Este filme é a exemplificação perfeita de que nem todas as opiniões devem ser respeitadas. Você vai respeitando, concordando, quando vê... PÁ! Leva uma marretada na cabeça.
Sinceramente, ainda estou um pouco perplexo, boquiaberto; sem muito o que dizer. No início, por o filme trazer uma forte fama de estranho/underground, eu já estava com um pé atrás – depois de um certo tempo, a gente acaba perdendo a paciência -, mas, mesmo assim, assisti com atenção e de coração aberto. O começo do filme é pura loucura, isso é indiscutível. Escatologia, nudez, violência, paganismo, surrealismo... tudo elevado à máxima potência. Como é bastante comum em filmes que tentam ser diferentões, a película não apresentava, nos seus primeiros minutos, um objetivo claro. Não haviam personagens fixos, ou diálogos minimamente normais, nada; parecia apenas uma montagem aleatória. Enfim, o filme apresenta uma personagem (vivida por Horácio Salinas) o qual reaparece nas próximas cenas, o que, sinceramente, dá um alívio ao espectador; há uma figura “conhecida” em tela. Em cima dessa personagem, a trama é desenvolvida. Com a aparição de novos personagens, como um alquimista maluco (Alejandro Jodorowsky), o filme, finalmente, começa a dar uma encorpada; há diálogos compreensíveis, há uma linha por onde a história parece andar. Nisso, já estamos no miolo da obra. O que seria para ser o segundo ato, é preenchido com o desenvolvimento desses personagens já citados. Aqui, o filme consegue implacar diversas críticas a diversas coisas, as quais me impressionaram, tal obra não parecia querer criticar veementemente qualquer coisa. Mas, mesmo assim, a atmosfera do longa ainda está sendo preenchida por aquele clima denso dos primeiros minutos; os cenários são incrivelmente estranhos; as roupas; os próprios diálogos, tudo (aqui vai uma salva de palmas para a produção de arte do filme). Então é no “terceiro ato” que o filme realmente traça um objetivo em sua trama; aquilo que, geralmente, acontece na virada do primeiro ato para o segundo, aqui, acontece na virada do segundo pro terceiro. Isso faz com que o enredo seja tratado de maneira um pouco rápida demais, mas nada que estrague a experiência (enquanto se assiste a esse filme, você não tem muita noção da qualidade da sua experiência, então...). Mas, indo ao que importa, chegamos, então, no final. Como dito no começo do texto: sem palavras. Tudo aquilo que eu, particularmente, critico negativamente nesses filmes inteligentinhos foi quebrado, pisado e destroçado por esse final absolutamente espetacular. Tudo o que o filme mostrara ser durante sua uma hora e meia inicial, com aquele clima de estranheza surrealista, foi negada e criticada pelo próprio filme. É como se o longa apresentasse uma ideia de cinema por mais de uma hora e, quando chegasse no final, dissesse: “tu viu tudo isso que te mostramos na última hora? Pois é, é pura idiotice, não faça assim”. Eu sempre critico negativamente obras que tentam ser cults por cults. Autores e diretores que ficam pensando na fotografia, no figurino, nos movimentos de câmera, mas que não pensam no que o filme quer entregar como ideia ao espectador, no que o filme tem a dizer. E é justamente isso que A Montanha Sagrada parece criticar também, rolou uma identificação. Obviamente, o filme não é para todo mundo. Necessita-se de muita paciência, vontade e compreensão para assisti-lo. Ele passa uma hora e meia lhe mostrando coisas que não fazem muito sentido e, em muitas vezes, nojentas e erradas. Mas, como eu disse e defendo, no final das contas, vale a pena.
Quando ainda não havia assistido a "The Dirt - Confissões do Mötley Crue", eu ficava imaginando se haveria, realmente, algo a falar-se sobre Mötley Crüe. Eu pensava: "Mötley Crüe tem uma história? Algo que valha a pena ser contado?". Então... eu assisti, e presenciei um dos filmes mais vazios que já vi. O primeiro ato da película é típico de filmes sobre astros do rock: takes longos de shows, drogas, gravações de estúdio, etc. Os problemas começam a aparecer do segundo ato em diante (aliás, não deve-se falar muito em "atos" quando falamos deste filme, pois é apenas um aglomerado de imagens, sem correlação alguma entre elas). E, aqui, em minha opinião, a culpa da tragédia da obra deve ser tirada um pouco de cima da produção cinematográfica e colocada, justamente, em cima da banda, cuja obra é deveras rasa. Se pegarmos obras como o recente "Bohemian Rhapsody" (2018), o qual conta a história da lendária banda Queen, poderemos perceber a dificuldade da parte dos produtores e roteiristas em criar um filme que, ao mesmo tempo, fosse coeso, mas que, também, contasse e mostrasse toda a magnificência da banda (em nenhum momento, aqui, defendo a qualidade de Bohemian Rhapsody). E é exatamente o contrário que acontece em The Dirt. A banda Mötley Crüe não tem conteúdo; não há o que se contar sobre os integrantes. Apenas quatro débil mentais que fizeram músicas horríveis. Não há grandiosidade, não há genialidade, não há música, não há nada. Drogas, sexo e imbecilidades; só. Com um roteiro sem pé nem cabeça, atuações deploráveis, muita bandeira dos EUA e música ruim; pior que esse filme, somente a banda. ____________________ Nota: 0,9/5
Pelo amor de Deus, que filme insuportável! Me parece - e me causa muito desgosto - que, junto com o vigésimo primeiro século, o universo nos enviou algum tipo de droga, a qual foi colocada na bebida dos cineastas. Essa droga faz com que os diretores, ao quererem fazer um filme, logo mandem comprar vinte lâmpadas vermelhas e vinte amarelas. Coloquem todas no set viradas pros atores (nus), peçam para alguém fazer uma paleta de cores online rapidamente e comecem a gravar. Sem roteiro, sem mensagem, sem nada; é fotografia por fotografia, movimento de câmera por movimento de câmera, estilização por estilização. Sem profundidade, sem sentido, sem cinema. Me deu pena, sim, da França, um país tão experiente em tratar de tabus sérios, ser pano de fundo para uma história onde dois adultos não conseguem lidar, em pleno 2019, com problemas de adolescentes do Ensino Médio.
