos sexuais enquanto seus corpos cedem a sua natureza. Lindeza demais isso. Ambos morrem pelo instinto (a clássica cena do Drácula a mordendo e ela meio que gemendo orgasmicamente é das mais belas de todos os filmes de horror. O verdadeiro casal do filme é esse.
Para além disso, aquele que seria o nosso protagonista, Jonathan, é um aventureiro caro aos filmes de Herzog. O espírito (em alemão tem um nome bem característico e que serve bem pros filmes tanto de Herzog, quanto de Wenders) de aventura é o que guia aquele homem até o castelo de Drácula.
E, o que será aquela cena do baile na cidade destruída pela peste? !!!!
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista Agorasobre o comentário do Victor Tavares:
interessante esse teu comentário sobre o novo do Allen. "Filme cabeça", "filme de arte", "cult", são termos que se não servem de todo pra definir o diretor, ao menos serve como definição do que os fãs do mesmo esperam do cinema. Não vi o filme ainda, mas sei que os fãs do diretor em sua maioria pensam o cinema dessa forma. Cinema como lugar de pessoas inteligentes, citando escritores, jazzistas etc. São o mesmo tipo de gente que detesta qualquer coisa de gente como Romero,Carpenter, Mann, Whoo etc. Mas, enfim, é apenas um ponto de vista sobre o fãs, já que a obra de Woody me agrada.
p.s. : Caetano Veloso acha Allen um diretor de filmes pequenos e afetados. Poisé...
Buffalo '66
4.1 302Um filme que arrebenta qualquer possibilidade de amparo familiar. Em uma linguagem indie-cinema alternativo americano Gallo constrói um filme interessante, com um bom ritmo de tempo, e com personagens construídos de maneira sensata. Belo filme e interessante estilo de final.
À Beira da Loucura
3.6 403 Assista AgoraBelo filme. Conto de mistério auto-referente e pró liberdade criativa. Certamente agradaria gente como Mario Bava.
Aterrorizada
2.8 542A volta de Carpenter nesse filme com ar camp não é de toda interessante. Eu até compreendo as semelhanças com "À Beira da Loucura", os joguetes com a identidade da protagonista. Mas, é tudo artificioso demais, truques baratos, bobos. Faltou um maior apuro no desenvolvimento da trama, especialmente no que diz respeito a "ambientar" as cenas.
Os Viciados
3.8 75essa sinopse é puro Velvet Underground...
A Bela da Tarde
4.1 342 Assista AgoraOs primeiros 30 minutos, são puro terror psicológico, hitchockiano eu diria ( é só pensar nos pássaros). Mas, para além de qualquer blá-blá-blá social ou psicológico, o grande interesse de Buñuel está em fazer de seu filme um processo onde o limite entre o real e o sonho simplesmente não existe (lembrem-se do último Lynch), o que parece aproximá-lo em partes de Julieta dos Espíritos, que era centrado nessa questão da figura feminina e seus pesadelos.
E, DEUS COMO EU AMO A FRIEZA SINGELA DE DENEUVE !!!
Faces
4.1 62Ninguém, digo, ninguém, filma interiores como Cassavetes.
Nesse filme ele entra na intimidade da classe média americana e reforça o debate entre gerações,entre gêneros tão importantes no caldeirão de transformações que era aquela época.
Incrível como Gena Rowlands era linda.
Lady Vingança
4.0 456Um filme imbecil e mau feito, do início ao fim. O Diretor coloca TODOS (até as crianças que lá aparecem, sentem um clamor por vingança) com uma sede de vingança. Cinema é investigação, quando o processo extrapola esse limite, vira cinema-burro, como uma parte pequena da filmografia de Haneke (o péssimo "A Fita Branca"), ou os "filmes" de Von Trier (nesse caso, especialmente Dogville).
Não bastasse isso, a estilização pop que tenta beirar o absurdo se faz nas mãos de um artífice fora do estado de graça. Também detesto esse feminismo idiota (onde pra mostrar suas "mulheres fortes" os autores as brutalizam tal qual um personagem do Charles Bronsson).
Há também um melodrama ridículo que muito me faz lembrar um monte de porcaria sem graça que o Amoldóvar faz, mas enfim, algo do tipo, envolvendo "crueza, sangue e violência" eu devo encontrar em "A Pele que Habito", é me preparar, o lado ruim do cinema atual é forte e atuante.
A Sombra de uma Dúvida
4.0 196 Assista Agoraé fácil perceber no filme um tom de crítica à paranóia macarthista. Há um conteúdo social interessante. Construção de atmosfera genial, já que o pico de tensão fica durante todo o filme.
Grande filme, não fosse alguns deslizes do final, seria facilmente um top 3 do Hitchcock.
O Tango de Satã
4.3 139Filme ipnose, do artífice, da criação de um mundo falsete, de um "auteur", dos planos-sequência radicais, do descontinuismo dos planos, de um enredo que prende o espectador ao joguete visual da fotografia, de um minimalismo absurdo (muito, muito absurdo) em termos de travellings e de sons (meu deus o que é aquela cena do suicídio da criança!!!).
É, sim, um filme muito imersivo. E ao contrário do que dizem, "a cena das vacas" não é uma cena, meus caros, mas o conjunto como um todo, incluindo "o plano das vacas" serve para compor o quadro "econômico" de abandono daquela região rural.
Abandono econômico que parece contaminar à alma daqueles camponeses. É um ritmo de fala, de movimento, tão absurdo que me lembra demais "Coração de Cristal", de Werner Herzog.
Enfim, muito já sabem, a carreira de Van Sant conseguiu a proeza de se inspirar nesse cinema, basta ver o espetáculo que é a "trilogia da juventude" (Last Days, Elephant e Paranoid Park). Pra mim, o ponto de contato entre os dois se dá à uma hora do final, quando Irimiás diz "Eu não sou um salvador, eu sou apenas um investigador que gosta de investigar porque tudo anda tão mal". Esse "tudo anda tão mal" (nunca exatamente explicado porque, afinal o que levaria a garota a se matar? apenas o "tanto de satan"?) é o mais belo ensinamento em termos de cinema recente que eu pareço conhecer.
Stop Making Sense
4.7 35Essa banda ao vivo é espetacular. O som dessa banda é maravilhoso. Quero ver!
Histórias Reais
3.4 16o filme do David Byrne.
Gosto de Sangue
3.9 158Construção cênica impecável.
O Novo Mundo
3.2 240 Assista Agorase daqui a uns 30 anos perguntarem o que foi o cinema da primeira década do ano 2000, pode se economizar um monte de divagações mandando a pessoa assistir esse filme. É inumano, é covarde de tão grande. Não à toa, vários diretores já citaram o filme de Mallick como o melhor dos anos 2000.
A poderosa história de amor que se entrelaça por uma abordagem metafísica da existência entre homem e natureza. Vê as cenas da descoberta do Novo Mundo e da descoverta do amor entre Pocahontas e o capitão Smith é um prêmio em termos de cinema.
Um absurdo. Ainda tem a linda trilha sonora, o trato visceral com o fato histórico.
O filme é uma marca do cinema como um todo.