Na minha opinião, o uso excessivo de elementos extradiegéticos deixou o filme com muita cara de videoclipe, o que me incomodou um pouco. Mas, inegavelmente, é uma película incrível e espetacular.
- As mulheres russas são pobres e infelizes, isso é fato. Não foi o que quis dizer. - Diga-me com honestidade: o povo é ou não ignorante? Hein!? É ou não é? - São ignorantes, mas que culpa há nisso? - A própria estupidez. Você nunca pecou através da ignorância? - Todos o fizeram. - Eu também. Que Deus nos perdoe ou, então, nos faça melhores. ____________________ Nesta clássica obra, encontramos o diretor Andrei Tarkóvski ainda no seu segundo longa, tal qual contará a história de um pintor russo do século XV, Andrei Rublev. A biografia de tal artista era demasiada rasa, fazendo com que, assim, Tarkóvski – juntamente com Andrei Konchalovsky, co-escritor do filme -, tivesse bastante liberdade ao retratar a vida e as experiências de Rublev. O filme é dividido em oito partes, tais quais acompanham, basicamente, a viagem de Andrei Rublev até Moscow, onde pretende pintar uma igreja com imagens do Último Testamento. O filme é bastante religioso, tal como era o pintor em vida. Sinceramente, falar das técnicas de Tarkóvksi e sua mão poética, mesmo no início de carreira, é chover no molhado. É tudo perfeito, meticuloso e calmo. A fotografia é linda, direção milimétrica... enfim. Então, me contentarei em falar acerca das reflexões que obtive ao assistir ao filme. O filme, no início, me pareceu um pouco maçante; havia muitos momentos em que o protagonista, Andrei Rublev, ficava minutos sem aparecer em tela. Mas isso, enquanto a trama avançava, se mostrou outro ponto interessante da obra. Percebi que Tarkóvski obliterava Rublev em certas partes (o filme é dividido em oito partes, como já dito, e cada uma delas possui como que um enfoque próprio) propositalmente. Com essa percepção, então, notei que o objetivo do filme não era ser puramente biográfico, e, sim, queria mostrar um contexto histórico muito particular, e, a partir disso, provocar no espectador reflexões sobre questões atemporais. E, a principal delas: religiosidade. O filme acompanha, como já citado, a jornada de Rublev a Moscow. Durante essa viajem, o protagonista se depara com diversas profanações e heresias. Presencia estupros, condenações injustas, sacrifícios, escravidão. Mas, no início, Rublev é fortemente ortodoxo para com a fé cristã, com isso, enxerga os crimes como sendo pecados bíblicos, tais quais devem ser julgados por Deus. Então, é aí que está a jogada de mestre de Tarkóvski. O diretor coloca o protagonista, agora, a ver os próprios cristãos, seus próprios amigos e líderes, a cometerem atrocidades. A partir daí, Rublev se torna um homem incrédulo e pessimista para com a humanidade. Pensa : “que Deus é esse? Não quero estar do lado de um Deus que prejudica alguns para benefício dos seus”.
Há uma cena lindíssima, onde Andrei Rublev está num barco, juntamente com outros cristãos, e , na praia, jesuítas perseguem uma cigana europeia. A mulher consegue fugir pelo rio. Os cristãos vêem a mulher ao lado do barco, nadando no rio, e não movem um músculo para ajudá-la.
Então, é disso que a película fala. Aos olhos do protagonista, juntamente com ele, percebemos que a maldade e o preconceito está no ser humano, independentemente de sua fé ou crença.
Confesso que, depois de Star Wars: Os Últimos Jedi, de 2017, o que eu menos tinha com Star Wars era esperança; mas dei uma chance para Han Solo: Uma História Star Wars pois o espírito do fã sempre fala mais alto. Os primeiros quinze minutos do filme me deixaram empolgado; as atuações eram dignas, a direção era boa, até então, nada de ridículo - o trauma de Os Últimos Jedi estava em mim ainda - havia se apresentado. No entanto, foi no segundo ato do filme que as coisas começaram a piorar. Achei curioso que a trama do filme não estava descontrolada, esse não era o problema, mas sim o ritmo arrastado do longa. As mais de duas horas de filme são desnecessárias, vide os inúteis conflitos do segundo ato. Mas foi no terceiro ato em que o filme apresentou, finalmente, algo de interessante. Além de uma cena de ação no início, até aquele instante, a película se vendia com negociações excessivamente grandes e falatório tedioso. No ato final, as coisas ficam um pouco mais interessantes e dão motivo para o espectador querer terminar o longa. Enfim, não é um Despertar da Força, nem um Rogue One, mas vale a pena assistir se você gostar bastante da saga e não for altamente criterioso. pois é possível se divertir com algumas cenas de ação e fan services legais.
Um filme desses me dá asco, repulsa. O diretor é tão inacreditavelmente narcisista que parece que ele provoca e faz de propósito. Assim como em "Dançando no Escuro" ou na trilogia "E.U.A. Terra de Oportunidades", o diretor ri dos espectadores, entregando um filme falso, uma piada. Depois de uma carreira repleta de filmes "polêmicos" e vazios, aparece o apogeu do egocentrismo, que é esse The House that Jack Built. Não tem nem o que falar da trama ou de qualquer coisa, é ridículo. É triste pensar que milhares de pessoas morrem por dia e nenhuma delas é o Lars Von Trier.
"Me sinto como um rato sufocado pelo buraco do cu do Richard Gere" ______________________
O nome “The Doom Generation” (em tradução literal: “A Geração Maldita”) é, à minha interpretação do longa, perfeito. Pois o filme, mesmo sendo um desses clássicos outsiders cults, não se prende a somente isso e tenta mostrar seu teor crítico apenas nas entrelinhas do filme, propositalmente. No início, o uso da aparição do número 666 em situações características e específicas me pareceu como um recurso mal usado de um filme de baixa renda, que tentava imitar os grandes clássicos do cinema (como a aparição das laranjas em “O Poderoso Chefão”). Mas, ao longo da trama, fui percebendo que esse sistema de enredo era apenas uma válvula de escape para apresentação do que a história, realmente, quer contar: a humanidade como ela é e como ela se comporta entre os diferentes indivíduos. Mostrar como a humanidade se comporta em meio a um contexto caótico e conturbado, em meio a uma geração, em meio a uma geração maldita; onde todos querem o mal de todos para se auto satisfazerem. No primeiro ocorrido, o filme mostra um homem durão, dono de uma lojinha, que estava nos EUA com sua família e não sabia nem sequer o idioma americano, e, assim, precisava lutar contra essa juventude podre. Depois, um homem que teve seus sentimentos feridos por uma paixão incontrolável e que, agora, trabalha como atendente de um drive-thru. E, em meio a tudo isso, como protagonistas, três jovens sem perspectiva de vida. O casal jovem, Amy e Jordan (vivido pelo, até então, prodígio James Duval), é “apresentado” ao experiente e irreverente Xavier, que entra na relação do casal para trazer um pouco de libertinagem, fato que é encarado positivamente pelo casal mas que o filme mostra, nas entrelinhas, novamente, que, na realidade, o que ocorria era a depravação de um amor verdadeiro por uma aparição infeliz de mais um jovem que fazia parte daquela tal “geração”. Em caráter técnico, o filme, como uma produção de baixo orçamento, preenche, até que bem, os principais tópicos. A direção é competente e a fotografia quase sofisticada. Em questão de roteiro, a película peca um pouco, tendo obviedades, repetições, fugas de roteiro e diálogos forçados e rasos. Em suma, o filme cumpre bem seu papel como filme underground, nos apresentando uma juventude insatisfeita e doente, como sempre se é mostrado (citam-se exemplos como Permanent Vacation, de 1980; e Boys Don’t Cry, de 2000), e fazendo com que, neste caso – bem sucedido – seja revelada uma crítica, no mínimo, útil.
No começo, minha mente era totalmente preenchida pelo pensamento: "alguém tira esse papel celofane da frente da lente, meus olhos estão derretendo". Mas, no final do filme, na minha mente, só se passava: "puta merda, o Nicholas Cage é muito foda". Então, em suma, penso que o início destoante e ousado faz com que o filme perca a possibilidade de se tornar um clássico cult no futuro para permanecer como um simples filme estranho e aleatório onde o Nicholas Cage brilha demais [como sempre].
"- Isso é contra a lei. - Então a lei é contra o meu coração." ___________________ A história de Jesus Cristo sempre parecera algo muito futilizada para mim, e creio que para demais pessoas que não possuem fé. Na escola e em casa, é-se ensinado somente que Jesus nasceu do ventre de uma virgem e que multiplicava os pães; tornando, assim, toda a imagem de um messias como a de alguém que não carrega consigo, realmente, convicções, ensinamentos e, acima de tudo, a palavra de um Deus. Nessa obra, o Scorsese trata o assunto dos feitos de Jesus, pela primeira vez (já que ninguém lê a Bíblia), como um assunto sério. Algo pesado, com grandes reflexões filosóficas e destinadas a adultos. O próprio messias, no filme, declara que não é um animal treinado e nem um mago para sair fazendo milagres para qualquer um observar. Aqui, vemos um Jesus que, após o assassinato de João, se revolta contra o sistema e percebe que, com um mundo injusto e pecador, o amor - que, antes, era o alicerce dos seus ensinamentos - não é suficiente para libertar a todos do pecado. Com isso, podemos trazer a figura de Jesus para a nossa vida real e cotidiana, pois isso afasta-o de toda a mística que cerca sua história. Os cristãos, que tanto odeiam o Scorsese por esse filme, deveriam observar melhor e perceber que, justamente, essa obra consegue mostrar um Jesus Cristo genuinamente útil. Mostrando que ele era somente alguém que sabia o que era preciso para que o mundo melhorasse; tratando-o como um simples ser-humano (hoje, esse ponto de vista pode até parecer clichê, mas em 1988, realmente, deve ter sido um baque reflexivo). Tão humano, que, quando descobre que não é o messias enviado por Deus, fica infinitamente aliviado e consegue, assim, ficar em legítima paz. Infelizmente, no mundo polarizador e ignorante em que vivemos, um sábio desses precisa saber transformar água em vinho para ser notado e ouvido. ____________________ Nota: 4,7/5
"É preciso fingir. Quem é que não finge nesse mundo, quem? É preciso dizer que tá bem disposto; é preciso dizer que não tá com fome; é preciso dizer que não tá com dor de dente; é preciso dizer que não tá com medo, senão não dá, não dá. Nenhum médico jamais me disse que a fome e a pobreza podem levar ao distúrbio mental, mas quem não come fica nervoso; quem não come ou vê seus parentes sem comer pode chegar à loucura. O desgosto pode levar à loucura, uma morte na família, o abandono do grande amor. A gente até precisa fingir que é louco sendo louco. Fingir que é poeta sendo poeta." ______________________ Nota: 4,4/5
"Realmente, a situação no Brasil é desagradável; a situação do preso é a situação mais ruim que tem. Como é que eles querem que um preso se regenere? Como eles querem que o Brasil seja menos violento? Tratando os preso assim, mermão? Os preso não vai sair legal pra rua, não, mermão. A tendência é piorar, é sair roubando e matando cada vez mais, amigo. Eu, por exemplo; eu tô preso numa cadeia que eu já venci a condicional, já venci semi-aberto, já venci aberto e continuo preso. Porra, a coisa tá louca mesmo, no Brasil, nada funciona, só quer saber de eleição. A realidade é muito triste, amigo. O que vocês tão vendo aqui não é nem um terço da realidade. As coisa que a gente passa aqui, amigo... as coisa que a gente passa aqui é tipo tá no inferno. Melhor seria até morrer do que tá aqui; essa é a verdade, a verdade é essa. Melhor seria tá morto do que tá preso!" ____________________ A escolha de representar essa história em formato documental foi realmente perfeita e genial. Uma história dessas não pode ser mostrada, de maneira alguma, com atores num set. É tudo cru e cruel, deixando as interpretações dos fatos empíricos apenas ao espectador. Nota: 4,4/5
Não li o livro do Dostoiévski, mas provavelmente é melhor que o filme. Não que o longa metragem seja ruim, mas é perceptível (pelo menos foi, pra mim) que a história tem capacidade de ser contada com mais apresso, podemos dizer assim, em forma de escrita; porque toda aquela confusão de duplicidade de personagens, juntamente com a filosofia aplicada, não tem o intuito de fazer sentido visualmente (um caso parecido com esse é em Clube da Luta). Enfim, o filme é bom, mas poderia ser melhor, poderia honrar mais a obra inspiradora. Ao fim do filme (e agora analiso só a obra cinematográfica, separando-a complemente do livro), senti que, se tivesse mais Kafka e menos Lynch, seria uma experiência cinematográfica mais agradável.
"Estou envergonhado, Kalle, estou envergonhado... foi uma péssima ideia. Como pude ser tão estúpido? Que loucura! E pensar que podia fazer dinheiro com um perdedor crucificado. Que droga, só de pensar, fico com vergonha! Mas que produto inútil! Eu não soube aproveitar o momento, essa é a verdade amarga. Mas temos que fazer algo, Kalle. Teremos que encontrar algo mais para vender com vários zeros extras... Se eu pensar em algo, eu ligarei. Tchau, Kalle." Que filme maravilhoso. É lindo ver um filme que, por mais que não seja dotado de demasiadas técnicas cinematográficas, é uma obra-prima. Todo o trabalho do diretor para com o cenário e os figurantes é algo impecável. Cada cena é um "Onde está Wally?" diferente. Toda essa filosofia pessimista do filme é algo que me atrai muito. O olhar acerca do ser humano, tratando-o como um animal totalmente irracional, que toma decisões totalmente absurdas e sem nexo. É tudo muito bom. Nota: 4,6/5
Arthur Charles Herbert Runcie MacAdam Jarrett, você foi condenado pelas 12 pessoas do juri pelo crime de fazer piadas gratuitas e machistas em 1º grau num filme de cinema.
"Não existem deuses, nem Buda. Se existirem, ouçam... Vocês são os malfeitores. Fazem de nós seu divertimento! É tão engraçado assim nos ver chorar?" __________________ Pra mim, o Kurosawa não é somente um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, mas, sem dúvida nenhuma, O Grande Professor dentro da sétima arte. Cada filme dele é, literalmente, uma aula de cinematografia. Ao meu ver, Ran não é o melhor filme do diretor, mas sim o mais completo. Completo no sentido de que, nesse filme, Kurosawa conseguiu elevar todos os fatores cinematográficos aos máximo. Diferentemente de Rashomon (1950), por exemplo, onde o diretor usa de menos de uma hora e meia pra contar uma história super complexa; assim, nos entregando uma obra-prima, mas, claramente focada no roteiro. Ou em Os Sete Samurais (1954), seu filme mais famoso - e melhor em minha opinião -, que faz, pra mim, a maior construção de personagens da história do cinema; que se preocupa em capturar takes grandes, com muitas falas, e com a maior calma possível. Mas que também é claramente um filme sobre uma história restrita, com início/meio/fim; com cenas de ação e muita espada. Quando eu olhei Ran, eu vi todos esses quesitos, abordados tão bem em seus outros filmes, reunidos em um só corte. Em uma só obra, Kurosawa conseguiu nos contar uma história com tantas reviravoltas, tantas tramas ao mesmo tempo. Com uma direção impecável. Fotografia mais que perfeita. Trilha sonora de emocionar. Roteiro invejável. Crítica social bem colocada nas entrelinhas da trama. Tudo isso em um só filme. Akira Kurosawa nunca deverá ser esquecido. Como um gênio que era, que inspirou tantos outros e que revolucionou o mercado do cinema e, além disso, popularizou tanto a cultura oriental para o povo do ocidente. Após acabar um filme como esse, eu senti vontade (acredito que muitos também sentiram) de simplesmente bater palmas pra esse diretor. Nota: 4,9/5
"Não deixe o gato sair, não deixe a zeladora entrar." Esse filme, além de ser uma aula de roteiro e direção, é uma facada nesse preconceito burguês europeu com qualquer coisa que não tenha um iPhone. Nota: 4,6/5
Ponto A --------------- Ponto B Ponto C --------------- Ponto D Ponto E --------------- Ponto F Isso aí é Splash - Uma Sereia em Minha Vida Nota: 3,5/5
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraEste filme é a exemplificação perfeita de que nem todas as opiniões devem ser respeitadas. Você vai respeitando, concordando, quando vê... PÁ! Leva uma marretada na cabeça.
_____________________
Nota: 4,0/5
A Montanha Sagrada
4.3 465Sinceramente, ainda estou um pouco perplexo, boquiaberto; sem muito o que dizer. No início, por o filme trazer uma forte fama de estranho/underground, eu já estava com um pé atrás – depois de um certo tempo, a gente acaba perdendo a paciência -, mas, mesmo assim, assisti com atenção e de coração aberto.
O começo do filme é pura loucura, isso é indiscutível. Escatologia, nudez, violência, paganismo, surrealismo... tudo elevado à máxima potência. Como é bastante comum em filmes que tentam ser diferentões, a película não apresentava, nos seus primeiros minutos, um objetivo claro. Não haviam personagens fixos, ou diálogos minimamente normais, nada; parecia apenas uma montagem aleatória.
Enfim, o filme apresenta uma personagem (vivida por Horácio Salinas) o qual reaparece nas próximas cenas, o que, sinceramente, dá um alívio ao espectador; há uma figura “conhecida” em tela. Em cima dessa personagem, a trama é desenvolvida. Com a aparição de novos personagens, como um alquimista maluco (Alejandro Jodorowsky), o filme, finalmente, começa a dar uma encorpada; há diálogos compreensíveis, há uma linha por onde a história parece andar.
Nisso, já estamos no miolo da obra. O que seria para ser o segundo ato, é preenchido com o desenvolvimento desses personagens já citados. Aqui, o filme consegue implacar diversas críticas a diversas coisas, as quais me impressionaram, tal obra não parecia querer criticar veementemente qualquer coisa. Mas, mesmo assim, a atmosfera do longa ainda está sendo preenchida por aquele clima denso dos primeiros minutos; os cenários são incrivelmente estranhos; as roupas; os próprios diálogos, tudo (aqui vai uma salva de palmas para a produção de arte do filme).
Então é no “terceiro ato” que o filme realmente traça um objetivo em sua trama; aquilo que, geralmente, acontece na virada do primeiro ato para o segundo, aqui, acontece na virada do segundo pro terceiro. Isso faz com que o enredo seja tratado de maneira um pouco rápida demais, mas nada que estrague a experiência (enquanto se assiste a esse filme, você não tem muita noção da qualidade da sua experiência, então...).
Mas, indo ao que importa, chegamos, então, no final. Como dito no começo do texto: sem palavras. Tudo aquilo que eu, particularmente, critico negativamente nesses filmes inteligentinhos foi quebrado, pisado e destroçado por esse final absolutamente espetacular. Tudo o que o filme mostrara ser durante sua uma hora e meia inicial, com aquele clima de estranheza surrealista, foi negada e criticada pelo próprio filme. É como se o longa apresentasse uma ideia de cinema por mais de uma hora e, quando chegasse no final, dissesse: “tu viu tudo isso que te mostramos na última hora? Pois é, é pura idiotice, não faça assim”.
Eu sempre critico negativamente obras que tentam ser cults por cults. Autores e diretores que ficam pensando na fotografia, no figurino, nos movimentos de câmera, mas que não pensam no que o filme quer entregar como ideia ao espectador, no que o filme tem a dizer. E é justamente isso que A Montanha Sagrada parece criticar também, rolou uma identificação.
Obviamente, o filme não é para todo mundo. Necessita-se de muita paciência, vontade e compreensão para assisti-lo. Ele passa uma hora e meia lhe mostrando coisas que não fazem muito sentido e, em muitas vezes, nojentas e erradas. Mas, como eu disse e defendo, no final das contas, vale a pena.
Nota: 4,0/5
The Dirt - Confissões do Mötley Crue
3.8 284 Assista AgoraQuando ainda não havia assistido a "The Dirt - Confissões do Mötley Crue", eu ficava imaginando se haveria, realmente, algo a falar-se sobre Mötley Crüe. Eu pensava: "Mötley Crüe tem uma história? Algo que valha a pena ser contado?". Então... eu assisti, e presenciei um dos filmes mais vazios que já vi.
O primeiro ato da película é típico de filmes sobre astros do rock: takes longos de shows, drogas, gravações de estúdio, etc. Os problemas começam a aparecer do segundo ato em diante (aliás, não deve-se falar muito em "atos" quando falamos deste filme, pois é apenas um aglomerado de imagens, sem correlação alguma entre elas). E, aqui, em minha opinião, a culpa da tragédia da obra deve ser tirada um pouco de cima da produção cinematográfica e colocada, justamente, em cima da banda, cuja obra é deveras rasa.
Se pegarmos obras como o recente "Bohemian Rhapsody" (2018), o qual conta a história da lendária banda Queen, poderemos perceber a dificuldade da parte dos produtores e roteiristas em criar um filme que, ao mesmo tempo, fosse coeso, mas que, também, contasse e mostrasse toda a magnificência da banda (em nenhum momento, aqui, defendo a qualidade de Bohemian Rhapsody).
E é exatamente o contrário que acontece em The Dirt. A banda Mötley Crüe não tem conteúdo; não há o que se contar sobre os integrantes. Apenas quatro débil mentais que fizeram músicas horríveis. Não há grandiosidade, não há genialidade, não há música, não há nada. Drogas, sexo e imbecilidades; só.
Com um roteiro sem pé nem cabeça, atuações deploráveis, muita bandeira dos EUA e música ruim; pior que esse filme, somente a banda.
____________________
Nota: 0,9/5
Love
3.5 882 Assista AgoraPelo amor de Deus, que filme insuportável!
Me parece - e me causa muito desgosto - que, junto com o vigésimo primeiro século, o universo nos enviou algum tipo de droga, a qual foi colocada na bebida dos cineastas. Essa droga faz com que os diretores, ao quererem fazer um filme, logo mandem comprar vinte lâmpadas vermelhas e vinte amarelas. Coloquem todas no set viradas pros atores (nus), peçam para alguém fazer uma paleta de cores online rapidamente e comecem a gravar. Sem roteiro, sem mensagem, sem nada; é fotografia por fotografia, movimento de câmera por movimento de câmera, estilização por estilização. Sem profundidade, sem sentido, sem cinema. Me deu pena, sim, da França, um país tão experiente em tratar de tabus sérios, ser pano de fundo para uma história onde dois adultos não conseguem lidar, em pleno 2019, com problemas de adolescentes do Ensino Médio.
Nota: 1,7/5
A Tragédia de Belladonna
4.1 97Na minha opinião, o uso excessivo de elementos extradiegéticos deixou o filme com muita cara de videoclipe, o que me incomodou um pouco. Mas, inegavelmente, é uma película incrível e espetacular.
Nota: 3,7/5
Andrei Rublev
4.3 131- As mulheres russas são pobres e infelizes, isso é fato. Não foi o que quis dizer.
- Diga-me com honestidade: o povo é ou não ignorante? Hein!? É ou não é?
- São ignorantes, mas que culpa há nisso?
- A própria estupidez. Você nunca pecou através da ignorância?
- Todos o fizeram.
- Eu também. Que Deus nos perdoe ou, então, nos faça melhores.
____________________
Nesta clássica obra, encontramos o diretor Andrei Tarkóvski ainda no seu segundo longa, tal qual contará a história de um pintor russo do século XV, Andrei Rublev. A biografia de tal artista era demasiada rasa, fazendo com que, assim, Tarkóvski – juntamente com Andrei Konchalovsky, co-escritor do filme -, tivesse bastante liberdade ao retratar a vida e as experiências de Rublev.
O filme é dividido em oito partes, tais quais acompanham, basicamente, a viagem de Andrei Rublev até Moscow, onde pretende pintar uma igreja com imagens do Último Testamento. O filme é bastante religioso, tal como era o pintor em vida.
Sinceramente, falar das técnicas de Tarkóvksi e sua mão poética, mesmo no início de carreira, é chover no molhado. É tudo perfeito, meticuloso e calmo. A fotografia é linda, direção milimétrica... enfim. Então, me contentarei em falar acerca das reflexões que obtive ao assistir ao filme.
O filme, no início, me pareceu um pouco maçante; havia muitos momentos em que o protagonista, Andrei Rublev, ficava minutos sem aparecer em tela. Mas isso, enquanto a trama avançava, se mostrou outro ponto interessante da obra. Percebi que Tarkóvski obliterava Rublev em certas partes (o filme é dividido em oito partes, como já dito, e cada uma delas possui como que um enfoque próprio) propositalmente. Com essa percepção, então, notei que o objetivo do filme não era ser puramente biográfico, e, sim, queria mostrar um contexto histórico muito particular, e, a partir disso, provocar no espectador reflexões sobre questões atemporais. E, a principal delas: religiosidade.
O filme acompanha, como já citado, a jornada de Rublev a Moscow. Durante essa viajem, o protagonista se depara com diversas profanações e heresias. Presencia estupros, condenações injustas, sacrifícios, escravidão. Mas, no início, Rublev é fortemente ortodoxo para com a fé cristã, com isso, enxerga os crimes como sendo pecados bíblicos, tais quais devem ser julgados por Deus. Então, é aí que está a jogada de mestre de Tarkóvski. O diretor coloca o protagonista, agora, a ver os próprios cristãos, seus próprios amigos e líderes, a cometerem atrocidades. A partir daí, Rublev se torna um homem incrédulo e pessimista para com a humanidade. Pensa : “que Deus é esse? Não quero estar do lado de um Deus que prejudica alguns para benefício dos seus”.
Há uma cena lindíssima, onde Andrei Rublev está num barco, juntamente com outros cristãos, e , na praia, jesuítas perseguem uma cigana europeia. A mulher consegue fugir pelo rio. Os cristãos vêem a mulher ao lado do barco, nadando no rio, e não movem um músculo para ajudá-la.
Então, é disso que a película fala. Aos olhos do protagonista, juntamente com ele, percebemos que a maldade e o preconceito está no ser humano, independentemente de sua fé ou crença.
Nota: 3,9/5
Han Solo: Uma História Star Wars
3.3 638 Assista AgoraConfesso que, depois de Star Wars: Os Últimos Jedi, de 2017, o que eu menos tinha com Star Wars era esperança; mas dei uma chance para Han Solo: Uma História Star Wars pois o espírito do fã sempre fala mais alto.
Os primeiros quinze minutos do filme me deixaram empolgado; as atuações eram dignas, a direção era boa, até então, nada de ridículo - o trauma de Os Últimos Jedi estava em mim ainda - havia se apresentado. No entanto, foi no segundo ato do filme que as coisas começaram a piorar. Achei curioso que a trama do filme não estava descontrolada, esse não era o problema, mas sim o ritmo arrastado do longa. As mais de duas horas de filme são desnecessárias, vide os inúteis conflitos do segundo ato.
Mas foi no terceiro ato em que o filme apresentou, finalmente, algo de interessante. Além de uma cena de ação no início, até aquele instante, a película se vendia com negociações excessivamente grandes e falatório tedioso. No ato final, as coisas ficam um pouco mais interessantes e dão motivo para o espectador querer terminar o longa.
Enfim, não é um Despertar da Força, nem um Rogue One, mas vale a pena assistir se você gostar bastante da saga e não for altamente criterioso. pois é possível se divertir com algumas cenas de ação e fan services legais.
Nota: 3,4/5
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista AgoraUm filme desses me dá asco, repulsa.
O diretor é tão inacreditavelmente narcisista que parece que ele provoca e faz de propósito. Assim como em "Dançando no Escuro" ou na trilogia "E.U.A. Terra de Oportunidades", o diretor ri dos espectadores, entregando um filme falso, uma piada. Depois de uma carreira repleta de filmes "polêmicos" e vazios, aparece o apogeu do egocentrismo, que é esse The House that Jack Built. Não tem nem o que falar da trama ou de qualquer coisa, é ridículo.
É triste pensar que milhares de pessoas morrem por dia e nenhuma delas é o Lars Von Trier.
Geração Maldita
3.7 126"Me sinto como um rato sufocado pelo
buraco do cu do Richard Gere"
______________________
O nome “The Doom Generation” (em tradução literal: “A Geração Maldita”) é, à minha interpretação do longa, perfeito. Pois o filme, mesmo sendo um desses clássicos outsiders cults, não se prende a somente isso e tenta mostrar seu teor crítico apenas nas entrelinhas do filme, propositalmente. No início, o uso da aparição do número 666 em situações características e específicas me pareceu como um recurso mal usado de um filme de baixa renda, que tentava imitar os grandes clássicos do cinema (como a aparição das laranjas em “O Poderoso Chefão”). Mas, ao longo da trama, fui percebendo que esse sistema de enredo era apenas uma válvula de escape para apresentação do que a história, realmente, quer contar: a humanidade como ela é e como ela se comporta entre os diferentes indivíduos. Mostrar como a humanidade se comporta em meio a um contexto caótico e conturbado, em meio a uma geração, em meio a uma geração maldita; onde todos querem o mal de todos para se auto satisfazerem.
No primeiro ocorrido, o filme mostra um homem durão, dono de uma lojinha, que estava nos EUA com sua família e não sabia nem sequer o idioma americano, e, assim, precisava lutar contra essa juventude podre. Depois, um homem que teve seus sentimentos feridos por uma paixão incontrolável e que, agora, trabalha como atendente de um drive-thru. E, em meio a tudo isso, como protagonistas, três jovens sem perspectiva de vida. O casal jovem, Amy e Jordan (vivido pelo, até então, prodígio James Duval), é “apresentado” ao experiente e irreverente Xavier, que entra na relação do casal para trazer um pouco de libertinagem, fato que é encarado positivamente pelo casal mas que o filme mostra, nas entrelinhas, novamente, que, na realidade, o que ocorria era a depravação de um amor verdadeiro por uma aparição infeliz de mais um jovem que fazia parte daquela tal “geração”.
Em caráter técnico, o filme, como uma produção de baixo orçamento, preenche, até que bem, os principais tópicos. A direção é competente e a fotografia quase sofisticada. Em questão de roteiro, a película peca um pouco, tendo obviedades, repetições, fugas de roteiro e diálogos forçados e rasos.
Em suma, o filme cumpre bem seu papel como filme underground, nos apresentando uma juventude insatisfeita e doente, como sempre se é mostrado (citam-se exemplos como Permanent Vacation, de 1980; e Boys Don’t Cry, de 2000), e fazendo com que, neste caso – bem sucedido – seja revelada uma crítica, no mínimo, útil.
Nota: 4,1/5
[spoiler][/spoiler]
Mandy: Sede de Vingança
3.3 537 Assista AgoraNo começo, minha mente era totalmente preenchida pelo pensamento: "alguém tira esse papel celofane da frente da lente, meus olhos estão derretendo". Mas, no final do filme, na minha mente, só se passava: "puta merda, o Nicholas Cage é muito foda". Então, em suma, penso que o início destoante e ousado faz com que o filme perca a possibilidade de se tornar um clássico cult no futuro para permanecer como um simples filme estranho e aleatório onde o Nicholas Cage brilha demais [como sempre].
Nota: 3,8/5
A Última Tentação de Cristo
4.0 296 Assista Agora"- Isso é contra a lei.
- Então a lei é contra o meu coração."
___________________
A história de Jesus Cristo sempre parecera algo muito futilizada para mim, e creio que para demais pessoas que não possuem fé. Na escola e em casa, é-se ensinado somente que Jesus nasceu do ventre de uma virgem e que multiplicava os pães; tornando, assim, toda a imagem de um messias como a de alguém que não carrega consigo, realmente, convicções, ensinamentos e, acima de tudo, a palavra de um Deus. Nessa obra, o Scorsese trata o assunto dos feitos de Jesus, pela primeira vez (já que ninguém lê a Bíblia), como um assunto sério. Algo pesado, com grandes reflexões filosóficas e destinadas a adultos. O próprio messias, no filme, declara que não é um animal treinado e nem um mago para sair fazendo milagres para qualquer um observar. Aqui, vemos um Jesus que, após o assassinato de João, se revolta contra o sistema e percebe que, com um mundo injusto e pecador, o amor - que, antes, era o alicerce dos seus ensinamentos - não é suficiente para libertar a todos do pecado. Com isso, podemos trazer a figura de Jesus para a nossa vida real e cotidiana, pois isso afasta-o de toda a mística que cerca sua história. Os cristãos, que tanto odeiam o Scorsese por esse filme, deveriam observar melhor e perceber que, justamente, essa obra consegue mostrar um Jesus Cristo genuinamente útil. Mostrando que ele era somente alguém que sabia o que era preciso para que o mundo melhorasse; tratando-o como um simples ser-humano (hoje, esse ponto de vista pode até parecer clichê, mas em 1988, realmente, deve ter sido um baque reflexivo). Tão humano, que, quando descobre que não é o messias enviado por Deus, fica infinitamente aliviado e consegue, assim, ficar em legítima paz. Infelizmente, no mundo polarizador e ignorante em que vivemos, um sábio desses precisa saber transformar água em vinho para ser notado e ouvido.
____________________
Nota: 4,7/5
Bicho de Sete Cabeças
4.0 1,1K Assista Agora"É preciso fingir. Quem é que não finge nesse mundo, quem? É preciso dizer que tá bem disposto; é preciso dizer que não tá com fome; é preciso dizer que não tá com dor de dente; é preciso dizer que não tá com medo, senão não dá, não dá. Nenhum médico jamais me disse que a fome e a pobreza podem levar ao distúrbio mental, mas quem não come fica nervoso; quem não come ou vê seus parentes sem comer pode chegar à loucura. O desgosto pode levar à loucura, uma morte na família, o abandono do grande amor. A gente até precisa fingir que é louco sendo louco. Fingir que é poeta sendo poeta."
______________________
Nota: 4,4/5
Ônibus 174
3.9 297"Realmente, a situação no Brasil é desagradável; a situação do preso é a situação mais ruim que tem. Como é que eles querem que um preso se regenere? Como eles querem que o Brasil seja menos violento? Tratando os preso assim, mermão? Os preso não vai sair legal pra rua, não, mermão. A tendência é piorar, é sair roubando e matando cada vez mais, amigo. Eu, por exemplo; eu tô preso numa cadeia que eu já venci a condicional, já venci semi-aberto, já venci aberto e continuo preso. Porra, a coisa tá louca mesmo, no Brasil, nada funciona, só quer saber de eleição. A realidade é muito triste, amigo. O que vocês tão vendo aqui não é nem um terço da realidade. As coisa que a gente passa aqui, amigo... as coisa que a gente passa aqui é tipo tá no inferno. Melhor seria até morrer do que tá aqui; essa é a verdade, a verdade é essa. Melhor seria tá morto do que tá preso!"
____________________
A escolha de representar essa história em formato documental foi realmente perfeita e genial. Uma história dessas não pode ser mostrada, de maneira alguma, com atores num set. É tudo cru e cruel, deixando as interpretações dos fatos empíricos apenas ao espectador.
Nota: 4,4/5
O Duplo
3.5 518 Assista AgoraNão li o livro do Dostoiévski, mas provavelmente é melhor que o filme. Não que o longa metragem seja ruim, mas é perceptível (pelo menos foi, pra mim) que a história tem capacidade de ser contada com mais apresso, podemos dizer assim, em forma de escrita; porque toda aquela confusão de duplicidade de personagens, juntamente com a filosofia aplicada, não tem o intuito de fazer sentido visualmente (um caso parecido com esse é em Clube da Luta).
Enfim, o filme é bom, mas poderia ser melhor, poderia honrar mais a obra inspiradora. Ao fim do filme (e agora analiso só a obra cinematográfica, separando-a complemente do livro), senti que, se tivesse mais Kafka e menos Lynch, seria uma experiência cinematográfica mais agradável.
Canções do Segundo Andar
4.1 67"Estou envergonhado, Kalle, estou envergonhado... foi uma péssima ideia. Como pude ser tão estúpido? Que loucura! E pensar que podia fazer dinheiro com um perdedor crucificado. Que droga, só de pensar, fico com vergonha! Mas que produto inútil! Eu não soube aproveitar o momento, essa é a verdade amarga. Mas temos que fazer algo, Kalle. Teremos que encontrar algo mais para vender com vários zeros extras... Se eu pensar em algo, eu ligarei. Tchau, Kalle."
Que filme maravilhoso. É lindo ver um filme que, por mais que não seja dotado de demasiadas técnicas cinematográficas, é uma obra-prima. Todo o trabalho do diretor para com o cenário e os figurantes é algo impecável. Cada cena é um "Onde está Wally?" diferente.
Toda essa filosofia pessimista do filme é algo que me atrai muito. O olhar acerca do ser humano, tratando-o como um animal totalmente irracional, que toma decisões totalmente absurdas e sem nexo. É tudo muito bom.
Nota: 4,6/5
O Sentido da Vida
4.0 327 Assista AgoraArthur Charles Herbert Runcie MacAdam Jarrett, você foi condenado pelas 12 pessoas do juri pelo crime de fazer piadas gratuitas e machistas em 1º grau num filme de cinema.
Nota: 4,3/5
Ran
4.5 262 Assista Agora"Não existem deuses, nem Buda. Se existirem, ouçam... Vocês são os malfeitores. Fazem de nós seu divertimento! É tão engraçado assim nos ver chorar?"
__________________
Pra mim, o Kurosawa não é somente um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, mas, sem dúvida nenhuma, O Grande Professor dentro da sétima arte. Cada filme dele é, literalmente, uma aula de cinematografia.
Ao meu ver, Ran não é o melhor filme do diretor, mas sim o mais completo. Completo no sentido de que, nesse filme, Kurosawa conseguiu elevar todos os fatores cinematográficos aos máximo. Diferentemente de Rashomon (1950), por exemplo, onde o diretor usa de menos de uma hora e meia pra contar uma história super complexa; assim, nos entregando uma obra-prima, mas, claramente focada no roteiro. Ou em Os Sete Samurais (1954), seu filme mais famoso - e melhor em minha opinião -, que faz, pra mim, a maior construção de personagens da história do cinema; que se preocupa em capturar takes grandes, com muitas falas, e com a maior calma possível. Mas que também é claramente um filme sobre uma história restrita, com início/meio/fim; com cenas de ação e muita espada.
Quando eu olhei Ran, eu vi todos esses quesitos, abordados tão bem em seus outros filmes, reunidos em um só corte. Em uma só obra, Kurosawa conseguiu nos contar uma história com tantas reviravoltas, tantas tramas ao mesmo tempo. Com uma direção impecável. Fotografia mais que perfeita. Trilha sonora de emocionar. Roteiro invejável. Crítica social bem colocada nas entrelinhas da trama. Tudo isso em um só filme.
Akira Kurosawa nunca deverá ser esquecido. Como um gênio que era, que inspirou tantos outros e que revolucionou o mercado do cinema e, além disso, popularizou tanto a cultura oriental para o povo do ocidente.
Após acabar um filme como esse, eu senti vontade (acredito que muitos também sentiram) de simplesmente bater palmas pra esse diretor.
Nota: 4,9/5
O Paradoxo Cloverfield
2.7 780 Assista AgoraMe parece que todo blockbuster lançado ultimamente me ocorre o mesmo pensamento: "cadê o J.J.?"
Nota: 2,2/5
Submarine
4.0 1,6KSe esse filme fosse um pouco menos adolescente, ele seria um ótimo filme adolescente.
Nota: 3,7/5
O Porco Espinho
4.3 366"Não deixe o gato sair, não deixe a zeladora entrar."
Esse filme, além de ser uma aula de roteiro e direção, é uma facada nesse preconceito burguês europeu com qualquer coisa que não tenha um iPhone.
Nota: 4,6/5
A Forma da Água
3.9 2,7KPonto A --------------- Ponto B
Ponto C --------------- Ponto D
Ponto E --------------- Ponto F
Isso aí é Splash - Uma Sereia em Minha Vida
Nota: 3,5/5
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraMargot Robbie se superando cada vez mais; que diva!
Nota: 4,2/5
O Experimento de Aprisionamento de Stanford
3.8 332 Assista AgoraRevolution!!!
Nota: 3,8/5
Atômica
3.6 1,1K Assista Agora"What should I wear... for my tea with the queen?"
Que mulherão da porra <3
Nota: 4/5